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O Caso Marks & Spencer

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Academic year: 2021

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(1)

1

O Caso

Marks & Spencer

- E as suas consequências para

Portugal

(2)

2

A sentença

Marks & Spencer

(C-446/03, 13 de Dezembro de 2005)

„

Os artigos 43.° TCE e 48.° TCE não se

opõem, no estado actual do direito

comunitário, a uma legislação de um Estado

Membro que impede de um modo geral uma

Sociedade-mãe residente de deduzir do seu

lucro tributável os prejuízos sofridos noutro

Estado Membro por filiais aí estabelecidas,

quando essa dedução é admissível

relativamente aos prejuízos sofridos por filiais

residentes

(3)

3

A sentença

Marks & Spencer

(C-446/03, 13 de Dezembro de 2005)

„

No entanto, é contrário aos artigos 43.° TCE e 48.°

TCE excluir uma Sociedade-mãe residente dessa

possibilidade nos casos em que, por um lado, a filial

não residente esgotou as possibilidades de dedução

dos prejuízos existentes no seu Estado de residência

para o exercício fiscal relativo ao pedido de dedução

bem como para os exercícios fiscais anteriores e, por

outro, não haja possibilidade de dedução desses

prejuízos no seu Estado de residência a título dos

exercícios futuros, nem por si própria nem por um

terceiro, nomeadamente no caso de a filial ser cedida

a esse terceiro

(4)

4

A

sentença Marks & Spencer

(C-446/03, 13 de Dezembro de 2005)

„

Conclusões:

„

A não dedução das perdas de subsidiárias

não-residentes por Sociedade-mãe no

âmbito de um regime de tributação dos

grupos de sociedades é uma

discriminação

e uma

restrição à liberdade de

(5)

5

A sentença

Marks & Spencer

(C-446/03, 13 de Dezembro de 2005)

„

Conclusões:

„

A não dedução das perdas de subsidiárias

não-residentes por Sociedade-mãe no âmbito de um

regime de tributação dos grupos de sociedades é,

em regra, tutelada por

causas de justificação

,

dada a necessidade de:

„

assegurar uma

repartição equilibrada do poder tributário

entre os diferentes Estados Membros

„

prevenir a

dupla utilização dos prejuízos

„

manter a

coerência entre o tratamento de lucros e

perdas

(ainda que entre contribuintes diferentes)

„

evitar o

risco de evasão fiscal, rectius

abuso de direito

(6)

6

Os desenvolvimentos posteriores (I)

„

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

O tratamento fiscal dos prejuízos num

contexto transfronteiras

(7)

7

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

A Comunicação explica os princípios de base

da dedução dos prejuízos transfronteiras e os

problemas que lhe estão associados.

„

Sugere as condições em que os Estados-Membros

podem autorizar a dedução transfronteiras dos

prejuízos sofridos:

„

dentro de uma mesma sociedade (ou seja, os prejuízos

incorridos por uma sucursal ou um estabelecimento

estável da empresa noutro Estado-Membro), ou

„

dentro de um grupo de sociedades (ou seja, os prejuízos

incorridos por um membro do grupo noutro

Estado-Membro).

(8)

8

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

A Comissão salienta a necessidade de se dispor de

sistemas eficazes que permitam a dedução dos

prejuízos transfronteiras dentro da União Europeia.

„

As escassas possibilidades de praticar este tipo de dedução

constituem um dos maiores obstáculos à actividade

económica transfronteiras e à eficácia do mercado interno

„

A introdução de sistemas de dedução de prejuízos

transfronteiras beneficiará em especial as PME, actualmente

prejudicadas pela inexistência desta forma de compensação,

para além de eliminar um dos principais obstáculos à

emergência de empresas comunitárias mais competitivas no

mercado mundial

(9)

9

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

Prejuízos dentro de um grupo de sociedades:

„

A Comissão incentiva os Estados-Membros a

introduzir e aplicar sistemas fiscais nacionais para

a dedução dos prejuízos dentro dos grupos de

sociedades que assegurem um tratamento

equivalente ao concedido para a dedução dos

prejuízos dentro de uma sociedade

„

Desse modo, eliminar-se-iam as distorções e

fomentar-se-ia a escolha dos países em questão

como local de investimento, contribuindo para a

realização dos objectivos da estratégia de Lisboa

(10)

10

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

Três abordagens possíveis para a dedução de prejuízos transfronteiras

„

Alternativa 1: Transferência definitiva dos prejuízos ou dos lucros ("dedução

dos prejuízos ou lucros dentro do grupo")

„ Sistema de compensação da receita fiscal entre os Estados Membros que deveria

ter em conta qualquer diferença significativa entre as taxas de tributação, as normas de contabilidade fiscal aplicáveis e os problemas relacionados com o planeamento fiscal

„

Alternativa 2: Transferência temporária dos prejuízos (método da

"dedução/reintegração")

„ Dedução imediata e temporária dos prejuízos a nível da Sociedade-mãe, evitando

desvantagens de tesouraria, com recaptura em caso de lucros futuros da subsidiária

„

Alternativa 3: Tributação no período corrente dos resultados da filial

("sistema de lucros consolidados")

„ Concebido de modo a incluir uma ou várias filiais seleccionadas pelo contribuinte

(regime selectivo, vulnerável face a técnicas de planeamento fiscal agressivas), ou todas as filiais de um grupo (regime complectivo

[sic],

com aumento dos custos associados ao cumprimento)

(11)

11

Comunicação da Comissão ao Conselho,

ao Parlamento Europeu e ao Comité

Económico e Social Europeu

„

Resposta coordenada de modo a optimizar as vantagens para o

mercado interno e evitar uma duplicação inútil de esforços nos

vinte e cinco Estados-Membros

„

Convite ao Conselho, o Parlamento Europeu e o Comité Económico

e Social Europeu a examinar as propostas apresentadas a fim de

incentivar os Estados-Membros a:

„

reexaminar os sistemas fiscais nacionais em vigor para permitir a

dedução dos prejuízos dentro de uma sociedade num contexto

transfronteiras,

„

aplicar rapidamente uma ou várias soluções para tratar os prejuízos

sofridos por grupos de sociedades, e

„

considerar de que modo podem ser aplicadas as sugestões tanto num

âmbito nacional como num contexto transfronteiras, aperfeiçoando os

sistemas de dedução de prejuízos existentes e introduzindo novos

sistemas.

(12)

12

Os desenvolvimentos posteriores (II)

„

Caso

Oy AA

(C-231/05, de 18 de Julho de

2007)

„

O artigo 43.º TCE não se opõe ao regime

instituído pela legislação de um Estado-Membro,

como o que está em causa no processo principal,

por força do qual uma filial, residente nesse

Estado-Membro, só pode deduzir dos seus

rendimentos colectáveis uma transferência

financeira entre sociedades do grupo por ela

efectuada a favor da sua Sociedade-mãe se esta

última tiver a sua sede nesse mesmo

(13)

13

A sentença

Oy AA

(C-231/05, de 18

de Julho de 2007)

„

Conclusões:

„

A não dedução da transferência financeira

feita pela subsidiária finlandesa à

Sociedade-mãe não-residente no âmbito de

um regime de tributação dos grupos de

sociedades é uma

discriminação

e uma

restrição à liberdade de estabelecimento

(14)

14

A sentença

Oy AA

(C-231/05, de 18

de Julho de 2007)

„

Conclusões:

„

A não dedução da transferência financeira pela subsidiária

finlandesa à Sociedade-mãe não-residente no âmbito de um

regime de tributação dos grupos de sociedades é tutelada

por

causas de justificação

, dada a necessidade de:

„

assegurar uma

repartição equilibrada do poder tributário entre

os diferentes Estados

-

Membros

„

prevenir a

dupla utilização dos prejuízos, rectius vantagens

fiscais,

manter a

coerência entre o tratamento de lucros e

perdas

(ainda que entre contribuintes diferentes) e o respeito

pelo princípio da territorialidade

„

evitar o

risco de evasão fiscal, rectius

abuso de direito

(15)

15

Os desenvolvimentos posteriores

(III)

„

A decisão do Supremo Tribunal

Administrativo da Finlândia 2007:92

„

Num caso de “perdas finais”, similar ao da

Marks & Spencer

, considerou-se que

também não era possível a dedução de

uma transferência financeira por sociedade

finlandesa à sociedade não-residente que

apurara essas perdas

(16)

16

A decisão do Supremo Tribunal

Administrativo da Finlândia 2007:92

„

Referências aos § 64 e 65 da sentença do TJCE no Caso

Oy AA

:

„ numa situação em que a vantagem em causa consiste na possibilidade de efectuar

uma transferência de rendimentos, excluindo estes últimos dos rendimentos

colectáveis do seu autor e integrando-os nos do beneficiário, qualquer extensão desta vantagem às situações transfronteiriças teria por efeito, permitir aos grupos de

sociedades escolher livremente o Estado-Membro no qual os seus lucros são tributados, em detrimento do direito de o Estado-Membro da filial tributar os lucros

gerados pelas actividades realizadas no seu território

„ Este efeito adverso não pode ser impedido através da imposição de condições relativas

ao tratamento dos rendimentos provenientes da transferência financeira entre sociedades de um grupo no Estado-Membro da sociedade beneficiária ou relativas à existência de perdas sofridas pelo beneficiário da transferência financeira entre

sociedades de um grupo. Efectivamente, admitir a dedução da transferência financeira entre sociedades de um grupo quando constitua um rendimento colectável da

sociedade beneficiária ou quando sejam limitadas as possibilidades, para a sociedade beneficiária, de transferir as suas perdas para outras sociedades ou ainda admitir

unicamente a transferência financeira entre sociedades de um grupo efectuada a favor de uma sociedade cuja sede se situa num Estado-Membro que aplica uma taxa de imposição inferior à aplicada pelo Estado-Membro do autor da transferência quando esta transferência financeira esteja especificamente justificada pela situação

(17)

17

Os desenvolvimentos posteriores (IV)

„

O Relatório sobre o tratamento fiscal dos

prejuízos num contexto transfronteiriço

[2007/2144(INI) de 30.11.2007]

„

Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários

„

Relatora: Piia-Noora Kauppi (A6-481/2007)

„

Aprovado pela Resolução do Parlamento Europeu, de 15

de Janeiro de 2008, sobre o tratamento fiscal dos

prejuízos num contexto transfronteiras, com 491 votos a

favor, 109 contra e 90 abstenções

(18)

18

Piia-Noora Kauppi (

http://www.kauppi.net/

)

14 de Fevereiro de 2008

Dia de São Valentim

(19)

19

Resolução do Parlamento Europeu,

de 15 de Janeiro de 2008

„

5. Salienta que quaisquer medidas específicas destinadas a

introduzir a dedução de prejuízos transfronteiras deverão ser

definidas e aplicadas com base numa abordagem multilateral

comum e numa intervenção coordenada dos Estados-Membros,

a fim de assegurar a coerência da evolução do mercado interno;

recorda que tais medidas específicas constituem soluções

transitórias até ao estabelecimento da MCCCIS (matéria

colectável comum consolidada do imposto sobre as sociedades);

considera que esta constitui uma solução global a longo prazo

para os obstáculos fiscais ligados à dedução dos prejuízos e dos

lucros transfronteiras, bem como para os preços de

transferência e as operações transfronteiras de fusão e

aquisição e de reestruturação, e completará as realizações de

um mercado interno pautado pela concorrência leal

(20)

20

Resolução do Parlamento Europeu,

de 15 de Janeiro de 2008

„

15. Nota que a decisão do Tribunal de

Justiça no processo Oy AA mostra que os

diferentes sistemas fiscais nacionais dão

tratamentos diferentes aos prejuízos e que,

portanto, não resulta claro se os prejuízos

podem ser consolidados no interior do

mesmo grupo em todos os contextos

transfronteiriços, mesmo quando são

definitivos, resultando assim numa situação

desproporcionada, como mostra o processo

Marks & Spencer

(21)

21

Consequências para Portugal (I)

„

A dúvida quanto ao juízo do TJCE sobre um

sistema de

consolidação

, nem de

transferência de perdas

(

Marks & Spencer

)

,

nem de

transferência de lucros

(

Oy AA

)

„

A dúvida quanto ao juízo do TJCE sobre um

sistema de “isenção” quanto a dividendos

distribuídos por subsidiárias comunitárias, e

não um sistema de tributação com crédito do

imposto subjacente, como no caso do Reino

Unido

(22)

22

Consequências para Portugal (II)

„

Causa de justificação: as “perdas finais” alheias

(havendo liquidação ou alienação) de uma subsidiária

não são aceites no âmbito do Regime Especial de

Tributação dos Grupos de Sociedades português

„

Francisco de Sousa da Câmara, “How will the Marks &

Spencer Ruling Affect Portugal”,

Tax Notes International

(

www.taxanalysts.com

), 17 May 2006, pp. 619-620.

„

Mas a Sociedade-mãe pode, em certos casos, reconhecer,

ainda que parcialmente, a sua própria perda na liquidação

ou alienação da subsidiária (cfr. artigos 23.º, n.ºs 5, 6 e 7, e

42.º, n.º 3, do Código do IRC

vs.

artigo 31.º do Estatuto dos

(23)

23

Consequências para Portugal (III)

„

Mantém-se, contudo, a existência de discriminação: “no

contexto do grupo, relativamente às subsidiárias portuguesas

apenas se perdem os prejuízos fiscais apurados pelas mesmas

no próprio ano e, se aplicável, a parcela ainda não aproveitada

dos apurados num dos seis exercícios anteriores, ao passo que,

relativamente às subsidiárias estrangeiras, todos os prejuízos

fiscais, sem excepção, são

ab initio

e integralmente

desconsiderados”.

„

Carlos Loureiro, Rui Camacho Palma, Miguel Cortez Pimentel,

“Lucro e prejuízos, duas faces da mesma moeda – a superação do

paradoxo Marks & Spencer”,

Ciência e Técnica Fiscal

, n.º 419

(24)

24

Consequências para Portugal (IV)

„

O § 43 do Caso

Marks & Spencer

: “(…) em

matéria fiscal, os lucros e os prejuízos são as

duas faces da mesma moeda, devendo ser

tratados de forma simétrica no âmbito do

mesmo sistema fiscal (…)”

„

Contrariedade ao Direito Comunitário dos artigos

23.º, n.ºs 5, 6 e 7, e 42.º, n.º 3, do Código do

IRC, pela falta de simetria no tratamento de mais

e menos-valias na alienação de participações

(25)

25

Consequências para Portugal (V)

„

O § 43 do Caso

Marks & Spencer

: “(…) em

matéria fiscal, os lucros e os prejuízos são as

duas faces da mesma moeda, devendo ser

tratados de forma simétrica no âmbito do

mesmo sistema fiscal”

„

Contrariedade ao Direito Comunitário do artigo

60.º do Código do IRC, pela falta de simetria no

tratamento de lucros e perdas de

controlled

foreign companies.

„

Necessidade de interpretação conforme, na esteira do

Caso

Cadbury Schweppes

(C-196/04, de 12 de Setembro

de 2006), e aplicação do preceito aos expedientes

(26)

26

Consequências para Portugal (VI)

„

Os grupos portugueses que se

internacionalizem devem ponderar a

utilização de sucursais ou

estabelecimentos estáveis no

estrangeiro de Sociedades-mães

nacionais, caso em que as perdas são

imediata (e duplamente) dedutíveis em

Portugal

(27)

27

Consequências para Portugal (VI)

„

Eventual alteração legislativa que aceitasse a dedução de

perdas estrangeiras sem tributar os lucros estrangeiros: (i) mero

exercício de

wishful thinking

(ii) auxílio de Estado?

„

O precedente da notificação do início do procedimento previsto no

n.º 2 do artigo 88.º do TUE pela Comissão Europeia em Outubro

de 2007 contra a dedução fiscal do

goodwill

financeiro em

Espanha, associada à aquisição de entidades não-residentes

„

derrogação ao regime de tributação-regra?

„

afecta as trocas comerciais entre os Estados Membros porque

reforça as condições comerciais dos seus beneficiários face a

entidades residentes em outros Estados Membros que não podem

usufruir da referida norma?

„

“subsídio” do Estado à compra ou instalação de empresas

estrangeiras?

„

incompatível com o mercado comum?

(28)

28

Consequências para Portugal (VI)

„

Uma pergunta para eventual debate:

„

So c'mon and let me

knooooooooooooooooooow.

Referências

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