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Análise da influência de ações de educação em saúde na prevenção de dores osteomusculares. 1

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Análise da influência de ações de educação em saúde na prevenção de dores osteomusculares.1

Analysis of the influence of health education actions on prevention of musculoskeletal pain. Análisis de la influencia de las acciones de educación para la salud en la prevención del dolor musculoesquelético

Ricoldi Paulo Edson², Brasileiro Marislei Espíndula3. Análise da influência de ações de educação em saúde na prevenção de dores osteomusculares. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2013 jan-jul 2(2) 1-13. Available

from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>.

Resumo

Objetivo: analisar a influência de ações de educação em saúde na prevenção e dores osteomusculares de origem laboral. Materiais e Método: estudo do tipo exploratório, bibligráfico com análise integrativa, qualitativa da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: identificou-se que as ações de educação em saúde tem importante papel na prevenção de dores osteomusculares. Além de se tratarem de medidas de baixo impacto financeiro, ainda de contribuem expresivamente para a redução de índice de absenteísmo e afastamentos. Também são importantes para a adaptação do ambiente de trabalho a partir de propostas ergonômicas, que valorizem o visão do trabalhador e com isso colaborem para a obtenção de um ambiente que proporcione maior bem estar e conforto para o desenvolvimento de suas atividades diárias. Contudo, ainda existe uma certa resistência por parte do empregador que muitas vezes julga desnecessário adoção de medidas educativas julgando não serem efetivas na minimização da problemática. Conclusão: porém no decorrer do estudo foi possível notar a efetividade da promoção e prevenção no controle e redução das dores osteomusculares de origem laboral.

Descritores: educação em saúde, prevenção, dor osteomuscular.

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Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem do trabalho turma nº 15ª, do Centro de Estudos de

Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

2 Enfermeiro especialista em Acreditação de Serviços Hospitalares – FCM-MG, especialista em Enfermagem do Trabalho - CEEN, Coordenador de Medicina Preventiva Unimed Regional Sul Goiás email: paulo.edson@unimeditumbiara.com.br.

3 Doutora em Ciências da Saúde – FM-UFG, Doutora – PUC-Go, Mestre em Enfermagem - UFMG, Enfermeira, Docente do CEEN, e-mail: marislei@cultura.trd.br.

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1 Introdução

Atuando na área de saúde do trabalhador observou-se, atualmente, o aumento progressivo nos índices de absenteísmo e de afastamentos por dores osteomusculares. Tal problemática sugere a necessidade da implantação de uma concepção preventiva que promova maior bem estar e qualidade de vida dos trabalhadores e a consequente redução desses índices.

Ações de promoção da saúde e prevenção de riscos são fundamentais para a reorientação dos modelos assistenciais, sendo uma estratégia de articulação transversal que objetiva a melhoria na qualidade de vida e a redução dos riscos à saúde, por meio da construção de políticas públicas saudáveis, que proporcionem melhorias no modo de viver (1). Inclui-se nesse contexto a saúde do trabalhador, onde os objetivos dos profissionais de saúde na abordagem dos casos de dores osteomusculares de origem laboral não devem se restringir ao acolhimento humanizado e qualificado nos serviços assistenciais; devem também estar voltados à postura de se manter uma atitude ativa frente às possibilidades de prevenção que cada caso pode oferecer (2).

A alta prevalência de LER/Dort tem sido explicada por transformações do trabalho e das empresas cuja organização tem se caracterizado pelo estabelecimento de metas e produtividade, o que exige-se a adequação dos trabalhadores às características organizacionais das empresas, pautadas por intensificação do trabalho, aumento real das jornadas e prescrição rígida de procedimentos, impossibilitando manifestações de criatividade e flexibilidade (2).

Outra grande preocupação em relação às dores de origem osteomuscular é o fato de a mesma poder acarretar a incapacidade do trabalhador, gerando seu afastamento, tanto temporário como permanente, e, como consequência, gerar um custo elevado em seu tratamento, substituições e indenizações (3).

De acordo com dados do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS), entre os anos de 2002 e 2010 foram notificados em média 24 mil novos casos de Doenças do Trabalho por ano, sendo, em 2010, as patologias mais incidentes lesões no ombro, sinovites, tenosinovites e dorsalgias ambos os problemas ostemusculares e que corresponderam a 42,1% do total de notificações. Mesmo com um histórico de redução gradativa no número de casos registrados anualmente, acredita-se que a intensificação de trabalhos de educação em saúde associados a uma adequação do ambiente laboral às Normas Regulamentadoras em vigência seja um importante aliado para a redução no número de trabalhadores que necessitam de algum benefício devido o surgimento de problemas de origem osteomuscular relacionado a sua atividade laboral (4).

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A partir desses dados, questiona-se: seria eficiente a implantação de ações de educação em saúde na prevenção do surgimento de dores osteomusculares relacionadas ao trabalho?

Historicamente, relatos de cuidados com a saúde do trabalhador pode ser encontrados inclusive em textos bíblicos onde em Deuteronômio (22:8), onde sugere-se a implantação de parapeitos na construção de edificações para evitar quedas (7). Porém, foi Bernardino Ramazzini que ao final do século XVII e começo do século XVIII, escreveu um importante tratado sobre doenças ocupacionais, indicando a incorporação de perguntas específicas sobre a ocupação durante a anamnese clínica, antecipando formas de prevenir e tratar enfermidades, como as osteomusculares, ainda prevalentes (8).

No Brasil, o início da “identificação e do registro documental de problemas relacionados à saúde do trabalhador data do século XIX, mas a incorporação desta temática a investigações de caráter científico ocorreu somente mais tarde, nas escolas médicas” (8).

Já no século XX, é possível se pensar em ações de atenção primária a partir da Conferência Internacional sobre os cuidados Primários de Saúde, ocorrida em 1978, ocasião em que se formulou a declaração de Alma Ata. O documento conceitua saúde como sendo um “estado de completo bem- estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental.” E ainda inclui a promoção e proteção da saúde dos povos como essencial para o contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz mundial (9).

Em 1986, na Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, foi elaborada a Carta de Ottawa, que discutiu principalmente as necessidades em saúde dos países industrializados e destaca a promoção de saúde como não sendo responsabilidade exclusiva do setor saúde, indo para além de um estilo saudável na direção de um bem-estar global. E assim, coloca a promoção da saúde como uma ação coordenada entre todas as partes envolvidas: governo, setor saúde e outros setores sociais e econômicos, organizações voluntárias e não governamentais, autoridades locais, indústria e mídia (10).

Com isso o enfermeiro do trabalho possui a função educativa como uma de suas atribuições, envolvendo o trabalhador com atividades de orientação a fim de promover o autocuidado, entre as quais, o planejamento e execução de programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais e melhorar as condições de saúde do trabalhador (3).

Diante dessa temática surgiu a motivação para realização deste estudo que objetiva, a partir de uma revisão bibliográfica, analisar produções científicas a fim de comprovar a influência de ações de educação em saúde na prevenção de dores osteomusculares e assim servir de referência para melhoria do bem estar e qualidade de vida do trabalhador.

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2 Objetivos

Analisar, através de relatos bibliográficos e produções científicas, a influência de ações de educação em saúde na prevenção e dores osteomusculares de origem laboral.

3 Materiais e Método

Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório, descritivo com análise integrativa.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites (5). O estudo descritivo-exploratório tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (6).

Após a definição do tema fez-se uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram utilizados os seguintes descritores: prevenção, educação em saúde e dores osteomusculares. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde - LILACS, National Library of Medicine – MEDLINE e Bancos de Dados em Enfermagem – BDENF, Scientific Electronic Library online – Scielo, banco de teses USP, no período de 2003 a 2013.

Para o melhor conhecimento do tema abordado e seu contexto histórico incluiu-se na pesquisa publicações e normatizações elaboradas pelo Ministério da Saúde, Ministério da Previdência Social, Agência Nacional de Saúde Suplementar além de publicações resultantes de Congressos Internacionais.

Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa.

Posteriormente iniciou-se uma leitura interpretativa ligando os dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Proporcionando uma busca mais ampla de resultados e buscando possíveis soluções ao problema. Feito isso se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as ideias principais e dados mais importantes.

A partir de então foi confeccionado um quadro de resultados em um documento de Excel objetivando a identificação das obras consultadas, as citações importantes para serem

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inclusas no estudo, os registros e comentários ordenadamente. Isso propiciou a coordenação das ideias que acataram o objetivo da pesquisa. Todo esse processo possibilitou a criação de uma categoria dividida em três subitens.

A seguir, os dados apresentados foram submetidos à análise de conteúdo. E posteriormente, discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas, livros e publicações estatais, para a construção do relatório final e formatação do trabalho de acordo com a metodologia Vancouver.

4 Resultados e Discussão

Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, MEDLINE, SCIELO, BDENF e Banco de Testes USP utilizando-se as palavras-chave prevenção, educação em saúde e dores osteomusculares encontrou-se 20 artigos. Destes foram excluídos 7 artigos, sendo 4 por não terem sido publicados últimos 10 anos e 3 por não terem abordados temáticas que pudessem contribuir para o conteúdo da pesquisa.

Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão e pontos em comum de diversos autores acerca da importância das ações de educação em saúde na prevenção de dores osteomusculares relacionadas ao trabalho. Sendo esta uma categoria do trabalho posteriormente discutida em três subitens.

4.1 As Ações de Educação em Saúde ajudam na prevenção dores osteomusculares relacionadas ao trabalho.

Dos 13 artigos selecionados para o estudo, 6 foram elaborados por enfermeiros com formação em enfermagem do trabalho, 2 por equipe multidisciplinar incluindo enfermeiros do trabalho, 3 por profissionais que lidam com pesquisas de saúde pública, 01 de engenharia de produção e 01 de cientista social. A partir desses dados é possível associar o Enfermeiro do Trabalho como um importante profissional para lidar com o desenvolvimento de ações que venham a prevenir dores osteomusculares de origem laboral.

Todos os artigos pesquisados abordaram as ações de promoção e prevenção como alternativas para a problemática, sendo que apenas um deles abordou a promoção da saúde como tema principal. Outras temáticas discutidas nos artigos selecionados foram: a Enfermagem do trabalho e sua importância na promoção da saúde, encontrada em 2 artigos; os riscos de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho em trabalhadores da área de saúde, 3 artigos; índices de absenteísmo e afastamentos relacionados à DORT, 2 artigos; principais agentes causadores da DORT, 3 artigos; e a vida de portadores de DORT, 2 artigos; histórico da saúde do trabalhador no Brasil, 1 artigo.

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A Carta de Ottawa define promoção de saúde como o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Com isso objetivando reduzir as diferenças no estado de saúde da população e assegurar oportunidades e recursos igualitários para capacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde, e então gerar condições de vida e trabalho seguras, estimulantes, satisfatórias e agradáveis (10).

Um estudo social definiu a promoção da saúde “no primeiro de três níveis de prevenção (o da prevenção primária) e lá responderia pelas ações da fase pré-patogênica, de modo a zelar, através de ações de proteção específica contra os agravos, com prevenção e educação em saúde” (11).

Foi realizado um breve estudo associando a enfermagem do trabalho e a ergonomia e discorrendo que podem ser evitadas situações de risco por meio de propostas educativas e conscientizadoras elaboradas pelos enfermeiros do trabalho, visando à adaptação do trabalhador ao seu ambiente laboral (12). ”A enfermeira do trabalho possui função educativa como uma de suas atribuições. Essa atribuição envolve o trabalhador com atividades educativas a fim de promover o autocuidado, entre as quais, o planejamento e execução de programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais e melhorar as condições de saúde do trabalhador” (3).

A maioria das publicações insere a enfermagem do trabalho como essencial na criação e desenvolvimento de educação e conscientização dos trabalhadores, porém é essencial que o trabalhador seja assistido por meio de um serviço de saúde ocupacional, composto por equipe multidisciplinar onde todos estejam aptos a elaborar e executar programas de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos empregados (3).

Os conceitos de promoção da saúde diretamente interligados às ações de educação e os conteúdos encontrados nos artigos pesquisados possibilitou a divisão da discussão dos resultados a partir de três benefícios das ações educativas na prevenção de dores osteomusculares. São eles: a associação das dores osteomusculares relacionadas ao trabalho, o absenteísmo e o baixo custo das ações de promoção; as adaptações do espaço físico e seus benefícios ao trabalhador; a importância da inserção do conhecimento e visão do trabalhador nas ações de promoção da saúde.

4.1.1 A associação das dores osteomusculares relacionadas ao trabalho, o absenteísmo e o baixo custo das ações de promoção da saúde.

A constante tentativa de mudança no modelo assistencial na busca da implantação de uma visão preventivista, sempre teve como um de seus fundamentos o baixo custo e seus

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benefícios à população mesmo que os resultados sejam notados em longo prazo. Durante a leitura exploratória do tema notou-se que alguns autores interrelacionaram a importância das ações de promoção à saúde como solução para redução nos índices de absenteísmo, melhoria na qualidade da produção e seu baixo impacto financeiro.

Empresas que optam por adoção de medidas de promoção e prevenção provam que essa “é a melhor maneira de cuidar da saúde do trabalhador, com ações capazes de criar ambientes ergonomicamente adequados e saudáveis. Medidas preventivas representam menor custo se comparadas ao tratamento de um trabalhador doente e ainda previnem o absenteísmo” (13).

No mesmo estudo supracitado o autor ainda ressalta a necessidade em investir em programas preventivos, capacitações, educação em saúde, estratégias de intervenção e organização dos serviços existentes. Justificando que o enfoque preventivo e a educação garantem a melhoria da saúde dos trabalhadores, assim como o aumento da produtividade, e ainda contribui para a redução de custos e encargos causados pelo absenteísmo (13).

Um estudo que mostrou a relação entre o absenteísmo e a saúde do trabalhador indicou que “os dados de morbidade geral e relacionada ao trabalho indicam a necessidade de que medidas de prevenção precisam se pautar pela promoção da saúde, focalizando problemas tanto ocupacionais como não ocupacionais e, assim, evitando futuras faltas ao trabalho” (14).

Este mesmo estudo também referiu o fator social como um importante indicador na ocorrência de adoecimento do trabalhador no ambiente laboral, associando o baixo grau de instrução como fator agravante aos altos índices de absenteísmo, destacando com isso a necessidade de se implantar ações que visem promover maior conhecimento ao trabalhador. Mesmo não sendo tema central de sua pesquisa a autora também cita o absenteísmo frente a seu impacto na produção e suas consequências econômicas para valorizar a importância das ações de promoção à saúde (14).

Em um trabalho específico sobre DORT, o autor destaca a necessidade em considerar que “trata-se uma doença de difícil tratamento e que, normalmente, acarreta afastamento temporário ou permanente do trabalhador”. Assim, fica evidente que a prevenção e promoção da saúde são economicamente melhores para a empresa, pois apresentam um menor custo em relação ao tratamento de um profissional doente (3).

A partir dessas informações notas-se que as faltas ao trabalho podem estar diretamente relacionadas com a pouca instrução do trabalhador, uma vez que estando estes devidamente orientados os riscos do surgimento de alguma dor resultante de sua rotina de trabalho reduz gradativamente.

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Sendo assim é possível concluir que a implantação de ações de educação em saúde aos trabalhadores trará mesmo que em longo prazo uma significativa colaboração na redução de índices de absenteísmo e afastamentos, além de se tratar de uma medida de menor impacto financeiro ao empregador.

Porém alguns estudos mostram que “as causas das faltas ao trabalho são mais frequentemente de natureza geral, não ocupacional, com prevalência três vezes maior do que as ausências motivadas por problemas de saúde resultantes da atividade de trabalho, na perspectiva da compreensão do trabalhador” (14).

4.1.2 As adaptações do espaço físico e seus benefícios ao trabalhador.

No desenvolvimento da pesquisa observou-se uma tendência em alguns trabalhos em referenciar a ergonomia como uma prática de promoção da saúde e preventivista, motivando o destaque deste tema no presente estudo. Ao explicitar a ergonomia consequentemente destacaram a importância da adaptação do ambiente de trabalho ao trabalhador na redução de dados de morbidade de origem laboral.

Um trabalho que destaca as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e a associação com a enfermagem do trabalho concluiu-se havia a “necessidade da implementação de projetos ergonômicos realizados por um profissional que conheça a doença para poder avaliar o local de trabalho e promover a mudança de comportamento profissional através de programas educativos, a fim de prevenir o desenvolvimento e manifestação das DORT” (3).

Ao utilizar uma visão educativa e ergonômica para identificar os fatores de risco, pode observar cada trabalhador e o tipo de tarefa que é desempenhada para, a partir da avaliação, propor as modificações necessárias para poder manter o bem estar físico e psíquico dos mesmos (3).

Em um estudo observacional os autores identificaram que o profissional de enfermagem, mesmo tendo certo conhecimento de anatomia e fisiologia humana, mantém postura corporal inadequada e não observa corretamente a mecânica corporal. Diante disso, a educação em serviço pode ser uma excelente estratégia de intervenção frente a esses problemas que, muitas vezes, sequer são percebidos pelo trabalhador e são tão danosos ao sistema musculoesquelético (15). A partir desse contexto Przysiezny, cita em seu artigo com enfoque voltado à ergonomia a Back School ou Escola de Postura que desenvolve um programa específico com aulas teóricas e práticas direcionadas aos indivíduos independente da presença de algum problema de coluna (16).

Estudos têm relatado melhorias nos ambientes de trabalho por meios preventivos, provenientes da ciência ergonômica. Tais evoluções podem ser visualizadas pelo adequado

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planejamento na distribuição de dispositivos e materiais, organização de mobiliários, iluminação adaptada, controle das condições de ruído, estruturação das atividades, inclusão de novos dispositivos de trabalho e/ou modificações naqueles já existentes (12).

Partindo desses relatos nota-se a ergonomia é um importante aliado da nas ações de promoção e prevenção trazendo como seu objetivo primordial não apenas de adaptar o ambiente ao trabalhador, como também educar os mesmos em como se portar diante de suas rotinas diárias.

Com isso a inclusão da ergonomia torna-se fator primordial para a obtenção de resultados satisfatórios nas ações de educação em saúde, não apenas para ensinar o trabalhador como se portar diante de suas rotinas diárias como também para elaboração de planos de adaptação do ambiente laboral e assim promover maior conforto aos colaboradores em suas funções.

Paradoxalmente alguns trabalhos indicam que as morbidades surgidas devido à atividade laboral em grande parte se devem “à mecanização do trabalho, fragmentação das tarefas e maior repetição, além de fatores psicossociais como trabalho monótono, pesado e inconsciente, pressão pelo tempo, baixo tempo, baixo suporte social e fatores psicológicos individuais (16)”. Havendo com isso certa resistência por parte do empregador, pois estes teriam uma grande responsabilidade em se adaptar as propostas ergonômicas sugeridas.

4.1.3 A importância da inserção do conhecimento e visão do trabalhador nas ações de promoção à saúde.

Apesar do enfoque deste item também incluir-se no conceito de ergonomia, optou-se por apresentá-lo separadamente a fim de destacar a importância da visão e conhecimento do trabalhador.

Promover maior conhecimento entre os trabalhadores e ouvi-los “se torna parte essencial no processo de prevenção dores osteomusculares, uma vez que se sabe que há desinformação sobre o problema e isso indiretamente induz as pessoas a esconderem seus sintomas, o que acaba comprometendo o diagnóstico e tratamento corretos” (13).

Como justificativa, um estudo realizado com profissionais de enfermagem analisando as condições de trabalho, características sociodemográficas e distúrbios musculoesqueléticos, mostrou que somente metade desses profissionais “possuem uma boa percepção sobre os riscos existentes em seu local de trabalho” (15). Contudo os diversos atores sociais envolvidos neste tema fazem que seja necessário um novo olhar, contando com a participação dos empregadores na busca de solução (17).

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É de fundamental importância que os “profissionais conheçam os recintos onde desempenharão suas funções e os principais riscos inerentes a elas para se preservarem de possíveis riscos à saúde, bem como a busca, pelo enfermeiro laboral, de subsídios que os orientem e conscientizem das necessidades de prevenção, sempre considerando a visão do trabalhador para a elaboração de um plano de conscientização” (12).

Assim “a busca de instrumentos que privilegiem medidas de prevenção deve ser ampliada, incorporando o conhecimento dos trabalhadores para que melhorias nas condições de trabalho e defesa da saúde possam ser potencializadas” (17).

Portanto, o trabalhador mesmo não estando habilitado a elaborar e desenvolver projetos ergonômicos, são os principais responsáveis por indicar situações e riscos voltados a suas atividades de trabalho.

Apesar da importância da inclusão da opinião do trabalhador, ainda há muita resistência por parte do empregador uma vez que o mesmo muitas vezes entende desnecessário “a adoção de medidas preventivas capazes de minimizar o problema” (18).

5 Considerações Finais

O objetivo do estudo foi analisar relatos bibliográficos e produções científicas que comprovassem a influência de ações de educação em saúde na prevenção e dores osteomusculares de origem laboral.

Após a leitura exploratória do material selecionado optou-se por abordar as influências de acordo com três vertentes. Primeiramente, correlacionando a ações de educação em saúde como sendo um serviço de baixo custo e como potencial aliado na redução das taxas de absenteísmo e índices por afastamento de trabalho, além de estar também diretamente associado à qualidade na produtividade.

Posteriormente, explorou as ações de ergonomia com as adaptações do espaço físico e seus benefícios ao trabalhador na intenção de promover maior conforto no ambiente laboral. Neste contexto os artigos incluem nas ações de ergonomia a educação do profissional em seu posto de trabalho.

Ao final, destacou-se a importância da visão do colaborador como direcionadora para a elaboração de propostas de atividades de educação em saúde, pois estes mesmo possuindo um conhecimento menos especializado sobre o tema pode apresentar situações do campo de trabalho muitas vezes não identificadas por profissionais responsáveis pela elaboração de projetos que visem o bem estar no ambiente laboral.

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Sendo assim, este estudo possibilitou mostrar que o fato de promover maior conhecimento ao trabalhador através de ações de promoção à saúde pode se tornar um importante aliado na prevenção de dores osteomusculares relacionadas a trabalho. Além disso, contribuem diretamente com o empregador pelo de serem ações de baixo custo que buscam a formação um trabalhador saudável que consequentemente promoverá um serviço de melhor qualidade, além colaborar de na redução de índices de absenteísmo e afastamentos do trabalho.

No decorrer do estudo destaca-se a importância da enfermagem ocupacional em todos os processos de atenção primária, porém é essencial que os trabalhadores sejam assistidos por uma equipe de saúde ocupacional multidisciplinar que estejam aptos a elaborar e executar programas de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos empregados.

Portanto cabe ao empregador entender a importância da adoção de medidas que visem promover maior bem estar e qualidade de vida ao trabalhador através de ações educativas. Compreendendo que essas ações podem influenciar diretamente na qualidade da produção em curto prazo, contribuir para redução de índices absenteísmo e afastamentos. Além disso, ao se capacitar o colaborador este poderá futuramente estar apto a indicar situações de riscos que venham a prejudicar suas atividades de trabalho.

6 Referências

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3. Barboza MCN, Milbrath VM, Bielemann VM, Siqueira HCH. Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) e sua associação com a enfermagem ocupacional. Rev Gaucha Enferm. 2008 Dez; 29(4):633-8.

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