1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA – LICENCIATURA
Tamara S. da Rosa
PROJETO DE PESQUISA:
O Trabalho da Escola e a Historicidade das crianças que vivem no Movimento Sem Terra
Trabalho apresentado à disciplina EDU03080 -Pesquisa em Educação
Turma A Profa. Dra. Liliana Maria Passerino
Porto Alegre 1. Sem. 2014
2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .……... 03 2 DESENVOLVIMENTO... 04 2.1 Problema... 04 2.2 Objetivos ... 04 2.3 Estado da arte... 04 2.4 Metodologia... 05 2.5 Etapas ... 06
2.6 Entrando em campo com as ferramentas... 07
REFERÊNCIAS ...
APÊNDICES...
3 1. INTRODUÇÃO
Este tema surgiu de estudos bibliográficos realizados no recorte da pesquisa: CARACTERIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS RESIDENTES EM ÁREAS RURAIS NO RIO GRANDE DO SUL/BRASIL. É resultado também das reflexões que permearam as disciplinas que trataram sobre a escola e seus contextos escolares ao longo deste curso de pedagogia. De cunho etnográfico, visa analisar como as condições de educação do campo estão sendo ofertadas no meio rural. Para análise busca-se aprofundar como as famílias, escola e moradores que representam o Movimento Sem Terra constituem as especificidades da educação do campo.
A análise da relação de historicidade da criança Sem Terra na escola é de fundamental importância para se compreender como uma escola conceitua sua educação considerando-se seus alunos como crianças que fazem parte de um movimento com uma historicidade com características tão específicas. Além de buscar refletir como a escola se relaciona com a cultura desse movimento que é produto e produtor de história. Nesse sentido, se buscará analisar os momentos onde haja a promoção de expressão das crianças, pois é através dela que a criança revela o seu “ser” no mundo. Visando compreender este momento será feita uma entrevista com as professoras das turmas e a diretora a fim de conhecer como compreendem a educação do campo.
Considerando-se que a escola possui uma historicidade que a liga ao Movimento, pois é resultado da luta dos assentados do local, serão analisados também os documentos que compõem a pedagogia escolar da instituição.
Além disso, considero este tema de grande relevância para se analisar, pois há poucos materiais produzidos que dissertam sobre o tema da historicidade na educação no/do campo.
4 2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Problema
De que forma a escola de educação infantil Flor da Terra considera a historicidade das crianças que vivem no assentamento IRGA, em Eldorado do Sul?
2.2 Objetivos
Investigar como a escola considera/realiza a historicidade das crianças em seu projeto de educação
Analisar a relação entre historicidade e educação em uma escola municipal situada em um assentamento de reforma agrária
2.3 Estado da arte/referencial teórico
Paulo Freire 2002 em sua obra: “Pedagogia da Autonomia” afirma que somos seres históricos e como tal a educação deve ser feita de modo a promover e refletir nossa cultura. Fiori(2002) no prefácio do livro acima citado revela a implicação entre a historicidade e a educação afirmando que a educação deve possuir a função de refletir a vida de seus educandos, tal que o educando deve: “aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se”. Ou seja, a educação tem por função promover modos em que o educando através de suas experiências venha a assumir-se como sujeito de sua própria cultura e a partir disso, sentir-se responsável por ela, para então refletir e agir de modo a transformá-la. Ernani Maria Fiori 1991 afirma que a pedagogia deve ser:
[...] enraizada na vida dessas subculturas,a partir delas e com elas, será um contínuo retomar reflexivo de seus próprios caminhos de liberação.; não será simples reflexo, senão reflexiva criação e recriação, um ir adiante nesses caminhos [...]
5 continuamente. Essa conscientização histórica ocorre através da cultura onde o homem a apreende e também a cria e recria a todo o instante.
Para analisar a escola do assentamento referido e a educação proposta será necessário também acrescentar a este, o estudo das Cirandas que tal como define Rosseto (2013) são espaços não formais de educação que estão presentes na maioria dos Movimentos Sociais Sem Terra. É uma instituição criada pela cooperativa, mantida pelo centro de formação do Movimento e pelos próprios assentados caracterizando uma educação que intenciona propor às crianças um sentido de participação na organização que fazem parte.
Neiva Biahin traz em seu estudo relata como iniciou o projeto de infância dentro dos movimentos do MST, assim como analisa a relação entre a educação de determinados movimentos e as atividades educacionais nos projetos das Cirandas envolvidas.
2.4 Metodologia
A metodologia utilizada será de cunho etnográfico, pois através dela poderei melhor caracterizar como ocorrem os momentos de expressão das crianças. Ceres Gomes Victora reforça esse argumento ao dizer que:
“A abordagem etnográfica se constrói tomando como base a ideia de que os comportamentos humanos só podem ser devidamente compreendidos e explicados se tomarmos como referência o contexto social onde eles atuam. Para tanto, torna-se fundamental entendermos o ponto de vista do nativo, procurando o significado das praticas pesquisadas para os praticantes.”
Para isso utilizo a observação participante nesta escola de educação infantil. Esta observação ocorrerá durante 2 meses, concomitantemente à elaboração de diário de campo. Também será feita uma entrevista com cada professora abordando a temática da pedagogia do campo e sua historicidade, assim como com a diretora que ocupa papel central na administração de toda a escola. Busca-se analisar como a cultura do
6 Movimento Sem Terra é vista e trabalhada na escola.
2.5 Etapas
O tempo previsto para duração da pesquisa será de aproximadamente três meses. E para melhor compreender como ela se desenvolverá é necessário dividi-la em alguns estágios correspondentes às seguintes etapas:
Primeira Etapa: Preparação
A pesquisadora irá apresentar a pesquisa aos profissionais da escola, bem como entregar aos sujeitos da pesquisa os termos de consentimento para participação da mesma.
Segunda Etapa: Inserção em campo
Após confirmar a participação na pesquisa, se iniciará o momento de inserção em campo. O tempo de inserção em campo corresponderá a dois meses, sendo que a observação ocorrerá efetivamente três vezes por semana.
Terceira Etapa: Coleta de dados
Paralelamente à observação participativa ocorrerão as entrevistas com as professoras e a diretora. Também serão solicitados os documentos gerais que apresentam a escola e sua história. Será proposto aos pais um encontro, o “Chimarreando Nossa História” para conhecer a história da comunidade.
Quarta Etapa: Análise
Como se trata de uma pesquisa qualitativa com inspiração etnográfica a análise será desenvolvida conjuntamente à coleta dos dados aliada às perspectivas dos estudos culturais, promovendo assim uma melhor compreensão da realidade deste campo. Posteriormente à coleta ocorrerá um afastamento do local de inserção para melhor analisar os fenômenos ali observados, considerando a historicidade
7 que os sujeitos da pesquisa apresentaram, assim, como sua relação com a educação ofertada pela escola.
Quinta Etapa: Retorno à comunidade
Após a conclusão da tese a pesquisadora irá ao local convidar a escola e as famílias para participar da apresentação de suas considerações.
2.6 Entrando em campo com as ferramentas
Após a apresentação da pesquisa na escola e entrega dos termos de consentimento informado (apêndices A e B) retornarei à escola em uma semana para recolher os documentos e firmar as combinações sobre os dias de observação que estarão baseados no roteiro (apêndice C).
A pesquisadora irá se apresentar informalmente às professoras da escola e às crianças buscando incorporar-se ao ambiente de forma menos invasiva possível.
Esta deve ser uma aproximação com cuidado e neutralidade para que os sujeitos da pesquisa sintam-se o mais à vontade possível, quer seja para acercar-se da observadora e lhes falar, quer seja para agir o mais naturalmente possível.
As observações ocorrerão de dois modos diversos: descrição da execução do planejamento feito pela professora, as relações que ocorrem entre professor - criança e criança – criança.
Um dia por semana será destinado à entrevista com a diretora (apêndice D), professora (apêndice E) e estudo dos documentos que regem a gestão da escola. Nos outros dois dias as observações percorrerão pelo corredor e turmas da escola, buscando analisar de acordo com o roteiro previamente elaborado (apêndice C). As anotações sobre estes dias comporão os registros do diário de campo.
Com a necessidade de conhecer a historicidade das famílias tanto em relação ao Movimento como em relação à escola será promovido um encontro com os pais, que se denominará: “Chimarreando Nossa História”. Para poder melhor apreender a história do Movimento envolvendo a luta para conquistar o local, à luta pelo direito à educação, resultando na construção da escola e a atual relação das famílias com a escola essa roda
8 de chimarrão e conversa será oferecida ao final do primeiro mês. O encontro será oferecido ao final da tarde, pois a maioria dessas famílias é agricultora, trabalha durante os dias da semana e vende seus produtos aos sábado. Como o conteúdo desse encontro é de suma importância para o desenvolvimento da pesquisa e a conversa se propõe a ser um pouco mais informal, poderá ser ofertado mais um encontro para contemplar todo o assunto em questão. Este encontro contará com as seguintes ferramentas: gravador de áudio e pesquisadora como coletora das impressões.
Durante a coleta dos dados serão elaborados apontamentos referentes tanto aos estudos quanto às observações sobre a historicidade das famílias, escola e sua relação com a educação.
Após os dois meses de inserção em campo a pesquisadora se retirará do local e se debruçará sobre suas anotações e impressões buscando a resposta ao problema da pesquisa.
A pesquisadora apresentará aos grupos envolvidos as considerações que resultaram sua pesquisa.
9 REFERÊNCIAS
FIORI, Ernani Maria. Textos Escolhidos: Educação e Política. Porto Alegre: Ed: L&PM, 1991. v. 2.
FIORI, Ernani Maria. Aprender a dizer sua palavra. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. FREIRE, Paulo Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997b.
ROSSETO, Edna Rodrigues Araújo. Crianças Sem-Terrinha em movimento: brincando, cantando na luta pela Reforma Agraria. Julho de 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997b.
BIHAIN, Neiva Marisa. A trajetória da educação infantil no MST: De Ciranda em Ciranda aprendendo a Cirandar. 2001. 104 f. Tese(mestrado em educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
VICTORA, Ceres Gomes; KNAUTH, Daniela Riva; HASSEN, Maria de Nazareth Agra. A Construção do objeto de pesquisa/ Método etnográfico de pesquisa. Porto Alegre. Editora Tomo Editorial. 2000. Cap. 4-5, pag.45- 57.
10 Apêndice A
Termo de Consentimento Informado
Universidade Federal do Rio Grande do Sul- (UFRGS) Faculdade de Educação- FACED
Eu_____________________________________________, estou sendo convidado a participar da pesquisa de campo relativa ao trabalho de conclusão do curso de pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizado pela aluna Tamara
S. Da Rosa com o acompanhamento da
professora_________________________________. O problema de pesquisa refere-se à questão: Como uma escola municipal de educação infantil que está inserida em um contexto de assentamento de reforma agrária vive a historicidade de suas crianças?
Sei que minha participação se dará em forma de entrevista e esta poderá ser abandonada a qualquer momento, sem que haja prejuízo algum a mim, ou à escola. Também sei que a gravação da mesma, será utilizada somente pela pesquisadora e não será divulgada em momento algum fora do contexto da pesquisa.
Fui esclarecida que o resultado da pesquisa será apresentado à banca examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso, assim como poderá ser publicado em forma de artigos científicos. A pesquisa será disponibilizada à escola para que possam acessá-la.
Sei que minha participação é livre, voluntária. Poderei fazer perguntas a respeito da pesquisa a qualquer momento.
Declaro que estou ciente e fui esclarecido sobre a pesquisa. Concordo em participar da entrevista. ________________________________, ________ de ____________ de 2014. _____________________________________________________ Assinatura do Participante ___________________________________________________ Assinatura da entrevistadora
11 Apêndice B
Termo de Consentimento Informado
Universidade Federal do Rio Grande do Sul- (UFRGS) Faculdade de Educação- FACED
Eu_____________________________________________, estou sendo convidado a participar da pesquisa de campo relativa ao trabalho de conclusão do curso de pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizado pela aluna
Tamara S. Da Rosa com o acompanhamento da
professora_________________________________. O problema de pesquisa refere-se à questão: Como uma escola municipal de educação infantil que está inserida em um contexto de assentamento de reforma agrária vive a historicidade de suas crianças?
Sei que minha participação se dará em forma de entrevista e esta poderá ser abandonada a qualquer momento, sem que haja prejuízo algum a mim, ou à minha comunidade. Também sei que a gravação da mesma, será utilizada somente pela pesquisadora e não será divulgada em momento algum fora do contexto da pesquisa.
Fui esclarecida que o resultado da pesquisa será apresentado à banca examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso, assim como poderá ser publicado em forma de artigos científicos. A pesquisa será disponibilizada à escola para que possam acessá-la.
Sei que minha participação é livre, voluntária. Poderei fazer perguntas a respeito da pesquisa a qualquer momento.
Declaro que estou ciente e fui esclarecido sobre a pesquisa. Concordo em participar da entrevista. ________________________________, ________ de ____________ de 2014. _____________________________________________________ Assinatura do Participante _____________________________________________________ Assinatura da entrevistadora
12 Apêndice C
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
Pesquisador responsável:______________________________ Data da observação:_______________
1. Caracterização do espaço físico
2. Identificação da professora e alunos
3. Descrição da prática pedagógica proposta pela professora
4. Descrição dos momentos de interações entre professora-alunos
13 Apêndice D
ENTREVISTA COM A DIREÇÃO Pesquisador:_______________________________
Data da entrevista:_____________
Entrevistado:____________________________
1. Há quanto tempo trabalha na escola?
2. Conta um pouco sobre sua chegada na escola( relação com as famílias, alunos, funcionários)
3. Como ocorreu a construção do PPP da escola?
4. Conta o que tu sabe sobre a história da escola
5. Como é a relação das professoras com a historicidade das crianças?
6. Descreve a relação das famílias com a escola.
14 Apêndice E
ENTREVISTA COM A PROFESSORA
Pesquisador:_______________________________ Data da entrevista:_____________
Entrevistado:____________________________
1. Há quanto tempo trabalha na escola?
2. Como foi tua chegada na escola (a relação com o local, famílias e alunos)?
3. Conhece a história da escola? Conta como foi.
4. O que consideras para construir o teu planejamento?
5. Como é a relação das famílias com a escola e contigo?
6. Que tipo de vivências as crianças trazem para a escola? Conta um pouco sobre