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IV Seminário de Iniciação Científica

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Academic year: 2021

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Fundamentos Epistemológicos da Psicopedagogia

Kenia José da Silva1,4;Lucí Mota da Silva1,4; Marcelo Duarte Porto2,4; Juliana Olinda Martins Pequeno3,4; Marta Maria da Silva3,4

RESUMO

A Psicopedagogia apresenta-se como um campo do conhecimento que pretende compreender o fenômeno da aprendizagem humana em suas dificuldades, suas possibilidades, condições favoráveis bem como aquelas incapacitadoras. Neste sentido, a psicopedagogia requer a contribuição de outras áreas do saber. Desta forma, uma simples causalidade linear e unívoca, torna-se extremamente reducionista. O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão sobre os fundamentos epistemológicos que possam contribuir para a consolidação da Psicopedagogia. Busca-se discutir quatro correntes epis temológicas articuladas à Psicopedagogia: o Estruturalismo, a Fenomenologia, o Positivismo e a Hermenêutica. Também buscamos situar dentro dessas correntes epistemológicas as áreas do saber que contribuem para a constituição teórica psicopedagógica tais como a Epistemológica Genética, a Lingüística, a Neurologia e a Psicanálise Conclui-se que a Psicopedagogia atualmente se configura como uma área do conhecimento interdisciplinar, ou seja, ela necessita integrar os saberes em busca de uma visão ampla sobre a aprendizagem humana.

Palavras-chave: Psicopedagogia, Epistemologia, Interdisciplinar.

Introdução

A Psicopedagogia ainda não possui uma fundamentação epistemológica clara e consensual. Percebe-se diversos equívocos quanto à sua definição. Tais definições assumem um caráter reducionista, pois, como veremos, a Psicopedagogia é um campo do saber amplo e complexo.

Segundo Bossa (2000), o percurso da Psicopedagogia no Brasil, iniciou-se com uma adjetivação, ou seja, indicava uma forma de atuação que apontava a inevitável junção dos campos do conhecimento da Psicologia e da Pedagogia.

1 Bolsista PBIC/UEG 2 Pesquisador - Orientador

3 Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG

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Notamos que o corpo docente criou uma certa resistência a Psicopegagogia. Isso aconteceu devido à compreensão inadequada de que este novo campo do saber isenta o aluno de sua parcela de responsabilidade em relação ao seu fracasso escolar, transferindo toda a responsabilidade ao professor.

Diante de tais questões, observa-se a necessidade de discutir os fundamentos epistemológicos da Psicopedagogia, pois se isso for atingido, a inserção desse profissional será melhor compreendida e sua identidade melhor delimitada.

Portanto, o objetivo do presente trabalho é verificar o estado atual da produção de conhecimento relativo ao tema, bem como propor novas alternativas na consolidação desta nova área do saber.

Desta forma entramos no campo da teoria do conhecimento que é a Epistemologia. De acordo com Durozoia (1999), a. Epistemologia trata das origens, dos pressupostos, da natureza, extensão e do conhecimento.Nesse sentido abordaremos as principais correntes filosóficas presentes na modernidade: Estruturalismo, Positivismo, Fenomenologia e Hermenêutica, em busca de uma articulação com a fundamentação teórica da Psicopedagogia.

Materiais e Métodos

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. Pensamos que a Psicopedagogia, por ser uma área nova dentre as ciências, necessita aprofundar gradativamente suas pesquisas básicas que criem sustentação teórica coerente e argumentação profícua.

Resultados e Discussão

O Estruturalismo e a Psicopedagogia - Iniciaremos nosso estudo, pelo Estruturalismo. Segundo

Chauí (2001), a concepção estruturalista veio mostrar que os fatos humanos assumem a forma de estruturas, isto é, de sistemas que criam seus próprios elementos que assume m sentido pela posição e pela função que ocupam no todo. O todo não é a soma das partes, nem um conjunto de relações causais entre elementos isoláveis, mas é um princípio ordenador, diferenciador e transformador. Portanto, uma estrutura é uma totalidade dotada de sentido.

Nas disciplinas que embasam a Psicopedagogia, o Estruturalismo pode ser constatado tanto na Lingüística quanto na Epistemologia genética.A Lingüística, que teve entre seus

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conceitos que podem auxiliar o psicopedagogo na compreensão de determinados problemas de aprendizagem permitindo- lhe uma intervenção eficaz. Por exemplo: a comunicação entre professor e aluno pode estar prejudicada devido a uma estranheza dos significantes, utilizada pelo professor que evidenciem uma diferença cultural para com o aluno. Essa falha na comunicação contagiará os processos de aprendizagem da leitura e da escrita.

Nesse mesmo âmbito Piaget postula que o papel do desenvolvimento cognitivo não se resume na produção de cópias internas da realidade externa, mas ao contrário, baseia-se na produção de estruturas lógica onde o indivíduo atue sobre o ambiente de maneira flexível e complexa. A Epistemologia genética piagetiana preocupa-se com a origem e evolução do conhecimento humano. Isto é, interessa-se pelo desenvolvimento dos processos mentais e a atuação dos mesmos em situações de conflito (desequilíbrio) que levem a resoluções de problemas (equilíbrio), estudando desde as primitivas estruturas mentais do recém- nascido até o raciocínio lógico formal do adolescente. Busca compreender a forma e a razão das estruturas iniciais que se modificam, dando lugar a outras cada vez mais complexas.

A Fenomenologia e a Psicopedagogia - O principal argumento da fenomenologia é a

exploração do mundo, da vivência ou da vida subjetiva interior. De acordo com Merleau-Ponty (2006) a fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, resumem-se em definir essências. Como por exemplo, a essência da percepção e a essência da consciência

A fenomenologia teve como pioneiro o filósofo theco Edmund Husserl (1858-1938).Ele propôs uma forma de estudar a intencionalidade como integradora da consciência e do objeto. Nesse sentido, o fenômeno integra a consciência e a realidade. A fenomenologia, por sua vez, busca compreender a percepção consciente do fenômeno pelo indivíduo.Esta atitude possibilita a saída de uma abordagem intelectualizada para adentrarmos espontaneamente no profundo das intuições, percepções, sentimentos e sensações humanas levando à compreensão da vivência.

Nesse sentido a aprendizagem é um exercício de estar no mundo em suas vivências sociais, éticas e políticas. Na condição de aprendiz o ser humano está constantemente atribuindo significados para a realidade. Ao se deparar com um novo desafio, e na falta de um significado que o enquadre, pode resultar em insegurança ou, por outro lado, um novo significado poderá ser construído, gerando, consequentemente, a aprendizagem.

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O psicopedagogo, por meio de olhar fenomenológico, busca compreender a subjetividade do aprendiz, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento.

O Positivismo e a Psicopedagogia – Na corrente positivista destaca-se o francês Auguste Comte

(1798-1857), conhecido como “pai” do Positivismo. Como método, o positivismo baseia-se na certeza rigorosa dos fatos através do empírico, das experiências comprovadas como etapa inicial para depois formular o conhecimento teórico. Entre as ciências com influência da visão positivista que exercem uma significativa influência na Psicopedagogia temos a Neurologia e a Fisiologia.

Como exemplo de dificuldades de aprendizagem que tenha como causa um fator neurológico podemos citar uma situação em que o indivíduo tenha sofrido uma lesão cerebral durante o seu nascimento, o que lhe ocasionou distúrbios da linguagem. Assim a contribuição da neurologia, torna-se importante para o psicopedagogo, no sentido de colaboração no processo de diagnóstico da dificuldade de aprendizagem.Neste sentido, quando a Psicopedagogia considera as causas orgânicas das dificuldades de aprendizagem, notamos uma influência positivista. A causalidade orgânica, segundo o positivismo, está ligada ao estabelecimento de uma relação lógica entre causa e efeito. Neste sentido, haveria uma relação unívoca entre uma dificuldade de aprendizagem e uma alteração neuro-cerebral.

A Hermenêutica e a Psicopedagogia - E por ultimo, mas não menos importante,

encontra-se a concepção Hermenê utica. Segundo Durozoia (1999), essa corrente, originalmente designa a interpretação de textos bíblicos e, mais geralmente, a interpretação, com vontade científica, de qualquer texto complexo.Considerada a ciência humana e do espírito, a Hermenêutica estuda as variadas atividades humanas em todos os seus percursos. Desse modo a ação humana é dotada de sentidos e valores. Nesta tradição da busca pelo sentido por meio de uma interpretação rigorosa, encontramos a Psicanálise freudiana que participa significativamente na composição teórica da Psicopedagogia.

Segundo Bossa (2002) Freud postulou a existência do inconsciente, lançando os fundamentos de uma disciplina capaz de iluminar a psicogênese do sintoma. Tal sintoma é mobilizador, determinado e valorizado culturalmente, e encontra condições de possibilidade em um sujeito psíquico singular, ou seja, embora determinado culturalmente, surge em certos tipos

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de personalidade. A especificidade do sintoma escolar interroga-nos, sobre a relação de uma forma particular de funcionamento psíquico com as características do mundo contemporâneo.

Conclusões

Morin (2004) postula que a história das ciências não é somente a da constituição e da proliferação das disciplinas, mas também a das rupturas das fronteiras disciplinares, de invasões de um problema de uma disciplina sobre outra, de circulação de conceitos, de formação de disciplinas híbridas que acabam por se autonomizar.

O mundo é uma totalidade. Mas, sendo tão grande e complexo, seu conhecimento é feito pelas partes. Foi essa idéia de que a fragmentação facilita a compreensão do conhecimento científico que orientou a elaboração dos currículos básicos em certo número de disciplinas consideradas indispensáveis à construção do saber acadêmico. Tal simplificação, por outro lado, dificultou a compreensão de fenômenos mais complexos. A solução para o problema foi relacionar as várias disciplinas.

As relações entre as disciplinas podem se dar em três níveis: multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Na multidisciplinaridade, recorremos a informações de várias matérias para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si.

Na interdisciplinaridade, estabelecemos uma interação entre duas ou mais disciplinas. O ensino e a pesquisa baseados na interdisciplinaridade proporcionam uma aprendizagem muito mais estruturada e rica, pois os conceitos estão organizados em torno de unidades mais globais, de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas.

Na transdisciplinaridade, a cooperação entre ao vários campos do saber atinge um nível onde não dá mais para separá- las: acaba surgindo uma nova "macrodisciplina". Como exemplo de transdisciplinaridade, temos as grandes teorias explicativas do funcionamento das sociedades. Esse estágio de cooperação entre as disciplinas é mais difícil de ser aplicado a construção do saber acadêmico, pois há sempre a possibilidade de uma disciplina "imperialista" sobrepor-se às outras.

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Atualmente os autores tendem a caracterizar o saber psicopedagógico como sendo interdisciplinar.Pensamos que em breve a Psicopedagogia pode assumir o caráter de transdisciplinariedade que seria a interdisciplinariedade num estágio avançado.

A reavaliação e reflexão sobre a teoria e a prática na busca de novos horizontes, recorrendo a importância da fundamentação epistemológica, representada aqui pelas correntes Estruturalista, Fenomenológica, Positivista e Hermenêutica, poderá ampliar o poder de compreensão sobre a aprendizagem humana que, atualmente, tornou-se uma competência essencial para a sobrevivência do indivíduo em sociedade.

Referências Bibliográficas

Bossa, N.A 2000. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática,Porto Alegre, Artmed.

Bossa, N.A 2002.A. Fracasso escolar: um olhar psicopedagógico,Porto Alegre, Artmed. Chauí, M. 2001 Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo, Atica

Durozoia, G. 1999 Dicionário de Filosofia.3.ed. Campinas-Sp:Papirus

Merleau-Ponty, M. 2006. Fenomenologia da Percepção. 5 ed. São Paulo, Martins Fontes. Morin, E. 2004. Articular os Saberes, in: Alves, N & Gracia, Regina Leite (orgs).

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