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Manual Ufcd 6562

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Índice

Introdução... 4

Âmbito do manual... 4

Objetivos... 4

Carga horária... 5

1.Noções básicas de Microbiologia...6

1.1.Introdução à microbiologia...6

1.2.Morfologia e estrutura de microrganismos...8

1.2.1.vírus... 8

1.2.2.Bactérias... 10

1.2.3.Fungos... 11

1.2.4.Parasitas... 13

1.3.Nutrição de microrganismos...15

1.4.Meios de cultura de microrganismos...16

1.5.Crescimento microbiano...16

1.6.Acção de agentes físicos e químicos...17

2.Epidemiologia da infeção - cadeia epidemiológica...22

2.1.Microrganismos e patogenicidade...22

2.2.Reservatórios ou fontes dos microrganismos...24

2.3.Portas de entrada e de saída dos microrganismos...25

2.4.Vias de transmissão...26

2.5.Hospedeiro e sua suscetibilidade...26

2.6.Resistências antimicrobianas...27

3.Princípios da prevenção e controlo da infeção, medidas e recomendações...29

3.1.Os conceitos de doença, infeção e doença infeciosa...29

3.2.Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção associada aos cuidados de saúde...30

UFCD

6562

PREVENÇÃO E CONTROLO DA

INFEÇÃO:

PRINCÍPIOS

BÁSICOS A CONSIDERAR NA

PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE

SAÚDE

(4)

3.3.O papel das comissões de controlo de infeção nas unidades de saúde...32

3.4.Enquadramento legal do controlo da infeção...33

4.Conceitos básicos associados à infeção...35

4.1.Adquirida na comunidade...35

4.2.Nosocomial... 36

4.3.Infecção Cruzada...37

5.Exposição a risco biológico...38

5.1.Conceito de agente biológico...38

5.2.Prevenção na exposição ao risco biológico...39

5.3.Tuberculose... 41

5.4.Hepatite A, B e C...42

5.5.HIV... 43

6.Potenciais alvos da infeção...44

6.1.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde como potencial hospedeiro e/ou vetor de infeção... 44

7.Situações de risco potenciadoras da infeção...47

7.1.Os Contextos de prestação de cuidados (institucionalização/comunidade) e especificidades na área da prevenção e controlo da infeção de forma a prevenir a transmissão da infeção...47

7.2.A prevenção das infeções associadas às unidades/ serviços específicos e recomendações associadas...50

7.3.A prevenção das infeções associadas à prestação de cuidados específicos e recomendações associadas...54

7.4.O transporte de utentes...56

7.5.O transporte de amostras biológicas...57

7.6.Os cuidados ao corpo e transporte post-mortem...57

8.Precauções básicas e o equipamento de proteção individual...59

8.1.Equipamento de proteção individual (qual, quando e como usar)...59

8.2.Higiene das mãos (conceito, técnicas, procedimentos)...61

8.3.Uso adequado e seguro das barreiras protetoras...64

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8.5.Vacinação... 68 8.6.Fardamento... 69 9.Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de

intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde...71 9.1.Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão direta...71 9.2.Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a...73 Bibliografia... 74

(6)

Introdução

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 6562 – Prevenção e controlo da infeção:

princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde, de

acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

 Identificar noções básicas de microbiologia.

 Identificar os conceitos e princípios associados à epidemiologia da infeção e cadeia epidemiológica.

 Identificar o papel das entidades e dos profissionais intervenientes na prevenção e controlo da infeção: orientações, medidas e recomendações.

 Identificar o enquadramento legal associado ao controlo da infeção.

 Identificar os conceitos de doença, infeção e doença infeciosa.

 Identificar situações de risco potenciadoras da infeção associadas aos diferentes contextos de prestação de cuidados.

 Identificar a tipologia e utilização/funcionalidade dos diferentes equipamentos de proteção individual.

 Identificar as precauções básicas a ter com a limpeza do fardamento, a vacinação e cuidados de higiene pessoal.

 Explicar que o profissional de saúde pode ser um potencial hospedeiro e/ou vetor de infeção.

 Identificar as precauções básicas a ter no transporte de utentes.

 Identificar as precauções básicas a ter no transporte de amostras biológicas.

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 Identificar as precauções básicas a ter nos cuidados ao corpo e transporte post-mortem.

 Aplicar as técnicas de higienização das mãos, no âmbito das tarefas associadas à prestação de cuidados diretos, de acordo com orientações, medidas e recomendações da OMS e Programas Nacionais.

 Utilizar e descartar corretamente o equipamento de proteção individual adequado, no âmbito das tarefas associadas à prestação de cuidados diretos, de acordo com orientações, medidas e recomendações da OMS e Programas Nacionais.

 Explicar a importância de se atualizar e adaptar a novos produtos, materiais, equipamentos e tecnologias no âmbito das suas atividades.

 Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite.

 Explicar o dever de agir em função das orientações do profissional de saúde.

 Explicar o impacte das suas ações no bem-estar de terceiros.

 Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar.

 Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e saúde no trabalho.

 Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos no âmbito das suas atividades.

 Explicar a importância de prever e antecipar riscos.

 Explicar a importância de demonstrar segurança durante a execução das suas tarefas.

 Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas.

 Explicar a importância de desenvolver uma capacidade de alerta que permita sinalizar situações ou contextos que exijam intervenção.

Carga horária

 50 horas

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1.1.Introdução à microbiologia

A microbiologia é o estudo dos microrganismos (micróbios), organismos tão pequenos que é necessário um microscópio para estudá-los.

A vista humana é incapaz de perceber objetos com diâmetro inferior a cerca de 0,1 milímetro. As células vivas, unidades biológicas da estrutura e função, estão quase sempre bem abaixo desse limite de tamanho. Portanto, os menores organismos, aqueles constituídos de uma só célula, são na maioria, invisíveis à vista humana desarmada.

A microbiologia foca-se principalmente em estudar organismos e agentes tão ou mais pequenos:  Bactérias (a);  Vírus (b);  Alguns fungos (c);  Algumas algas;  Protozoários (d).

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Os microrganismos apresentam benefícios para a sociedade, entre eles:

 Podem ser necessários na produção de, pão, queijo, cerveja, iogurte, antibióticos, vacinas, Vitaminas, Enzimas e muitos outros produtos importantes;

 São uma fonte de nutrientes na base das cadeias e redes alimentares ecológicas;

 São componentes indispensáveis do nosso ecossistema. Eles tornam possíveis os ciclos do carbono, oxigénio, azoto e enxofre que ocorrem nos sistemas aquático e terrestre:

No entanto, os microrganismos também apresentam desvantagens para os humanos, tendo prejudicado tanto a saúde humana como a sociedade:

 As doenças microbianas indubitavelmente tiveram um papel importante em eventos históricos, como o declínio do Império Romano e a conquista do Novo Mundo;

 Em 1347, a peste negra atingiu a Europa brutalmente e apenas em 1351 a praga já tinha matado 1/3 da população. Durante os 80 anos seguintes, a doença surgiu de novo e de novo, eventualmente matando 75% da população Europeia. Acredita-se que este desastre mudou a cultura Europeia, preparando o Renascimento;

 Em 1900, as doenças infeciosas constituíam as principais causas de morte nos países desenvolvidos e não desenvolvidos. No entanto, nos tempos correntes as doenças infeciosas apresentam uma maior importância neste facto, em países mais desenvolvidos.

Entre 1900 e 2000, três fatores mudaram para que tal disparidade nas taxas de mortalidade causadas por doenças infeciosas baixasse:

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1. Por volta dos anos 30/40 chegaram os antibióticos, por descoberta da Penicilina;

2. As vacinas tiveram um impacto tremendo no tratamento de doenças infeciosas;

3. Foram tomadas medidas higiénicas.

Assim, é fácil compreender que países menos desenvolvidos sejam bastante fustigados pelas doenças infeciosas, sendo estas a principal causa de morte, apresentando um panorama idêntico ao do observado no início do século XX.

1.2.Morfologia e estrutura de microrganismos

1.2.1.vírus

Os vírus são entidades potencialmente patogénicas cujo genoma (ácido ribo-ou desoxirribonucleico) se replica no interior das células vivas, usando a maquinaria sintética celular, e que causam a síntese de partículas que podem transferir o genoma para outras células.

Esta definição por si só aponta já para uma importante característica dos vírus: são entidades intracelulares obrigatórias. Os vírus não têm metabolismo, não produzem energia, não crescem e não se dividem. Eles limitam-se a fornecer à célula infetada a informação genética a ser expressa pelo equipamento celular e todo isto à custa da energia obtida pela célula.

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São considerados, por isso parasitas intracelulares, provocando a infeção viral na célula hospedeira, causando-lhe um mau funcionamento, podendo, inclusive, levá-la à morte.

Os vírus são exigentes quanto ao tipo de célula que infecta. Por exemplo, os vírus de plantas não estão equipados para infetar as células dos animais; há também aqueles que só, atacam bactérias.

Algumas vezes, os vírus podem infetar um organismo e não lhe causar nenhum dano, mas podem provocar a morte de outro organismo.

Conforme a partícula viral se encontra no espaço intra ou extracelular, é lhe dada uma diferente designação. Assim quando temos a partícula no interior de uma célula dizemos tratar-se de um vírus mas quando esta se encontra no meio extracelular devera-se usar o termo virião ou partícula viral.

Existe a possibilidade de transmissão nosocomial de vírus, incluindo os vírus da hepatite B e C (transfusões, diálise, injeções, endoscopia), o vírus sincicial respiratório (RSV), rotavírus e enterovírus (transmitidos por contacto mão-boca ou pela via fecal-oral).

Outros vírus tais como o citomegalovírus (CMV), os vírus da gripe, herpes simplex e varicela-zoster, VIH, Ebola, também podem ser transmitidos.

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O reino Monera é formado pelas bactérias, organismos unicelulares que diferem de outros seres vivos por serem procariontes, isto é, as suas células não possuem um núcleo individualizado por uma membrana e elas podem viver isoladas ou reunidas em colónia.

As bactérias apresentam formas variadas, podendo ser esféricas, cilíndricas ou espiraladas.

Em função dessa variação de formas, são agrupadas assim:

 Cocos: forma arredondada.

 Bacilos: células cilíndricas, alongadas com forma de bastonetes.

 Espirilos: são filamentos longos, espiralados, que apresentam uma certa rigidez.

 Vibriões: o seu aspeto lembra um bastonete curvo ou uma vírgula.

As bactérias podem formar colónias, pela reunião de vários indivíduos de uma mesma espécie que permanecem unidos formando uma unidade funcional. Isso acontece principalmente com os cocos, mas pode ocorrer com os bacilos. Não ocorrendo com os espirilos nem com os vibriões.

Pode-se ainda distinguir entre:

 Bactérias comensais que constituem a flora normal de indivíduos saudáveis. Têm um significativo papel protetor, prevenindo a colonização por microrganismos patogénicos. Algumas bactérias comensais podem causar infeção, no hospedeiro imunocomprometido, por exemplo, os Staphylococcus coagulase-negativos da pele causam infeções em doentes com linha intravascular.

 Bactérias patogénicas têm maior virulência e causam infecção (esporádica ou epidémica) independentemente do estado do hospedeiro. Por exemplo:

o Bacilos anaeróbios Gram-positivos (por ex. Clostridium) causam gangrena.

o Cocos Gram-positivos: Staphylococcus aureus (bactérias cutâneas que colonizam a pele e o nariz tanto dos doentes como do pessoal hospitalar) causam uma grande variedade de infeções do pulmão,

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osso, coração e corrente sanguínea, e são frequentemente resistentes aos antibióticos; também os Streptococcus beta-hemolíticos são importantes.

o Enterobacteriáceas (bacilos gram-negativos): (por ex., Escherichia coli, Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Serratia marcescens) podem colonizar certos locais, quando as defesas do hospedeiro estão comprometidas (inserção de catéter, algália, inserção de cânula), e causar infeções graves (local cirúrgico, pulmão, bacteriemia, infeção peritoneal). Podem, também, ser muito resistentes.

 Outros microrganismos Gram-negativos tais como a Pseudomonas spp. São frequentemente isoladas em água e em áreas húmidas. Podem colonizar o aparelho digestivo de doentes hospitalizados.

 Outras bactérias selecionadas constituem um risco específico em hospitais. Por exemplo, a espécie Legionella pode causar pneumonia (esporádica ou endémica) através de inalação de aerossóis contendo água contaminada (ar condicionado, chuveiros, aerossóis terapêuticos).

1.2.3.Fungos

Os fungos são encontrados em praticamente todos os ambientes do planeta possuem um papel importantíssimo na natureza e têm participado da vida do homem ora como colaboradores, ora como vilões.

Podemos encontrar fungos nos mais variados ambientes do planeta. É muito comum eles se desenvolverem em sapatos e roupas que ficam guardados em armários pouco arejados, nas paredes das casas, em livros velhos, cereais, alimentos expostos ao ar, animais e vegetais mortos, lixo, fezes etc.

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Os fungos reproduzem-se por um tipo especial de célula chamada esporo. Os esporos são muito pequenos e podem permanecer suspensos no ar por muito tempo, sendo carregados pelo vento para lugares bem distantes do fungo que os produziu. Dessa forma, eles espalham-se pelos mais variados ambientes, mas se desenvolvem melhor quando encontram condições de pouca luminosidade, boa humidade e muita matéria orgânica.

Apesar de não se locomoverem, a capacidade de dispersão, a velocidade com que se reproduzem e o rápido crescimento acabam por compensar a imobilidade dos fungos.

Os fungos são seres vivos eucariontes, portanto o núcleo de suas células é delimitado por uma membrana, podem ser unicelulares ou pluricelulares. As suas células são envolvidas por uma parede que não é feita de celulose como nos vegetais, e sim de quitina, o mesmo material que reveste o corpo dos artrópodes (insetos, crustáceos, aracnídeos e outros).

Eles não possuem clorofila, sendo por isso incapazes de realizar a fotossíntese, e, para conseguirem se desenvolver, dependem do alimento que encontram no local onde se instalam.

Os fungos também são responsáveis pela produção de antibióticos, medicamentos que combatem infeções causadas por bactérias.

A penicilina foi o primeiro antibiótico a ser produzido a partir do fungo Penicillium notatum, descoberto em 1928 pelo Dr. Alexander Fleming.

Essa foi uma das descobertas mais importantes em toda a história humana. A penicilina não cura todas as infeções; na verdade, muitas pessoas podem até ter reações alérgicas a esse medicamento. Contudo, a substância já curou milhões de infeções bacterianas, incluindo pneumonia, sífilis, difteria e infeção nos ossos.

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Outros antibióticos, extraídos de cogumelos ou de bactérias, foram a seguir descobertos, entre eles estreptomicina, aureomicina, cloromicetina, terramicina, tirotricina, gramicina, bacitracina.

1.2.4.Parasitas

Os seres vivos pertencentes ao reino Protista são unicelulares, porém são diferentes das bactérias porque suas células são eucarióticas, isto é, possuem um núcleo individualizado, envolvido por uma membrana. Os principais representantes desse reino são os protozoários e algumas algas.

A única célula que um protista possui pode ser considerada uma “célula organismo”, pois é capaz de realizar todas as funções vitais que um organismo mais complexo realiza: alimentação, respiração, excreção e locomoção.

Eles são encontrados nos mais diferentes ambientes: na superfície ou no fundo dos oceanos, na água doce ou poluída, no solo húmido ou em matéria orgânica em decomposição. Outros vivem dentro de algumas plantas ou de animais, inclusive o homem.

Os protozoários por serem heterotróficos dependem de outros seres vivos para obter seus alimentos. Podem se alimentar de bactérias ou outros protistas ou, então, absorvem substâncias orgânicas da matéria em decomposição. Alguns são parasitas, vivendo no corpo de outros seres vivos podendo-lhes causar doenças.

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Há aqueles que, embora vivendo dentro do corpo de seres vivos, lhes trazem benefícios, como é o caso de algumas espécies que vivem no intestino dos cupins fazendo a digestão da celulose que esses insetos comem.

Alguns protozoários podem causar doenças sérias no homem, muitas delas são de difícil cura e outras ainda são incuráveis. Algumas merecem mais destaque devido a sua grande incidência, atingindo um grande número de pessoas no mundo. São elas:

 Disenteria amebiana ou amebíase – causada pela Entamoeba histolytica.

 Doença de Chagas – causada por um protozoário flagelado, o Trypanosoma cruzi

 Malária – o Plasmodio vivax é o protozoário causador da malária

 Toxoplasmose – causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.

1.3.Nutrição de microrganismos

Muitos microrganismos aquáticos captam a energia da luz do sol e a armazenam em moléculas que os outros organismos utilizam como alimento. Os microrganismos decompõem organismos mortos e produtos da excreção dos seres vivos e podem também decompor algumas espécies de resíduos industriais.

Através desta decomposição, eles produzem o nitrogênio acessível às plantas. Alguns microrganismos residem no trato digestivo de animais herbívoros e desempenham um importante papel na capacidade destes animais para digerir a grama.

Os microrganismos são essenciais a muitos esforços do ser humano.

As reações bioquímicas realizadas pelos microrganismos têm sido aproveitadas pelo homem para vários propósitos. A Indústria de alimentos utiliza estas reações na preparação de alguns produtos. As reações de fermentação são utilizadas na fabricação da cerveja, do vinho e também na preparação de pão. Um dos benefícios mais significativos que os microrganismos fornecem é a sua capacidade de sintetizar antibióticos.

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1.4.Meios de cultura de microrganismos

Na natureza, muitas espécies de bactérias e de outros microrganismos são encontradas e crescem junto de oceanos, lagos, solo e em matéria orgânica viva ou morta. Estes materiais podem ser considerados meios de cultura naturais. Apesar de as amostras do solo e da água serem muitas vezes trazidas ao laboratório, os organismos neles contidos são normalmente isolados e culturas puras são preparadas para estudo.

Para cultivar bactérias em laboratório, é preciso conhecer as necessidades nutricionais e ter a habilidade de fornecer as substâncias necessárias ao meio. Ao longo de anos de experiências em cultivar bactérias em laboratório, os microbiologistas aprenderam quais nutrientes devem ser supridos para cada um dos diferentes organismos.

Certos organismos, tais como aqueles que causam a sífilis e a lepra, ainda não podem ser cultivados em meio de laboratório. Devem crescer em culturas que contenham células vivas oriundas de seres humanos ou de outros animais. Muitos outros organismos cujas necessidades nutricionais são razoavelmente conhecidas podem crescer em um ou mais tipos de meios.

1.5.Crescimento microbiano

O crescimento microbiano é normalmente associado ao crescimento de uma população de células de um dado microrganismo, ou seja, com o aumento do número de células da população.

Grande parte dos microrganismos multiplica-se por fissão binária ou por gemulação, em resultado do que uma célula dará origem a duas ao fim de um certo tempo, tempo de geração ou de duplicação.

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Durante um ciclo de divisão celular correspondente ao tempo de geração ou duplicação, todos os componentes celulares mensuráveis (por exemplo, ácidos nucleicos, proteínas, lípidos) duplicam, acompanhando a duplicação do número de células e da quantidade de biomassa presente.

Em condições nutricionais e ambientais adequadas, às quais o microrganismo está adaptado, a população celular encontra-se numa fase de crescimento equilibrado, a fase de crescimento exponencial.

O crescimento microbiano pode ocorrer em meio líquido com as células em suspensão ou associado a superfícies, sob a forma de biofilmes.

1.6.Acção de agentes físicos e químicos

 Esterilização: consiste na completa destruição e eliminação de todos os microrganismos na forma vegetativa e esporulada. Esta destruição pode ser efetuada através de métodos físicos e/ou químicos.

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 Desinfeção – é o processo que destrói ou inativa microrganismos na forma vegetativa, mas geralmente não afeta os esporos bacterianos. Os métodos utilizados podem ser físicos ou químicos.

 Antissépticos – são desinfetantes que podem ser utilizados sobre a pele e em casos especiais as mucosas.

Agentes físicos

1. Calor húmido 2. Autoclavagem

Aquecimento a 121ºC durante 15-20 min a 1.02 atm. Este processo é o mais eficaz, pois o seu poder de penetração é maior. Numa atmosfera húmida e a uma temperatura elevada os microrganismos morrem quando se dá a coagulação e desnaturação das enzimas e proteínas que fazem parte da sua estrutura.

Nos laboratórios também é prática corrente a descontaminação de todo o material infetado, quer do que vai ser colocado posteriormente no lixo, quer do que vai ser posteriormente reutilizado.

3. Pasteurização

LTH (low temperature holding) – aquecimento a 62.8 ºC – 65.6ºC, por 30 minutos.

HTST (high temperature short time) – aquecimento a 71.7ºC, 15 segundos. UHT (ultra high temperature) – aquecimento a 141ºC, 3 segundos.

4. Ebulição

Consiste no aquecimento a 100ºC durante 5 a 10 minutos. Destrói todas as formas vegetativas presentes na água e alguns dos endósporos, contudo, alguns esporos resistem a 100ºC por períodos de tempo superiores a uma hora (ex. Bacillus subtilis).

5. Tindalação

Processo muito antigo, utilizado para esterilização de meios de cultura e soluções nutritivas. Consiste no aquecimento a 80-100ºC, durante 30-60 min em 3 dias consecutivos.

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6. Calor Seco

Aquecimento em forno ou estufa a 180ºC durante 1-2 horas. Destrói os microrganismos por oxidação dos seus constituintes celulares essenciais e coagulação das suas proteínas. Este método é usado principalmente na esterilização de material de vidro, metal, de certos produtos nos quais a percentagem de água é muito pequena e não se deixam penetrar pela humidade (ex.: vaselina), bem como de certos produtos termoestáveis que é necessário manter no estado seco.

7. Incineração

Utilizado em larga escala para destruição de resíduos hospitalares. 8. Radições

Radiações ionizantes (X e Gama)

São radiações de elevada energia e poder de penetração. Atuam sobre os constituintes da célula, nomeadamente DNA e proteínas celulares. Usam-se para esterilização de material plástico (seringas, placas de Petri, etc) e de borracha.

Radiações não ionizantes (raios UV [240-280 nm])

São radiações de fraca energia e fraco poder de penetração. Atuam a nível do DNA, impedindo a sua replicação ou alterando-o. Usam-se na desinfeção do ar de gabinetes, recintos hospitalares (salas de operação), câmaras de fluxo, etc. Estas radiações são altamente agressivas para a pele e para os olhos, pelo que nunca se deve trabalhar na sua presença.

9. Esterilização por filtração

Utiliza-se sempre que se pretende eliminar as bactérias dos produtos líquidos que se alteram com o calor (termolábeis) ou de gases (ex. Ar atmosférico).

Agentes químicos

1.Esterilizantes

Agentes químicos que eliminam de um objeto ou material biológico todas as formas de vida microbiana.

• Óxido de etileno - é um gás altamente solúvel em água e violentamente explosivo. Utilizado na esterilização de material

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termosensível. A esterilização faz-se em câmaras apropriadas. Atualmente tem vindo a ser substituído pelo plasma de peróxido e pelo formaldeído a 2% a baixa temperatura. Estes métodos têm a vantagem de não necessitarem de período de arejamento exigido pelo óxido de etileno.

• Formaldeído e gluteraldeído 2. Desinfetantes e antissépticos

 Os desinfetantes podem ter sobre os microrganismos as seguintes ações:

 Bactericida / Bacteriostático (impedindo a célula de se dividir) / Bacteriolítico (efetuando a lise da parede da célula)

 Fungicida / Fungistático

 Virucida / Virustático

 Esporicida

• Compostos fenólicos – inativam as proteínas e podem interagir com o DNA. Muito usados na descontaminação de instrumentos clínicos.

• Álcool (etanol, propanóis) – coagulam as proteínas e solubilizam lípidos de que resulta a destruição das membranas celulares.

• Cloro (hipoclorito e compostos N-clorados) – oxidantes que conduzem à destruição da atividade de proteínas celulares.

• Iodo (tintura de iodo ou iodopovidona) – destruição da atividade de proteínas e enzimas essenciais por oxidação.

• Peróxido de Hidrogénio (água oxigenada) – oxidante que reage com componentes celulares essenciais, como os lípidos membranares e DNA. • Sais metálicos e compostos mercuriais (nitrato de prata, mercurocromo, mertiolato): inativação das proteínas celulares.

• Detergentes catiónicos (compostos quaternários de amónio -cetrimida): inativam as proteínas e alteram a membrana citoplasmática. • Clorexidina: parece ligar-se às superfícies celulares, ocasionando a desorganização estrutural e funcional da membrana.

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2.Epidemiologia da infeção - cadeia

epidemiológica

2.1.Microrganismos e patogenicidade

Para que seja possível o aparecimento de infeção é requerido que estejam presentes as seguintes condições:

1. Número adequado de agentes patogénicos (inoculo microbiano), variável consoante a espécie e o estado imunitário do hospedeiro

2. Existência de um reservatório ou fonte onde o microrganismo sobreviva e possa multiplicar-se

3. Via de transmissão do agente para o hospedeiro

4. Porta de entrada do hospedeiro específica para o agente patogénico (há especificidade entre microrganismos e capacidade de desencadear doença em órgãos ou sistemas específicos do hospedeiro)

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5. Que o hospedeiro seja suscetível ao agente microbiano, isto é, que não tenha imunidade ao agente.

À ocorrência destes sucessivos acontecimentos denominamos “Cadeia da Infeção”. As estratégias de controlo de infeção eficiente e eficaz têm que ter em conta esta sequência, prevenindo a transferência dos agentes pela interrupção de uma ou mais das ligações desta “Cadeia de Infeção”.

Para determinar a abordagem epidemiológica é conveniente ter presente o tipo de história natural das doenças, pois equaciona medidas diferentes de prevenção e controlo:

 Doença de evolução aguda, rapidamente fatal

 Doença de evolução aguda mas de rápida recuperação

 Doença de evolução subclínica (sem sintomas nem sinais clínicos – só com repercussão imunológica)

 Doença de evolução crónica (que pode evoluir até à morte se não for tratada ou quando não existe tratamento eficaz)

 Doença de evolução crónica com períodos assintomáticos alternados com exacerbações clínicas

O espectro de ocorrência de infeção é também um dado epidemiológico na estratégia a implementar para a prevenção e controlo.

Temos de considerar neste contexto que a infeção pode ocorrer de forma esporádica, sem um padrão definido, de forma endémica, isto é com uma frequência mais ou menos regular em períodos de tempo definidos e ainda de forma epidémica, também denominada por surtos, em que surge com aumento significativo de casos em relação ao habitual num período de tempo determinado.

2.2.Reservatórios ou fontes dos microrganismos

Os microrganismos estão contidos habitualmente num reservatório que se define como o local onde residem, têm a sua atividade metabólica habitual e se multiplicam (habitat natural). Em múltiplas situações, estes agentes

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infeciosos são transferidos deste reservatório para um outro local denominado fonte, do qual são transferidos depois para o hospedeiro.

Deste modo o reservatório e a fonte de um agente responsável por uma infeção podem ser os mesmos ou não. Do ponto de vista epidemiológico o conhecimento deste facto é importante.

A fonte dos microrganismos pode ser exógena, portanto exterior ao hospedeiro, endógena, proveniente da flora indígena do próprio hospedeiro ou ainda secundariamente endógena, conceito que não é aceite por muitos autores e que se refere aos agentes que provêm do exterior e que colonizam pele, mucosas ou outro local anatómico do hospedeiro, posteriormente tornar-se agente de infeção quando atinge um órgão específico para o qual tenha capacidade de desencadear infeção.

Alguns exemplos de infeções exógenas são aqueles em que o agente é transportado a partir de líquidos contaminados, através da formação de aerossóis (p.ex. aspiração de secreções) ou a partir de pessoa colonizada ou infetada que pode emitir gotículas ou contaminar ambientes que entrem em contacto com outros possíveis hospedeiros suscetíveis (p. ex. transmissão do vírus da gripe).

No caso das infeções endógenas, o reservatório e a fonte são geralmente coincidentes. Por exemplo, a pneumonia associada à ventilação é causada por agentes da orofaringe do doente ou a infeção associada ao cateter vascular é mais frequentemente causada pela flora cutânea ou, ainda, os agentes da infeção urinária residem geralmente no intestino ou no períneo do próprio doente.

2.3.Portas de entrada e de saída dos microrganismos

A via de eliminação é a porta de saída do microrganismo. Refere-se à topografia ou material pelo qual o agente é capaz de deixar seu hospedeiro,

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com potencial de transmissão para um suscetível. De grande importância nas infeções hospitalares temos os exsudatos e as descargas purulentas.

As secreções da boca e vias aéreas são húmidas e são expelidas sob forma de gotículas que incluem células descamadas e microrganismos colonizantes ou infetantes. Mais da metade da biomassa das fezes é composta de microrganismos, além disso as fezes podem servir como mecanismo de transmissão dos parasitas intestinais através da eliminação de ovos.

Na urina podemos encontrar os agentes das infeções génito-urinárias ou microrganismos que apresentem uma fase septicémica, como é o caso da leptospirose e febre tifóide.

O sangue é o meio natural de eliminação de doenças transmitidas por vetores hematófagos, como a malária e febre amarela, onde também encontramos microrganismos de infeções sistémicas e dos patógenos transmitidos pelo sangue, como hepatite e HIV.

O leite materno, embora possa ser responsabilizado pela transmissão de patologias como o HIV em bancos de leite, é juntamente com o suor, via de menor importância no ambiente hospitalar.

2.4.Vias de transmissão

O mecanismo pelo qual um agente infecioso se propaga e difunde pelo meio ambiente e atinge hospedeiros suscetíveis constitui a via de transmissão. Esta propagação ou transmissão do reservatório ou fonte, pode ser direta ou indireta.

Na transmissão direta há o contacto imediato entre uma porta de entrada recetiva do hospedeiro e o reservatório.

(26)

Na transmissão indireta o agente atinge a porta de entrada no hospedeiro através de um veículo intermediário, por contacto físico com um veículo inanimado, por exemplo equipamento contaminado, ou com um veículo animado, como as mãos, ou por gotículas, partículas líquidas com diâmetro superior a 5 mm que devido ao seu peso se depositam rapidamente e geralmente a uma distância não superior a um metro. A transmissão indireta também se pode realizar por via aerogénea, através de aerossóis, de esporos microbianos, de poeiras contaminadas, entre outros.

É aceite por toda a comunidade científica que as mãos são o principal veículo de transmissão. As gotículas constituem uma forma particular de transmissão por contacto, pois, quando há proximidade excessiva (inferior a um metro), estas partículas podem atingir diretamente uma porta de entrada dum hospedeiro recetor e também ao depositarem-se no ambiente a curta distância do emissor, são indiretamente transferidas para o recetor através de um veículo animado, o principal sendo as mãos dos profissionais prestadores de cuidados de saúde ou dos próprios doentes.

2.5.Hospedeiro e sua suscetibilidade

Outro dos elementos da cadeia epidemiológica da infeção é o hospedeiro. Para que ocorra infeção é necessário que o agente entre em contacto com uma porta de entrada específica no hospedeiro, para a qual o agente tenha afinidade e capacidade de nesse local poder manifestar os seus mecanismos de infecciosidade, desencadeando o processo infecioso.

Mas para que o microrganismo tenha a possibilidade de manifestar esta capacidade é necessário que os mecanismos de defesa específicos (p. ex. a imunidade) e não específicos (p. ex. resposta inflamatória, barreiras

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mecânicas, presença de flora indígena) sejam ultrapassados pelo agente infecioso.

Com efeito, a resistência individual à infeção é muito variável, dependendo da idade, do estado imunitário, da presença de doenças subjacentes ou ainda da prestação de cuidados de saúde que podem interferir com os mecanismos de defesa do hospedeiro, como são os procedimentos cirúrgicos, procedimentos invasivos de diagnóstico ou terapêuticos, utilização de agentes terapêuticos como os antimicrobianos ou quimioterapia para doenças neoplásicas, entre outros.

Em síntese, para que seja possível surgir um quadro infecioso, o microrganismo tem que ter acesso a uma porta de entrada que lhe seja favorável, que tenha afinidade para o tecido em causa e que o inoculo seja suficiente para desencadear a infeção. Para que ocorra a infeção é necessário que exista um desequilíbrio entre o inoculo e virulência do microrganismo e as defesas do hospedeiro.

2.6.Resistências antimicrobianas

Muitos doentes recebem fármacos antimicrobianos. Através da seleção e da troca de elementos genéticos de resistência, os antibióticos promovem a emergência de estirpes bacterianas multirresistentes; os microrganismos da flora humana normal sensíveis a um dado antimicrobiano são eliminados, enquanto as estirpes resistentes persistem e podem tornar-se endémicas no hospital.

A utilização generalizada de antimicrobianos para terapêutica e profilaxia (incluindo na forma tópica) é a maior determinante da resistência. Alguns agentes antimicrobianos estão a tornar-se menos eficazes devido a

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resistências. Quando um antimicrobiano começa a ser mais amplamente utilizado emerge, eventualmente, a resistência bacteriana a esse fármaco, a qual pode disseminar-se na instituição.

Várias estirpes de pneumococos, estafilococos, enterococos e BK são atualmente resistentes à maior parte, ou a todos, os antimicrobianos que eram anteriormente eficazes. Klebsiella e Pseudomonas aeruginosa multirresistentes são prevalentes em muitos hospitais.

Este problema é especialmente crítico em países em vias de desenvolvimento, onde antibióticos de segunda linha, mais caros, podem não estar disponíveis ou não existirem recursos para a sua compra.

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3.Princípios da prevenção e controlo da infeção,

medidas e recomendações

3.1.Os conceitos de doença, infeção e doença

infeciosa

Doença

Ocorre quando se verifique uma alteração do estado normal do organismo.

Infeção

Implica a colonização, multiplicação, invasão ou a persistência dos microrganismos patogénicos no hospedeiro.

Doença Infeciosa

Alteração do estado de saúde em que parte ou a totalidade do organismo hospedeiro é incapaz de funcionar normalmente devido à presença dum organismo ou dos seus produtos.

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Modo como se originam e desenvolvem as doenças.

Patogenicidade

É a habilidade com que um microrganismo causa infeção, através dos seus mecanismos estruturais ou bioquímicos.

Virulência

É o grau de patogenicidade de um microrganismo.

3.2.Programa Nacional de Prevenção e Controlo da

Infeção associada aos cuidados de saúde

O Programa Nacional de Controlo da Infeção (PNCI) foi criado em 14 de Maio de 1999 por Despacho do Diretor-geral da Saúde no âmbito das suas competências técnico-normativas.

O Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (PNCI), foi aprovado por Despacho do Sr. Ministro da Saúde n.º 14178/2007, publicado em Diário Da República, 2.ª Série, N.º 127, de 4 de Julho de 2007, está sedeado na Direcção-Geral da Saúde, no Departamento da Qualidade na Saúde e na Divisão de Segurança do Doente.

Objetivo:

 Reduzir as infeções associadas aos cuidados de saúde, evitáveis, através da implementação de práticas basadas na evidência.

O Grupo Coordenador do PNCI, trabalha em estreita articulação com os Grupos Coordenadores regionais de Controlo de Infeção, sedeados nas Administrações regionais de Saúde.

Missão:

 O PNCI tem por missão melhorar a qualidade dos cuidados prestados nas unidades de saúde, através de uma abordagem integrada e multidisciplinar para a vigilância, a prevenção e o controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde.

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Os projetos em desenvolvimento estão dirigidos às seguintes áreas:

 Vigilância epidemiológica

 Desenvolvimento de normas de boas práticas

 Consultadoria e apoio

O Grupo coordenador do PNCI tem dado apoio às CCI, mediante solicitação das CCI e Conselhos de Administração/Direção. Este apoio/consultadoria tem sido feito a diversos níveis:

 Visitas aos Hospitais em casos de surtos de infeção, discussão de temáticas relevantes para as instituições;

 Atividades de formação na área do controlo de infeção – em colaboração com Hospitais, Administrações regionais de Saúde, Escolas de Enfermagem e Escola Superior de Tecnologias da Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública entre outros;

 Apoio a profissionais na fase académica em cursos de complemento, de especialização, pós-graduação e mestrado – orientações, tutoria, bibiliografia relevante nos contextos dos diversos cursos;

 Apoio a profissionais que estão em fase de integração nas Comissões de Controlo de Infeção - colaboração no planeamento dos programas de vigilância epidemiológica na elaboração de Manuais de normas e formação;

 Apoio às CCI em áreas críticas: cláusulas especiais em cadernos de encargos, qualidade do ar e sistemas de renovação de ar, entre outros. Os membros do PNCI estão disponíveis para colaborar com as Unidades de Saúde sempre que solicitados, em pareceres técnicos, esclarecimento de dúvidas, aconselhamento e fornecimento de bibliografia relevante. As solicitações e/ou pedidos de colaboração deverão ser dirigidos formalmente ao Diretor-geral da Saúde.

3.3.O papel das comissões de controlo de infeção nas

unidades de saúde

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Uma Comissão de Controlo de Infeção proporciona um fórum para a cooperação e participação multidisciplinar e para a partilha de informação. Esta comissão deve incluir uma ampla representação de outras áreas relevantes: p. ex., Administração, Médicos, outros Profissionais de Saúde, Microbiologista Clínico, Farmácia, Aprovisionamento, Serviço de Instalação e Equipamentos, Serviços Hoteleiros, Departamento de Formação.

A comissão deve reportar diretamente à Administração ou à Direção Médica, a fim de assegurar a visibilidade e a eficácia do programa. Numa emergência (caso de um surto), esta comissão deve poder reunir-se prontamente. A comissão tem as seguintes funções:

 Rever e aprovar um programa anual de atividades para a VE e prevenção;

 Rever dados de VE e identificar áreas de intervenção;

 Avaliar e promover a melhoria de práticas, a todos os níveis, de prestação de cuidados de saúde;

 Assegurar a formação adequada dos profissionais em controlo de infeção e segurança;

 Rever os riscos associados a novas tecnologias e monitorizar o risco de infeção de novos dispositivos e produtos, antes da aprovação do seu uso;

 Rever e fornecer dados para a investigação de surtos;

 Comunicar e colaborar com outras comissões do hospital com objetivos comuns, tais como a Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Antibióticos, Comissão de Higiene e Segurança.

3.4.Enquadramento legal do controlo da infeção

Circular Normativa nº 27/DSQC/DSC de 03/01/2008

Programa Nacional de Prevenção e Controlo das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (PNCI) - Regulamento Interno do Grupo Coordenador

Circular Normativa nº 24/DSQC/DSC de 17/12/2007

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Circular Normativa nº 20/DSQC/DSC de 24/10/2007

Plano Operacional de Controlo de Infeção para os Cuidados de Saúde Primários Circular Normativa nº 18/DSQC/DSC de 15/10/2007

Comissões de Controlo de Infeção

Circular Normativa nº 17/DSQC/DSC de 20/09/2007

Plano Operacional de Controlo de Infeção para as Unidades de Cuidados Continuados Integrados

Despacho n.º 18052/2007 do Diretor-geral da Saúde Comissões de Controlo de Infeção

Despacho n.º 14178/2007 do Secretário de Estado da Saúde Criação da rede nacional de registo de IACS

Despacho n.º 256/2006 do Ministro da Saúde

Transferência do PNCI para a Direcção-Geral da Saúde

4.Conceitos básicos associados à infeção

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Qualquer infeção adquirida na comunidade surge em oposição àquelas adquiridas em instituições de saúde.

Uma infeção seria classificada como adquirida na comunidade se o paciente não esteve recentemente em instituições de saúde ou não esteve em contato com alguém que esteve recentemente em instituições de saúde.

Neste sentido, não é considerada infeção hospitalar, uma doença infeciosa adquirida na comunidade, ou que foi diagnosticada só quando o paciente foi internado através de sinais que indiquem que o período de incubação daquela doença seja incompatível com a data de sua admissão no hospital.

4.2.Nosocomial

Infeções Nosocomiais, também chamadas Infeções Hospitalares, e atualmente denominadas por Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde, são infeções adquiridas durante o internamento que não estavam presentes ou em incubação à data da admissão. Infeções que ocorrem mais de 48 horas após a admissão são, geralmente, consideradas nosocomiais.

Entende-se portanto, de uma maneira muito simplificada, por infeção nosocomial como aquela que é contraída no hospital, provocada pela flora exógena, proveniente do meio ambiente, pessoal e/ou inerte.

Existem critérios para identificar infeções nosocomiais em locais específicos (p. ex., urinárias, pulmonares). Estes critérios derivaram dos publicados pelos CDC nos Estados Unidos da América ou de conferências internacionais e são usadas na vigilância epidemiológica das infeções nosocomiais.

As infeções nosocomiais podem ser tanto endémicas, como epidémica, sendo as mais comuns as endémicas. As infeções epidémicas ocorrem durante surtos,

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definidos como um aumento inusual, acima da média, de uma infeção específica ou de um microrganismo infetante.

Alterações na administração de cuidados de saúde têm levado a internamentos mais curtos e a aumento da prestação de cuidados no ambulatório. Foi sugerido que o termo infeção nosocomial deveria abranger as infeções que ocorrem em doentes tratados em qualquer instituição de saúde. Infeções adquiridas pelo pessoal do hospital ou de outra instituição de saúde, ou pelas visitas, também podem ser consideradas infeções nosocomiais.

4.3.Infecção Cruzada

Infeção cruzada: é a infeção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento contaminado.

A transmissão cruzada de infeções pode ocorrer principalmente pelas mãos da equipe ou por artigos recentemente contaminados pelo paciente, principalmente pelo contato com sangue, secreção ou excretas eliminados. O meio ambiente tem importância secundária na cadeia epidemiológica destas infeções, exceto: para as doenças contagiosas por via aérea, como é o caso da tuberculose, que devem ser devidamente isoladas; para patógenos que sobrevivem em ambientes especiais como a Legionella em ar condicionado ou reservatórios de água quente; reformas feitas sem a devida proteção da área, permitindo a disseminação ambiental de fungos como a Aspergillus; e finalmente para casos em que os preceitos básicos de higiene não são seguidos.

Mais raramente ainda, a presença de um profissional disseminador de um microrganismo ou a utilização de um medicamento contaminado podem levar a um surto de infeção.

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(37)

5.Exposição a risco biológico

5.1.Conceito de agente biológico

Entende-se por agentes biológicos, os que resultam da ação de agentes animados como vírus, bacilos, fungos e bactérias, ou microrganismos (bactérias, vírus, fungos), incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos e outros suscetíveis de provocar infeções, alergias ou intoxicações.

O risco ocupacional associado aos agentes biológicos é conhecido desde a década de 1940 e pode atingir não só os profissionais de saúde, como outros profissionais e ainda todos os visitantes das unidades de saúde e familiares que coabitam no domicílio dos doentes.

Numa unidade hospitalar, a exposição a agentes biológicos, em particular a microrganismos, coloca-se com particular incidência nos profissionais de saúde.

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As potenciais e principais fontes deste risco são o contacto pessoal com os doentes e o manuseamento de produtos biológicos: sangue e seus componentes, fezes, exsudados, secreções e vómitos, bem como os materiais contaminados por estes.

Em ambiente hospitalar, os principais agentes infeciosos com os quais os profissionais de podem contactar são o vírus da hepatite (A, B e C), o vírus Epstein-Barr, o vírus da imunodeficiência humana (VIH), o citomegalovírus, espiroquetas e parasitas.

As formas de transmissão a nível hospitalar são idênticas às formas de transmissão de outras infeções. Assim a exposição a agentes biológicos pode acontecer por várias formas, nomeadamente, transmissão aérea, contacto cutâneo, contacto fecal-oral, contacto com sangue ou outros fluidos orgânicos e por via percutânea.

5.2.Prevenção na exposição ao risco biológico

No intuito da prevenção, considerar se as medidas existentes proporcionam uma proteção adequada e o que poderá ser feito para reduzir os riscos. É possível reduzir a totalidade dos riscos através do recurso a um agente ou processo diferente?

Se não for possível evitar a exposição, esta deverá ser reduzida ao mínimo através da limitação do número de trabalhadores expostos e da duração da exposição. As medidas de controlo deverão ser adaptadas ao processo de trabalho e os trabalhadores deverão estar bem informados no sentido de cumprirem as práticas seguras de trabalho.

As medidas necessárias à eliminação ou redução dos riscos para os trabalhadores dependerão de cada risco biológico, existindo, no entanto, um número de ações comuns possíveis de executar:

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 Muitos agentes biológicos são transmitidos através do ar, como é o caso das bactérias exaladas ou das toxinas de grãos bolorentos. Evitar a formação de aerossóis e de poeiras, mesmo durante as atividades de limpeza ou manutenção.

 Uma boa higiene doméstica, procedimentos de trabalho higiénicos e a utilização de sinais de aviso pertinentes são elementos-chave da criação de condições de trabalho seguras e saudáveis.

 Muitos microrganismos desenvolveram mecanismos de sobrevivência ou resistência ao calor, à desidratação ou à radiação através, por exemplo, da produção de esporos.

 Adotar medidas de descontaminação de resíduos, equipamento e vestuário, bem como medidas de higiene adequadas dirigidas aos trabalhadores. Dar instruções sobre a eliminação com segurança de resíduos, procedimentos de emergência e primeiros socorros.

Em alguns casos, entre as medidas de prevenção conta-se a vacinação, colocada à disposição dos trabalhadores.

Outras medidas a considerar incluem:

• Fornecimento de equipamento médico mais seguro, como seringas com agulhas retrácteis;

• Controlo reforçado dos resíduos médicos;

• Melhoria das condições de trabalho, nomeadamente da iluminação; • Melhoria da organização do trabalho – por exemplo, mediante a redução da fadiga (associada, nomeadamente, a turnos longos), que pode prejudicar os trabalhadores –, e da supervisão destinada a garantir o respeito dos métodos de trabalho;

• Equipamento de proteção individual; • Imunização contra o vírus da hepatite B;

• Métodos de trabalho seguros (não recolocar as tampas bainha nas agulhas);

• Eliminação segura de objetos cortantes e de outros resíduos clínicos; • Formação e informação.

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Desde o início do século XXI que se tem evidenciado a transmissão hospitalar da tuberculose, o risco de infeção pela mesma e a existência da doença cativa nos profissionais da área da saúde. Sendo a tuberculose uma doença infectocontagiosa de fácil transmissão (a inoculação do bacilo faz-se por via aérea), a adoção de programas de avaliação e seguimento dos trabalhadores não se tem efetivado, sobretudo nos países de alta prevalência, nos quais o risco comunitário é elevado.

Ainda segundo este autor, o risco de infeção pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (tuberculose) entre os profissionais de saúde está relacionado com os seguintes fatores: prevalência da doença, perfil dos casos atendidos, área de trabalho, grupo ocupacional, tempo de trabalho na área da saúde e medidas de controlo adotadas pela instituição.

É nos grandes centros urbanos como Lisboa, Porto e Setúbal que se verifica a maior concentração de casos, espelho de uma realidade recente: a associação da tuberculose à infeção pelo VIH/SIDA, para além dos imigrantes, os sem-abrigo e os consumidores de drogas injetáveis, cuja estatística demonstra também terem risco acrescido.

Assiste-se, por outro lado, a uma prevalência crescente da tuberculose multirresistente, em consequência da resistência das bactérias aos antibióticos, essencialmente devido ao abandono do tratamento quando os sintomas da doença diminuem ou desaparecem.

5.4.Hepatite A, B e C

Apesar de o VIH ter assumido primordial notoriedade relativamente aos riscos de infeções virais, é de ter em conta que o risco de adquirir a infeção pelo vírus da hepatite B, após exposição a sangue contaminado, é cerca de 10 a 35% ao passo que o risco de adquirir o VIH é de apenas 0,4%.

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Dados aceites internacionalmente apontam que em consequência de “picada de agulha” os profissionais de saúde apresentam uma probabilidade de adquirir SIDA de 0,3%, a hepatite C de 2 a 7% e hepatite B de 2 a 40%, neste último caso em profissionais não vacinados e com a presença de AgHbe positivo no doente.

O risco de infeção por transmissão percutânea com agulha oca contaminada por VIH é de 0,3%, diminuindo esse risco para 0,09% no caso das membranas mucosas.

A hepatite B é, atualmente, a doença ocupacional de carácter infecioso mais importante no pessoal de saúde, sendo o risco de a adquirir mais elevado nos primeiros anos de exercício profissional e nos serviços em que se verifica contacto frequente com sangue

Hoje dispõe-se de eficazes medidas para a prevenir, mediante o recurso a barreiras físicas (luvas, agulhas e seringas descartáveis), químicas e biológicas (gamaglobulina hiperimune e vacinas).

Desde a descoberta do vírus da hepatite B, por Baruch, Blumberg e Coll, nos anos 1960, muito se aprendeu a seu respeito, porém, até aos dias atuais, muitos estudos demonstraram a existência de uma elevada prevalência da doença em vários segmentos da população em geral, e especialmente entre os profissionais de saúde expostos a acidentes com objetos perfurantes e cortantes, envolvendo material biológico.

Em Portugal, todas as formas clínicas de hepatites víricas fazem parte da lista das doenças profissionais e são consideradas como tal para os profissionais de saúde, sem necessidade de fazer prova.

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Relativamente à transmissão do VIH entre os profissionais de saúde, a maior preocupação reside no facto de a forma mais frequente de transmissão do vírus ocorrer devido a exposições cutâneas, resultantes de acidentes com materiais perfurantes e cortantes, e as recomendações atuais para esse fim, ainda não serem capazes de prevenir tais acidentes.

O risco de infeção por transmissão percutânea com agulha oca contaminada por VIH é de 0,3%, diminuindo esse risco para 0,09% no caso das membranas mucosas.

6.Potenciais alvos da infeção

6.1.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde como potencial

hospedeiro e/ou vetor de infeção

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Nos hospitais concentram-se doentes infetados e colonizados por microrganismos, que são fontes de infeção e que podem contaminar outros doentes e profissionais.

Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento de infeções, incluem-se a sobrelotação, a não afetação de profissionais exclusivos para cuidar dos doentes infetados e colonizados, transferências frequentes de doentes de uma enfermaria para outra e a aglomeração de doentes imunodeprimidos em unidades específicas (unidades de cuidados intensivos e intermédios).

Na maioria dos casos, as mãos dos profissionais de saúde constituem o veículo mais comum para a transmissão de microrganismos da pele do doente para as mucosas (como no trato respiratório) ou para locais do corpo habitualmente estéreis (sangue, líquido céfalo-raquidiano, líquido pleural, etc.) e de outros doentes ou do ambiente contaminado.

É importante referir que as mãos dos profissionais são progressivamente colonizadas durante a prestação de cuidados com microrganismos, incluindo agentes potencialmente patogénicos (colonização transitória).

Na ausência de cuidados de higiene das mãos, quanto maior a duração da prestação de cuidados, maior o grau de contaminação das mesmas.

As bases do controlo de infeção assentam em precauções simples e bem estabelecidas, comprovadamente eficazes e globalmente aceites.

Numa ótica de prevenção, o envolvimento dos Profissionais de saúde é crucial e decisivo. No decorrer da sua atividade diária, detêm imensa responsabilidade para evitar as Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS), implementando procedimentos adequados, que minimizem a disseminação de microrganismos.

Desempenham assim papel chave na prevenção e controlo de infeção. Neste sentido o objetivo será caminhar para a excelência na prestação de cuidados e

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ter sempre em conta a pessoa que ocorre aos serviços de saúde, que tem direito a ser protegida e defendida na sua integridade.

Todos os profissionais de saúde devem cumprir as normas e orientações, na sua prática, de forma a prevenir e reduzir a incidência de infeções. Devem conhecer as Precauções Básicas de prevenção e controlo de infeção a serem aplicadas em todas as situações. Da intervenção correta dos profissionais depende a real prevenção das IACS e a segurança dos doentes.

A informação e a formação aos profissionais de saúde são fundamentais para esse efeito. A ignorância obstaculiza e bloqueia o desenvolvimento de estratégias e medidas racionais e eficazes no combate das infeções hospitalares.

O profissional de saúde deve saber avaliar os riscos para os doentes e para si próprio sobre a transmissão das IACS e atuar de acordo. A par do rápido desenvolvimento técnico e farmacológico e de ferramentas importantes para o entendimento das IACS, é o elemento fundamental na prevenção e controlo deste tipo de infeção.

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7.Situações de risco potenciadoras da infeção

7.1.Os Contextos de prestação de cuidados

(institucionalização/comunidade) e especificidades na

área da prevenção e controlo da infeção de forma a

prevenir a transmissão da infeção

Em 1996, o CDC publicou um novo guia com três tipos de isolamento em que a forma de transmissão de doenças dependia e baseava-se essencialmente na porta de entrada no doente, na suscetibilidade do doente e nas vias de eliminação do agente microbiano pelo doente.

 Isolamento de contacto

 Isolamento de partículas

 Isolamento de gotículas

O sistema de vigilância epidemiológica representa desde aí, a principal forma de avaliação das medidas de profilaxia. Embora grande parte das infeções

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hospitalares sejam de difícil prevenção e controle, a vigilância dos fatores de risco são importantes para a deteção e controle de complicações clínicas.

Com o objetivo de reduzir o risco de transmissão de microrganismos em instituições de saúde, a partir de fontes conhecidas ou não, implementaram-se precauções padrão (PP) que devem ser aplicadas a todos os doentes. As PP incluem o uso de barreiras com o Equipamento de Proteção Individual (EPI) e devem ser aplicadas sempre que haja contacto com:

 Sangue;

 Todos os fluídos corporais exceto o suor (não sendo necessário observar presença de sangue macroscópico);

 Perda da continuidade da pele;

 Mucosas.

O sistema de precauções divide-se em duas etapas: a primeira etapa é o Sistema de Precauções Padrão (SPP) e aplica-se a todos os doentes, independentemente do seu diagnóstico ou estado analítico; a segunda etapa de precauções é para doentes com infeção conhecida ou suspeita e são baseadas na transmissão.

Três precauções baseadas na transmissão são propostas:

 Precauções contra aerossóis ou partículas

 Precauções contra gotículas

 Precauções contra contacto

As precauções contra aerossóis ou partículas são previstas para reduzir o risco de exposição e infeção pela via de transmissão aérea, por meio de micro-gotículas dispersas pelo ar. Estas partículas são inferiores a 5 micra, provêm de gotículas desidratadas que podem permanecer em suspensão no ar por longos períodos de tempo e podem conter o agente infecioso.

Os microrganismos transportados desta forma podem ser disseminados para longe, pelas correntes de ar podendo ser inalados por um hospedeiro suscetível, dentro do mesmo quarto ou em locais situados a longa distância do doente. Por este motivo, impõe-se ventilação especial para prevenir esta forma

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de transmissão. A dimensão destes agentes permite o atingimento alveolar num indivíduo suscetível.

As precauções contra gotículas reduzem a disseminação de microrganismos maiores que 5 micra. A dimensão do agente permite alcançar as membranas mucosas do nariz, boca ou conjuntiva de um doente suscetível. As gotículas originam-se sobretudo durante a tosse, o espirro e em certos procedimentos que envolvam o contacto com os fluídos daí resultantes.

A transmissão de gotículas requer um contacto mais próximo, entre o indivíduo e o recetor, visto que não permanecem suspensas no ar e geralmente depositam-se em superfícies a curta distância. Por esse motivo não é necessário promover a circulação do ar ou ter ventilação especial para prevenir a sua transmissão.

As precauções contra contacto representam o modo mais importante e frequente de evitar a transmissão de infeções hospitalares e estão divididas em dois subgrupos: contacto direto e contacto indireto.

O contacto direto envolve o contacto pele a pele e a transferência física, proveniente do doente infetado ou colonizado por microrganismos, para um hospedeiro suscetível. Esta transmissão pode ocorrer quando o profissional da saúde realiza procedimentos que envolvam contacto físico com o doente, como também entre dois doentes, pelo contacto com as mãos.

O contacto indireto envolve a transmissão para um hospedeiro suscetível através de objetos contaminados tais como instrumentos contaminados, roupas ou luvas que não são trocadas entre os procedimentos.

As medidas fundamentais para combater o processo de transmissão de doenças em meio hospitalar envolvem procedimentos padrão e materiais específicos para cada tipo de isolamento. Na Tabela poder-se-á observar a relação entre os tipos de isolamento, a utilização de equipamento de proteção individual (EPI) e o espaço físico a ser utilizado em cada doente.

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7.2.A prevenção das infeções associadas às unidades/

serviços específicos e recomendações associadas

Dada a importância da implementação de medidas de prevenção relativas ao ambiente, os Programas Globais de Controlo de Infeção têm que desenvolver em paralelo com a Vigilância Epidemiológica das infeções e com a promoção de boas práticas de cuidados, regras básicas de controlo do ambiente inanimado.

Essas regras são as seguintes:

 Identificação dos doentes considerados de alto risco para a infeção e dos doentes considerados potencialmente infeciosos para melhor direcionar as medidas adicionais de prevenção e controlo da infeção, dirigidas à situação clínica dos doentes;

 Criação de espaços/áreas de isolamento de contenção (pressão negativa) ou de proteção (pressão positiva) consoante as patologias infeciosas apresentadas pelos doentes e a sua suscetibilidade à infeção;

 Reforço do cumprimento das Precauções Básicas em todos os doentes, independentemente de ser conhecido ou não o seu estado infecioso e das Precauções Dependentes das Vias de Transmissão, conforme as patologias dos doentes e estado imunitário;

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 Instituição de medidas de prevenção das infeções transmitidas por via aérea, nomeadamente da tuberculose, a fim de controlar a contaminação do ar;

 Aplicação do plano de manutenção dos sistemas de ventilação e renovação de ar existentes com a finalidade de manter a sua eficácia e operacionalidade;

 Identificação de procedimentos considerados de risco para a contaminação ambiental e implementar medidas que minimizem esse risco, avaliando a possibilidade de usar alternativas a alguns dos procedimentos contaminantes evitáveis;

 Implementação de planos de formação do pessoal nas áreas de prevenção e de precauções básicas e das precauções dependentes das vias de transmissão;

 Manutenção do ambiente limpo e seco, livre de humidade;

 Remoção rápida de derrames e salpicos de sangue e de outra matéria orgânica;

 Remoção rápida de materiais contaminados e fluidos das unidades dos doentes, fazendo contenção na fonte e evitando a formação de salpicos e aerossóis aquando da descontaminação desses materiais;

 Aplicação de política para limpeza, desinfeção e esterilização de material clínico e não clínico e equipamentos, de acordo com o risco que cada um destes, representa para o doente.

A limpeza constitui o núcleo básico de todas as ações referentes aos cuidados de higiene com o material e áreas do hospital e o primeiro passo nos procedimentos técnicos de desinfeção e esterilização:

 O importante é que todo o material usado seja considerado como de risco para o pessoal e só seja manuseado com a devida proteção (luvas, avental impermeável e, quando se prevê salpicos, máscara e óculos de proteção).

 Se se tratar de material não crítico a limpeza pode, por si só, ser suficiente. A limpeza deve ser efetuada de preferência em máquinas próprias, por dois motivos: por um lado, porque estes métodos permitem associar à limpeza a desinfeção térmica ou química e asseguram a

Referências

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