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ISSN ACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DA UFRGS A nalise conomica PADRÕ ES DE DESENVOLVIMENTO, FUNÇ Õ ES ESTATAIS E TIAGO WICKSTROM ALVES

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ISSN 0102-9924 ACULDADE DE C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S DA UFRGS

A nalise

conomica

R E E S T R U T U R A Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O A G R Í C O L A N O R I O G R A N M D O S U L , D E 1 9 7 0 A 1 9 9 6 E U M A E S T F M A Ç Ã O P A R A 2 0 1 2 T I A G O W I C K S T R O M A L V E S A C R I M I N A L I D A D E N A R E G I Ã O M E T R O P O L I T A N A D E S A L V A D O R J O S É C A R R E R A F E R N A N D E Z , L U I Z F E R N A N D O L O B O C O M P E T I T I V I D A D E I N T E R N A C I O N A L E M S O F T W A R E : U M E S T U D O S O B R E A E X P E R F Ê N O A D E F L O R I A N Ó P O L I S H O Y É D O N U N E S L I N S M O D E L O S D E O R G A N I Z A Ç Ã O E R E P A R T I Ç Ã O D E R E N D A S N A C A D E I A P R O D U T I V A D O G Ã S N A T U R A L H É L D E R Q U E Í R O Z P Í N T O J Ú N I O R , R O D O L F O T O R R E S D O S S A N T O S R E G I M E S M O N E T Á R I O S E D Í V Í D A P Ú B L K I A ; U M A A N Á L I S E D E M E C A N I S M O S A L T E R N A T I V O S D E C O O R D E N A Ç Ã O FLAACROECONÕ M I C A M A N O E L C A R L O S D E C A S T R O P I R E S E C O N O M I A D O S R E C U R S O S N A T U R A I S E S E U S I N D I C A D O R E S D E E S C A S S E Z ; U M A Q U E S T Ã O D E S U S T E N T A B I L I D A D E A N D R E A S A L E S S O A R E S D E A Z E V E D O M E L O

O E C O P R O T E C I O N I S M O A G R I C O L A N A U N I Ã O E U R O P É I A E S E U S P O S S Í V E I S R M P A C T O S S O B R E A E C O N O M I A B R A S I L E I R A R O D R I G O D A N I E L F E I X , C L Á U D I O R. F Ó F F A N O V A S C O N C E L O S PADRÕ E S D E D E S E N V O L V I M E N T O , FUNÇ Õ E S E S T A T A I S E E N D I V I D A M E N T O N O C A P I T A L I S M O C O N T E M P O R Â N E O P A U L O B A L A N Ç O , E D U A R D O C O S T A P I N T O A I N T E R N A C I O N A L I Z A Ç Ã O D O V A R E J O A P A R T I R D O S W A L - M A R T E C A R R E F O U R A R M A N D O J O Ã O D A L L A C O S T A U M A A N Á L I S E E C O N O M É T R I C A D O F U T E B O L B R A S I L E I R O A R Í F R A N C I S C O D E A R A Ú J O ÍR. C L Ã U D I O D . S H I K I D A , L E O N A R D O M . M O N A S T E R I O o B R A S I L E A E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L : R E C U P E R A Ç Ã O E D E F E S A D A A U T O N O M I A N A C I O N A L R E S E N H A D E A L E X A N D R E C É S A R C U N H A L E I T E R E G I M E S M O N E T A R I O S : T E O R I A E A E X P E R I Ê N C I A D O R E A L R E S E N H A D E F E R N A N D O F E R R A R I F I L H O

Setembro, 2005

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U N I V E R S I D A D E F E D E R A I , D O R I O G R A N D E D O S m Reitor. P r o f J o s é C a r l o s F e i r a z H e n n e m a n n F A C U I D A D E Ü E C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S Diretor: Prof- G e n t i l C o r a z z a C E N I R O D E E S H I D O S E P E S Q U I S A S E C O N Ô M I C A S Diretor: P r o f L o v o i s d e A n d r a d e M i g u e l D E I ' A K I A M E N I O D E C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S Chefe: P r o f R i c a r d o D a t h e i n D E P A K I A M E N I O D E C I Ê N C I A S C O N I Á B E I S E A H I A R I A I S Chefe: Prof. C e n o O d i l o K o p s C U R S O D E P Ó S - G I Í A D U A Ç Ã O E M E C O N O M I A

Cooideiiador: Prof F e r n a n d o F e r r a r i Filho

C U R S O D E P Ó S G R A D U A Ç Ã O E M D E S E N V O I V I M E N I O R H

-R A I

CoolJenador: Prof. P a u l o D a b d a b W a q u i l

C O N S E L H O E D I I O K I A L : A n d r é M o r e i r a C u n h a ( U F R G S ) , Carlos G . A . Mielitz N e t t o ( U F R G S ) , Carlos H e n r i q u e H o r n ( U F R G S ) . E d u a r d o A . M a l d o n a d o F i l h o ( U F R G S ) , E l e u t é r i o F S P r a d o ( U S P ) , E u g ê n i o L a g e n i a n n ( U F R G S ) , F e r n a n d o C a r d i m d e C a r v a l h o ( U F R J ) , F e r n a n d o Ferrari F i l h o ( U F R G S ) , F e r n a n d o d e H o l a n d a B a r b o s a ( F G V / R J ) , F l á v i o A u g u s t o Z i e g e l m a n n ( U F R G S ) , F l á v i o V a s c o n c e l l o s C o m i m ( U F R G S ) , G e n t i l C o r a z z a ( U F R G S ) , G i á c o m o B a l b i n o t t o N e t o ( U F R G S ) , G u s t a v o F i a n c o ( P U C / R J ) , H é l i o H e n k l n ( U F R G S ) , J a n A . K r e g e l ( U N C T A D ) , João R o g é r i o S a n s o n ( U F S C ) , J o a q u i m Pinto de A n d r a d e ( U n B ) , J ú l i o C é s a r O l i v e i r a ( U F R G S ) , L u i z E s t r e l l a F a r i a ( U F R G S ) , L u i z P a u l o P e n e i r a N o g u e r ó l ( U F R G S ) , M a r c e l o S P o r t u g a l ( U F R G S ) , M a r i a A l i c e L a h o r g u e ( U F R G S ) , O c t a v i o A u g u s t o Cairiargo C o n -c e i ç ã o ( U F R G S ) , P a u l D a v i d s o n ( U n i v e r s i t y o f T e n n e s s e e ) , P a u l o D W a q u i l ( U F R G S ) , P e d r o C D . F o n s e c a ( U F R G S ) , P h i l i p A r e s t i s ( U n i v e r s i t y of C a m b r i d g e ) , R i c a r d o D a t h e i n ( U F R G S ) R o n a l d O t t o H i l l b r e c h t ( U F R G S ) , S a b i n o d a S i l v a P o i t o Jr, ( U F R G S ) , S é r g i o M . M. M o n t e i r o ( U F R G S ) , Stefano Florissi ( U F R G S ) e Werner Baer (University of Illinois at U r b a n a - C h a m p a i g n ) . C O M I S S Ã O E D I I O K I A I , : E d u a r d o A u g u s t o M a l d o n a d o Filho, F e r n a n d o F e n a r i F i l h o , Hélio H e n k l n , M a r c e l o S a v i n o Portugal, P a u l o D a b d a b Waquil e S é r g i o M a r l e y M o d e s t o M o n t e i r o . E D I I O K : S é r g i o M a r l e y M o d e s t o M o n t e i i o E D I I O R A D . I U N I O : H é l i o H e n k l n S E C R E I Á R I O : E m e r s o n D o u g l a s N e v e s R E V I S . Ã O D E l E x r o s : V a n e t e R i c a c h e s k i E D I I O R A Ç Ã O : N ú c l e o d e E d i t o r a ç ã o e C i i a ç S o da G r á f i c a d a U F R G S - J a n a í n a H o r n e Jinria S a e d t F U N D A D O R : Prof. A n t ô n i o C a r l o s S a n t o s R o s a Os m a t e i i a i s p u b l i c a d o s na revista Atuilise Eíouôiniça s ã o d a e x c l u s i v a r e s p o n s a b i l i d a d e d o s a u t o r e s . É p e r m i t i d a a r e p r o d u ç ã o total ou p a r c i a l d o s t r a b a l h o s , d e s d e q u e seja c i t a d a a f o n t e . A c e i t a - s e p e r m u t a c o m r e v i s t a s c o n g ê n e r e s . A c e i t a m s e , t a m -b é m , l i v r o s para d i v u l g a ç ã o , e l a -b o r a ç ã o d e r e s e n h a s e r e c e n s õ e s Toda c o r r e s p o n d ê n c i a , m a t e r i a l p a i a p u b l i -c a ç ã o ( v i d e n o r m a s n a t e r -c e i r a -c a p a ) , a s s i n a t u r a s e p e n n u t a s d e v e m ser dirigidos ao s e g u i n t e destinatário:

PROF. SÉRGIO MARLEY MODESTO MONTEIRO

R E V I S I A AHAUHP. ECO^ÓMIC/Í - Av. J o ã o P e s s o a , 5 2

C E P 9 0 0 4 0 - 0 0 0 P O R T O A L E G R E - R S , B R A S I L T e l e f o n e s : (051) 3 3 1 6 3 5 1 3 / 3 3 1 6 4 1 6 4 F a x : ( 0 5 1 ) 3 3 1 6 3 9 9 0 - E - m a i l : r a e @ v o r t e x n f i g s b r A Revista Análise E c o n ô m i c a a g r a d e c e a c o l a b o r a ç ã o d o s pareceristas d o n ú m e r o 4 3 , a b a i x o r e l a c i o n a d o s : A d a l m i r A n t o n i o M a r q u e t t i A n d r é M o r e i r a C u n h a C a r l o s J o s é C a e t a n o B a c h a C a r l o s M i e l i t z N e t t o C l a i l t o n A t a í d e s d e F r e i t a s C l a u d i o R o b e r t o Fóffano V a s c o n c e l o s E d u a r d o E r n e s t o F i l í p p i E d u a r d o P o n t u a l R i b e i i o E l e u t é r i o F e r n a n d o da S i l v a P r a d o F e r n a n d o J. C a r d i m d e C a r v a l h o F e r n a n d o A u g u s t o M a n s o r d e M a t t o s F e r n a n d o Ferrari F i l h o F l á v i o Tosi F e i j ó F l a v i o Vilela Vieira F r a n c i s c o P a u l o C i p o l l a G e n t i l C o r a z z a G i á c o m o B a l b i n o t t o N e t o H e l i o H e n k l n Jefferson A n d r o n i o R a m u n d o S t a d u t o J o ã o de D e u s S i c s ú S i q u e i r a J o s é C a t r e r a F e r n a n d e s L e o n a r d o M o n t e i r o M o n a s t e r i o L u í s F e r n a n d o d e P a u l a L u i s R o b e r t o N a s c i m e n t o M a n o e l Carlos de Castro Pires O c t a v i o A u g u s t o C a m a r g o C o n c e i ç ã o P a t r i z i a R a g g i A b d a l l a h R o b s o n A n t o n i o G r a s s i R o n a l d O t t o H i l b r e c h T i a g o W i c k s t r o m A l v e s T i t o Belchior Silva M o i e i r a Análise Econômica A n o 2 3 , n ° 4 4 , s e t e m b r o , 200.5 - P o r t o A l e g r e F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s E c o n ô m i c a s , U F R G S , 2 0 0 0 P e i i o d i c i d a d e s e m e s t r a l , m a r ç o e s e t e m b r o . I T e o r i a E c o n ô m i c a D e s e n v o l v i m e n t o R e g i o n a l -E c o n o m i a A g r í c o l a - P e s q u i s a T e ó r i c a e A p l i c a d a • P e r i ó d i c o s 1 B r a s i l . F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s E c o n ô m i c a s , U n i v e r s i d a d e F e d e i a l d o R i o G r a n d e d o S u l C D D 3 3 0 0.5 C D U 3 3 ( 8 1 ) (0.5)

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Economia dos recursos naturais e seus indicadores

de escassez: uma questão de sustentabilidade

Andrea Sales Soares de Azevedo Melo'

Resumo: A ciência econômica divide seu campo de estudo para as questões

do meio ambiente a partir das flinções que este exerce na vida do homem. Neste contexto, a Economia dos Recursos Naturais trata o mesmo como ofertante de recursos, o que, tradicionalmente, foi sempre trabalhado em termos de eficiên-cia intergeiacional. O desenvolvimento sustentável, entretanto, provocou que a disponibilidade de recursos passasse a ser vista como uma questão de eqüida-de, e não mais de eficiência, fato que lepresenta uma mudança de paradigma para a Economia dos Recursos Naturais. Este artigo faz uma resenha do estado da arte neste campo da economia, ressaltando os principais pontos que se en-contram atualmente em discussão, em especial no que se refere ao desenvolvi-mento de indicadores da escassez da disponibilidade dos recursos.

Palavras-chave: sustentabilidade, economia dos recursos naturais,

indicado-res de escassez.

Abstract: Economic science has, at least, three ways of leading with

environmental questions, depending on the fiinction the environment plays at man's life. Natural resource economics treats the environments as a resource supplier and has traditionaly worked it in teims of inter-generational efficiency However, sustainable development has provoked change in paradigms: the availability of the resources became an equity subject, instead of only a question of efficiency This article makes a review of the state of the art in this field of the Economy hilighting the mais points that are currently in discussion, especially referring to the development of indicators of the resources scarcity.

Keywords: sustainability, natural lesource economics, scarcity indicators. JEL:Q56.

1 Introdução

A ciência econômica enxerga o meio ambiente através das fun-ções que este ambiente desempenha na vida do homem, ou seja, o entende como u m meio para a satisfação das necessidades huma-nas. Segundo Naess (1990), esta é a principal característica d o

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mento ambientalista surgido na década de 1980; os ambientalistas mais antigos, da deep ecology, não atribuíam stiperioridade do ho-m e ho-m sobre as outras espécies.

vSob este prisma, pode-se destacar que a economia reconhece três funções básicas do meio ambiente. A primeira dessas funções é a de fonte de amenidades, ou de lazer. Segundo Fischer e Peterson (1976), foi John Stuart Mill, em 1865, que, ao ressaltar a importância do ambiente para a qualidade de vida (como depositário de solittade e beleza natural), deu origem ao estudo do ambiente como fonte de amenidades na economia.

A segunda função reconhecida é a de receptor dos dejetos das atividades de prodtição e constjmo. A sua capacidade de degenera-ção dos dejetos e de sua própria regeneradegenera-ção é extremamente im-portante e garante a sobrevivência de mtiitas espécies, além da pró-pria qualidade do ar, água, solo, entre outros recursos.

A terceira e última função do meio ambiente é a de ofertante de recurso natural, o principal insumo da atividade produtiva. Em se tra-tando da escassez desses recursos, Smith e Ricardo são importantes nomes a se lembrar, por terem sido os primeiros a chamar a atenção para a escassez absoltita e relativa, respectivamente, do recurso terra. Todas estas três ftinções são igualmente importantes e altamen-te correlacionadas entre si; daí a nattireza holística da questão ambiental. A intervenção em qualquer uma delas pode provocar o desequiliTirio em outra, ou mesmo no ambiente como um todo.

Tem-se tornado senso comum considerar a Economia do Meio Ambiente como a parte que estuda as duas primeiras funções; en-quanto que a Economia dos Recursos Naturais é a que trata das n u a n ç a s relativas à ultima função. Existe, n o e n t a n t o , alguma discordância no que se refere a esta divisão, uma vez que se entende que a Economia do Meio Ambiente deveria abarcar todas as funções (SOUZA, 1997); mas este tem sido o trabalho da Economia Ecológica. Perceba-se, todavia, que tratar o ambiente por inteiro não significa simplesmente a soma de suas partes, ota funções, dado que estas têm entre si uma relação desconhecida e provavelmente não-linear.' E, ain-da, que o fato de se dividir as suas fianções para estudo não significa que na Economia dos Recursos Ñauarais, por exemplo, não se conside-rem os efeitos poluentes de toma atividade extrativa qualquer.

O desenvolvimento das duas primeiras economias tem-se dado de forma sistemática desde 1967, instigado por J o h n V. KrutiUa. Na-quele momento, Krutilla já encontrava razões para que os retornos

' Para saber o quão complexos podem ser os modelos que tratam dessa inter-relação ver, por exemplo, Batabyal, Kahn e O'neill (2003).

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privados e sociais do uso do ambiente divergissem significativamente, sugerindo que a análise econômica tradicional náo se adaptava com-p l e t a m e n t e a o caso. Este r e c o n h e c i m e n t o é identificado c o m o determinante e propulsor do desenvolvimento dos estudos referidos.

Entretanto, apenas a partir do princípio dos anos 1980, com o advento da World Ccoriseruation Stxategy (WCS), e da World Comission

on Enuironment and Deuelopment (WCED), já em 1987, devido aos

esforços mais contundentes no sentido de "desmistificar" a questão ambiental dentro do processo de desenvolvimento econômico, que o meio ambiente em economia tem tido uma grande evolução, com o surgimento e difusão da Economia Ecológica, e com a evolução da Economia do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Ou seja, é a divulgação e evolução do conceito de desenvolvimento sustentá-vel que tem trazido evolução e divulgação para o meio ambiente na economia.

Para a Economia dos Recursos Naturais deve-se destacar ainda outro marco, que é o do documento do Clube de Roma Limits to

Growth, de 1972. O principal ponto ressaltado por este documento

àquela época foi o da fínitude dos recursos naturais e, por isso, a existência de limites naturais para o crescimento econômico; ptinci-palmente quando se considera a expansão dos países mais pobres. Mas é possível que se diga que os próprios movimentos de desen-volvimento sustentável foram instigados pelo Clube de Roma, muito embora tenham mudado um pouco a visão. Segundo Shi (2004), o recurso natural deixa de ser visto como um limite para o crescimen-to econômico, para ser viscrescimen-to como elemencrescimen-to de eqüidade entre as gerações.

Enfim, foi desse movimento de desenvolvimento sustentável que surgiu a idéia de conciliação (pelo m e n o s t e o r i c a m e n t e ) e n t r e ambientalistas (ecologistas) e desenvolvimentistas (economistas) (LÉLÉ, 1991; GOMES, 1995 133CARRERA-FERNANDEZ e PEREIRACARRERA-FERNANDEZ e PEREIRAA MARSDEN, 1994). Sustentabifidade, como vista pela "Comissão Mundial",^ adiciona considerações ambientais ao desenvolvimento econômico, buscando fazer convergir esses interesses supostamente díspares. E, ao fazer isso, modifica o próprio entendimento padrão de desenvolvimento, i n c o r p o r a n d o a este e n t e n d i m e n t o c o n s i d e r a ç õ e s d e e q ü i d a d e intergeiacional.^

A proteção ambiental está colocada no Relatório Brundtland'^

^ Comissão da ONU para discussão de assuntos de sustentabilidade: WCED.

' Muito embora já se possa perceber desde 1977, com os trabalhos de Hartwick (Hartwick, 1977), a preocupação com a eqüidade intergeracional.

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como u m a medida necessária para garantir os interesses das gera-ções futuras, as quais herdarão o mundo natural como seu legado. Isto é, a proteção ambiental é importante para construir urna nova catego-ria de eqüidade, a qual é conhecida como eqüidade intergeracional: as necessidades das gerações atuais têm de ser satisfeitas sem com-prometer a habilidade das futuras gerações de satisfazerem stias pró-prias necessidades.

Desenvolvimento sustentável traz, então, um novo problema para a teoria econômica, a qual vinha discutindo a questão intergeracional a p e n a s em termos de eficiência.^ Segundo Howarth e Norgaard (1994), eqüidade e eficiência são duas coisas bastante diferentes, sendo que a primeira implica um conjunto muito mais restrito do que segunda, no sentido de que a conservação ambiental deve se dar de forma muito mais conservadora quando se leva em conside-ração não só a eficiência, mas também a eqüidade. Sendo assim, concluem os autores, limites de fora do mercado devem ser impos-tos para que a sustentabilidade possa se realizar, ou seja, através da m ã o d o Estado. O âmbito da atuação do Estado neste caso deve se dar sobre todas as funções do meio ambiente na vida d o homem, garantindo que ocorra o crescimento econômico, mas sob os limi-tes da conservação ambiental.

Em resumo, o desenvolvimento sustentável veio impor um pa-drão de uso do ambiente diferente daquele imposto pelo papa-drão de desenvolvimento econômico e, por isso, a teoria econômica preci-saria evoluir para conter esta questão. Outrossim, Rammel e van den Berg (2003) argumentam que as políticas sugeridas pela teoría econômica padrão não estimulam o desenvolvimento sustentável. Para isto, segundo os autores, é preciso que se use uma perspectiva evolucionária, "caracterizada pela diversidade, seleção, inovação, caminhos dependentes e racionafidade restringida".

Neste contexto, este artigo tem como objetivo levantar uma das principais questões surgidas no âmbito da Economia dos Recursos Naturais, que é a da medição da eqüidade em termos da disponibi-lidade dos rectrrsos, ressaltando conceitos e medidas de escassez. Não pretende exaurir a questão ambiental dentro da economia, posto que esta é muito ampla e inexaurível, mas apenas apresentar alguns problemas sobre os quais os pensadores se debruçam na atualidade. As seções seguintes foram pensadas buscando trma orientação didática para este estudo, divididas da seguinte forma. A seção 2es-clarece conceitos e terminologias, trazendo a identificação de típos e classes de recursos naturais. A seção 3 traz à discussão a teoria, os

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elementos e os instrumentos atualmente utilizados na economia, para tratar a escassez d o recurso, os quais são importantes em ambiente de desenvolvimento sustentável e equidade intergeracional. E, por fim, a seção 4 traz as considerações finais.

2 A taxonomía dos recursos

Tietenberg (1994) sugere a classificação dos recursos naturais de três formas diferentes. A primeira, q u e discrimina a disposição dos recursos em sua forma natural e acessibilidade; a segunda, que discrimina o fluxo de renovação deste recurso na natureza; e a tercei-ra, que divide os recursos entre recursos recicláveis e não-recicláveis. Quanto cj acessibilidade

São usados três conceitos para classificar os recursos quanto à sua acessibilidade: dotação de recursos, reservas potenciais e reser-vas correntes.

A Dotação de Recurso é a ocorrência natural do recurso na ter-ra.*' É u m conceito geológico, já que nem toda dotação de recurso existente na crosta terrestre pode ser considerada como disponível para a atividade econômica, dada a sua inacessibilidade em alguns casos. Sendo assim, é o limite superior da disponibilidade do recurso. As Reservas Potenciais, por sua vez, são melhor expressas por uma função, que tem como variável independente o preço: Rp^^ = f(p); onde Rp^j é a reserva potencial e f(p) uma função do preço do recurso.

Refere-se esta reserva àquela parte da dotação de recursos que, para sua exploração, depende do preço que o mercado esteja dis-posto a pagar. É uma relação positiva, significando que, quanto maior o p r e ç o , maior a reserva potencial. Preços maiores justificam os maiores gastos necessários para a exploração de determinadas re-servas, de difícil acesso e, portanto, demandantes de uma tecnologia mais sofisticada. Imagine-se, neste caso, u m poço de petróleo tão profundo q u e os gastos necessários para alcançá-lo não valem a pena, d a d o que os preços de mercado pagos por este não chegarão a cobrir os custos incorridos; isto é, pelo menos até que a necessida-de leve à utilização necessida-deste poço.

J á as Reservas Correntes, por sua vez, têm seu tamanho definido como u m ntimero; é uma quantidade que existe, independentemente

Isto enquanto a dotação do recurso em outros planetas ou sistemas não estiverem fazendo parte da definição.

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d e qualquer outra variável. As reservas correntes se referem aos recursos qtie já são conhecidos e que podem e estão sendo extraí-dos d e forma lucrativa, através das ações do mercado. A Figura 1 a seguir retrata um pouco a diferença destas três classes.

O correto entendimento e diferenciação destas três classes de reservas é extremamente importante quando se fala de exaustão de u m recurso, posto que exaurir a reserva potencial deste é muito di-ferente de exaurir a sua reserva corrente. A exaustão referida n o primeiro caso é um resultado definitivo, sem volta, irreversível, já que se considera que a diferença entre esta reserva e a dotação d o recurso é completamente inacessível. No segundo caso é apenas uma questão de tempo e de inovação tecnológica, dado que a dife-rença entre as duas reservas é preço, que, ao se elevar, pode tomar mais uma parte da reserva potencial como reserva corrente.

CZ__J> Dotação do Recurso Reserva Potencial I > Reserva Corrente

Figura 1: Representação das três classes de reservas de recurso natural. Fonte: Elaboração própria

Outra questão importante, pelo que acabou de ser exposto, é que consiste de um erro grave considerar a dotação de recurso como uma reserva potencial. Neste caso, destacam-se as visões muito od-mistas de perspectivas de inovação tecnológica, geralmente ligadas aos economistas.

Quanto a taxa de renovação

Quanto à taxa de renovação, os rectarsos podem ser esgotáveis, ou não-renováveis; e n ã o esgotáveis, ota renováveis. Um recurso esgotável é um recurso cuja reposição natural pode ser ignorada; a taxa de reposição deste recurso é tão baixa que ela não oferece um aumento de "reserva potencial", num horizonte de tempo significati-vo para a vida humana.

A dotação de recursos esgotáveis é de tamanho finito e o seu uso necessariamente leva à diminuição da reserva. Os minérios d e u m a forma geral são recursos esgotáveis.

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Os recursos renováveis, por sua vez, têm uma taxa de reposição natural que é significativa, de forma que sua dotação de recursos pode ser considerada infinita, desde que respeitada esta taxa de re-novação. Floresta, água, energia solar, a vida animal, entre outros, são considerados recursos renováveis.

Quanto a reciclagem

Os recursos naturais podem ser recicláveis ou não. Um recurso reciclável é aquele cuja massa pode ser recuperada, quando, na sua forma original, não despertar mais interesse em seu uso. Um re-curso não-reciclável é aquele cuja massa não pode ser recuperada.

Existem certamente recursos que jamais poderão ser reciclados, como a energia. Todavia, a variável preço é determinante neste pro-cesso, significando que, em sendo muitos recursos potencialmente recicláveis, estes só o serão se o custo de reciclagem for compensa-tório, ou seja, se existir mercado para ele. É tudo uma questão de tempo até q u e se jusdfique a reciclagem: ou t e m p o do preço do produto se elevar, devido à sua exaustão iminente; ou de haver um avanço tecnológico que diminua o custo referido.

Perceba-se que pode haver um intenso jogo entre reciclagem e recursos esgotáveis, de forma que a reserva potencial do recurso diminua numa velocidade cada vez menor n o tempo. Entretanto, necessariamente haverá uma diminuição desta reserva no tempo, já que a lei da entropia, física, garante que u m recurso não possa ser

100% reciclado.

O papel que a reciclagem desempenha na economia e na pre-seivação do recurso natural é importantíssimo, e d e p e n d e se este r e c u r s o é r e n o v á v e l ou n ã o . Em princípio, se u m r e c u r s o for renovável e se sua utilização se der em respeito à sua taxa de renova-ção, a reciclagem não será necessária. A taxa de utilização do recurso renovável, no entanto, também depende do avanço tecnológico, que pode se dar de forma mais lenta do que o avanço tecnológico na área da reciclagem do recurso. Existe entre estes dois pontos, certa-mente, uma situação de equilíbrio dinâmico, o qual se altera com o tempo, a escassez, os preços dos recursos e do recurso reciclado e com o avanço tecnológico nas duas áreas.

3 Conceitos e indicadores de escassez

O conceito de sustentabilidade é hoje dividido em duas classes: sustentabilidade foite e sustentabilidade fiaca.^ No primeiro caso

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se a visão mais conservadora n o que se refere à conservação do meio ambiente, sendo que cada recurso é tánico e deve ser visto c o m o insubstitttível; n o segundo caso, a sustentabilidade é vista d e forma mais ampla, no agregado ambiental, em q u e se considera importante o valor total do ambiente como tim todo, e n ã o cada recurso individtaalmente. Ota seja, se lam recurso tiver c h e g a d o à exaustão, mas tiver sido substituído por outro em suas funções eco-nômicas, então, ainda assim, existe sustentabilidade.^

De qualquer forma, seja qual for o conceito de sustentabilidade utilizado como padrão ideal de comportamento, forte ou fraco, a disponibilidade dos rectarsos precisa ser monitorada, para medir a sua tendência no tempo. Afinal, na vida real, existem evidências de q u e o desenvolvimento sustentável n ã o está s e n d o a l c a n ç a d o ' ' (ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, KOUIKOGLOW e PHILLIS, 2004). Outrossim, Fisher, Irienbusch e Sadrich (In Press) citam exemplos de trabalhos que destacam a sobreexploração de alguns recursos. Es-tas evidências têm-se t o r n a d o justificadas desde a descoberta de Gordon (1954 apud FISHER, IRLENBUSCH e SADRICH) que explica a tragédia dos comuns: qtaando o comportamento h u m a n o é leva-do à maximização de resultaleva-dos individtaais, e não pelo desejo de avanço social, é possível que todos, ao final, saiam perdendo.

O economista convencional entende que a escassez de um re-curso pode ser medida através da trajetória do preço relativo deste recurso. Quanto maior for a escassez do recurso, maior será seu preço. Entretanto, existem diversas razões por traz da escassez que tornam este indicador, no mínimo, duvidoso (CONSTANZA e FOLKE, 1997 e GOUDER e KENNEDY, 1997, ambos apud BATABYAL, KAHN e 0'NEIL, 2003). Hall e Hall (1984) enumeram seis destas razões: a) os preços observados são preços nacionais e, por isso, não refletem a oferta terrestre do recurso; b) os governos domésticos nacionais e internacionais distorcem os preços, através de políticas de incenti-vos ou de impostos; c) o mecanismo de mercado não é perfeito, de forma que o preço sofre influências do grau de monopólio; d) os recursos de propriedade comum ainda não foram completamente incorporados mama perspectiva de mercado, podendo~se encon-trar diversos insumos desta natureza (água, por exemplo) que não

" Utilizando-se do argumento da incerteza H O W A R T H (1996) demonstra a suficiência da condição

d e sustentabilidade forte n o trato d e questões de justiça intergeracional.

' "Degradação da camada de ozônio, aquecimento global, colapso da pesca, erosão dos solos e poluição do ar estão entre os sinais óbvios do desgaste ecológico" (BROWN et al, 2000 apud ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, KOUIKOGLOW e PHILLIS, 2004), além d e sinais d e pobreza e doenças endêmicas.

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entram nos custos das firmas; e) a reciclagem desempenha um pa-pel ainda mal definido na oferta total; f) existem diferentes tipos de escassez física.

Hall e Hall consideram que, de fato, todos estes pontos são im-portantes para enfraquecer o uso do preço como indicador. No en-tanto, alertam que é imprescindível que se reconheça, por exemplo, que se um governo impõe um imposto sobre a exploração de um recurso porque esta exploração está degradando a natureza, e afe-tando a qualidade do ambiente em desempenhar as suas duas ou-tras funções, então este imposto faz parte do preço real do recurso e seu aumento reflete sim a escassez. Acima de tudo, eles reconhe-cem que o estoque de serviços ambientais limita o próprio fluxo de recursos naturais.

É para lidar com esta interdependência que se tem classificado os recursos por tipo de escassez física, destacando-se aqueles para os quais existe escassez ricardiana e aqueles para os quais existe a escassez malthusiana (SRIPADMINI, 2000). Malthus postulou um li-mite absoluto para os recursos, enquanto que Ricardo engendrou apenas uma quafidade decrescente aos recursos disponíveis. Estas postulações têm repercussões distintas sobre recursos renováveis e não-renováveis.'°

Para recursos renováveis, a escassez malthusiana e a ricardiana estão baseadas no insumo terra; entretanto, o primeiro considerou o fato de ser este um insumo fixo e o segundo um insumo de quafi-dade continuamente decrescente. Sendo assim, tem-se, para Malthus, a lei dos retornos decrescentes e, para Ricardo, uma curva de custo marginal de longo prazo continuamente crescente.

Para os recursos não-renováveis, por sua vez, podem-se definir dois tipos de escassez para cada um desses economistas famosos (HALL e HALL, 1984). A escassez de estoque e a escassez de fltixo, de forma que se tem a escassez de estoque malthusiana e ricardiana (EEM e EER) e a escassez de fluxo malthusiana e ricardiana (EFM e EFR). Simüarmente ao caso do recurso renovável, aqui a escassez malthusiana se aplica a recursos que apresentam u m a qualidade uniforme, sem alteração; e a escassez ricardiana aos recursos com quafidade d e c r e s c e n t e . "

A aplicação dos conceitos de escassez malthusiana e ricardiana para recursos náo-renováveis é uma extrapolação conceituai de Hall e Hall (1984), já que Malthus e Ricardo referiram-se apenas ao fator terra.

" É da escassez Malthusiana, para o caso de recursos não-renováveis, que se originou o traba-lho de Hotelling sobre escassez, hoje o mais citado na literatura (HALL e HALL, 1984).

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No caso de Malthus, pode-se considerar que a escassez de fluxo capta todos os elementos da escassez, dado que revela a existência ou não de reservas ainda não exploradas, já qtte a exploração, em Malthus, começa preferivelmente pela extensão. Os retornos decres-centes só começam a se revelar depois que todas as reservas entra-rem em atividade. O preço para a escassez de fluxo malthusiana é igual ao custo médio acrescido valor presente do aumento no custo médio futuro e do custo de uso.

Para o caso de Ricardo, a situação é um pouco diferente, sendo a escassez de estoque a que revela todos os elementos da escassez. Em sendo um recurso de qualidade decrescente, novas reservas só passam a ser exploradas depois que as de melhor qualidades são exatiridas ou estão muito perto da exaustão. O preço para a escassez de estoque ricardiana é igual ao custo médio mais o valor presente do aumento no custo médio futuro.

Mas estes preços sofrem as distorções observadas acima, de for-ma que se deve procurar por medidas for-mais precisas: o lado direito da eqtiação.'^ Ou seja, não se deve trabalhar com os preços, mas com os custos que lhes deveriam representar: custo médio, custo médio futuro, custo de uso, a depender da escassez referida.

A teoria económica convencional da escassez conclui que o resultado da indicação dos preços é uma inovação tecnológica que permite que o recurso que está se tornando relativamente mais caro possa ser p o u p a d o (BARNETT e MORSE, 1963 apud BATABYAL, KAHN e 0'NEIL, 2003). A inovação tecnológica é então "induzida" pela dotação relativa, ou preços relativos, dos recursos."

Um estudo feito por Managi et al. (2004) confirma a hipótese de que a evolução tecnológica tem de fato mitigado os efeitos da de-gradação ambiental. Mais do que isso, na verdade, os resultados do estudo permitem que eles concluam que a inovação tecnológica tem, na verdade, compensado a degradação nos anos mais recen-tes (entre 1995 e 2000).'^

Esta inovação tecnológica é prevista atuar não somente sobre a substituição dos recursos, mas também sobre a diminuição da po-luição, por exemplo. Nestes dois aspectos existe uma grande

discus-•2 Além destes indicadores, existe uma forte vertente que caminha no sentido do

desenvolvi-mento d e indicadores físicos de escassez, ou sustentabilidade. Ver, por exemplo, Gerbens-Leenes at al (2003) e Bockstaller e Girardin (2003).

" A solução do problema é encontrada endógenamente e é explicada pelo modelo de inova-ção induzida de Hayami e Ruttan para o caso da agricultura. Ver Sadoulet e d e Janvry (1995). " Eles estudam o penodo de 1995 a 2000.

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são sobre que instrumentos de política utilizar para estimular, de for-ma for-mais eficiente, o avanço tecnológico. No que se refere à polui-ção, Pany (2003) endereça muito bem a questão, ele considera que, do ponto de vista da inovação tecnológica, é mais eficiente o controle da poluição do que estabelecer políticas de inovação tecnológica di-retamente. Entre as políticas de controle da poluição, o autor defen-de as permissões defen-de emissão negociáveis.

Mas o fato de os preços não darem o sinal mais apropriado da escassez dos recursos, como está sendo questionado neste momen-to, limita a ação da inovação tecnológica como parte resolvedora do problema. S e n d o assim, os tomadores de decisão precisariam intervir impondo restrições reais no processo econômico e influen-ciando na pesquisa e inovação tecnológica. A questão estrutural aqui modifica o comportamento induzido do processo e é explicado pelo modelo de inovação induzida estrutural.

A abordagem da escassez que apoiaria o argumento d o tomador de decisão deveria ser fundamentada em uma análise que se preo-cupasse com a dependência física do ambiente como um todo, con-siderando sua multifuncionalidade. O resultado de uma análise des-te tipo é que, em qualquer dado sisdes-tema, essas funções ambientais essenciais têm usos econômicos competitivos, o que toma os ativos ambientais relativamente escassos (BARBIER, 1989). Esse fato leva à necessidade de uma utilização irremediavelmente conscienciosa dos recursos, a qual esteja sempre buscando uma otimização do seu uso. Então, a única forma de garantir a não extinção dos recursos'^ é através de inovações tecnológicas que diminuam o uso dos recur-sos de uma forma geral, da energia, de geração de refugo, e que permitam melhorias técnicas no manejo ambiental (a exemplo de variedades de plantas melhoradas mais resistentes a secas e pragas). Estas inovações, segundo esta visão alternativa,'** só ocorrem com a decisão exógena de manter a base de recursos para as fiaturas gera-ções através de políticas macroeconômicas.''*

Mas todas estas questões apresentadas até aqui versam sobre os recursos do ecossistema para os quais existe u m mercado associa-do, muito embora muitas vezes estes sejam incompletos ou imper-feitos. Todavia, Batabyal, Kahn e 0'neil (2003) ch am am a atenção

'5 Para maiores detalhes ver Sadoulet e de Janvry (1995).

O que é importante no caso da sustentabilidade forte.

" Se é que essas variedades não causam danos para a saúde humana. Barbier (1989) desenvolve o modelo completo.

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para a necessidade de, também, monitorar a escassez do que ele chama de serviços do ecossistema, para os quais não existe u m mer-cado associado e, portanto, não existe preço. Para estes, tem-se uma questão maior ainda.

Neste aspecto específico, a economia tem-se desenvolvido muito na atualidade,^" buscando dar valor a estes serviços. O desenvolvi-m e n t o t e desenvolvi-m - s e d a d o a t r a v é s d o uso d e t é c n i c a s d e v a l o r a ç ã o ambiental, como a de valoração contingente, preços hedônicos ou custo d e viagem.2' Todavia, como salientam Batabyal, Kahn e O'neil, a estimação deste valor, por si só, não significa a estimação de um indicador de escassez, a não ser que, como eles sugerem, se estabe-leça tima associação entre a degradação e o bem-estar; fazendo-se assim, pode-se associar um valor de escassez com a degradação da qualidade ambiental. Aliás, nesse artigo, estes autores propóem uma estrutura teórica de controle estocástico para obter este valor nu-mérico para o caso específico de um lago hipotético.

Nesta área de valoração de ativos ambientais degradados, sem preço de mercado, destacam-se ainda trabalhos que desenvolvem o que se chama de contabilidade verde.^^ Cairns (2004), por exem-plo, calcula o valor da degradação ambiental da atividade extrativa de u m a mina de carvão. Carson at al. (2003) usam o m é t o d o de valoração contingente para estimar as perdas com o vazamento de óleo provocado pela Exxon Vadley.

Dasgputa (2004) realiza um exercício de valoração das perdas na satide q u e a comunidade pobre de Deli, na índia, tem com a poluição da água, usando o método de valoração contingente.^^ Os resultados a que chega o autor p o d e m ser comparados, segundo ele mesmo sugere, com os custos de se manter a água limpa, a partir do q u e se p o d e realizar uma análise de custo-benefício: é melhor realizar gastos com a compensação das doenças causadas ou reali-zar gastos com a limpeza das águas?

» Ver o próprio Batabyal, Kahn e O'neil (2003) e Mota (1998).

2' Isto para citar apenas os métodos de função demanda. Estas análises se utilizam,

principal-mente, de dados d e seção cruzada; contudo, recentemente Swait at al. (2004) provaram que análises com séries temporais que levam em consideração a história dão resultados muito mais ricos.

^ A contabilidade verde contabiliza também a depreciação do capital natural.

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4 Considerações finais

Este artigo buscou identificar os principais pontos que estão sen-d o sen-discutisen-dos sen-dentro sen-da sen-discipfina sen-de Economia sen-dos Recursos Natu-rais, identificada como aquela que trata das questões relativas à

fun-ção de ofertante de recursos q u e o meio ambiente d e s e m p e n h a .

Entende-se, neste estudo, que as funções ambientais sejam comple-tamente interdependentes, de forma que a Economia dos Recursos Naturais foi vista inserida através desta interdependência.

Entre os pontos de interesse na atualidade, tiveram destaque aqueles relevantes para garandr a eqüidade intergeracional; co m o o próprio conceito de sustentabilidade, a inovação tecnológica e os indicadores de escassez. Relativamente à eqüidade, relevou-se a sua diferença d o conceito de eficiência, fato que tem p r o v o c a d o u m grande desenvolvimento da teoria, adaptada até então para tratar apenas da eficiência. Apesar de já ser citada eventualmente anterior-mente na teoria, a eqüidade foi um conceito quer surgiu com o de-senvolvimento sustentável.

Tendo em vista a obtenção da eqüidade, diferenciam-se os con-ceitos de sustentabilidade forte e sustentabilidade fiaca, pelo fato de a primeira adotar uma visão mais conservadora com relação ao uso dos recursos naturais, ou seja, de sua total preservação para as ge-rações futuras. Todavia, identificou-se que, independentemente do conceito adotado, a mão do Estado deve ser forte no trato das ques-tões ambientais, mesmo dentro dos limites da Economia dos Recur-sos Naturais.

A inovação tecnológica é identificada como uma arma de com-pensação da degradação de parte dos recursos ambientais. Instru-mentos de estímulo a esta inovação foram discutidos, assim como a forma que a inovação deve tomar. Por fim, foram levantados aspec-tos dos indicadores de escassez, ou sustentabilidade dos recursos e serviços ambientais, relativizando-se a eficiência do indicador pre-ço como um indicador de escassez. Neste contexto foram colocadas as diferenças entre escassez ricardiana e malthusiana.

Este trabalho se limitou a levantar as questões, sem entrar no mérito da maior parte delas, para o que fez uso de citações relativa-mente recentes, buscando apenas situar o interessado nas áreas de estudo que podem ser desenvolvidas. Foi limite também o campo da Economia dos Recursos Naturais, sem adentrar na área da Eco-nomia do Meio Ambiente ou da EcoEco-nomia Ecológica.

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Referências

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