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Condições que caracterizam um conjunto tórico como variedade afim tórica

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Academic year: 2021

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Condi coes que Caracterizam um Conjunto Torico

como Variedade Am Torica

Disserta cao apresentada ao Programa de Pos-Gradua cao em Matematica da Universidade Federal de Uberlandia, como parte dos requisitos para obten cao do ttulo de MESTRE EM MATEM ATICA.



Area de Concentra cao: Matematica. Linha de Pesquisa: Geometria Algebrica.

Orientador: Prof. Dr. Victor Gonzalo Lopez Neu-mann.

UBERL ANDIA - MG 2019

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Dedicatoria

Dedico este trabalho a minha mae, minha irma Maria Eduarda e ao meu saudoso amigo Felipe Vieira (em memoria).

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Agradecimentos

Agrade co primeiramente a Deus por sempre guiar meus passos e colocar em meu caminho pessoas boas, que muito me ajudaram a chegar ate aqui.

A minha famlia, por acreditarem em mim. Principalmente a minha mae e minha avo Maria, por serem meu exemplo de for ca, luta, esperan ca e amor. Obrigada por tudo.

Aos meus amigos Nayara, Bruno, Alcindo, Andre, Lili e Humberto pela companhia, ensina-mentos e otimas risadas. Obrigada por tornarem meus dias em Campinas muito melhores.

A Lvia e a Bruninha, meu sincero agradecimento por me acolherem com tanto carinho em sua casa e por sempre me apoiarem.

A Suelen pelo acolhimento em Uberlandia. Obrigada, pelo carinho, amizade e companhei-rismo.

Aos meus amigos pelo apoio e companheirismo de sempre. Aos meus companheiros de mestrado Gabriel, Kassandra, Luis Garcia, Luis Anthony, Daniel, Telmo, Diego, Ivan, Javier, Julian e Milton pelos momentos de estudo, pelo apoio e incentivo em dias difceis e pelos momentos de descontra cao.

Ao meu namorado Edwin pela companhia, cuidado, carinho, incentivo e paciencia.

Agrade co ainda aos professores da Faculdade de Matematica pelos ensinamentos e conselhos ao longo destes dois anos. Em particular, ao meu orientador Victor Gonzalo, pela paciencia e disposi cao para sanar minhas duvidas.

Aos membros da banca pela gentileza de avaliarem este trabalho.

Por m, agrade co a Coordena cao de Aperfei coamento de Pessoal de Nvel Superior  CA-PES, pelo apoio nanceiro.

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CALIXTO, R. A. Condi coes que Caracterizam um Conjunto Torico como Variedade Am Torica. 2019. 54p. Disserta cao de Mestrado, Universidade Federal de Uberlandia, Uberlandia-MG.

Resumo

A partir de uma matriz A com determinadas caractersticas, e possvel denir o chamado ideal torico IA, que por sua vez da origem a uma variedade torica V (IA). As colunas desta matriz A, fornecem uma parametriza cao de um subconjunto da variedade torica, que e denominado conjunto torico. O objetivo desta disserta cao e apresentar um resultado que relaciona estes dois conjuntos. Mais precisamente, e mostrado um resultado que fornece duas condi coes sucientes e necessarias para determinar quando um conjunto torico determinado por uma dada matriz A, e igual a variedade torica determinada pela mesma matriz. Sao mostradas ainda, algumas aplica coes deste resultado. O trabalho ainda aborda alguns conceitos como Base de Grobner e modulos nitamente gerados. Utilizando a teoria de bases de Grobner se pode provar alguns resultados a respeito do conjunto de geradores de um ideal torico. Ja a teoria de Modulos fornece ferramentas para que se prove o resultado principal que compoe o objetivo do trabalho. Palavras-chave: Variedade Torica. Ideal Torico. Conjunto Torico.

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CALIXTO, R. A. Conditions for Characterization of a Toric Set as an Ane Toric Variety. 2019. 54p. M. Sc. Dissertation, Federal University of Uberlandia, Uberlandia-MG.

Abstract

From a matrix A with certain characteristics, it is possible to dene the toric ideal IA, which in turn gives rise to a toric variety V (IA). The columns of this matrix A, provide a parame-terization of a subset of the toric variety, which is called the toric set. The purpose of this dissertation is to present a result that relates these two sets. More precisely, a result is shown which provides two sucient and necessary conditions to determine when a toric set determined by a given matrix A, is equal to the toric variety determined by the same matrix. Besides, some aplications of this result are showen. The work still addresses some concepts like Grobner Base and Finitely Generated Modules. Using the theory of Grobner Bases one can prove some results regarding the set of generators of a toric ideal. The Modules theory, however, provides tools for proving the main result that makes up the purpose of the work.

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SUMARIO

Introdu cao 1

1 Conceitos Preliminares 3

1.1 Polinomios . . . 3

1.2 Variedades Ans e Ideais . . . 5

2 Bases de Grobner 8 2.1 Ordem Monomial e o Algoritmo da Divisao . . . 8

2.2 Ideais Monomiais e Lema de Dickson . . . 12

2.3 Base Finita de um Ideal em K[x1, . . . , xn]. . . 15

2.4 Algoritmo de Buchberger . . . 18

3 Modulos Finitamente Gerados e Algumas Propriedades 21 3.1 A-modulos . . . 21

3.2 Homomorsmo entre Modulos . . . 24

4 Ideal Torico 32 4.1 Geradores do Ideal Torico e o nucleo de um Z-homomorsmo . . . 32

4.2 O calculo de geradores para IA . . . 36

5 Variedade Am Torica 43 5.1 Fecho de Zariski . . . 43

5.2 Z-modulos e Variedade Am Torica . . . 45

Referencias Bibliogracas 53

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INTRODU CAO

A matematica e dividida em varias areas. Dentre estas, se encontra a geometria algebrica, que faz uso de metodos algebricos para estudar propriedades geometricas de conjuntos de solu coes de sistemas de equa coes polinomiais. No presente trabalho estes conjuntos de solu coes sao denominados variedades ans. Pode-se denir variedades ans a partir de um ideal polinomial. Esta caracteriza cao e possvel atraves da teoria das Bases de Grobner.

Nos ultimos quarenta e oito anos, um tipo de variedade am vem ganhando espa co nas pesquisas em geometria algebrica. Elas sao chamadas variedades toricas. De acordo com Cox, Little e Schenck [1], esta classe de variedades foram denidas formalmente em 1970, em um artigo de Demezure [2] intitulado Sous-groupes algebriques de rang maximum du groupe de Cremona. Um fato interessante que os autores mencionam e que o termo variedade torica veio a surgir somente depois de 1977, quando Miles Reidv escolheu o ttulo Geometry of toric varieties ao traduzir para o ingles o artigo de Danilov's [3], cujo ttulo em russo era Ãåîìåòðèÿ òîðè÷åñêèõ ìíîãîîáðàçèé. O trabalho de Danilov's foi um dos mais importantes da epoca sobre o tema. E depois dele muitos outros trabalhos foram publicados, apresentando varios resultados signicativos para as areas de combinatoria, poltopos convexos, teoria de codigos, fsica, dentre outras.

E importante mencionar que e possvel pensar em variedades toricas de diversas maneiras. Duas deni coes distintas podem ser encontradas, por exemplo, em [1] e [4]. No presente trabalho e utilizada uma outra deni cao, que difere das duas encontradas nos livros citados acima. Aqui, tem-se como variedade am torica a variedade de um ideal torico.

Utilizando esta caracteriza cao de variedade torica e alguns resultados sobre A-modulos, este trabalho visa apresentar condi coes necessarias e sucientes para um conjunto torico ser caracterizado como variedade am torica. Este resultado e apresentado por Reyes, Villarreal e Zarate em [5] e de acordo com Katsabekis e Thoma [6], foi neste trabalho que a rela cao entre conjunto torico e variedade torica foi considerada pela primeira vez. Em particular, dizer que um conjunto torico e uma variedade torica, e o mesmo que dizer que esta variedade e parametrizada por monomios. Segundo Katsabekis e Thoma [7] parametrizar variedades toricas e importante tanto por motivos teoricos como para aplica coes, dando como exemplo, projeto geometrico assistido por computador.

Diante das importancias apresentadas, e valido mencionar que existem trabalhos posteriores ao de Reyes, Villarreal e Zarate, que tratam do assunto em questao e que nao foram abordados aqui. Caso o autor tenha interesse, pode consultar [6] e [7], ja citados acima. Em [6], os autores provam que qualquer variedade torica sobre um corpo algebricamente fechado, pode ser expressa como um conjunto torico, para uma matriz apropriada. Ja em [7] sao apresentadas condi coes sob as quais um conjunto torico e uma variedade torica, a partir da combina cao das tecnicas mostradas em [5] e [6]. Alem disso, os autores provam que qualquer variedade torica

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normal sobre qualquer corpo, e igual a um conjunto torico dado por uma matriz apropriada. Antes do resultado principal (Teorema 5.2.3) desta disserta cao ser mostrado, sao apresen-tados quatro captulos; o Captulo 1 trata dos conceitos preliminares a respeito de polinomios, variedade am e ideal polinomial.

No Captulo 2 e estudada a teoria de bases de Grobner. E denida ordem monomial e sao apresentados resultados importantes para o desenvolvimento deste trabalho, tais como o Teorema das bases de Hilbert e o Algoritmo de Buchberger's.

O captulo 3 e composto pelo estudo de A-modulos. Um dos resultados mostrados neste captulo e de fundamental importancia para a demonstra cao do Teorema 5.2.3.

O captulo 4 e dedicado ao ideal torico, contendo a deni cao deste ideal e resultados a respeito de seu conjunto de geradores. Por meio da teoria das bases de Grobner, e mostrado tambem como e possvel calcular geradores para um ideal torico.

Por m, no Captulo 5 sao denidos conjunto torico e variedade am torica. E demonstrado o Teorema5.2.3, que fornece as condi coes para a caracteriza cao do conjunto torico como variedade am torica e alem disso sao apresentadas algumas aplica coes deste resultado.

Rejiane Aparecida Calixto Uberlandia-MG, 14 de Fevereiro de 2019.

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CAPITULO 1

CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 Polinomios

Um monomio nas variaveis x1, . . . , xne um produto da forma xα11 · . . . · xαn

n

cujos expoentes α1, . . . , αn sao inteiros nao negativos. O grau total deste monomio e dado pela soma α1 + · · · + αn. Uma combina cao linear nita de monomios com coecientes em um corpo K e chamada de polinomio f nas variaveis x1, . . . , xn.

A m de simplicar nota coes, considere α = (α1, . . . , αn) uma n-upla de inteiros nao nega-tivos. Podemos entao escrever um monomio como

xα = xα11 · . . . · xαnn .

Note que quando α = (0, . . . , 0), xα = 1. Denotando um monomio como acima, podemos denotar seu grau total por |α| = α1+ · · · + αn. Com essa nova nota cao escrevemos o polinomio f como

f =X α

aαxα, aα ∈ K,

com a soma dada sobre um numero nito de n-uplas α = (α1, . . . , αn). O conjunto de todos os polinomios nas variaveis x1, . . . , xn com coecientes em K e denotado por K[x1, . . . , xn]. Chamamos este conjunto de anel de polinomios em n variaveis.

Seja f = Pαaαx

α um polinomio em K[x1, . . . , xn]. Chamamos aα de coeciente do monomio xα. Se aα6= 0, entao aαxαe chamado termo de f e o grau total de f 6= 0 e denido por

deg(f ) =max {|α|; aα 6= 0}. Exemplo 1.1.1. Considere o polinomio f = 2x3y2z +3

2y3z3− 3xyz + y2 em Q[x, y, z]. Observe que f tem quatro termos e grau total igual a seis. Note ainda que diferentemente dos polinomios em uma variavel, f possui dois termos de grau total maximo.

Consideremos agora, o produto cartesiano de n fatores iguais a K: AnK = Kn = K × · · · × K.

Chamamos An

K de espa co am n-dimensional sobre um corpo K. 3

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Como um exemplo de espa co am, pode-se considerar o conhecido espa co euclidiano Rn, sendo neste caso K = R.

Podemos ver um polinomio f = P αbαx

α ∈ K[x1, . . . , xn] como uma fun cao f : An

K → K, denida da seguinte maneira: dado a = (a1, . . . , an) ∈ AnK, substitui-se cada xi por ai na expressao que determina f. Mais precisamente, f(a1, . . . , an) = Pαbαaα ∈ K, com aα = aα11 · . . . · aαn.

Se recorde que um polinomio nulo e aquele que tem todos os seus coecientes iguais a zero, e dizer que uma dada fun cao f e nula em An

K signica que f(a) = 0, para todo a ∈ AnK. Com isto em mente, vejamos o proximo resultado.

Proposi cao 1.1.2. Sejam K um corpo innito e f ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao f = 0 em K[x1, . . . , xn] se, e somente se, f : AnK → K e a fun cao nula.

Demonstra cao. Se f = 0, entao obviamente a fun cao f : An

K −→ K e nula. Para provar o contrario, precisamos mostrar que se f(a1, . . . , an) = 0 para todos (a1, . . . , an) ∈ An

K, entao f e o polinomio zero. Nos usaremos indu cao sobre o numero de variaveis n.

Seja n = 1. Sabemos que um polinomio nao nulo, de uma variavel, com grau m, possui no maximo m razes distintas. Assim, se f ∈ K[x] e f(a) = 0 para todo a ∈ K, como K e innito, signica que f tem innitas razes. Portanto f e o polinomio zero.

Agora suponhamos que para todo polinomio h ∈ K[x1, . . . , xn−1], que se anula em todo a ∈ An−1k , temos h igual ao polinomio zero. Seja f ∈ K[x1, . . . , xn] um polinomio que se anula em todos os pontos de An

K. Podemos escrever f da seguinte forma, f = N X i=0 gi(x1, . . . , xn−1)xin, (1.1) sendo gi ∈ K[x1, . . . , xn−1].

Se xamos (a1, . . . , an−1) ∈ An−1

K , temos que f(a1, . . . , an−1, xn) ∈ K[xn]. Por hipotese, f deve se anular em cada an ∈ K. Segue do caso n = 1 que f(a1, . . . , an−1, xn) e o polinomio zero em K[xn]. Usando a expressao de f dada em (1.1), vemos que os coecientes de f sao gi(a1, . . . , an−1), e portanto, gi(a1, . . . , an−1) = 0 para todo i. Como (a1, . . . , an−1)foi escolhido de maneira arbitraria em An−1

k , segue que gi ∈ K[x1, . . . , xn−1]fornece a fun cao nula em A n−1 K . Por hipotese de indu cao, temos que gi e o polinomio zero em K[x1, . . . , xn−1]. Isso implica que f e o polinomio zero em K[x1, . . . , xn] e conclui a prova da proposi cao.

Antes de passarmos para o proximo resultado, vejamos um exemplo de um caso especco, de como funciona escrever f ∈ K[x1, . . . , xn], na varavel xn e com coecientes em K[x1, . . . , xn−1]. Exemplo 1.1.3. Considere o polinomio

f (x, y, z) = x5y2z − x4y3+ y5 + x2z − y3z + xy + 2x − 5z + 3. Escrevendo f como um polinomio na variavel x e coeciente em K[y, z], temos

f = (y2z)x5− y3x4+ zx2+ (y + 2)x + (y5− y3z − 5z + 3).

Corolario 1.1.4. Seja K um corpo innito, e sejam f, g ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao f = g se, e somente se, f : An

K → K e g : AnK → K sao a mesma fun cao.

Demonstra cao. Suponha que f, g ∈ K[x1, . . . , xn], fornecem a mesma fun cao em An

K. Entao f − g e a fun cao nula em An

K. Pela Proposi cao1.1, segue que o polinomio f − g = 0. Isto prova que f = g ∈ K[x1, . . . , xn]. A recproca e trivial.

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3. Se f ∈ I e h ∈ K[x1, . . . , xn], entao hf ∈ I.

Como um exemplo de ideal em K[x1, . . . , xn], temos o seguinte conjunto:

hf1, . . . , fsi = ( s X i=1 hifi h1, . . . , hs ∈ K[x1, . . . , xn] ) ,

com f1, . . . , fs∈ K[x1, . . . , xn]. Vejamos que esse conjunto assim denido e, de fato, um ideal. Lema 1.2.3. Se f1, . . . , fs ∈ K[x1, . . . , xn], entao hf1, . . . , fsi e um ideal de K[x1, . . . , xn]. Chamaremos hf1, . . . , fsi de ideal gerado por f1, . . . , fs.

Demonstra cao. Note que 0 ∈ hf1, . . . , fsi, pois 0 = Psi=10 · fi. Agora, tome f, g ∈ I e h ∈ K[x1, . . . , xn] . Digamos que f = s X i=1 pifi e s X i=1 qifi. Assim, f + g = s X i=1 (piqi)fi, hf = s X i=1 (hpi)fi. Portanto, hf1, . . . , fsie um ideal.

Quando existem f1, . . . , fs ∈ K[x1, . . . , xn] tais que I = hf1, . . . , fsi, para um dado ideal I, dizemos que I e nitamente gerado. Neste caso, dizemos que f1, . . . , fs e uma base de I. Note que um ideal pode ter diferentes bases.

Exemplo 1.2.4. Nao e difcil provar que h2x2+ 3y2− 11, x2− y2− 3i = hx2− 4, y2− 1i . Proposi cao 1.2.5. Se f1, . . . , fs e g1, . . . , gt sao bases de um mesmo ideal em K[x1, . . . , xn], ou seja, hf1, . . . , fsi = hg1, . . . , gti, entao V (f1, . . . , fs) = V (g1, . . . , gt).

Demonstra cao. Seja (a1, . . . , an) ∈ V (f1, . . . , fs). Entao, para cada i = 1, . . . , s temos que fi(a1, . . . , an) = 0. Observe que gj esta em hf1, . . . , fsi, para todo j. Assim, para cada j = 1, . . . , t, gj = s X i=1 hjifi, h j i ∈ K[x1, . . . , xn],para todo i. Logo, gj(a1, . . . , an) = 0 para todo j. Logo, V (f1, . . . , fs) ⊂ V (g1, . . . , gt).

De maneira analoga, prova-se que V (g1, . . . , gt) ⊂ V (f1, . . . , fs). E assim conclumos que V (f1, . . . , fs) = V (g1, . . . , gt).

Considere uma variedade V ∈ An

K e dena o conjunto

I(V ) = {f ∈ K[x1, . . . , xn] | f (a1, . . . , an) = 0 para todo (a1, . . . , an) ∈ V } .

E facil ver que I(V ) e um ideal. Com esta deni cao podemos estabelecer uma correspondencia entre variedade e ideal.

Lema 1.2.6. Se f1, . . . , fs ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao hf1, . . . , fsi ⊆I(V(f1, . . . , fs)). A igualdade pode nao ocorrer.

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Demonstra cao. Seja f ∈ hf1, . . . , fsi. Assim, f = Ps

i=1hifi para alguns h1, . . . , hs∈ K[x1, . . . , xn].

Como f1, . . . , fsse anulam em V (f1, . . . , fs), o mesmo ocorre com f. Assim, f ∈ I(V(f1, . . . , fs)). Portanto, hf1, . . . , fsi ⊆ I(V(f1, . . . , fs)). Para mostrar que a igualdade nem sempre ocorre, considere o seguinte exemplo:

Seja I = hx2, y2i ⊂ K[x1, . . . , xn]. Entao a variedade V (x2, y2) = {(0, 0)}. Assim, I(V(x2, y2)) =I({(0, 0)}),

ou seja, e o ideal formado por todos os polinomios que se anulam em (0, 0). Armamos que I({(0, 0)}) = hx, yi.

Uma das inclusoes e trivial, pois qualquer polinomio A(x, y)x + B(x, y)y obviamente se anula em (0, 0). Assim, hx, yi ⊂ I({(0, 0)}). Agora, suponha que f =P

i,jaijx

iyj se anula em (0, 0). Entao, a00= f (0, 0) = 0 e consequentemente,

f =a00+ X i6=0 ou j6=0 aijxiyj =0 +  X i,j i>0 aijxi−1yj  x +  X j>0 a0jyj−1  y ∈ hx, yi.

Provamos assim nossa arma cao.

Sabemos que hx2, y2i ⊆ I({(0, 0)}). Vejamos que I({(0, 0)}) e estritamente maior que hx2, y2i. Para isso, note que x /∈ hx2, y2i, pois em polinomios da forma h1(x, y)x2 + h2(x, y)y2 os monomios possuem sempre grau maior ou igual a dois.

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CAPITULO 2

BASES DE GR OBNER

2.1 Ordem Monomial e o Algoritmo da Divisao

Veremos a seguir que e possvel estabelecer uma rela cao de ordem sobre os monomios em K[x1, . . . , xn]. Para isso, observe que para cada n-upla α = (α1, . . . , αn) em Nn temos um monomio xα = xα1

1 · . . . · xαnn em K[x1, . . . , xn]. Esta observa cao estabelece uma correspondencia biunvoca entre os monomios em K[x1, . . . , xn] e Nn. Alem disso, dada uma ordem  em Nn, diremos que xα  xβ se α  β. Dessa forma, denimos uma ordem monomial  em K[x1, . . . , xn] como sendo uma rela cao  em Nn, ou equivalentemente, uma rela cao  no conjunto dos monomios xα, α ∈ Nn, que satisfaz:

(i)  e uma ordem total (ou linear) em Nn. Isso signica que dados os monomios xα, xβ e xγ apenas uma das seguintes condi coes e verdadeira: xα  xβ, xα = xβ ou xα ≺ xβ. Alem disso vale a transitividade, isto e, xα  xβ e xβ  xγ, sempre implica que xα  xγ. (ii) Se α  β e γ ∈ Nn, entao α + γ  β + γ.

(iii)  e uma boa ordem em Nn, ou seja, todo subconjunto nao vazio de Nn possui um menor elemento com rela cao a .

Proposi cao 2.1.1. Uma rela cao de ordem  sobre Nn e uma boa ordem se, e somente se, toda sequencia estritamente decrescente em Nn

α(1)  α(2)  α(3) . . . estaciona em algum momento.

Demonstra cao. Vamos provar a proposi cao por contraposi cao:  nao e uma boa ordena cao se, e somente se, existe uma sequencia em Nn innita e estritamente decrescente.

Suponha que  nao e uma boa ordena cao, entao algum subconjunto S ⊂ Nn nao vazio, nao tem um menor elemento. Escolha α(1) ∈ S. Como α(1) nao e o menor elemento, podemos encontrar α(2) ∈ S tal que α(1)  α(2). Como α(2) tambem nao e o menor elemento, existe α(3) ∈ S de tal forma que α(1)  α(2)  α(3) em S. Prosseguindo desta maneira, conseguimos uma sequencia innita estritamente decrescente

α(1)  α(2)  α(3) . . . .

Reciprocamente, dada uma sequencia innita estritamente decrescente, segue que {α(1), α(2), α(3), . . .}

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e um subconjunto nao vazio de Nn que nao tem menor elemento. Assim,  nao e uma boa ordena cao.

Apresentaremos a seguir tres exemplos que assumiremos a princpio, sem prova, serem ordens monomiais. Na Se cao 2.2 faremos a prova de que a ordem lex e ordem monomial. Nos dois outros casos, basta prosseguir de maneira analoga.

Sejam α = (α1, . . . , αn) e β = (β1, . . . , βn) ∈ Nn. Recordemos que

|α| = n X i=1 αi e |β| = n X i=1 βi. Denimos:

1. Ordem Lexicograca(ou ordem lex): Dizemos que α lex β se no vetor diferen ca α − β ∈ Nn a primeira coordenada nao nula, da esquerda para a direita, e positiva. Escrevemos xα lexxβ se α  β.

2. Ordem Lexicograca Graduada(ou ordem grlex): Dizemos que α grlex β e escre-vemos xα grlex xβ, se

|α| > |β| ou |α| = |β| e α lexβ.

3. Ordem Lexicograca Graduada Reversa(ou ordem grevlex): Diremos que α grevlex β

e escrevemos xα grevlex xβ, se

|α| > |β| ou |α| = |β| e a primeira coordenada nao nula em α − β, da direita para a esquerda, e negativa.

Vejamos um exemplo pra ilustrar a ordena cao dos termos de um polinomio em K[x1, . . . , xn]. Exemplo 2.1.2. Seja f = 4xy2z + 4z2 − 5x3 + 7x2z2 ∈ K[x, y, z]. Entao os termos de f reordenados de maneira decrescente cam da seguinte forma:

• Ordem lexicograca: f = −5x3 + 7x2y2+ 4xy2z + 4z2

• Ordem lexicograca graduada: f = 7x2z2+ 4xy2z − 5x3+ 4z2

• Ordem lexicograca graduada reversa: f = 4xy2z + 7x2z2− 5x3+ 4z2

Seja f = Pαaαxα um polinomio nao nulo em K[x1, . . . , xn] e seja  a ordem monomial. O multigrau de f, denotado por multg(f) e o maximo do conjunto {α ∈ Nn : aα 6= 0}. O coeciente lder de f e CL(f) = amultg(f ) ∈ K. Chamamos xmultg(f ) = M L(f ) de monomio lder de f e TL(f)=CL(f)ML(f), e dito ser o termo lder de f. Por exemplo, considere f = 4xy2z + 4z2− 5x3+ 7x2z2 e seja  a ordem lex. Entao:

multg(f) =(3, 0, 0); CL(f) = − 5; ML(f) =x3;

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Com a deni cao de ordem monomial em K[x1, . . . , xn], e possvel exibir um algoritmo da divisao em K[x1, . . . , xn]que possibilita dividir um polinomio f ∈ K[x1, . . . , xn]por f1, . . . , fn ∈ K[x1, . . . , xn], com respeito a uma ordem monomial pre determinada. Isto signica que podemos expressar f na forma

f = q1f1+ · · · + qsfs+ r sendo q1, . . . , qs e r pertencentes a K[x1, . . . , xn].

Apresentaremos a seguir o teorema que trata deste algoritmo.

Teorema 2.1.3 (Algoritmo da divisao em K[x1, . . . , xn]). Seja  uma ordem monomial em Nn e seja F = (f1, . . . , fs) uma s-upla ordenada de polinomios em K[x1, . . . , xn]. Entao todo polinomio f ∈ K[x1, . . . , xn] pode ser escrito como

f = q1f1+ · · · + qsfs+ r

sendo q1, . . . , qs, r ∈ K[x1, . . . , xn] e ou r = 0 ou r e uma combina cao linear, com coecientes em K, de monomios tais que nenhum deles e divisvel por algum dos TL(fi), para todo i. Chamaremos r de resto da divisao de f por F . Alem disso, se qifi 6= 0, entao

multg(f)  multg(qifi). Demonstra cao. Ver ([8], p.64). O Algoritmo: Entrada: f1, . . . , fs, f Sada: q1, . . . , qs, r q1 := 0, . . . , qs := 0, r := 0 p := f Enquanto p 6= 0 fa ca i := 1 divisao sucedida:=falso

Enquanto i ≤ s e divisao sucedida = falso Fa ca Se T L(fi)divideT L(p) Entao

qi := qi + T L(p)/T L(fi) p := p − (T L(p)/T L(f i))fi divisao sucedida = falso Senao

i := i + 1

Se divisao sucedida = false Entao r := r + T L(p)

p := p − T L(p)

Retorne q1, . . . , qs, r Vejamos alguns exemplos de como esse algoritmo funciona na pratica: Exemplo 2.1.4. Vamos dividir f = xy2+ 1 por f1 = xy + 1 e f2 = y + 1, usando a ordem lex, com x  y.

xy2+ 1 xy + 1 y + 1 q1 : q2 :

Observe que tanto T L(f1) = xy como T L(f2) = y dividem T L(f). Come caremos a divisao com o primeiro da lista, no caso, f1. Assim, temos

(20)

xy2+ 1 xy + 1 y + 1 −xy2− y q

1 : y −y + 1 q2 :

Repetimos o mesmo processo com −y + 1. Agora usando f2. Da,

xy2+ 1 xy + 1 y + 1 −xy2− y q 1 : y −y + 1 q2 : −1 y + 1 2

Como 2 nao e divisvel por T L(f1) nem por T L(f2), segue que o resto e 2. Portanto, xy2+ 1 = y(xy + 1) + (−1)(y + 1) + 2.

Exemplo 2.1.5. Vamos agora dividir f = x2y + xy2+ y2 por f1 = xy − 1 e f2 = y2− 1, usando tambem a ordem lex com x  y. Procedendo como no exemplo anterior, temos

x2y + xy2 + y2 xy − 1 y2− 1 −xy2+ x q1 : x + y xy2+ x + y2 q2 : −xy2+ y x + y2+ y

Note que nem T L(f1) nem T L(f2) dividem o T L(x + y2+ y) = x. Portanto x vai para o resto

x2y + xy2+ y2 xy − 1 y2− 1 resto −xy2+ x q1 : x + y xy2+ x + y2 q2 : −xy2+ y x + y2+ y −→ x y2+ y Continuando a divisao, temos

x2y + xy2+ y2 xy − 1 y2− 1 resto −xy2+ x q1 : x + y xy2+ x + y2 q2 : 1 −xy2+ y x + y2+ y −→ x y2+ y −y2+ 1 y + 1 −→ x + y 1 −→ x + y + 1 0 Logo, o resto e x + y + 1 e temos,

(21)

12

Uma observa cao importante a ser feita sobre o algoritmo da divisao em K[x1, . . . , xn]e que os quocientes e o resto, podem variar de acordo com a ordem que os polinomios f0

issao listados. Por exemplo, para f = xy2− x temos:

xy2− x = y(xy − 1) + 0(y2− 1) + (−x + y) = x(y2− 1) + 0(xy − 1) + 0.

2.2 Ideais Monomiais e Lema de Dickson

Seja A ⊂ Nn. Chamamos o ideal I = hxα| α ∈ Ai ⊆ K[x

1, . . . , xn] de ideal monomial. Exemplo 2.2.1. I = hx42, x 3y4, x2y5i ⊆ K[x, y] e um ideal monomial.

Lema 2.2.2. Seja I = hxα| α ∈ Ai um ideal monomial. Entao um monomio xβ pertence a I se, e somente se, xβ e divisvel por xα para algum α ∈ A.

Demonstra cao. Se xβ e um multiplo de xα para algum α ∈ A, entao xβ ∈ I por deni cao de ideal. Reciprocamente, se xβ ∈ I, entao= s X i=1

hixα(i), hi ∈ K[x1, . . . , xn] e α(i) ∈ A.

Podemos escrever cada hi, como hi =Pjci,jxβ(i,j), com ci,j ∈ K. Assim,

xβ = s X i=1 hixα(i) = s X i=1 X j ci,jxβi,j ! xα(i) =X i,j

ci,jxβi,jxα(i).

Como o lado esquerdo da igualdade e um monomio, o lado direito tambem devera ser. Logo, alguns termos da soma a direita irao se cancelar. Observe que cada termo da soma do lado direito da igualdade e divisvel por algum xα(i). Sendo assim, xβ tem a mesma propriedade. Lema 2.2.3. Sejam I = hxα| α ∈ Ai um ideal monomial e f ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao as seguintes arma coes sao equivalentes:

(i) f ∈ I

(ii) Todo termo de f esta em I

(iii) f e uma combina cao K−linear de monomios de I.

Demonstra cao. As implica coes (iii) ⇒ (ii) ⇒ (i) e (ii) ⇒ (iii) sao triviais. Falta entao mostrarmos que (i) ⇒ (iii). Para isto, seja f ∈ I. Da mesma forma com a qual escrevemos xβ no Lema2.2.2, podemos escrever f, ou seja,

f =X i,j

ci,jxβi,jxα(i) =X i,j

ci,j xβi,j+α(i), ci,j ∈ K.

Como cada xβi,j+α(i) ∈ I, conclumos que f e uma combina cao K−linear de monomios de I. Corolario 2.2.4. Dois ideais monomiais I e ˜I sao os mesmos se, e somente se, eles contem os mesmos monomios.

(22)

Demonstra cao. Obviamente, dois ideais iguais possuem os mesmos monomios. Por outro lado, pelo Lema 2.2.3 segue que

f ∈ I ⇔f e uma combina cao K − linear de monomios de I ⇔f e uma combina cao K − linear de monomios de ˜I ⇔f ∈ ˜I.

Portanto, I = ˜I.

Teorema 2.2.5 (Lema de Dickson). Sejam A ⊂ Nn e I = hxα| α ∈ Ai ⊂ K[x1, . . . , xn]. Entao I pode ser escrito na forma hxα(1), . . . , xα(s)i, sendo α(1), . . . , α(s) ∈ A. Em particular, I tem uma base nita.

Demonstra cao. Vamos provar o resultado por indu cao sobre o numero de variaveis n. Se n = 1, entao

I = hxα

1| α ∈ A ⊆ Nni.

Seja β o menor elemento em A ⊆ Nn. Entao β  α para todo α ∈ A. Sendo assim, xβ

1 divide todos os outros geradores xα

1, implicando que I = hx β 1i.

Vamos assumir agora que n > 1 e que o teorema seja verdadeiro para n − 1. Escrevemos as variaveis como x1, . . . , xn−1, y, de forma que os monomios em K[x1, . . . , xn] possam ser escritos como xαym, com α = (α1, . . . , αn−1) ∈ Nn e m ∈ N.

Suponhamos que I ⊆ K[x1, . . . , xn−1, y] seja um ideal monomial. Considere o ideal J = hxα| xα

ym ∈ I para algum m ≥ 0i.

Note que J e um ideal monomial em K[x1, . . . , xn−1]e por hipotese de indu cao segue que J = hxα(1), . . . , xα(s)i.

Sendo assim, por deni cao de J, para cada i = 1, . . . , s existe mi ≥ 0tal que xα(i)ymi ∈ I. Seja M = max {m1, . . . , ms}

e considere o ideal

Jk= hxβ| xβ

yk ∈ Ii,

para 0 ≤ k ≤ M − 1. Novamente por hipotese de indu cao segue que Jk = hxαk(1), . . . , xαk(sk)i.

AFIRMA CAO: I e gerado pelo seguinte conjunto de monomios:

W =xα(j)yM| 1 ≤ j ≤ s ∪xαk(i)yk| 0 ≤ k ≤ M − 1 e 1 ≤ i ≤ sk .

Por constru cao de J e cada Jk, temos que todos os elementos de W pertencem a I. Pelo Lema 2.2.2 obtemos que todo monomio de hW i tambem esta em I. Para vermos a outra inclusao, tome xγyq ∈ I. Se q ≥ M, entao por deni cao de J temos que xγ ∈ J. Logo, existe xα(j) ∈ J, tal que xα(j)|xγ. Consequentemente, xα(j)yM|xγyq. Se por outro lado, 0 ≤ q ≤ M −1, entao xγ ∈ Jq. O que implica que existe xαq(i) ∈ Jq de tal forma que xαq(i)|xγ, donde segue que xαq(i)yq|xγxq. Novamente do Lema2.2.2, temos que cada monomio de I esta em hW i. Portanto, pelo Corolario 2.2.4 I = hW i.

Para completar a prova, devemos mostrar que o conjunto nito de geradores pode ser obtido a partir de um determinado conjunto de geradores do ideal. Voltando a escrever as variaveis

(23)

14

como x1, . . . , xn, nosso ideal monomial sera I = hxα| α ∈ Ai ⊆ K[x1, . . . , xn]. Precisamos mostrar que I e gerado por nitos xα's, tais que α ∈ A. Vimos no paragrafo anterior que I = hxβ(1), . . . , xβ(s)i, sendo xβ(i) monomios em I. Como xβ(i) ∈ I = hxα| α ∈ Ai, existe α(i) ∈ A, de tal forma que xα(i)|xβ(i). Isso implica que

I ⊆ hxα(1), . . . , xα(s)i.

Claramente hxα(1), . . . , xα(s)i ⊆ I. Portanto, I = hxα(1), . . . , xα(s)i. Corolario 2.2.6. Seja  uma rela cao em Nn satisfazendo:

(i)  e uma ordena cao total sobre Nn. (ii) Se α  β e γ ∈ Nn, entao α + γ  β + γ.

Entao  e uma boa ordena cao se, e somente se, α  0, para todo α ∈ Nn.

Demonstra cao. Supondo que  e uma boa ordena cao, chamemos de α0 o menor elemento de Nn. E suciente mostrar que α0  0. Observe que se α0 ≺ 0, entao pela hipotese (ii) temos que α0  2α0. O que e impossvel, pois α0 e o menor elemento de Nn.

Para provar a recproca, suponhamos que α  0 para todo Nn e seja A ⊆ Nn, nao vazio. Precisamos mostrar que A tem um menor elemento. Se I = hxα| α ∈ Ai e um ideal monomial, pelo Lema de Dickson existem α(1), . . . , α(s) ∈ A tais que I = hα(1), . . . , α(s)i. Sem perda de generalidade, podemos assumir que α(1)  . . .  α(s). Armamos que α(1) e o menor elemento de A. Para provar isto, tome α ∈ A. Entao α ∈ I = hxα(1), . . . , xα(s)i e pelo Lema

2.2.2 xα e divisvel por algum xα(i). Isso signica que α = α(i) + γ para algum γ ∈ Nn. Entao, γ  0 e pela hipotese (ii) implica que

α = α(i) + γ  α(i) + 0  α(1). Portanto, α(1) e o menor elemento de A.

Com o resultado deste corolario ca bastante simples vericarmos que a ordem lex, denida na Se cao 2.1 e de fato uma ordem monomial.

Proposi cao 2.2.7. A ordem lex em Nn e uma ordem monomial.

Demonstra cao. Devemos vericar que a ordem lex satisfaz as condi coes (i) e (ii) do Corolario

2.2.6 e que α lex 0 para todo α ∈ Nn.

(i) Que lexe uma ordem total segue diretamente da deni cao e do fato que a ordem numerica usual sobre Nn e total.

(ii) Se α lex β, entao a primeira coordenada nao nula, da esquerda para a direita, de α − β, digamos αi− βi, e positiva. Note que

(α + γ) − (β + γ) = α − β.

Assim, a coordenada nao nula mais a esquerda de (α+γ)−(β +γ), continua sendo αi−βi. Portanto, α + γ lex β + γ.

Por m, seja α = (α1, . . . , αn) ∈ Nn. Se todas as entradas de α sao nulas, entao α − 0 = 0 e esta provado o resultado. Caso contrario, temos α − 0 = α. Como todas as entradas nao nulas de α estao em N, segue o resultado.

(24)

2.3 Base Finita de um Ideal em K[x

1

, . . . , x

n

]

Sabemos que se I ⊆ K[x] e um ideal, entao existe f ∈ I tal que I = hfi, ou seja, todo ideal no anel polinomial de uma variavel e nitamente gerado. Este resultado decorre do algoritmo da divisao em K[x] que foi generalizado no Teorema 2.1.3 para o caso de um anel polinomial com varias variaveis. Veremos a seguir que com este resultado, podemos garantir para um ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn], a existencia de polinomios f1, . . . , fs tais que I = hf1, . . . , fsi.

Fixada uma ordem monomial, podemos determinar o T L(f), para qualquer f ∈ K[x1, . . . , xn] nao nulo. Consideremos um ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn] e o conjunto dado por

T L(I) = {cxα| ∃ f ∈ I\{0} com T L(f) = cxα} .

Seja hT L(I)i o ideal gerado pelos elementos de T L(I). Note que hT L(I)i e igual ao ideal monomial hML(f)| f ∈ I\{0}i, e portanto e tambem um ideal monomial. Ainda, pelo Lema de Dickson podemos obter g1, . . . , gt∈ I tais que hT L(I)i = hT L(g1), . . . , T L(gt)i.Observe que hT L(g1), . . . , T L(gt)i = hM L(g1), . . . , M L(gt)i.

Uma pergunta que poderamos fazer e: Se um ideal I possui um conjunto nito de ge-radores, digamos I = hf1, . . . , fsi, entao hT L(f1), . . . , T L(fs)i = hT L(I)i? A resposta e nao. Por deni cao, temos que T L(fi) ∈ T L(I) ⊆ hT L(I)i e isso implica que a inclusao hT L(f1), . . . , T L(fs)i ⊆ hT L(I)i sempre ocorre. No entanto, hT L(I)i pode ser estritamente maior. Considere o seguinte exemplo.

Exemplo 2.3.1. Seja I = hx3− 2xy, x2y − 2y2 + xi e a ordem monomial grlex em K[x, y]. Da,

x2 = x(x2y − 2xy + x) − y(x3− 2xy)

de modo que x2 ∈ I. Dessa forma T L(x2) ∈ hT L(I)i, mas x2 ∈ hx/ 3, x2yi, pois x2 nao e divisvel por x3 = T L(f1) nem por x2y = T L(f2) (Lema 2.2.2).

Dizemos que um subconjunto G = {g1, . . . , gt} de um ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn] nao nulo, e uma base de Grobner de I, quando temos hT L(g1), . . . , T L(gt)i = hT L(I)i.

Proposi cao 2.3.2. Seja I um ideal polinomial em K[x1, . . . , xn]. Dizer que G = {g1, . . . , gt} e uma base de Grobner para I e equivalente a dizer que para todo f ∈ I, T L(f) e multiplo de algum T L(gi).

Demonstra cao. Se dado f ∈ I, T L(f) e multiplo de T L(gi)para algum gi ∈ G, pelo Lema2.2.2 T L(f ) ∈ hT L(g1), . . . , T L(gs)i. Logo, hT L(I)i ⊆ hT L(g1), . . . , T L(gs)i e como a outra inclusao e trivial, conclumos que G e base de Grobner para I.

Agora, suponha que G = {g1, . . . , gt} seja base de Grobner para I. Dado f ∈ I, temos que T L(f) = CL(f)ML(f) ∈ hT L(g1), . . . , T L(gs)i = hM L(g1), . . . , M L(gs)i. Novamente pelo Lema 2.2.2, temos que ML(f) e divisvel por algum ML(gi)e consequentemente T L(f) e divisvel por T L(gi).

Teorema 2.3.3 (Teorema das bases de Hilbert). Todo ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn] tem um conjunto nito de geradores, isto e, I = hf1, . . . , fsi para certos f1, . . . , fs ∈ I.

Demonstra cao. Se I = {0} entao tomamos {0} como conjunto gerador. Se I contem algum polinomio nao nulo, entao podemos construir um conjunto de geradores f1, . . . , fs como segue. Primeiro xamos um ordem monomial para usar no algoritmo da divisao e determinar os termos lderes dos polinomios em I. Consideremos agora, o ideal hT L(I)i, que por ser um ideal monomial, pelo Lema de Dickson possui um conjunto nito de geradores, isto e, existem f1, . . . , fs∈ I tais que hT L(I)i = hML(f1), . . . , M L(fs)i. Vejamos que I = hf1, . . . , fsi.

(25)

16

Como fi ∈ I para todo i = 1, . . . , s, temos claramente que hf1, . . . fsi ⊆ I. Reciprocamente, seja f ∈ I um polinomio qualquer. Dividindo f por f1, . . . , fs temos a seguinte expressao

f = q1f1+ · · · + f qsfs+ r

com r = 0 ou nenhum termo de r e divisvel por T L(fi)para todo i. Suponha que r 6= 0. Entao,

r = f − q1f1+ · · · + f qsfs∈ I.

Segue da que T L(r) ∈ hT L(I)i = hML(f1), . . . , M L(fs)i. Pela Proposi cao 2.3.2, conclumos que T L(r) e multiplo de algum T L(fi). O que contradiz a deni cao de resto da divisao.

Portanto, r = 0 e f = q1f1+ · · · + qsfs. Mostrando que I ⊆ hf1, . . . , fsi.

Corolario 2.3.4. Fixada uma ordem monomial, temos que cada ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn] tem uma base de Grobner. Alem disso, cada base de Grobner de um ideal I e uma base de I. Demonstra cao. Consequencia imediata da demonstra cao do Teorema 2.3.3.

Observa cao 2.3.5. Uma outra consequencia do Teorema 2.3.3e a respeito de variedade am, que agora pode ser denida por um ideal e nao somente por um conjunto nito de polinomios. Denotamos por V(I) o conjunto

V(I) = {(a1, . . . , an) ∈ An

K| f (a1, . . . , an) = 0 para todo f ∈ I} .

Mesmo que um ideal I diferente de zero, contenha innitos polinomios diferentes, o conjunto V(I) ainda pode ser denido por um conjunto nito de equa coes polinomiais.

Proposi cao 2.3.6. Seja I ⊆ K[x1, . . . , xn] um ideal. Entao V (I) e uma variedade am. Em particular, se I = hf1, . . . , fsi, temos V(I) = V (f1, . . . , fs).

Demonstra cao. Pelo Teorema das Bases de Hilbert 2.3.3, I = hf1, . . . , fsi para um conjunto nito de geradores. Basta provarmos que V(I) = V (f1, . . . , fs). De fato, se (a1, . . . , an) ∈V(I), entao f(a1, . . . , an) = 0 para todo f ∈ I. Segue da que fi(a1, . . . , an) = 0 para todo i. Consequentemente V(I) ⊆ V (f1, . . . , fs). Por outro lado, tome (b1, . . . , bn) ∈ V (f1, . . . , fs) e seja f ∈ I. Como I = hf1, . . . , fsi, segue que f =Psi=1hifi com hi ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao,

f (b1, . . . , bn) = s X i=1 hi(b1, . . . , bn)fi(b1, . . . , bn) = s X i=1 hi(b1, . . . , bn) · 0 = 0.

Portanto, V (f1, . . . , fs) ⊆ V(I) e assim conclumos que V(I) = V (f1, . . . , fs), provando que V(I) e uma variedade am.

Sendo assim, podemos estabelecer uma rela cao entre ideais e variedades como mostra o proximo teorema.

Teorema 2.3.7. Considere as aplica coes:

Variedades ans I /

/Ideais e

Ideais V /

/Variedades ans

(i) Se I1 ⊆ I2, entao V(I1) ⊇ V(I2). Do mesmo modo se V1 ⊆ V2 sao variedades, entao I(V1) ⊇I(V2).

(26)

(ii) Para qualquer variedade V ,

V(I(V )) = V. Consequentemente, temos que I e injetora.

Demonstra cao. (i) Suponha que I1 ⊂ I2 e tome a = (a1, . . . , an) ∈V(I2). Entao para todo f ∈ I2, f(a) = 0. Como, I1 ⊂ I2, segue que g(a) = 0, para todo g ∈ I1, ou seja, a ∈ V(I1). Portanto, V (I2) ⊆ V(I1). Suponha agora que V1 ⊆ V2 e tome f ∈ I(V2). Por deni cao, f (a) = 0, para todo a ∈ V2. Como V1 ⊆ V2, segue que f(a) = 0, para todo b ∈ V1. Logo, f ∈I(V1) e I(V2) ⊆I(V1).

(ii) Dado b ∈ V , temos que f(b) = 0, para cada f ∈ I(V ). Como b e qualquer, segue que V ⊆V(I(V ))

Abaixo segue outra consequencia bastante importante do Teorema das Bases de Hilbert. Vimos anteriormente que o algoritmo da divisao em K[x1, . . . , xn]nao nos garante unicidade do resto. Veremos a seguir que ao dividirmos por uma base de Grobner esta situa cao muda. Proposi cao 2.3.8. Sejam I ⊆ K[x1, . . . , xn] um ideal e G = {g1, . . . , gs} uma base de Grobner para I. Entao dado f ∈ K[x1, . . . , xn], existe um unico r ∈ K[x1, . . . , xn] com as duas proprie-dades a seguir:

a) Ou r = 0 ou nenhum termo de r e divisvel por qualquer dos T L(gi), para cada i. b) Existe g ∈ I tal que f = g + r.

Em particular, r e o resto da divisao de f pelos elementos de G, nao importando a maneira como os elementos de G estao listados no algoritmo da divisao.

Demonstra cao. Pelo algoritmo da divisao podemos escrever f = q1g1 + . . . + qsgs+ r, com r satisfazendo a condi cao a). Para satisfazer a condi cao b), basta tomarmos g = q1g1+. . .+qsgs ∈ I. Temos assim, provada a existencia de r. Para mostramos a unicidade, suponha que

f = g + r1 = h + r2

com g, h, r1 e r2 satisfazendo a) e b). isso implica que r1− r2 = h − g ∈ I. Logo, r1 − r2 = 0. Caso contrario, teramos T L(r1 − r2) ∈ hT L(I)i = hT L(g1), . . . , T L(gs)i, ou seja T L(r1 − r2) seria divisvel por algum T L(gi). Mas isso nao pode ocorrer, uma vez que nenhum dos termos de r1 e r2 sao divisveis por nenhum dos T L(g1), . . . , T L(gs). Portanto r1 = r2.

Observa cao 2.3.9. A Proposi cao 2.3.8 nos garante somente a unicidade do resto da divisao. Note que os quocientes q0

is ainda podem variar de acordo com a ordem que os elementos de G sao listados no algoritmo da divisao.

Com este resultado podemos agora determinar quando um dado polinomio f pertence ou nao a um ideal I.

Corolario 2.3.10. Seja G = {g1, . . . , gs} uma base de Grobner para o ideal I ⊆ K[x1, . . . , xn] e seja f ∈ K[x1, . . . , xn]. Entao f ∈ I se, e somente se, o resto da divisao de f por G e zero. Demonstra cao. Claramente se o resto e zero, temos f ∈ K[x1, . . . , xn]. Reciprocamente, supo-nha que f ∈ I. Entao,

f = s X

i=1

qigi, com qi ∈ K[x1, . . . , xn] por deni cao de ideal gerado. Desta forma, r = 0 e tal que f =Ps

i=1qigi+ 0. Satisfazendo as duas propriedades da Proposi cao2.3.8. Portanto o resto da de divisao de f por G e zero.

(27)

18

2.4 Algoritmo de Buchberger

Vimos que todo ideal em K[x1, . . . , xn] possui uma base de Grobner. O teorema seguinte, apresenta um algoritmo para a constru cao de uma base de Grobner para um ideal, a partir de um conjunto nito de geradores. Sejam f, g ∈ K[x1, . . . , xn] polinomios nao nulos e bxα e cxβ, os termos lderes de f e g, respectivamente. Para cada i ∈ {1, . . . , n}, consideremos γi = max(αi, βi) e γ = (γ1, . . . , γn) ∈ Nn. O S-polinomio de f e g e a combina cao

S(f, g) = x γ bxαf −

xγ cxβg.

Denotaremos por fF o resto da divisao de f por uma s−upla ordenada F = (f1, . . . , fs). Teorema 2.4.1. Seja I = hf1, . . . , fsi 6= {0} um ideal polinomial. Entao uma base de Grobner de I pode ser construda em um numero nito de passos pelo algoritmo a seguir:

Entrada: F=(f1, . . . , fs)

Sada: uma base de Grobner G : (g1, . . . , gt) para I, com F ⊆ G G := F

Repita G0 := G

Para cada par {p, q}, p 6= Q em G0 Fa ca r := S(p, q)G 0 Se r 6= 0 Entao G := G ∪ {r} Ate G = G0 Retorne G Demonstra cao. Ver ([8], p.91).

Exemplo 2.4.2. Considere o anel Q[x, y] com a ordem grlex e I = hf1, f2i =x3 − 2xy, x2y − 2y2 + x ,

entao F := {x3− 2xy, x2y − 2y2+ x}. Calculando o S-polinomio de f1 e f2 temos: S(f1, f2) = y(x3 − 2xy) − x(x2y − 2y2+ x) = −x2 S(f1, f2) F = −x2 6= 0. Entao f3 := −x2 e F := {f1, f 2, f3} = {x3 − 2xy, x2y − 2y2 + x, −x2} Agora, S(f1, f2) = f3 S(f1, f2)F = 0 S(f1, f3) = x3− 2xy + x(−x2) = −2xy S(f1, f3)F = −2xy 6= 0.

Entao f4 := −2xy e F := {f1, f2, f3, f4} = {x3− 2xy, x2y − 2y2+ x, −x2, −2xy}. Segue que,

S(f1, f2)F = S(f1, f3)F = 0

(28)

Assim,

S(f1, f4)F = 0. Prosseguindo com o algoritmo, temos

S(f2, f3) = x2y − 2y2+ x + y(−x2) = −2y2+ x S(f2, f3)F = −2y2+ x 6= 0.

Da, f5 := −2y2+xe F := {f1, f2, f3, f4, f5} = {x3− 2xy, x2y − 2y2+ x, −x2, −2xy, −2y2+ x}. Conferindo os restos dos S-polinomios, obtemos:

S(f1, f5) = y2(x3− 2xy) + 1 2x 3(−2y2 + x) = 1 2x 4− 2xy3 = 1 2xf1+ (y 2 1 2x)f4 S(f2, f3) = f5 S(f2, f4) = x2y − 2y2+ x + 1 2x(−2xy) = −2y 2+ x = f5 S(f2, f5) = y(x2y − 2y2+ x) + 1 2x 2(−2y2+ x) = 1 2x 3− 2y3+ xy = −1 2xf3+ yf5 S(f3, f4) = −y(−x2) + 1 2x(−2xy) = 0 S(f3, f5) = −y2(−x2) + 1 2x 2(−2y2 + x) = 1 2x 3 = −1 2xf3 S(f4, f5) = − 1 2y(−2xy) + 1 2(−2y 2+ x) = 1 2x 2 = −1 2f3. Logo, S(f1, f5) F = S(f2, f3) F = S(f2, f4) F = S(f2, f5) F = S(f3, f4) F = S(f3, f5) F = S(f4, f5) F = 0. Portanto, F := {f1, f2, f3, f4, f5} e base de Grobner para I.

Lema 2.4.3. Seja G uma base de Grobner de I ⊆ K[x1, . . . , xn]. Seja p ∈ G um polinomio tal que T L(p) ∈ hT L(G\{p})i. Entao, G\{p} e tambem uma base de Grobner para I.

Demonstra cao. Sabemos que hT L(G)i = hT L(I)i. Se T L(p) ∈ hT L(\{p})i, entao temos hT L(G)i = hT L(g\{p})i. Logo, G\{p} tambem e uma base de Grobner de I.

Sejam G e I como no Lema 2.4.3. Removendo de G qualquer polinomio p tal que T L(p) ∈ hT L(G\{p})i, obtemos uma nova base de Grobner G0para I. Fazendo um ajuste nos coecientes lderes do elementos dessa base, de forma a deixa-los todos iguais a um, obtemos uma base que denominamos base de Grobner minimal.

Se G e uma base de Grobner para o ideal I, tal que para todo p ∈ G, CL(p) = 1 e nenhum monomio de p pertence a hT L(G\{p})i, chamamos G de base de Grobner reduzida para I. E possvel, a partir de uma base de Grobner qualquer de um ideal, construirmos uma base de Grobner reduzida. Este e o resultado do proximo teorema.

(29)

20

Teorema 2.4.4. Seja I 6= {0} um ideal polinomial. Entao, para uma dada ordena cao mono-mial, I possui uma unica base de Grobner reduzida.

Demonstra cao. Seja G = {g1, . . . , gs} uma base minimal para o ideal polinomial I. Se g ∈ G e tal que nenhum de seus monomios pertencem a hT L(G\{g}), dizemos que g e reduzido em G. Observe que se G0 e outra base de Grobner minimal para I, com g ∈ G0, entao hT L(G0)i = hT L(G)i e consequentemente hT L(G0\{g})i = hT L(G\{g})i. Isso signica que se g e reduzido em G, entao tambem o e em G0. Com esta observa cao em mente, vamos seguir com a demonstra cao do teorema, reduzindo todos os elementos nao reduzidos de G. Suponhamos que g1 ∈ G nao seja reduzido em G.

AFIRMA CAO: Fazendo h1 = g1G\{g1} e considerando G1 = (G\{g1}) ∪ {h1}, temos que G1 e uma base de Grobner minimal para I e h1 e reduzido em G1.

Com efeito, por deni cao de base de Grobner minimal, temos que T L(g1)nao e divisvel por qualquer elemento de G\{g1}, e da T L(g1)vai para o resto, implicando que T L(h1) = T L(g1). Como G1 = {h1, g2, . . . , gs}, segue que G1 ⊂ I e T L(G1) = T L(G). Portanto, G1 e uma base de Grobner mnima para I. Agora, h1 e reduzido em G1, pois e o resto da divisao de g1 pelos elementos de G\{g1}.

Realizando o mesmo processo com g2, obtemos G2 = {h1, h2, g3, . . . , gs} que e base de Grobner minimal para I. Pela observa cao feita no incio da demonstra cao, segue que h1 e reduzido em G2.

Prosseguindo desta maneira com todos os elementos de G, conseguimos uma base de Grobner reduzida para I como queramos.

Para provar a unicidade, suponha que G = {g1, . . . , gs} e H = {h1, . . . , ht} sejam bases de Grobner reduzidas para I. Em particular, essas bases sao de Grobner mnimas e ainda hT L(G)i = hT L(I)i = hT L(H)i.

AFIRMA CAO: T L(G) = T L(H).

De fato, dado T L(g1) ∈ T L(G), segue que T L(g1) ∈ hT L(H)i, e pela Proposi cao 2.3.2

T L(hj)|T L(g1) para algum j. Do mesmo modo, T L(hj) ∈ hT L(G)i e T L(gi)|T L(hj) para algum i. Logo, T L(gi)|T L(g1), o que pela minimalidade de G implica que i = 1 e T L(g1) = T L(hj). Continuando dessa forma, conclumos que T L(G) ⊆ T L(H). Fazendo o mesmo com os elementos de T L(H), obtemos a outra inclusao. Provando a igualdade desejada. Da igualdade provada na ultima arma cao e do fato de G e H serem bases minimais, temos que G e H possuem o mesmo numeros de elementos. Com isso, dado g ∈ G. Entao existe h ∈ H tal que T L(g) = T L(h). Mostraremos que g = h. Para isso, considere g − h ∈ I. Como g e base de Grobner de I, segue do Corolario 2.3.10que g − hG

= 0. Como T L(g) = T L(h), este termos se cancelam e os termos restantes nao sao divisveis por nenhum elemento de T L(G) = T L(H), pois G e H sao reduzidas. Assim, g − hG = g − h e portanto g − h = 0, completando a demonstra cao.

(30)

CAPITULO 3

MODULOS FINITAMENTE GERADOS E

ALGUMAS PROPRIEDADES

Neste captulo apresentaremos um pouco da teoria de A−modulos. Em especial, na segunda se cao sera mostrado um resultado sobre matrizes que sera de fundamental importancia na conclusao dos resultados do ultimo captulo deste trabalho. Aqui serao apresentados somente alguns resultados sobre o assunto. Caso o leitor tenha interesse em saber mais, pode consultar a principal referencia utilizada neste captulo que foi [9].

3.1 A-modulos

Seja A um anel comutativo com unidade. Um grupo abeliano aditivo (M, +) dotado de multi-plica cao escalar

A × M −→ M (a, m) 7−→ a.m

e dito um A-modulo se satisfaz os seguintes axiomas para todos a1, a2 ∈ Ae todos m1, m2 ∈ M:

a) 1 · m1 = m1

b) (a1a2) · m1 = a1 · (a1· m1)

c) (a1+ a2) · m1 = a1· m1 + a2· m1 d) a1· (m1+ m2) = a1· m1+ a1· m2.

Se a ∈ A e m ∈ M, escrevemos tambem am para denotar o elemento a · m. Considerando o A-modulo M, dizemos que um subgrupo N de M e um A-submodulo se a multiplica cao escalar de M preserva N, ou seja, se an ∈ N, para todo a ∈ A e para todo n ∈ N. Observe que se A e um corpo entao a no cao de A-modulo coincide com a de A-espa co vetorial. Veremos a seguir que muitos dos objetos denidos dentro do estudo de A-modulo sao analogos aos que conhecemos de algebra linear.

Sejam M um A-modulo e t ∈ N. Sejam m1, . . . , mt elementos de M. O subconjunto N de M denido por

N = Am1+ · · · + Amt= {a1m1+ · · · + atmt| ai ∈ A} 21

(31)

22

e claramente um A-modulo de M e e chamado de submodulo gerado por m1, . . . , mt. O modulo M e dito nitamente gerado quando existe um numero nito de elementos m1, · · · , mt de M tais que

M = Am1+ · · · + Amt.

Neste caso dizemos que {m1, · · · , mt} e um conjunto de geradores de M.

O modulo M e dito cclico se pode ser gerado por um elemento, isto e, se M = Am, para algum m ∈ M. Se para todo 1 ≤ j ≤ t t X j=1 ajmj = 0 ⇒ aj = 0, com aj ∈ A

entao, {m1, · · · , mt}e dito A-linearmente independente. No caso em que M e nitamente gerado por um conjunto de geradores A-linearmente independentes, ou equivalentemente, se o modulo M e isomorfo a At, dizemos que M e livre. Esta e equivalencia, pode ser vista, considerando o homomorsmo g : At−→ M (a1, . . . , at) 7−→ t X i=1 (aimi).

O conjunto {m1, · · · , mt}satisfazendo estas condi coes e dita uma base para o modulo livre M. Observe que M = Am1⊕ · · · ⊕ Amt. Esta nota cao signica que cada elemento m ∈ M e escrito de forma unica como uma combina cao A-linear de m1, . . . , mt.

Exemplo 3.1.1. Seja t um inteiro positivo e considere o seguinte conjunto At= {(a1, . . . , at)| ai ∈ A} .

Denindo a opera cao de adi cao coordenada a coordenada:

(a1, . . . , at) + (a01, . . . , a0t) := (a1+ a01, . . . , at+ a0t), e a multiplica cao escalar da seguinte maneira

a(a1, . . . , at) := (aa1, . . . , aat),

temos que Ate um A-modulo. Mais que isso, considerando e1 = (1, 0, . . . , 0), . . . , et = (0, . . . 0, 1), podemos ver que {e1, . . . , et} formam uma base para o A-modulo At, chamada comumente de base canonica de At.

Exemplo 3.1.2. Seja M um A−modulo e seja I um ideal do anel A. Entao

IM := ( n X j=1 αjgj| n ∈ N, αj ∈ I, gj ∈ M, para todo j ) e um A−submodulo de M.

Proposi cao 3.1.3. Seja A um anel com unidade e seja M um A-modulo livre nitamente gerado. Entao, todas as bases de M possuem o mesmo numero de elementos.

(32)

Demonstra cao. Seja {m1, . . . , mt}uma base de A-modulo M. Seja I um ideal maximal de A e considere a aplica cao

ϕ : M −→ (A/I) × . . . × (A/I) (a1m1+ . . . + atmt) 7−→(a1, . . . , at)

ϕ e um homomorsmo sobrejetor de grupos aditivos, pois

ϕ((a1m1+ . . . + atmt) + (b1m1+ . . . + btmt)) =ϕ((a1+ b1)m1+ . . . + (at+ bt)mt) =(a1 + b1, . . . , at+ bt)

=(a1, . . . , at) + (b1, . . . , bt)

=ϕ(a1m1+ . . . + atmt) + ϕ(b1m1+ . . . + btmt). Logo ϕ e um homomorsmo. A sobrejetividade e obvia.

AFIRMA CAO: ker(ϕ) = IM := nPnj=1αjgj| n ∈ N, αj ∈ I, gj ∈ M, para todo j o

. De fato, dado m ∈ ker(ϕ), entao existem a1, . . . , at ∈ A tais que

m = a1m1+ . . . atmt e ϕ(m) = (0, . . . , 0). Assim,

a1 = 0, . . . , at = 0 ⇒ aj ∈ I, para todoj = 1, . . . , t Logo, m ∈ IM.

Por outro lado, seja Pn

j=1αjgj ∈ IM. Entao, para cada j, temos gj = aj1m1+ . . . + ajtmt, com aji ∈ A. Assim, ϕ n X j=1 αjgj ! = ϕ n X j=1 αj t X i=1 ajimi !!! = ϕ t X i=1 mi n X j=1 αjaji !!! .

Como I e um ideal, segue que αjaji ∈ I, para todo i e para todo j. Logo, αjaji= 0, para todo i e para todo j. Portanto,

n X

j=1

αjgj ∈ kerϕ, completando assim a prova da arma cao.

Pela arma cao, sabemos que

M/IM ' (A/I) × . . . × (A/I)

| {z }

t vezes

. (3.1)

Sendo A/I um corpo, M/IM tem uma estrutura de A/I-esp.vetorial dada por (a + I)(m + IM ) := am + IM.

(33)

24

E assim, e imediato que o isomorsmo em (3.1) e um isomorsmo de espa cos vetoriais. Portanto, M/IM e um A/I−esp. vetorial de dimensao t.

Se M possui outra base com n elementos, argumentando da mesma forma conclumos que M/IM tem dimensao n como A/I-esp. vetorial. Pela propriedade de bases de espa cos vetoriais segue que t = n.

3.2 Homomorsmo entre Modulos

Nesta se cao, A sempre estara representando um anel. Nos casos em que isso nao ocorrer especicaremos.

Sejam M e M0 dois A-modulos. Uma aplica cao f : M −→ M0e um homomorsmo de A-modulos ou um A-homomorsmo se para todo a ∈ A e para todo m ∈ M, f(am) = af(m), e alem disso f e um homomorsmo de grupos aditivos, isto e,

f (m1+ m2) = f (m1) + f (m2), para quaisquer m1, m2 ∈ M.

Podemos tambem dizer que f e A-linear, ou que f e um operador A-linear. Se um homo-morsmo de A-modulos e bijetivo, entao o chamamos de isohomo-morsmo de A-modulos.

Observe que a deni cao de homomorsmo de A-modulos e analoga a deni cao de trans-forma cao linear entre espa cos vetoriais. E como em algebra linear, podemos representar uma aplica cao A-linear entre modulos nitamente gerados por uma matriz.

Sejam N um A-modulo nitamente gerado, M um A-modulo livre nitamente gerado e f : N −→ M uma aplica cao A-linear. Considere β = {v1, . . . , vn} o conjunto ordenado de geradores de N e γ = {w1, . . . , wm}uma base ordenada de M. Podemos representar f por uma matriz m × n da seguinte maneira: escrevemos para cada j ∈ {1, . . . , n}

f (vj) = m X

i=1

aijwi, com aij ∈ A.

Dizemos que a matriz M = (aij) representa a aplica cao f em rela cao a β e γ. Note que a matriz da aplica cao f depende do conjunto de geradores de N e da base de M.

A seguir faremos algumas considera coes a respeito de opera coes elementares sobre linhas e colunas de uma matriz. Veremos que se f, M, N, β, γ e M sao como acima, entao realizar opera coes elementares sobre as linhas e colunas da matriz M corresponde a mudan cas em β e γ.

Chamamos opera coes elementares sobre as linhas (ou colunas) de M as seguintes opera- coes:

1. Permuta cao de duas linhas (respectivamente de duas colunas);

2. Substitui cao de uma linha (respectivamente de uma coluna) pela soma desta linha com um multiplo de uma outra linha (respectivamente pela soma desta coluna com um multiplo de uma outra coluna);

3. Multiplica cao de uma linha ou coluna por um elemento invertvel.

Se A e uma matriz n×n que foi obtida da matriz identidade Inaplicando-se uma, e somente uma, opera cao elementar, entao A e dita matriz elementar. Toda matriz elementar e invertvel e sua inversa tambem e uma matriz elementar.

Vejamos atraves de alguns exemplos que se B e uma matriz obtida da matriz M por meio de um opera cao elementar sobre suas colunas ou linhas, entao B = ME ou B = EM, sendo E a matriz elementar n × n ou m × m, obtida aplicando-se a matriz identidade a mesma opera cao que deu origem a B.

(34)

Exemplo 3.2.1. 1. Permuta cao de linhas ou colunas.

Vamos denotar por Ek,k+1 e El,l+j as matrizes elementares obtidas trocando-se a linha k com a linha k + 1 de Im e respectivamente a coluna l com a coluna l + 1 de In. Dessa forma, Ek,k+1 =              1 0 · · · 0 0 1 · · ... · · 1 · · 0 1 · · 1 0 · · ... 0 0 · · · · . . . 0 1              ← k ← k + 1 e El,l+1 = l l + 1 ↓ ↓                           1 0 · · · 0 0 1 · · ... · · 1 · · 0 1 · · 1 0 · · ... 0 0 · · · · . . . 0 1

Assim, tomando M = (aij), temos que B = (bij) = Ek,k+1M e C = (cij) = MEl,l+1 sao dadas, respectivamente, por

bij =    a(i+1)j se i = k a(i−1)j se i = k + 1

aij caso contrario

e cij =    ai(j+1) se j = l ai(j−1) se j = l + 1

aij caso contrario .

2. Substitui cao de linha ou coluna.

Substituindo a k-esima linha da matriz Im, pela soma da linha k com α vezes a linha k + 1, obtemos a matriz elementar que sera denotada por Ek,k+1(α). Realizando a mesma opera cao elementar nas colunas da matriz In obtemos a matriz, denotada por El,l+1(α).

(35)

26 Temos que Ek,k+1 =            1 0 · · · · 0 0 1 · · ... · · 1 α · · 0 1 · · ... 0 0 · · · · 0 1            ← k ← k + 1 e El,l+1 = l l + 1 ↓ ↓                       1 0 · · · · 0 0 1 · · ... · · 1 0 · · α 1 · · ... 0 0 · · · · 0 1

Segue que F = (fij) = Ek,k+1(α)M e G = (gij) = MEl,l+1 sao, respectivamente, como

fij = 

aij + αa(i+1)j se i = k

aij caso contrario e gij = 

aij + αai(j+1) se j = l aij caso contrario 3. Multiplica cao de uma linha ou coluna por um elemento invertvel.

Ao multiplicarmos a linha k da matriz Im e a coluna l da matriz In, obtemos as matrizes elementares que serao denotadas, respectivamente, por Ek(α) e El(α). Desta forma,

Ek(α) =            1 0 . . . . 0 0 . .. . . 1 . . α . . 1 . . ... 0 0 . . . . 0 1            ← k e El(α) = l ↓                       1 0 · · · · 0 0 ... · · 1 · · α · · 1 · · ... 0 0 · · · · 0 1

(36)

e assim H = (hij) = Ek(α)M e N = (nij) = MEl(α) sao, respectivamente, da seguinte forma

hij = 

αaij se i = k

aij caso contrario e nij = 

αaij se j = l aij caso contrario

A partir dos exemplos acima, podemos observar que dada uma matriz M, m × n, com entradas em A, ao realizarmos sobre suas linhas e colunas uma sucessao nita de opera coes elementares, estamos transformando M numa matriz B = QMP . Quando obtemos uma matriz B dessa maneira, dizemos que B e M sao matrizes equivalentes e denotamos B ≈ M. Observe que Q e P sao matrizes invertveis, pois sao resultado de uma sequencia nita de produtos de matrizes elementares, que sao invertveis. Portanto, se duas matrizes N e M sao tais que N ≈ M, entao existem matrizes invertveis Q e P de forma que N = QMP . Com essa igualdade nao e difcil provar que a rela cao ≈ e uma rela cao de equivalencia, ou seja, as arma coes

• M ≈ M

• N ≈ M ⇒ N ≈ M

• N ≈ M e M ≈ P ⇒ N ≈ P

sao satisfeitas.

Sejam f : N −→ M uma aplica cao A-linear entre os A-modulos N e M, sendo N -nitamente gerado pelo conjunto ordenado β = {v1, . . . , vn} e M livre, com base ordenada γ = {w1, . . . , wm}. Seja M a matriz correspondente a f em rela cao a β e γ. Se permutamos a i0-esima linha de M com a i1-esima linha obtemos uma nova matriz que representa a mesma aplica cao f, mas com rela cao a β e γc = w1, . . . , w0

i0, . . . , w0i1, . . . , wm , sendo wi00 = wi1 e w0

i1 = wi0. Da mesma forma, permutando a coluna j0 de M com a coluna j1, a matriz obtida representa f com rela cao a βl =v1, . . . , v0

j0, . . . , vj10 , . . . , vn e γ, com v0j0 = vj1 e vj10 = vj0. Se substitumos a i0-esima linha de M por

(linha i0) + λ(linha i1)com λ ∈ A,

a matriz obtida representa f em rela cao a β e γcλ =w1, . . . , wi0, . . . , w0

i0, . . . , wm , com w0i0 = wi1 − λwi0. De modo semelhante, se substitumos a coluna j0 de M por

(coluna j0) + λ(coluna j1)com λ ∈ A, obtemos uma nova matriz representando f em rela cao a βlλ =v1, . . . , v0

j0, . . . , vi1. . . , vn com v0

j0 = vj0 + λvi1.

Com todas essas considera coes, podemos continuar com o seguinte resultado:

Teorema 3.2.2. Sejam m ≥ 1 e n ≥ 1 dois inteiros. Seja (D, ϕ) um domnio euclidiano e seja M = (aij)m×n, uma matriz com entradas em D. Entao, atraves de uma sucessao nita de opera coes elementares em suas linhas e colunas, a matriz M = (aij) pode ser transformada numa matriz diagonal da forma

(37)

28 B =                  λ1 ... λ2 ... ...

0

λr ... . . . . ...

0

...

0

...                 

com 0 ≤ r ≤ min{m, n}, λ1, λ2, . . . , λr pertencentes a D\{0} e λj dividindo λj+1, para cada j = 1, 2, . . . , r − 1. Em particular, para toda matriz M com entradas num domnio euclidiano existem matrizes U = (uij) e Q = (qij) invertveis de ordens m e n respectivamente, tais que B = U MQ.

Demonstra cao. Se M = (aij) ou M e nula, nao temos nada o que fazer. Dessa forma, consi-deremos uma matriz M = (aij), com m > 1 ou n > 1. Denimos

ϕ(M) := min {ϕ(aij)| aij 6= 0} e t o inteiro t := t(M) dado por

t := min {ϕ(N )| N ≈ M} .

A demonstra cao para o caso geral e algortmica. Sendo assim, mostraremos inicialmente como obter uma matriz N ≈ M tal que ϕ(N ) = t. Primeiro, permutamos as linhas e colunas de M de forma a colocar a entrada ai0j0 tal que ϕ(ai0j0) = ϕ(M), na posi cao (1, 1). Obtendo assim, a matriz M1 = (bij)tal que

M1 ≈ M e ϕ(b11) = ϕ(M). Depois consideramos os seguintes conjuntos:

J1 = {j ≥ 2| b1j 6= 0} , J2 = {j ≥ 2| b1j = 0} , I1 = {i ≥ 2| bi1 6= 0} , I2 = {i ≥ 2| bi1 = 0} . Pra cada j ∈ J1, fazemos a divisao euclidiana de b1j por b11:

b1j = qjb11+ rj com rj = 0 ou ϕ(rj) < ϕ(b11), e substitumos a j-esima coluna de M1 por

(j-esima coluna) − qj · (primeira coluna).

Para cada j ∈ J2, deixamos a j−esima coluna inalterada. Note que a primeira coluna de M1 nao foi alterada. Assim, de maneira analoga a feita com as colunas de M1, para cada i ∈ I1 fazemos a divisao euclidiana de bi1 por b11:

(38)

e substitumos a i-esima linha da matriz obtida no passo anterior por (i-esima linha) − q0

j · (primeira linha).

Chamaremos a matriz obtida apos essas duas etapas de N1 = (cij). Observe que N1 ≈ M e ϕ(N1) ≤ ϕ(M). Realizando essas duas etapas, agora com N1, obtemos um matriz N2 ≈ N1 com ϕ(N2) ≤ ϕ(N1).Prosseguindo desta maneira, conseguimos uma sequencia de matrizes Ni ≈ M tais que a sequencia de numeros naturais ϕ(Ni)seja decrescente. Como sequencias decrescentes de numeros naturais sao estacionarias, depois de um numero nito de passos conseguimos uma matriz N ≈ M tal que ϕ(N ) = t(M).

Consideremos N como determinada acima. Permutando linhas e colunas em N , podemos colocar a entrada de menor ϕ−valor na posi cao (1, 1), ou seja obtemos uma matriz N0

1 = (dij) tal que

N01 ≈ N e ϕ(d11) = ϕ(N ). AFIRMA CAO 1. Existe uma matriz L = (eij) tal que

L ≈ N0

1, e11= d11 e e1j = 0, para todo j ≥ 2. DEMONSTRA CAO DA AFIRMA CAO 1: Sejam J0

1e J20 denidos, respectivamente, de maneira analoga a feita para J1 e J2, mas agora com os elementos de N01. Realizando em N0

1 a primeira etapa do processo mostrado acima para obten cao de N1, conseguimos L := (eij) ≈ N0

1 tal que as unicas possveis entradas nao nulas de sua primeira linha sao e11= d11 e os rj's com j ∈ J0

1. Observamos, no entanto, que rj = 0 para cada j ∈ J0

1. De fato, se existir j ∈ J10 com rj 6= 0, entao teramos L ≈ M e ϕ(L) ≤ ϕ(rj) < ϕ(d11) = t, o que e absurdo pela deni cao de t. AFIRMA CAO 2. Existe uma matriz C = (fij) tal que C ≈ L, f11 = e11,

C =      f11 0 . . . 0 0 ... A 0      , (3.2)

sendo A uma matriz (m − 1) × (n − 1) e f11 divide cada entrada da submatriz A. DEMONSTRA CAO DA AFIRMA CAO 2: Sejam I0

1 e I20 denidos, respectivamente, analogos a I1 e I2, mas com os elementos de L. Realizando em L a segunda etapa do processo mostrado acima para obten cao da matriz N1, obtemos uma matriz C := (fij) ≈ L tal que sua primeira linha e igual a primeira linha de L e tal que as unicas possveis entradas nao nulas de sua primeira coluna sao f11 = e11 e os r0i's com i ∈ I0

1. De novo, em virtude da deni cao de t, podemos garantir que r0

i = 0 para cada i ∈ I1. Assim, nossa matriz C satisfaz a condi cao 3.2.0 Vamos agora vericar que f11divide cada entrada da submatriz A. Suponhamos por absurdo que existam k ≥ 2 e l ≥ 2 tais que f11 nao divida fkl. Fazemos a divisao euclidiana de fkl por f11:

fkl = qf11+ r, com r 6= 0 e ϕ(r) < ϕ(f11), e substitumos a primeira linha de C por

(primeira linha de C)+(k-esima linha de C).

Nesta nova matriz ˜C obtida depois da substitui cao da primeira linha de C descrita acima, substitumos a sua l−esima coluna por

(39)

30

(l-esima coluna de ˜C) − q·(primeira coluna de ˜C).

Desta maneira, obtemos uma matriz N0 ≈ C ≈ M cuja entrada da primeira linha e l−esima coluna e igual a r, logo uma matriz tal que ϕ(N0) ≤ ϕ(r) < ϕ(f11) < t, o que e impossvel pela deni cao de t. Isto termina a prova da Arma cao 2.

Agora podemos terminar a demonstra cao do teorema aplicando indu cao sobre min{m, n}. Fa ca p := min{m, n}. Se p = m = 1, entao usando a Arma cao 1 o teorema ca provado. Se p = n = 1utilizamos a Arma cao 2, e temos tambem neste caso o resultado desejado. Suponha por indu cao que o teorema vale pra uma matriz (m − 1) × (n − 1). Entao pela Arma cao 2 e pela hipotese de indu cao, existe uma matriz A0 ≈ A, sendo A obtida em 3.2 e A0 da forma:

A0 =               λ2 ... ...

0

λr ... . . . . ...

0

...

0

...               ,

com λ2, . . . , λr ∈ D\{0}e λj dividindo λj+1, para cada j. Evidentemente temos C =      f11 0 . . . 0 0 ... A 0      ≈      f11 0 . . . 0 0 ... A0 0      e logo, C ≈                  f11 ... λ2 ... ...

0

λr ... . . . . ...

0

...

0

...                  .

Como f11 divide cada entrada de A, entao f11 divide cada entrada de A0, pois as entradas de A0 sao multiplos somas de multiplos de entradas de A. Portanto f11 divide λ2 e a demonstra cao esta completa tomando λ1 := f11.

Corolario 3.2.3. Seja D um domnio euclidiano. Sejam M, N dois D-modulos livres nita-mente gerados e f : N −→ M um D-homomorsmo. Entao, existe uma base β = {v1, . . . , vn} de N e uma base γ = {w1, . . . , wm}de M tais que a matriz que representa f em rela cao a estas bases e da forma

Referências

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