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Agenesia de incisivos laterais superiores - Tratamento multidisciplinar

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Academic year: 2021

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Agenesia de incisivos laterais superiores -

Tratamento multidisciplinar

Multidisciplinary treatment of upper lateral incisor tooth agenesis: a case report

Euro Luiz Elerati* Mauricéa de Paula Assis**

* Mestre em Reabilitação Oral - UVA/RJ; Especialista em Prótese - USP/Bauru. ** Graduanda em Odontologia - UFJF.

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo apresentar um caso clínico do tratamento de agenesia dos incisivos laterais superiores com enfoque multidisciplinar, incluindo o tratamento ortodôntico para abertura dos espaços, enxerto ósseo autógeno para correção do rebordo em espessura, fi xação de implantes osseointegrados e reabilitação protética com coroas em Procera.

Unitermos - Agenesia dental; Transplante ósseo; Implantes dentários.

ABSTRACT

This article aims to present a clinical case of treatment of congenital absence of upper lateral incisors within a multidisciplinary approach, including orthodontic treatment for space provision, autogenous bone graft for ridge augmentation, osseointegrated implants and prosthetic rehabilitation with Procera system.

(2)

Introdução

O contexto da saúde pública atual e dos métodos preventivos causou redução no número de perdas dentais precoces por motivos clínicos, porém a descontinuidade dos arcos dentais ainda é situação corriqueira no consultório odontológico. A agenesia dental é um dos fatores que con-tribui para esta condição.

Pacientes que apresentam agenesias necessitam de um tratamento bem planejado, devido aos diversos caminhos que podemos seguir com o caso1. Os planos de tratamento

convencionais para os pacientes com ausência de incisivos laterais superiores incluem o fechamento ou a reabertura dos espaços por meio de ortodontia. Muitos clínicos têm preferido criar ou manter os espaços para os incisivos laterais ausentes para posterior colocação de implantes ou próteses2.

A Implantodontia revolucionou as opções terapêuticas em Odontologia. Áreas parcial ou totalmente desdentadas podem ser reabilitadas plenamente, recuperando-se a anato-mia, a função e a estética perdidas. Contudo, a reconstrução óssea mostra-se necessária para permitir a ulterior colocação de implantes em posição proteticamente ótima em muitos casos3. Atualmente, a utilização de enxerto ósseo autógeno

é o padrão ouro para reconstruções funcionais e estéticas das atrofi as do rebordo alveolar em implantodontia4,

repre-sentando, do ponto de vista biológico, o biomaterial ideal para enxertia5.

Dentre os materiais restauradores estéticos, a cerâmica pode ser considerada, atualmente, a melhor escolha para reproduzir os dentes naturais. A coroa Procera AllCeram (Nobel Biocare) representa uma combinação da tecnologia informática e odontologia com prognóstico positivo6.

O planejamento e a reabilitação funcional e estética de pacientes com agenesia dental dependem da integração entre várias especialidades odontológicas.

Relato de Caso Clínico

Um paciente com agenesia bilateral de incisivo lateral superior (Figuras 1 e 2) foi encaminhado para tratamento ortodôntico e a opção de correção foi abertura dos espaços na região dos incisivos ausentes, distalizando os caninos para posterior instalação de implantes osseointegrados. Durante o período do tratamento foram utilizadas coroas provisórias com braquetes presos apenas pelo fi o ortodôntico (Figura 3).

Após o término da correção ortodôntica, verifi cou-se uma depressão óssea em espessura por vestibular, tornando contraindicada a instalação de implantes sem enxerto ósseo prévio (Figura 4). O paciente manteve a ortodontia para preservar o espaço adquirido.

Figura 3

Coroas provisórias presas aos braquetes.

Figura 4

Depressão óssea em espessura.

Figura 1

Caso inicial.

Figura 2

Radiografi a periapical inicial.

(3)

Foram realizados exames punho-carpais para determi-nação da idade óssea do paciente e verifi car a viabilidade das cirurgias de enxerto ósseo e implantes osseointegrados, que ainda não estava completa.

Após um ano e meio, concluído o crescimento ósseo, efetuou-se a cirurgia para enxerto. A opção escolhida foi o osso autógeno, colhido da linha oblíqua esquerda em dois blocos retangulares e fi xados no sentido do longo eixo dos dentes por um parafuso da Neodent cada (Figuras 5 e 6).

Ao fi m do período de sete meses, preconizado para a integração dos blocos ao leito receptor, realizou-se a cirurgia para fi xação de implantes osseointegrados, momento em que pôde ser verifi cada esta integração (Figura 7). Foram fi xados dois implantes idênticos na região dos incisivos laterais su-periores com 3,3 mm de diâmetro e 15 mm de comprimento, cilíndricos, hexágonos externos e superfície com duplo tratamento porous, fabricados pela Conexão Sistemas de Prótese (Figuras 8 e 9). Na mesma sessão do procedimento cirúrgico, foram confeccionados provisórios imediatos ci-mentados sobre pilares Uclas preparados (Figuras 10 e 11).

A incisão foi palatinizada, o que causou excesso de gengiva ceratinizada por vestibular e possibilitou a escultura das papilas, seguida de sutura simples (Figura 11).

Decorridos 15 meses, necessários para correção de por-menores ortodônticos, fundamentados no posicionamento das coroas provisórias estabelecidas acima dos implantes – o que contribuiu para a fi nalização das movimentações – procedeu-se a moldagem utilizando moldeira individual em acrílico. O aspecto gengival ao redor dos implantes era saudável (Figura 12). Os pilares utilizados foram do tipo Ucla metálicos, selecionados pelo baixo custo, estes preparados, receberam cinta de cerâmica com a fi nalidade de mascarar a cor acinzentada do pilar e evitar problemas estéticos, como a translucidez da cinta metálica na margem gengival (Figura 13). O material escolhido para confecção das coroas foi o sistema Procera AllCeram (Figura 14). As coroas foram adaptadas sobre a cinta de cerâmica e cimentadas sobre estes pilares com cimento resinoso Fuji Plus (Figuras 15 e 16). O controle clínico e radiográfi co é realizado anualmente (Figuras 17 e 18).

Figura 5

Leito ósseo receptor.

Figura 6

Enxerto ósseo autógeno em bloco fi xado.

Figura 7

Novo aspecto da espessura óssea.

Figura 8

(4)

Figura 9

Posicionamento vestíbulo-lingual dos implantes.

Figura 10

Pilares tipo Ucla preparados para provisórios.

Figura 11

Coroas provisórias com estética imediata.

Figura 12

Controle pós-cirúrgico - seis meses.

Figura 13

Pilares metálicos tipo Ucla defi nitivos com cinta em cerâmica.

Figura 14

(5)

Discussão

O tratamento da ausência de um ou mais dentes na região maxilar anterior é um grande desafi o. A agenesia, ausência congênita de pelo menos um dente, é a anomalia dental mais frequentemente encontrada em humanos7. As

possíveis soluções para estes casos incluem fechamento orto-dôntico do espaço ou abertura para colocação de prótese fi xa ou implantes unitários8. Para cada uma das opções existem

vantagens e desvantagens e a terapia deve ser escolhida de acordo com a indicação técnica do caso. O fechamento do espaço deve ser descartado quando possa provocar desar-monia estética devido à diferença de tamanho, forma e cor

Figura 15 Caso fi nalizado. Figura 16 Controle radiográfi co - um ano. Figura 18 Caso fi nalizado. Figura 17 Controle radiográfi co - um ano.

existentes entre caninos e incisivos laterais. A recuperação do espaço para posterior colocação de implantes e/ou pró-teses facilita a adequação funcional e estética. Deve-se sa-lientar que, quando o caso apresentar uma oclusão normal e existir apenas as ausências dos incisivos laterais superiores, o fechamento dos espaços é contraindicado9.

A instalação de implantes osseointegrados é reconhe-cidamente um método seguro e previsível para reabilitar pacientes edêntulos. O tratamento de áreas estéticas tor-nou-se um dos desafi os em implantodontia. A presença de defeitos ósseos no processo alveolar difi culta a colocação do implante na posição protética ideal, e consequente obtenção de resultados estéticos satisfatórios, exigindo

(6)

que um cirurgião utilize técnicas reconstrutivas a fi m de recuperar o contorno do rebordo alveolar10. Os biomateriais

de enxertia alógenos, xenógenos e aloplásticos vêm sendo utilizados com frequência, no entanto, estes materiais não apresentam as propriedades osteogênicas dos enxertos au-tógenos, representando este último o biomaterial ideal para enxertia do ponto de vista biológico5. O sucesso no emprego

da enxertia óssea repousa na observância de fatores como o planejamento cirúrgico, o preparo do leito receptor, a fi xação e o recobrimento do enxerto. A proservação do paciente e a instalação dos implantes, decorrido o período de reparação, são também decisivos no resultado3.

Os implantes osseointegrados representam hoje uma das melhores opções de tratamento para perda unitária anterior, permitindo uma solução estética e funcional sem a necessi-dade de utilização dos dentes vizinhos como suporte11. Para

que o resultado esperado seja obtido, alguns aspectos devem ser respeitados, como o devido planejamento, o cuidado com o leito receptor e a correta seleção de fi xação que será co-locada12. As características do implante são de fundamental

importância para o sucesso do tratamento. A utilização de coroas provisórias imediatas também é uma excelente opção para o paciente, pois mantém o osso remanescente, reduz o tempo e o custo do tratamento, evita a migração dos dentes

adjacentes, melhora a estética e a aceitação por parte do paciente. Tomando-se os devidos cuidados, como indicação correta, planejamento e técnica cirúrgica apurada, os implan-tes podem ser feitos com carga imediata sem provocar danos aos tecidos moles, nem perda óssea13.

Procedimentos para melhorias das condições gengivais podem ser necessários para aumentar a gengiva inserida ceratinizada, que valoriza a integração estética, condiciona o perfi l de emergência, funciona como barreira contra infl a-mação e mascara a peça de conexão na transição implante-prótese14. No presente caso, o artifício utilizado foi incisão

inicial localizada na região palatina, reposicionando este tecido na região vestibular, aumentando sua espessura.

Com o sucesso dos implantes ,houve uma preocupação muito grande em se solucionar esteticamente o tratamento restaurador. Os pilares metálicos ganharam popularidade após a introdução do pilar Ucla, que permite a individuali-zação através de fundição, suportando prótese cimentada ou parafusada. Em alguns casos, a correta seleção de um pilar de titânio e sua individualização permite a obtenção de uma restauração com perfi l de emergência e estética aceitável. Porém, em casos com margem de gengiva livre muito fi na, corre-se o risco da região cervical fi car com um halo escuro, visível devido à cor metálica do pilar, impedindo a difusão e refl exão da luz15.

Dentre os materiais restauradores estéticos, a cerâmica pode ser considerada atualmente a melhor escolha para re-produzir os dentes naturais. As próteses livres de metal são viáveis e uma realidade para a confecção de próteses uni-tárias. Um dos sistemas mais recentes de cerâmica pura, de nome comercial Procera, é composto por alumina altamente pura e é satisfatoriamente resistente ao ponto de substituir

copings de metal para coroas. Este sistema, composto por

99,5% de partículas de óxido de alumínio puro, densamente sintetizado, é indicado para confecção de coroas anteriores e posteriores. A condensação das moléculas de óxido de alumínio contida nos copings resulta em uma superfície livre de poros de extrema resistência. A resistência fl exural conseguida nestes sistemas fi ca em torno de 700 MPa16.

Força e precisão de ajuste, cor, estabilidade, facilidade de cimentação e resistência ao desgaste estão entre caracterís-ticas que levam os clínicos a escolher este sistema de coroa quando precisam de restaurações cerâmicas. Além disto, o material não apresenta porosidade e transmite luz sem ser transparente17. A cimentação adesiva resinosa pode ser

em-pregada com êxito dentro dos procedimentos restauradores indiretos, evidenciando vantagens superiores aos cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro, principalmente tratando-se de restaurações indiretas livres de metal18.

As próteses unitárias sobreimplantes podem ser ci-mentadas ou parafusadas. Quando se deseja priorizar, es-pecialmente na região anterior, a estética, as restaurações cimentadas são as mais indicadas12.

Os implantes

osseointegrados representam

hoje uma das melhores

opções de tratamento para

perda unitária anterior,

permitindo uma solução

estética e funcional sem a

necessidade de utilização

dos dentes vizinhos como

suporte

11

. Para que o

resultado esperado seja

obtido, alguns aspectos

devem ser respeitados, como

o devido planejamento, o

cuidado com o leito receptor

e a correta seleção de fi xação

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Conclusão

Os implantes osseointegrados constituem uma alterna-tiva segura no tratamento de agenesias dentárias parciais. Contudo, é necessário adequar este tratamento ao caso clí-nico em questão para a obtenção da estética ideal, incorpo-rando terapêuticas de várias especialidades odontológicas, otimizando o resultado fi nal.

Recebido em: out/2009

Aprovado em: nov/2009

Endereço de correspondência: Euro Luiz Elerati

Av. Barão do Rio Branco, 2.588/1.405 - Centro 36016-311 - Juiz de Fora - MG

Tel.: (32) 3215-3763 euro@euroelerati.com.br euroelerati@hotmail.com

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