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XVIII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica

SENDI 2008 - 06 a 10 de outubro

Olinda - Pernambuco - Brasil

Arranjo Interinstitucional para Desenvolvimento de um Lote Pioneiro de Equipamento

Sinalizador de Faltas em Redes Aéreas de Distribuição de Energia.

Josemir Coelho Santos

Eduardo Francisco Jakubowski

Fábio José de Andrade

Escola Politécnica da USP Companhia Paulista de Força e Luz

Expertise Eng. Ltda.

josemir@pea.usp.br eduardofj@cpfl.com.br fabio@expertise-eng.com.br

Josué de Camargo

Marlos Mazzeu Silveira

Expertise Eng. Ltda.

Expertise Eng. Ltda.

josue@expertise-eng.com.br marlos@expertise-eng.com.br PALAVRAS-CHAVE Arranjo Interinstitucional Centros de Pesquisa Lote Pioneiro Sinalizador de Faltas Terceirização RESUMO

O Objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de caso do desenvolvimento de um Lote Pioneiro de um equipamento Sinalizador de Faltas para linhas aéreas de distribuição de energia elétrica, com foco no procedimento utilizado para montagem do arranjo interinstitucional utilizado na execução desse projeto de Pesquisa e Desenvolvimento da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), parte do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Este projeto possuía forte tendência multidisciplinar e obteve como resultado um produto em fase pré-industrial, tecnologicamente avançado e competitivo, tanto no quesito preço como no qualidade.

Para cumprimento dessas ambiciosas metas, além do tradicional arranjo - Concessionária, Empresa de Base Tecnológica, Universidade - outros centros de pesquisa específicos e empresas terceiras especializadas foram contratados para suprir demandas tecnológicas e operacionais pontuais do projeto, demandas essas que não poderiam ser supridas dentro do prazo e orçamento, pelas entidades contratadas pela concessionária.

O arranjo interinstitucional obtido da aplicação desse procedimento beneficia-se da terceirização de tarefas do projeto que não envolvem diretamente o foco da pesquisa e a inovação, desonerando o quadro de funcionários das instituições diretamente contratadas pela concessionária, que mantiveram apenas pesquisadores atuando no projeto.

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1. INTRODUÇÃO

Ferramentas gerenciais se mostram cada vez mais importantes para a execução de projetos de diferentes áreas e portes, tanto no setor de pesquisa quanto no industrial ou de serviços. Neste trabalho é feito o estudo de caso de um projeto de pesquisa e desenvolvimento em que se buscou otimizar o trabalho dos pesquisadores que atuavam num tradicional arranjo interinstitucional Universidade-EBT (Empresa de Base Tecnológica), diretamente contratadas por uma concessionária de energia elétrica. Um arranjo interinstitucional tradicional é definido como sendo01 aquele estabelecido “entre organizações de natureza fundamentalmente distinta, que podem ter finalidades diferentes e adotar formatos bastante diversos. Inclui-se neste conceito desde interações tênues e pouco comprometedoras como estágios profissionalizantes, até vinculações intensas e extensas, como os grandes programas de pesquisa cooperativa, em que chega a ocorrer repartição dos créditos resultantes da comercialização dos seus resultados”.

O projeto previa o desenvolvimento de um lote pioneiro de um equipamento sinalizador de faltas em redes aéreas de distribuição de energia elétrica. A metodologia de execução do projeto previa um procedimento para terceirização dos serviços que não acrescentassem conhecimento à equipe, que não fossem de domínio da equipe de pesquisadores do projeto, ou que não se relacionassem diretamente com o ato inventivo em questão e que fossem realizados através de técnicas e tecnologias de domínio público, disponíveis para contratação/aquisição a qualquer tempo. Isso, de imediato, permitiria o barateando da execução de alguns processos e tarefas, evitando o alto custo fixo inicial de aquisição de ferramentas, máquinas e softwares, que não teriam utilidade posterior para a concessionária, ou mesmo para as instituições de pesquisa em questão, depois de terminado o projeto.

O procedimento utilizado para identificar as tarefas, etapas e produtos que se encaixavam nos requisitos de terceirização citado foi baseado na análise do Diagrama de Produtos (WBS – Work Breakdown Structure)02 do projeto. Esse diagrama, por definição, contém 100% do trabalho definido pelo escopo do projeto e captura todos os produtos a serem entregues em termos de trabalhos a serem realizados. O diagrama também é dividido em níveis, onde o primeiro e o segundo níveis definem resultados que coletivamente e exclusivamente definem 100% do escopo do projeto. Os demais níveis representam os resultados que definem 100% do escopo de seu nó pai.

Através da análise desse gráfico, foi possível identificar as tarefas críticas, que exigiam atenção direta dos pesquisadores, e tudo o mais que poderia ser terceirizado. Obviamente, o processo de terceirização é limitado por restrições orçamentárias e deve ser previsto já na fase de proposta do projeto.

Na fase de preparação da proposta do desenvolvimento do equipamento em questão, foram previstas verbas específicas para contratação de terceiros em diversas etapas. O produto final do projeto era um lote de equipamentos em fase de produção pré-industrial (lote pioneiro), cujos exemplares deveriam estar prontos para serem certificados e colocados em campo, para testes de funcionamento de longa duração.

Como resultado, obteve-se um equipamento tecnologicamente avançado, praticamente pronto para ser colocado no mercado, com preço e qualidade competitivos com equipamentos similares nacionais e importados, sem que na equipe de pesquisadores houvesse um especialista em cada área do conhecimento que foi abrangida, direta ou indiretamente, pelo escopo do projeto. Para tanto, o arranjo interinstitucional montado somava os esforços, de maneira cooperativa, dos pesquisadores das empresas contratadas diretamente pela concessionária com os esforços de diversos especialistas de áreas não críticas do projeto, ou seja, das áreas que não envolviam inovação, através da terceirização. Desse cooperativismo surge também um processo coletivo de aprendizado entre as instituições do arranjo03. Este é um subproduto muito interessante do projeto, tanto para a EBT, que precisa absorver

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know-how e tecnologia, quanto para a Universidade, que precisa difundir o resultado de suas pesquisas e redirecionar sua linha de trabalhos no sentido de atender as necessidades do mercado. Apesar da importância da troca de informações e do processo de aprendizado que ocorre dentro de arranjos interinstitucionais formados para a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, o foco deste trabalho se restringe ao método baseado no Diagrama de Produtos, adotado no projeto do sinalizador de faltas para identificar tarefas a serem terceirizadas.

2. DIAGRAMA DE PRODUTOS

O projeto que originou este estudo foi um equipamento sinalizador luminoso de faltas para redes aéreas de distribuição de energia elétrica até 69kV, por sua vez originado de uma prova de conceito do mesmo equipamento, na qual foram montados protótipos rudimentares que chegaram a ser instalados em pequeno número em linhas de distribuição de energia elétrica.

Neste novo projeto, a idéia era implementar um arranjo produtivo para a preparação de um lote pioneiro de equipamentos protótipos, aperfeiçoados a partir do dispositivo rudimentar desenvolvido anteriormente, e submeter um grande número de unidades do novo equipamento a testes de campo, além de obter a certificação de alguns aspectos construtivos e funcionais desse equipamento segundo normas internacionais.

Como a equipe de pesquisadores já havia passado pela fase de montagem de protótipos rudimentares no projeto preliminar, esse novo projeto foi proposto com a idéia de terceirizar diversas tarefas previstas que sabidamente tomariam tempo excessivo da equipe e demasiados recursos do projeto, sem gerar novos conhecimentos. Foi elaborado um Diagrama de Produtos para este projeto, representado abaixo na Figura 01:

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Neste diagrama da Figura 01 podemos observar a divisão do trabalho em níveis, desde o primeiro, que destaca os 300 protótipos do lote pioneiro do equipamento em questão, passando pelo segundo, compreendido pelas peças, patente, ensaios com o equipamento e certificação, e chegando ao terceiro e quarto níveis, que desmembram o produto esperado em seus nós pais, em que se detalham 100% dos subprodutos necessários para que seja alcançado o objetivo do escopo do projeto.

3. MONTAGEM DO ARRANJO INTERINSTITUCIONAL

O primeiro passo tomado antes da identificação das tarefas que foram terceirizadas, buscando o arranjo interinstitucional ideal para a execução do projeto que se propunha, foi a apuração das competências técnicas da equipe formada para executar o projeto, além da disponibilidade de laboratórios e ferramentais necessários para a execução das tarefas propostas. Isso já mostrou claramente quais trabalhos poderiam ser realizados diretamente pela equipe com relativa facilidade. Mostrou também quais trabalhos demandariam extensas horas de preparação e treinamento, aquisição de materiais e equipamentos estranhos ao escopo do projeto ou ao ramo de atuação das instituições contratadas, aluguel ou desocupação de espaços demasiadamente grandes para execução e armazenagem de insumos e produtos de tarefas, entre outros, que poderiam de imediato inviabilizar suas execuções diretas pela equipe de pesquisadores do projeto.

No caso do projeto do lote pioneiro do sinalizador luminoso de faltas, pertenciam à equipe, pela concessionária de energia elétrica, dois Engenheiros do setor de Gestão de Ativos, um deles com conhecimentos em ferramentas de gestão de projetos atuando como Gerente de Projeto. Pela Universidade, um Professor Doutor da área de energia e automação elétricas, atuando como Coordenador Técnico do projeto, com o auxílio de mais dois pesquisadores, sendo um mestre e um segundo Professor Doutor da mesma área.

Da EBT, pertenciam à equipe dois pesquisadores, sendo um Engenheiro Eletricista Especialista, além de um Mestre em Engenharia Mecânica. O quadro da equipe era completado por alguns poucos auxiliares técnicos bolsistas e administrativos, tanto na Universidade, quanto na EBT.

Com este cenário é possível verificar que, o cerne do problema de detecção e sinalização luminosa de faltas em uma rede aérea de distribuição de energia elétrica estava bem coberto pelos integrantes da equipe do projeto. Entretanto, um equipamento com a complexidade exigida, em estado pré-industrial, exigiria uma multidisciplinariedade grande, que não se refletia por completo nos membros da equipe de desenvolvimento.

Sabendo das competências técnicas da equipe, iniciou-se a análise do Diagrama de Produtos, buscando tarefas e produtos que teriam de ser executados, mas não se encaixavam na competência de nenhum membro da equipe listada acima, ou que exigiriam a utilização de equipamentos, ferramentas e espaços físicos não disponíveis na ocasião.

Findado esse levantamento, levando-se em consideração o orçamento e prazos apertados do projeto, foi realizado o levantamento de disponibilidade e custos de diversas outras instituições (outros departamentos da Universidade, outros Centros de Pesquisa, prestadores de serviços, consultorias externas, entre outros) que poderiam suprir as necessidades pontuais do projeto. Um estudo minucioso de otimização da utilização dos recursos e de possibilidades de cumprimento de prazos frente ao proposto por cada nova instituição consultada permitiu a montagem do arranjo interinstitucional baseado em terceirização de tarefas, levando o projeto ao cumprimento pleno dos produtos e resultados esperados. Os próximos itens deste trabalho tratam individualmente dos produtos do terceiro nível do Diagrama de Produtos deste projeto, indicando quais foram terceirizados e que tipo de instituições foram agregadas ao arranjo do desenvolvimento em cada caso.

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3.1. PROJETO DO CI

A equipe do projeto já tinha como resultado dos testes com os protótipos rudimentares que era necessária a integração dos blocos de aquisição de sinais analógicos dos sensores e da lógica digital de detecção de faltas do equipamento em um único circuito integrado proprietário para alcançar os requisitos de baixo consumo de corrente (visando uma longa vida útil da bateria do equipamento), baixo custo de fabricação em larga escala, além de funcionalidades suficientes para tornarem o equipamento competitivo no mercado nacional e internacional,.

Desde o início, era notório para a equipe que o desenvolvimento de um circuito integrado e sua fabricação não seriam tarefas viáveis de serem cumpridas diretamente pelos pesquisadores. Por esse motivo, o envolvimento dos pesquisadores nos produtos relacionados ao nó “Projeto do CI” do Diagrama de Produtos, se resumiram à “Definição de Funcionalidades” do chip.

Para o desenvolvimento do Circuito Integrado proprietário do equipamento, dentro de um projeto de pesquisa aqui no Brasil, diversas barreiras operacionais tiveram de ser quebradas. Por se tratar de um projeto de pesquisa, havia uma restrição orçamentária muito grande, que inviabilizava o desenvolvimento do CI no exterior, como normalmente é feito por empresas e indústrias de grande porte.

Devido a essa restrição orçamentária, o desenvolvimento teria de ser realizado dentro do ambiente acadêmico. O centro acadêmico de desenvolvimento de micro-eletrônica contratado para essa finalidade fica dentro da própria Universidade que faz parte do projeto como instituição diretamente contratada. Por isso, neste caso, não houve a agregação de nenhuma nova instituição, apenas de um novo departamento, contratado como terceiro.

A fabricação do chip, entretanto, não poderia ser feita no Brasil, devido à inexistência de uma foundry nacional capacitada para tal serviço. Visando manter o custo baixo, um processo de fabricação multiusuário numa foundry européia, comumente utilizado pela Universidade, foi utilizado no projeto. Todos os trâmites burocráticos e técnicos para o envio do projeto para o exterior e recebimento dos

chips fabricados correram por conta do centro de desenvolvimento de micro-eletrônica, sem onerar a

equipe do projeto com tarefas fora do objetivo principal, que era o desenvolvimento do sinalizador de faltas.

3.2. ELETRÔNICA

A “eletrônica” do equipamento sinalizador de faltas nada mais é do que a Placa de Circuito Impresso (PCI), utilizada para abrigar o CI proprietário desenvolvido para o equipamento e os componentes eletrônicos discretos, externos ao chip, necessários para seu correto funcionamento. O projeto do circuito eletrônico foi feito pelos pesquisadores da Universidade, a partir dos requisitos do chip listados pelos profissionais do centro acadêmico que o desenvolveu.

Um ponto importante a ser considerado foi que, por motivo de restrição orçamentária, os CIs fabricados no exterior não foram encapsulados, para serem montados diretamente na PCI através do processo COB (Chip On-Board), onde o CI é fixado diretamente na PCI e resinado.

Depois de testados alguns protótipos iniciais e de alguns refinamentos do circuito eletrônico, a compra dos componentes para montar a eletrônica foi feita pela EBT, que terceirizou a montagem da PCI para um centro de pesquisas, com grupos especializados em microeletrônica e áreas correlatas, onde existia maquinário e pessoal qualificado para realização do processo COB.

Portanto, mais um centro de pesquisa, fora da Universidade, foi envolvido no arranjo do desenvolvimento, para baratear o custo final do equipamento e aumentar o grau de inovação do equipamento sinalizador.

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3.3. MOLDES DE INJEÇÃO E GABINETES PLÁSTICOS

Apesar da equipe de pesquisadores contar com um mestre em engenharia mecânica, o processo de criação de moldes de injeção de termoplásticos, a confecção desses moldes em aço e o processo de injeção requerem profissionais altamente especializados, além de ferramentas computacionais e maquinário pesado para a usinagem dos moldes e injeção das peças plásticas. Obviamente esse conjuto de elementos não pode ser adquirido e mantido com o orçamento de um projeto de pesquisa e, de fato, não é mantido pela imensa maioria das indústrias e empresas que desenvolvem e fabricam peças plásticas utilizadas em produtos de fabricação seriada.

Portanto o projeto seguiu o caminho usual, que foi a contratação de empresa especializada no desenvolvimento de peças fabricadas em material plástico injetado, bem como no desenvolvimento de moldes de injeção de termoplásticos em aço, ficando o pesquisador da área mecânica do projeto encarregado da especificação dos requisitos técnicos, fiscalização da execução dos serviços e dos resultados apresentados, bem como a elaboração de testes adequados com as peças fabricadas.

No sentido de testar o gabinete que foi desenvolvido antes da fabricação dos moldes, foi realizada a prototipagem rápida do gabinete para teste funcional e de montagem dos componentes internos. Para tanto, outro setor do centro de pesquisa contratado para montagem da eletrônica pelo processo COB foi contatado. Eles possuíam maquinário e especialistas para prototipagem de peças pelo processo de Sinterização Seletiva a LASER (SLS), com um custo acessível ao projeto. Pequenas alterações e refinamentos já puderam ser feitos no gabinete, como resultado desta etapa.

Para barateamento de custos, o molde de injeção fabricado foi do tipo protótipo, feito com material menos resistente, mas com capacidade de injetar peças suficientes para cumprir com folga os requisitos do projeto, que eram 300 gabinetes plásticos completos.

A mesma empresa que fez o projeto e o desenho computacional do gabinete, também contava com uma ferramentaria para usinagem do molde protótipo de injeção e empresas parceiras aptas a realizarem a injeção das peças necessárias ao projeto. Depois de diversas rodadas de negociação, todos esses serviços foram contratados dessa mesma empresa, com custo total e prazo de entrega inferiores aos de outros concorrentes consultados, o que facilitou o acompanhamento do processo de desenvolvimento do gabinete do ponto de vista gerencial e aproximou os especialistas da empresa contratada dos pesquisadores e dos profissionais da concessionária, além do projeto de pesquisa em si, tornando o gabinete desenvolvido mais inovador e totalmente adequado às necessidades operacionais da concessionária de energia elétrica, que é o usuário final do equipamento.

3.4. DEPÓSITO DA PATENTE

No que se refere à patente do equipamento que estava sendo desenvolvido, a equipe de pesquisadores tinha toda a capacidade de realizar o levantamento bibliográfico e patentário preliminar, já que detinha a base teórica utilizada no desenvolvimento das provas de conceito e protótipos rudimentares, que chegaram a ser instalados em campo. Esta tarefa também era importante para atualizar os pesquisadores no estado da técnica, e por isso não poderia ser delegada a um terceiro.

O processo de patenteamento em si, que vai desde o laudo de patenteabilidade até o burocrático processo de depósito da documentação no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), poderia ser executado por um escritório de propriedade industrial de confiança, com envolvimento dos pesquisadores apenas na redação do relatório descritivo.

Portanto, a busca de anterioridade (levantamento patentário) foi realizada pelos próprios pesquisadores do projeto, dentro da etapa de levantamento bibliográfico. O resultado desse levantamento

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impulsionou a elaboração de um laudo de patenteabilidade por parte de um escritório especializado isento.

Com o passar do tempo e conforme avançava o desenvolvimento, o relatório descritivo da patente foi sendo desenvolvido pelos engenheiros da EBT, que já possuíam treinamento básico em propriedade industrial.

Acabado o desenvolvimento e finda a escrita do relatório, o escritório especializado ficou encarregado de corrigir e completar a documentação e depositar o pedido no INPI. Novamente a equipe de desenvolvimento teve um ganho de tempo muito grande, por não ter de se preocupar com o processo burocrático de depósito e acompanhamento do processo de pedido de patente.

3.5. MONTAGEM DE 300 PROTÓTIPOS DO LOTE PIONEIRO

Os 300 equipamentos que seriam mais tarde testados em campo e em laboratórios especializados foram montados por uma empresa especializada em conectorização e cabeamento eletro-eletrônico, sob as orientações e acompanhamento dos engenheiros da EBT, que documentaram o processo. Isso foi de extrema importância, pois o know-how dessa empresa fez com que diversas etapas de estudos (que não agregariam conhecimento útil para a equipe de pesquisadores), fossem suprimidas, e o conhecimento necessário para a montagem de equipamentos de qualidade e tecnologia adequadas ao mercado competitivo fosse simplesmente absorvido pelos pesquisadores. Algumas vezes foi possível que os pesquisadores sugerissem refinamentos no processo de montagem, aproximando este do ponto ótimo entre qualidade, custo e prazo, sem o oneroso processo de aprendizagem e desenvolvimento de um processo produtivo de equipamento eletro-eletrônico.

A equipe de pesquisadores ficou então livre para pensar nos ensaios e testes que seriam realizados com os equipamentos, visando o refinamento do produto final.

3.6. ENSAIOS

Os ensaios realizados com o equipamento foram terceirizados somente nos casos que se necessitava de laboratórios especiais, equipamentos de teste e medição caros, ou ainda laudos com resultado isentos, que não poderiam ser fornecidos pela própria equipe de desenvolvedores.

Testes que se relacionavam diretamente com linhas de distribuição de energia elétrica e os fenômenos relacionados a ela, foram realizados pela equipe. Inclusive um vão de linha experimental foi montado na Universidade, onde é possível aplicar simulações de curto-circuito de maneira sintética, uma vez que este vão de linha experimental simula os níveis de tensão e corrente de linhas de distribuição e a altura de condutores reais.

Os testes de visualização eram repetidos pela equipe do projeto cada vez que se implementava uma nova versão do suporte de LEDs do gabinete plástico, ou cada vez que um novo tipo de LED era adquirido e necessitava ser testado quanto à sua capacidade de emissão luminosa em ambiente de campo. Os testes eram realizados num sítio da concessionária, utilizado para treinamento de seus eletricistas.

Testes mecânicos necessitavam de laboratórios com equipamentos de aplicação de força e de medição acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO). A elaboração dos testes e interpretação dos resultados ficava a cargo da equipe de pesquisadores do projeto. A execução dos testes era realizada por diversos laboratórios, conforme a disponibilidade de maquinário e equipamentos de medição, bem como prazo de execução e custo.

O desenvolvimento de modelos de linhas de distribuição e simulações computacionais referentes à aberturas de chaves monopolares foram realizados diretamente pela equipe do projeto, pois necessitavam apenas de softwares de simulação e conhecimentos comuns da EBT que fazia parte do projeto.

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Os testes de alta tensão e alta corrente foram elaborados pela equipe de pesquisadores do projeto, entretanto sua realização necessita de laboratórios especiais, com geradores e transformadores de tensão e correntes especiais, com diversos riscos inerentes, que só poderiam ser operados por técnicos especializados. Por isso, a execução dos testes foi terceirizada para laboratórios da Universidade, que possuem as montagens e os profissionais necessários para estes testes e prestam esse serviço para a comunidade em geral. Por se tratar de um projeto de pesquisa com o envolvimento da própria Universidade, preços e condições de pagamento especiais puderam ser negociados, preservando o orçamento do projeto.

3.7. CERTIFICAÇÃO

O processo de certificação do equipamento deveria obrigatoriamente ser terceirizado, pois a equipe do projeto não poderia certificar os resultados do próprio trabalho. Diversos laboratórios especializados em certificação de produtos eletroeletrônicos foram consultados para verificar a possibilidade de certificação do equipamento segundo a norma internacional de teste para esse tipo de dispositivo (ANSI IEEE 495-1986). Como não foi obtido êxito na contratação de um laboratório desse tipo, diversos laboratórios diferentes foram contatados para realizarem individualmente testes que constam na norma, fornecendo um conjunto de laudos que certificam que o equipamento desenvolvido opera e suporta condições ambientais dentro da especificação de projeto elaborada pela equipe de pesquisadores.

4. ARRANJO INTERINSTITUCIONAL MONTADO

Pode-se resumir o arranjo interinstitucional montado para a execução deste projeto através de um diagrama, que pode ser visto na Figura 02 abaixo:

Figura 02: Diagrama do Arranjo Interinstitucional montado para o projeto do Sinalizador Luminoso de Faltas.

No diagrama acima, as setas indicam as contratações realizadas ao longo do projeto, com o sentido de “contratante” para “contratada”. O retângulo quadriculado, nesta mesma figura, indica as instituições que pertencem à UNIVERSIDADE.

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Através do Diagrama do Arranjo Interinstitucional, podem-se ressaltar os pontos positivos da terceirização de tarefas que não envolvem inovação e que não são da competência de nenhum membro da equipe de pesquisadores:

- A concessionária fica isenta de deslocar pessoal de suas atribuições usuais, que ficam assim dedicados à execução de projetos de pesquisa e gerência de terceiros contratados.

- Os pesquisadores do projeto não se envolvem diretamente nos serviços repetitivos e que envolvem assuntos específicos, fora do foco do desenvolvimento.

- O resultado do projeto, ou o produto que está sendo desenvolvido, ganha em valor agregado, pois passa a contar ao longo de seu desenvolvimento com especialistas em cada passo do processo, embutindo tecnologia de ponta e as tendências mais atuais do mercado.

- Há uma redução do custo total do projeto, relativo ao resultado apresentado, pois os custos dos maquinários, ferramentas e softwares utilizados por terceiros são diluídos entre os diversos clientes destes. O projeto conta com tecnologia de ponta, sem a necessidade de adquirir esses itens, que teriam pouca ou nenhuma serventia após o término do projeto.

O ponto negativo deste processo é que se faz necessária a dedicação de pessoal na EBT ou na Universidade para o processo de contratação e fiscalização do serviço de terceiros, tarefa que perdura por praticamente todo o projeto.

Um cuidado que deve ser tomado com relação à contratação de terceiros para participação em projetos de pesquisa, que envolve revelação de segredos do desenvolvimento, é a assinatura entre a contratante e as contratadas, de termos de confidencialidade, garantindo assim que nenhuma informação sigilosa seja revelada, ou, caso seja, que a contratante seja ressarcida por eventuais perdas.

5. CONCLUSÕES

Este estudo de caso mostrou como foi montado um arranjo interinstitucional para desenvolvimento de um equipamento sinalizador luminoso de faltas em redes aéreas de distribuição de energia elétrica, projeto realizado pela Companhia Paulista de Força e Luz, dentro do programa ANEEL de P&D. As ferramentas de gestão de projetos são importantes para definição deste aspecto do projeto, antes mesmo de seu início, pois a solicitação de verbas depende da metodologia que será utilizada para cumprir o desenvolvimento. Dentre estas ferramentas se destacam o Diagrama de Produtos do Projeto (WBS) e a análise das competências da equipe de pesquisadores, essenciais para a determinação do arranjo interinstitucional que deverá ser montado.

No caso estudado, a terceirização de tarefas, apesar de exigir profissionais na EBT dedicados à contratação e fiscalização de serviços, permitiu que os pesquisadores do projeto se dedicassem exclusivamente ao estudo do problema e ao processo inventivo, otimizando o trabalho e o resultado apresentado por esses integrantes. Permitiu também que fosse agregada mais tecnologia ao produto, que foi desenvolvido já num nível pré-industrial, com um arranjo produtivo montado, e com características e funcionalidades suficientes para competir com outros equipamentos similares disponíveis nos mercados nacional e internacional, nos quesitos preço e qualidade.

Percebeu-se também que, dentro de um projeto de pesquisa, alguns tipos de contratações são inviáveis, como o desenvolvimento de Circuitos Integrados proprietários por vias normais. Por isso, a participação da Universidade em diversos pontos do projeto é essencial, pois uma solução obtida por via acadêmica geralmente reflete o estado da técnica sobre o assunto e pode ainda ser bastante adequada para compor um equipamento a ser fabricado em larga escala e oferecido no mercado. 6. BIBLIOGRAFIA

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01 PLONSKI, G. A. Cooperacion empresa-universidad en iberoamerica: estágio atual e perspectivas. Cooperacion universidad-empresa en iberoamerica: avances recentes. São Paulo: Cyted, 1992.

02 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Project Management Institute Practice Standart for Work Breakdown Structures. Segunda Edição, 2006.

03 BRITTO, Jorge. Cooperação e Aprendizado em Arranjos Produtivos Locais: Em Busca de um Referencial Analítico. NOTA técnica 4 do projeto de pesquisa: aprendizado, capacitação e cooperação em arranjos produtivos e inovativos locais de MPEs: implicações para políticas. Rio de Janeiro: Instituto de Economia da UFRJ e OEA, 2004. Acesso em 10/03/2008, disponível em: http://redesist.ie.ufrj.br/dados/nt_count.php?projeto=oe1&cod=4

Referências

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