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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Princípios pedagógicos e metodológicos para iniciação ao futsal –

Revisão

André Luis Vieira Édipo Vinícius da Silva Machado Filipi Portes Escobar

São José dos Campos/SP 2012

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Curso de Educação Física

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2012

PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS PARA INICIAÇÃO AO FUTSAL – REVISÃO

ANDRÉ LUIS VIEIRA

ÉDIPO VINÍCIUS DA SILVA MACHADO FILIPI PORTES ESCOBAR

Orientador: Prof. Msc. Elessandro Váguino de Lima

Banca Examinadora:

Prof. Msc. Paula Fernanda Ribeiro Da Matta Prof. Msc. Elessandro Váguino de Lima

Nota do Trabalho: 9,5 (Nove e meio)

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS PARA INICIAÇÃO AO FUTSAL – REVISÃO

ANDRÉ LUIS VIEIRA

ÉDIPO VINÍCIUS DA SILVA MACHADO FILIPI PORTES ESCOBAR

Relatório Final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Banca Examinadora do curso de Educação Física da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba.

Orientador: Prof. Msc. Elessandro Váguino de Lima

São José dos Campos/SP 2012

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Agradeço primeiramente a Deus que nos capacita para enfrentar as adversidades encontradas nos quatro anos de estudo e saúde para aprender e conquistar minha área profissional. Aos pais que nos ajudaram com apoio financeiro nos momentos de dificuldades e ausência de trabalho. Em especial a minha linda noiva Talita Faria que por inúmeras vezes cobrou dedicação e empenho da minha parte para com os estudos, me apoiando nos momentos de difícil decisão e se alegrando nas minhas conquistas profissionais. Com carinho ela esteve presente neste longo período de graduação, incentivando-me a ser o melhor a cada dia. Aos amigos de tese que sempre estiveram compromissados e dispostos a concluir esta pesquisa de forma profissional e companheira.

André Luis Vieira

Primeiramente a Deus, pelo fôlego de vida e disposição para lutar e conquistar. Agradeço a minha família, minha mãe Aurinete pelo apoio e amor incondicionais, aos irmãos Júlio, Nathália e Talita por toda motivação e carinho, e por compartilharem comigo momentos de dificuldades e conquistas.

A todo o Corpo Docente do Curso de Educação Física da Univap, obrigado por cada aula ministrada e a cada ensinamento, pois transcenderam os limites da sala de aula e servirão para toda a vida. Em especial agradeço ao Professor Dedé pela orientação e paciência em todo decorrer deste ano para elaboração deste trabalho.

A todos os colegas e amigos da faculdade, pelo apoio, auxílio e esforços para chegarmos juntos até este momento, em especial Filipi e André que, de forma essencial, permitiram a conclusão do nosso trabalho. Também aos amigos fora da faculdade, alguns destes, considerados verdadeiros irmãos, sem o apoio de vocês nada seria possível.

Édipo Vinícius da Silva Machado

Agradeço a Deus, que sempre esteve em meu lado nesta caminhada, meus pais que incentivaram a estudar, minha noiva que teve paciência e compreensão pelos finais de semana em que estive ausente. Claro, que não posso me esquecer dos meus companheiros de TCC e de classe, pelos quatros anos de muita luta e alegria.

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EPÍGRAFE

“A qualidade de vida de uma pessoa é diretamente proporcional a seu comprometimento com a excelência, independentemente do campo de atividade escolhido por ela.”

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O futsal é considerado uma das modalidades esportivas mais praticadas do Brasil. São envolvidos em sua prática os aspectos dimensionais tático, técnico, físico e psicológico. A aprendizagem do futsal define-se como aprendizagem motora, isto é, para desenvolvimento especificamente técnico, deve-se proporcionar ao aprendiz um rico desenvolvimento de suas habilidades motoras gerais. Objetivou-se nesse estudo identificar os métodos de ensino das capacidades técnicas do futsal para as fases da infância e adolescência, abordando os conceitos da iniciação esportiva geral e as precauções quanto a iniciação e especialização precoce. O trabalho desenvolveu-se através de revisão de literatura, sendo selecionadas as informações conforme o tema e explanadas para produção de texto. Sabe-se que a prática do futsal traz diversos benefícios, principalmente no período de iniciação esportiva, quando se encontram diversas formas de trabalho com conteúdos específicos para cada faixa etária. Para o ensino do futsal, há diferentes capacidades técnicas (fundamentos) que devem ser ensinadas no período de iniciação, podendo ser este conteúdo transmitido pelo método parcial e/ou global. Deve-se atentar ao fato de que as crianças não devem ser pressionadas à busca pelo resultado, pois a infância não é o período da prática esportiva especializada, devido a isso, é necessário que se respeite as capacidades, interesses e necessidades do aluno, evitando a especialização precoce. Conclui-se, através da literatura revisada, que o desenvolvimento técnico pelo do método global traz mais benefícios aos aprendizes em relação ao método parcial, pois torna a aula motivadora, desenvolvendo todas as capacidades necessárias para o bom desempenho do futsal.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 08

2 OBJETIVO GERAL 10

2.1 Objetivo específico 10

3 METODOLOGIA 11

4 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO 12

4.1 A prática desportiva na infância 12

4.2 A iniciação esportiva dividida em etapas 13 4.3 Capacidades técnicas esportivas 16 4.3.1 Capacidades técnicas do futsal 17 4.4 Desenvolvimento técnico específico 20

4.4.1 Método parcial 21

4.4.2 Método global 22

4.5 Iniciação e especialização esportiva precoce 25 4.5.1 Especialização precoce no futsal 26

5 CONCLUSÃO 28

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1 Introdução

O futsal, que já foi conhecido como futebol de salão (em sua origem), é classificado como a modalidade esportiva mais praticada do Brasil, considerando os segmentos escolares, executivos, esportistas, recreativos, de lazer, de atletas profissionais e de pessoas com deficiência (BELLO; ALVES, 2008). Voser (2003) afirma que o futsal é praticado por milhões de pessoas em todo o mundo, tanto como forma de lazer como esporte competitivo. Segundo Gomes e Machado (2001), o futsal foi criado sobre forte influência do futebol, porém ganhou grande popularidade com o passar dos anos, pois o interesse da mídia, clubes e empresas patrocinadoras fez com que crescesse muito nos últimos vinte anos, sendo considerada hoje uma modalidade esportiva de alto nível.

Sobre a criação do Futsal, Andrade Junior (1999) relata que teve sua origem no ano de 1930 na ACM (Associação Cristã de Moços) de São Paulo, passando a difundir-se posteriormente por todo território nacional. Em contrapartida, Voser (2003) afirma que foi criado na ACM de Montevidéu – Uruguai. As primeiras regras foram difundidas tendo como base o futebol e basquete (sobre o tempo de jogo), o handebol (sobre a validação dos gols) e o pólo Aquático (quanto à ação do goleiro) (BELLO; ALVES, 2008).

O futsal é considerado um jogo esportivo coletivo. Os jogos esportivos coletivos são atividades de acontecimentos inesperados, havendo uma exigência tático-estratégica de cada jogador. São envolvidos na prática do futsal quatro aspectos dimensionais muito importantes, sendo o tático, técnico, físico e psicológico. O futsal é uma modalidade em que duas equipes disputam a partida ao mesmo tempo em um mesmo espaço, trazendo como característica eminente os aspectos técnico-táticos (SOUZA; PAULA; GRECO, 2000 apud FUKUDA, 2010). Santana (2008, apud FUKUDA, 2012) acrescenta que o futsal pode ser definido como um jogo de oposição e imprevisível. Assim como outras modalidades esportivas coletivas, o jogo de futsal é constituído por ataque, defesa, transição ofensiva (também chamado de contra-ataque) e transição defensiva.

Segundo Mutti (2003), a técnica do futsal consiste na execução, por parte de cada jogador, dos fundamentos do jogo. A eficiência da execução da técnica está relacionada com o grau de automatização do jogador, isto é, os fundamentos serão bem executados quando forem bem assimilados e automatizados. Tal eficiência não

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será alcançada na fase de iniciação ao futsal, mas “[...] à medida que os movimentos vão se desenvolvendo, também vão se automatizando, até chegar ao ponto em que o atleta os executa sem pensar.” (MUTTI, 2003).

A aprendizagem do futsal é definida como aprendizagem motora, na qual sua pedagogia deve oferecer diferentes possibilidades através da vivência de experiências, para que o aluno adquira habilidade para executar com eficiência as ações específicas do futsal. A iniciação do futsal deve ser um complemento do trabalho realizado para o desenvolvimento motor da criança, isto é, diversos movimentos e experiências motoras devem ser desenvolvidos na infância, para que, gradativamente, os exercícios passados sejam cada vez mais complexos, de forma que a criança irá compreendendo o futsal como o jogo em si (MUTTI, 2003).

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2 Objetivo geral

Identificar os métodos de ensino das capacidades técnicas do futsal para as fases da infância e adolescência.

2.1 Objetivo específico

Abordar os conceitos da iniciação esportiva geral e as precauções quanto a iniciação e especialização precoce.

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3 Metodologia

A pesquisa desenvolvida é de cunho analítico, foi realizada através de revisão bibliográfica, por meio de livros, artigos científicos, monografias, trabalhos de conclusão de curso e periódicos online.

As informações coletadas foram selecionadas conforme o tema proposto e posteriormente explanadas para produção de texto.

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4 Revisão de literatura e discussão

Uma aprendizagem eficiente é o que preocupa grande parte dos professores responsáveis por ensinar. Nas últimas décadas, os métodos de ensino das modalidades esportivas coletivas têm sido foco de estudos (CORRÊA; SILVA; PAROLI, 2004). Segundo Pinto e Santana (2005), no que diz respeito ao futsal, observa-se, de modo geral, as questões pedagógicas e metodológicas como foco de investigações.

4.1 A prática desportiva na infância

O esporte faz parte da cultura em todo o mundo, promovendo diversos benefícios para o praticante. Para o sucesso da aprendizagem, o ensino deve ser gratificante, respeitando as capacidades e interesses dos alunos (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Moreira e Greco (2005) corroboram, afirmando que as crianças e adolescentes não devem ser submetidos à busca por resultados em curto espaço de tempo, pois a prática esportiva nestas fases deve ser agradável e progressiva.

Para Oliveira e Paes (2004), os jogos desportivos coletivos são importantes para a educação de crianças e adolescentes, pois a sua prática promove intervenções quanto à cooperação, convivência, participação e inclusão. Dessa forma, esses jogos precisam ser ensinados através de um processo como busca pela aprendizagem. O período de iniciação esportiva corresponde desde o momento em que a criança inicia alguma atividade esportiva, até quando ela decide praticar uma modalidade específica, dessa forma, para cada fase existe um conteúdo específico a ser ensinado, e este deve respeitar o desenvolvimento dos alunos, de acordo com a sua idade. Antes de exigir da criança qualquer tipo de movimento, deve-se lhe proporcionar uma gama de experiências como base para sua execução. Para Ferreira (1998, apud PASSARO, 2005), a faixa etária entre quatro e doze anos tem grande influência no desenvolvimento motor do indivíduo, pois é nessa fase que se dá início ao processo de formação do acervo motor, há aquisição de novas experiências e há desenvolvimento daquilo que já foi aprendido.

O trabalho realizado de forma lúdica é fundamental para que a criança construa pontes para novos conhecimentos, isso ocorre através de brincadeiras que, nem

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sempre, são específicas da modalidade, portanto devem ser passadas de forma com que a criança desenvolva novas habilidades motoras. Aproveitando-se das habilidades motoras adquiridas pela criança, dá-se início às ações específicas da modalidade. Com as experiências sociais, afetivas, intelectuais, morais e motoras bem trabalhadas nas fases da infância e adolescência, ter-se-á o indivíduo chegando à fase de especialização bem preparado para vivenciar os treinamentos mais complexos que exigem cada modalidade (SANTANA, 2004).

O desenvolvimento motor deve ser trabalhado com prioridade em relação ao desenvolvimento técnico (PASSARO, 2005). O gesto motor (gesto técnico), quando executado de forma livre pela criança, define, de forma superficial, que a criança possui um bom desenvolvimento motor. Aplicando-se este conceito ao futsal, nota-se a dificuldade ou facilidade, em crianças da mesma idade, que cada uma possui para chutar, passar, conduzir a bola, etc. O gesto motor aperfeiçoado para realização de uma tarefa implica em economia de energia e permite uma resposta motora com resultados mais satisfatórios, ou seja, para realização de um movimento especificamente técnico, é necessário que as habilidades motoras gerais sejam desenvolvidas na criança, para que ela busque uma qualidade de movimentos para execução da tarefa (GOMES; MACHADO, 2001).

4.2 A iniciação esportiva dividida em etapas

Para o período de iniciação esportiva, Gallahue e Osmum (1995, apud OLIVEIRA; PAES, 2004) dividem o desenvolvimento das habilidades motoras para diferentes faixas etárias: 7 a 10, 11 a 12, 13 a 14 e a partir de 14 anos de idade.

Para o ensino de técnicas para a faixa etária de 7 a 10 anos, a aprendizagem deve ser aberta, isto é, para o que é ensinado nessa fase, não deve haver interferências e correções dos gestos motores por parte do professor. O ensino deve ser parcialmente aberto na idade de 11 e 12 anos, ou seja, há breves correções dos movimentos. Chegando à fase de 13 e 14 anos, inicia-se o processo de ensino parcialmente fechado, é quando se inicia o processo de especificidade dos gestos motores exigidos por cada modalidade. A partir dos 14 anos de idade, o processo de ensino passa a ser totalmente fechado, quando há especialização da modalidade coletiva, aperfeiçoando, além da técnica, os aspectos táticos exigidos.

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Almeida (1996) considera que a prática desportiva pode ser dividida em três estágios. O autor aponta os objetivos e as formas de trabalho em cada fase:

 Iniciação desportiva (08 e 09 anos): Nessa fase procura-se desenvolver na criança a aquisição de habilidades motoras, sendo específicas e globais. O sucesso dessa aquisição se dará através do trabalho com formas básicas de movimentos e de jogos pré-desportivos;

 Aperfeiçoamento desportivo (10 e 11 anos): É o momento de introduzir a criança aos elementos técnicos fundamentais e táticos gerais, juntamente ao conhecimento das regras do desporto. Trabalha-se através de exercícios educativos e a prática desportiva com regras simplificadas;

 Introdução ao treinamento (12 e 13 anos): Deve haver, nessa faixa etária, o aperfeiçoamento das técnicas individuais, melhor compreensão dos sistemas táticos e aquisição das capacidades físicas exigidas pela modalidade. O trabalho deve ser realizado com a preparação técnica, tática e física, juntamente com a prática desportiva orientada.

Para Gomes e Machado (2001), o desenvolvimento esportivo pode ser dividido em três etapas, de acordo com as diferentes fases dos movimentos corporais:

 Fase de irradiação ou coordenação rústica dos movimentos: É o período sintético, onde devem ser trabalhadas formas globais de movimento e a execução bruta da técnica;

 Fase de concentração ou coordenação fina dos movimentos: É a etapa do período analítico, de associação e movimentos parciais, onde deve haver a correção necessária, deve-se trabalhar a mudança de direção, rapidez e a precisão de execução dos movimentos;

 Fase de estabilização dos movimentos: Nesse momento chega-se aos movimentos específicos, à polidez dos movimentos. É o período de alto rendimento e a correção nos pequenos detalhes.

Oliveira e Paes (2004) também dividem a iniciação esportiva em três etapas, sendo as fases de iniciação esportiva I, II e III. Cada etapa contém objetivos diferenciados para o ensino, leva-se em consideração as idades biológica, escolar, cronológica e as categorias das diferentes modalidades esportivas:

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 A fase de iniciação esportiva I: Trata-se de crianças da 1ª à 4ª séries do ensino fundamental, que estão na primeira e segunda infância, com idades entre 7 e 10 anos. Nesta fase, as atividades passadas devem ser lúdicas, de forma que todos participem e em um ambiente alegre, com objetivo de ensinar as técnicas desportivas e estimular o pensamento tático. Os princípios educativos das brincadeiras influenciam positivamente no processo ensino-aprendizagem, devido a isso, todas as crianças devem ter a possibilidade de acessá-los. Deve-se evitar competições antes dos 12 anos de idade, para que não haja exigência de perfeição dos gestos motores e bom desempenho tático. Para Paes (1989, apud OLIVEIRA; PAES, 2004), a complexidade, variabilidade, diversidade e a continuidade do trabalho desenvolvido são pontos importantes a serem observados durante o processo de ensino. As atividades propostas devem ser agradáveis à criança, de maneira que ela aprimore o padrão de movimento. Deve-se estimular a execução de diferentes movimentos, para que a criança construa o seu próprio repertório motor. Aplicando-se à prática do futsal, os conteúdos desenvolvidos podem ser o domínio corporal, drible, recepção, passes e o chute, sendo o próprio jogo, de forma adaptada para adequação às capacidades físicas das crianças, como principal método para aprendizagem. O jogo reduzido é uma forma motivadora para se trabalhar com essa idade, devido ao aumento de possibilidades. Não deve haver repreensão quanto à execução errada do movimento, pois nessa fase, qualquer tipo de gesto é aceito baseando-se no modelo técnico. As cobranças e correções devem ser deixadas para a fase posterior;

 A fase de iniciação esportiva II: Corresponde a crianças e adolescentes que se encontram na primeira idade puberal, estão entre a 5ª e 7ª séries do ensino fundamental, com idades entre 11 e 13 anos. Nessa fase, dá-se início ao ensino de modalidades esportivas diferentes, cada qual com sua especificidade. Não se deve buscar dos alunos o resultado, portanto, as competições devem objetivar apenas a participação, permitindo melhora da técnica do movimento e uma simples compreensão tática. Deve haver aquisição de condições básicas do jogo junto ao desenvolvimento psicomotor integral, permitindo, futuramente, a execução de exercícios mais complexos. Lembra-se que, nessa fase, há pequenas intervenções do professor quanto às correções. Grande parte dos exercícios propostos deve ser semelhante ao próprio jogo, porém devem ser estabelecidas regras simplificadas, de maneira que haja fácil compreensão por parte dos alunos;

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 A fase de iniciação esportiva III: Corresponde a adolescentes da faixa etária de 13 a 14 anos, em fase escolar de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental, que se encontram na pubescência. Nesse período, é importante para os alunos a automatização e o refinamento daquilo que foi aprendido nas fases anteriores, e o ensino de novos conteúdos tornam-se fundamentais para que haja um bom desenvolvimento esportivo. Nesse momento, entra-se no estágio de estabilização do movimento, o qual ficará gravado para o resto da vida. Almeja-se o aperfeiçoamento dos movimentos já aprendidos. Um dos objetivos é adquirir a capacidade de executar os mesmos movimentos que se executara nas fases anteriores, porém, de forma inconsciente, fazê-lo com menor gasto energético, isto é, de maneira automatizada. Os conteúdos de ensino devem focar na combinação de exercícios e jogos, desenvolvendo habilidades técnicas específicas, dando início às organizações táticas, com movimentações ofensivas e defensivas e com vantagem e desvantagem numérica, isso gerará o aperfeiçoamento das condições gerais da formação do atleta. A especialização deve ocorrer por volta dos 14 anos de idade. As experiências vividas em diversas modalidades até essa idade ajudarão a organizar os movimentos, coordenando-os. Isso será um auxílio para que o adolescente escolha uma modalidade específica.

4.3 Capacidades técnicas esportivas

A definição de técnica, para Lucena (1998, apud VOSER, 2003), consiste como qualquer movimento executado pelo atleta que possibilita a continuidade e desenvolvimento do jogo. Para Bello e Alves (2008), são ações que permitem diferentes possibilidades de intervenção dentro do jogo, que se viabilizam através de gestos motores particulares, dentro da especificidade da prática esportiva. O objetivo da técnica é aprimorar o resultado da ação motora, possibilitando uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos (FILIN, 1996, apud COSTA; NASCIMENTO, 2004).

Gomes e Machado (2001) definem a técnica esportiva como a execução de um gesto motor realizado com qualidade, de maneira que esteja envolvido um elemento específico do jogo, isto é, o fundamento. Os autores acrescentam que “os elementos da técnica em cada esporte são particularmente definidos e específicos, sendo que

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o que varia de um esporte para o outro são os fundamentos e a especificidade técnica para realização destes.”

4.3.1 Capacidades técnicas do futsal

Bello e Alves (2008) dividem e execução do fundamento técnico do futsal em três etapas:

 Fase de preparação: momento de concentração e promoção de um esquema motor para a ação prestes a se realizar;

 Fase de ação: considerada a fase principal, pois é o momento em que há uma operacionalização do que estava pré-determinado na fase anterior;

 Fase final: momento em que se finaliza a execução do gesto.

Andrade Junior (1999) afirma que as técnicas individuais do futsal podem ser ensinadas do período de iniciação e devidamente aperfeiçoadas nas equipes de treinamento. Gomes e Machado (2001) consideram que o conjunto de técnicas do futsal pode ser nomeado como fundamentos técnicos. Os fundamentos são a base do jogo, compreende-se então que, ao ensiná-los, constrói-se uma base para aproveitamento futuro ou, até mesmo, imediato.

A seguir, seguem os diferentes fundamentos técnicos do futsal citados e conceituados por diversos autores:

 Passe: É a ação em que o atleta envia a bola para um companheiro de sua equipe. Considera-se o passe um dos fundamentos mais importantes no jogo de futsal, pois a troca de bola entre os companheiros de uma equipe é fundamental para a formação de uma ação de ataque, é a base para poder estruturar uma equipe (GOMES; MACHADO, 2001). Mutti (2003) afirma que os passes podem ser curtos, longos e por elevação. Os passes são executados com os pés (lado interno e externo, dorso, planta e calcanhar), coxas, ombros, peito e cabeça. Os passes podem ter diferentes trajetórias: parabólico, rasteiro, meia altura, paralelo, diagonal e lateral. Deve-se considerar que para uma boa execução do passe, existem alguns pontos importantes para o mesmo: estar bem equilibrado, cabeça erguida para melhor visão do jogo, pé de apoio próximo da bola e usar a força adequada para que a bola alcance seu objetivo final.

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 Chute: Voser (2003) define o chute como impulsão dada à bola com um dos pés, objetivando a meta adversária, podendo também ser defensivo, no caso em que o objetivo é impedir a ação de ataque do adversário. Em contrapartida, Bello e Alves (2008) afirmam que o único objetivo, no chute, é acertar o gol oponente. Há diferentes tipos de chute: simples, bate pronto, voleio, bico e cobertura. Como o passe, o chute pode ter diferentes trajetórias: rasteiro, meia altura e alto. Para execução, deve-se considerar a coordenação entre o pé de apoio e o pé de toque, tanto quanto o equilíbrio, a força, a precisão e o objetivo (VOSER, 2003; BELLO; ALVES, 2008).

 Drible: Define-se através da situação em que o jogador possui a bola em seu domínio e passa, ou tenta passar, por seu adversário, sendo em qualquer sentido da quadra. Geralmente se precede por uma ação corporal realizada com o intuito de desviar a atenção do marcador ou desequilibrá-lo, retornando rapidamente à ação com bola, quando percebe-se o desequilíbrio do adversário, executa-se o drible. Pode ser executado com os pés e com o corpo; parado; em deslocamento (ANDRADE JUNIOR, 1999; GOMES; MACHADO, 2001).

 Finta: Segundo Bello e Alves (2008), ao contrário do drible, a finta é executada sem a bola. Define-se finta como o ato de enganar, iludir ou ultrapassar o adversário sem estar com a bola sob seu domínio. Andrade Junior (1999) complementa, afirmando que a finta é fundamental dentro de uma movimentação, pois a executando, o atleta consegue livrar-se da marcação para poder receber a bola e dar sequência à jogada.

 Domínio ou Recepção: Corresponde ao ato de interromper a trajetória da bola, fazendo com que a mesma fique em sua posse. O bom domínio de bola pode agilizar o jogo. Ao efetuar o domínio, é importante estar em condições de passar ou finalizar a jogada (VOSER, 2003). Andrade Junior (1999) afirma que as formas de executar o domínio são com a sola do pé, parte interna e externa do pé, dorso do pé, coxa, peito e cabeça.

 Marcação: Muitos autores não consideram a marcação como fundamento individual, e sim coletivo. Porém, acredita-se que a marcação, assim como os demais elementos técnicos, pode ser treinada e aprimorada. Define-se marcação como ato de impedir a recepção de bola do adversário, ou até mesmo que este progrida pelos espaços da quadra. A marcação pode ser dividida em duas etapas: aproximação (chega-se próximo ao oponente, buscando equilíbrio adequado) e

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abordagem (ação de abordar o adversário, tentando buscar a posse de bola ou impedir o passe do mesmo) (VOSER, 2003).

 Condução: A condução é executada quando se está com a posse de bola, tem como objetivo deslocar-se na quadra de jogo. Como princípio básico, deve-se estar sempre com a bola próxima os pés, pois no futsal não há espaço para condução longa. Pode ser executada em linha retilínea ou sinuosa. Existem três formas de se fazer esta condução: face interna do pé, face externa do pé e face plantar (ANDRADE JUNIOR, 1999; BELLO; ALVES, 2008).

 Cabeceio: É uma importante qualidade técnica utilizada no futsal, em situações de passe, defesa ou ataque. Nota-se que várias equipes adotam jogadas com bolas aéreas utilizando este fundamento (MUTTI, 2003). Para Voser (2003), é o ato de golpear a bola com a cabeça, podendo ser classificado quanto ao objetivo (ofensivo ou defensivo) e à execução (frontal e lateral).

Os fundamentos a seguir são apenas citados por Gomes e Machado (2001):  Antecipação: Caracteriza-se pela ação na qual o atleta toma a frente do adversário, interceptando a bola. A antecipação gera, na maioria das vezes, um contra-ataque, devido a isso, deve-se tentar antecipar procurando manter a bola sob controle para dar sequência ao jogo. Em síntese, afirma-se que há dois objetivos com a antecipação, sendo retomar a posse de bola ou simplesmente impedir que o adversário receba a bola.

 Proteção de bola: Conceitua-se como o ato do atleta manter a posse de bola, utilizando seu corpo como um obstáculo entre o marcador e a bola. Esse fundamento é utilizado no momento em que o jogador encontra-se impossibilitado de dar continuidade ao jogo, sendo acuado pelo adversário, então executa-se a proteção de bola para não perder a posse da mesma.

 Desmarcação: Ação de se afastar do adversário através de ligeiros deslocamentos, buscando espaços livres na quadra, permitindo ao companheiro em posse de bola uma opção de passe. Para execução deste fundamento é necessário saber fintar e correr com velocidade.

Deve-se ressaltar que no futsal, a posição do goleiro é diferenciada, pois lhe é permitido usar as mãos dentro de sua área de meta, tendo como principal objetivo impedir o gol adversário. Bello e Alves (2008) afirmam que, atualmente, os goleiros,

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além de exercerem seus fundamentos específicos, precisam executar praticamente todas as ações técnicas dos jogadores de linha. Mutti (2003) corrobora, afirmando que “além de defender seu gol contras as investidas do adversário, também é peça de grande valor nas ações ofensivas de sua equipe”.

Voser (2002) e Mutti (2003) definem como os principais fundamentos técnicos dos goleiros:

 Defesas baixas: exercidas abaixo da linha da cintura;  Defesas altas: exercidas acima da linha da cintura;

 Pegadas: rasteiras, médias e altas, de acordo com a trajetória da bola;

 Espalmada: toque na bola fazendo com esta se desvie da meta. É executada em chutes muito fortes que impossibilitam a pegada;

 Queda lateral e salto: executam-se com o objetivo de colocar o corpo em uma posição que facilite a defesa em bolas fora de seu alcance quando se está em uma posição básica no gol;

 Fechar o ângulo: diminuir o espaço do atacante, ou seja, fazer com que o gol pareça menor;

 Lançamentos: podendo ser rasteiros, altos, curtos ou longos;

 Saída de gol: intervenção fora de sua área de meta, com o objetivo de impedir as finalizações ou ações de ataque do adversário. Utiliza-se qualquer parte do corpo, com exceção das mãos, para tentar interceptar a bola.

4.4 Desenvolvimento técnico específico

No ensino do futsal, existem capacidades técnicas a serem desenvolvidas de diferentes formas nas diferentes fases de aprendizagem (SANTANA, 2004).

As modalidades esportivas coletivas proporcionam um ambiente rico em situações de imprevisibilidade, devido a isso, necessitam da resolução de problemas por parte dos jogadores através de uma atitude tático-estratégica. Tal atitude, para ser tomada, depende do nível de conhecimento que esse jogador possui da modalidade em questão, sendo esse conhecimento construído por meio da aplicação técnica e tática, permitindo a resolução de diversos problemas relacionados à configuração do jogo (GARGANTA, 1994, apud CORRÊA; SILVA; PAROLI, 2004). Baseado nisso, pode-se afirmar que esses problemas a serem

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resolvidos no jogo, devem ser propostos, durante os treinamentos (aulas), pelos professores responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem.

4.4.1 Método Parcial

Baseado em estudos, Borges (2011) afirma que há uma tendência tecnicista para o ensino do futsal, isto é, baseia-se no ensino por partes, de forma que a repetição e automatização dos gestos técnicos prevalecem com relação a uma abordagem global.

Tratando-se de métodos parciais, analíticos, exercícios por partes e focados na técnica, considera-se o princípio analítico-sintético, definido como “[...] aquele em que o professor parte dos fundamentos, como partes isoladas, e somente após o domínio de cada um dos fundamentos o jogo propriamente dito é desenvolvido.” (REIS, 1994, apud PINTO; SANTANA, 2005).

O método parcial de ensino foi criado a partir das modalidades individuais. Essa metodologia pode ser definida de diversas formas, porém todas apresentam o mesmo sentido, que afirmam que as habilidades (técnicas) são trabalhadas sem o contexto de jogo, de maneira que, posteriormente, sejam transferidas para as situações do jogo (PINTO; SANTANA, 2005). O treinamento orientado pelo princípio analítico-sintético é caracterizado por três aspectos:

 Ensino dos fundamentos técnicos, divididos em etapas até sua automatização, com intuito de se tornar possível sua aplicação no jogo (FONSECA, 1997, apud PINTO; SANTANA, 2005);

 Sequência de exercícios especificamente técnicos, para que, ao final da aula, se proceda ao jogo (GRECO, 1998, apud PINTO; SANTANA, 2005);

 Extinção do jogo e da brincadeira (SANTANA, 2004).

O método analítico de ensino baseia-se no desenvolvimento das capacidades técnicas. O modelo para se executar o gesto técnico de forma adequada é formado baseado na análise do movimento de atletas de alto nível, posteriormente é ensinado ao iniciante como a única forma correta de executar o movimento. Devido ao alto grau de complexidade, essas habilidades são divididas em fundamentos técnicos, como exemplo o passe, chute, drible, etc. Esses fundamentos são ensinados ao iniciante fora do contexto de jogo para depois haver aplicabilidade no jogo propriamente dito. Com esse método de ensino, acredita-se que quanto maior

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for o domínio técnico do aprendiz, maior será sua capacidade de enfrentar as situações-problema de caráter tático pertencentes ao jogo (ARJONES, 2008).

Para estruturação de um treinamento especificamente técnico, deve-se considerar a estrutura temporal (quando realizar o movimento), a frequência com que se apresentam os exercícios e a precisão (GRECO, 1988, apud COSTA; NASCIMENTO, 2004). Nesse método de trabalho, a forma de se executar os movimentos é evidenciada, permitindo o domínio total da técnica, ou seja, gesto motor executado de maneira correta.

Para Pinto e Santana (2005), como benefício do desenvolvimento do método analítico, tem-se a boa execução das diferentes técnicas do futsal, porém os aprendizes perdem cognitivamente, ou seja, o aluno é ensinado a repetir exercícios e não a solucionar problemas, limitam-se a um modelo e não se adaptam a novas situações, executam a técnica (como fazer), porém não possuem estímulos para sua aplicabilidade no jogo, associada ao o que fazer, quando fazer e por que fazer. O método analítico não capacita a criança a solucionar problemas que se apresentam no jogo, pois esta aprende a técnica e, possivelmente, se tornará competente nisso, porém não será garantido que ela possa jogar bem futsal.

Para Garganta (2002, apud COSTA; NASCIMENTO, 2004), no método de ensino parcial, o qual o gesto técnico é privilegiado, a aplicação do jogo é retardada até que os movimentos atinjam o nível desejado, não permitindo, segundo Gama Filho (2001, apud COSTA; NASCIMENTO, 2004), o processo de tomada de decisão devido ao fato do aluno conhecer, de forma antecipada, o movimento a ser realizado. Costa e Nascimento (2004) afirmam que a repetição excessiva dos exercícios não proporciona motivação aos alunos, tornando as aulas desgastantes e estressantes.

Em síntese, Pinto e Santana (2005) consideram que “um processo de ensino centrado na repetição de exercícios inibe conflitos e problemas, logo inibe a criatividade e a tomada de decisões.”

4.4.2 Método Global

O método global refere-se ao princípio metodológico global-funcional. Por definição, são jogos esportivos simplificados de acordo com cada idade, através de um aumento gradual de dificuldades na formação dos jogos até que se aplique o

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jogo final (DIETRICH, DURRWACHTER e SCHALLER, 1984, apud PINTO; SANTANA, 2005). Para Pinto e Santana (2005), nesse caso, a principal medida metodológica se dá pela série de jogos, sendo eles recreativos, grandes jogos ou pré-desportivos.

Atualmente trata-se muito dos jogos condicionados, de maneira que os princípios do jogo regulam a aprendizagem. Os conservadores do método parcial de ensino acreditam que se desconsidera a técnica no método global, porém, ao contrário do que se pensa, o elemento técnico é um dos três componentes indicadores da qualidade do jogo, sendo eles: estruturação do espaço onde ocorre o jogo; comunicação na ação (a sua utilização); e a relação do aprendiz com a bola (técnica). As metodologias devem partir das variáveis técnico-táticas do jogo, desde que se respeite a cultura corporal dos alunos (BORGES, 2011).

O método global, comparado ao analítico, focaliza no aluno o estímulo de sua capacidade cognitiva e nível de compreensão das relações/interações envolvidas no jogo (CORRÊA; SILVA; PAROLI, 2004).

A metodologia analítica limita-se, principalmente, pela dificuldade que os alunos possuem em transferir os componentes técnicos aprendidos para a situação real do jogo. A principal vantagem do método global, em relação ao analítico, encontra-se pelo alto nível de motivação proporcionado aos alunos, permitindo-lhes a possibilidade da resolução de problemas no processo de aprendizagem. Os alunos aprendem de forma gradativa e motivadora, sendo os princípios do jogo os reguladores da aprendizagem, estimulando sua interpretação e aplicação, perante o desenvolvimento das capacidades técnicas a partir das dificuldades táticas (COSTA; NASCIMENTO, 2004).

Segundo Mesquita (2000, apud COSTA; NASCIMENTO, 2004), para haver transferência dos elementos técnicos para o jogo, o aprendiz deve vivenciar, desde o início do processo de ensino, progressões que evidenciem as situações reais de jogo, para que se dê sentido à aprendizagem. Nas modalidades esportivas coletivas, as situações de jogo se modificam constantemente, estando as habilidades técnicas sujeitas a variações de ritmo, intensidade e amplitude. Devido a isso, encontra-se o principal sentido ao método global, pois se apresenta a situação real do jogo, em que os elementos técnicos e táticos são evidenciados.

Moreira e Greco (2005) afirmam que os jogos esportivos coletivos precisam ser ensinados com uma situação mais próxima do que ocorre no jogo em si. Garganta

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(2002, apud MOREIRA; GRECO, 2005) corrobora, afirmando que, através das modalidades coletivas, a criança deve desenvolver, além da execução do gesto motor, assimilação das ações e princípios do jogo. Mesmo na infância os treinamentos técnico-táticos devem ser oportunizados em forma de jogos. A metodologia pode ser elaborada através da diminuição de espaços, proximidade das traves e/ou jogos com superioridade ou inferioridade numérica. Essa metodologia pode ser aplicada para que as atividades aprendidas envolvam um nível adequado de operações motoras e cognitivas por parte dos alunos.

López (2002, apud PINTO; SANTANA, 2005) afirma que o método globalizado permite a interação dos aspectos da criatividade, imaginação e o pensamento tático do jogador. Segundo o autor, existem três principais objetivos nessa metodologia:

 Constante tomada de decisão por parte dos alunos, permitindo ser desenvolvida sua inteligência tática, solucionando problemas que ocorrem durante o jogo;

 Fazer com que o jogador compreenda, de forma facilitada, sobre a real estrutura de jogo quanto às situações defensivas e ofensivas, que exigem do jogador uma postura diferente para cada ação;

 Permite que o aluno enfrente a competição com mais segurança.

É importante ressaltar que os jogos realizados de forma prévia não devem ser mais difíceis que o jogo propriamente dito. Quanto aos conservadores do método analítico, que afirmam que é necessária aquisição da técnica das diferentes habilidades para depois poder jogar, deve-se atentar ao fato de que os alunos não chegam às aulas “em branco”, pois estes, segundo Graça (1998, apud PINTO; SANTANA, 2005), possuem um repertório rudimentar de habilidades, permitindo-lhes jogar e atualizar o seu repertório motor. O jogo permite a interação do aluno com os imprevistos decorrentes na partida, como o posicionamento do adversário, posicionamento dos companheiros, sobre o que fazer com e sem a bola, etc. Como consequência da vivência do jogo condicionado ou reduzido, têm-se o desenvolvimento da inteligência para jogar, projetando uma herança de movimentos e de visão tática promissora para o aprendiz.

Pinto e Santana (2005) apontam, pelo menos, seis justificativas para aplicação do método global (jogo):

 O jogo atende o desejo de jogar da criança;  O jogo motiva a criança a aprender;

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 O jogo desenvolve a inteligência tática;  O jogo favorece as trocas sociais;  O jogo facilita o desenvolvimento moral;  O jogo não exclui a técnica.

Essas são considerações são baseadas no fato de que o ensino do futsal deve buscar as situações reais de jogo, ou seja, o aluno deve ser confrontado com as situações que enfrentará em uma partida de futsal. Dessa forma, não haverá comprometimento da inteligência tática e nem do repertório motor da criança.

4.5 Iniciação e especialização esportiva precoce

No contexto da crescente popularização do futsal, apesar dos inúmeros benefícios promovidos por sua prática, há um grande problema que se desencadeia, sendo este a iniciação especializada cada vez mais precoce da modalidade em questão (SILVA; ULBRICH, 2011). Para Santana (2004), a grande preocupação não se refere, principalmente, ao por que da inserção cada vez mais cedo de crianças praticando futsal, mas sim se as metodologias e princípios pedagógicos empregados aos alunos são apropriados para a faixa etária e desenvolvimento dos mesmos.

A iniciação esportiva compreende o período em que a criança inicia o processo de aprendizagem de forma específica e planejada da prática esportiva (PEREIRA; LUPES; GORSKI, 2011), Santana (2005, apud RAMOS; NEVES, 2008) acrescenta, afirmando que o principal objetivo, nessa fase, é dar continuidade ao desenvolvimento de forma integral, não implicando em competições regulares.

A especialização precoce é definida através do processo pelo qual a criança se torna específica em uma determinada modalidade esportiva, ocorrendo isso antes do período apropriado (PEREIRA; LUPES; GORSKI, 2011). Para Ramos e Neves (2008), a especialização esportiva precoce é a “[...] proposição de atividades esportivas competitivas que, via de regra, são precedidas de rigorosos comportamentos inadequados ao desenvolvimento infantil com o objetivo do máximo desempenho esportivo.”

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4.5.1 Especialização precoce no futsal

Segundo Silva e Ulbrich (2011), no período de iniciação ao futsal é necessário que se respeite o período de maturação do desenvolvimento motor de cada criança, no entanto, não é o que se observa nas instituições que promovem o ensino do futsal, pois muitas delas permitem o início da aprendizagem da modalidade a partir dos cinco anos de idade, para Pereira, Lupes e Gorski (2011) são situações em que, muitas vezes, a criança não está ali por vontade própria, mas pelo desejo dos pais. Esta ação, por si só, é um motivo alarmante no que diz respeito à iniciação esportiva, pois para Santana (2004), levar uma criança à prática especifica de uma única modalidade, deve ocorrer apenas por volta dos 10 ou 11 anos de idade.

Gomes e Machado (2001) acreditam que, tratando-se de gesto técnico, deve-se atentar ao fato de que a fase da infância não é apropriada para especialização, mas sim para aprendizagem, formação e constituição de valores oportunos para aproveitamento em futuras etapas do treinamento. Os fundamentos especificamente técnicos podem ser utilizados como elementos de auxílio para formação geral do aprendiz.

Para Santana (2005, apud PEREIRA; LUPES; GORSKI, 2011), as consequências de haver especialização precoce estão ligadas ao fato de se adotar, por um longo período, métodos incompatíveis com as características, vontades e necessidades da criança. Os efeitos, possivelmente negativos, podem não se manifestar imediatamente, mas após um longo período de tempo. Outro risco existente com a especialização precoce encontra-se no estresse da competição, caracterizado por sentimento de insegurança, causado pelos conflitos vindos da prática excessivamente competitiva, isto é, a criança tem medo de errar, se sente insegura e sua auto-estima é ameaçada; há a saturação esportiva, que é o sinal de desânimo em continuar a prática desportiva e, por fim, lesões que ocorrem, principalmente, pela prática excessiva e inadequada de sua faixa etária. Voser (2003) alerta que a prática desportiva realizada precocemente e sem orientação adequada pode trazer diversos prejuízos à saúde da criança, como por exemplo, problemas de caráter ósseo, articular, muscular, cardíaco e emocional, dependendo da modalidade praticada.

Muitos profissionais responsáveis pelo processo ensino-aprendizagem se baseiam em referenciais de rendimento, vitórias, quebra de recordes e resultados

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em curto espaço de tempo (SANTANA, 2001 apud SILVA; ULBRICH, 2011). Esse tipo de proposta para ensino do futsal é totalmente desvinculado ao processo pedagógico de formação e é, na maioria das vezes, reconhecida e bem aceita pelos pais, pois busca-se a descoberta e revelação de novos talentos. No entanto, deixa-se de lado a complexidade de todo o processo de formação e dedeixa-senvolvimento da criança, que envolve princípios, objetivos, estratégias, comunicação, conteúdos, diálogos, valores estes que devem ser trabalhados em conjunto com a competição, participação, motivação, cooperação, auto-estima, além do aprendizado técnico e tático do futsal (SANTANA, 2004).

A iniciação ao futsal deve estar comprometida com a promoção de valores indispensáveis ao desenvolvimento do aluno, de maneira que se valorize a criança enquanto ser criativo, espontâneo e em formação. Em síntese, pode-se afirmar que [...]

[...] a iniciação precoce especializada, causa mais danos do que benefícios nas crianças praticantes de futsal. A sua grande complexidade nas fases de desenvolvimento das crianças requer um lastro de tempo e condições apropriadas para que a formação das habilidades e capacidades específicas sejam assimiladas e transformadas em destrezas (SILVA; ULBRICH, 2011).

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5 CONCLUSÃO

A partir da literatura revisada, é possível concluir que o profissional responsável pelo processo de ensino do futsal deve ampliar sua visão quanto ao contexto de divisão por faixa etária, ensino da técnica e observação minuciosa quanto aos métodos global e parcial. Observou-se claramente que o futsal, ensinado de forma global, isto é, através de jogos que simulam as situações reais de jogo, traz mais benefícios ao aprendiz em relação ao método parcial. A metodologia global proporciona à criança, já no período de iniciação, o desenvolvimento técnico a partir das dificuldades táticas, desenvolvendo suas capacidades cognitivas, favorecendo melhor leitura do jogo, sendo estas capacidades fundamentais para bom desempenho no futsal.

Em se tratando de iniciação esportiva, há diversas formas de divisão por faixa etária que podem ser utilizadas para que se tenha um trabalho mais elaborado, porém se faz necessária, por parte dos profissionais responsáveis pelo ensino, visão crítica e aceitação sobre esta metodologia. Para cada faixa etária existe uma forma de se conduzir determinada atividade, objetivando o desenvolvimento motor infantil, a iniciação e a especialização desportiva. Desta forma, entre respostas imediatas e a longo prazo, todas as características necessárias para um bom desempenho no futsal serão alcançadas, porém, mencionado todos os fatores que contextualizam a iniciação e especialização esportiva precoce, observa-se, de diversas formas, o quanto é prejudicial à criança, sendo necessário que se tome diversos cuidados para evitá-las.

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Referências

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