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Título SEQÜÊNCIA TEXTUAL E DISTRIBUIÇÃO DAS INFORMAÇÕES: UMA PROPOSTA DE INTERSEÇÃO EM EDITORIAIS DE JORNAIS

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Academic year: 2021

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Título

SEQÜÊNCIA TEXTUAL E DISTRIBUIÇÃO DAS INFORMAÇÕES: UMA PROPOSTA DE INTERSEÇÃO EM EDITORIAIS DE JORNAIS

Autora:

Socorro Cláudia Tavares de Sousa – Universidade Federal do Ceará

Endereço

Rua Jorge Dumar, 2001, Montese , Fortaleza – CE, CEP. 60410300 E-mail: sclaudiats@yahoo.com.br

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SEQÜÊNCIA TEXTUAL E DISTRIBUIÇÃO DAS

INFORMAÇÕES: UMA PROPOSTA DE INTERSEÇÃO EM

EDITORIAIS DE JORNAIS

Socorro Cláudia Tavares de Sousa1

RESUMO

O presente artigo está centrado na descrição da organização textual argumentativa em editoriais de jornais produzidos na imprensa brasileira a partir da aproximação de suas unidades retóricas e das macroproposições que constituem a seqüência textual dominante, a argumentativa. A análise qualitativa de 60 editoriais de jornais possibilitou traçar uma relação funcional entre as unidades retóricas e as macroproposições argumentativas, que evidenciou um paralelo da Un1 (contextualização do tema) com a tese anterior; da Un2 (argumentação sobre a tese) com os dados, com a tese anterior e com a restrição; e da Un3 (indicação da posição do jornal) com a conclusão (nova tese).

TEXTUAL SEQUENCE AND INFORMATION DISTRIBUTION: NA INTERSECTION FRAMEWORK FOR NEWSPAPER EDITORIALS

ABSTRACT

The present paper is dedicated to make the description of the argumentative textual organization in newspapers editorials produced in the Brazilian press, by using the proximity of their rhetoric units and their macro propositions that make the dominant textual sequences: the argumentative one. The qualitative analysis of 60 editorials made possible to identify a functional relation between the rhetoric units and the argumentative macro propositions, what showed parallelism between

1 Doutoranda em Lingüística e pesquisadora do grupo Protexto do Programa de Pós-Gradução em Lingüística da UFC.

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the Un1 (proposition context) and anterior thesis; between the Un2 (argumentation about the thesis) and data, anterior thesis and restriction; between the Un3 (identifications of the newspaper opinion) and the conclusion (new thesis).

1 Considerações iniciais

A presente pesquisa volta-se para o estudo da argumentação em editoriais de jornais a partir da descrição da organização textual argumentativa. Buscou-se estabelecer uma relação entre as unidades retóricas encontradas por Sousa (2004) para editoriais de jornais e as macroproposições do protótipo de seqüência argumentativa de Adam (1992). Essa análise está ancorada nas contribuições de Swales (1990) com seu trabalho pioneiro sobre análise de gêneros no ambiente acadêmico e de Adam (1992) que propõe um estudo de textos a partir de protótipos de esquemas seqüenciais de base, dentre eles, o argumentativo que foi explorado na análise de editoriais.

Partiu-se do pressuposto de que a organização textual desse gênero tem a seqüência argumentativa como tipo textual dominante. Esclarece-se que o objetivo dessa aproximação não tem a intenção de enquadrar em uma justa medida os dados no protótipo proposto por Adam (1992), ao contrário, o objetivo desta análise é ampliar o conhecimento sobre a organização textual argumentativa em editoriais de jornais, alargando as informações sobre a relação dados-conclusão em editoriais de jornais.

2 A organização retórica em editoriais de jornais

Em função da natureza argumentativa do gênero editorial de jornal, empreender-se-á nesta seção uma proposta de descrição de sua organização retórica. Essa descrição fundamenta-se numa análise que emerge do trato com os dados. Nessa perspectiva, as recorrências na distribuição das informações possibilitaram a apresentação de uma proposta de caráter heurístico de organização retórica para editoriais que está reproduzida abaixo:

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Quadro 1 – A organização retórica de editoriais de jornais

Unidade retórica 1 – Contextualização do tema

Subunidade 1.1 – Apresentando uma informação introdutória e/ou2 Subunidade 1.2 – Esclarecendo uma informação (e)

Unidade retórica 2 – Argumentação sobre a tese

Subunidade 2.1 – Argumentando convergentemente e/ou Subunidade 2.2 – Argumentando divergentemente (e/ou)

Unidade retórica 3 – Indicação da posição do jornal

Fonte: Sousa, 2004, p. 68

A unidade retórica 1 (contextualização do tema) é o espaço que o editorialista tem para contextualizar o leitor, apresentando uma informação relacionada com a temática, mas que não se constitui argumento da tese. Essa contextualização pode ocorrer de diferentes formas, isto é, através da realização de uma ou duas subunidades concomitantes ou não. A subunidade 1.1 (apresentando uma informação introdutória) tem como função retórica apresentar uma informação que possibilite a introdução da argumentação. E a subunidade 1.2 (esclarecendo uma informação) tem a função de esclarecer uma informação mencionada no início do texto editorial com o objetivo de contextualizar o leitor da temática que será abordada.

A unidade retórica 2 (argumentação sobre a tese) é o espaço que tem o editorialista para convencer o leitor. A subunidade 2.1 (argumentando convergentemente) tem o papel de apresentar os argumentos pró-tese de modo a fundamentar o ponto de vista apresentado pelo editorialista. E a subunidade 2.2 (argumentando divergentemente) tem o papel de apresentar argumentos que são contrários ao ponto de vista defendido pelo editorialista.

A unidade retórica 3 (indicação da posição do jornal) apresenta a posição da empresa jornalística. Poder-se-ia dizer que a Un3 representa a conclusão, o fecho de toda a

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argumentação do editorial, isto é, todas as outras unidades convergem para ela.

3 Seqüência textual argumentativa

No quadro teórico da tipologia textual de Adam (1992), os gêneros são componentes da interação social, enquanto que a seqüência é um plano de organização textual presente na composição dos gêneros do discurso, constituindo-se, portanto, de organizações lingüísticas formais em interação dentro de um dado gênero.

A diferença fundamental entre gênero e seqüência é que esta é delimitável em um pequeno conjunto de tipos. Por essa razão, para Adam (1991), é possível definir um plano de organização textual estável que compõe os textos que são as seqüências textuais. Segundo Adam (1992, p. 28), a seqüência pode ser definida como:

- uma rede relacional hierárquica em grande medida decomponível em partes ligadas entre si e ligadas ao todo que elas constituem.

- uma entidade relativamente autônoma, dotada de organização interna que lhe é própria e, portanto, em relação de dependência/independência com o conjunto mais amplo de que ela faz parte.

Do conceito de seqüência de Adam (1991) se depreendem duas afirmações: a primeira, a seqüência como unidade constituinte do texto que, por sua vez, é constituída de blocos de proposições, denominadas macroproposições; a segunda, as macroproposições são, por sua vez, constituídas de um número “n” de microproposições. Esse conjunto de encaixes foi representado por Adam (1991) da seguinte forma: [#T# [seqüências(s) [macroproposição(ões) [proposição(ões)]]]].

Adam concebeu, a posteriori3, cinco tipos de seqüência textual: narrativa, descritiva,

explicativa, dialogal e argumentativa. Ressalta-se que será apresentada aqui somente a argumentativa tendo em vista o objetivo do presente artigo que é estabelecer uma relação entre as unidades retóricas e as macroproposições argumentativas de Adam (1992). Seu protótipo de seqüência argumentativa não é de ordem linear, assim algumas macroproposições

3 Adam (1987), a princípio, concebeu sete tipos de seqüências textuais, a saber: narrativa, descritiva, argumentativa, expositivo-explicativa, injuntivo-instrucional, conversacional e poético-autotélica. Em estudo posterior, as reduziu a cinco, pois as “injuntivo-instrucionais” poderiam ora materializar-se em seqüências descritivas ora em seqüências explicativas.

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podem estar subentendidas. De acordo com Adam (1992), a seqüência argumentativa prototípica apresenta a seguinte estrutura:

TESE + DADOS Ancoragem portanto provavelmente CONCLUSÃO Anterior (Premissas) das inferências (Nova) Tese

P.arg. 0 P. arg. 1 P. arg. 2 a menos que P. arg. 3

RESTRIÇÃO P. arg. 4

Figura 01 – Protótipo da seqüência argumentativa Fonte: Adam (1992, p. 118)

As macroproposições da seqüência argumentativa são:

a) Tese anterior (p. arg. 0): é uma conclusão inicial que se pode fazer a partir das primeiras informações (dados) fornecidas pelo texto. De acordo com Adam (1992), pode estar subtendida;

b) Dados (p. arg. 1): correspondem aos argumentos que ancoram a conclusão (P. arg. 3); c) Ancoragem de referências (P. arg. 2): diz respeito aos “princípios” que dão sustentação aos

dados. São implícitos;

d) Restrição (P. arg. 4): corresponde aos argumentos que levam a uma conclusão não-C, oposta à conclusão que se esperava a partir da utilização das regras de inferência;

e) Conclusão (P. arg. 3): é também denominada nova tese. É a conclusão ou tese defendida pelo locutor. De acordo com Adam (1992), pode vir subentendida.

3

3 ASASRREELLAAÇÇÕÕEESSEENNTTRREEAASSUUNNIIDDAADDEESSRREETTÓÓRRIICCAASSEEAASSMMAACCRROOEESSTTRRUUTTUURRAASSAARRGGUUMMEENNTTAATTIIVVAASS

A apresentação da formulação teórica sobre seqüência argumentativa, bem como da organização retórica de editoriais de jornais darão sustentação à análise que será procedida nesta seção. Assim, em cada subseção buscar-se-á traçar um paralelo entre cada uma das unidades de informação e as macroproposições argumentativas (tese anterior, dados, conclusão (nova tese) e restrição).

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3.1 As macroproposições argumentativas na contextualização do tema

Como foi apresentado anteriormente, a unidade retórica 1 (contextualização do tema) é o espaço utilizado pelo editorialista para contextualizar a temática que será discutida. A tentativa de contextualizar o tema, por sua vez, implica a utilização de mecanismos diversificados de condução das informações, tais como a apresentação de um fato da atualidade, de dados estatísticos, dentre outros recursos retóricos. Analisando o corpus foi possível verificar uma relação da Un1 com a macroproposição argumentativa tese anterior. O exemplo4 abaixo ilustra essa afirmação:

E52 “(01) o Governo federal vem intensificando o cerco contra a prostituição infantil e juvenil, chaga social que continua a desafiar a sociedade brasileira, mesmo não sendo um drama exclusivo do País. (02) O compromisso de combate a esse crime havia sido firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na primeira reunião ministerial e já se observa algo de concreto nas ações do Ministério da Justiça neste sentido. (03) No momento, está em curso uma operação nacional, denominada 12 de Outubro (data emblemática: Dia da Criança) em 18 estados, além do Distrito federal. Foram presos 52 adultos envolvidos nessa atividade criminosa e repgnante, além da apreensão de 19 crianças vítimas do comércio degradante de corpos.” (O Povo, 23/01/2003)

O E52 defende a tese de uma discussão ampla sobre a prostituição infantil. O editorialista introduz o tema apresentando uma operação do Ministério da Justiça contra a prostituição infantil e juvenil. As informações que preenchem a unidade retórica 1 desse editorial conduzem à tese anterior de que o governo federal intensifica as ações contra os exploradores de crianças e adolescentes. As proposições que seguem as citadas acima no E52 irão constituir argumentos que endossarão a macroproposição argumentativa 3 – conclusão (nova tese). Como se pode perceber, a unidade retórica 1 é o ponto de partida para o desenvolvimento da argumentação em editoriais.

3.2 As macroproposições argumentativas na argumentação sobre a tese

De acordo com a análise das unidades retóricas em editoriais de jornais, a unidade retórica 2 é o espaço que o editorialista tem para convencer o leitor. Buscando uma

4 A divisão do editorial em proposições ampara-se no princípio de Adam (1992) de que um texto é constituído de macroproposições e essas, por sua vez, são constituídas de proprosições: [#T# [seqüência(s) [macroproposição(ões) [proposição(ões)]]]].

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aproximação entre essa unidade e o protótipo da seqüência argumentativa de Adam (1992), pode-se afirmar que houve uma correspondência, nos editoriais analisados, da macroproposição argumentativa 1 (dados) com a unidade retórica 2. São, portanto, os argumentos-dados que irão ancorar ou refutar uma dada proposição (conclusão (nova tese)). Os recortes retirados do E13 ancoram a tese de que a reforma tributária deve se realizar o mais breve possível.

E13 “(03) Eis um fato, divulgado com destaque, sim, mas aquém da importância que o bom senso, a experiência corrente e as circunstâncias indicariam: no ano passado, a carga tributária brasileira atingiu um recorde histórico de 36,45% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo País). (04) Na Suíça, esse percentual foi de 36% no ano passado. (05) O governo arrecadou R$ 476,57 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais em 2002, um crescimento de 18% em relação ao período anterior. (10) Números que tais já justificam, por si mesmos, grande estupefação e configuram brutal injustiça. (O Liberal, 10/02/2003)

Ao analisar a unidade retórica 2, observou-se a existência de duas subunidades, uma que se denominou argumentando convergentemente e outra que se denominou argumentando divergentemente. No exemplo citado no E13, os dados apresentados pertenciam à subunidade argumentando convergentemente. Contudo, em vários editoriais verificou-se a existência de dados que levam a uma conclusão C e dados que levam a uma conclusão não-C. Ao apresentar seu protótipo de seqüência argumentativa, Adam (1992) ressaltou que um dado texto argumentativo sempre se situava em relação a um contra-discurso efetivo ou virtual. Essa consideração converge para o fato de que apresentaram explicitamente dados que se relacionavam a contra-teses.

O E505, por exemplo, defende a tese de que o alto custo de vida leva à população a

procurar livrarias alternativas. Para sustentar essa tese, o editorialista apresenta as vantagens dos sebos (conclusão C), ao mesmo tempo em que apresenta argumentos que se contrapõem à tese defendida (conclusão não-C). O recorte abaixo apresenta argumentos relacionados a duas conclusões opostas.

E50 “(4) Um exemplo está na matéria ''Comércio de livro usado é opção para os pais'', publicada na página 5, da Editoria Fortaleza, na edição de sexta-feira última do O POVO. (5) Nesse tipo de intercâmbio, podem acontecer venda, compra e troca de publicações didáticas e paradidáticas. (6) Os comerciantes desse ramo garantem que a mercadoria chega a ser de 40% a 60% mais barata do que uma nova. (7) Por exemplo, um didático novo, que custa em média

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R$ 30,00 na livraria convencional, pode ser adquirido por até R$ 15,00 no sebo. CONCLUSÃO C

E50 “(10) Indaga-se, por outro lado, se essas publicações de segunda mão estão atualizadas, dentro do que foi regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBE) atualmente em vigor. (11) Nos últimos anos, o Ministério da Educação (MEC) vem intensificando a fiscalização do livro didático e muitos foram proibidos de circular, tanto pela falta de qualidade editorial quanto pelo conteúdo errado e/ou deturpado.

CONCLUSÃO NÃO-C

As restrições apresentadas no E50 conduziam a uma conclusão que se opunha à conclusão (nova tese), porém em alguns editoriais analisados a restrição conduzia toda a progressão argumentativa do editorial e se ligava à conclusão (nova tese). Essas afirmações confirmam o caráter contra-argumentativo da restrição na medida em que trazem à tona um embate de posições diferentes. A análise do corpus também tornou possível verificar que a restrição é um mecanismo argumentativo bastante recorrente nos editoriais de jornais.

Foi possível também associar a unidade retórica 2 à tese anterior. Esse fenômeno foi observado no E11 que continha teses que se ampliavam sucessivamente. No início do texto, o editorialista defende a tese de que em caso de guerra os países precisam se preparar (tese anterior 1), em seguida apresenta os primeiros movimentos do Brasil nesse sentido (tese anterior 2), e por último apresenta as medidas classificadas pelo editorialista como “certas” para que a guerra chegue a beneficiar o Brasil (conclusão – nova tese). O excerto abaixo apresenta a unidade retórica 2 funcionando como tese anterior.

E11 “(05) No que diz respeito ao Brasil, o governo Lula tem agido de forma inteligente ao se antecipar aos efeitos do conflito. (06) Brasília não pretende ficar a reboque dos fatos. (07) Mais do que nunca, é melhor prevenir do que remediar. (08) É bem-vinda a linha de ação apresentada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, no sentido de evitar impacto maior sobre a inflação. (09) Caso se confirmem a elevação da taxa de câmbio e a pressão no preço do petróleo, o governo oferecerá subsídios à população de baixa renda para a compra de gás de cozinha. (10) Haverá maior esforço em relação às exportações - pois a crise abre mercados e oportunidades. (11) E serão preservados, a qualquer custo, os programas sociais. (12) Sem dúvida, o governo Lula posicionou-se corretamente em relação à guerra.” (Jornal do Brasil, 06/02/2003)

Em resumo, na unidade retórica 2 podem se realizar a macroproposição argumentativa 0 (tese anterior), a macroproposição argumentativa 1 (dados) e a macroproposição argumentativa 4 (restrição).

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3.3 As macroproposições argumentativas na indicação da posição do jornal

A unidade retórica 3 é o espaço no editorial destinado à indicação da opinião da empresa jornalística. Logo, aproximando a informação contida nessa unidade com o protótipo de seqüência argumentativa de Adam (1992), chega-se à percepção de que a Un3 é o espaço de materialização da macroproposição argumentativa 3 (conclusão – nova tese). O excerto abaixo ilustra essa afirmação:

E40 “Impõe-se uma política clara, inteligente, moderna e transparente de governo que coordene as contribuições e dite os rumos desse esforço nacional.” (Correio Brasiliense, 29/01/2003)

A conclusão (nova tese) em editoriais de jornais representa um segmento que só se sustenta tomando como base outros segmentos. Nesse sentido, a existência da conclusão (nova tese), seja ela explícita ou implícita, é condição essencial para que haja argumentação em editoriais de jornais. A possibilidade de a conclusão (nova tese) vir implícita não é uma consideração estranha aos pressupostos teóricos de Adam (1992), tendo em vista que os seus protótipos amparam-se num jogo de explicitude e implicitude.

4 Considerações finais

Após a análise qualitativa de todo o corpus foi possível traçar um paralelo entre as unidades retóricas e as macroproposições argumentativas que está descrito no quadro abaixo:

Quadro 02 – Quadro resumitivo da relação entre as unidades retóricas e as macroproposições argumentativas

Unidades retóricas Macroproposições argumentativas

Un1 (contextualização do tema) Tese anterior (P. arg. 0)

Un2 (argumentação sobre a tese) Dados (P. arg. 1) - Tese anterior (P. arg. 0) -

Restrição (P. arg. 4)

Un3 (indicação da posição do jornal) Conclusão (nova tese) (P. arg. 3)

Fonte: SOUSA, 2004, p.129 (Adaptação)

Com a realização da pesquisa também se verificou que o modo de argumentação progressiva (dados-conclusão) revelou-se bastante recorrente, corroborando alguns estudos6

6 Na área de Comunicação, destaca-se o trabalho de Lage (2003) e na área de Lingüística o trabalho de Nascimento (1999).

(11)

sobre a estrutura composicional em editoriais de jornais. E uma contribuição que se considera fundamental no presente estudo é a relação dialógica que foi possível ser estabelecida entre aportes teóricos distintos, um referente ao modelo de Análise de Gêneros de Swales (1990) e outro referente ao protótipo de seqüência textual argumentativa de Adam (1992). Nessa perspectiva, essa pesquisa possibilitou a inter-relação explícita entre forma e função em editoriais de jornais. A análise da seqüência argumentativa tem um caráter formal, ao passo que a análise da distribuição das informações tem um caráter funcional na medida em que as unidades retóricas representam os propósitos comunicativos do gênero.

Referências bibliográficas

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SWALES, J. M. Genre analysis: English in academic and research settings. Cambridge University Press, 1990.

Referências

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