• Nenhum resultado encontrado

A Festividade de São Benedito em Augusto Corrêa: traços da festividade urumajoense no Nordeste Paraense

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Festividade de São Benedito em Augusto Corrêa: traços da festividade urumajoense no Nordeste Paraense"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Revista Estudos Amazônicos • vol. XI, nº 2 (2014), pp. 122-134 Resumo: Este artigo, sobre a festividade de São Benedito realizada em

Augusto Corrêa-PA, discorre sobre a festividade no referido município, também conhecido como Urumajó. A relação do grupo de São Benedito com a Igreja Católica local e algumas comparações com o evento dedicado ao Santo Preto realizado em Bragança-PA, são dois temas retratados nesta pesquisa. Eles nos apresentam as noções de identidade, cultura e memória, conceitos relevantes para a leitura das narrativas orais do senhor Janito, fundador da festividade em Augusto Corrêa, e do Senhor Irineu, atual presidente do grupo de São Benedito.

Palavras-chave: São Benedito; Identidade; Memória; Narrativa.

Abstract: This article, about the feast of St. Benedict held in Augusto Correa-PA, discusses this feast in that city, also known as Urumajó. The relationship of the group of St. Benedict with the local Catholic church and some comparisons with the event dedicated to the Black Saint, occurred in Bragança-PA, are the themes portrayed in this research. They present us the notions of identity, culture and

(2)

memory, relevant concepts for the understanding of the oral narratives of Janito, founder of the festival of Augusto Corrêa, and Irineu, current president of the St. Benedict group.

Keywords: St. Benedict; Identity; Memory; Narrative.

A memória só existe ao lado do esquecimento: Um contempla e alimenta o outro, um é o fundo sobre o qual o outro se inscreve. Esses conceitos não são simplesmente antípodas, existe uma modalidade do esquecimento – como Nietzsche já o sabia – tão necessária quanto a memória e que é parte desta.1

Este artigo surgiu a partir de um estudo focado na relação das festividades de São Benedito em Bragança e Augusto Correa, na região Nordeste do Pará. A partir de perspectivas diversificadas, dar-se-á atenção para o caráter ritualístico destas manifestações da festa, visando entender suas semelhanças, mas principalmente suas diferenças. Portanto, sair do lugar comum que é falar somente da festividade beneditina realizada em Bragança é falar pouco, pois há grupos “esquecidos” que também organizam essa festividade em louvor ao “Santo Preto”, como é o caso do município de Augusto Corrêa.

Para isso, as narrativas do organizador da primeira festividade do Santo em Augusto Corrêa e atual capitão, Senhor Janito2, e do atual presidente

(3)

124 • Revista Estudos Amazônicos

contribuir para a conservação da memória da festividade. As entrevistas apresentam de forma sistêmica os testemunhos de uma memória individual que revela a identidade de um coletivo que se manifesta de forma específica, mas com resquícios de outras culturas.

A história oral é um procedimento metodológico que busca, pela construção de fontes e documentos, registrar, através de narrativas induzidas e estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre a História em suas múltiplas dimensões: factuais, temporais, espaciais, conflituosas, consensuais.4

Na busca por retratar as origens e manutenção da festividade de São Benedito em Augusto Corrêa, em primeiro momento chama-se atenção para a de Santa Ana e a relação entre esses dois eventos religiosos, que se relacionam por meio da memória coletiva. Ao analisar a fala dos narradores para contrapô-los ao contexto de realização da festividade os seus dois momentos marcantes, esmolação e marujada e, assim, discorrermos sobre a identidade da festividade urumajoense. Discussões teóricas se utilizando de Jacques Le Goff,5 Ecléa Bosi,6 Michael Pollak7 e

Maurice Halbwachs8 são necessárias para tratar da importância da

memória e seus embates entre memória oficial e memórias “subterrâneas”. Há também estudiosos que são importantes por entenderem a região e o objeto de pesquisa, como José Guilherme dos Santos Fernandes9 além de

estudos importantes a respeito do conceito de identidade como Stuart Hall10 e Alistar Thompson11 que também são teóricos importantes.

A festividade de São Benedito de Augusto Corrêa-PA constitui, dentre tantas outras festividades dedicadas ao Santo realizadas no território

(4)

brasileiro, uma forma peculiar de representação do evento religioso e cultural e que, por isso, merece destaque neste estudo por demostrar o constante deslocamento ou trânsito das identidades culturais. Deste modo, por mais que possa existir uma referência comum entre uma determinada manifestação cultural, no caso a devoção a São Benedito, a concepção de identidade na pós-modernidade refuta a pretensa e velada intenção de fixar um objeto cultural como representação identitária de um único povo e em dado espaço cultural.

A concepção de identidade e cultura como algo estanque é, na realidade, um retorno ao passado, quando as noções de cultura e de identidade eram concebidas como coisas fixas ou como processo de transição ou evolução de culturas primitivas para culturas modernas.12

a concepção de identidade transita entre a raiz e o rizoma, pois, dependendo do contexto, há necessidade de afirmação de pertença única, particularmente no discurso de vanguardas e resistências, ou a conclamação para um processo de identificação adequado às pretensões de reconhecimento do outro em discursos de inclusão e multiculturalismo.13

Neste aspecto ressaltamos a importância da festividade de Augusto Corrêa, no que concerne ao modo como sua história e os dois momentos marcantes da festa de São Benedito, Esmolação e Marujada, se configuram como a identidade do grupo de São Benedito urumajoense em seu diálogo (ou ausência deste) com a Igreja Católica local e, indiretamente, pela sua oposição em torno da noção de bragantinidade.

Este termo “bragantinidade”, muito citado e referido por diversos autores como Dário Benedito Rodrigues Nonato da Silva,14 dentre outros,

(5)

126 • Revista Estudos Amazônicos

entende que há uma noção de que a identidade bragantina é fixa e englobante excluindo ou deslocando para a periferia regional a importância e a história das práticas culturais realizadas nos municípios vizinhos, como Augusto Corrêa. Mais do que isso, criou-se no imaginário tanto dos próprios bragantinos como dos que chegam a Bragança, a ideia de que as práticas culturais realizadas neste município, como a festividade de São Benedito, por exemplo, se restringem à Pérola do Caeté, o que não é verdade, pois a festividade de São Benedito, que é um dos principais símbolos da “bragantinidade”, se não o principal, também encontra em Augusto Corrêa palco para a organização e realização desse evento religioso e cultural que envolve fé, diversão e tradição, como um mosaico de lembranças que articulados pelos atores dessa realidade: o povo.

Esta noção de cultura fixa e englobante vai na contramão dos pensamentos e concepções de cultura na pós-modernidade, especialmente os de Hall (2000), na qual nos apoiamos para manifestarmos contrários a tal “censo comum” que envolve o termo “bragantinidade” e as concepções em torno dele, como se o povo e a região bragantina estivessem unidos em torno de uma cultura e tivessem uma única identidade. Não é o vemos, nem acreditamos que os estudiosos citados no parágrafo anterior há vejam também, mas por sua muita utilização e divulgação nos meios acadêmico, religioso, turístico e até econômico essa noção tem-se tornado aos poucos cristalizada.

Maurice Halbwachs15 define a memória como um conceito que

permeia reconhecimentos e propicia reconstruções capazes de atualizar os “quadros sociais”, nos quais as lembranças permanecem e articulam-se entre si. Para o autor, a memória é sempre construída em grupo (coletiva), mas também uma construção individual, e, para a articulação entre as duas memórias, no entanto, necessita-se de vários, links de ligação entre uma e

(6)

outra para que as lembranças evocadas sejam reconstruídas sobre uma base comum.

É nessa forma de conceber uma cultura ou identidade que cresce a importância do que diz MichaelPollak a importância do próprio trabalho que fazemos pois, “ao privilegiar a análise dos excluídos, dos marginalizados e das minorias, a história oral ressaltou a importância de memórias subterrâneas que, como parte integrante das culturas minoritárias e dominadas, se opõem à ‘Memória oficial’”.16

A representação figurativa do começo da festividade de São Benedito em Augusto Corrêa há relação direta com a dança da marujada, que tem nas suas origens a marca da permanência e da continuidade de valores culturais e simbólicos na memória da festividade religiosa, a de Santa Ana, que outrora reuniu parte do grupo que passou a organizar o evento beneditino. Essa continuidade não necessariamente se faz pela presença real da manifestação, mas por meio da memória narrada do contador e na representação de um dos momentos da festividade: a Marujada. A memória é o nome dado a esta faculdade constante da identificação pessoal que permite ao sujeito pensar-se idêntico no tempo, graças particularmente à função narrativa.17

O Senhor Janito, ao se referir ao início da festividade de São Benedito em Augusto Corrêa, assim fala: “esse trabalho do São Benedito foi por intermédio, podemos dizer, do festejo de Santa Ana”.18 Estas palavras

parecem materializar o que nos ensina Stuart Hallde que a identidade e a diferença estão inextricavelmente articuladas ou entrelaçadas em identidades diferentes, uma nunca anulando completamente a outra.19

Na memória do contador não tem como falar da festividade de São Benedito sem fazer referência a Santa Ana, primeiro porque o Senhor Janito, como um homem religioso, guarda com carinho a imagem que era usada na festividade da Santa e segundo porque foi por sua experiência enquanto organizador do evento religioso que São Benedito passou a

(7)

128 • Revista Estudos Amazônicos

tomar um lugar de maior destaque em sua vida pessoal e da comunidade a que pertence como membro ativo.

O ato de memória que se manifesta nas histórias de vida põe em evidencia essa aptidão especificamente humana que consiste em poder voltar-se para o seu próprio passado para o inventariar, pôr em ordem e tornar coerentes os acontecimentos de sua vida tidos como significativos no próprio momento da narração.20

A presença de Santa Ana não se faz apenas na memória e nas lembranças do seu Janito, mas na ladainha que a comitiva dos esmoladores canta durante as noites em que ficam nas residências dos promesseiros e também no espaço físico que hoje é a Igreja de São Benedito, pois, como afirma nosso entrevistado, o início da construção do referido templo se fez com o recurso advindo da última festividade realizada à Santa Ana.

É importante salientarmos que mesmo organizando a festividade de Santa Ana, o Senhor Janito já tinha envolvimento com o Santo Preto, pois quando os esmoladores de Bragança chegavam a Augusto Corrêa para realizarem seus trabalhos a casa do Senhor Janito era uma das residências em que ficavam.

Igualmente a festividade de São Benedito em Bragança, a esmolação realizada em Augusto Corrêa, igualmente, percorre longas distâncias que abrange o espaço geográfico de parte das regiões de Bragança, Tracuateua e, logicamente, Augusto Corrêa. Esses esmoladores, mesmo estando reunidos em um único grupo, percorrem os três espaços geográficos que os esmoladores de Bragança, ou seja, os campos, as praias e as colônias, o que José Guilherme dos SantosFernandes chama de “região cultural”.21

(8)

O interessante de se observar é que mesmo os esmoladores pertencendo ao município de Augusto Corrêa eles não se limitam a realizarem seus trabalhos nesse município, isto é, os limites fronteiriços que delimitam os espaços municipais não existem na geografia dos esmoladores, onde há uma interseção geográfica.

Embora as comitivas de esmoladores estejam estreitamente relacionadas pela peregrinação com a imagem do Santo por toda essa região no intuito de capitar recursos e também de manter a fé no Santo, vale ressaltar que a esmolação de Augusto Corrêa se distingue da de Bragança por três aspectos: a existência de uma única comitiva, a imagem que os esmoladores carregam e a falta de envolvimento da Igreja Católica local na organização do trajeto e das casas que recebem a comitiva dos esmoladores, ausência que é manifestada em quase toda a festividade, se limitando quase que só a procissão e rezas.

Em Augusto Corrêa há apenas uma comitiva de esmoladores (em Bragança há três) que, no entanto, percorrem os três espaços geográficos, ou regiões culturais, que as comitivas bragantinas andam. A imagem que é transportada em Augusto Corrêa, conforme fala do Senhor Irineu, é aquela em que São Benedito está com o Menino Jesus em seu colo (em Bragança é transportada a imagem em que o Santo está rodeado por flores), imagem esta que aproxima a festividade do Santo ao cristianismo católico. No entanto, ainda que haja essa relação com o cristianismo católico, há, também, grande incredulidade por parte dos católicos da igreja de São Benedito em Augusto Corrêa em relação à imagem do Santo, motivo pelo qual alguns tenham manifestado, segundo o Senhor Janito, desejo de retirar a imagem do Santo de dentro da igreja.

A outra diferença que referimos diz respeito à participação da Igreja na organização da festividade, pois em Bragança essa participação é ativa enquanto que em Augusto Corrêa essa participação é variável, pois a falta

(9)

130 • Revista Estudos Amazônicos

de definição quanto a essa participação culmina por vezes com uma maior ou menor participação do clérigo local.

Neste aspecto, diferentemente do que parece ter acontecido em Bragança, onde houve grande disputa para tomar conta da Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança (IGSBB), em Augusto Corrêa há, em certa medida, um descaso com a festividade do Santo Preto, o que pode culminar com a inexistência da festividade daqui a alguns anos, preocupação demonstrada pelo próprio fundador da festividade em Augusto Corrêa.

Normalmente na Marujada têm-se momentos que são de maior liderança das mulheres, na pessoa da capitoa, conforme José Guilherme dos Santos Fernandes.22 No entanto, no evento urumajoense essa

demarcação de liderança não é definida, posto que ambos, capitão e capitoa, conjuntamente realizam todos os passos da festividade, segundo o Senhor Janito e o Senhor Irineu.

Além desse detalhe peculiar da festividade urumajoense, na qual não há a liderança explícita da capitoa durante alguns momentos da Marujada, há também uma luta pela sobrevivência das tradições e manutenção da cultura em torno da Marujada, já que, mesmo a Igreja Católica tendo na sua história um grande envolvimento com imagens de Santos, em Augusto Corrêa, com relação à imagem de São Benedito, parece não haver a tolerância e envolvimento demonstrados em relação aos outros Santos. Por vezes, religiosos da Igreja Católica em Augusto Corrêa buscam sufocar e até boicotar a festividade beneditina, querendo seu fim.

O começo da festividade do Santo em Augusto Corrêa, assim como em Bragança, deu-se por iniciativa de pessoas do povo, pessoas humildes que eram motivadas tanto pela fé quanto pelo paganismo, revelado nas festas dançantes durante as noites em que se festejava a Marujada. Nessa empreitada de organização da festividade beneditina pouca ajuda vinha de

(10)

pessoas que tinham influência política e econômica, geralmente as pessoas que se encaixavam nesse perfil e que ajudavam na festividade eram postos como juízes e juízas, como aconteceu na primeira festividade, quando a juíza era a Secretária de Ação Social, Ruth Rangel, e o juiz era o dono da Drogaria Erifarma, Erinaldo Alves (já falecido).

A ajuda de políticos na festividade foi, em um dos anos da festividade, motivo de afastamento do padre da paróquia local da festividade, visto que ele estava apoiando, segundo nossos entrevistados, o então candidato Luiz Cunha no pleito eleitoral para a prefeitura de Augusto Corrêa, mas os organizadores da festividade receberam ajuda do candidato da oposição e então prefeito Dr. Milton Lobão.

Perguntado ao seu Janito se ele percebia alguma diferença entre a festividade bragantina e a urumajoense, ele manifesta uma visão cultural pautada na concepção descritivista, posto que fez uma comparação dizendo que a maior organização da festividade bragantina tem origem na temporalidade de mais de duzentos anos, enquanto que a urumajoense nasceu recentemente. Ou seja, seu Janito dá à cultura um parecer evolutivo, diferindo da concepção mais aceita modernamente que é a concepção simbólica, que vê a cultura como uma representação da criação humana e não como um objeto evolutivo.

Diante de todo o exposto, pensa-se que ao se falar da festividade de São Benedito em Augusto Corrêa, duas situações precisam ser referenciadas: a primeira diz respeito ao modo peculiar de relacionamento entre o grupo de São Benedito e a Igreja Católica local, relacionamento este marcado quase que pela ausência total da Igreja na organização e execução do evento e até mesmo pela tentativa, por parte de religiosos dessa Igreja, de acabar com a festividade. A segunda refere-se ao processo que deu origem à festividade, motivo pelo qual o nome de Santa Ana precisa ser lembrado.

(11)

132 • Revista Estudos Amazônicos

As perspectivas para a festividade de São Benedito em Augusto Corrêa não são promissoras, visto que o principal personagem da festividade urumajoense, o Senhor Janito, está caminhando para o encerramento de suas atividades como organizador da festividade e parece não haver um sucessor que dê prosseguimento ao evento beneditino nessa cidade.

Outro ponto que se observa na festividade de São Benedito em Augusto Corrêa diz respeito à diferença em relação à festividade bragantina. Essa diferença vem em grande parte, mas não exclusivamente, em decorrência da sutil presença, na memória e na história da festividade em Augusto Corrêa e em alguns momentos dos rituais da marujada, de características que se assemelham as da festividade de Santa Ana.

Talvez a presença de Santa Ana na festividade seja mais evidente na ladainha, pois, conforme já salientamos, nos foi dito que a ladainha entoada na festividade de São Benedito em Augusto Corrêa é a mesma que era entoada na festividade de Santa Ana. Outros detalhes que aproximam a festividade de São Benedito à festividade da Santa são, por exemplo, algumas nomenclaturas utilizadas como ladainha, juiz, juíza, mordomos e também alguns momentos da festividade tais como a procissão, o levantamento e a derrubada do mastro, o almoço e o local onde o almoço acontecia e para onde a procissão se dirigia: o barracão de festas do seu Janito.

Para Stuart Hall a identidade torna-se um fator relevante, pois, como diz o teórico, a identidade “é definida historicamente e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente”.23 O cenário acima descrito mostra um entrelaçamento de

culturas e identidades que vão se ajustando na medida em que o sujeito social permite que suas experiências passadas influenciem nas suas práticas presentes.

(12)

Além das diferenças descritas acima existe a diferença na grandiosidade e repercussão de ambos os eventos, pois em Bragança há uma “pomposidade” e um alcance maior, vindo pessoas de municípios distantes para presenciarem e se divertirem com a Marujada bragantina, o que parece não ocorrer em Augusto Corrêa, já que o evento tem uma “pomposidade” e um envolvimento, tanto eclesiástico quanto político e mesmo populacional, muito menor. O que há é a presença, às vezes, de grupos de Marujada de outros municípios que se apresentam em Augusto Corrêa durante as noites da festividade.

Portanto, a festividade beneditina urumajoense, ainda que não tenha uma identidade tipicamente local, o que a nosso ver também não há em Bragança em relação a sua bragantinidade, é um evento que guarda características peculiares e que não deve ficar na “clandestinidade” e nem ser colocado na “subalternidade” em relação ao evento bragantino.

Artigo recebido em setembro de 2014 Aprovado em dezembro de 2014

NOTAS

Doutor em Desenvolvimento Sustentável do Trópico úmido – PDTU – NAEA,

Professor adjunto I da Universidade Federal do Pará.

 Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e

Graduado em Letras – Habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: sgtaraujomonteiro@yahoo.com.br

 Graduado em Letras – Habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade

Federal do Pará (UFPA). E-mail: gesielms@yahoo.com.br

1 SILVA, Marcio Seligmann. História, memória, literatura. O testemunho na era

(13)

134 • Revista Estudos Amazônicos

2 José Genibaldo Ferreira dos Santos, conhecido como seu Janito, nasceu em 21

de agosto de 1944 em Augusto Corrêa e é morador do Bairro São Benedito nessa cidade. Foi o organizador da primeira festividade de São Benedito e é, atualmente, além de um dos organizadores da festividade, o capitão na Marujada.

3 Irineu Brito do Nascimento nasceu em 31 de março de 1969 é lavrador e atual

presidente do grupo que organiza a festividade de São Benedito em Augusto Corrêa.

4 DELGADO. Lucília de Almeida Neves. História Oral – memória, tempo,

identidades. Belo Horizonte, Autentica, 2006, p. 15.

5 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. 6 BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das

Letras, 1994.

7 POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. In: Revista de Estudos

Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989.

8 HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006, p.

29-189.

9 FERNANDES, José Guilherme dos Santos. Cultura e Narrativa. In: IFNOPAP.

Populações e tradições: Um Diálogo entre a Cultura e a Biodiversidade/ Organização de Maria do Socorro Simões. Belém: UFPA, 2004, pp. 49-64. FERNANDES, José Guilherme dos Santos. Pés que Andam Pés que Dançam:

Memória, Identidade e Região Cultural na Esmolação e Marujada de São Benedito em Bragança (PA). Belém: EDUEPA, 2011.

10 HALL, Stuart. A identidade Cultural na Pós-modernidade. 4ª ed. Rio de Janeiro:

DP&A, 2000.

11 THOMPSON, Alistar. Aos cinquenta anos: uma perspectiva internacional da

História Oral. In: FERREIRA, Marieta de Moraes. (Org.). História oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz/CPDOC – Fundação Getúlio Vargas, 2000.

12 FERNANDES. Cultura e Narrativa. Op. cit. HALL. Op., cit. 13 FERNANDES. Pés que Andam Pés que Dançam. Op. cit. p. 35.

14 NONATO DA SILVA, Dário Benedito Rodrigues. Os Donos de São Benedito:

Convenções e Rebeldias na Luta entre o Catolicismo Tradicional e Devocional na Cultura de Bragança, século XX. 2006, 202p. Dissertação para obtenção do título de Mestre em

História Social da Amazônia. UFPA, Belém, 2006.

15 HALBWACHS. Op., cit. 16 POLLAK. Op., cit.

17 CANDAU. Joel. Memória e identidade, São Paulo: Contexto, 2012, p.143. 18 Entrevista concedida aos graduandos: Monteiro, Armando de Araújo. Santos,

Gesiel Matos dos: Em 23 fevereiro de 2013.

19 HALL. Op., cit.

20 CANDAU. Op., cit., p. 168. 21 FERNANDES. Op., cit. 22 FERNANDES. Op., cit. 23 HALL. Op., cit., p. 13.

Referências

Documentos relacionados

Obedecendo ao cronograma de aulas semanais do calendário letivo escolar da instituição de ensino, para ambas as turmas selecionadas, houve igualmente quatro horas/aula

Foram utilizados 120 dentes humanos unirradiculares, que após tratamento endodôntico foram separados aleatoriamente em 6 grupos n=20, de acordo com o material restaurador

A perspectiva teórica adotada baseia-se em conceitos como: caracterização câncer de mama e formas de prevenção; representação social da doença; abordagem centrada no

CÓDIGO ÓTIMO: um código moral é ótimo se, e somente se, a sua aceitação e internalização por todos os seres racionalmente aptos maximiza o bem-estar de todos

Sobretudo recentemente, nessas publicações, as sugestões de ativi- dade e a indicação de meios para a condução da aprendizagem dão ênfase às práticas de sala de aula. Os

Avaliação técnico-econômica do processo de obtenção de extrato de cúrcuma utilizando CO 2 supercrítico e estudo da distribuição de temperatura no leito durante a

Empreendimento, (natureza jurídica), inscrito no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda CNPJ/MF sob o nº 00.000.000/0001-00, representado por seu