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A Adoção de Providência Cautelar. Contra a Comunidade Intermunicipal de [ ] ( CIM ), pessoa coletiva n.º [ ], com sede

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1 [Minuta]

Tribunal Administrativo e Fiscal de […]

Exmo. Senhor Juiz de Direito

Associação Nacional de Transportes de Passageiros (“ANTROP”), pessoa coletiva n.º […], com sede em […], vem, nos termos legais designadamente dos previstos nos artigos 112º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos (“CPTA”), requerer

A Adoção de Providência Cautelar

Contra a Comunidade Intermunicipal de […] (“CIM”), pessoa coletiva n.º […], com sede em […],

O que faz nos termos e pelos fundamentos seguintes:

I. Dos Factos

º

A ANTROP é uma associação patronal que, entre outros fins e competências, visa a prossecução e a defesa dos interesses comuns dos associados, com vista ao seu desenvolvimento técnico e económico e a promoção da justiça e equilíbrios sociais (cf. Doc. 1 que se junta).

º

A CIM é a autoridade de transportes na área territorial que abrange os municípios de [indicar os Municípios que integram a CIM] (cf. Doc. 2 que se junta).

(2)

2 º

Os poderes da CIM para atuar como autoridade de transportes foram-lhe delegados pelos municípios que a integram nos termos dos contratos interadministrativos celebrados entre a CIM e cada um dos municípios (cf. Doc. 3 que se junta).

º

As sociedades […] e […] são associadas da ANTROP (cf. Doc. 4 que se junta).

º

A sociedade […] é associada da ANTROP desde […], com o n.º […].

º

A sociedade […] é associada da ANTROP desde […], com o n.º […].

º

As sociedades acima indicadas são operadores de serviço público e realizam a atividade de serviço público de transporte de passageiros no território da CIM.

º

A sociedade […] é operador de serviço público no território da CIM desde […].

(3)

3

Da atividade de transporte coletivo de passageiros realizada pela sociedade […], […]% corresponde a serviço público e […] a serviço comercial (que integram serviços de outra natureza, como serviços ocasionais, especiais, turísticos, etc.).

º

A sociedade […] é operador de serviço público no território da CIM desde […].

º

O serviço público de transporte de passageiros, desde 1948 e até 2015, foi prestado pelas referidas sociedades ao abrigo do Regulamento de Transportes em Automóveis, aprovado pelo Decreto n.º 37272, de 31 de dezembro de 1948 (“RTA”).

º

Até 2015 tais sociedades realizavam a atividade de serviço público de transporte de passageiros a coberto de concessões administrativas atribuídas pelo Governo, inicialmente pelo prazo de dez anos e que se renovavam de cinco em cinco anos, nos termos previstos no artigo 96º do RTA.

º

A Lei n.º 52/2015, de 9 de junho, entretanto alterada pela Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março e pelo Decreto-Lei n.º 169-A/2019, de 29 de novembro (“Lei 52/2015”), veio aprovar o Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros (“RJSPTP”) e revogou o RTA.

(4)

4

A Lei n.º 52/2015, ao revogar o RTA, veio prever, no n.º 1 do seu artigo 10º, que “A autoridade de transportes competente pode, por razões de interesse público relevante devidamente fundamentado, autorizar a manutenção dos títulos de concessão para a exploração do serviço público de transporte de passageiros por modo rodoviário atribuídos ao abrigo do RTA, em regime de exploração provisória, após as datas resultantes da aplicação do artigo anterior, não podendo o respetivo prazo de vigência terminar, em caso algum, após 3 de dezembro de 2019” (prazo que, por força da atual redação do n.º 3 do artigo 10º da Lei 52/2015 introduzida pelo Decreto-Lei n.º 169-A/2019, de 29 de novembro, pode ser prorrogado até ao prazo de dois anos).

º

Em conformidade com as normas legais acima indicadas, a CIM emitiu a favor das referidas sociedades autorizações para a manutenção do regime de exploração a título provisório (“Autorizações Provisórias”).

º

Relativamente à sociedade […], a CIM emitiu autorizações provisórias para as seguintes carreiras de serviço público (cfr. Doc. 5 que se junta]:

- Carreira […] - Carreira […]

º

Relativamente à sociedade […], a CIM emitiu autorizações provisórias para as seguintes carreiras de serviço público (cfr. Doc. 6 que se junta]:

- Carreira […] - Carreira […]

(5)

5 º

As referidas Autorizações Provisórias foram prorrogadas pela CIM até ao prazo de dois anos (cf. Doc. 7 que se junta).

º

Desde 2015 até à presente data que as sociedades acima indicadas (à semelhança do que acontece com todos os operadores de serviço público de transporte de passageiros em Portugal) vêm realizando o serviço público de transporte de passageiros a coberto das Autorizações Provisórias.

º

Situação que apenas poderá mudar quando a CIM vier a promover e a concluir o processo de contratualização do serviço público de transportes nos termos previstos no RJSPTP, que prevê o lançamento de procedimento concursal para a celebração do futuro contrato de serviço público de transporte de passageiros.

º

De 2016 para 2017, o tarifário praticado pelas sociedades […] e […] foi atualizado em […]% (cfr. Doc. 8 que se junta).

º

De 2017 para 2018, o tarifário praticado pelas sociedades […] e […] foi atualizado em […]% (cfr. Doc. 9 que se junta).

(6)

6

No ano de 2018, e ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 38º e do n.º 1 do artigo 40º do RJSPTP foi publicada a Portaria n.º 298/2018, de 19 de novembro (“Portaria 298/2018”), que veio estabelecer “as regras gerais relativas à criação e disponibilização de títulos de transporte aplicáveis aos serviços de transporte público coletivo de passageiros, no âmbito da Lei n.º 52/2015, de 9 de junho, que aprova o Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros (RJSPTP), bem como à fixação das respetivas tarifas”.

º

O n.º 1 do artigo 38º do RJSPTP prevê que “As regras gerais relativas à criação e disponibilidade de títulos de transporte e aos sistemas de transportes inteligentes são definidas por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e dos transportes”.

º

O n.º 1 do artigo 40º do RJSPTP estatui que “Sem prejuízo das regras tarifárias previstas contratualmente, podem ser estabelecidas pela autoridade de transportes regras gerais relativas à fixação de valores máximos de preços e atualização das tarifas, em qualquer dos casos sendo assegurada a conformidade com a portaria referida no n.º 1 do artigo 38º”.

º

A Portaria 298/2018 veio prever dois tipos de atualização tarifária: (i) a atualização tarifária regular e (ii) outras atualizações tarifárias (também designadas por “atualizações extraordinárias”).

(7)

7

A atualização tarifária regular é disciplinada pelo artigo 6º da Portaria 298/2018, o qual prevê, no seu n.º 1, que a “atualização regular de tarifas dos títulos de transporte é efetuada anualmente, no início de cada ano civil, tendo em conta a Taxa de Atualização Tarifária (TAT), sem prejuízo de outras atualizações tarifárias previstas nos termos do artigo 8º” (negrito nosso).

º

O n.º 2 da mesma norma dispõe que “A TAT a estabelecer por cada Autoridade de Transporte para vigorar no ano n, terá como valor máximo a taxa de variação média do Índice de Preços no Consumidor (IPC), exceto habitação, nos 12 meses que decorrem entre outubro do ano n-2 e setembro do ano n-1, ou 0, quando aquela taxa de variação média do IPC, exceto habitação, for negativa”.

º

Por sua vez, as “outras atualizações tarifárias” são reguladas pelo Artigo 8º da Portaria 298/2018, o qual estatui o seguinte:

“1 – Podem ser determinadas atualizações tarifárias extraordinárias, pelas autoridades de transportes competentes, nas seguintes situações:

a) Causas imprevisíveis, variações anormais das componentes integrantes dos custos de exploração e/ou ponderação de componentes dos custos de exploração e/ou ponderação de componentes dos custos do transporte público, e imperativos de sustentabilidade económica e financeira;

b) Necessidades de reestruturação, simplificação, transparência, harmonização e convergências tarifárias, sem prejuízo de fixação de tarifas transitórias de adaptação.

2 – Os contratos de prestação de serviço público de transporte de passageiros, celebrados antes da entrada em vigor da presente portaria, podem estabelecer regras especificas de fixação e atualização de tarifas.

(8)

8

3 – Aos contratos de prestação de serviço público de transporte de passageiros celebrados a partir da data da entrada em vigor da presente portaria, são aplicáveis as regras de fixação e atualização de tarifas previstas no artigo 6º, sem prejuízo da possibilidade de atualizações tarifárias extraordinárias, a realizar nos termos dos n.ºs 1 e 4 do presente artigo.

4 – Se em resultado de uma atualização tarifária, nos termos do presente artigo, for ultrapassada a TAT e tal implicar um acréscimo de compensações tarifárias por disponibilização de tarifários sociais ou bonificados suportadas pelo Orçamento do Estado, a referida atualização fica sujeita a autorização prévia por parte dos membros do governo responsáveis pelas áreas das finanças e da mobilidade” (negrito nosso).

º

De 2018 para 2019, o tarifário praticado pelas sociedades […] e […] foi atualizado em 1.14%, de acordo com a Taxa de Atualização Tarifária para 2019 fixada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (“AMT”) (cfr. Doc. 10 que se junta)

º

Na comunicação do valor da TAT para 2019, a AMT refere o seguinte: “Taxa de Atualização Tarifária 2019

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, nos termos do n.º 2 do artigo 6º, do n.º 2 do artigo 7º e do artigo 14º, todos da Portaria n.º 298/2018, de 19 de novembro, divulga a taxa de atualização tarifária, no âmbito da atualização tarifária regular para o transporte público coletivo de passageiros, a vigorar a partir de 1 de janeiro de 2019, e que tem como valor máximo a taxa de variação média do Índice de Preços no Consumidor, exceto habitação, nos 12 meses que decorrem entre outubro de 2017 e setembro de 2018, nos termos dos dados publicitados pelo Instituto Nacional de Estatística, é de 1,14%.

(9)

9 º

A AMT não se pronunciou sobre a necessidade de uma atualização tarifária extraordinária para 2019 porque, de 2018 para 2019, não se tinha registado nenhuma das situações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 que justificam a atualização tarifária extraordinária.

º

No ano de 2019, o tarifário praticado pelos operadores de serviço público em Portugal sofreu uma mudança substancial em virtude da entrada em vigor do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (“PART”).

º

O PART é regulado pelo Despacho n.º 1234-A/2019, de 4 de fevereiro (“Despacho”) cujo n.º 1 prevê que “O Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) é um programa de financiamento das autoridades de transportes para o desenvolvimento de ações que promovam a redução tarifária nos sistemas de transporte público coletivo, bem como o aumento da oferta de serviço e a expansão da rede”.

º

Em resultado da aplicação do PART, as receitas auferidas pela sociedade […] sofreram, desde o dia […], uma redução de […]%.

º

Em resultado da aplicação do PART, as receitas praticadas pela sociedade […] sofreram, desde o dia […], uma redução de […]%.

(10)

10 º

No dia 16 de maio de 2019, a AMT publicou o Regulamento n.º 430/2019 (“Regulamento 430/2019”) que, entre outras matérias e como resulta da alínea a) do respetivo artigo 1º, teve por objeto o estabelecimento de “regras e princípios gerais relativos à determinação das tarifas e à relação destas com outros elementos que integram o sistema tarifário, no serviço público de transporte de passageiros, regular e flexível, por modo rodoviário, fluvial, ferroviário e outros sistemas guiados” (Doc. 11 que se junta).

º

O Regulamento 430/2019 veio também dispor quer sobre a atualização tarifária regular (nos seus artigos 8º e 9º), quer sobre a atualização tarifária extraordinária (no seu artigo 10º).

º

O n.º 1 do artigo 8º do Regulamento 430/2019 veio prever que “A atualização das tarifas é efetuada anualmente, no início de cada ano civil, de acordo com a Taxa de Atualização Tarifária (TAT) fixada pelas autoridades de transporte, tendo em conta o limite máximo previsto na Portaria n.º 298/2018, de 19 de novembro”.

º

Relativamente à atualização tarifária extraordinária, o artigo 10º do Regulamento 430/2019 veio prever o seguinte:

“1 – Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 8º da Portaria n.º 298/2018, de 19 de novembro, as autoridades de transporte podem, a todo o tempo, determinar atualizações tarifárias extraordinárias, com fundamento nas seguintes situações e na medida do necessário:

(11)

11

a) Causas imprevisíveis, variações anormais das componentes integrantes dos custos de exploração e/ou ponderação de componentes dos custos do transporte público, designadamente por variações na oferta e na procura, e imperativos de sustentabilidade económica e financeira;

b) Necessidade de restruturação, simplificação, transparência, harmonização e convergências tarifárias, sem prejuízo da fixação de tarifas transitórias de adaptação quando adequado.

2 – Para o efeito do número anterior, podem ser considerados, designadamente, os seguintes fatores, cuja relevância deve ser apurada em cada caso concreto:

a) Índice salarial (IS): variação de custos salariais médios por trabalhador associado ao serviço público de transporte de passageiros em causa no ano anterior;

b) Índice energético (IE): variação dos custos energéticos médios incorridos com o serviço público de transporte de passageiros em causa no ano anterior;

c) Índice de Produtividade (IP): evolução do diferencial entre proveitos e custos com o serviço público de transporte de passageiros em causa no ano anterior;

d) Falta de capacidade da rede (FCR), que relaciona oferta e procura de todo o serviço público de transporte de passageiros em causa.

3 – Sem prejuízo da consideração devida da natureza imprevisível e anormal das circunstâncias que justificam a atualização tarifária extraordinária, as autoridades de transporte devem ponderar o cumprimento dos princípios constantes do artigo 4º no âmbito da decisão de atualização tarifária extraordinária ao abrigo do presente artigo. 4 – Previamente à decisão definitiva, as autoridades de transporte dão conhecimento do projeto de atualização tarifária extraordinária à AMT, para os devidos efeitos de exercício das competências de supervisão e regulação.

5 – À divulgação ao público e à aplicação das tarifas previstas nos termos do presente artigo, aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto no artigo anterior” (negrito nosso).

(12)

12

No que respeita à atualização tarifária para o ano de 2020, a AMT, por comunicação de 25 de outubro de 2019, veio pronunciar-se quer sobre a taxa de atualização regular, quer sobre a taxa de atualização extraordinária (cf. Doc. 12 que se junta).

º

Relativamente à atualização tarifária regular, a AMT veio dizer o seguinte:

“A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), nos termos do n.º 2 do artigo 6º, do n.º 1 do artigo 7º e do artigo 14º, todos da Portaria n.º 298/2018, de 19 de novembro (Portaria), e dos artigos 8º e 9º do Regulamento n.º 430/2019, publicado no Diário da República, 2ª série, n.º 94, 16 de maio 2019 (Regulamento), divulga a taxa de atualização tarifária (TAT), no âmbito da atualização tarifária regular para o transporte público coletivo de passageiros, a vigorar a partir de 1 de janeiro de 2020, e que tem como valor a taxa de variação média do Índice de Preços no Consumidor, exceto habitação, nos 12 meses que decorrem entre outubro de 2018 e setembro de 2019, nos termos dos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, é de 0,38%1.”

º

A fixação da taxa de atualização regular de 0,38% foi acompanhada da seguinte pronuncia da AMT “1 Sem prejuízo da ponderação da variação de componentes integrantes dos custos de exploração do serviço público de transporte de passageiros, em concreto a variação do custo do gasóleo e da mão-de-obra nos últimos 12 meses, nos termos referidos no ponto 4.” (negrito nosso).

º

No que se refere à atualização tarifária extraordinária para 2020, a AMT transmitiu o seguinte:

(13)

13

“4. Podem as autoridades de transportes, na fixação da TAT dos transportes de passageiros sob sua jurisdição, atendendo aos circunstancialismos previstos no artigo 8º da Portaria e no artigo 10º do Regulamento (incluindo os artigos 5º e 6º), fixar taxas diferenciadas, tendo em conta as componentes integrantes dos custos de exploração e/ou ponderação de componentes dos custos do transporte público, como sejam a variação de custos salariais médios, a variação de custos energéticos médios, a evolução do diferencial entre proveitos e custos com o serviço público de transporte de passageiros2”

º

O disposto no referido parágrafo 4 da comunicação da AMT foi acompanhado de uma nota “2” com a seguinte redação: “Poderá ter-se por referência o Índice de remuneração dos serviços – bruto (base 10) por atividade económica (CAE Ver.3; Secção H – Divisão 49 – transportes terrestres; transportes por oleodutos ou gasodutos; Mensal, INE, bem como o Índice de preços no consumidor (IPC, Base 2012) por localização geográfica (NUTS II – 2013) e Agregados Especiais; Mensal, INE, Índice de Preços no Consumidor, e ainda o Preço de venda ao público de Gasóleo, DGEG publicado em http://www.precoscombustiveis.dgeg.pt/”.

º

Para o ano de 2020, a AMT veio indicar expressamente a necessidade de as autoridades de transporte, como é o caso da CIM, fixarem uma atualização tarifária extraordinária, para além da atualização tarifária regular de 0,38%, porque no ano de 2019 ocorreu uma variação anormal de duas componentes integrantes dos custos de exploração do serviço público de transporte de passageiros, a saber: (i) do gasóleo e (ii) dos salários dos motoristas.

(14)

14

No que respeita ao preço do gasóleo, o mesmo teve um aumento de 3,7% por litro, tendo o preço médio passado de 1,361€/litro no período de outubro de 2017 a setembro de 2018 para € 1,411€ litro no período de outubro de 2018 a setembro de 2019, conforme informação da Direção-Geral de Energia e Geologia sobre o preço dos combustíveis (cf. Doc. 13 que se junta).

º

No que se refere ao custo da mão-de-obra (salários dos motoristas) o mesmo teve um aumento em 2018 de 1,55%, valor que se agravou substancialmente em 2019 para 6,87% e que irá subir ainda em 2020 mais 4,97%, como resulta dos valores constantes do instrumento de regulamentação coletiva do trabalho aplicado ao setor dos transportes em vigor no ano de 2019, publicado no Boletim do Trabalho e do Emprego n.º 35, de 22 de setembro de 2019 (cf. Doc. 14 que se junta)

º

Estas variações no preço do gasóleo e da mão-de-obra podem igualmente verificadas através dos índices de referência que constam da nota “2” do parágrafo 4. da comunicação do IMT de 25 de outubro de 2019.

º

O Índice de remuneração dos serviços – bruto (base 10) por atividade económica (CAE Ver.3; Secção H – Divisão 49 – transportes terrestres; transportes por oleodutos ou gasodutos; Mensal, INE, no período de outubro de 2017 a setembro de 2018 foi de […] % e no período de outubro de 2018 a setembro de 2019 foi de […]%.

º

(15)

15 º

O Preço de venda ao público de Gasóleo, DGEG publicado em http://www.precoscombustiveis.dgeg.pt/” no período de outubro de 2017 a setembro de 2018 foi de […] % e no período de outubro de 2018 a setembro de 2019 foi de […]%.

º

O que consubstancia um aumento no ano de 2019 de […]%.

º

Tendo em conta os referidos aumentos – anormais - do custo do gasóleo e do custo de mão-de-obra (salários dos motoristas), a ANTROP, logo no dia 29 de outubro de 2019, enviou uma carta à CIM informando da variação anormal dos componentes integrantes dos custos de exploração do serviço público de transporte de passageiros relativos ao gasóleo e aos motoristas e requereu à CIM a fixação de uma taxa diferenciada não inferior a 3,86% para o ano de 2020 (cfr. Doc. 15 que se junta).

º

Não tendo a CIM apresentado qualquer resposta, a ANTROP, no dia 26 de novembro de 2019, reiterou o mesmo pedido, tendo informado a CIM que “A não aprovação da taxa diferenciada afeta gravemente as condições financeiras inerentes à operação do serviço público de transporte de passageiros e conduz a que não possam estar asseguradas as condições mínimas de sustentabilidade essenciais para a prestação diária daquele serviço público às populações por parte dos Associados da ANTROP” (cfr. Doc. 16 que se junta).

(16)

16 º

Até à presente data a CIM não fixou qualquer taxa diferenciada ou aumento tarifário extraordinário para 2020 decorrente da variação do custo do gasóleo e da mão-de-obra (salários dos motoristas) ocorrida em 2019

º

Tendo-se limitado a comunicar às sociedades […] e […] o aumento tarifário regular de 0,38% nos termos da TAT definida pela AMT (cf. Doc. 17

que se junta).

º

O gasóleo representa […]% da estrutura de custos de uma empresa de transporte público de passageiros como sucede com as sociedades […] e […].

º

O custo da mão-de-obra relativa aos salários dos motoristas representa […]% da estrutura de custos de uma empresa de transporte público de passageiros, como sucede com as sociedades […] e […].

º

Em virtude de a CIM (tal como outras autoridades de transporte) não ter aprovado a atualização tarifária extraordinária de 3,86% solicitada pela ANTROP, a ANTROP contactou e reuniu com a AMT dando nota da situação de incumprimento da CIM face ao disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 e da alínea a) do n.º 1 e das alíneas a) e b) do n.º 2 ambos do artigo 10º do Regulamento 430/2019.

(17)

17 º

A AMT deu conhecimento à ANTROP de que enviou nova informação às autoridades de transporte, como é o caso da CIM, para efeitos da atualização tarifária extraordinário decorrente da variação anormal do preço do gasóleo e da mão de obra (salários dos motoristas) em 2019.

II. Do Direito

º

A CIM ao não fixar ter aprovado para o ano de 2020 uma atualização tarifária extraordinária em virtude do aumento do preço do gasóleo e da mão-de-obra verificada em 2019 viola o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 e da alínea a) do n.º 1 e das alíneas a) e b) do n.º 2 ambos do artigo 10º do Regulamento 430/2019.

º

Como decorre dos mencionados normativos, a atualização tarifária extraordinária ocorre quando existem causas objetivas que justificam a mesma e que o legislador expressamente indicou.

º

No caso dos autos, as duas situações objetivas que justificam que, para o ano de 2020, a CIM aprove a atualização tarifária extraordinária de 3,86% requerida pela ANTROP, decorrem da variação anormal de duas componentes integrantes dos custos de exploração, a saber o custo do gasóleo e da mão de obra relativa ao salário dos motoristas.

(18)

18 º

Componentes estas que o legislador expressamente indica para efeitos de atualização tarifária extraordinária quando menciona, nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 10º do Regulamento 430/2019, como elementos a atender para este efeito o Índice Salarial (IS) e o Índice Energético (IE).

º

E não se diga que a CIM tem a liberdade de fixar ou não um aumento tarifário extraordinário mesmo nas situações em que ocorra uma variação anormal de tais custos com base no argumento de que o n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 contém a expressão “Podem ser determinadas atualizações tarifárias extraordinárias”,

º

Porque este “Podem”, uma vez verificada alguma das causas que legalmente habilitam as autoridades de transporte, no caso a CIM, a determinar a atualização tarifária extraordinária, reveste natureza vinculativa para a autoridade de transporte, sob pena de total incongruência da norma e do mecanismo legal de atualização tarifária extraordinária.

º

No caso dos autos e face ao aumento anormal do custo do gasóleo e da mão de obra (salários de motoristas), a CIM, para cumprimento das indicadas normas legais, deve reconhecer que estão verificadas as condições legalmente previstas para determinar a atualização tarifária extraordinária e determinar a mesma (no caso no valor requerido pela ANTROP de 3,86%.

(19)

19

Qualquer outra interpretação das normas legais em causa que considere que, mesmo que verificadas as causas que o legislador expressamente indica que justificam a determinação de um aumento tarifário extraordinário, as autoridades de transportes possam, por razões de conveniência, de oportunidade ou outras, não determinar tal aumento seria absurda e contra o racional e o sentido finalístico da norma e do mecanismo de atualização tarifária.

º

A evidência de que a CIM, enquanto autoridade de transportes, está vinculada a determinar a atualização tarifária extraordinária quando se verificam as causas que o legislador indica para o efeito decorre, desde logo, da posição manifestada pela própria AMT quando, ao fixar a Taxa de atualização tarifária para 2020 em 0,38% para a atualização tarifária regular, indicou “sem prejuízo da ponderação da variação de componentes integrantes dos custos de exploração do serviço público de transporte de passageiros, em concreto a variação do custo do gasóleo e da mão-de-obra nos últimos 12 meses”.

º

A AMT reconhece expressamente a variação anormal do custo do gasóleo e da mão de obra em 2019.

º

E, por isso, determina às autoridades de transporte, como sucede com a CIM, que, aquando da fixação da atualização tarifária regular o façam tendo em conta a variação de tais custos nos últimos 12 meses, com a indicação da fixação de “taxas diferenciadas” em virtude de tal variação.

(20)

20

A CIM não acatou a determinação da AMT de 25 de outubro de 2019 relativamente à fixação de taxas diferenciadas (ou atualização tarifária extraordinária) em 2020 para fazer face à variação anormal do custo do gasóleo e da mão de obra (salários de motoristas) ocorrida em 2019.

º

Pelo que a CIM incumpre a instrução dada pela AMT quanto aos elementos a ter em conta na fixação das tarifas para o ano de 2020, violando o disposto no artigo 36º do Decreto-Lei n.º 78/2014, de 14 de maio, que aprova os estatutos da AMT.

º

Na medida em que a CIM está obrigada a respeitar as instruções da AMT, o que não fez.

º

Sem conceder, e apenas por prudente dever de patrocínio, mesmo que se admita que a determinação da atualização tarifária extraordinária nos casos em que se verificam as causas indicadas pelo legislador na alínea a) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 e na alínea a) do n.º 1 do artigo 10º do Regulamento 430/2019 é um ato discricionário,

º

Tal não significa, nem pode significar, que tal ato seja de livre arbítrio, pois, como há muito nos ensina Vieira de Andrade, “a discricionariedade não é uma liberdade (…), mas sim uma competência, uma tarefa, corresponde a uma função jurídica. A administração não é remetida para um arbítrio, ainda que prudente, não pode fundar na sua vontade as decisões que toma. A decisão administrativa tem de ser racional,

(21)

21

porque não pode ser fruto de emoção ou capricho” (in o Ordenamento Jurídico Administrativo, pág. 47-47).

º

Na mesma linha, esclarece Freitas do Amaral que “na discricionariedade, a lei não dá ao órgão administrativo competente liberdade para escolher qualquer solução que respeite o fim da norma, antes o obriga a procurar a melhor solução para a satisfação do interesse público de acordo com os princípios jurídicos de atuação. A discricionariedade não é uma liberdade mas um poder-dever jurídico” (in Curso de Direito administrativo, Almedina, Coimbra, Vol. II, 2001, pág. 82).

º

Explicando João Caupers, a respeito do instituto da discricionariedade administrativa, que “A interpretação jurídica é sempre uma atividade vinculada, na medida em que o texto da norma apenas comporta um sentido e um alcance corretos; tudo o mais não serão interpretações alternativas, serão interpretações incorretas” (in Introdução ao Direito Administrativo, Âncora Editora, 2013, pág. 91).

º

Deste modo, dúvidas não podem existir que, verificadas as condições que, nos termos fixados pelo legislador na alínea a) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 e na alínea a) do n.º 1 do artigo 10º do Regulamento 430/2019, a única interpretação jurídica compatível com o princípio da legalidade, com o princípio da prossecução do interesse público e com o princípio da proporcionalidade, previstos respetivamente no n.º 1 do artigo 3º, 4º e n.º 2 do artigo 7º do Código do Procedimento Administrativo, será a que sustenta que verificadas tais condições as autoridades de transportes estão vinculadas a aprovar uma atualização tarifária extraordinária, o que não foi feito pela CIM.

(22)

22

III. Dos prejuízos decorrentes da não aprovação do aumento tarifário extraordinário para 2020 e dos requisitos para o decretamento da providência cautelar

º

A não aprovação do aumento tarifário extraordinário de 3,86% nos termos apresentados pela ANTROP à CIM implica que as Requerentes ficam impossibilitadas de fazer face ao aumento dos custos do gasóleo e da mão de obra ocorridos no período entre outubro de 2018 e setembro de 2019.

º

O que implica para a sociedade […] uma perda financeira de € […] e para a sociedade […] uma perda financeira no ano de 2020,

º

Perda essa que se irá refletir em todos os anos seguintes, uma vez que o efeito de aumento tarifário ocorrido num certo ano (no caso, em 2020) produzirá necessariamente efeitos financeiros em todos os anos seguintes.

º

O valor desta perda financeira agrava irremediavelmente a conta de exploração do serviço de transporte público de passageiros da sociedade […] e da sociedade […], não tendo as mesmas qualquer alternativa para compensar tal perda.

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23

Esta situação é tanto mais grave quanto as receitas que decorrem do serviço público de transporte de passageiros não permitem às sociedades […] e […] auferir a remuneração que o legislador comunitário prevê nos termos do Anexo ao Regulamento 1370/2007, que estabelece que os mesmos têm direito a um “lucro razoável”.

º

Na verdade, a conta de exploração da sociedade […] relativa ao serviço público de transportes revela que os custos incorridos com o serviço público de transporte ascenderam em 2018 a € […], sendo a receita auferida de € […],

º

E em 2019 tais valores foram de, respetivamente, […] e de […].

º

Estimando-se para 2020, o valor de € […] em matéria de custos e de € […] em matéria de receitas.

º

Por sua vez, a conta de exploração da sociedade […] relativa ao serviço público de transportes revela que os custos incorridos com o serviço público de transporte ascenderam em 2018 a € […], sendo a receita auferida de € […],

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24 º

Estimando-se para 2020, o valor de € […] em matéria de custos e de € […] em matéria de receitas.

º

A não aprovação do aumento tarifário extraordinário de 3,86% para 2020 impedirá definitivamente as Requerentes de receberem, pela prestação do serviço público de transporte de passageiros, a remuneração a que legalmente têm direito.

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A situação é tanto mais grave quanto a CIM não paga às referidas sociedades qualquer compensação de serviço público a este respeito.

º

A não aprovação do aumento tarifário extraordinário impede as Requerentes de realizarem, no ano de 2020, qualquer investimento, designadamente em frota, que permita melhorar as condições de prestação do serviço público de transporte de passageiros.

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O que aumentará a idade média da frota das Requerentes, com prejuízos em termos de consumo de combustível e maiores impactos ambientais, em termos de agravamento dos custos de manutenção e, sobretudo, em termos de agravamento das condições de conforto dos passageiros.

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E não se diga que a CIM não aprovou o aumento tarifário extraordinário para não agravar o preço do transporte público para a população, porque o aumento de 3,86%, face ao preço do atual título de transporte disponibilizado ao abrigo do PART, que é de € […], representa um aumento de apenas […].

º

Ou seja, um aumento inferior ao preço de um café e de um pastel de nata…

º

Se são razões de mera conveniência política que levam a CIM a não aprovar o aumento tarifário extraordinário, tais razões não merecem qualquer acolhimento para efeitos jurídicos, sob pena de total inaplicabilidade e incumprimento definitivo da norma da alínea a) do n.º 1 do artigo 8º da Portaria 298/2018 e na alínea a) do n.º 1 do artigo 10º do Regulamento 430/2019.

º

Não há nenhum motivo sério e real de interesse público que se sobreponha ao prejuízo, esse sim verdadeiro, que as Requerentes sofrem pela não aprovação do aumento tarifário extraordinário de 3,86% proposto pela ANTROP.

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Para acautelar o direito ao aumento tarifário extraordinário de 3,86% em tempo útil, ou seja, ainda durante o ano de 2020, é indispensável que esse Douto Tribunal determine à CIM que aprove imediatamente tal aumento.

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Na verdade, a ação administrativa principal, de que depende a presente providência cautelar, demorará algum tempo, seguramente mais de um ano, a ser definitivamente julgada, pelo que o decretamento da presente providência cautelar, ao abrigo dos critérios de decisão previstos no artigo 120º do CPTA, é a única via que as Requerentes têm para acautelar, em tempo útil, o direito que visam salvaguardar na ação principal.

Nestes termos e nos demais de Direito, requer-se a V. Exa. se digne julgar provada e procedente o presente processo cautelar e, em consequência, determine à CIM que aprove imediatamente o aumento tarifário extraordinário de 3,86% para 2020.

Mais se requer a V. Exa. se digne notificar a CIM da presente providência cautelar para, querendo, apresentar a sua oposição.

Prova Documental

Documento 1 Estatutos da ANTROP; Documento 2 Lista de municípios da CIM;

Documento 3 Lista de contratos interadministrativos; Documento 4 Lista de associados da ANTROP;

Documento 5 Autorizações provisórias da sociedade […]; Documento 6 Autorizações provisórias da sociedade […];

Documento 7 Prorrogação pela CIM das Autorizações Provisórias; Documento 8 Atualização tarifária de 2016 para 2017;

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Documento 9 Atualização tarifária de 2017 para 2018; Documento 10 Taxa de Atualização Tarifária para 2019; Documento 11 Regulamento 430/2019;

Documento 12 Taxa de Atualização Tarifária para 2020; Documento 13 Informação DGEG sobre o preço do gasóleo;

Documento 14 Boletim do Trabalho e do Emprego, n.º 35, de 22.09.2019; Documento 15 Carta ANTROP para CIM de 29.10.2019;

Documento 16 E-mail ANTROP para CIM de 26.11.2019; Documento17 Comunicação CIM da TAT para 2020;

Nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 429º do CPC, aplicável ex vi do artigo 1º do CPTA, e para prova do alegado no artigo […] desta p.i., requer-se a V. Exa. se digne determinar à CIM que junte as comunicações recebidas da AMT em janeiro de 2020 relativas ao aumento tarifário extraordinário.

Prova Testemunhal

A ANTROP indica as testemunhas seguintes: - […]

- […]

A presente providência cautelar depende da ação administrativa a interpor pelas Requerentes junto desse Douto Tribunal.

Valor: € 30.000,01

Junta: Procuração forense, […] documentos, DUC e comprovativo do respetivo pagamento.

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28 O Advogado

Referências

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