AMAZONE-SE
M A N A U S C O N T A D A A Q U I .TERÇA-FEIRA 02 DE JUNHO DE 202O R$5 ANO 1 NÚMERO 1
ATAQUES À IMPRENSA
O DESAFIO DIÁRIO DO JORNALISTA
A TV na região
amazônica
É triste a realidade que estamos vivendo hoje, a agressão contra
os profissionais da imprensa só vem aumentando.
Página- 9
A televisão antes de chegar na sua casa precisou passar por vários procedimentos para conquistar seu espaço no AM. Página- 3
Foto: Reprodução/Twitter
AGRESSÃO CONTRA OS PROFISSIONAIS DE IMPRENSA
Do impresso
ao digital
No Amazonas, os portais de infor-mação dominam o campo jorna-lístico cada vez mais com notorie-dade. Página- 4
Coberturas jornalisticas
que são histórias
Uma das funções mais nobres no jornalismo é quando o repórter vai à campo fazer coberturas de assuntos polêmicos, calamidades públicas e entretenimento. Nessa hora o jornalista não pode deixar passar informa-ções importantes e nem esquecer de ouvir todos os envolvidos. Página-5
A chegada do impresso
no Amazonas
No Amazonas, devido à precariedade dos instrumentos de pesquisa da época fica difícil de rastrear o início da história da imprensa local. Apesar disso, sabe-se que foi em 3 de maio de 1851 que passou a circular o pri-meiro jornal da Província chamado “Cinco de Setembro”. Página- 6
O profissional
de imagem
A tecnologia e a máquina ajudam mas, sempre será o talento de quem a opera, o ingrediente pri-mário de qualquer obra. Página- 7
Os desafios diários do
novo jornalista
Com o surgimento da internet e suas tecnologias agregadas, o jornalismo teve que se adaptar às novas condições e até mesmo se reinventar para enfrentar o que certamente podemos chamar de uma nova era, tanto para profissionais quanto para as empresas. Página- 8
Crescem
portais no AM
Esses sites tem grande número de visualizações pela inovação tec-nológica e que o meio online pos-sibilita. Página- 10
2
Manaus, 02 de junho de 2020
O jornalismo é uma atividade es-sencial para a população. Ela preci-sa ser exercida por um profissional qualificado e confiável para que se
REGISTRO
PROFISSIONAL:
TER OU NÃO TER?
EIS A QUESTÃO
tenha a devida credibilidade ao noticiar/informar um fato. Tendo em vista isto, para nós jornalistas é extremamente importante o re-gistro para atuar como jornalista no mercado, pois somos profissionais de extrema importância valor para a sociedade como um todo. Muito se fez para que a nossa profissão fosse exercida por “qualquer um”, o que podemos considerar como um
ataque a imprensa e um forma de descredibilizar a profissão, porém, no dia 21 de abril de 2020, a MP 905 que permitia o exercício da profissão sem registro foi extinta, tornando-se obrigatório o registro profissional. Em meio ao atual mo-mento em que estamos vivendo, os jornalistas são sim um serviço es-sencial à população e tem de ser res-peitada, valorizada e exercida com
qualidade, ética e responsabilidade. As pessoas são todos os dias alvos de fake news e notícias sem fun-damentos que são compartilhadas de forma desenfreada o que pode ter bastante efeito negativo na vida das pessoas. Dito isso, precisamos de profissionais sim, qualificados e registrados oficialmente para que nossa profissão seja tratada com o valor e respeito que merecem.
VIOLÊNCIA
CONTRA OS
JORNALISTAS E
LIBERDADE DE
IMPRENSA NO
BRASIL
O Brasil continua sendo um país violento para o exercício do jorna-lismo, ainda que o número de ca-sos de agressões tenha diminuído. Os registros dos casos de violência contra a categoria, são vistos em várias ocorrências, e mais de um profissional agredido. As agressões
físicas são a violência mais comum, dentre elas ocorreram também ca-sos de agressões verbais, ameaças ou intimidações, atentados, censu-ra, cerceamento à liberdade de im-prensa por meio de ações judiciais, impedimento do exercício profis-sional, prisões e violência contra a organização sindical dos jornalistas. Sendo obrigados a conviver com censuras internas nas redações, manipulação dos fatos e até mesmo mentiras, sofrendo censura direta em mais de uma ocasião. O cenário no Amazonas não tem sido diferen-te, há ocorrências de agressões físi-cas e verbais, ambos impedindo o
exercício da profissão. Como o caso da jornalista Larissa Balieiro que so-freu inúmeras agressões de ofensas e falas machistas pronunciadas por um torcedor do time São Raimun-do, no campeonato amazonense de futebol. E outros casos não notifi-cado como o do jornalista Leandro Guedes e cinegrafista Michel Castro da rede amazônica, agredidos fi-sicamente durante a cobertura de um assassinato na casa de show o almirante, localizado no bairro Santo Antônio. De acordo com pes-quisas divulgadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) o presidente da República Jair
AMAZONE - SE
JORNALISTA RESPONSÁVEL
LEILA SOUZA
MTB 179-Am
SUPERVISOR
HELENO ALMEIDA
EDITORAS
ROSIANE OLIVEIRA
TALITHA TEIXEIRA
DIAGRAMAÇÃO
GERSON MARINHO
TALITHA TEIXEIRA
03/05/1851 - Lançamento do primeiro jornal, o periódico ‘Cinco de Setembro’.
02/01/1904 - Fundação do ‘Jornal do Commercio’, por Joaquim Rocha dos Santos. O jornal impresso mais antigo de Manaus em circulação nos dias de hoje. 02/09/1972 - Inauguração da primeira estação de televisão a cores (TV Amazonas).
04/02/1976 - Ligação de Manaus às primeiras 44 cidades brasileiras através do sistema DDD.
27/11/2012 - Cobertura do maior incêndio registrado em Manaus. Centenas de famílias ficaram sem suas casas no Bairro São Jorge.
EDITORIAL AMAZONE-SE
FOI HISTÓRIA
ROSIANE OLIVEIRA EDITORIAL
sias Bolsonaro foi responsável por vários casos de ataque a jornalistas e veículos de comunicação, ofensas e agressões diretas. Podemos ver a gravidade da situação, o registro histórico de cada caso e denúncia à sociedade brasileira e as entidades internacionais são instrumentos de combate à impunidade. A sociedade brasileira não pode prescindir da informação jornalística e não há jornalismo sem jornalistas. Toda e qualquer forma de violência contra jornalistas é, portanto, um atentado à liberdade de imprensa e ao direito do cidadão e da cidadã à informação de qualidade.
3
Manaus, 02 de junho de 2020
V
ocê sabe como a
televisão chegou
na região Amazônica?
Primeiro você precisa
saber que a televisão
antes de chegar na sua
casa precisou passar
por vários
procedimen-tos necessários para
conquistar seu espaço
e se tornar um meio de
comunicação de massa
presente na sociedade
brasileira. Essa mídia
televisiva é
importan-te porque serviu como
um meio de
comuni-cação, além do rádio,
de representação para
a integração do Brasil
através da imagem.
O professor de
comuni-cação social/
jornalis-mo na Universidade do
Estado de Minas Gerais
(UEMG), Plínio Volponi
Leal, conta que quando
falamos da história da
televisão não podemos
deixar de lado o rádio,
pois foi graças ao seu
auge entre a década de
40 e 50, quando
atin-gia muitas pessoas e se
tornou um meio de
co-municação social
mui-to grande que se deu
início à televisão no
Brasil. “Foi nesse
ce-nário e nesse contexto
que surgiu a televisão”,
afirma Volponi. Logo
no seu início, o acesso
à televisão era limitado
para a elite devido aos
poucos números de
aparelhos televisivos
disponíveis, mas ao
longo do tempo esse
cenário foi mudando.
O milagre econômico
foi um fator
primor-dial para o aumento na
venda de
eletrodomés-ticos - devido à vários
financiamentos
for-necidos pelo governo
– resultando na
popu-larização da televisão.
Os anos 50 foram
mar-cados praticamente
pela explosão de
emis-soras e de estúdios de
televisão, a década de
60 dá continuidade a
esse processo
expan-dindo a mídia
televisi-va para as demais
regi-ões do país. Nesse
pe-TELEVISÃO E SUA OCUPAÇÃO NA AMAZÔNIA
Yandra Negreiros
ríodo, o governo militar
tinha a ideia central de
defesa da segurança
nacional e a televisão
se tornou um artificio
que serviu a esse
pro-pósito. “O governo
du-rante o regime militar
viu a televisão como
um instrumento social
no qual eles poderiam
persuadir e impor seus
posicionamentos”,
in-forma o professor. Com
a necessidade de
ocu-pação, o governo do
Brasil voltou seu olhar
para a Amazônia
fa-zendo com que a
tele-visão chegasse
oficial-mente com o interesse
governamental sobre a
região.
Segundo o professor
publicitário e jornalista,
Geovani Berno, a
tele-visão veio para ocupar
um espaço vazio que
era o norte brasileiro,
pois naquela época
por exemplo, se pegava
melhor uma rádio das
américas – que eram
programas
produzi-dos em Cuba com viés
socialista – do que
rá-dio nacionais que não
tinham abrangência
para região norte. “Tem
vários pesquisadores
que falam desse
va-zio demográfico, e até
porque parece que nós
estamos vivendo hoje,
mas se falava muito na
questão dos
comunis-tas entrarem no Brasil”
comenta o pesquisador.
E o principal motivo
para levar a televisão
até essas regiões,
as-sim como o rádio, é o
desejo de integrar os
brasileiros que moram
nessas comunidades
que estavam surgindo
ao país, para que
acon-tecesse o que se
cha-ma de pertencimento.
“A televisão foi com o
avançar da tecnologia
uma necessidade para
levar a imagem do
Brasil para esses
rin-cões e também levar
a imagem desses
rin-cões, que chamavam
na época, para o
res-tante do país para que
as pessoas vissem que
aqui também era Brasil”
destaca Berno.
Atualmente a televisão
ainda possui esse papel
importante de
divul-gação, principalmente
para a região
Amazô-nica. Os profissionais
de comunicação, como
jornalistas, que atuam
nessa área da mídia
televisiva assumiram
esse papel de mostrar
a região e
principal-mente quem vive aqui,
sendo as imagens
re-gistros incontestáveis
da grandeza da região
e de quanto o Brasil e
o mundo precisam se
importar e conhecer a
Amazônia. Como
afir-ma a jornalista Marcela
Rosa Marcon: “Os
sim-plistas sempre veem
somente as notícias
ruins, mas só eu fiz
centenas de matérias
pra Globo, SBT, CNN
(em inglês e espanhol)
mostrando pesquisas
científicas, iniciativas
econômicas, culturais
e lugares da nossa
re-gião”. Isso mostra que a
televisão tem a missão
de aproximar as
pesso-as, levar e trazer
infor-mação fazendo com
que as pessoas se
sin-tam integradas,
impor-tantes e representadas,
tendo como resultado
o desenvolvimento da
região.
A MÍDIA TELEVISIVA TEVE UM PAPEL IMPORTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA, AGINDO COMO UM
FOMENTADOR QUE DESENVOLVE TODA A REGIÃO E INTEGRA A POPULAÇÃO AO PAÍS
Fonte: Divulgação
Fonte: Acervo Pessoal
Fonte: Acervo Pessoal
Fonte: Acervo Pessoal
Plínio Volponi Leal, professor de comunicação social/jorna-lismo
Geovani Berno, jornalita e publicitário
Marcela Rosa Marcon, Jorna-lista apresentadora e editora
HISTÓRIA AMAZONE-SE
4
Manaus, 02 de junho de 2020
E
pensar que, no pas-sado, o jornalista não poderia trabalhar sem uma caneta e um bloco de anotações. Hoje, basta que o profissional tenha um dispositivo móvel em mãos. No Amazonas, mais especificamente, os portais de informa-ção dominam o campo jornalístico. Quem diria que uma tela de celular substituiria as tábuas usadas pelos primeiros jornais, as “actas”? Entre-tanto, tudo isso ocorreu gradualmente.O jornalista do Portal A Crítica, Dante Graça,
acompanhou essa tran-sição do impresso ao digital. Para ele, entrar para o meio digital de fazer jornalismo não foi
um processo complicado, o que não significa que a atividade não tenha sido desafiadora: “Como quase tudo no mercado, foi difícil. Na época em que trabalhava no D24, eu era editor do caderno de cultura, quando re-cebi a notícia que seria uma plataforma digital. Um ano depois, eu saí e precisei estudar para assumir o outro cargo. É preciso aprender coisas que não são ligadas com o jornalismo.” Já a mudança da asses-sora de comunicação do Fundação de Hemato-logia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), Flávia Rezende, também ocorreu de forma tran-quila: “A transição acon-teceu naturalmente. Eu tinha essa experiência
DO IMPRESSO AO DIGITAL
em televisão, em jorna-lismo de TV e jornalis-mo de internet. Fiquei em um hiato e quando eu voltei a trabalhar, aca-bei já indo para asses-soria. Eu considero que não tem diferença, tudo é comunicação. Tanto jornalismo propriamente dito quanto assessoria, exigem as mesmas habi-lidades. Você tem que ter um faro, apuração, mui-ta atenção na apuração dos fatos, uma lingua-gem clara, saber se ex-pressar (seja por texto, seja por vídeo, seja na hora de conversar com as pessoas, perguntar o que você quer saber), a clareza com que você vai trabalhar.”
Acredita-se que o jor-nalismo digital já está consolidado aqui no
es-tado. Até por conta disso, muitas pessoas preveem o fim dos jornais impres-sos. Inclusive, Flávia Re-zende é uma dessas pes-soas. Segundo ela, é um questionamento polêmi-co, pois sempre quando há o aparecimento de um novo veículo de comuni-cação, a sociedade pensa que o anterior desapare-cerá. Ela ainda comple-menta: “Já estamos em uma grande crise, os jornais já estão saindo do impresso e migran-do mesmo para o digital, porque são poucas pes-soas que chegam no dia e não sabem o que acon-teceu no anterior. Elas já viram o que aconteceu. Chegou no WhatsApp, Facebook, Instagram, o vizinho já comentou, elas já ouviram no rádio,
assistiram na televisão. Está em todos os locais. Elas já estão sabendo tudo o que aconteceu. Então por que elas iriam comprar um jornal no dia seguinte para ver o que elas já sabem?”
Portanto, é válido res-saltar que, apesar de mudar a forma de fazer jornalismo, o intuito de todos os veículos é o mesmo: informar sobre o Amazonas para quem desconhece. O veículo de comunicação digital também procura expan-dir o alcance da infor-mação, tentando incluir populações do interior do estado, assim como um jornal impresso de bairro, por exemplo, ten-ta incluir os moradores da localidade onde se encontra.
PROFISSIONAIS DO RAMO DÃO DETALHES DE COMO FUNCIONA O JORNALISMO DIGITAL
ATUALIDADE AMAZONE-SE
Foto: Arquivo/Dante/Flávia
Maria Beatriz
Josnalistas profissionais que hoje atuam no jornalismo digital
U
ma das funções mais nobres no jornalismo é quando o re-pórter vai à campo fazer coberturas de assuntos polêmicos, calamida-des públicas e até mesmo entrete-nimento. Nessa hora o jornalista não pode deixar passar informações importantes e nem esquecer de ou-vir todos os envolvidos. Sempre em compromisso com a verdade, pro-curando a melhor forma de deixar o seu público bem informado.A jornalista Camila Leonel do Jornal Acrítica relata que a sensação de fazer a cobertura de um jogo histó-rico para nosso estado causou uma emoção muito grande. “Mesmo que o Manaus FC não subisse de série
a união do povo Manauara com energias positivas era surreal, es-tava vivendo a quase realização de um sonho no esporte Amazonense”, conta Camila.
“Primeiro de tudo, a sensação de que vamos presenciar um jogo histórico já dá aquela emoção, sabe?”, relata a jornalista. Segundo a jornalista, o passe certo para uma boa cober-tura de esporte é fazer uma ótima preparação, estudar sobre os jogos anteriores, prestar muita atenção nos passes certos e errados e por fim sentir a emoção de assistir ao vivo e pertinho do campo um dos dias mais importantes para o estado do Amazonas.
O jornalista Paulo André do Jor-nal Acrítica relata sua experiência como torcedor nesse histórico jogo para os amazonenses. Conta sobre a preparação no dia do jogo, sua ansiedade e as expectativas, os pro-blemas enfrentados por ele naquele dia. A emoção ao ver a arena lota-da a euforia lota-da torcilota-da, e podendo acompanhar um dia histórico igual aos anos 2000 do glorioso São Rai-mundo. “O que mais me marcou, foi o acesso do time a série c na vitória
por 3 a 0 sobre o Caxias, a euforia da torcida numa Arena da Amazônia completamente lotada. Fazendo nos relembrar da época dos anos 2000 do glorioso São Raimundo.”, conta Paulo André.
Em fevereiro de 2020, a jornalista Vanessa Oliveira lembra, quando no dia foi anunciado pelo vice-go-vernador Carlos Almeida, que iria acontecer a reintegração de pos-se do bairro Monte Horebe. Como ela havia participado da coletiva de imprensa, O portal tucumã e a Band a convocaram para cobrir todo o desenvolvimento dessa de-sapropriação.
“Era uma segunda-feira chuvosa e por sinal a gente chegou cedo com
outras equipes de reportagem ali no Viver Melhor, que era onde saia a sede pra poder entrar na invasão. Eu fui com o pensamento de que era muito melhor desapropriar aquela área, porque a criminalidade naque-le lugar era muito grande,” afirmou. Vanessa nos conta que a primeira dificuldade foi a primeira barreira, onde não era permitida a entrada de equipes de reportagens, ou seja, os jornalistas não iriam conseguir cobrir efetivamente o que estava acontecendo ali. Algumas equipes precisaram criar estratégias para poder entrar na invasão e captar algumas imagens. A jornalista conseguiu cobrir mesmo que in-diretamente e relata que a falta de liberdade prejudicou a todos os pro-fissionais da comunicação.
JORNALISTAS FAZEM PARTE DE FATOS HISTÓRICOS QUE JAMAIS SERÃO ESQUECIDOS
COBERTURAS HISTÓRICAS AMAZONE-SE
Foto: Reprodução
Alexsandro Teixeira Karoline Nascimento
COBERTURAS JORNALÍSTICAS QUE
SÃO HISTÓRIAS
5
Manaus, 02 de junho de 2020
O time Manaus FC comemorando mais uma vitória
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
“P
articipar
dessa
reintegração
foi uma
gran-de
experiên-cia para minha
vida”, conclui a
jornalista.
6
Manaus, 02 de junho de 2020
N
o Amazonas,
de-vido à
precarie-dade dos instrumentos
de pesquisa da época,
fica difícil de rastrear
o início da história da
imprensa local. Apesar
disso, sabe-se que foi
em 3 de maio de 1851
que passou a circular o
primeiro jornal da
Pro-víncia chamado “Cinco
de Setembro”. Ele
per-maneceu por cerca de
8 meses circulando
até mudarem o nome
para “Estrela do
Ama-zonas”. Em 2 de janeiro
de 1904, J. Rocha dos
Santos fundou o Jornal
do Commercio. Ele é o
jornal mais antigo em
circulação no estado e
um dos mais antigos
do Brasil. A história do
jornal pode ser
dividi-da em três grandes
pe-ríodos: a fundação do
jornal; a “era
Chateau-briand”, quando foi
in-tegrado à rede Diários
Associados em 1943; e
a gestão do jornalista
Guilherme Aluízio de
Oliveira Silva a partir
de 1985. Neste
perío-do, foi denunciado um
esquema de sonegação
na Superintendência
da Zona Franca de
Manaus (SUFRAMA),
que levou a demissão
do então presidente.
A partir disso, o jornal
segmentou o
conte-údo para a economia
aproveitando que
ne-nhum outro meio de
comunicação dedicava
tratamento prioritário
à Zona Franca.
No Brasil, a “Gazeta
do Rio de Janeiro” e
o “Correio
Brasilien-se”, foram os
primei-ros jornais impressos.
As publicações dos
jornais na época, não
eram regulares, o
equi-pamento para
impres-são gráfica era caro, por
isso haviam diversos
jornais escritos à mão.
Historiadores
apon-tam o primeiro jornal,
chamado de Acta
Diur-na, relatava os feitos
de César. O jornalista
Alberto Dines na época
editor-chefe do Jornal
do Brasil relatou em
uma entrevista que
até o AI-5 o regime
autoritário não havia
provocado mudanças
na rotina da redação.
COMO FOI A CHEGADA DO IMPRESSO NO AMAZONAS E NO BRASIL
Logo do jornal do Commercio em 1904
FATO HISTÓRICO AMAZONE-SE
Clara Perret/Rita Duque Colaboração: Beatriz Aquino
A CHEGADA DO IMPRESSO NO ESTADO
DO AMAZONAS
Foto: Reprodução/Rodrigo Basile
Jornal do Commercio surgiu em 1904 Foto: Reprodução/Internet
O Marco inicial da Imprensa no Brasil Foto: Reprodução/Internet
“C
obria--se tudo,
publicava-se
tudo. As
gran-des alterações
começaram em
1968.”, disse
Alberto Dines.
R
egistrar perspectivas diferentes por meio de suas lentes e garantir que isso se perpetue eternamente esse é o trabalho essencial dos profissio-nais de imagem. Eles emprestam seu talento e sua visão para captar cenas que transmitem alegria, solidão, es-perança, inúmeras emoções capazes de nos contar histórias, sem precisar de uma única palavra. No Amazonas dois profissionais exercem essa missão diariamente. Contar histórias em fotos e imagens que retratam fatos sob uma ótica, não puramente profissional, mas também pessoal. Alexandro Pereira é um cinegrafista com 15 anos de experi-ência que já atuou em várias coberturas nacionais sobre a Amazônia. Alberto César Araújo traz em cada foto a baga-gem de quem atua como fotojornalista há quase 30 anos. Dois profissionais da imagem, cada um com a sua visão sobre o ofício de informar. Cinegrafista do Núcleo Investigativo da Rede Amazô-nica em Manaus, afiliada da Rede Globo, Alexandro Pereira defende que a credi-bilidade é fundamental no jornalismo. É a confiança do telespectador em saber que está sendo bem informado. “Nossas imagens precisam transmitir o máximo de confiança”, diz Alexandro. Ele relata sobre uma viagem a cidade peruana de Caballococha na fronteira com o Brasil, onde foi acompanhar a destruição deuma fazenda de cocaína pela polícia do Peru. Durante a operação ele precisou pular de um helicóptero. “Isso é muito difícil, pois além da adrenalina de um possível confronto, você ainda tem que fazer isso tudo correndo, tem que se-guir o faro, dedo no rec e Deus na fren-te”, conta o cinegrafista. Na cobertura da pandemia do novo coronavírus no Amazonas esteve frente a frente com
os dramas de quem perdeu familiares para a Covid-19. “Famílias chorando por seus familiares, covas sendo abertas como trincheiras, pessoas morrendo dentro de suas casas. Ver a dor de uma mãe gritando por seu filho que não vai mais voltar, aquilo fica ecoando na sua cabeça, mas temos que ser fortes, pois somos a linha de frente nesse momento e temos que registrar a imagem”. Jornalista e fotógrafo desde 1991, Al-berto César Araújo, atualmente traba-lha na Agência Amazônia Real. Alberto acumulou prêmios ao longo da carreira e teve o nome estampado em projetos socioambientais de organizações como o World Wide Found for Nature (WWF) e o Greenpeace Brasil. Ele lembra da época em que atuou na imprensa tra-dicional. “Tínhamos limitações gravís-simas no uso de filmes e matérias para trabalhar. Quando chegou o sistema digital isso melhorou”, conta o fotógrafo.
Alberto César criou uma espécie de conto, uma narrativa escrita, sobre o momento da ação de registrar uma cena. Apesar dos avanços tecnológicos, o fo-tojornalista vê no mercado atual um grande retrocesso nesses 30 anos de profissão.
EMOÇÕES CONTADAS SEM PRECISAR DE UMA ÚNICA PALAVRA
FOTOJORNALISMO AMAZONE-SE
Gerson Marinho
A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE IMAGEM
Foto: Alberto César
Profissionais
registram e
contam
histó-rias através de
suas lentes.
7
Manaus, 02 de junho de 2020
A tecnologia precisa jogar a favor do profissional, principalmente para quem busca emplacar fotos em plataformas como Google Earth e Street View. A tecnologia e a máquina ajudam, mas sempre será o talento de quem a opera, o ingrediente primário de qualquer obra. O ofício de captar imagens exige um aprendizado constante. As artes, em especial as pinturas, inspiram muitos
fotógrafos que buscam na visão dos grandes artistas formas diferentes de retratar a realidade. “No meu caso, além de fotografar, busco escrever sobre fo-tografia, conhecer outras obras, estudar muito. Já organizei quatro exposições coletivas nacionais e uma internacional. Me considero um curador em formação, que é uma das habilidades que acho im-portante hoje no mundo da fotografia”, diz Alberto. Em um de seus trabalhos
“
Os policiais saem da via-tura. Arma em punho. Edu-ardo já não raciocina corre em direção a ambos. Arma sua Canon. No visor um homem ren-dido com as mãos na cabeça e um policial a apontar a nove milíme-tros. O primeiro disparo. Eduardo nunca tinha ouvido um disparo de pistola de tão perto. Estava entre o policial e o homem ren-dido. O olhar do policial se cruzou por menos de um segundo com o seu antes do segundo disparo. Pensou que o próximo tiro po-deria vir em sua direção. Porque nenhum PM em sã consciência se deixaria fotografar assim. Tão exposto. Em plena ação. E como já sabia do “modus operandi” da “briosa Policia Militar”, resolveu sair daquela posição de extremo risco”.Foto: Alexandro Pereira
Covas sendo abertas como trincheiras
O
jornalismo contemporâneo vem evoluindo, vencendo barreiras, enfrentando novos desa-fios e a tecnologia estão cada dia mais presentes na vida no novo jornalista. Com o surgimento da internet e suas tecnologias agregadas, o jornalismo teve que se adaptar às novas condi-ções e até mesmo, se reinventar, para enfrentar o que certamente podemos chamar de uma nova era, tanto para profissionais quanto para as empresas. Ouviu-se muito que os rádios acaba-riam na época em que as televisões estavam se desenvolvendo, hoje ainda é enorme a audiência que os progra-mas de rádio ainda cativam. Com opassar dos anos, as mídias evoluíram e passaram a estar presentes no meio on-line. Aumentaram os investimentos em portais, sites, blogs e redes sociais para que suas notícias cheguem de forma rápida a seus leitores. Aprender a trabalhar com todas essas ferramen-tas de comunicação virou um desafio diário para os novos jornalistas profis-sionais da era digital. O jornalista atual desempenha multitarefas e multipla-taformas, pois o mercado se por um lado está exigente e é desafiador, por outro, tem a oportunidade de realizar trabalhos diferentes dos quais a facul-dade os prepara.
A jornalista e radialista Odinéia Araujo da Rádio Mix Fm em Manaus no Ama-zonas, afirma que a ascensão da tec-nologia e da internet provocou
trans-formações nas formas que se utilizam para comunicar e informar sobre fatos diversos, desde novidades cotidianas a acontecimentos importantes no mundo. Por conta disso, os jornalistas estão se adequando garantindo um “lugar ao sol” no mercado de trabalho pois sempre haverá grandes desafios e dificuldades nesse novo universo. Existem novas carreiras desafiadoras para os novos jornalistas investirem como a profissão repórter, sim, o bom e velho cargo de repórter continua à disposição. O que mudou é a sua atua-ção. Hoje, mais que escrever ou narrar boas histórias, o repórter precisa saber se comunicar de maneira apropriada com as peculiaridades de públicos distintos: quem lê uma matéria na internet tem perfil diferente de quem
assiste TV e isso deve ser considerado na hora de produzir notícias. Saber mais sobre estratégia e planejamento para o ambiente digital é fundamental para o jornalista que deseja trabalhar nesse ramo. Podemos concluir que a era digital é um caminho sem volta e o jornalismo está se reinventando para acompanhar a nova realidade. No entanto, os jornalistas não podem esquecer que a divulgação da infor-mação é o coração de sua profissão. Não importa em qual mídia.
COM O SURGIMENTO DA INTERNET, O JORNALISTA TEVE QUE SE ADAPTAR AS CONDIÇÕES
INOVADORAS, SE REINVENTAR PARA ENFRENTAR UMA NOVA ERA DIGITAL
ATUALIDADE AMAZONE-SE
Luís César Moreira/Luana Silva
OS DESAFIOS DO NOVO JORNALISTA
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Manaus, 02 de junho de 2020
O jornalista atual precisa estar apto a exercer multitarefas
Foto: Reprodução/Internet
Foto: Reprodução/Internet
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Manaus, 02 de junho de 2020
A
jornalista Larissa Ba-lieiro e outras mulhe-res foram alvo de ofensas por um torcedor do time São Raimundo quando es-tavam no estádio no dia 08 de março de 2020, durante o retorno no segundo turno do campeonato amazonen-se de futebol.“Tive medo de o cara fazer alguma coisa comigo, mas foi um medo inicial, sen-ti na pele o pavor que a mulher tem em denunciar qualquer tipo de agressão.”, relatou Larissa Balieiro.
A jornalista se sentiu extre-mamente incomodada com a situação e no mesmo mo-mento recorreu ao delegado da partida, mas não obteve nenhuma resposta positiva. Toda a ação do torcedor foi gravada pela jornalista que posteriormente entrou com uma ação no Tribunal de Justiça Desportiva do Ama-zonas (TJDA), a qual julgou e condenou o agressor. Em 2019, o jornalista Le-andro Guedes e toda sua equipe foram agredidos fisicamente durante a co-bertura do assassinato de um empresário em Manaus. Um dos seguranças que se
encontravam no local agre-diu o cinegrafista Michel com o portão e o jornalista tentava conter a ação. “Foi surreal para todo
mun-do. Em nenhum momento faltamos com respeito aos familiares do morto e nem com o trabalho da polícia e seguranças do local. Eu e Michel ficamos assusta-dos, já tínhamos passado por momentos de agressão verbal, mas nunca física.”, declarou Leandro Guedes. De acordo com a psicólo-ga Silmara Rosseto, toda e qualquer agressão física ou verbal pode gerar traumas que podem ou não serem
superados, principalmente um transtorno de estres-se pós-traumático. Essa é a triste realidade que os profissionais da imprensa tem vivido e só tem aumen-tado o número de casos. No ano passado a Federação Nacional de Jornalistas (FE-NAJ) registrou 208 ataques
a jornalistas e veículos de comunicação no Brasil. Os jornalistas do sexo mascu-lino são a maioria entre as vítimas de violência, em decorrência deles serem a maioria no exercício da pro-fissão. Entre as mulheres 21,67% foram vítimas de alguma agressão.
DIFICULDADES ENFRENTADAS DIARIAMENTE PELOS PROFISSIONAIS DA IMPRENSA
ESPECIAL AMAZONE-SE
Beatriz Aquino
Colaboração: Clara Perret-Gentil e Rita Duque
BASTIDORES DA IMPRENSA:
VIOLÊNCIA, ATAQUES, TRAUMAS, CENSURA E DESRESPEITO
Foto: Reprodução/Twitter
Larissa (de óculos, à direita) ao lado das demais jornalistas também agredidas
Foto: Divulgação/G1
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Manaus, 02 de junho de 2020
J
á é comum as pesso-as se informarem pela internet e redes sociais e há quem acredita que os jornais físicos já são pas-sado. Mas, porque está ocorrendo essa mudança do modo de fazer o jornalis-mo? As pesquisas mostram que os meios tradicionais possuem linhas editoriais que não abarcam muitos assuntos. Com o advento da internet alguns jorna-listas experientes viram um espaço para poderem fazer matérias e publicarnotí-cias que não eram possí-veis. Os sites têm grande número de visualizações pela inovação tecnológica e no experimento das novas estratégias que o meio onli-ne possibilita, promovendo um trabalho de qualidade e credibilidade, e ao mesmo tempo alcançando diversos grupos sociais. Um exem-plo disso é o surgimento de mais de 50 sites de no-tícias independentes no Estado do Amazonas nos últimos cinco anos tendo a disputa pela atenção do público local aumentada segundo uma pesquisa feita pela faculdade UFMS.
Esse crescimento se tornou uma grande preocupação para a grande mídia, pois ela teve que encontrar no-vas estratégias para manter sua ampla audiência, que por muitos anos permane-ceu intacta, ou seja, até o jornalismo tradicional mu-dou e por isso que temos podcasts de notícias, sites, redes sociais e outras va-riedades de passar notícias. Jornalista e criador do Por-tal BNC Amazonas, Neuton Correia, diz que tem desa-fios nesse novo meio como as fake News: “Então, nesse momento que entra a ciên-cia da comunicação, o
jor-nalismo, que é o exercício da apuração das notícias. Você não pode confundir uma informação de uma notícia, ela é o resultado de um processo da infor-mação. O jornalista recebe uma informação, verifica a procedência, tem certeza da verdade e do que poderá dar a credibilidade aos fatos e a publicação, depois disso confronta com a realidade. Isso é o que resulta na mi-nha credibilidade” ele afir-ma. Os textos precisam ser objetivos e chamar a aten-ção do leitor, uma vez que há uma vasta concorrência, principalmente quando
di-vulgados nas redes sociais. Isso não quer dizer que os portais de notícias não possam publicar conteúdos mais aprofundados, como artigos de opinião de colu-nistas. No entanto, as no-tícias corriqueiras do dia a dia do precisam ser breves, pois o consumidor atual é voraz e gosta de acompa-nhar tudo o que acontece em primeira mão.
TANTO O PÚBLICO QUANTO OS PROFISSIONAIS DO JORNALISMO ESTÃO PREFERINDO O MEIO
VIRTUAL DEVIDO A FACILIDADE DE DIFUNDIR INFORMAÇÕES
INTERNET AMAZONE-SE
Lucas Araújo/Igor Souza
CRESCE O NÚMERO DE PORTAIS DE NOTÍCIAS EM MANAUS
Portais que crescem em números de acesso no Estado do Amazonas
Foto: Reprodução/Canvas
Foto: Arquivo Pessoal