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Pentecostalismo e pessoas em situação de rua: uma narrativa analítica crítica desta relação no bairro do Jurunas - Belém do Pará

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Academic year: 2021

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Pentecostalismo e pessoas em situação

de rua: uma narrativa analítica crítica

desta relação no bairro do Jurunas -

Belém do Pará

José Augusto Oliveira Dias Resumo: Este artigo trata da relação entre pessoas em situação

de rua e igrejas pentecostais no bairro do Jurunas, periferia de Belém do Pará. Traz uma narrativa oriunda da analise critica através de observações empíricas da área pesquisada, apresentando fatos e diálogos recorrentes, na soma das experiências vividas pelo autor deste, sobre as dinâmicas que em volve esta relação. Detecta a difícil compreensão do problema por parte do entendimento religioso-pentecostal e o não aparecimento deste problema na lista das “almas” a serem alcançadas pela missão das instituições pentecostais.

Palavras-chave: Religião, Pentecostalismo, Ação Social,

Individuo, Rua.

Abstract: This article refers to the realitionship between homeless people and pentecostal churches in the neighborhood of, Belém outskirts. Brings a narrative from critical analysis through empirical observations of the researched area, introdusing recurring facts and dialoques in the sum of experiences lived by the author about the dynamics that envolve this relation. Detects the difficult understanding of the problem by the pentecostal religious understanding of the non-appearance of this problem in listo of “souls” to be reached by the missin of pentecostal institutions.

Keywords: Religion, pentecostalism, social action, individual, street.

Mestre em Ciências da Religião pela Universidade do Estado do Pará – UEPA. Membro do Grupo de Pesquisa

Revista

Tempo

Amazônico

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INTRODUÇÃO

O problema do crescimento do número das pessoas em situação de rua tem ganhado um pouco mais notoriedade pelo fato de, nas grandes cidades como São Paulo, tornar-se fenômeno perceptível. Mas, e as outras tantas cidades não tão grandes assim, como São Paulo? Como pode ser percebido o crescimento deste fenômeno? Desta feita, grande parte da percepção se dá na compreensão do problema que isto trará às cidades, e menos por questões de percepção da pessoa humana nesta situação degradante e miserável. Pois, nem se quer são contabilizados nos números de cidadãos.

Apresenta-se, portanto, para as instâncias públicas como um ator invisível, uma vez que não entra nas pesquisas do IBGE que possuem como base o domicílio em sua metodologia de contagem. [...] Envolvendo 71 Municípios com uma população igual ou superior de 300.000 habitantes que identificou 31.922 pessoas (maiores de 18 anos) e, chegando a um ranking municipal, no qual se destacam Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Brasília, Fortaleza, São José dos Campos e Campinas, onde os números apurados oscilam entre 4.585 e 1.027 moradores que se encontram em situação de rua (Thomas A. Mitschein, et al, 2014, p.7).

Embora todo o empenho dos Movimentos e Governo Federal da época em que se iniciou maior empenho pela causa, o que parece hoje, tais politicas deixaram de ganhar expressividade. Até cidades como Belém do Pará, que mesmo não sendo tão grande quanto São Paulo e outras capitais, tem apresentando o aumento no número da população em situação de rua. E, embora menor, não apresenta sequer planos convincentes de melhorias para esta população e sua situação. Não que não haja instituições que busquem defender a causa, mas não possuem de recursos e investimentos necessários.

Tal população, numerosa por sinal, não desperta interesse das instituições que trabalham nas dinâmicas sociais relacionando-se com os indivíduos, por quê? Seria o resultado do capitalismo nas relações sociais, principalmente trabalho, comércio, consumo e posses? Na questão religiosa isso se agrava mais ainda. No meio pentecostal, atualmente a “cultura” operante é de “contribuir para receber”, “ofertar para ganhar”, “pagar o voto antes da graça recebida”.

Todos estes atos citados estão relacionados à “moeda de troca”, o dinheiro. Não podendo ser pago de outra maneira. Pois, em tempos extremamente capitalistas, qual a melhor forma de mostrar “sacrifício” se não no “bolso”. Neste caso então, como podem os indivíduos da população em situação de rua adentrar no meio pentecostal por intermédio destas práticas? E inegável, que grande parte das instituições religiosas age como instituições empresariais capitalistas em busca de lucros. E com relação às pessoas em situação de rua, isso é

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lamentavelmente perceptível. Não se distinguem dos objetivos, os fins lucrativos. Oferecem as bênçãos do “sagrado” e seus símbolos a quem possui condições financeiras. A quem pode comprar.

É dentro deste contexto que, a pesquisa caminha, procurando trazer através da narrativa das relações entre igrejas pentecostais, de médio e pequeno porte, no bairro do Jurunas em Belém do Pará, e as pessoas em situação de rua encontradas nesta localidade. Apresentando as dinâmicas atuantes na área, que direcionam e resultam desta relação, fazendo a realização de uma analise critica do fenômeno.

O texto traz uma narrativa oriunda da observação participativa, e da analise critica através destas observações empíricas da área pesquisada. Os fatos e diálogos recorrentes foram presenciados e vividos, e inseridos na soma das experiências adquiridas pelo autor deste. Obtendo apoio teórico e complementação da pesquisa no auxilio de obras e textos sobre o assunto.

A difícil compreensão do problema por parte do entendimento religioso-pentecostal e a falta de interesse pelas “almas” deste “purgatório social”, leva-nos a compreensão do resultado, como sendo o agir pentecostal desta localidade analisada, como instituições seguidoras das normas sociais do mercado. O não aparecimento deste problema social na lista das “almas” a serem alcançadas pela missão das instituições pentecostais, é a prova disto. Segue-se a oferta de preço para quem possui capital.

DA ESCOLHA E MOTIVAÇÕES PARA O TEMA

Quando eu criança me chamava atenção o fato de haver pessoas tendo como lugar de habitação as ruas. Eu ainda menino, incomodava-me no mês do Natal, em avistar em pleno Centro Comercial de Belém do Pará, crianças pedindo esmolas. Mesmo sendo pobre, eu possuía um lar, e ainda que, possuindo pouco, meus pais me presenteavam de acordo com suas condições.

Hoje adulto, observando o crescimento da população de pessoas em situação de rua, e buscando entender fatores e causas influentes sobre este fenômeno, volto meu olhar para o cotidiano, não mais como aquele garotinho que não entedia o porquê desta situação. Mas como um cidadão que deseja e debate fatores sociais capazes de contribuir para uma diminuição das desigualdades sociais e suas misérias.

Por haver pertencido a uma grande instituição religiosa aqui em Belém do Pará, assim como, por também haver me formado em Ciências da Religião, uma das áreas de conhecimento

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pertencentes a Ciências Humanas, trago aqui um pouco de minha compreensão sobre pessoas em situação de rua e o olhar religioso. Em especial o pentecostal da Assembleia de Deus de Belém do Pará, e este fenômeno. Como sou amante da arte musical, escolhi algumas músicas que contribuíram para o entendimento e inspiração na formulação e escrita deste texto.

A soma dos fatores: observações do cotidiano, religiosidade particular, pesquisas e sentimentos expressos em forma de músicas, resultaram na formulação de uma pesquisa empírica sobre algo que sempre me inquietou. A ação social, assistência aos mais necessitados, fome, desigualdade, pobreza e carência, sendo termos bastantes ligados e, de certa forma, associados e explorados nos discursos religiosos, buscou-se o entendimento sobre as igrejas pentecostais do bairro do Jurunas e suas relações com as pessoas em situação de rua. Com questionamentos voltados para questões como: de que modo elas enxergam as pessoas em situação de rua? Existe lugar para um indivíduo em situação de rua nas instituições religiosas? Elas dão auxílio a eles? Qual o auxílio que elas dão a eles?

O bairro do Jurunas é a localidade onde nasci, cresci e vivo ainda hoje. São quarenta anos pertencentes ao cotidiano e realidade deste bairro. Nesta pesquisa, procurei não me deter em números estatísticos. O alvo é trazer um olhar sobre o assunto na compreensão das observações e nas conversas abertas com os sujeitos pertencentes à população em situação de rua, e que vivem a experiência cotidiana de uma situação “invisível” socialmente. Procurei através da narrativa surgida na compreensão das analises empíricas apresentar o quadro desta relação pentecostal e pessoas em situação de rua no bairro.

Almejo trazer uma compreensão sobre o fenômeno, na tentativa de contribuir para o entendimento sobre o caso. Assim como no incentivo a confecções de atos, atitudes, planejamentos e comportamento que auxiliem os indivíduos a atuarem para a diminuição das desigualdades cotidianas em nosso meio.

O BAIRRO DO JURUNAS E A RUA

O bairro do Jurunas é um bairro da periferia de Belém do Pará, localizado as margens do Rio Guamá, possuindo uma população aproximadamente de 64.478 habitantes (IBGE, 2010). É considerado um dos bairros mais populosos de Belém, com uma área de comércio importante por seus embarques e desembarques de matérias alimentícios, assim como, de materiais de construções e suas serralheiras comercializando madeiras, localizadas as margens dos portos fluviais do bairro.

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Em publicação na Revista Mosaica, Carmem Izabel Rodrigues comenta:

Em sua configuração atual, o bairro do Jurunas situa-se, ao mesmo tempo, próximo e distante do centro da cidade. Ao mesmo tempo em que não é caminho ou passagem obrigatória ligando o centro aos demais bairros de Belém, a não ser para alguns bairros contíguos e também periféricos (Guamá, Condor, Cremação), comunica-se facilmente com os bairros mais centrais, através de amplas ruas asfaltadas, pelas quais pode-se chegar com certa facilidade, mesmo em um percurso a pé (RODRIGUES, 2008, p. 147).

Rodrigues é referencia nos estudos sobre o bairro, e, em sua tese de doutorado (2008), ela analisa as culturas deste, sua religiosidade e suas festas. Contudo, pouco se fez menção das práticas pentecostais nas localidades jurunenses pesquisadas por ela. No entanto, nas últimas duas décadas, o pentecostalismo tem influenciado fortemente a identidade jurunense, e principalmente nas áreas mais periféricas do bairro.

Grande parte da formação cultural do Bairro veio, ainda, em sua formação, com a chegada de ribeirinhos que nele se instalaram (RODRIGUES, 2008). Ainda hoje, continua grande o fluxo de indivíduos que habitam do outro lado do Rio Guamá, mas que atuam em varias áreas do Jurunas, como no comercio, na visita aos parentes ou nas participações das festividades e outros eventos. O Jurunas também tem contribuído para a dinâmica da cultura ribeirinha, quando se relaciona com esta através de vários meios. O pentecostalismo é um desses meios, pois, grande parte dos religiosos pentecostais que chegam ao outro lado do Rio Guamá são jurunenses. Como na região das Ilhas do Combú. Ali abrem suas igrejas e formam suas comunidades religiosas.

Nosso foco dirige-se a área periférica do bairro onde se encontram os diversos grupos, comunidades e práticas culturas, religiosas ou populares. Onde o número de pequenas igrejas pentecostais é crescente. Isso reforça a tese de alguns pesquisadores do pentecostalismo, que atribuindo a importância das comunidades mais pobre no fortalecimento do movimento pentecostal, defendem o argumento de que a religião pentecostal oferece o suprimento das necessidades, assim como as soluções para os problemas, juntamente com a busca da ascensão social.

Dentro das principais ofertas feitas pelo pentecostalismo nas periferias estão: a cura, o exorcismo e a prosperidade. A tríade do pentecostalismo autônomo (ANTONIAZZI, 1994, p. 24). Esta seja talvez, uma das razões mais forte para o pentecostalismo ter despontado no Brasil, em especial em Belém do Pará, considerada “berço” do movimento no país. Pois, as comunidades se encontram “perto da magia, longe da politica”, vivendo “derivações do

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encantamento no mundo desencantado” (PRANDI, 1992), e procurando fugir da miséria e pobreza.

Em muitos lugares, como vielas, ruas estreitas, pinguelas e estivas, locais dominados pelo crime – no caso, mediante tráfico, roubo e vícios – os indivíduos não possuem renda fixa, muitos nem sequer uma renda qualquer, pelo que fazem do crime seu sustento. Paul Freston (1996, p.11) comenta que: “quanto mais pobre a zona da cidade, maior é o número de evangélicos”. As igrejas, quando abertas nesses lugares, afirmam interesse em mudar o “quadro” destas vidas. O bairro do Jurunas possui inúmeras dessas igrejas, elas são de vários tamanhos e número de fiéis.

As periferias das cidades médias e grandes possuem “fama” de uma cultura boemia e agitada, suas ruas são criadouros de experiências, diálogos e viveres. José Guilherme Cantor Magnani traz a compreensão das dinâmicas encontradas na rua em seu texto: “rua, símbolo e suporte da experiência urbana” (1993). É exatamente o que vemos na vida urbana de cada pessoa em situação de rua, um suporte ainda maior das experiências de quem só possui a rua como símbolo para suas relações.

O Governo Federal em 2008 citando Relatório do Primeiro Encontro Nacional da População em Situação de Rua, realizado em 2005, cita o fenômeno como sendo,

A População em Situação de Rua nos Municípios brasileiros representa "um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelido a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente (Relatório do Primeiro Encontro Nacional da População em Situação de Rua, Ministério de Desenvolvimento Social, Brasília, 2005, p. 5)

O ministro do desenvolvimento Patrus Ananias, durante o ano de 2009, comentou:

A rua é um lugar de convivência, de encontros, construção de coletivo. É também lugar de formação de público. Movimentos importantes de defesa de direitos, como a Campanha pelas Diretas e Anistia, foram feitos com o povo na rua. Mas há mulheres e homens para quem a realidade e o significado da rua é outro. É quando a rua torna-se significado de falta de opção, da perda da dignidade, da perda da esperança e, expressão doída da exclusão: lugar da invisibilidade. (Rua: aprendendo a contar; Pesquisa Nacional sobre População em Situação de Ruas. 2009.).

O ESTIGMA DAS ÁREAS PERIFÉRICAS NA CONSCIÊNCIA DE SEUS HABITANTES

A área onde resido no bairro do Jurunas é considerada uma área pobre e com baixo nível de saneamento. Além de ser denominada como “área de risco” ou “linha vermelha”. Estes termos já estão psicoadaptados no dia-a-dia dos habitantes do bairro, sendo acolhido consciente

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ou inconscientemente. Resultando em uma sujeição da realidade imposta por sistemas operantes na sociedade, que embutido nos pensamentos dos nativos da periferia, regula a formação de sujeitos e seus pertencimentos sociais. O indivíduo que nasce, cresce e vive em um meio estigmatizado, está propenso a desenvolver pensamentos culturais negativos e discriminatórios sobre seu meio, e até mesmo sobre suas origens e identidade.

Pelo menos três dos pensamentos culturais oriundos do estigma imposto às áreas periféricas das cidades são: 1) vencer na vida para sair ou mudar da localidade aonde nasceu; e 2) viver uma vida inteira, tendo aceitado ou não, a condição de morador destas áreas estigmatizadas, por não haver obtido êxito para sair delas; 3) claro que há os que gostam de pertencer às localidades periféricas da cidade, mas em geral sempre há o desejo de melhora de vida por todos. Embora todos almejem melhorar de vida, dificilmente pensam em permanecer e melhorar o lugar em que fazem parte. Pois, parece-me que, melhorar o lugar torna-se mais difícil porque requer melhorias para todos.

Por ser uma área da periferia da cidade, pobre e com vielas, becos e ruas com aglomerados feitos de habitações, torna-se propensa a comercialização de entorpecentes. Dentre eles os mais comuns são a maconha e a cocaína. Pertencer a lugares como este requer não medir esforços na criação dos filhos. Crescer envolto a um cotidiano dinâmico do tráfico, roubos, furtos e outros tantos tipos de violências, e ainda assim não absorver tais hábitos como sendo comuns, é uma virtude. E ainda, lutar contra o estigma imposto à periferia, e também estendido aos moradores dela, somando-se às lutas diárias de cada cidadão no jogo social da desigualdade, requer estrutura mental e cognitiva necessária para não se entregar a vícios, delinquências e ao autoabandono.

Como em qualquer família, as famílias da periferia têm problemas. No entanto, pode-se dizer que os maiores problemas familiares nas periferias estão, em grande parte, ligados a comportamentos delinquentes de alguns de seus entes, por questões de exposição maior a cultura do crime. Produto de seu meio, que acaba por empurrar um grande número de indivíduos a passarem ater as ruas como habitat.

Mas, o que é uma situação de rua? O que é, de fato, possuir um lar ou uma casa para habitar quando habitamos sem estruturas básicas como saneamento básico e condições econômicas? Digo isso questionando o termo “casa”, utilizado para o sentido de habitação. Ou seja, ter onde habitar ou viver nas ruas, quase sempre, não possui tanta diferença para estes indivíduos. Fazendo relação das classes com moradias precárias e envoltas a misérias e desestruturação familiar e social, às classes com moradias razoáveis, e as de bom padrão, como

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também as luxuosas moradias, nesta estratificação social em que nos encontramos. Claro que, podemos encontrar indivíduos em situação de rua, que outrora desfrutava de boas condições econômicas, e que hoje se encontram em situação degradante.

A segregação social invade as habitações precárias porque antes invade as vidas dos indivíduos menos favorecidos socialmente. Em muitas habitações caracterizadas barracos, casebre, choça, não há diferença entre a rua e a habitação como lar. Antes de formarmos pessoas em situação de rua, formamos ou transformamos indivíduos em situação desfavorecida. Pessoas em situação social-adoecidas, sujeitos confusos e fugitivos das cargas sociais impostas sem desculpas para os que não se adequam a elas.

ALGUMAS DAS CAUSAS OBSERVADAS NA ESCOLHA DA RUA COMO LUGAR DE HABITAÇÃO

Observar as pessoas em situação de rua e chegar a uma compreensão do porque destas encontrarem-se nesta condição, não é tão fácil. É preciso atentar para cada detalhe, como o fato de muitos frequentarem constantemente as ruas, mas não habitarem nelas. Tendo assim um lar para voltar mesmo que esporadicamente. Na verdade, quase todas as pessoas em situação de rua pertencem a uma família e a um lar. O detalhe aqui é que, muitos há muito tempo não retornam a seus lares. Muitas vezes até já esqueceram seu endereço ou seus familiares mudaram-se, fazendo perder o contato com a família.

É sabido que as drogas e o vício a elas é um fator muito presente na formação das causas que levam as pessoas em situação de rua a chegarem a este estagio. No entanto, este resultado não é tão simples, mas surge como resultado de uma série de fatos e fatores estressantes e conflitantes dos indivíduos usuários com sua família, comunidade e até mesmo com a sociedade.

Na maioria dos casos, somente após muito embate e esforços familiares para reverter à situação, é que a exaustão vence a “guerra” e muitas famílias desistem de seu ente usuário. Perdendo-o para os vícios, e assim para as ruas. Muitas vezes não o vendo mais.

PATOLOGIAS MENTAIS

As drogas, embora seja um fator de maior contribuição para as causas decisivas das opções para uma vida em situação de rua, são apenas mais uma das várias causas que resultam nela. Um número bem significativo dos indivíduos em situação de rua apresenta outro fator, os problemas mentais.

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Com os indivíduos portadores de problemas mentais, o empenho familiar em

resgatá-los das ruas é sempre mais paciente por se tratar de atos involuntários do portador de patologias mentais. No entanto, por alguns motivos, a população em situação de rua não está isenta de conter indivíduos mentalmente doentes. Torna-se importante destacar aqui o fato de muitos indivíduos em situação de rua desenvolver patologias mentais após sua inserção está vida. Podemos pressupor que, já trazem consigo uma predisposição a tais patologias.

O PESO DO FRACASSO SOCIAL E A COBRANÇA DA SOCIEDADE

A sociedade possui um jogo “predatório” em que os indivíduos precisam adquirir o status de cidadão. Para isso, torna-se necessário obrigar-se a disputar, muitas vezes, em uma luta desigual e desumana, posições e estruturas sociais criadas para vantagens sociais de uns sobre os outros. Os indivíduos são afetados por derrotas sociais: fracassos profissionais, financeiros, materiais e consequentemente estruturais para uma vida social idealizada. Tendem a sofrer conflitos internos que logo se externaram, e assim, acabando por afetar muitas famílias. Afetando com mais força alguns membros em relação a outros, sendo mais frequente seus lideres ou filhos.

Por esta razão, fazem parte deste vasto número de indivíduos em situação de rua, ex-líderes de famílias, principalmente pais, que não possuindo estruturas mentais e cognitivas necessárias para lidar com o fracasso social, abandonaram-se nas ruas, antes abandonando suas famílias. Claro que nada disso se dá de uma hora para outra, nem de um dia para o outro. O processo destrutivo vem na sombra das lutas desiguais, esta anda em conjunto com a ilusão de que todos estão aptos a vencer, e se isto não acontece é porque o sujeito não soube agir. Ele é rotulado como fracassado. Sua “válvula de escape” será a bebida, os jogos, as festas, os botecos, os grupos de esquinas e uma garrafa de cachaça. Características de quem possui o rótulo de “papudinhos”.

Nem sempre os líderes familiares abandonam sua família. Há famílias inteiras em situação de rua, que perderam tudo e não possuem nem possibilidades de conseguir um lar. Uma grande parte dos indivíduos em situação de rua não é nativa do local onde se encontram. Quase sempre vieram de outros bairros, outras cidades, outros estados.

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O CICLO DOS CONFLITOS DO INDIVÍDUO EM SITUAÇÃO DE RUA

Você não sabe o quanto eu caminhei / Pra chegar até aqui / Percorri milhas e milhas antes de dormir / Eu não cochilei / Os mais belos montes eu escalei / Nas noites escuras de frio chorei, ei, ei / Meu caminho só meu pai pode mudar / Meu caminho só meu pai pode mudar / Meu caminho só meu pai / Meu caminho só meu pai (GARRIDO. et al, 2020 ).

Os motivos ou causas apontadas acima se entrelaçam formando um “mosaico” de experiências e fatores conflitantes e estressantes nas vivências de cada indivíduo, antes destes pertencerem à situação de rua. O ciclo da vida desta pessoa resulta das reações do indivíduo a uma série de circunstâncias da vida cotidiana, gerando problematizações diversas que leva o indivíduo perder ou enfraquecer suas estruturas mentais necessárias para assegura-lhe autoestima e planejamento para buscar saída. Fazendo com que muitos passem a buscar “válvulas de escape” nas drogas e em outros fatores momentaneamente prazerosos e aliviadores, que futuramente desencadeara a crise familiar que, em muitos casos, rebela-se o individuo partindo para práticas de atos descontrolados e “regados” a vícios, violências e autoabandono.

O gráfico abaixo expõe uma demonstração da dinâmica dos problemas-causas.

Figura 1: O ciclo conflitante do indivíduo antes de sua situação de rua

Torna-se necessário oferecer possibilidades e mecanismos a estas pessoas. Mecanismos e possibilidades capazes de fazer com que elas trabalhem na substituição dos fatores cotidianos que operam no ciclo de vida adotado ou imposto a elas, e que as impele para

INDIVÍDUO ANTES DA SITUAÇÃO DE RUA Circustâncias turbulencia da vida Problematiza-ção Drogas, vunerabilidades, disilusões, depresão, patologias mentais Estresses, conflitos familiares, traumas

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a trajetória errante socialmente. Muitos destes indivíduos encontram nas religiões, principalmente nas pentecostais, a “oferta” para a libertação dos vícios. As igrejas oferecem seus mecanismos para uma vida estruturada.

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO BAIRRO DO JURUNAS

No Jurunas, quase a totalidade dos indivíduos em situação de rua é usuários de drogas. Com o tempo, por passarem fome, frio e degradações, e com o uso excessivo de drogas que vão do tine62 à maconha e a cocaína, drogas ofertadas de acordo com a demanda de nível econômico baixo, acabam sendo ocasionados por distúrbios mentais, doenças fisiológicas, desnutrição e envelhecimento precoce.

É costumeiro observar estes indivíduos cambaleando pelas ruas, quase sempre resmungando em forte voz, proferindo palavrões e falando sozinhos, agressivos e retraídos. É certo também de que, há os que sendo usuários de drogas não se comportam deste jeito, mas são poucos.

São homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, adolescentes e jovens, de meia-idade e até velhos. Lembro-me de quando conversei, antes mesmo de haver tido a ideia de fazer uma pesquisa sobre pessoas em situação de rua, com uma jovem que aparentava ter vinte anos de idade. Conhecida por muitos como “Pretinha”, era uma jovem de cor negra, desnutrida, pele desidratada, cabelos crespos, e de estatura mediana. Na realidade, a jovem era do sexo masculino. Não consegui obter respostas coniventes com minhas perguntas, pois ela se esquivava com palavras sem nexos. Talvez por está sobre o efeito do tine que inalava o dia inteiro.

Em uma ocasião presencie uma foto sua compartilhada por alguém da Igreja Universal do reino de Deus no Facebook. A foto separada ao meio mostrava um antes e depois, com um dos lados em que ela aparecia na vida degradante em situação de rua, e no outro lado aparecia trajando o típico traje das obreiras da IURD: blusa branca com detalhes em vermelho e azul e saia azul marinho a baixo dos joelhos. Referia-se à jovem, agora convertida a “fé Universal” (IURD). Contudo, chamou-me a atenção um comentário na postagem, em meio a tantos “glorias a Deus”, “aleluias” e “améns”, que dizia em tom irônico: “alguém tem que avisar a eles que a “Pretinha” é homem”. Só então é que, eu fui saber que ela era do sexo masculino.

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Oriundos de famílias pobres, quase sempre transitam de bairro em bairro, indo de uma região a outra da cidade. Posso dizer que já avistei vários indivíduos em situação de rua, que habitam as ruas do Jurunas, a transitar pelas principais áreas da cidade, como no Centro Comercial de Belém, locais de lazer e outros. Eles são atraídos pela movimentação, e com isso a possibilidade de conseguirem dinheiro, bebidas, comidas e, mesmo diversão como qualquer outro ser humano. Pois como menciona uma canção nacional dos anos 80: “A gente não quer só comer / A gente quer prazer pra aliviar a dor / A gente não quer só dinheiro / A gente quer dinheiro e felicidade” (ANTUNES FILHO. et al, 2020).

Mas, como passar ater direitos e deveres, se nem mesmo pessoas consideradas cidadãos conseguem garantir uma existência plena nesta sociedade excludente como a nossa? A luta deste indivíduo em situação de rua não é só contra o vício, a depressão, a falda de estruturas físicas e mentais, a falta de recurso financeiro, a sua vulnerabilidade social. Mas, também, e principalmente contra o “preconceito nosso de cada dia”.

O incrível é que não é necessário possuir uma boa posição econômica ou financeira, nem pertencer a classes mais elevadas socialmente, para agir com menosprezo para com um indivíduo em situação de rua. Nem mesmo a religião causa efeito para um ato misericordioso quando avistamos pessoas assim. Digo como testemunha de atos violentos e impiedosos que presenciei por duas vezes contra pessoas em situação de rua.

Ora, certo homem foi enxotado da calçada onde dormia, simplesmente, pela calçada ser em frete a casa de quem o enxotou. E, não apenas foi enxotado, mas escorraçado com gritos e palavras depreciativas e pejorativas. Em outra ocasião presenciei outra pessoa sendo escorraçado com água e empurrões com vassouras. O detalhe é que, nas duas vezes as pessoas que assim agiram, eram duas senhoras religiosas. Sendo, uma católica e outra pentecostal da Assembleia de Deus.

MARCOS O JOVEM QUE MUITOS ENXERGAVAM, MAS QUE POUCOS CONHECIAM

Conheci Marcos apouco tempo antes de sua morte. Embora já houvesse avistado pelas ruas do Jurunas muitas vezes, foi só em 2017, quando eu vindo de minha caminhada diária às 20h 00min, o encontrei sentado em uma calçada próximo a Avenida Roberto Camelier.

Marcos era um jovem de 35 anos de idade, possuía cabelos claros e a pele branca, mas por está há muito tempo em situação de rua, passar fome e sono, e ainda viver se drogando cheirando tine, e com uma vida exposta a sol e chuva, sua pele encontrava-se

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esclarecidas. O agressor o atacou quando ele estava dormindo, jogando gasolina e o ateando fogo. Com o atentado Marcos ficou um bom tempo em uma cadeira de rodas, mas não abandonou a vida das ruas. Com o tempo Marcos passou a se arrastar pelas ruas, mas tarde passou a caminhar com dificuldades.

Com semblante envelhecido, mas com físico como de um garoto de 14 anos de idade, Marcos me disse pertencer a uma família residente no bairro da Cremação, bairro vizinho ao bairro do Jurunas. Disse não haver tido mais contato com seus familiares, que já estava na vida da rua desde sua adolescência.

Quando perguntei se ele pretendia sair da vida das ruas ele me respondeu rapidamente que sim, “gostaria de sair”. Disse-me que gostava de ir à igreja, e que frequentou algumas vezes, há alguns anos atrás, a IURD-Igreja Universal do Reino de Deus, situada na Travessa Carlos de Carvalho, esquina com a Frenando Guilhon, quando a igreja ainda era um grande galpão sem forma ou fachada de um templo religioso.

Este foi o primeiro trabalho da Universal iniciado no Jurunas. Hoje o templo é um dos mais confortáveis da IURD no bairro. Muito desapontado, Marcos me confessou não poder mais entrar ali, pois era impedido todas as vezes que tentava. O pastor que o conheceu há anos atrás foi trocado de local, o outro que assumiu o trabalho no templo da Carlos de Carvalho não o admitia em sua igreja.

Eu me perguntei: a quem “os mensageiros” das Boas Novas desejam salvar? Por que não sentamos nas sarjetas para pregar refrigério às almas sedentas? Por que não levamos pão, e aqui estou falando literalmente do alimento, aos que mais precisam? Vejo a IURD e, tantas outras mais, denominações evangélico-pentecostais adentrarem ruas, vielas, becos e lares a buscarem pessoas para participarem dos cultos em seus luxuosos templos. Mas, ainda não vi as portas de seus templos serem abertas às “almas do purgatório” chamadas pessoas em situação de rua. Sobre este assunto falaremos no tópico seguinte.

Quanto ao Marcos, este veio a falecer em uma madrugada do ano de 2017, com fortes dores gritava na rua. Segundo vizinhos relataram aos policiais e a imprensa presente no local para noticiar o acontecido, disseram ter ouvido gritos de alguém, mas não olharam por ser madrugada e estarem com medo. Nem se quer um telefonema puderam fazer a polícia ou ao SAMUR. Pela manhã, ao lado de um açougue na Avenida Fernando Guilhon, uma das mais movimentada do Jurunas, várias pessoas passavam avistando o corpo e comentando: “morreu o viciado, aquele loirinho que vivia na rua”. Seu irmão em entrevista ao repórter comentou com

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muito pesar as muitas tentativas sem sucesso de tirá-lo da vida nas ruas. Fato não comentado a nós por Marcos, quando disse que não possuía mais contato com sua família.

RELIGIÃO E AÇÃO SOCIAL

A prática da caridade é uma coisa comum a quase todas as religiões, fazendo parte de seus mandamentos e preceitos. Em se tratando do Ocidente, as ramificações religiosas herdam a filosofia do pensamento judaico-cristão, e em contato com as práticas sociais inspiram e ajudam a surgir o que hoje conhecemos por assistência social sobre responsabilidade do Estado.

No judaísmo encontramos alguns textos da Torá que exortam a proteção e a assistência para com os mais necessitados, principalmente os órfãos e as viúvas, como mencionados em no Livro de Isaías (BÍBLIA, Isaías, 1: 17) e no livro de Levíticos (BÍBLIA, Levítico, 26: 12). No cristianismo, oriundo do judaísmo, grande parte destes textos são encontrados no Antigo Testamento, a Torá para os judeus. Reforçados por muitos outros encontrados no Novo Testamento nas primeiras práticas da Igreja Primitiva, que tinha no cuidado dos mais necessitados a base de sua religião. “A religião pura e imaculada para com Deus, o pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (BÍBLIA, Tiago, 1: 27), escreve o Apóstolo Tiago. E ainda, “aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (idem).

As instituições religiosas cristãs, no decorrer da história, contribuíram para ações sociais. A Igreja Católica com seu histórico de ligação ao Estado, não tirou de seu tesouro recursos para a construção de hospitais, abrigos e outros benefícios que hoje vemos com uma historia e nome católico. Foram as Ordens Religiosas, que dedicadas à filosofia da caridade, empenharam-se nas construções de Santas Casas, abrigos e escolas. Para isto estavam sempre buscando contribuições de fazendeiros, comerciantes, bancários, e outros.

Uma grande contradição no mundo hoje é: grandes partes dos empenhos para contribuição de políticas de auxilio aos mais necessitados serem de origem pessoal-individual, advindas de indivíduos militantes pela causa, e não de instituições religiosas.

AS IGREJAS EVANGÉLICAS PENTECOSTAIS NO JURUNAS

Tive a oportunidade de pertencer a Assembleia de Deus em Belém do Pará, por 17 anos. Durante este tempo pertenci a três congregações assembleianas aqui no bairro do Jurunas, todas de pequeno e médio porte. Uma característica como em todos os templos da assembleia

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de Deus é a estrutura burocrática estamental, hierarquias e cargos divididos para ordem e controle do templo, sua membresia e suas dinâmicas locais.

Tenho que ressaltar, embora uma estrutura hierarquizada e estruturada estamentalmente, em grande parte das congregações assembleianas, estas estruturas não passam de simbolismo, atuam concretamente de forma profissional. Ou seja, o simbolismo de uma estrutura burocrática estamental é o que rege realmente as igrejas e suas áreas administrativas. No entanto, grande parte dos departamentos não funciona como deveriam. Assim como, um grande número de pessoas a frente de cargos, não possuem conhecimentos específicos de administração de práticas humanas, nem de práticas técnicas de administração. Muitos escolhidos para áreas características e suas atuações de igreja e membros, igreja e comunidade, não são profissionais. Isso reforça o que os crentes pregam, eles acreditam que “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os que Ele escolhe”, este é um jargão bastante difundido nos meios pentecostais.

O corpo de membros destas igrejas vive em “função da fé” 63, em uma realidade enredada nas práticas mágicas, que para eles são tratadas como espirituais. E, aqui esta o porquê de o simbolismo burocrático estamental ser suficiente para sustentar as estruturas comunitárias de cada igreja. Isto legitima o poder das lideranças. Uma “espécie” do fenômeno do poder em teias de relação, “algo que circula”, que “funciona e exerce sobre rede”, algo que “passa pelos indivíduos”, como menciona Michel Foucault (2014).

Um exemplo, nas igrejas um tesoureiro não cuida necessariamente das finanças. Ele, em muitos casos, apenas recebe, confere, separa e se encarrega de levar até o Templo Central das Assembleias de Deus em Belém, a Igreja Mãe, a matriz, que arrecada os “lucros das produções” de suas afiliais. Sendo assim, não precisa ser formado em administração ou contabilidade, nem se quer precisa ter feito qualquer curso ligado a finanças. E no próximo ano pode ser que não esteja mais no cargo.

Outro exemplo, o diácono nestas igrejas é apenas um título sem muita valia. Ele não está ligado à ação social da igreja. Neste quesito, até que cairia bem alguém com formação em Serviço Social. Pois, o número de profissionais formados e pertencentes às Assembleias de Deus nas áreas periféricas da cidade, nas últimas décadas tem sido significativo. Mas, nas periferias os jovens assembleianos com alguma formação acadêmica, ainda são vistos com desconfiança. Resquícios da cultura assembleiana de considerar o conhecimento acadêmico como “mundano” e perigoso à fé pentecostal. O resultado é uma grande deficiência em 63 Esta é uma linguagem utilizada por eles.

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desenvolver políticas interativas com seus fiéis, quanto mais, politicas públicas com os “outros”.

Poderíamos citar outros exemplos, por hora mencionaremos o que interessa: a “Missão com Ação Social”, como é denominado o cargo administrativo responsável pelas assistências aos menos favorecidos nas igrejas das Assembleias de deus em Belém do Pará.

IGREJAS PENTECOSTAIS E AÇÕES SOCIAIS NO JURUNAS

Como são feitas as obras sociais em grande parte das igrejas pentecostais? Este é um assunto que durante muito tempo foi considerado como um dos símbolos maiores do cristianismo, “fazer justiça aos necessitados”. E, o que parece hoje se encontra em segundo plano. Quando encontrado. Para sermos diretos, nosso alvo é justamente as igrejas pentecostais localizadas em áreas carentes do bairro do Jurunas e suas obras sociais nestes locais.

Como voltar os olhares para as pessoas em situação de rua, fazer religião ou fazer com que a religião vá até elas, remanejando-as para a comunidade religiosa e sua ética cristã de cuidados ao próximo, se os custos das assistências aos necessitados não trazem retorno financeiro a uma ideologia mercantilista circulante em grande parte das igrejas pentecostais?

Presenciei algumas atitudes por parte de alguns membros envolvidos em levar a evangelização aos indivíduos em situação de rua. Durante algum tempo o evangelista da congregação, também chamado de pastor, passou a alugar uma kombi, arrecadar alimentos e ingredientes para a produção de sopa, que seria ofertada às pessoas em situação de rua nas evangelizações das terças-feiras à noite nos bairros Cidade Velha e Campina, e não no bairro da congregação deste, o Jurunas. O projeto durou alguns meses, mas com extremas dificuldades, pois dependia de doações externas a igreja. Até mesmo o dinheiro que a igreja dava para o pagamento do aluguel da kombi, foi cortado, alegando não haver recurso.

A prática da assistência aos necessitados, conhecida popularmente no meio evangélico como Ação Social, encontra muitas barreiras e torna-se um trabalho penoso aos que de certa forma tentam levar em frente o trabalho de resgate dos marginalizados. Quase sempre, os que estão à frente dessa tarefa, trabalham com arrecadações dos membros de suas igrejas, que são convocados a comparecerem com algum tipo de alimento não perecível no dia da Santa Ceia. Culto realizado sempre no primeiro domingo de cada mês. O que percebi nas congregações por onde passei é que, não é suficiente. Na verdade, quase sempre não há arrecadação.

Não tendo o auxilio da administração do templo, e nem de sua membresia, os poucos que se importam em realizar a assistência aos mais necessitados, recorrem à comunidade ao

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de alimentos, agasalhos, remédios e até mesmo dinheiro. Presenciei uma equipe que, portando um carro-de-mão64, saia às ruas para pedir e arrecadar alimentos doados. Eles anunciavam no culto o dia em que sairiam as ruas para a arrecadação.

A administração da congregação recebe o material arrecadado pela equipe responsável pela coleta. E quase sempre não abre seus cofres para repartir o “tesouro” da Casa do Senhor com os necessitados. No entanto, no final da campanha os méritos vão para a igreja tal e sua Ação Social, pois estas ações sócias devem ser obrigatoriamente contabilizadas em relatório mensal enviado ao Templo Central das assembleias de Deus em Belém do Pará.

Como cada templo-filial vai desenvolver o trabalho com determinadas áreas não importa. O importante é ser computado para servir de números numa soma que resulte em índices assembleianos, quase sempre não verdadeiros. O justo nesse caso seria o reconhecimento de uma ação social dos indivíduos ou comunidade separados da igreja como instituição. Ou seja, dos doadores, fiéis e vizinhança, e não da instituição. No entanto, nada mais espantoso sobre uma instituição que tem como características próprias, seu crescimento nos trabalhos e sacrifícios individuais de seus fiéis e membros, como o habtus assembleiano.

AS IGREJAS PENTECOSTAIS E A PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

Chegamos até aqui trazendo algumas informações de formas de atuações comuns às igrejas pentecostais de pequeno e médio porte, em especial as da Assembleia de Deus no bairro do Jurunas. E, enfatizando sua visão e prática sobre assistência aos mais necessitados, para compreensão do pensamento pentecostal e sua visão sobre ação social. Todavia, é fundamental destacar aqui que, embora falacemos de igrejas pentecostais e assistências às pessoas carentes, as relações retratadas até aqui, configura relações da Assembleia de Deus e suas igrejas com seus fieis e membros, e quase sempre não com pessoas em situação de rua. Pois o que parece, essas igrejas não possuem quaisquer intenções de planejamento para uma política que alcance tais pessoas.

A visão evangelística pentecostal quase sempre é regida pelo anúncio da Palavra. Hoje em menor número, podemos observar fiéis pentecostais em grupos a pregarem sua fé pelas ruas. Uma prática bem mais forte e frequente no passado, já não tão vista nos atos assembleianos,

64 Aqui estamos falando de uma ferramenta de trabalho feitos de madeira acoplada ao rodado (eixo e aros

completos) de carros. É usado por trabalhares na beira-rio (portos), onde é descarregado o açaí, a farinha de mandioca, porcos, patos, galinhas. Também usado para transportar as bagagens dos viajantes do taxi até as embarcações e vice-versa.

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que podemos presenciar, atualmente, sendo praticados bastante por outras denominações (neo) pentecostais.

Com a Bíblia em uma das mãos e um maço de literaturas65 na outra, abordando as pessoas nas ruas e nas portas de suas residências, os crentes distribuem as literaturas e explicam o conteúdo nelas. Alguns até chegam a conversar com pessoas em situação de rua, mas com o pensamento pentecostal limitado tecnicamente nas práticas e no auxilio as pessoas nesta situação, agem segundo os costumes pentecostais de pregação da mudança de vida em Jesus Cristo por intermédio da Palavra e da prática religiosa. Acreditam firmemente que isso seja o suficiente para o resgate das pessoas que se encontram na degradação e marginalização social. As instituições pentecostais da periferia jurunense não possuem políticas públicas além das práticas mágicas. Satisfazem-se em apenas anunciar a “salvação” pregando sua fé. Acreditando ser apenas está a responsabilidade cristã, desconhecendo os fundamentos ideológicos oriundos das práticas cristãs em seus primórdios. Não possuem e nem pretendem possuir, estruturas acolhedoras que possam dar suporte para a reabilitação física-pessoal dos indivíduos em situações desfavorecida social e economicamente. Visam trabalhar a alma do sujeito, mas menosprezam o sujeito físico e suas condições miseráveis. Ainda, existe o tradicional pensamento pentecostal das “batalhas espirituais” entre agentes celestes e seres demoníacos. Nesta visão, o estado de vida de uma pessoa em situação de rua é resultado de investidas malignas, e não resultado do desajuste social-econômico.

O indivíduo deve receber a mensagem, crer nela, decidir seguir a fé proposta a ele, e procurar sair da situação em que se encontra. O detalhe é que, tudo isso por conta própria, e sem direção, nem estrutura nenhuma. As possibilidades? Tudo pela fé. Quanto à igreja, esta acredita haver concluído sua “missão” de oferecer o caminho à “alma errante”. Se está não obteve “vitória” é porque não serviu a Deus como deveria.

Se o sujeito menos favorecido tiver sorte, ou no linguajar pentecostal, “se Deus o abençoar”, ele poderá vir a receber algumas poucas doações de alguns membros piedosos. E, se ele vier a obter êxito saindo da situação degradante e marginal, passando a possuir emprego, abandonando os vícios, e for presente nas práticas dedicadas a igreja, vira um “testemunho vivo para a comunidade”. A igreja explorará sua imagem para propagar o sucesso de sua “missão”.

De fato, olhando pelo ponto de vista religioso pentecostal, fundamentado em muitas práticas mágicas e doutrinas ligadas a ideologias positivas, ou mesmo num olhar psicológico do trabalhar da autoestima do sujeito, as únicas “ferramentas” fornecidas a este indivíduo foram

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palavras de incentivo, repreensão e alerta. E, como nosso alvo neste trabalho é salientar as atuações pentecostais e suas relações com pessoas em situações de rua, não podemos nos desfazer do fato de que, há relatos e testemunhos de mudanças de vida através da fé em alguma pregação religiosa. Como já mencionamos em trabalho anterior, as igrejas pentecostais representam auxilio, ainda que de forma não material, a grande parte da população da periferia.

Não se pode negar a contribuição que as igrejas pentecostais nas periferias têm dado aos indivíduos viciados que se propõem a sair da vida de vícios, roubos e tráfico. Elas contam ainda com exemplos de ex-viciados, ex-ladrões e ex-traficantes, no reforço de sua garantia de “libertação”. Uma vez realizada com sucesso a “transformação” na vida do viciado, ladrão, alcoólatra, estes passam a ser referência para outros indivíduos que se encontram na situação outrora compartilhada por eles. Por que as personagens sociais que almejam abandonar os vícios não procuram um centro de reabilitação em vez de procurarem as igrejas? A nosso ver, a informação sobre os centros de recuperação ainda é escassa nas periferias de Belém. Os viciados e suas famílias sabem que existem essas instituições, mas não dispõem de informações claras sobre o acesso a eles. Outra hipótese é que muitos usuários buscam por controle rígido, como imposição de limites e proibições ao seu cotidiano, e a vigilância da religião sobre o fiel parece ser mais eficaz nestes quesitos. Por outro lado, eles não só visam o abandono dos vícios, mas também levar avante uma vida religiosa trabalhada neles pelas igrejas que os acompanham. Além do mais, algumas igrejas pentecostais possuem seus centros de recuperação, de modo que a superação do vício pode ser conseguida no universo doméstico da instituição religiosa (BAPTISTA; DIAS, 2014, p.170-171).

No trabalho anterior citado acima, comentamos o fato de algumas igrejas pentecostais possuírem centros de reabilitação para dependentes químicos. O que na época esquecemo-nos de esclarecer é que, tratava-se de algumas poucas igrejas pentecostais não localizadas no bairro do Jurunas, e que não eram assembleianas, mas, algumas da IEQ - Igreja do Evangelho Quadrangular. Assim como duas ou três sendo pequenas igrejas pentecostais independentes.

Quanto a centros acolhedores para pessoas em situação de rua, não temos registros de nenhuma igreja possuindo tais estruturas ou politicas direcionadas a tal. Alias, é bem visível o empenho dos pentecostais em oferecer salvação a viciados que possuem família, do que para pessoas em situação de ruas, mesmo quando estas se encontram nos vícios.

Espanta-nos o fato de igrejas com um capital simbólico-econômico tão abrangente, como no caso da Assembleia de Deus, uma instituição religiosa centenária, e com uma participação sociocultural notável em Belém, e nos interiores do Pará, haver contribuído pouco, ou quase nada, no que diz respeito a políticas públicas direcionadas a assistências dos necessitados ao redor de seus templos. Na verdade, este foi um dos fatores que nos impulsionou a este trabalho.

E SE?...

E se as instituições religiosas voltassem suas prioridades verdadeiramente no auxilio aos necessitados, não só espiritualmente, mas fisicamente? E se as inúmeras denominações

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pentecostais brasileiras abrissem as portas de seus templos com políticas voltadas à contribuição da diminuição da fome e do frio sofrido pelas pessoas em situação de rua? E se estas igrejas resolvessem trabalhar junto às lideranças governamentais para solucionar o fenômeno da população de rua? E se estas práticas todas citadas aqui fizessem parte da concepção de cada individuo que passa a aderir à fé pentecostal?

Na verdade, quando elaboramos a ideia de argumentar o fenômeno da população em situação de rua, as mesmas questões nos surgiram. No entanto, de modo muito mais amplo numa visão global das mazelas provocadas pelas disparidades ocasionadas pelo sistema capitalista e sua injusta distribuição de riquezas. A pobreza, a fome, as doenças, a falta de moradia e outros tantos fatores que assolam o ser humano, nos remete a lembrança de quanto o mundo é povoado por instituições religiosas, espiritualistas e humanitaristas. E, inevitavelmente pensamos: e se as inúmeras religiões do mundo tivessem cada uma ao seu jeito, a prioridade de contribuir para a assistência aos necessitados?

Aqui não estamos eximindo o papel do Estado no exercício de medidas que resultem em soluções para a melhoria destas pessoas. Até mesmo porque, é constituído direito universal e dever do Estado o suprimento das necessidades básicas do ser humano. Desta forma, resta-nos inquietarmos com a pergunta que mais parece um “clichê”, embora sempre atual: quando nos entenderemos? Pois só é possível a prática universal do bem se todos se entenderem.

Vivemos envolto a dualismos, dicotomias e polaridades. É o “outro” versus o “eu”, são os outros versus nós, religião versus Estado laico, ricos versus pobres, o bem versus o mal, a verdade versus a mentira, o certo versus o errado, assim a diante. Karl Marx (1994) classifica a história como sendo uma luta constante de classes, sendo assim, diríamos parafraseando a ele, que, a história da humanidade se trata, desde sempre, da luta contínua dos indivíduos em busca de conquistas para si próprios.

Não há entendimento de instituições, lideranças religiosas, políticas e estadistas, por que estes são o reflexo das sociedades. Não há entendimento entre nós, cotidianamente relacionado ao meio social desentendido. O resultado disso é tão estrondoso que, mesmo possuindo ideologias voltadas para a paz e fraternidade, não conseguimos colocar em prática as boas ações idealizadas. E se conseguíssemos? Em que resultaria? De certo, o trabalhar das instituições religiosas em conjunto as instituições governamentais, não eliminariam a pobreza, nem acabaria com a situação de rua por parte das pessoas. Mas, com certeza tornaria em números muitos mais baixos que os atuais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Meu caminho é cada manhã / Não procure saber aonde vou / Meu destino não é de ninguém / Eu não deixo os meus passos no chão / Se você não entende não vê / Se não me vê não entende / Não procure saber onde estou / Se o meu jeito te surpreende (ZAMBIANCHI, 2020).

A integração e a inclusão social do outro começa, também, nas atitudes de cada cidadão mais favorecido socialmente. A diminuição das desigualdades sociais, não necessariamente começa com a elevação econômica do indivíduo. É preciso treinar os olhares, meditar e refletir sobre o outro para a compreensão dos direitos e deveres sociais como cidadão. E acima de tudo, como ser humano conhecedor de suas próprias dores e feridas, necessidades e desejos, sonhos e realidades, para o entendimento do outro a partir de nós. É um “fazer aos outros aquilo que queremos que nos seja feito” (BÍBLIA, Mateus, 7: 12).

Destarte, a inclusão das pessoas em situação de rua no âmbito social, resgatando sua dignidade, primeiramente deve começar pelo cotidiano. E as igrejas pentecostais por estar perto, e presente ao cotidiano de muitos indivíduos e suas comunidades, poderiam auxiliar no preparo dos seus membros na relação com os menos favorecidos. Poderiam não somente entregar literaturas e explanar os textos nelas presentes, mas convidá-los a ir ao culto. E não somente convidar, mas, dá-lhes condições de ir ao culto, providenciando vestuário limpo e alimento. Lembrando que quando falamos em instituição pentecostal, estamos falando do poder eclesial, e não de alguns poucos irmãos que se comovem com a situação.

Uma saudação na rua: um bom dia! Uma boa tarde! Uma boa note! Uma conversa, uma atenção, um convite a um lanche. Um olhar sem preconceitos, um se achegar sem medo, são formas de conhecer o outro, o diferente. Conhecer os conflitos existentes, que levaram o indivíduo a abandonar sua vida social e passar a habitar as ruas. E assim, trabalhar na resolução do problema a fim de realocar o sujeito ao meio, o meio familiar, social e comunitário. Este é um campo baste fértil para uma “semeadura pentecostal”, visando uma colheita de “frutos refinados”. Por que não enviar “trabalhadores ao campo”?

O início da inclusão social destas pessoas pode começar com o interesse em conhecê-las. Com o simples ato de iniciar qualquer conversa através de perguntas. Como por exemplo: por que se encontram nessa situação? Quais as causas que os levaram a ter a rua como lugar de habitação? Como eles lidam com as dificuldades e perigos das ruas? Possuem família? São naturais de Belém? Quantas vezes se alimentam por dia? Como fazem para sobreviver? Mantem

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contato com parentes ou familiares? O que acham da vida que levam? O que esperam do futuro? O incentivo a pessoa em situação de rua a mudar o quadro de sua vida é o principio de tudo. Conscientizar a população a olhar para o problema, e assim instruí-la a contribuir para a reabilitação dos indivíduos em situação de rua, deveria fazer parte das “cartilhas” das instituições religiosas, governamentais, familiares e comunitárias. A religião, e aqui em especial ao contexto pesquisado, a pentecostal, deveria encabeçar um grande movimento para o “resgate espiritual” (reabilitação) social dos indivíduos em situação de rua. Pois, o problema é grande. O desafio ainda aceito por poucos. No entanto, apesar de tudo, as ferramentas para mudanças são muitas e estão à disposição da sociedade e suas agências socializadoras. Pois, “a vida ensina e o tempo traz o tom / Pra nascer uma canção / Com a fé o dia-a-dia / Encontrar solução / Encontrar solução” (GARRIDO, et al. 2020). Para não vivermos dias de felicidades superficiais “entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez” (GESSINGER; MOACIR, 2020).

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