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Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

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ISSN: 1981-6324

marcomachado@brjb.com.br Universidade Iguaçu

Brasil

Mascarenhas Robert-Pires, Cássio; Goulart De Agostini, Guilherme; Salvini, Tânia; Baldisssera, Vilmar; De Andrade Perez, Sérgio Eduardo

ESTEROIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS NÃO INDUZEM HIPERTROFIA MUSCULAR EM RATOS JOVENS EUGONADAIS SUBMETIDOS A TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA

INTENSIDADE EM ESTEIRA ROLANTE

Brazilian Journal of Biomotricity, vol. 7, núm. 2, junio, 2013, pp. 100-108 Universidade Iguaçu

Itaperuna, Brasil

Disponible en: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93028219004

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ORIGINAL PAPER (ARTIGO ORIGINAL)

ESTEROIDES ANABÓLICOS

ANDROGÊNICOS NÃO INDUZEM

HIPERTROFIA MUSCULAR EM

RATOS JOVENS EUGONADAIS

SUBMETIDOS A TREINAMENTO

INTERVALADO DE ALTA

INTENSIDADE EM ESTEIRA

ROLANTE

ANABOLIC ANDROGENIC STEROIDS DO NOT INDUCE MUSCLE HYPERTROPHY IN EUGONADAL YOUNG RATS

Cássio Mascarenhas Robert-Pires1-3, Guilherme Goulart De Agostini2, Tânia Salvini1, Vilmar Baldisssera1, Sérgio Eduardo De Andrade Perez1

1Universidade Federal de São Carlos. 2Universidade Federal de Uberlândia.

3CEFEMA (Centro de Estudos em Fisiologia do Exercício, Musculação e Avaliação Física – Araraquara – SP, Brasil).

Endereço para correspondência:

cassio@cefema.com.br e cefema2010@hotmail.com

Submitted for publication: Nov 2010 Accepted for publication: Mar 2013

RESUMO

ROBERT-PIRES, C. M.; DE AGOSTINI, G. G.; SALVINI, T.; BALDISSSERA, V.; PEREZ, S. E. A. Esteroides anabólicos androgênicos não induzem hipertrofia muscular em ratos jovens eugonadais submetidos a treinamento intervalado de alta intensidade em esteira rolante. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 7, n. 2, p. 100-108, 2013. Esteroides anabólicos androgênicos (EAA) têm sido amplamente utilizados com finalidades de melhora de performance desportiva, assim como para aumento pronunciado da massa muscular. No entanto, os estudos com humanos e animais ainda não apontam de forma consistente para esse efeito miotrófico e de aumento de força por parte dos EAA. O presente estudo foi conduzido com o objetivo de verificar o efeito da administração de EAA sobre a área das fibras do músculo sóleo de ratos jovens, submetidos ou não ao treinamento físico. Ratos Wistar foram divididos em quatro grupos experimentais: sedentários controle (SC), sedentários+EAA (SE), treinados controle (TC) e treinados+EAA (TE). O protocolo de treinamento consistiu de 12 semanas de corrida intervalada em esteira rolante, com velocidade de 30m/min., 20% de inclinação e sobrecarga de 20% do peso corporal, 5 dias/semana. A droga utilizada foi o decanoato de nandrolona (Deca-Durabolin), em doses de 5 mg/Kg/semana, num total de 9 injeções intramusculares. Não houve diferenças significativas nos valores médios das áreas das fibras do músculo

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sóleo entre os quatro grupos experimentais. Apesar do exercício não ter promovido hipertrofia, a administração de EAA em doses suprafisiológicas também não foi eficaz para induzir hipertrofia adicional no grupo TE. Da mesma forma, o grupo SE não apresentou diferença significativa em relação ao grupo SC. Estes resultados sugerem que EAA não induzem hipertrofia em músculos sóleo de ratos jovens, provavelmente em função do perfil de treinamento adotado, bem como pela natureza diferenciada da sensibilidade dos diferentes músculos esqueléticos aos andrógenos.

Palavras-Chaves: Esteroides anabolizantes, hipertrofia, nandrolona ABSTRACT

ROBERT- PIRES, C. M.; DE AGOSTINI, G. G.; SALVINI, T.; BALDISSSERA, V.; PEREZ, S. E. A. Anabolic androgenic steroids do not induce muscle hypertrophy in eugonadal young rats. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 7, n. 2, p. 100-108, 2013. Anabolic androgenic steroids (AAS) have been widely used for purposes of improved sports performance, as well as a pronounced increase in muscle mass. However, studies with humans and animals do not show consistently this myotrophic and increased force effect by AAS. This study was conducted in order to verify the effect of AAS administration on the area of the fibers of the soleus muscle of young rats, treated or not with physical training. Wistar rats were divided into four groups: sedentary control (SC), sedentary + EAA (SE), trained control (TC) and trained + EAA (TE). The training protocol consisted of 12 weeks of running intervals on a treadmill at a speed of 30m/min., 20% incline and overhead of 20% of body weight, 5 days / week. The drug used was nandrolone decanoate (Deca Durabolin-) at doses of 5 mg / kg / week, for a total of nine intramuscular injections. No significant differences in mean areas of fibers of the soleus muscle among the four experimental groups. Despite the exercise not promoted hypertrophy, AAS administration in supraphysiological doses also was not effective in inducing hypertrophy additional group TE. Similarly, the SE group showed no significant difference compared to the SC group. These results suggest that AAS does not induce hypertrophy in soleus muscles of young rats, probably due to the profile of training adopted as well as the differentiated nature of the sensitivity of different muscles to androgens.

Key-words: Anabolic steroids, hypertrophy, nandrolone.

INTRODUÇÃO

Esteroides anabólicos androgênicos (EAA) têm sido extensivamente utilizados por atletas, no intuito de promover melhoras na massa muscular e performance de força muscular (LaBREE,1991; HOFFMAN et al., 2009). Estas drogas são derivados sintéticos do hormônio sexual masculino testosterona, que promove a determinação das características sexuais masculinas primárias e secundárias, aumento da síntese proteica (massa muscular), fechamento epifisário, aumento da síntese de eritropoetina, aumento da densidade óssea, dentre outros efeitos (KOCHAKIAN, 1975). Em função do aumento da massa muscular mediado pela testosterona, atletas acreditam que doses suprafisiológicas de EAA podem promover efeitos adicionais sobre a composição corporal, como aumento da massa magra e diminuição das reservas adiposas (ACSM, 1987). Em geral, as doses administradas são cerca de 10 a 100 vezes maiores do que as doses fisiológicas utilizadas em terapias de reposição hormonal em homens hipogonadais, quase sempre associadas à combinação de dois ou mais tipos de EAA, o que vem sendo denominado de “empilhamento” (WU,1997), a despeito dos potenciais efeitos colaterais nocivos relacionados ao uso/abuso destas drogas (YESALIS,1993; HARTGENS e KUIPERS, 2004; PAYNE et al., 2004; CHAVES et al., 2007; HOFFMAN et al., 2009). No entanto, os estudos com humanos e animais ainda não foram capazes de gerar uma base consistente de dados, no sentido de apontar para pronunciados aumentos de massa muscular e força muscular, induzidos pelos EAA (WILSON, 1988). Apesar de alguns estudos evidenciarem efeitos miotróficos dos EAA em humanos (BHASIN et al., 1996; HARTGENS e KUIPERS, 2004; LICHTENBELT et al., 2004), estudos em animais têm revelado pouca ou ausente hipertrofia em ratos machos com função testicular normal (MAX e RANCE, 1984; BISSCHOP et al., 1997) e, em geral, os protocolos experimentais adotados constituem-se de ablação de músculos sinergistas, estimulação elétrica ou treinamentos contínuos de natação e corrida em esteira rolante, os quais não se assemelham às características de treinamento de usuários de EAA. Camargo Filho et al. (2006) não observaram hipertrofia adicional em ratos treinados em natação e tratados com doses

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suprafisiológicas de EAA. Esses resultados são corroborados pelo estudo de Cunha et al. (2006), os quais também não observaram hipertrofia adicional no músculo sóleo de ratos treinados em exercícios de alta intensidade (saltos em meio líquido com sobrecarga) e tratados com EAA.

Assim sendo, o presente estudo tem como objetivo, verificar o efeito da administração de esteroides anabólicos androgênicos (EAA) sobre a área das fibras do músculo soleo de ratos jovens, submetidos ou não ao treinamento físico de corrida intervalada.

MATERIAIS E MÉTODOS Animais

Foram utilizados vinte e sete ratos Wistar, machos, jovens, com peso médio inicial de 150 gramas, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Os ratos foram agrupados e mantidos em biotério, em caixas plásticas específicas, com acesso a água e alimentos em padrão ad libitum.

Planejamento experimental

Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos, cada grupo contendo sete animais, com a seguinte disposição:

Grupo 1- sem exercício e sem esteroide (SC - sedentário controle) Grupo 2- sem exercício e com esteroide (SE - sedentário + esteroide) Grupo 3- com exercício e sem esteroide (TC- treinado controle) Grupo 4- com exercício e com esteroide (TE - treinado + esteroide)

Protocolo de treinamento

Os animais foram treinados em esteira rolante, produzida na UFSCar. A metodologia aplicada consistiu de corrida intervalada, com uma frequência de 5 (cinco) sessões semanais, por um período de 12 (doze) semanas, compreendidas da seguinte forma:

1a. semana (condicionamento na esteira):

- 5 x 1 minuto com velocidade de 20 metros/min. (cinco séries de corrida com 1 minuto de duração), com inclinação de 20% e recuperação de 1 minuto e 30 segundos entre cada série de 1 minuto, com velocidade de 6 metros/min (repouso ativo).

2a. a 4a.. semanas:

- 12 x 2 minutos com velocidade de 30 metros/minuto, inclinação de 20% e recuperação ativa de 1 minuto com velocidade de 6 metros/min.

5a. a 12a. semanas:

- 10 x 2 minutos com velocidade de 30 metros/minuto e inclinação de 20%, com a utilização de uma cinta elástica com sobrecarga de 20% do peso corporal e 1 minuto de recuperação ativa a 6 m/min.

Tratamento com esteroide anabólico androgênico

A droga utilizada foi o Decanoato de Nandrolona (Deca-Durabolin,N.V. Organon, 25mg), administrada na dosagem de 5mg/kg/semana (TINGUS e CARLSEN, 1993), por meio de injeções intramusculares a partir da 4ª. semana, totalizando 9 semanas de tratamento com a droga. Os animais dos grupos controle receberam injeção de óleo vegetal Nujol (tratamento placebo), em volumes semelhantes aos ratos tratados com EAA.

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Retirada e congelamento dos músculos

Os animais foram sacrificados por meio de decapitação, posicionados em uma mesa operatória em decúbito dorsal, com as patas presas e mantidas em extensão, para posterior retirada do músculo sóleo da pata direita de cada animal. Posteriormente, os músculos sóleos foram fixados nas regiões tendinosas por meio de pequenas agulhas, a um pedaço de fígado bovino, o qual foi pré-fixado por várias semanas em formol a 10%, lavado durante vinte e quatro horas em água corrente e mantido, posteriormente, em solução salina no refrigerador. Em seguida, os músculos, juntamente com o fígado, foram congelados em isopentano pré-congelado em nitrogênio líquido e conservados em vasilhas plásticas em um freezer a -56o. centígrados.

Procedimentos histológicos para os músculos

Todos os músculos foram seccionados transversalmente (10*m), em um Micrótomo Criostato (Micron HM 505 E), no sentido próximo-distal e mantidos em temperatura permanente de -25o. centígrados. Os cortes foram colhidos em lâminas previamente preparadas (cinco amostras em cada lâmina) em cromo gelatina (IRINCHEV E WERNIG,1987) e, posteriormente, corados com 1% de azul de Toluidina/ 1% de Borax.

Análise histomorfométrica (área média das fibras musculares)

Uma varredura inicial ao longo de toda a extensão do músculo realizou-se através da captação de imagens aproximadas de 15 a 20 campos de cada músculo, com auxílio do charrioux do microscópio ótico Axiolab-Karl Zeiss (40x). A captação da imagem foi realizada utilizando-se um software-vídeo blaster, uma câmara Sony acoplada ao microscópio e esta ao computador Pentium 166 MHz. Com um software “Vinspec”, desenvolvido pelo Grupo de Semôptica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP- São Carlos), foi determinada a área individual das fibras do músculo sóleo do rato, perfazendo um total de cerca de 100 a 120 fibras, assim como a área média de cada músculo.

II.8. Análise estatística

Os resultados foram expressos em valores médios ± desvio padrão. A análise estatística foi realizada mediante aplicação do método ANOVA (One-way) para análise de variância e aplicação do teste-t de Student não-pareado, para análise dos dados dos grupos entre si, conforme adequação pelo programa de computador Instat, admitindo-se um nível de significância de p<0,05.

RESULTADOS

Avaliação do peso corporal

A Tabela 1 contém a média e desvio padrão do peso dos animais no início e no final do período de 12 semanas de experimento.

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Tabela 1- Grupos com média e desvio padrão do peso corporal dos animais

GRUPOS PESO INICIAL(g) PESO FINAL(g) SC (7) 147,1 14,02 316,1 25,33 SE (7) 158,8 9,32 333,4 32,85 TC (7) 149,4 13,79 325,2 24,38 TE (6) 149,6 11,04 332,5 20,25

O peso corporal dos animais não apresentou diferenças significativas no início do experimento e os ganhos de peso entre os animais nos diversos grupos também não diferiu significativamente durante o período experimental, conforme análises estatísticas de variância (ANOVA) e teste-t de Student.

Histomorfometria das fibras musculares

Os resultados da área média das fibras do músculo sóleo estão expressos abaixo na Tabela 2.

Tabela 2- Valores médios (m2) da área das fibras do músculo sóleo

GRUPOS ÁREA MÉDIA(m2) ± DP SC(7) 4,189 1,332

SE(7) 4,681 0,487 TC(7) 4,462 1,157 TE(6) 3,985 1,033

A área média das fibras do músculo sóleo não apresentou diferenças significativas em nenhuma das análises estatísticas aplicadas. O grupo TE apresentou os menores valores médios, porém, essa diferença também não se revelou estatisticamente significativa.

DISCUSSÃO

Um fato inicial a ser considerado é a ausência de diferenças significativas na evolução do peso corporal dos animais tratados em comparação aos não tratados com EAA. Esperava-se maior ganho de peso nos grupos tratados, devido ao suposto efeito miotrófico (discutido adiante) e à maior retenção hídrica causada pela terapia com doses suprafisiológicas de decanoato de nandrolona (WILSON e GRIFFIN, 1985). Esse efeito tem sido evidenciado em humanos (LICHTENBELT, 2004). Esse resultado está de acordo com o estudo de Saborido et al. (1993) e com a posição do ACSM (1984), que atesta que a maioria dos estudos em animais com função testicular normal, não apresenta aumento do peso corporal, ou apresenta aumentos muito modestos. Poder-se-ia esperar maiores repercussões do exercício sobre o compartimento de massa gorda (YOSHIOKA et al., 2001) e, consequentemente, peso corporal, porém, o teor de tecido adiposo não foi controlado no presente estudo. Por outro lado, a literatura aponta para o fato de que períodos prolongados sob terapia com altas doses de EAA podem afetar negativamente o ganho de peso (MAX e RANCE, 1984; BAUMAN, RICHERSON e BRITT, 1988). Curiosamente, o treinamento imposto aos ratos não promoveu hipertrofia, tendo em vista a ausência de diferenças significativas na área do músculo sóleo entre os grupos SC e TC. Apesar

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de constar de uma intensidade alta, acima do limiar anaeróbio em ratos (PILIS et al.,1993), talvez não tenha sido adequado em termos de sobrecarga mecânica (tensional) para desencadear a resposta de hipertrofia miofibrilar, mesmo com adoção de peso adicional no dorso dos animais e inclinação da esteira. Diversos autores têm admitido que a resposta hipertrófica é diretamente dependente do nível de tensão gerado pela fibra muscular, a qual acarretaria alguns microtraumas e conseqüente expressão de fatores locais de crescimento celular (dos quais o IGF-1 parece ser o mais importante), que por sua vez, sinalizariam para o aumento da síntese proteica e hipertrofia miofibrilar, em um processo mediado pela ativação das células satélites (ADAMS e HADDAD, 1996; GOLDISPINK, 1999; VIERCK et al., 2000). Gollnick et al. (1981), no entanto, observaram hipertrofia em músculos sóleo e plantar de ratos submetidos a protocolo em esteira de intensidade e volume semelhantes ao presente estudo. Esses animais, entretanto, previamente ao período de início do protocolo de treinamento, sofreram a ablação do tibial anterior, fato que promoveu uma hipertrofia prévia nesses músculos. Isso pode ter exercido alguma influência sobre o efeito miotrófico do protocolo de treinamento, em oposição ao presente estudo. Similarmente, Cunha et al. (2006) observaram hipertrofia induzida somente pelo treinamento, em protocolo de saltos em submersão, com níveis de intensidade superiores ao presente estudo. Dessa forma, provavelmente, o protocolo de treinamento adotado não consistiu do mais adequado para promover hipertrofia miofibrilar.

O fato dos grupos TC e TE não apresentarem diferenças significativas, demonstra a ausência de ação miotrófica adicional dos EAA, pois, se esta ação estivesse presente, muito provavelmente o grupo TE exibiria um nível maior de hipertrofia. Kochakian (1975) adverte para o fato de haver diferenças inter-espécies na sensibilidade dos vários grupos musculares aos EAA (em ratos, os músculos mais sensíveis parecem ser o elevador do ânus, o bulbocavernoso e o semimembranoso e, em humanos, os músculos do tronco, como trapézio e deltoide (WILSON, 1988); e Prezant et al. (1997) argumentam que os efeitos positivos sobre a síntese proteica ocorrem somente quando os níveis iniciais de testosterona são baixos, como em animais castrados, fêmeas, ou homens hipogonadais. Com relação a esses aspectos, Salmons (1992) reportou hipertrofia de tibial anterior em coelhas tratadas com decanoato de nandrolona, sem aumento concomitante na área dos músculos EDL, plantar e sóleo; essa ausência de hipertrofia induzida por EAA nos músculos EDL, sóleo e plantar tem sido observada em outros estudos com ratos (TINGUS e CARLSEN, 1993; BISSCHOP et al., 1997; LEWIS et al.,1999; CAMARGO FILHO et al., 2006; CUNHA et al., 2006). No tocante à influência dos níveis basais de testosterona, Max e Rance (1984), observaram hipertrofia em ratos machos castrados, mas não em ratos intactos. No presente estudo, os ratos eram jovens e, dessa forma, provavelmente apresentavam níveis normais de testosterona, fato que pode ter sido decisivo para a ausência de hipertrofia mediada pela terapia com EAA. Complementarmente, o músculo analisado (sóleo) pode não ser o mais recomendado para verificação de efeito miotrófico de EAA em ratos. Interessantemente, dois estudos supracitados, adicionalmente à ausência de hipertrofia no músculo sóleo induzida pela terapia com altas doses de EAA, ainda demonstraram maior presença de marcadores de lesão nos músculos dos animais tratados com EAA (CAMARGO FILHO et al., 2006; CUNHA et al., 2006), assim como, maior dano ao material genético celular (CUNHA et al., 2006), o que sugere efeito muscular deletério de terapias com altas doses de EAA.

A seletividade de resposta à terapia com EAA também parece ocorrer em relação aos distintos tipos de fibras musculares. Fibras do tipo II parecem ser mais responsivas às altas doses de EAA (BISSCHOP et al., 1997; FARIAS e ANARUMA, 2008). O músculo sóleo, por seu maior predomínio de fibras do tipo I,estaria menos sujeito à ação hipertrófica dos EAA, assim como, poderia também, por esse fato, ser menos recrutado na ação de corrida de alta intensidade em aclive.

Outro aspecto que merece menção é o fato de que o protocolo de treinamento pode ter induzido no músculo sóleo, mais preferencialmente, uma hipertrofia metabólica (SANTARÉM, 1999). Esse tipo de hipertrofia, por sua vez, estaria menos sujeita à ação da terapia com EAA.

Haupt e Rovere (1984) admitem que os melhores resultados em humanos tendem a ser mais presentes em indivíduos com altos níveis prévios de treinamento associados a dieta hipercalórica e hiperproteica. Se esse padrão de resposta também ocorre em ratos, ainda necessita de maior

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investigação. Os animais deste estudo foram tratados com dieta ad libitum, entretanto, a ração oferecida não teve nenhum tipo de manipulação específica no intuito de aumentar o teor de proteína; e os mesmos também não tinham, obviamente, prática prévia de treinamento de alta intensidade.

A dose de EAA utilizada no presente estudo (5 mg/Kg) está de acordo com os padrões suprafisiológicos adotados por usuários de EAA, atletas e não atletas. Os relatos na literatura apontam padrões específicos de uso de decanoato de nandrolona da ordem de 100 a 400 mg/semana (SANTOS, 2003) por esses usuários. Da mesma forma, os vários estudos com animais experimentais têm utilizado doses semelhantes às adotadas no presente estudo (TINGUS e CARLSEN, 1993; BISSCHOP et al., 1997; CAMARGO FILHO et al., 2006; CUNHA et al., 2006). A terapia com EAA adotada, entretanto, não simulou o processo de “empilhamento” de EAA normalmente adotado por usuários de EAA.

Finalmente, o período do presente estudo pode ter influenciado o teor de resposta muscular, uma vez que períodos longos de exposição a altas doses de EAA podem promover o fenômeno de down-regulation de receptores de andrógenos no citosol (MAX e RANCE , 1984), assim como, interferir com o próprio ganho de peso corporal total.

O reduzido número de animais pode ter influenciado na distorção de alguns resultados. APLICAÇÕES PRÁTICAS

Os resultados do presente estudo não confirmam as hipóteses de usuários de EAA em relação aos potenciais efeitos hipertróficos destas drogas. No entanto, o (ab)uso de EAA em academias, bem como por atletas, vem crescendo vertiginosamente. A inconsistência dos estudos científicos em relação aos efeitos hipertróficos dos EAA deveria ser motivo de maior reflexão por parte de atletas e não atletas no tocante à opção em favor do uso de EAA, notadamente em função da imensa gama de efeitos colaterais nocivos de médio e longo-prazo creditados a essas drogas. CONCLUSÃO

EAA parecem não induzir hipertrofia adicional em músculo sóleo de ratos jovens com função testicular normal. Outros músculos podem responder de forma diferenciada. O protocolo de treinamento não foi adequado para promover hipertrofia, no entanto, os EAA não parecem facilitar o desencadeamento dos processos hipertróficos musculares. Outros estudos com músculos diferentes e dosagens variadas necessitam ser realizados para melhor elucidar esta questão. Da mesma forma, é preciso que estudos com animais procurem maior nível de aproximação com a realidade de treinamento e de terapia com EAA por parte de usuários atletas e não atletas, sob pena de não conseguir responder às grandes questões que cercam o tema.

REFERÊNCIAS

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Referências

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