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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

PLANEJAMENTO, DESENHOS EXPERIMENTAIS E

ANÁLISES DE EXPERIMENTO COM PASTEJO

Trabalho apresentado como parte da disciplina ZOO – 752 – Métodos de Avaliação de Pastagens.

Aluno: Miguel M. Gontijo Neto mat.: 20914

Prof.: Domício do Nascimento Jr

.

Viçosa – MG

Dezembro - 1999

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INTRODUÇÃO

Os ensaios de pastejo são, sem dúvida, dos mais comp lexos da experimentação zootécnica. No trinômio solo-planta-animal, intervém o homem, através do manejo, e as condições climáticas. As investigações sobre pastagens envolvem conhecimentos de planta e nutrição animal, parasitas e doenças de plantas e animais, solo, clima, métodos estatísticos, fisiologia vegetal e outros fatores. Devido a natureza complexa desses fatores, é recomendável que especialistas dos vários campos da ciência trabalhem em equipe.

Os experimentos com pastejo normalmente envolvem grandes áreas, em um período de tempo relativamente grande, e conseqüentemente, tornam-se bastante dispendiosos financeiramente, portanto, não devem ser utilizados para provar hipóteses passíveis de serem comprovadas em outro contexto. Neste aspecto, o pesquisador deve estar atento às fases de planejamento e ao delineamento do ensaio, e também em relação as precauções que deve tomar para fazer uma correta interpretação e generalizações dos resultados obtidos.

Uma vez decidido que um experimento de pastejo é necessário, existem quatro importantes aspectos a serem considerados em seu planejamento. Primeiro, o planejamento do experimento, envolvendo os objetivos do estudo, a escolha do tratamentos e o delineamento. Segundo, a escolha das mensurações a serem realizadas com relação à pastagem e aos animais, de modo que os resultados obtidos possam ser explicados e possivelmente extrapolados para outras áreas. Terceiro, a condução do experimento, onde se inclui considerações práticas sobre as facilidades de acesso, estabelecimento da pastagem e a seleção e manejo dos animais. Finalmente, a interpretação dos resultados, em função dos tratamentos e do delineamento experimental, como também em relação à produção animal de forma geral.

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PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS DE PASTEJO

Os ensaios sob pastejo não são fáceis de serem modificados uma vez iniciados, e os erros na etapa de planejamento podem resultar em grandes prejuízos em termos de tempo, dinheiro e perdas de informações. Portanto é aconselhável dedicar suficiente raciocínio e tempo à fase de planejamento, definindo objetivos precisos e delineamentos experimentais apropriados, e medindo-se variáveis de resposta que sejam relevantes às hipóteses postuladas, como também auxiliem na compreensão da resposta animal verificada. É recomendável que em um projeto experimental sejam explicitados os objetivos, a zona de generalização dos resultados, o delineamento experimental, as varáveis de resposta, o plano de execução a campo, o custo de implementação do ensaio, e finalmente, o plano de análises estatísticas que serão realizadas.

No planejamento de um ensaio de pastejo é preciso considerar cinco aspectos inerentes ao material experimental, que determinarão o delineamento apropriado para o experimento: variabilidades do solo, do clima, intrínsecas à pastagem, aos animais, e as técnicas de medição das variáveis resposta. O reconhecimento e controle destas variabilidades repercute em uma maior precisão e capacidade de generalização dos resultados experimentais.

Objetivos do experimento

A definição do problema, cuja clareza depende da clareza dos objetivos do experimento, é fundamental para o êxito de um ensaio de pastejo. Um experimento se realiza com finalidade de responder uma ou mais perguntas, ou seja, de recusar uma ou mais hipóteses nulas. Formulando-se uma pergunta vaga, a resposta não será precisa!

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Experimentos de pastejo são estabelecidos para fornecerem diretrizes para o manejo prático de pastejo e/ou informações sobre a biologia de ecossistemas de pastagens. Os objetivos dos experimentos de pastejo, paralelos aos do próprio pastejo, seriam os seguintes: Aumento ou manutenção da produção de forragem ou condição da pastagem; uso eficiente da forragem produzida, e proporcionar altas capacidade de suporte ou produção animal.

Os objetivos de um experimento de pastejo é que determinam as variáveis a serem mensuradas e como elas podem ser mensuradas. Medidas da performance animal (ganhos, reprodução, qualidade do produto, etc.) são normalmente os objetivos centrais de um experimento de pastejo, entretanto, apenas as mensurações de produção animal não são adequadas em fornecer uma maior compreensão da complexidade de uma situação de pastejo. Assim, deve-se buscar informações sobre resposta de plantas ou comunidades de plantas ao pastejo, comportamento animal, interferência de solos ou aspectos hidrológicos, econômicos, ou combinação de alguma dessas variáveis com outras.

Se a performance animal for o objetivo principal, mas existem interações com variáveis da pastagem (por exemplo, composição de espécies, fertilidade ou sistemas de pastejo), mensurações sobre a quantidade e qualidade de forragem, parâmetros sobre a umidade e fertilidade do solo, e clima podem ser desejáveis. Quando as respostas vegetais ao pastejo forem o objetivo principal, medidas mais detalhadas das plantas são desejáveis. Por outro lado, quando a resposta animal em função da alimentação suplementar ou controle de parasitas é o objetivo, e o pasto é um componente uniforme de todos os tratamentos, amostragens freqüentes da pastagem para produção ou qualidade de forragem pode resultar em aumento de tempo e custos.

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Escolha dos tratamentos e níveis

A escolha de tratamentos deve seguir-se, logicamente, a definição dos objetivos do experimento. Eles podem ser concernidos através de comparações discretas (por exemplo, diferentes composição de forragem), comparações quantitativas (níveis de fertilização, taxa de lotação) ou ambas. Estreitamente relacionado com a escolha dos tratamentos, está a questão relacionada a práticas de manejo adotadas, onde estes serão aplicados. Estas podem ser modificadas pelo controle de sistemas de pastejo, taxas de lotação, tipo de animal utilizado, regime de fertilização, e todos esses fatores interagem para influenciar tanto a pastagem como a produção animal.

Uma das maiores dificuldades enfrentadas no planejamento de um experimento de pastejo, e provavelmente a mais importante, diz respeito ao método de pastejo a ser adotado (taxa de lotação fixas, variáveis, sazonais, etc.). Não se trata de uma decisão fácil, mesmo para pesquisadores experientes, pois dependerá do tipo de informação que se espera obter e da maneira como esta será usada. Deverão ser formuladas as seguintes perguntas: Que manejo é relevante para o sistema de produção real ou concebido? Onde se espera que os resultados do experimento sejam aplicados? Em termos gerais, parece que, como os sistemas de produção tornaram mais complexos e sofisticados, exite maior possibilidade de controle da pressão de pastejo.

Excluindo os fatores de manejo que são tratamentos, normalmente, todos os outros podem ser aplicados uniformemente para todos os tratamentos, com a finalidade de se evitar confundimentos de resultados e interpretação.

Segundo ‘t Mannetje et al.(1976) os ensaios de pastejo podem ser agrupados em duas classes: Os que avaliam a pastagem, e os que avaliam o efeito de práticas de manejo sobre determinada pastagem. Considera-se como práticas de manejo os métodos de estabelecimento,

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o uso de fertilizantes, os sistemas de pastejo (contínuo ou rotacionado), a suplementação complementar, e os níveis de carga animal ou pressão de pastejo. Se a filosofia do programa de pesquisa for modificar a estrutura de produção animal existente aplicando práticas de manejo mais eficientes, então o tipo de experimentação pertence à segunda classe, e compara a produtividade animal das pastagens existentes sob diversas práticas de manejo melhoradas com aquela utilizada na região. Por outro lado, se a finalidade do programa de pesquisa é modificar a estrutura de produção animal existente por meio de pastagens melhoradas, então a experimentação pode abrir-se em dois tipos de ensaios de pastejo:

- determinar a melhor prática de manejo, tanto para a pastagem existente quanto para aquelas (ou aquela) melhorada, e

- comparar as pastagens existentes com as melhoradas, submetendo cada uma a sua melhor prática de manejo.

Na escolha dos fatores experimentais e de seus níveis deve-se levar em consideração a finalidade da experimentação, observando-se os seguintes aspectos:

a. A relevância dos fatores experimentais com respeito aos objetivos do programa de investigação, a região onde deseja-se generalizar os resultados, e aos objetivos do ensaio.

b. A faixa de cobertura dos níveis de cada fator; este deve ser representativo da população de níveis e permitir a pastagem expressar uma resposta diferencial. Por exemplo, em um experimento destinado a medir o efeito de três cargas sobre a produção de carne de animais que pastejam Brachiaria decumbens em um determinado ambiente, seria inadequado escolher como níveis de carga 1,2; 1,4 e 1,6 an./ha sabendo que esta espécie suporta, em um ambiente similar, até 3,0 an./ha; estes níveis não seriam representativos da população total de níveis de carga

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biológicamente possíveis para esta pastagem, diminuindo a capacidade de generalização do ensaio. Por outro lado, se corre o risco de não se detectar diferenças estatísticas entre os tratamentos de carga.

c. O tratamento controle ou testemunha. Se o objetivo é modificar o sistema de produção animal existente aplicando práticas de manejo melhoradas, a testemunha será a prática de manejo comum na região; quando se trata de modificar esse sistema mediante a introdução de pastagens melhoradas, a testemunha será a melhor pastagem local com seu melhor manejo local.

d. A aplicação de práticas de manejo. Estas práticas, sejam elas ou não tratamentos de um ensaio de pastejo, deverão ser aplicadas uniformemente em todas as pastagens experimentais? Em teoria sim, para evitar possíveis confusões entre os efeitos dos tratamentos com os da prática de manejo. Entretanto em certas condições não é prático nem desejável faze-lo, como por exemplo quando se compara uma pastagem nativa com uma melhorada, onde a taxa de lotação desejável para a primeira seria inferior taxa de lotação para a segunda. Teoricamente, seria desejável comparar várias pastagens utilizando suas taxas de lotação ótimas, mas como estes ótimos são desconhecidos ou apenas se conhece aproximadamente, é aconselhável utilizar para cada pastagem valores de taxas de lotação em torno da ótima, procurando manter níveis comuns entre duas ou mais pastagens para se efetuar as comparações, conforme exemplo na Tabela 1.

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Tabela 1- Exemplo hipotético de taxas de lotação apropriadas em experimento de pastejo delineados para comparar uma associação de gramínea-leguminosa e gramínea fertilizada com N, ambas com duas doses de P, em uma região com 1000 mm de precipitação.

Nível de

Taxa de lotação (an./ha)

Pastagem P 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 Assoc. gram.+ leg. P1 x x x

P2 x x x

Gram. + 250 Kg/ha de P1 x x x

N por ano P2 x x x

Fonte: ‘t Mannetje et al.(1976)

Variabilidade do material experimental

Os experimentos de pastejo, diferentes daqueles realizados em cultivos de cilclo vegetativo curto, têm vários componentes adicionais de variabilidade inerentes ao material experimental, que o pesquisador deve considerar para o correto delineamento de seu experimento. Essas variabilidades estão relacionadas principalmente com os seguintes fatos:

- Em experimentos de pastejo, cada tratamento que se aplica a pastagem ou ao animal, ou a ambos, pode ter conseqüências a longo prazo impossíveis de medir em períodos curtos de tempo. Por outro lado, os efeitos dos tratamentos indicam, geralmente, uma interação com as condições climáticas.

- Os ensaios de pastejo exigem áreas maiores que os ensaios agronômicos, pois o tamanho da parcela deve ser tal que suporte o número de animais requeridos para estimar a produção animal com precisão.

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- A variabilidade animal unida a variabilidade da pastagem impõe uma variabilidade adicional à relação pastagem-animal e produz o denominado efeito de ‘tratamento distinto’.

Em geral, no planejamento de um ensaio de pastejo devem ser considerados cinco aspectos básicos de variabilidade que são inerentes ao local do ensaio e ao material experimental:

1. Variabilidade de solo. Se refere a existente na região sobre a qual se deseja generalizar os resultados. Informações sobre características químicas e físicas do solo podem auxiliar o pesquisador na definição do número e da locação espacial das repetições a campo, de tal maneira que sejam representativas da região de interesse.

2. Variabilidade de clima. Se refere ao clima da região sobre a qual se deseja generalizar os resultados. Existem evidências experimentais de que a produção de uma pastagem, tanto em termos de forragem como de produto animal, varia notadamente com a época estacional e com o ano de avaliação. De maneira geral, se uma região apresenta épocas estacionais marcadas, e também demonstra alta variação entre anos sucessivos, faz-se necessário realizar, no mínimo, tantas avaliações por ano quanto forem os períodos estacionais, para se poder quantificar a resposta da pastagem em todas as épocas estacionais; por outro lado, é necessário manter o experimento durante 3 ou 4 anos, como mínimo, para permitir a pastagem expressar seu potencial de produção na amplitude de condições climáticas da região de interesse.

3. Variabilidade da pastagem. Uma ou várias pastagens constituem o material experimental de um ensaio. Os principais aspectos que definem a variabilidade

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intrínseca da pastagem são sua natureza (monocultura, associação ou comunidade nativa), seu hábito de crescimento (eretas ou rasteiras) e o grau de compatibilidade entre espécies ( competição por luz, água e nutrientes).

4. Variabilidade animal. Em ensaios de pastejo o animal desempenha o papel de principal instrumento de medição da produtividade da pastagem. Portanto, é muito importante realizar uma seleção adequada do tipo de animais que devem ser utilizados, considerando que sejam representativos da população de animais da região e que componham um conjunto o mais homogêneo possível.

5. Variabilidade do modo das medições. As variáveis de resposta – tanto os parâmetros de produção animal como os atributos agronômicos – são medidas com técnicas que introduzem variabilidade. Em geral o pesquisador deve considerar como técnica ótima aquela que apresenta a mínima variabilidade nos resultados, isto é, que minimizem o erro padrão do estimado. ‘t Mannetje et al.(1976), discute aspectos sobre medição nas pastagens e animais em experimentos de pastejo.

Considerações sobre variáveis respostas

Os parâmetros de produção animal são as principais variáveis respostas em um experimento de pastejo, pois permite, em alguns casos, quantificar a produção da pastagem em unidades bioeconômicas, com maior poder de convencimento e compreensão por parte de produtores. De acordo com a finalidade da pastagem os experimento de pastejo podem ser classificados em experimentos de ganho de peso, comportamento reprodutivo ou produção de leite. Normalmente , ensaios associados a ganho de peso são mais comuns, e os parâmetros de produção animal usualmente avaliados são: Capacidade de suporte da pastagem (número de

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animais/ área/ tempo), ganho de peso por hectare (Kg/ha), ganho de peso por animal (Kg/ an.), ganho médio diário (kg/ha/dia), condição corporal (escore) e qualidade de carcaça.

Devido aos longos períodos de ensaios de pastejo, o pesquisador deve estar atento a variações relativas a mudanças no estado de desenvolvimento e comportamental dos animais, bem como mudanças na disponibilidade ou qualidade da forragem, que podem alterar profundamente durante o período experimental. Assim, durante o planejamento, o pesquisador deve ter atenção especial aos intervalos entre medições das variáveis respostas, equilibrando o despendimento de recursos como tempo e dinheiro, com o acompanhamento mais detalhado das possíveis alterações.

Buns et al.(1990), comentam que historicamente nos EUA, experimentos de pastejo têm sido orientados para produção de corte, e que bovinos são os principais animais experimentais. Estes experimentos geram resultados como ganho de peso por animal, normalmente expresso como ganho médio diário, e ganhos por hectare, que são utilizados como determinadores para seleção de espécies, níveis de fertilização, etc. Entretanto, fornecem ao pesquisador pouca clareza do “por quê” os tratamentos diferiram, e os altos custos de um experimento de pastejo, torna inconcebível que mensurações realizadas durante 2 a 5 anos de ensaio sejam inadequadas em determinar porque os tratamentos foram diferentes.

Nesse sentido, experimentos envolvendo animais em pastejo, não basta termos a produtividade por animal e por hectare. Se quisermos entender por que foram obtidos tais níveis de produtividade e extrapolar os resultados para outras condições, é necessário uma descrição real e completa da pastagem, em intervalos pré-determinados, durante o período experimental. Entre as mensurações para a caracterização da pastagem, relacionadas com a disponibilidade ou qualidade da dieta, podemos destacar: Massa de forragem (Kg ha-1); massa de folhas verdes (Kg ha-1); taxa de crescimento de pastagem (Kg ha-1dia-1); altura da pastagem

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(cm); índice de área foliar (área foliar m-2) e a composição botânica. Algumas dessas avaliações apresentam-se da dieta,

Outras mensurações para a caracterização da resposta animal, como por exemplo, tempo de pastejo, tamanho do bocado, número de bocados, consumo de matéria seca, taxa de enchimento de rúmem e tempo de retenção da digesta; e mensurações para caracterização da dinâmica pastagem/animal, como a qualidade da dieta e a taxa de consumo devem estar em mente durante a etapa de planejamento do experimento, uma vez que o consumo associado a qualidade da dieta, basicamente definem a performance animal.

Quando não for possível a realização por métodos diretos, seja por serem em alguns casos destrutivos, laboriosos ou dispendiosos, deve-se fazer uso de métodos indiretos, que solucionam as limitações dos métodos diretos, como também, possibilitam aumentar o número de amostragens, aumentando a precisão experimental.

Uma vez delimitada a região na qual se deseja generalizar os resultados; suas variabilidades em termos de solo, clima, pastagens, animais disponíveis e técnicas de medição; os fatores experimentais que devem ser avaliados e seus níveis; as variáveis de resposta a serem medidas, o pesquisador deve tomar as seguintes decisões:

- Duração total do experimento. - Número de repetições de campo. - Natureza da unidade experimental. - Número de repetições no tempo.

- Número e datas das avaliações periódicas no ano.

- Práticas de manejo aplicadas (que não constituam tratamentos) e técnicas de medição apropriadas para estimar as variáveis de respostas com a mínima variabilidade.

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DELINEAMENTO EM EXPERIMENTOS DE PASTEJO

Atenção especial deve ser dada ao delineamento experimental afim de garantir que os tratamentos e os métodos de mensurações propostos possam ser aplicados e utilizados como planejado, e que os resultados sejam interpretados nos contextos estatístico e prático. Consultas a um estatístico, e para experimentos de longa duração, a um economista podem ser necessárias. Aspectos importantes devem ser considerados:

1. A escolha do tópico experimental, dos tratamentos a serem comparados e das variáveis respostas a serem mensuradas.

2. A necessidade de se obter uma estimativa de erro sem tendenciosidade.

3. A necessidade de se obter a máxima eficiência experimental, sem sacrificar boas práticas de manejo.

4. A possível duração do experimento. Normalmente, um mínimo de três anos, podendo ser consideravelmente maiores em locais de grande variabilidade climática.

5. Os custos em termos de dinheiro e trabalho em relação aos benefícios em termos de conhecimentos e importância prática.

6. A possibilidade de coordenação com outros experimentos, ou a possibilidade de estabelecimento do experimento em um número de locais que cubra as variabilidades climáticas e edáficas da região.

Os desenhos experimentais com animais podem ser classificados em dois grupos: os de tipo ‘contínuo’ e os de tipo ‘change-over’(permutáveis). Em um delineamento contínuo um

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animal, uma vez designado a um tratamento, permanece neste até o fim do experimento; em um delineamento permutável, ao contrário, um animal recebe todos os tratamentos em seqüência. O delineamento permutável desempenha um papel muito importante na experimentação animal, porque permiti aumentar o número de tratamentos sem aumentar o número de animais; tem sido muito utilizado em estudos nutricionais e de metabolismos, e em experimentos com dietas em vacas em lactação, entretanto, deve ser observado um intervalo de tempo entre a mudança de tratamentos, que permita eliminar o efeito residual do tratamento anterior. De um modo geral, os delineamentos em ‘change-over’ são apropriados quando se consideram válidos os resultados de produção obtidos em períodos de avaliação curtos.

Os dois tipos de delineamento mencionados diferem em três aspectos básicos (Lucas, 1976):

1. O tipo de efeito do tratamento que permite estimar cada desenho. O tempo de exposição do animal a um tratamento é maior no delineamento contínuo que no permutável. Portanto, o primeiro estima o efeito do tratamento a longo prazo, enquanto o segundo estima o efeito a curto prazo. Assim, os efeitos de tratamentos estimados por cada delineamento pode apresentar resultados diferentes.

2. A magnitude do erro experimental. No delineamento contínuo o erro experimental inclui a variabilidade entre os animais dentro de cada tratamento, não sendo assim em um delineamento permutável. Por isso, se espera que, em geral, a magnitude do erro experimental seja maior em delineamentos contínuos que nos permutáveis. 3. A capacidade do delineamento em controlar as flutuações do comportamento

animal no tempo. No delineamento contínuo os animais se expoem a todos os

tratamentos ao mesmo tempo, assim, qualquer variação no padrão de comportamento animal em função do tempo afeta por igual todos os tratamentos, não sendo necessário considerá-lo. No caso de delineamentos permutáveis, onde os

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animais são expostos aos tratamentos em diferentes épocas, e por isso a resposta obtida pode estar confundida com as mudanças no padrão de comportamento associados ao tempo. Por exemplo, em novilhos de engorda, onde suas taxas de crescimento variam em função da idade.

Estas três diferenças devem ser levedas em consideração antes de se utilizar um delineamento do tipo permutável em experimentos de pastejo.

Considerando a magnitude dos custos, o número de tratamentos que se pode estudar em um experimento de pastejo é relativamente pequeno, desta forma é aconselhável utilizar delineamentos experimentais sensíveis.

Delineamentos experimentais convencionais são usualmente adequados para mensurar diferenças entre pastagens ou tratamentos. Estes delineamentos podem casualmente serem simplificados devido a limitações de área, animais, ou por apenas um pequeno número de tratamentos estarem sendo estudados. Delineamentos em blocos casualizados são mais comumente utilizados para reduzir problemas como por exemplo de fertilidade do solo. Delineamento ‘split-plot’ podem ser utilizados, especialmente para introdução fatores de tratamentos extras em experimentos já em andamento. Quando uma proporção substancial das variações não controladas são oriundas da performance individual de animais, a precisão pode ser aumentada com o uso de delineamentos tipo ‘change-over’. Delineamentos fatoriais são extensivamente utilizados em estudos de avaliação de pastejo por permitir que as interações entre tratamentos sejam mensuradas, e por fornecer repetições internas. Um experimento fatorial bem planejado pode ser mais eficiente que uma série de ensaios simples cobrindo os mesmos tratamentos, além de nos fornecer uma superfície de resposta quando níveis suficientes são testados.

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Experimentos sem repetições

Um experimento é considerado sem repetições quando apresenta apenas uma repetição no espaço, não importando qual é o número de animais por tratamento, e apresenta algumas limitações: não permite obter uma estimação válida do erro experimental (tem-se a estimativa do erro ‘dentro’ dos tratamentos, mas não ‘entre’ eles), e não permite generalização dos resultados. Entretanto, em alguns casos podem ser utilizados: em etapas iniciais do desenvolvimento de um programa de investigação; quando se deseja obter informações básicas sobre o comportamento de um germoplasma cuja semente é escassa; em testes de caráter exploratório para definir uma faixa de variação dos níveis de um fator experimental; e quando os recursos são limitados e o experimento, em tamanho, é de grandes proporções (devem ser mantidos por vários anos afim de se aumentar a validez das médias dos tratamentos.

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Delineamentos experimentais podem ser divididos em duas grandes classes – delineamentos ortogonais e não-ortogonais. Um delineamento experimental é chamedo ortogonal quando todas as possíveis combinações dos tratamentos ocorrem no mesmo número de vezes. Este tipo de delineamento produz uma análise de variância simples e facilmente interpretável, sendo cada soma de quadrados independentes de todos os outros. Recursos como covariância, transformação de dados, regressões lineares, e atualmente, com o auxilio de computadores, análises multivariadas e modelagens podem ser utilizadas na análise de dados resultantes de experimentos com pastejo, exigindo todos, conhecimentos específicos para suas corretas utilizações.

Quando um experimento com pastejo foi bem delineado e conduzido eficientemente, a interpretação de dados da produção animal podem ser utilizados com relativa facilidade para aquele local, entretanto, qualquer extrapolação para outras áreas ou comparação com resultados de outros experimentos deve levar em consideração as variações climáticas, edáficas, entre sistemas, práticas de manejo adotadas e características das pastagens inferidas.

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LITERATURA CONSULTADA

AMÉSQUITA, M.C. Consideraciones sobre planeación, diseño y análisis de experimentos de pastoreo. In: Evaluación de pasturas com animales – Alternativas metedológicas. Centro International de Agricultura Tropical. Colômbia, 1986. 292p.

BURNS, J.C., LIPPKE, H., FISHER, D.S. The relationship of herbage mass and characteristics to animal responses in grazing experiments. In: Grazing research:

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GARDNER, A.L. Técnicas de pesquisa em pastagens e aplicabilidade de resultados em

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LUCAS, H.L. Desing in animal science research. Instituto de estatística da universidade da Carolina do Norte.

SANDLAND, R.L., WILLIANS, W.T., HAYDOCK, K.P. Statistics and pattern anlysis in pasture research. In: Shaw, N.H. e Bryan, W.W. Tropical pasture research. Commonwealth Bureau of Pasture and Field Crops, Hurley, England. p.354-377.

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Referências

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