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2957370 Igreja Gnostica a Arnold Krum Heller

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Academic year: 2021

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Breve apontamento biográfico sobre o autor.

O Dr. Krumm Heller, nasceu como Arnold Krumm-Heller a 15 de Abril de 1876

Aos 16 anos, partiu ao encontro de alguns familiares na América do Sul, em busca de trabalho. Aí viajou extensivamente onde ,é suposto, terá aprendido métodos curativos e técnicas medicinais com os índios nativos da Argentina, Chile etc.

Aos vinte e poucos anos, regressou à Alemanha, onde entrou para a fraternidade iniciática Rosa Cruz. Mais tarde voltou à América Latina e criou várias instituições denominadas: “Fraternatis Rosacruciana Antiqua”. Estabeleceu-se na Cidade do México, n qual criou o centro da sua fraternidade iniciática. Foi nomeado deão de linguísticas na Universidade do México, chegou a militar com patente no exército mexicano e foi, igualmente, doutorado em medicina pela Universidade de Berlim. Era aí conhecido pelo nome que adoptou interiorizar: Huirocacha, que é um dos Mestres do Raio da Medicina e Ciência. Samael Aun Weor, para muitos o primeiro avatar da era do Aquário, foi estudante na instituição inicática criada por Huirococha, enquanto jovem, como se pode depreender do que está escrito no livro “As três Montanhas”

Arnold Krumm-Heller (Heller, era o nome de solteira da sua mãe) escreveu muitos livros sobre esoterismo e a Irmandade Rosacruziana. Um dos seus dos seus trabalhos mais conhecidos foi precisamente este; “A Igreja Gnóstica”. Krumm-Heller, expressou sempre o seu desprezo pelos “ensinamentos mortos” das instituições que floresciam durante a primeira parte do século XX. Defendeu que o ensinamento vivo tem sido preservado por certos pequenos grupos de índios no Peru, Colômbia e outros lugares na América Latina. Mais do que apenas ler sobre misticismo em escritos remotos, ele declarou que o verdadeiro conhecimento é o que está acessível a quem o procura. Disse sempre que nunca fugido para a Índia “para comer raízes e usar trapos”, numa clara alusão ao que faziam os teosofistas seus contemporâneos. Pelo contrário, afirmou, os verdadeiros ensinamentos, podem estar ao alcance a todo aquele que ponha em prática certos exercícios esotéricos e busque em si próprio a Verdade Interior.

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A IGREJA GNÓSTICA Primo intelligere, Deinde credere PRÓLOGO

Já que a quarta edição deste livro se esgotou, é com todo o gosto que dou autorização à Livraria Nicolas B. Kier, para que lance de novo este ensaio tão necessário aos meus amigos da Ibero-América.

Confesso que até agora este livro foi um fracasso, fracasso que me doeu muito como autor. Mas a verdade há que confessá-la.

Não um fracasso de vendas, pelo contrário, venderam-se milhares e milhares de exemplares. Mas, chegarei algum dia a ser compreendido?

Nas suas páginas faço um resuma sintético de uma quantidade de Sociedades Iniciáticas do passado

Falo do Nazarenos, dos Peratas, dos Pitagóricos, dos mistérios do Egipto, da Grécia, de Roma, Babilónia, Síria, Pérsia, da Índia, do México e do Peru, cito uma quantidade de autores como Basilides, Simão O Mago, Valentim, Santo Agostinho, Tertuliano, Santo Ambrósio, Irenio, Hipólito, Epifânio, Clemente de Alexandria. Origenes, Marco Cerdón, Empédocles, os Evangelhos Apócrifos, e nunca esperei que nunca me pedissem a chave de tudo isto.

Ninguém o fez. Não leram estas obras. Ninguém estudou a Gnosis. Celebraram a Missa Gnóstica com a mesma rotina com que o fazem as demais igrejas. No Brasil publicaram uma Revista mas por não tratar em nenhum dos seus artigos da face oculta da Gnosis, não merece o nome que tem.

Por isso, agora que volta a sair este livro, eu suplico aos meus leitores que não o leiam superficialmente, mas que repitam a sua leitura várias vezes, que estudem a literatura mencionada em seguida me peçam práticas, só assim teremos os primeiros Gnósticos, porque até este momento, tenho pena de confessá-lo, estou só e se não houver mudança, não voltarei a permitir que se volte a publicar nova edição.

Assim todos os amantes dos estudos herméticos sabem o que fazer.

Se conseguirmos que alguns penetrem nos mistérios, já me darei por satisfeito e ficarei contente.

Que se avance…avance… Dr. Krumm Heller (Huiracocha) Arcebispo da Santa Igreja Gnóstica

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INTRODUÇÃO.

Os arcebispos e Bispos da Santa IGREJA Gnóstica, reunidos em pleno concílio com a devida autorização do Patriarca Supremo de Jerarquia da Igreja e com pleno poder da Fraternidade Branca a que pertencemos, enviamos nossa bênção Apostólica a todos os humanos sem distinção de Sexo, Casta, Raça ou Cor, desejando que a Roda Evolutiva deste ciclo de Vida acelere o seu passo, para que a Fraternidade Universal encarne em todos os Filhos do Pai e o Logos Divino faça florescer a Rosa bendita da Espiritualidade sobre a Cruz gigante da Nossa Terra.

Nós, com os poderes que nos foram conferidos, demos autorização ao Arcebispo da nossa Santa Igreja, Frater Huirococha, para que divulgue este livro em que faz uma exposição doutrinária de quantos são e o que significam os Nossos Sagrados Mistérios, já que é chegado o momento, para que esta Primitiva e Verdadeira Igreja Cristã, saia ao encontro da humanidade na altura em que está começando a Era do Aquário.

Séculos e séculos em silencioso recolhimento e fechada na sua concha para não ser profanada pelo materialismo reinante esteve dormitando a nossa Igreja. Embora encarnando nela a Religião da Razão Mais Pura, possuidora da verdadeira Gnosis do Símbolo e do Mistério e dando-os a conhecer gradualmente em toda a sua nudez virginal, não eram os tempos cheios de egoísmo do passado, os mais favoráveis para uma sementeira divina que mais do que trigo branco, haveria de dar, ao invés, frutos espinhosos.

Hoje a humanidade ansiosa de melhorar, necessita ser espírito e procura incessantemente o Messianismo – que todos aspiram – como um vento de redenção que acaricia as Almas levando-as para um caminho desconhecido… Mas necessita de Uma Voz, uma Palavra, um Grito, um sinal que lhe indique a via ou espera que, de entre todos, surja de novo o Homem que os redima e morra de novo sacrificado às mãos dos mesmos Escribas e Fariseus.

Mas a tua redenção, oh Humanidade dolente, já a tiveste uma vez. A Profecia foi cumprida e a Doutrina Santa do Salvador ainda brilha como fogo vivo nas entranhas do santuário de onde se tornará forte e poderosa, nesta época propícia para o derrube do “edifício do sectarismo” que ofendeu as verdades mais puras.

Vinde, pois, beber nesta Fonte. A Igreja Gnóstica não é apenas mais uma igreja ou um novo ideal religioso inventado ao sabor dos tempos. É a Igreja de Cristo, a que pregou Jesus, o divino Rabi da Galileia, com todos os seus Sagrados Mistérios Iniciáticos. É a Igreja da Redenção, a primitiva Igreja Cristã que sofreu todos os combates do sectarismo católico cuja doutrina adaptou aos seus fins e interesses egoístas. É a Igreja que possui as mais santas revelações, as interpreta e dá a conhecer a Verdade na sua mais cristalina pureza e sem máculas.

A nossa doutrina é Ciência e religião ao mesmo tempo. Como Ciência, remonta a algo superior, supremo, infinito, ultra-cientifico, que está muito acima dos baixos conhecimentos vulgares para que possa encarnar o Saber por Excelência. E como religião procura que o Homem, suprema hierarquia humana, vá despertando em si mesmo os poderes divinos que lhe são peculiares para alcançar um dia a Santa União com a Causa primeira que é a sua génesis. Dentro deste dualismo tem-se em atenção o princípio latino que diz: “Primo intelligere, Deinde credere. (Primeiro entender, depois acreditar.

Este livro, querido leitor, vem preencher uma das maiores necessidades da época actual. É o expoente de uma nova teoria, que apesar de ser tão arcaica é ao mesmo tempo o arauto, o percursor do restabelecimento da Santa Igreja Gnóstica no Mundo.

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A IGREJA GÓSTICA

Assim como existe em quase todas as religiões um livro sagrado, Bíblia ou um conjunto de ensinamentos e doutrinas que integra cada uma, também, nós, os Gnósticos dentro da nossa Igreja, dispomos de um Livro Santo. Advertimos, no entanto, aqueles que quiserem começar por este livro o seu estudo, que para compreender os diferentes autores há que tomar em conta não só a época bem como o sentido esotérico em que foram escritos.

Aquilo que é para os semitas o Thalmude, o Bhagavad-Gita para os budistas, o Corão para os muçulmanos, a Bíblia para os cristãos, é para nós a PISTIS SOPHIA.

Vejamos pois, em síntese, o que acerca dela diz um historiador, para podermos concluir que a Pistis é não apenas e só um livro, mas igualmente e por sua vez, uma entidade espiritual. Trata-se do livro Cimeiro de todas as Doutrinas Gnósticas tendo sido publicado em latim em 1851 por Schwartz e Pettermann, de acordo com um Código que se encontra no museu de Londres chamado Askeniano, que por sua vez remonta ao século III, segundo uns, para outros ao século V. (Opus Gnosticum Valentino adjudicatum est Códice manuscripto Cóptico Londinese descripsit et latin vertit M.G. Schwartz).

O original deste Código, escrito em Grego, que serviu de base nos primeiros séculos, nunca foi encontrado. Apenas existe o texto Sahídico, que é uma tradução em copta do manuscrito primitivo. O Papiro Copta, pelo contrário, foi encontrado no Egipto sem que sem que se possa testemunhar se o original grego foi escrito assim mesmo ou pelo povo egípcio. Numa coisa estão de acordo todos os investigadores: é que esta Obra advém de algumas das múltiplas Escolas ou Sociedades Gnósticas Primitivas, tendo-se por mais certo que pertenceria aos Ofitas.

Divide-se em 148 capítulos. Em quatro grandes partes ou livros. O primeiro não tem qualquer inscrição, o Segundo, no entanto, é encabeçado pelo seguinte título: “Segundo Livro da Pistis Sophia”. Tem depois uma inscrição no final que diz: “Parte dos Volumes do Salvador”. Esta mesma inscrição repete-se no final do Terceiro Livro, que aparece sem título.

Esta falta de homogeneidade é o que faz supor a alguns historiadores, que a Pistis Sophia, não foi escrita sob um plano e arranjos unitários e que a maioria dos seus escritos são de épocas diferentes. Por tal, asseguram, que o Livro Quarto é mais antigo que os outros.

Ao redigir-se esta Obra, pensa-se terão passado onze anos após a ressurreição de Jesus e que esse tempo terá sido passado com os seus discípulos, provavelmente, no Monte das Oliveiras, dando-lhes então a conhecer As Supremas Verdades Iniciáticas.

O Cristo rodeado pela Luz que o veste, pôde atravessar o Mundo Supra Sensível e indo de esfera em esfera, foram-lhe franqueadas todas as portas, atemorizando os Arcontes ou Guardiães daqueles Lugares, que o adoraram.

Jesus chega ao plano onde estão esses Arcontes ou Senhores Tiranos, cujo Príncipe é Adamas. Eles vêem a ser os donos do Destino.* (Os senhores do Karma para os Teósofos). Jesus conta aos seus discípulos a história deste Ser Misterioso, que estava parado no Eon 12 e pretendia chegar à Região da Luz Suprema atravessando 12 Eons. Desse intento e no seu voo ascendente, é impedida pelos tais Arcontes que a atiram então para a imensidão do Caos Esta é a triste situação da Pistis, até ao dia em que o Pai envia Jesus como Libertador. Então Jesus, apela a Gabriel e a Miguel para que a levem, sem que nenhuma das suas partes se perca nas Trevas, e assim é transportada desde o Caos até ao lugar onde se encontra; abaixo do Eon 13. Por fim e depois de uma luta enorme; Jesus despoja os Arcontes da sua

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luz, e conduz a Pistis Sophia até ao seu Lugar Sagrado, donde passa a morar desde aí com os seus irmãos invisíveis.

Na história da Pistis Sophia, o seu relato, feito por Jesus, é muitas vezes interrompido, por vários hinos que ela fazia chegar desde o Cais da Luz. No total de 13. Cada vez que Jesus recita um hino, convida cada um dos seus discípulos a dar-lhe uma interpretação. Eles fazem-no com frequência referindo as Santas Mulheres, Maria ou Salomé. Outras vezes, algum apóstolo como André, Pedro, Mateus ou Filipe, interpretam os hinos da Pistis juntando algum salmo de David ou Salomão.

É característico dos Gnósticos Coptas, o facto de não irem buscar outra autoridade para confirmar os seus escritos que as Sagradas Escrituras, e se se observa algum secretismo neles é apenas mais na forma do que nas ideias.

Depois, conta-se neste livro, a sorte que esperam as almas no além, para lá da morte, revelando-nos o que acontecerá a cada uma das diferentes categorias de homens. As alegrias e privilégios que aguardarão uns e as penas e tormentos que afligirão a outros. O seu tema principal é a Redenção das Almas…

Na Primeira parte ocupa-se, da Sorte das almas privilegiadas, isto é, dos Apóstolos, das Santas Mulheres, dos Perfeitos e Iniciados que haviam feito a renúncia da matéria e dos bens terrenos.

Na segunda parte revela-se, o destino que é reservado às outras almas, especialmente as que se arrependem das suas culpas (pecados). Logo em seguida, outra parte, trata dos Mistérios e da sua eficácia e finalmente, na última, trata de descrever as penas dos que são condenados.

Veremos mais adiante que OS MISTÉRIOS são o mais importante e que tudo o resto gira em redor deles.

No Livro Quarto, fala-se da ressurreição de Jesus, aquele de quem se sabe ter vencido os Arcontes do Destino e da Fatalidade, cuja sombra nefasta deixou desde aí de pousar sobre os homens.

Aqui refere também Jesus aos discípulos, as façanhas destes Arcontes filhos de Adamas que, persistindo no seu afã de procriar, fizeram nascer os Arcanjos, Anjos, Liturgos e Decanos, até que interveio Jeú, a que Jesus chama Pai Do Meu Pai. Como Jabhora, Adamas e os seus persistiram obstinadamente no seu erro (pecado), Jeú prendeu-os na Esfera onde actualmente formam parte do Zodíaco, vindo a ser aos Arcontes do Destino, que tiranizam os homens e cujos passos investiga a Astrologia…

São ainda descritas a maneira e as formas de tortura como os Arcontes penetram nos homens e os incitam ao mal, atraindo depois sobre eles terríveis castigos e perdições absolutas.

Mesmo agora, quando pensamos atentamente, percebemos que os ensinamentos deste Livro Sagrado não podem ser mais aprofundados nem por historiadores ou investigadores, apenas pela falta de Chaves.

Pistis para nós significa fé. Não a nossa habitual fé, proveniente da aceitação de qualquer opinião estranha, resultante do que nos é contado. Não. A fé em sentido Bíblico, é uma força. É força mágica, da tal que basta ter um grão de mostarda, para mover uma montanha e lançá-la ao mar. Sophia sabemo-la ciência. Por tal forma Pistis Sofhia é poder - ciência, é teurgia, magia branca, cuja chave naturalmente não pode ser dada neste livro mas apenas

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em cursos secretos. Nisto de diferencia da teosofia indú. Nesta teoria muitos são até contra as práticas de magia. O Gnóstico exige primeiro o manejo da Pistis e em seguida a comprovação dos factos. É, pois, antes de tudo, a prática real racional e efectiva, sem qualquer especulação à partida.

Parece ser de aceitar o raciocínio de alguns críticos, que ao pensarem que por falta de concordância e homogeneidade das suas partes, esta Obra não foi escrita com obediência a uma unidade e a um plano preconcebidos. No entanto, isto apenas se ficou a dever ao facto de que da tradução de Schwartz, e ainda do Código do Museu de Londres, apenas existem fragmentos que foram, no entanto, indubitavelmente deixados dispersos pelas Primitivas Escolas Gnósticas.

O Livro integro, inteiro, o verdadeiro Original Grego, tal como foi escrito com toda a pureza de ensinamentos, está em poder da nossa Santa Igreja, como relíquia esotérica não sendo dado a conhecer senão aqueles que estão em condições de receber as suas profundas e claras verdades…

A nós terão que vir necessariamente. É o nosso Patriarcado o fiel guardador desta preciosa jóia.

Nesta preciosa Obra Sagrada estão condensados todos os nossos rituais.

É por isso que a crítica histórica, não pode falar mais acertadamente daquilo que foi em todos os tempos a Bíblia Sacra dos Gnósticos.

A vida moderna oferece um grave perigo. A humanidade pode querer perder o seu lado humano e tornar-se máquina. Este perigo é tanto mais evidente quando se trata de aniquilar a personalidade como procura a Teosofia tanto a Oriente como a Ocidente. A única Salvação só pode ser encontrada do Cristianismo Esotérico que trata precisamente da salvação do EU. Senão veja-se o apocalipse de São João. Um EU forte e potente com os adiantamentos da técnica, será o eixo e o norte da humanidade do futuro e tudo o que ponha obstáculos a este avanço deve ser combatido.

Nas Orações bem sentidas vibra a substância de Cristo. Os sete Rishis Sagrados ensinavam aos seus discípulos a oração seguinte: Tu, Ego Solar, que és a base de todo o Amo, penetra em mim, ilumina-me e faz-me progredir, porque sem ti, Logos Solar, nada pode ter existência… Os Rishis foram aqueles que ensinaram os grandes mantras da iniciação de Zaratrusta e falam também da substancia Solar que é o próprio de Deus. Francisco de Assis orava na sua montanha sagrada dizendo: Glória a Ti, Oh Senhor, e a todas as coisas por ti criadas, sobretudo o nosso irmão Sol. Ele trabalha e Tu, Senhor, O QUE O ALUMIA. Ele é formoso e irradiante como teu símbolo. Oh Altíssimo.

Quando na Idade média se lia a parte do evangelho que diz: “Eu sou o Pão da Vida”, o sacerdote olhava então o solo, depois, quando dizia: “Eu sou a Luz da Vida”, olhava para cima, por fim, quando dizia: “Eu sou a porta”, olhava em frente.

Um dos pintores iniciados foi também Dudero. Basta examinar os seus trabalhos sobre o Apocalipse. As suas obras “O Cavaleiro passando entre Deus e o diabo” e “A Trindade e os Santos” manifestam-no claramente.

Sobre o símbolo da Cruz, fala-nos também Platão para nos dizer o significado da Terra Material, de onde vem a alma para ser crucificada e poder converter-se em espírito. Sendo muito curioso que a Cruz de Platão está estendida, enquanto a de Cristo se levanta com a cabeça para cima.

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Outra diferença notável: os orientais põem-se, para fazer as suas orações, numa posição difícil para nos de imitar em que escondem os pés para que a corrente terrestre não passe através deles. Na realidade pretendem evitar a realidade terrena, para ao abstraírem-se de si próprios, serem apenas mundo supra sensível, fora dos sentidos. Os ocidentais, pelo contrário, ao mesmo tempo que elevam as suas orações ao Invisível, ao alto, a Deus, dobram os joelhos para receber a corrente terrena, pois apenas na conjugação harmónica desses Mundos se encontra a Luz, a Iniciação, a Redenção.

Pois bem. A Igreja Romana manteve sempre os interesses que criou e a sua actuação intolerante começou quando começaram os seus negócios materiais. A mesma coisa aconteceu à Sociedade Teosófica em Inglaterra, Austrália e Estados Unidos, etc. por causa dos seus direitos autorais, dos seus imóveis e outros bens. Mesmo em Espanha, há interesses editoriais a quem não convém que o Teosofismo mude de rumo ou tome outra orientação. Mas isso são casos isolados, como o que se passou de quando a nossa viajem à América, em que eles se serviram dela para terem mais êxito nas suas intenções.

O estudo dos problemas Gnósticos há-de levar-nos a conclusões definitivas, fazendo parecer, toda a obra teosófica do passado, como infantil e preliminar.

Com as coisas como estão, a nossa pretensão limita-se a que os nossos irmãos teósofos não se fechem num círculo de intolerância. Podem seguir, com nós, fazendo sempre parte da Sociedade Teosófica, mas seria justo que estudassem também as nossas Obras atentamente, porque nada perdem e é bem possível que os nossos ensinamentos lhes proporcionem um novo alvorecer.

Não quisemos propositadamente na América, tocar no ponto sexual, nem mencionar o gnosticismo para poder dar maior amplitude a este nosso livro, que aqui deixamos à consideração dos nossos leitores. Por aqui poderão observar todos, que as nossas ideias Rosa Cruz Gnósticas, oferecem um positivo avanço e disso poderão testemunhar bem os diferentes teósofos e espiritualistas, que sem abandonar a sua própria filiação, nos vêem seguindo. São os nossos ensinamentos matéria para controvérsias? A nossa revista está à disposição de todos aqueles que queiram expor livremente o seu critério e serão sempre bem recebidos.

Por outro lado, uma vez que o Gnosticismo e o Livro da Igreja Gnóstica requerem uma maior amplitude de explicações, embora todos sejam igualmente compreensivos, um teósofo que está connosco e sempre se distinguiu pela sua liberdade, hoje Núncio Apostólico da nossa Igreja, irá à América para se por às ordens das classes, ramos e centros, onde poderá falar sobre estas matérias e nos seus pontos de contacto com as ideias Rosa Cruz.

Os Gnósticos aceitam igualmente as Sagradas Escrituras dos Cristãos.

A Bíblia Cristã, como vermos adiante, teve por interpretes os Gnósticos, e só para dar um exemplo vejamos algo sobre o Apocalipse de São João.

A parte inicial do magno livro bíblico, sempre foi ignorada por aberração da igreja oficial, que nunca fez mais nada do que ler as capas das Sagradas Escrituras, fazendo apenas delas activamente a sua interpretação, umas vezes sem qualquer má fé, mas outras com supina ignorância.

Os Gnósticos, desde os tempos remotos que dão sobre este assunto uma clara, bela e sublime explicação; é pena que a Igreja Católica se tenha afastado deste luminoso caminho.

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No versículo sexto, principia o Santo da Revelação, por nos dizer que fomos feitos para Reis e Sacerdotes e não para pobres e pecadores, como lembra a todo o momento a Igreja católica. O mesmo é dizer que Reis e Sacerdotes, são os que mandam e ensinam…

Nunca nenhum pintor criou quadros com tais sublimes detalhes. Não é necessário para ler este sagrado Livro, ter dele pavor ou medo do dia a dia que virá, mas sim um espírito aberto e cheio de sentimento artístico.

Todo o Gnóstico deve pois ser como um rei e um sacerdote, esperando que os nossos ensinamentos o levem a cumprir esses propósitos.

Uma chave para tornar mais compreensível o Apocalipse dá-nos Fausto, uma vez que as obras Iniciáticas tendem entre si, a explicar-se e a complementarem-se. No Fausto encontramos o duplo aspecto de Mefístoteles. Na primeira, aparece esta figura a manobrar com as suas fantasias as paixões individuais, e na segunda, as colectivas. Primeiro faz as suas vítimas entre as pessoas isoladamente e por fim mata toda a humanidade.

No Apocalipse, encontramos também estes dois aspectos de Lúcifer e Ariman. No capítulo 13 fala-se de dois animais ou bestas. A primeira vinda do mar que tinha sete cabeças e dez cornos, e a segunda nascida da terra, tinha os seus cornos semelhantes a um carneiro.

Estes animais representam os nossos mundos. O Físico, onde habitamos naturalmente e o Espiritual, de onde vimos e onde teremos que regressar, e que está sempre patente em nós. O homem ao descer desde a sua Mansão Celestial do Mundo do Espírito ao plano físico, enceta uma luta entre eles, os dois princípios interiores, em que o segundo se manifesta por tentações, vícios e erros, e sempre com diferentes cabeças. Nunca um problema humano é igual em duas pessoas diferentes, tal como nunca existem dois rostos iguais. Não é possível. Assim cada um requer uma solução bem diferente.

Para encontrar realmente o cada problema, necessitamos de LUZ e RAZÃO, havendo no entanto uma grande ferida com que temos de contar: a ferida da ignorância. No capítulo 17, faz-se uma referência a essa mesma ferida que irá sarar pouco a pouco à medida que vamos recebendo Luz e Sabedoria.

A Bela Adormecida habitava nas Sete Montanhas, com os gnomos (anões). Um dia a rainha olhou-se no espelho e perguntou-lhe: Quem é a mulher mais bela do meu reino? O espelho respondeu-lhe: Tu, mas a Bela Adormecida que habita com os seus gnomos nas Sete Montanhas é a mais bela de todas. Quer isto simbolizar, que é nesse outro Mundo, onde parece estar a Bela Adormecida, o Mundo Espiritual, que tudo é ainda mais bonito. Este é o mesmo enigma do Castelo de Klimgsor e o Santo Graal.

A Ciência e a sabedoria em luta constante. Essa eterna luta entre o Espiritual e o Físico.

Surge depois a grande rameira, Babilónia a Grande, a mãe das fornicações e abominações da Terra, de nefasta condenação. Nela vimos representados o aspecto físico, a política, o imperialismo egoísta, o comunismo, as escolas filosóficas e tudo aquilo que lamentavelmente nos faz perdem tempo – como se o perdêssemos com uma prostituta - sem nos preocuparmos com o Mundo Espiritual, que deve ser a nossa verdadeira morada. Essa rameira é o traço grosseiro e material de todas as coisas que se opõem ao espiritual. No essencial utilizamo-la sem saber que o estamos a fazer nem do que é feita. Um pouco da mesma forma como utilizamos a electricidade, a manejamos sem que ninguém nos diga o que ela é em si. Se estudássemos o mundo das causas sob o aspecto espiritual de tudo o existe, saberíamos o que é a electricidade e quantas maravilhas poderíamos fazer com ela, e descobriríamos muitos dos problemas obscuros que ainda hoje inquietam a humanidade. É

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tão simples a electricidade. Não tem outra fonte que senão o próprio Sol. O carvão, e o crude de onde se extrai de entre outras coisas o petróleo, não são mais que simples plantas que no passado se saturaram completamente de Sol e que agora extraímos das entranhas da Terra e nos oferecem essa energia condensada e oculta.

Podemos dizer que uma pedra e um pedaço de ferro, são coisas mortas, no entanto quando batemos com elas fortemente, saem faíscas. Esse fogo é a parte espiritual da matéria radiante cuspindo matérias ígneas. É um processo alquimista instantâneo o que se produz e nós, os Rosa Cruz Gnósticos, estudamos atentamente esse fogo vivo que surge da pedra que como causa tem a substância do Logos Solar, o Cristo, que por sua vez radica na causa de tudo.

A ciência e a sabedoria, mencionadas anteriormente, estão hoje representadas pela Roma e a Rússia. Dois animais ou bestas apocalípticas… Mas para além delas, está indubitavelmente o nosso Mundo Espiritual que é o único com que podemos contar para revolucionar o Mundo. Voltando ao Apocalipse de São João, diríamos que só os Gnósticos acertaram na devida interpretação, como disso são prova as simples embora contundentes explicações que nos foram legadas e que têm plena aplicação na nossa época. Anteriormente mencionamos Roma e Rússia, para sintetizar esses dois aspectos, pessoal e colectivo, que vínhamos falando. Em seu lugar ponhamos agora o fascismo e do comunismo. O fascismo pretende encontrar a salvação concentrando-a somente num homem, numa personalidade francamente conservadora que devolve ao Papa os seus domínios temporais. O bolchevismo ignora completamente a personalidade individual e repele o sentimento religioso. Como resultado infalível de ambos, estão os homens na miséria e cheios de sérias e várias ameaças por todos os lados.

Noutro sentido, a Índia representou também uma espécie de comunismo religioso no dia em que pretendeu acabar com a personalidade individual, matando o EU. No entanto, na Gnosis renascente, vislumbramos uma espécie de fascismo, ainda que com aspecto diferente, que parece não se conformar em esperar tudo da nossa personalidade, parecendo antes querer-nos transformar num género de Mussolini, uma personalidade consciente, de rei e sacerdote. No entanto o vidente João, não nos diz que Deus fez UM rei e um sacerdote. O que ele afirma é que Deus nos fez a TODOS Reis e Sacerdotes. Sendo, por isso, de todo o interesse que TODOS as pessoas possam levar à prática, individualmente, o cuidado de serem Reis, Sacerdotes. Homens que saibam mandar e abençoar.

As sete cabeças do monstro apocalíptico, representa a Hidra Septenária que desde os tempos remotos foi aceite na Índia por Germanos e Gnósticos.

No mesmo capítulo 17, faz São João referencia ao mistério do sexo, quando menciona as maldições que cairão sobre os actos de fornicação, dizendo então: E o anjo me perguntou: Porque te maravilhas? Eu te direi que o mistério da mulher é a besta que a trás com sete cabeças e dez cornos.

Vemos nisto, na duplicidade, os aspectos do mundo material e as suas paixões e o Mundo Espiritual com as suas virtudes, enquanto as sete cabeças simbolizam os sete corpos ou estados do SER.

No capítulo 6, fala-se dos quatro selos que representam o quaternário inferior, pelo qual a humanidade teve que passar fazendo o seu caminho à medida que ia rompendo esses selos. Os quatro animais que influenciam os quatro corpos inferiores nos doze signos do Zodíaco, estão representados duplamente pelos quatro anciãos, porque em tudo existe há mesma dualidade. Tenhamos em consideração que existem dois Zodíacos: o espiritual e o material. O

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primeiro está relacionado com o aspecto químico e o Éter de Luz ou o Tatwas. O Cavalo Branco fala-nos da inspiração que tiveram os antigos em épocas passadas. O Vermelho, simboliza a época do ferro, as armas o egoísmo. O Negro é a ciência e o pensamento material, a balança da justiça, que representa o querer que tudo decorra com peso e medida material. Por ultimo o Cavalo Incolor…é o próprio Tatwa, onde todo o estado é indefinido. Fala da volta do Cristo, mas diz que virá como um ladrão de noite… tal como a Sabedoria. Ela acerca-nos e regressa a nós, como regressou Persifal, ao não ficar no Castelo da Ciência de Klingsor, mas sim assaltando como um ladrão o Castelo do Graal. Quando o Graal é conquistado, conquista-se o verdadeiro EU, já que o nosso eu, é apenas uma caricatura habitual.

Descreve a mulher com um cinturão ou escrito na carne, o nome do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Está o REI na frente dos desígnios da carne… É este o mistério sexual.

Por fim, todo o Apocalipse é perfeitamente explicável através de coisas naturais, uma vez que é absurdo, como acreditam os fanáticos, pensar numa nova vinda de Cristo… A Jerusalém divina, é um estado espiritual, um mundo invisível. Logo, não nos devemos esquecer, que vivemos em dois mundos diferentes, o astral e o material. No primeiro existem Anjos, Mestres que cuidam de nós mudando as estações do ano. Razão porque, por exemplo, na Unção Eucarística Gnóstica estão as hostes de Uriel, no Verão, as de Miguel, no Outono e as de Gabriel na Primavera. O sacerdote deve invoca-los nessa estações.

No capítulo 30, fala-se de um Anjo que desce do céu e trás uma Chave e uma Grande Corrente, como se quisesse dizer à humanidade que faça a sua escolha entre as religiões que a amarram ao Eu, ou a chave do Gnosticismo para que obtenha a ciência do EU.

Fala ainda o Sagrado Livro, do reino dos mil anos e do anticristo, o que provoca que muita gente se encontre na expectativa da chegada dessa época anunciada, cheia de Paz e de Luz. A Bíblia diz que antes que principiem mil anos o diabo será solto... Pois bem. É agora o tempo em que o diabo anda à solta. O anticristo da ciência material, contra o Cristo verdadeiro, contra a sabedoria verdadeira. Já passou esse tempo por que muitos esperavam e a natureza vai seguindo o seu caminho.

Os doze filhos de Jacob, do Antigo Testamento, representam as dozes épocas em que as influências zodiacais foram completamente físicas. Os doze Apóstolos as influências zodiacais da época astral em que actualmente vivemos e por ultimo, virão os doze Anjos que representam os tempos vindouros.

No fim diz-se como síntese: eu sou o Alfa e o Ómega, que é o mesmo que dizer o “A” e o “O”, o Princípio e o Fim. Aos que tiverem sede lhes darei água, da Fonte da Água da Vida gratuitamente. Eu sou o Alfa e o Ómega. Bem-aventurados os que lavem as suas vestes (os sete corpos) com o Sangue do Cordeiro, (a substancia Solar, no equinócio da primavera) para que possam entrar nas portas da Cidade.

Assim, e em consequência desta promessa, acerca-se, vem até nós o nosso Anjo para conseguir com que nos conectemos com ELE, que é a finalidade da Iniciação, e então verifica-se o despojo, a união de um mundo com outro. ELE vem com o seu prémio para nos recompensar.

Mas cuidado com aquele que mate o seu EU com as horrorosas voluptuosidades, perdendo as benditas emanações do Logos! Para esses, os fornicadores, diz o capítulo 21, o seu destino será um lago ardendo em fogo e enxofre, que é a segunda morte.

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Por isso o nosso dever, para que recebamos os benefícios dos tempos que se aproximam, é fortalecer e conquistar o EU. EU SOU. Quando SOU CRISTIANIZADO, quer dizer que é convertido o Logos Solar em substancia Crística. É nessa a substancia que havemos de fazer florescer, impulsionando-a do interior da semente, para que lhe rompa a casca que a envolve com a sua negra dureza.

Vejamos agora o que nos dizem alguns autores dos primeiros séculos.

Origenes conta-nos, que um Governador da Judeia, chamado Pilatos, depois de lavar as mãos como símbolo da sua própria ignorância acerca da “culpa” de Jesus, mandou inscrever na Cruz do Gólgota, o célebre letreiro reconhecido pela cristandade: INRI, redigido em três idiomas diferentes, hebreu, grego e latim. Esta triplicidade de línguas, que à primeira vista parece desnecessária, foi aplicada pelo Magistério Romano no sentido de querer dar a entender ao povo judeu algo que embora estando ao seu alcance, mas que não pode na altura ser compreendido pelas massas sedentas do sangue do redentor. Mas na verdade está contido nele esotericamente algo de muito importante, que é verdadeiramente de um enorme valor simbólico. Os gregos deram a conhecer os Mistérios. Os hebreus, as Escrituras e a Cabala e os romanos, suportando-se nestes pilares, iniciaram uma nova época de transformações. A ponte que dá acesso do Antigo ao Novo Testamento é feita pelo Evangelho de São Mateus, que foi o único escrito em hebreu. Todos os outros foram escritos em grego como também o Antigo Testamento, na sua parte septuagésima, foi redigido em grego.

O hebreu e o grego são idiomas completamente diferentes em sentido ideológico. Eis o motivo porque se encontram tantos erros nas traduções bíblicas, que por sua vez, foram motivos mais do que suficientes para que existissem lutas encarniçadas sustentadas pelos Gnósticos e a Nova Seita Cristã. Os primeiros, os primitivos, exigiam a aceitação da Bíblia na genuína escrita grega. Os neo-cristãos, discordando, mandaram compor à sua maneira uma tradução em latim. Hoje os Gnósticos modernos estudam essas diferenças, que constituem investigações passivas mas de sumo interesse.

Disse um grande filósofo, que os judeus formaram Cristo, os gregos compreenderam-no e os romanos aproveitaram-no. E foi nesta falsa base, que o cristianismo se constituiu religião de estado, depois do século IV, que para além de desdenhar dos escritos gregos negou a verdadeira origem.

Todos os verdadeiros santos da Igreja Gnóstica receberam e explicaram todos os seus ensinamentos em grego. Tanto Santo Agostinho, como anteriormente Tertuliano, escreveram os seus ensinamentos em latim. Por fim Santo Ambrósio, São Jerónimo e mesmo Santo Agostinho, deram um timbre romano à religião, mudando-lhe então o puro e santo Gnosticismo, para uma espécie de romanismo convencional. A sabedoria, foi então substituída pelo dogma judeu. O hebreu, língua que o povo judaico fala, tem um fundo significativamente comercial e materialista, enquanto o grego e as suas gentes são, na sua essência, puramente espirituais. Por isso, é natural que todos os interesses materiais da actual igreja romana, tenham origem genuinamente no povo judeu. Mas aconteceu, como sempre ocorre nas coisas que foram feitas para serem derrubadas, que houve Gnósticos que transigiram e permitiram concessões que deram origem a seitas, com as quais hoje nos deparamos. Ao fazer estudos, encontramos diversos sistemas e tão diferentes, tanto nos que se mantiveram fiéis ao grego, como os que se uniram aos latinos. De todos estes sistemas, surgiu um herético, aquele que sempre foi combatido pelos teólogos sem darem conta que era o verdadeiro, o que continha a verdade em toda a sua pureza. Provem do grego e foi o que sempre foi conservado, até aos nossos dias, nas Sociedades Ocultas e que agora os Gnósticos voltam a por ao alcance da humanidade.

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São Jerónimo que viveu quarenta anos em Belém, foi o verdadeiro autor da Vulgata Latina. Foi ele que satisfez a encomenda do Papa Dâmaso para que a traduzisse, tendo em causa os aspectos que interessavam ao Catolicismo. A própria igreja não tem hoje qualquer inconveniente em confessar isto. Por isso, as posteriores traduções da Bíblia, incluindo a Luterana, ao basearem-se nos trabalhos de São Jerónimo, inicial e intencionalmente adulterados, resultam defeituosas. Embora os luteranos assegurem que Lutero fez a tradução do Original Grego, isso não é verdade, pela simples razão de que ele não sabia grego. Apenas conhecia latim e um pouco de hebreu. Nós, os Gnósticos, não andamos a encobrir no próprio interesse dos ensinamentos Bíblicos, traduções falsificadas. Oferecemos ao Mundo, a que é verdadeira, um livro imenso, oculto e de grande poder iniciático.

Os antigos, isto é, os anteriores aos gregos, tinham três tipos de Escrituras: a epístolográfica, a heliográfica* e hieroglificográfica. A primeira era comum a todos, a segundo só usada pelos jerarcas e a terceira apenas pelos Iniciados.

Origenes fala-nos também dos mantras ou palavras mágicas que existem na Bíblia, devendo-se a eles os exorcismos empregados hoje friamente pela igreja, devendo-sem qualquer resultado, enquanto nós, conhecedores de todo o seu valor, os aplicamos seguramente. Mais, refere-se ainda à certeza que existe na Magia Bíblica como uma Arte Real ou Arte Santa, repetindo frequentemente que tanto as sagradas Escrituras, como os Evangelhos são letra morta, se não se possui a chave da sua leitura. Ridiculariza ainda a descrição do Génesis lamentando que haja espíritos tão infantis que ainda acreditem que tudo aconteceu como está escrito, aceitando a lenda do Paraíso, sem excluir a maçã, dizendo que tudo o que lá se escreve, é profundamente e estritamente simbólico e encerra grandes mistérios sexuais.

Quando hoje lemos as obras de Origenes e temos muita pena que ele tenha sido tão perseguido e martirizado. Se os Papas da sua época lhe tivessem dado ouvidos, temos a certeza de que hoje todo o cristianismo seria Gnóstico.

Para lá de tudo isto, Alemán Eberhard Nestle, prova com documentação irrefutável, que as autoridades da igreja romana, nos primeiros séculos, escolheram alguns “correctores” a quem deram incumbências no sentido de modificar os textos, juntando ou tirando-lhes sentidos, quer no Antigo quer no novo Testamento, de tudo aquilo que não conviesse à ortodoxia imperante e aos fins políticos da igreja. Vindo em seguida, em Concílios, as explicações caprichosas desses mesmos sacerdotes, as declarações do interesse apócrifo, fazendo com tudo isto um maremoto. O que nos obriga a estudar de novo os originais gregos se queremos saber a verdade sobre esses livros que, – há que sublinhá-lo acentuadamente – apenas a Igreja Gnóstica os possui, porque os guardou em Sociedades Secretas como os Rosa Cruz, durante tantos e tantos séculos.

Reconhecendo-se isto entre diferentes seitas cristãs, embora não tendo meios para o resolver, foi a Igreja Católica Liberal a que se valeu das faculdades clarividentes (?) de alguns dos seus adeptos para dar a conhecer o Evangelho dos Doze Santos que, enquanto ensaio espírita, é no entanto pior que a vida de Jesus contada por ele próprio.

Já observámos por diversas vezes o quanto se faz e como o executa nesta igreja. E temos verificado que apenas ocorrem verdadeiras forças angelicais, quando celebra Leadbeater a missa. Noutras ocasiões aparecem verdadeiras forças sinistras, porque enquanto ritual, lhe falta a base da verdadeira Magia Cerimonial que possui a Igreja Gnóstica. Sabemos ainda dos esforços da Igreja Liberal na tentativa de misturar os teósofos com o nosso irmão e Mestre Racokzi, no entanto nós que o conhecemos pessoalmente sabemos que ele apenas e quanto a isso, encolhe os ombros.

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De toda a maneira, já aqui ficou bem expresso, tudo aquilo que aconteceu com a actual Bíblia Católica, admitida também pela Igreja Liberal, que está muito distante de interpretar os verdadeiros ensinamentos e o verdadeiro sentido do texto original. É forçoso, consequentemente, voltar aos primórdios na sua própria e à genuína raiz, para que não consigam confundir-nos com a sua invasão tendenciosa, aqueles que têm interesse em ofuscar a verdade para tirar um proveito que já não é possível nos tempos actuais.

A verdade é só UMA, e ela há-de abrir caminho custe o que custar. A proximidade da era do Aquário assim o indica. Podem fazer a obstrução que entenderem todas as seitas. Por isso nós vamos preparando essa “Páscoa da Ressurreição”, cujas campanhas já anunciam um novo advento, uma nova Primavera para o Mundo.

Depois de feita a comparação das duas Bíblias, a Gnóstica e a Romana, na qual se fundamenta a religião, perguntamos...

Necessitamos nós de uma religião?

Se observarmos a História da Humanidade, vemos que os primitivos povos nómadas se fixaram para se poderem dedicar à agricultura. Isto, que é um feito verdadeiramente biológico em sentido material, tende a repetir-se a todo transe na vida espiritual do homem. Porque hoje – espiritualmente falando – podemos afirmar que somos primitivos, nómadas, em busca do nosso alimento anímico onde quer que o possamos encontrar, ainda que muitas vezes o façamos dentro de um verdadeiro caos. No entanto na época do Aquário que advém, haverá a apropriada disciplina onde se cultivarão os estudos por forma a encontrarmos a verdade sem sugestionamentos. A Verdade!

Se não fizermos a pergunta sobre o que é a verdade, colocamo-nos perto da inquietação de Pilatos e quando nos sentirmos vencidos e impotentes sem ter resolvido o problema, estamos então como Nietzche, e podemos dizer como ele: Para quê falar da verdade...É preferível ocuparmo-nos da Força. Não. Os Gnósticos vivem a Verdade e imitando até mesmo os jesuítas, mas em sinal contrário, como sempre sucede.

Na segunda semana dos exercícios jesuíticos, obrigam o penitente a ouvir, cheirar, provar e tocar o abismo insondável das trevas. Acreditam que com esta prática provocam um verdadeiro horror ao Inferno e por consequência, põem o invocado no melhor lugar para conseguir a obediência e a submissão. Numa palavra: exploram o medo!

Nas nossas práticas, pelo contrário, recomendamos ao discípulo que se sinta dentro da Verdade como se fosse uma árvore debaixo do Sol. Basta que repita QUE SEJA A VERDADE e concentrar-se profundamente sobre esse pensamento, para que pouco a pouco se comecem a vislumbrar os primeiros raios da Verdade. É o egoísmo imperante em todas as coisas, uma das causas porque os sistemas Yoga conseguem tão parcos resultados. A Verdade tem que estar sempre fortemente unida à Vontade, de outra forma, este atributo estaria em perigo. O sistema americano, da passadeira contínua, desenvolvido por Ford, faz com que o homem seja um ser mecânico executando o trabalho num determinado movimento sem pensar e quase sem querer. Nas práticas de vida modernas, nas tendências politicas e religiosas imita-se o mesmo sistema. Por isso os católicos não precisam de pensar nem ter vontade própria. Basta-lhes que disso se ocupem o Papa e os sacerdotes, uma vez que aos fiéis o único papel que lhes resta é obedecer.

Não é assim. Não se lembram, lamentavelmente, que nada fazem nem oferecem qualquer proveito, quer dentro das colectividades quer no interior das escolas. O ensinamento tem que ser adequado a cada indivíduo, a cada temperamento, segundo o seu próprio registo e o seu

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próprio ritmo, para que a potência, que se encontra adormecida em cada um de nós, possa despertar. É este o sistema Gnóstico.

Nós mesmos educamos e preparamos cada um dos membros da nossa Igreja.

É outra a memória das enfermidades que nos açoitam. Perdemo-la na sua maior parte e devemos exercitarmo-nos para a recuperar. Aos nossos discípulos ensinamos estas normas. Todas as noites, e em momento de recolhimento, devemos recordar tudo aquilo que fizemos durante o dia. Seguida esta linha de conduta um dia após outro, deveremos ao fim de cada mês fazer uma recapitulação de todos os acontecimentos; e, logo, cada ano. Assim sucessivamente, para observarmos ao mesmo tempo a mão do destino. Por isso que seja tão interessante a nossa própria crítica para evitarmos que as ideias intrusas entrem na nossa individualidade espiritual, sem estudo prévio e sem antecipada comprovação. Primum intelligere, deindre credere...

Recomendamos ainda aos nosso discípulos, que perguntem: Quem foram as três pessoas que lhes deixaram uma impressão mais forte? Quais foram os três momentos de mais emocionante alegria? E quais foram os três mais duros e aborrecidos no sentido da dor? Depois é necessário meditar naquilo que disseram essas três pessoas, sobre as circunstâncias de alegria e de dor em que estiveram envolvidos esses momentos, para repelir a força negativa da amargura e viver em seguida com a nossa imaginação os verdadeiros e supremos momentos de felicidade, onde radica a verdadeira e positiva beleza da vida. Por essa razão se torna tão necessário uma Religião em que se possam interligar o bom, o santo e o divino. No entanto, embora uma religião não seja tão necessária como o pão para a boca, porque dentro de nós existe um alento feito pela divindade, devemos congregarmo-nos debaixo de uma bandeira ou comunidade religiosa que apenas nos ofereça algo de positivo, algo de real, algo que se ajuste e tenha uma relação directa com as necessidades da época. O mesmo é dizer que jamais nos deveremos juntar a uma seita pequena, pobre, depauperada... mas apenas com algo que represente UM TEMPLO UNIVERSAL.

Esta necessidade fez com que em muitos países se tenha seguido a teosofia como uma religião, tendo sido determinante para que os seus dirigentes criassem a Igreja Liberal, em cuja identidade nada existe nem de liberal nem de católica. Noutros lugares deu-se destaque ao espiritismo, que constituíram uma seita com os seus ritos e orações. Nada disto foi feito para durar, porque não tem nem solidez nem qualquer tradição.

Tratam por outro lado de amalgamar os ensinamentos do Oriente com os do Ocidente, esquecendo-se que aos orientais, embora possuidores de poderes interiores, lhes falta a personalidade, o ego. Ao contrário dos ocidentais a quem lhes sobra personalidade, como o demonstra os adiantamentos da ciência e da técnica, carecem de poderes interiores. Assim se explica como um número reduzido de ingleses manejaram milhares de indus como escravos.

Esta ligação com as qualidades necessárias entre o Oriente e o Ocidente, tem-no conseguido através dos séculos a Igreja Gnóstica, guardando a formula a aplicar para o alcançar.

O catolicismo romano destruiu, por seu lado, os poderes do ego, nas suas congregações, através dos seus dogmas nefastos. O dano que provocam os padres na congregação é terrível e seria bom que eles abrissem os olhos. Pelo contrário, os Gnósticos abominamos o dogma, porque o que nos faz falta é ter um fim, uma meta ou lugar onde chegar.

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Também ignoramos palavras de autoridade, porque aquilo de que precisamos é o Verbo da Vida. Todas as religiões seguem um caminho com as tendências vindas de fora, no entanto os Gnósticos, buscam-no dentro de nós e na procura do Oculto.

Buscamos a LUZ. E onde está?

Cristo disse: Eu sou a Luz do Mundo... No entanto nós não nos conformamos com aquilo que Eles disse, mas sim com a forma com que cada um de nós, trate de ser uma Luz, uma réstia no meio do caminho.

Os Gnósticos encontraram em Cristo essa Luz que é SUBSTÂNCIA. É essa Substância Crística que aplicamos em toda a razão e forma, com toda a ciência e os meios necessários para descobrir a verdade. Eis o Gnosticismo.

A grei católica está cuidada e conservada exoticamente, como plantas numa estufa. Nós, no entanto, procuramos empurrar os nossos seguidores para que sejam a Luz do Sol de uma Primavera Radiante.

Com os protestantes tudo se transforma em prédicas. Para os seus adeptos o altar e o culto não têm importância. Contrariamente; para os católicos o altar é tudo, sendo o púlpito apenas um meio, um instrumento, de onde lançam as suas diatribes para que se faça uma prática acomodada aos seus fins.

Os Gnósticos, neste ponto, apenas querem cumprir com o ensinamento do Grande Iniciado de Nazaré, quando na sua qualidade de Logos Solar, disse: Eu sou o pão da Vida. Eu sou o pão vivo. Aquele que comer este pão viverá eternamente. Aquele que comer da minha carne e beber do meu sangue, terá a Vida eterna e eu o ressuscitarei. Aquele que comer da minha carne e beber do meu sangue mora em mim e eu nele.

Este pão descende do céu, e não nos devemos esquecer, ao pensar nesta declaração de Jesus, que Ele, com sua pureza, foi feito de substância solar no seu corpo físico, e que através do seu contacto, as partículas solares vivas se desprendem do pão para então se comunicarem connosco, com a nossa carne e com o nosso sangue, fazendo-nos imortais. Em consequência disso, a Santa Igreja Gnóstica, é uma constante e santa afirmação como religião arcaica, primitiva e baseada nos Grandes Mistérios. Os alicerces se mantiveram, apesar do grandioso Edifício que a alberga ter ficado invisível durante tantos anos, perante o avanço materialista das épocas, para o que tanto contribuiu a guerra incessante do catolicismo. Gostaríamos que compreendessem que não somos uma nova religião formada à última hora com quaisquer fins, mas que apenas içámos a bandeira secular de uma primitiva igreja, que guarda a mais vera e pura revelação em cujas águas bebeu o Nazareno para depois pregar a sua Santa Doutrina. Com Ele, voltamos aos tempos remotos em que as religiões eram formadas de luz e de belezas e ofereciam-nos um caminho de rosas... Não como os cristãos sectários, que construíram um caminho de dor, coroas de espinhos e horrorosos sofrimentos na cruz.

Nós somos filhos de uma religião que tem como norma a Alegria e o Optimismo.

Somos os Epícuristas espiritualistas, porque sabemos que Epicuro foi iniciado nos nossos Mistérios.

Antes de prosseguir, vamos entrar um pouco na história sobre as doutrinas das mais proeminentes escolas, seitas e congregações Gnósticas.

Encontramos em primeiro lugar os nazarenos, que tiveram considerável importância nos primeiros séculos da nossa era. Adoravam a serpente e por isso foram declarados heréticos.

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Mas confessam os historiadores que foram muito versados nas ciências e que eram possuidores de grandes e intocáveis virtudes. O único que pode ser reprovável neles, foi a adoração aos Nahas(Serpentes) e a crença que sustentavam que o liquido obtido através destes animais, na sua maior parte venenoso, servia para redimir os homens dos seus pecados. Em grego serpente é “Ophis”. Por isso os nazarenos gregos se chamavam Ofitas. Os seus ensinamentos foram aprendidos de S. Tomás e no Evangelho dos Egípcios. Nos escritos dos nazarenos, descreve-se o homem com uma natureza tríplice. Um aspecto andrógino, a que davam o nome de Adamas, que era também o pai dos Aenes, que mais tarde se convertiam em Girones, formando-se assim a trindade de Corpo, Alma e Espírito. Todos estes princípios, em todo o seu perfeccionismo absoluto, convergem em Cristo. Diz S. Tomás, que este Cristo se encontra no sémen das crianças e se encontra escondido até à idade de sete anos, para se manifestar aos catorze. Explicando que por isso a aura de satura dessa seiva.

Reconheciam o Demiurgo como a entidade encarregada de criar os mundos, ou pelo menos o nosso mundo. Eram astrólogos fantásticos que punham em co-relação os sete planetas e os sete signos do Zodíaco, com os sete centros internos do nosso organismo. A forma do seu culto foi adoptada pelos gregos e egípcios. Simbolizavam ainda Hermes munido de um pénis em erecção, a quem davam o título de dador de razão.

Empédocles diz que os seres humanos foram trazidos a este mundo de Adão, para que servissem de número, ao Deus Jaldabaoth, que com uma vara na mão, em que florescia uma rosa, à qual se atribuía o poder, quando se aproximava dos homens, de os fazer adormecer ou despertar segundo os desejos desse Deus. Conta igualmente Homero que um membro viril com esta figura, era quem tinha mais poder sobre a vida e a morte, mas para lidar com ele era necessário usar o chicote para o dominar.

O mesmo nos recorda Nietzshe, quando diz: Se vais onde está a mulher, não esqueças o chicote... Esta frase, motivou imensos protestos no sexo feminino que pareceu esquecer-se que foi no entanto Nietzsche, mais do que ninguém, aquele que soube respeitar e adorar a mulher. Quem leia aquele frase e a interprete à letra erra por desconhecimento.

No acto sexual deve-se separar Deus da besta, o Anjo do macho bravio. A volúpia carnal foi o que mais denegriu o homem, tomando em conta que no momento do êxtase do amor se deve confundir com a fémina. Os que não sabem dominar-se e pôr isso em prática, necessitam desse chicote que o tão proeminente filósofo aconselha.

A reencarnação aceite pelos nazarenos. Baseava-se e estava representada pelas altas e baixas marés. Diziam aquelas antigas Escrituras: Todos vós sereis deuses se sairdes do Egipto e passares o Mar vermelho...

As descrições do Antigo testamento eram altamente interpretadas por eles e o caminho do povo de Israel pelo Jordão era apenas simbólico e um sinal para explicar a nossa sistemática evolução interior.

Conheciam o poder dos mantras e o domínio da Tríade Humana. Era empregue na magia sacra. Kawlakaw – Sawlasaw – Zeesar, era pronunciado secretamente. Kawlakaw era o homem superior. Sawlasaw, o interior, e Zeesar o Mediador o Cristo Redentor.

Tinham como objecto sagrado ou símbolo, um cálice. Em que guardavam o sémen de Benjamim. Diziam que esse sémen era composto de vinho e água. Celebravam a Unção Eucarística, uma espécie de missa actual e nela colocavam diversos símbolos havendo entre eles uma serpente alada com muitas semelhanças com a dos Maias de Yutacan, como se pode observar em San Juan de Teotihuacán.

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Vem depois os Peratas ou Peraticenos.

A denominação de Peratas vem de Perasai, porque assim foram chamados os que constituíram aquela religião. Afirmavam que eram eles os únicos que podiam ultrapassar toda a corrupção da época. Eram, com toda a certeza, de uma altíssima moral e conheciam os grandes segredos da natureza.

Como os nasarenos, dividiam o mundo em três. A Primeira parte desta tríade era a Perfeição, o Deus Causa. A segunda era o Mundo Astral; e a terceira o Mundo físico ou visível. Tinham três verbos e três mentes. Desde o Mundo Superior, era espargida toda a semente que frutificava no Mundo Visível; e entre o Pai-Causa e o Mundo Manifestado, havia um mediador o Crestos, sem o qual era impossível chegar à Perfeição... A serpente ou órgão sexual, figurava como símbolo principal no culto dos Peratas. Num dos seus livros, falam de Cristo, a quem consideravam como um Nirvanacaya que veio voluntariamente para se encarnar, para salvar denodadamente a UNIDADE, isto é, a Tríade dispersa. Diz uma das suas passagens: Sou a huangadilha que vem despertar a força que está no espaço, que está no mais não-mundo: Sou o que no Mar é masculino e feminino e tem doze aberturas para tocar flauta. O meu nome é Chozar. Existe na ignorância, mas tem uma pirâmide de cinco ângulos, que se chamam OU, AOAL, OUO, OUOAB e KORE, que representam todo um conjunto... Cantam e tocam beleza, e dizem que o seu segredo está no masculino-feminino, que, aproveitado devidamente, nos mantém sempre jovens. Afirmavam ainda que existiam duas formas de nascimento. A da carne, originada pelo coito e outra bem diferente para aquilo que não era precisado. Da primeira saíam homens condenados à morte e da segunda, da concepção do Espírito Santo, Anjos. Que o nosso dever era evitar a concepção carnal e alcançar a espiritual. O passar de um estado para outro era chamado, a caminhada do Povo de Israel pelo Mar Vermelho.

No simbolismo religioso, existe um grande papel no feito de Moisés, que no deserto, mostrava ao seu povo a serpente transformada em vara, dizendo que o que aproveitava a essa serpente não seria prejudicado durante o trajecto. O poder e a força, que acompanhavam Moisés na sua peregrinação, foram os da serpente sobre em vara, que logo se converteriam na própria vara. Foi ela que devorou as outras serpentes e a mesma que falou com Eva.

Na Trindade, com o Pai-Deus num extremo e a Matéria no outro, não podem ser entrelaçadas senão por Cristo enquanto laço de união. Mas Cristo nada pode fazer sem o auxílio da serpente, porque a força e o poder apenas residem nela.

Nos seus mistérios encontramos pura Fisiologia. O Pai é a cabeça, o cérebro não criado. Na sua base e no extremo oposto, a matéria, o organismo duro concebido pela carne. No meio, o líquido, o sémen criado por ele mesmo.

Vêem depois os Setianos.

Esta seita prestava culto à sabedoria divina, e foram, indubitavelmente, os primeiros teósofos. Diziam que Set era filho da sabedoria. A sua Tríade acabava representada por Set, Caim e Abel. Sendo Caim a carne e Abel o mediador. Enquanto Set, era Deus-Sabedoria. Afirmavam que Cristo e Set eram a mesma coisa enquanto filhos da sabedoria.

Quando se encontrou a sarcófago de Set, a igreja católica escondeu o Livro dos Mortos, no Vaticano, perdendo-se para a maioria ensinamentos de valor inestimável.

Os setianos adoravam a Grande Luz, diziam que o Sol, nas suas emanações, era substância divina, a qual formava em nós um ninho que, por sua vez, constitui a serpente. Que o homem

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apenas deveria temer a obscuridade, o que ela representa ou seja, o inferno, já que a Luz está aprisionada por esta mesma obscuridade e tenta dela libertar-se. Esta obscuridade está contida num grande útero ao qual deverá chegar um Grande Vento o Grande Hálito, para a libertar. Nos mistérios, a Luz é representada por um ancião e a obscuridade por uma jovem formosa, e os poetas setianos cantavam essa perseguição.

Existe um Livro Sagrado entre estes iniciados que se chama O Discurso de Set.

Nazarenos e setianos, tinham ensinamentos absolutamente idênticos aos da teosofia moderna. É uma pena que a Mestra Blavatzky não tivesse dado com os Tesouros Gnósticos. Se o tivesse conseguido com o seu trabalho, teria sido bem diferente a realidade, sem a necessidade de importarmos coisas praticadas no Oriente. É no entanto também possível que isto pudesse ter sido uma conveniência, porque de outra forma, a igreja católica naqueles tempos, teria feito com que ela se calasse.

No entanto, nós não devemos contentar-nos com a teosofia oriental, apenas devemos lançar mãos ao nosso cristianismo esotérico, tal como o vimos pregando há vinte e cinco anos.

Mais tarde apareceu Justino, formando a Escola dos Justinianos.

Nunca a igreja católica fez mais falsificações que com as Obras de Justino, aquele que, tendo sido discípulo dos Apóstolos, criou uma grei e em seguida foi morto como mártir. Por ter sido Gnóstico, a igreja queimou as suas verdadeiras Obras e reformou-as substituindo nomes. Por isso, hoje, se pode dizer que temos dois Justino’s; o verdadeiro e o falsificado pelos católicos. Justino pedia aos seus discípulos, um juramento tremendo em que os obrigava a jamais revelar, aquilo que lhes era ensinado sobre os Grandes Mistérios. Foi ele o autor do Apocalipse Baruc, que é muito diferente do que actualmente se conhece. O verdadeiro está em poder de diversas Sociedades Secretas. E neste livro repete-se um conto de Herodoto, em cujo simbolismo se acredita está o Mistério da Criação:

Hércules andava em viajem, e numa noite, ao atravessar o deserto e vencido pelo cansaço deixou-se adormecer. Sonhou então que o cavalo, que o acompanhava na viajem, tinha fugido; ao despertar e no meio das diligências para o encontrar, veio ter com ele uma mulher muito formosa que lhe disse conhecer o paradeiro do animal. Ao perguntar-lhe Hércules, em que lugar se encontrava a sua montada, esta respondeu que não lhe diria uma só palavra enquanto ele não a considerasse sua amante e realizasse com ela o coito. Imediatamente Hércules a repudiou até porque só a metade superior dela era de uma mulher formosa. Os membros inferiores eram os de uma serpente horrorosa. Mas como mesmo assim ela lhe devolveu o cavalo ele acedeu. Essa Mulher Serpente concebeu de Hércules e dessa relação nasceram tês pessoas numa. Uma figura de Mulher dividida em três partes: metade de Corpo Humano; metade de Serpente, e no meio, a Parte Sexual de ambos. Daqui nasceu a Trindade.

Nesta Obra o povo de Israel não é uma simples tribo, mas sim o símbolo do mal, a parte feminina... Fala ainda dos doze Anjos bons e dos doze maus. Segundo Justino, Baruc foi um Anjo, que encontrando Jesus, o iniciou nos Sagrados Mistérios. Justino foi um dos maiores Iniciados e a sua fama chegou a ser Universal. Não podendo, por esse motivo, a igreja deixar de explorar o seu nome, sumiu os seus verdadeiros Livros, dando-lhe paternidade a outros que ele jamais pensou em escrever.

Temos ainda Simão O Mago.

Este foi contemporâneo de Justino e louvado por este. Hoje a igreja diz, naturalmente, que Justino se enganou a respeito dele. A verdade é que os romanos lhe erigiram estátuas com a

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inscrição “Simon Deo Sancto”. Conseguiu tal desenvolvimento das suas faculdades interiores, que conseguiu operar verdadeiros milagres e segundo contam teve uma controvérsia com São Pedro em que este terá afirmado que as coisas de Deus não se adquirem com dinheiro... Pelos vistos, a igreja emendou esta frase do primeiro Pontífice e hoje o Papa entrega e oferece muitas coisas mediante retribuição...

Simão O Mago, acredita no imenso poder do fogo e assegura que na íntima essência deste elemento, encerra-se um poder imenso, do qual o Mago se deve valer sem qualquer dúvida. Esse fogo encontra-se também dentro de nós, na transmutação das forças sexuais. É ensinado aos nossos estudante avançados.

Foi o primeiro que naquele época deu a conhecer o Septenário Teosófico, descrevendo o manusear da mente falada dos quatro elementos. Descreve o caminho que empreendem as forças seminais até chegarem ao coração, deixou-nos uma infinidade de fórmulas e receitas de toda uma Magia cerimonial. Muito dos escritos, que foram publicados por Papus, e outros autores, acerca da magia nos últimos anos, foram copiados de Simão O Mago.

No seu livro A Pregação, diz: Para vós eu falo em metáforas; mas deveis compreender-me...Dois rebentos nascem de toda a Seriedade e há um princípio sem fim. Ambos vêem da mesma Raiz ou seja do Poder Infinito, do Silencio Invisível. Um dos rebentos eleva-se. É o poder , o entendimento do grande Todo que a tudo chega e é masculino. O outro desce. É a grande mente, o produtor incansável e é feminino. É na união de ambos que está a resolução de todo o problema. O poder em si mesmo é masculino e feminino alternadamente.

Simão O Mago, pregava o amor ideal e a obrigação de combater a volúpia carnal e isso foi quanto bastou para que tivesse sido uma vítima da igreja, que mais tarde o santificou.

Continuemos com os valentinianos.

Valentim, faleceu em 161, foi contemporâneo de Harpócrates. Era um dos Gnósticos de maior renome e foram muito grandes as lutas para não ser conquistado pela Igreja Católica, que acabou por excomunga-lo como herege. No entanto a “heresia” de Valentim, consistia em ter um conhecimento mais fundo e transcendente, que o dos sectários da Igreja Católica, e em que as suas mais puras virtudes foram o seu maior património durante a sua vida. Os seus grandes poderes de mago foi o que mais eficazmente despertou os ciúmes dos seus adversários. A literatura deste Mestre, é naturalmente agnóstica, visto ele lhe ter acrescentado uma série de sofismas e erros, propositadamente, para com eles esconder a sua verdadeira Doutrina, que chegou a ser ignorada por completo.

Valentim. Como quase todos os Gnósticos, valeu-se da analogia do nascimento de um ser humano para explicar a Criação dos Mundos, chegando a construir todo um edifício filosófico com este sistema. Sustentou que Jesus foi Gnóstico em toda a acepção da palavra e que por causa da Igreja Católica, não pode interpretar as escrituras devido ao facto de lhe faltar a chave necessária para o efeito. Era ainda um grande matemático e fez a sua filosofia com o Santo e o Numero. Foi o primeiro a pôr em prática o sistema decimal, tendo-o provavelmente ido buscar à Cabala dos Zefirotes ou os dez caminhos para chegar a Deus. Foi racionalista e falava da razão como o primeiro atributo que Deus oferece aos homens. A ele se deve a diferença estabelecida entre Ciência e Sabedoria e ainda, no erro que existe quando se tem por adquirido, ao pensar que a Matéria nasce por mediação da Carne.

Todo o sistema Gnóstico pode ser descoberto estudando Valentim, e então se verá a maldade dos seus inimigos ao querer destruir uma coisa verdadeiramente santa. As suas teorias sobre a forma de transmutação das forças sexuais e os seus ensinamentos, são muito idênticos aos de outros Mestres ou Escolas, por isso não se torna necessário repeti-las.

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Mais tarde Hipólito ocupou-se em explicar o sistema de Valentim provando que sem dúvida Jesus, durante trinta anos da sua vida e no tempo em que estudou no Egipto, foi Gnóstico e que as suas ideias acabaram por ser adulteradas pela nova seita que veio a constituir o cristianismo.

Marcos, aquele que nos deu a missa Gnóstica, foi um dos mais interessados na Unção Eucarística. Pertenceu à seita dos Esenios entre os quais, ao que sabemos, se praticava o Agape e que Jesus o terá celebrado com os Apóstolos em casa de José de Arimateia. A forma utilizada por Marcos, na prática do Agape, difere em parte da nossa, que além de mais bonita é, desde logo, mais útil nesta nossa época.

Marcos dá uma extrema importância à vocalização da fórmula e diz que toda a verdade está encerrada no alfabeto grego. Ordena as letras desse alfabeto, sucessivamente, em cabeça, pescoço ombros, peito etc., fazendo passar o líquido espermático, perante essas forças e pelo corpo interno. Nenhum dos ocultistas modernos falou tão franca e claramente dos Grandes Mistérios como ele.

Fazendo menção às 24 letras – que na realidade existem e são vistas pelos Iniciado – assegura que o nome de Cristo se compõe igualmente de 24 letras para ser Logos, cujo resultado é 888, ou seja três vezes oito ou três vezes o infinito.

Marcos ofereceu-nos ainda os mantras necessários para evocar os anjos que certamente produzem efeitos, como nós podemos comprovar. A igreja romana tem a bom recato todos os segredos deixados por Marcos, porque se assim não fosse, seria o seu fim completo, o que prepararia o florescimento e a instituição da Igreja Gnóstica.

A obra de Marcos merece que dela se faço um livro especial. No entanto, não é possível dizer mais alguma coisa, enquanto os que me lêem não se encontrarem mais bem preparados. Surge Basilides.

Basilides o Gnóstico, chama-lhe a igreja gnos – católica a este grande filósofo. Todos aqueles que se dedicaram dos Amuletos, plagiaram este Mestre cuja fórmula de consagração recebeu directamente dos Anjos Invisíveis. Foi um grande alquimista. Está no Museu de Kircher, no Vaticano, guardado Livro de sete folhas de chumbo feito por ele. Tendo chegado nos seus trabalhos com os metais ao ponto de preocupar os arqueólogos, que até hoje ainda não conseguiram descobrir, naturalmente, o seu significado oculto. Os seus trabalhos são ainda confundidos com os do seu filho, que herdou toda a sabedoria de seu pai. Basildes sustenta, nas suas obras, que os Apóstolos tinham conhecimentos bastante mais profundos que aqueles que deixaram expressos nos eus escritos, falando ainda de forma bastante clara dos aspectos exotéricos e esotéricos das coisas de Deus, como as que lhe havia ensinado S. Matias que lhe deu a conhecer a parte secreta dos ensinamentos de Jesus, que não passou para a igreja católica, porque apenas ficou como património exclusivo dos Gnósticos. As ideias expostas por Basilides são difíceis de compreender. Sobretudo quando fala do Grande Nada e da criação da Semente. No entanto a reencarnação e o karma, estão muito melhor explicados por Basilides que pelos indus. O nosso Patriarca tomou o seu nome como símbolo iniciático e com o seu imenso saber parece compreende-lo melhor que a maioria dos seus discípulos.

Saturnino de Antioquia.

Foi o Gnóstico que melhor conheceu o Zend Avesta, tendo sido um cabalista profundo.

Já Mestre Encausse, quando estudávamos com ele, nos confessou que a maioria das suas fórmulas as tinha aprendido em Saturnino.

Referências

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