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CBPF - CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS CBPF-MO-OOI/OO. Anions, Partículas Quânticas em Sistemas Planares. Germano Amaral Monerat

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(1)

Pmí8!YÜ3

ISSN 0102-7468

CBPF - C E N T R O BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Rio de Janeiro

Monografia

CBPF-MO-OOI/OO

Março 2000

A n i o n s , P a r t í c u l a s Q u â n t i c a s e m S i s t e m a s P l a n a r e s

Germano Amaral Monerat

(2)

M O N O G R A F I A

A

Anions, Partículas Quânticas

em Sistemas Planares

Germano Amaral Monerat

1

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L F L U M I N E N S E R I O DE J A N E I R O , FEVEREIRO DE 2 0 0 0

1 monerat@if.uff.br, Universidade Federal Fluminense (UFF), Av. Litorânea s / n - Boa Viagem

24210-340 - Instituto de Física - Pós-Graduação, Niterói, R.J - Brasil.

(3)

Dedicatória

A m i n h a e s p o s a C a r l a .

(4)

Agradecimentos

• Ao Dr. José Abdala Helayél Neto (CBPF) por ter acompanhado a construção de todo este trabalho, dedicando parte de seu tempo ao esclarecerimento de minhas dúvidas, e por sua paciência para com minhas dificuldades.

• Ao Dr. Nivaldo Lemos (UFF), cujas sugestões proporcionaram uma grande melhoria no presente texto.

• Ao amigo Eduardo Vasquez C. Silva, pelas discussões que possibilitaram um melhor entendimento deste assunto.

• Aos amigos Beatriz A. S. de Oliveira, Wanderclakson Santana e Paulo Barros pelas figuras presentes no texto.

• A todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, contribuiram para com este trabalho.

• Ao CNPq pela bolsa concedida.

(5)

Prefácio

Nosso objetivo aqui é a descrição quântica e não-relativística de excitações às quais não obedecem as estatísticas de Fermi-Dirac e de de Bose-Einstein, mas sim a uma estatística intermediária, que é a estatística qualquer (any). Como veremos, isto torna-se possível unicamente em (1+1) e (1+2) dimensões. Isto é devido ao fato de que em duas dimensões espaciais (d = 2), o spin não é quantizado; deste modo, o grupo de rotação é Abeliano!

A importância em considerarmos teorias em sistemas (1+2) dimensões vem do fato de que, até mesmo no nosso mundo tridimensional, existem sistemas essencialmente planos, como se a terceira dimensão fosse congelada.

Rio de Janeiro, dezembro/99. Germano Amaral Monerat.

(6)

Abstract

Our purpose here is to present a general review of the non-relativistic quantum-mechanical description of excitations that do not obey neither the Fermi-Dirac nor the Bose-Einstein statistics; they rather fulfill an intermediate statistics, the we called " any-statistics ". As we shall see, this is a peculiarity of (1 + 1) and (1 4- 2) dimensions, due to the fact that, in two space dimensions, the spin is not quantised, once the rotation group is Abelian!

The relevance of studying theories in (1+2) dimensions is justified by the evidence that, in condensed matter physics, there are examples of planar systems, for which everything goes as if the third spatial dimension is frozen.

Rio de Janeiro, december/99. Germano Amaral Monerat.

(7)

Conteúdo

Dedicatória i Agradecimentos ii Resumo iii Abstract iv índice v Lista de figuras vii

I n t r o d u ç ã o 1 1 P a r t í c u l a s I d ê n t i c a s 3

1.1 Introdução 3 1.2 Estatística Fracionária em Duas dimensões 4

1.2.1 Em (1+3) Dimensões 6 1.2.2 Em (1+2) Dimensões 7

2 A D i n â m i c a d o s A n i o n s 11

2.1 A Equação de Schrõdinger 14 2.1.1 A Invariância de Calibre da Equação de Schrõdinger 18

2.2 O Momento Angular 19

3 A C o n s t r u ç ã o de C h e r n - S i m o n s 23

3.1 A Solução da Equação de Chern-Simons 24

4 Â n i o n s e o E f e i t o Hall 27

4.1 O Experimento Hall Clássico 27 4.2 Um Breve Histórico do Efeito Hall Quântico 30

4.2.1 O Efeito Hall Quântico 30 4.3 Os Platôs de Resistividade 31

4.3.1 A Hamiltoniana 32 4.4 O Fator de Ocupação 35 4.5 O Efeito das Impurezas 40 4.6 O Efeito Hall Quântico Fracionário 41

C o n c l u s õ e s G e r a i s 47

(8)

A A Fase de Berry 49 B O Efeito A h a r o n o v - B o h m 53

(9)

Lista de Figuras

1.1 Partículas Idênticas 5 1.2 Partículas Idênticas -movimento horário 5

1.3 Partículas Idênticas -movimento anti-horátio 6 1.4 Partículas Idênticas em (1+3) Dimensões 6

2.1 O Potencial à 12

4.1 Efeito Hall Clássico 27 4.2 Efeito Hall para elétrons 28 4.3 Os Platôs da Resistividade 31 4.4 A Degenerescência dos Níveis de Landau 36

4.5 Número de Níveis Permitidos 36 4.6 A distribuição da densidade de estados p(E) como função da Energia E. . 40

4.7 Sistema de dois Buracos 46 B.l Esquema para o Efeito Aharonov-Bohm 53

(10)

Introdução

Em sistemas em (1 + 2) dimensões, o grupo das rotações é Abeliano, de modo que as partículas podem carregar qualquer spin real, e consequentemente apresentarem es-tatísticas fracionárias. Isto surgiu em física recentemente, com os trabalhos de D. Finkel-stem e J. Rubistein[ 1] (1968) e de J. M. Leinaas e J. Myrheim[2] (1977), obtendo popu-laridade apenas em 1982 através dos artigos de Wilczek[3, 4], que chamou de anions tais partículas, pois estas carregam qualquer spin e, consequentemente apresentam estatísticas fracionárias. A partir de então, a introdução de ânions na física em duas dimensões cria também uma " ponte" entre a Física da Matéria Condensada e a Teoria de Campos. Posteriormente, em 1983, R. B. Laughhn[5] mostrou que estas partículas apresentam um importante papel na explicação do assim chamado efeito Hall quântico fracionário, onde tais partículas podem se configurar em excitações tipo-vórtice das funções de onda de Laughlin, carregando estatística fracionária. Desta forma o estado fundamental do efeito fracionário pode ser descrito através de um condensado destes vórtices, conforme mostrado por D. M. Haldane[6], também em 1983.

Apesar de não existir nenhuma explicação satisfatória, alguns físicos tem cogitado uma teoria de supercondutividade aniônica como um candidato a explicar as propriedades sirpercondutoras observadas em certos materiais a altas temperaturas. Para o leitor in-teressado, sugerimos os seguintes trabalhos: F. Wilczek, E. Witten and B. I. Halperin[7] (1989) e J. D. Lykken, J. Sonnenschein and N. Weiss[8] (1991).

Recentemente, em gravitação, alguns estudos envolvendo tais partículas vêm sendo proposto, como por exemplo S. Klishevich, M. Plyushchay[9] (1999), no qual é apresentado um modelo com linhas de universo tipo-luz para partículas massivas em (1 + 3) dimensões e em (1 + 2) para ânions.

O nosso propósito é fornecer uma revisão introdutória, concisa e objetiva dos fatos mais marcantes relacionados a Física dos Anions, fazendo o levantamento da literatura de referência existente; com isto, pretendemos motivar e justificar a relevância de se atacar problemas planares em Teoria de Campos com vistas a aplicações em sistemas de Física da Matéria Condensada.

Este trabalho desenvolve-se de acordo com a organização seguinte: no capítulo 1, revisamos um estudo sobre um sistema de partículas idênticas e suas conseqüências em (1 + 3) e (1 + 2) dimensões; em seguida, no capítulo 2, analisamos a dinâmica dos ânions. O capítulo 3 propõe-se a descrever a construção de Chérn-Simons, para um sistema de N ânions e, no capítulo 4, fazemos um breve apanhado sobre o Efeito Hall e sua relação com tais partículas. Finalizando, apresentamos as conclusões gerais da monografia.

(11)

Capítulo 1

Partículas Idênticas

1.1 Introdução

No mundo clássico, as partículas idênticas de um determinado sistema podem ser nu-meradas uma a uma, o que nos permite, em princípio, acompanhar a evolução no tempo de cada uma delas ao longo de suas trajetórias. Dizemos então que a individualidade destas partículas é preservada. Porém, no nivel quântico, esta situação muda drásticamente, pois, devido ao Princípio da Incerteza de Heisenberg, o conceito de trajetória não mais existe! Dessa forma, na mecânica quântica partículas idênticas perdem por completo a sua individualidade. Em outras palavras, em um sistema de partículas idênticas, ao lo-calizarmos uma destas em um dado instante de tempo em um certo ponto, não podemos dizer de qual partícula se trata.

Suponha um sistema formado por duas partículas idênticas. Se trocarmos uma partícula pelos da outra (o que eqüivale a trocar os números quânticos de uma pela outra), isso não altera a configuração do sistema:

= Çi)|2, (1.1)

onde qi representa as coordenadas e a projeção do spin de cada uma das partículas. Assim, as funções em (1.1) devem diferir uma da outra apenas por uma fase arbitrária:

Q2) = el a iP(q2, çx), (1.2)

onde Q é uma constante real.

Multiplicando (1.2) por é1 a temos:

-0(92, Qi) = e2í Q <?i), (1.3)

donde

e2 i a = 1 = > eia = ± 1 Logo

q2) = ±^(q2, qi). (1-4)

(12)

CBPF-MO-OOl /OO 4

• A função de onda é simétrica; ou seja, não se altera com a troca das partículas; • A função de onda é anti-simétrica; ou seja, troca de sinal com a troca das partículas. Se (g) e 02(g) são estados de uma partícula, podemos escrever:

92) = ^ (0i(Çi)02(Ç2) + 0i(92)02(9I)), (1-5)

•0a(9l, 92) = (0l(9l)02(92) - 0l(92)02(9l)) , (1.6)

onde ips(gx, g2) é uma função simétrica e ipa(Çi, q2) é uma função anti-simétrica. Aqui, o

fator l / \ / 2 , foi introduzido por motivo de normalização.

Experimentalmente verifica-se que a função de onda descrita por (1.5) corresponde a partículas de spin inteiro. Tais partículas são denominadas bósons e obedecem à chamada estatística de Bose-Einstein[10], enquanto que as partículas descritas por funções de onda do tipo (1.6) correspondem a partículas de spin semi-inteiro e são denominadas de férmions. Estas, por sua vez, obedecem à chamada estatística de Fermi-Dirac[10].

Uma conseqüência disto é o Princípio de Exclusão de Pauli1, que estabelece que duas partículas idênticas não podem ocupar o mesmo estado quântico, pois se fizermos gx = g2

encontramos, no caso de uma função de onda anti-simétrica, ^ a ( 9 l , 92 = 9l) = 0.

Assim, nos parece que no mundo em que vivemos ( 3 dimensões espaciais) há dois tipos de partículas idênticas; bósons e férmions, as quais obedecem respectivamente às estatísticas de Bose-Einstein e Fermi-Dirac. Vimos também que uma outra diferença importante entre essas partículas se deve ao fato de os bósons não obedecerem ao princípio de exclusão de Pauli, o que significa que um mesmo estado quântico, pode ser ocupado por um número arbitrário de bósons, o que não é possível no caso dos férmions.

1.2 Estatística Fracionária em Duas dimensões

Vimos até agora que a noção de estatística está usualmente relacionada com o sinal que u m a função de onda de muitos corpos adquire quando quaisquer duas partículas são trocadas. Assim sendo, vamos buscar uma definição mais geral de estatística.

Vamos supor que quando nós movemos a partícula 2 em torno da partícula 1 por um ângulo azimutal Aip (veja figura 1.1) a função de onda muda de acordo com a expressão ( 1 . 2 ) :

^ ( 9 i , 92) - ^ ( 9 i , 92) - ew ^ ip(gi, 92). (1.7)

(13)

CBPF-MO-OOl /OO 5

Figura 1.1: Q u a n d o a p a r t í c u l a 2 é m o v i d a p o r u m â n g u l o Aip, a f u n ç ã o d e o n d a m u d a para ip'(qi, 92)-Como podemos ver em (1.7), a fase adquirida pela função de onda depende do parâmetro i', o qual costuma ser chamado de estatística.

Para compreendermos melhor o significado de v, vamos considerar a troca de duas partículas. Esta troca pode ser realizada de duas maneiras:

i ) A<p = tt - <//(gi, 02) = 92).

Tal situação é representada pela figura 1.2.

Figura 1.2: A t r o c a d e d u a s p a r t í c u l a s é r e a l i z a d a p e l o m o v i m e n t o a n t i - h o r á r i o d a p a r t í c u l a 2 e m t o r n o d a p a r t í c u l a 1 p o r u m â n g u l o Atp = n.

Em seguida, executando uma translação rígida do centro de massa, alcançamos a configuração inicial no espaço.

(ii) A<p = TT -> iP'(qu q2) = e-iv* Tal situação é representada pela figura 1.3.

Novamente, executando uma translação rígida do centro de massa, alcançamos a con-figuração inicial no espaço.

No caso (i), a função de onda adquire uma fase e1 77 u, enquanto no caso (ii) adquire

uma fase e~~1 n v.

Por meio deste exemplo simples, veremos que existe uma grande diferença entre duas e três ou mais dimensões.

(14)

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p a r t í c u l a 1 p o r u m â n g u l o Aip = —TT.

1.2.1 E m ( 1 + 3 ) D i m e n s õ e s

No exemplo que acabamos de considerar, os casos (i) e (ii) não apresentam qualquer diferença intrínseca. Isto fica mais claro através da figura 1.4, onde sempre nos é possível deformar a transformação (i) de maneira contínua de modo a obter (ii).

Logo, como vemos pela figura 1.4, ambos os casos (i) e (ii) correspondem à mesma operação física, pois podemos através de transformações contínuas, elevando o caminho (i) para a dimensão z e depois dobrando-o sobre o plano obtemos (ii). A conseqüência disto é que a função de onda deve-se comportar do mesmo modo em d > 3 dimensões. Dessa forma:

é 7 r u = e~i 77 (1.8)

Desta equação decorre que

eiw" = ±1,

o que eqüivale a dizer que há apenas dois valores possíveis para v. u = 0 ou ^ = 1 (em módulo 2).

Este exemplo simples confirma o que já haviamos discutido na introdução deste tra-balho, ou seja, que as estatísticas não podem ser arbitrárias. Sob a troca de duas partículas

(15)

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idênticas, a função de onda apresenta-se com o mesmo sinal v — 0 (estatística de Bose-Einstein) ou um sinal menos (estatística de Fermi-Dirac), não havendo outras possibili-dades.

No caso de duas dimensões espaciais, a situação muda drasticamente; pois não é mais possível deformar continuamente o caminho em (i) no outro em (ii), já que, por hipótese, cada partícula não pode atravessar a outra. Desse modo, em d = 2 dimensões espaciais, (i) e (ii) são duas operações fisicamente distintos. Vemos assim, que o ângulo azimutal Ayo em duas dimensões espaciais é uma quantidade bem definida, o que não é verdade no caso de d > 3 dimensões.

Concluímos, então, que em duas dimensões espaciais a identidade (1.8) não é mais válida e, ainda, que o parâmetro estatístico u pode ser arbitrário, ao menos em princípio. E esses valores arbitrários assumidos por u ^ 0 , 1 (módulo 2), geram uma estatística que não é a de Fermi-Dirac nem a de Bose-Einstein. Trata-se da chamada estatística qualquer ou estatística aniônica. Assim sendo, as partículas que obedecem a esta estatística são denominados ânions, que corresponde ao objeto de nosso estudo.

Uma conseqüência da estatística aniônica é a violação das simetrias discretas de pari-dade P e reversão temporal T. Em outras palavras, sob u m a transformação de paripari-dade ou reversão temporal a fase adquirida pela função de onda ip(qi, q2) muda de acordo com:

para os casos (i) e (ii), respectivamente, e para v 0 , 1 uma violação de P e T ocorre, como podemos observar através das figuras 1.2 e 1.3. Esta u m a importante característica dos ânions.

Voltando ao nosso exemplo, este deixa bem claro que em duas dimensões espaciais (d = 2) não basta especificar as configurações inicial e final para caracterizar completamente o sistema; mas também torna-se necessário especificar as diferentes trajetórias torcidas ou trançadas entre si.

Como acabamos de mencionar, o caminho percorrido no caso dos ânions torna-se importante. Então, considerando MdN o espaço de configuração de um conjunto de

N partículas idênticas em d dimensões espaciais e sendo q e q' dois pontos arbitrários em MdN, de acordo com a formulação padrão de integral de caminho[ll] da mecânica

quântica, a amplitude de probabilidade para o sistema evoluir a partir da configuração q num tempo t para u m a configuração q' num tempo t' é dada por:

1.2.2 E m ( 1 + 2 ) D i m e n s õ e s

exp(±i-Kv) —> exp^inu),

K(q', t'-q, t) = < q', t'\q, t > .'. •t'

(1.9)

onde C(q, q) é a lagrangiana para um sistema de N partículas e o símbolo Dq

(16)

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denota a soma sobre todos os caminhos que conectam q em um tempo t a q' em um tempo t'. O propagador K(q', t'; q, t) evolui a função de onda ip(q, t) de modo único conforme

4>(q',t') = í d q < q ' , t'\q,t><q,t\ll>> JMNd

</>(<?', o = í dq<q', t'\q,t>iP(q,t). (1.10) J Mn

Sem nenhuma perda de generalidade, nós escolheremos q = q' e assim descreveremos laços ("loops") em Mjy. Esta escolha é feita baseada no fato de os laços serem invariantes topológicos e carregarem consigo o conteúdo físico da teoria.

Dois laços são considerados equivalentes (ou homotópicos) se um pode ser obtido a partir do outro por uma deformação contínua.

Todos os laços são agrupados em uma classe e o conjunto de todas as classes de equivalência é chamado de Grupo Fundamental, e é representado por 7Ti. Então, um elemento de T Í J( M f4) a classe de todos os laços em M f j que podem ser continuamente

de-formados um no outro. Em outras palavras, laços pertencentes a dois diferentes elementos de tti (A'4) não podem ser conectados por uma transformação contínua. Com isso, basta consideramos apenas um laço de cada classe homotópica diferente e então efetuarmos a soma sobre as classes homotópicas a e iti(M%) e para uma integral de caminho em cada classe. Dessa forma, (1.9) pode ser escrita como:

K(q', t';q, t ) = £ Ka(q', t';q, t ) . \

ae7n( M%)

V I ' , ' ^ / ^ ' W i f dr£[qa(T),qa(r)} M l l ,

K{q,t;q,t) = / Dqa en Jt (1.11)

A expressão (1.11) representa a decomposição da amplitude K(q', t'-,q, t) em uma soma de subamplitudes Ka (q', t';q, t) para os quais unicamente laços homotópicos con-tribuem. Assim, podemos em princípio associar diferentes pesos a diferentes subampli-tudes Ka (q'. t': q, t) de modo que preservemos as regras convencionais para a composição de probabilidades. Logo, (1.11) pode ser escrita na forma:

% r1'

rq(t')=g' - / d r C l q M . q J r ) }

K{q\ t'-q, t ) = £ £(<*) / Dqa eh Jt h q"{ ( 1 . 1 2 )

onde £(a) são números complexos. Para (1.12) fazer sentido como amplitude de proba-bilidade, os pesos £(a) não podem ser arbitrários, mas devem satisfazer

t(a)Z(0)=Ç(<*P), (1-13)

(17)

CBPF-MO-OOl /OO 9

Quanto ao espaço M f f 2 e seu grupo fundamental, consideraremos um sistema de N

partículas idênticas movendo-se em um espaço euclidiano de dimensão d = 2, $Rd=2. A

configuração do sistema de N partículas idênticas é especificada por um elemento de

(Kd = 2)w = 3f?d=2 ® ...<g) 3çd=2. (1.14)

Contudo estamos supondo que tais partículas não podem ocupar a mesma posição, de modo que nós temos que remover a diagonal generalizada:

A = { ( n , ... rN) e ($ld=2)N, ri = Tj para algum i . (1.15)

As partículas em questão são idênticas e indistinguíveis, de modo que nós devemos iden-tificar configurações que difiram somente no ordenamento das partículas. Em outras palavras, nós dividiremos pelo grupo das permutações SN. Assim, o espaço de con-figuração para nosso sistema é

M n^ 2 = - A ( L i g )

S N

Encontrar o grupo fundamental de um tal espaço é um problema padrão em topologia algébrica, o qual foi apresentado e resolvido nos anos 60 (Fadell e Newirth 1962; Fox e Neuwrith 1962; Fadell e VanBuskirk 1962). Aqui, nós apresentaremos simplesmente o resultado e faremos referência à literatura especializada para a sua demonstração. Prova-se que o grupo fundamental de é

VTl ( MN d ) =

Sn , se d > 3

(1.17)

Bn , se d = 2

onde Bn é o grupo fundamental das tranças de Artin de N objetos, que contém o grupo das permutações como um subgrupo (Artin 1926, 1947).

(18)
(19)

Capítulo 2

A

A Dinâmica dos Anions

Considere uma partícula pontual interagindo com um campo magnético (sem campo elétrico). A lagrangiana para tal sistema é:

£ = ]rmr' + - f • Ã ( r ) ( 2 . 1 ) £ c ou 1 -u ^ e ^ _ _ C = -mrl • r* + -r* • A(r*), (2.2) áí c

onde Air1) é o potencial vetor do campo eletromagnético; rl é o vetor posição da i-ésima partícula; m sua massa e e sua carga. Chamando A(rl) = A\ as equações de movimento de Euler-Lagrange d£ _ d_d£ _ dr1 dt dr1 fornecem: ÕC e.dA1 dr1 c dr1 e ,/ — = mrl + -A1, or1 c Então: ••. e ÍdA1 - dA^ mrL + - — r1-—- = 0. c \ dt dr1 J dAl _ _ d A1 •. dt ~ dri dt ~ dr{ ••. e ÍdA1 dAl\ n mrl + -rl —— - — - = 0. 2.3) c \drl dr1 J v '

Nós definimos o campo magnético em duas dimensões espaciais como:

B = ex, dlA \ (2.4)

Porém:

(20)

CBPF-MO-OOl /OO 12

onde eij é o tensor de Levi-Civita em duas dimensões1, sendo, assim, totalmente

anti-simétrico. A partir daqui, obtemos:

eimB ^Im^ijd AJ . .

eimB = (8ü8jrn - 6im6ji) d1 A3

elmB = dtAm-dmAl (2.5)

Dessa maneira, a expressão (2.3) em termos de B apresenta a seguinte forma:

mrl + -eüriB = 0.

c ( 2 . 6 )

Tal expressão, possui seu análogo em três dimensões e •

mf+ - f x B = 0, c

onde B = Bêk, sendo a força de Lorentz:

F = — r x B. c

Vamos supor que A seja potencial vetor de um campo do tipo de um solenóide. Assim haverá um campo magnético constante dentro do solenóide, o qual se anula fora dele cuja forma possível é

f M

(2.7) onde f(r) deve ter um comportamento tal que para r > R, onde Ré o raio do solenóide, a função / ( r ) seja constante. Este comportamento é representado pela figura 2.1.

Figura 2.1: O p o t e n c i a l A t e m o c a r a t e r de u m v ó r t i c e . R e p a r e q u e p a r a r > R, o n d e R é o raio do s o l e n ó i d e a f u n ç ã o f(r) é c o n s t a n t e , d e m o d o q u e para t a i s valores d e r o c a m p o m a g n é t i c o a s s o c i a d o é nulo. Na notação vetorial

à ( f ) =

/ W ê »

27T r ( 2 . 8 )

1 Consideraremos que a partícula encontra-se num espaço com métrica euclidiana, de modo que Am =

(21)

CBPF-MO-OOl / 00 13

A então tem um carater de um vórtice, com o comportamento assintótico

Repare que:

= ^ (2-9)

— = Varg(r) = Varctan(~). ( 2 . 1 0 )

Vemos que A tende a um calibre puro no infinito. Desta forma, através de uma trans-formação de calibre do tipo

= (2.ii) onde

n = ( 2 . 1 2 ) obtemos:

As = ^ (f(r) ~ /(oo)) Varg(r). (2.13)

Utilizando a transformação de calibre (2.13), o campo magnético B dado por (2.5) fica so a forma:

Bs = ei3 diAsj

Bs = el] dlA] + €jj ÕWQ

Bs = B-í^ujdWargir). (2.14)

Z7T

Vamos agora calcular o termo e^ dldJ arg(f). Assim:

£arg(r)= £arctan(%) = e

^rg{r)= JLarctan(%) = ^

Em uma forma mais compacta:

dlarg(r) = - e ^ (2.15) Aplicando eu em (2.15) temos: eltdlarg(r) = - ( W - ^ H Ti eüffarg{r) = -(26[ - 8\) ^ : eüdlarg(r) = ( 2 . 1 6 )

A expressão (2.16) pode ainda ser reescrita como:

(22)

CBPF-MO-OOl / 00 14

onde r = y/x'2 + y'2. A equação (2.17) é conhecida como a equaçao de Cauchy-Riemann[12].

Atuando o operador d1 em (2.17) temos:

etj d'd3arg(r) = ^ / « ( r ) . (2.18)

O segundo membro de (2.18) irá se anular sempre que r ^ 0 . Podemos escrever a expressão (2.18) na forma

el3 tftfargir) = 2rr62(r), (2.19)

onde 52{f) é a função delta de Dirac[13]. Assim, o campo magnético Bg dado por (2.14)

pode ser reescrito como:

Bs = B + SB (2.20)

onde:

6B = —/(oo)<52(f). (2.21)

De acordo com (2.20), a transformação de calibre (2.13) induz um campo magnético adicional na origem da forma (2.21). Como a transformação de calibre não deve mudar o campo B, nós devemos excluir a origem (pelo menos no nível clássico). Para isso, vamos supor que através de algum mecanismo, nossa partícula pontual encontra alguma barreira em r = 0, impedindo assim que ela passe por este ponto.

Agora, vejamos que efeito, no nível quântico, esta transformação de calibre produz.

2.1 A Equação de Schrõdinger

Para a descrição quântica, vamos considerar a formulação hamiltoniana, obtida a partir da lagrangiana (2.1). Para isso, primeiramente devemos obter o momento conjugado a f:

dC • e

Pi = —- = mr* + -Al(r). (2.22)

or1 c

A função de Hamilton ou hamiltoniana do sistema[14] é dada por:

H = 'r- P - C ( 2 . 2 3 )

Ti = L(p-ÍÂ)- P --mr Ã(r):.

m l

c J

2 c w

H = 2 ^ C v ' c2

(2.24)

A hamiltoniana (2.24) encontra-se na forma Hermitiana[15], e comumente é expressa sob a forma:

ou

(23)

CBPF-MO-OOl / 00 15

onde n = rrir é chamado de momento orbital[15]. Como sabemos, a variação da energia cinética em função do tempo é o trabalho realizado pelo campo sobre a partícula (em unidades de tempo). Assim:

àU r -j. .

— = — • r. (2.27) at m

Substituímos em (2.28) a expressão (2.6) vemos que: dK e u • • D n

— = € Ti • rtB = 0,

at mc ( 2 . 2 8 ) lembrando que o produto de um tensor antisimétrico de segunda ordem por um tensor simétrico, também de segunda é nulo[13]. Dessa forma, vemos que o campo magnético não realiza trabalho sobre a partícula carregada.

O processo de quântização canônica[16] consiste em transformar as variáveis canônicas em operadores e os parêntes de Poisson[14] em comutadores[10]. Assim sendo, vamos obter os comutadores da nossa teoria. São eles:

[r\ rJ] = rVJ - rV = 0

[RR, IF']</> = I Í N V -

IF'nv

[IT, W]<P

[n\

p'piy - -F(AV) - -AlP'Jp + —rA^A^ip - pjplip+

+ -PJ{Ai<p) + -AjPi<p-^-A:iAi<p

Supondo que <p tenha derivadas segundas contínuas, o que acarreta a comutatividade das derivadas parciais, e ainda lembrando que

Pl = -ihdK (2.29)

temos

r-j-rj ihe (d A1 d A3'

(2.30)

Utilizando a expressão (2.5) podemos reescrever (2.30) na forma

(24)

CBPF-MO-OOl / 00 16

Consideremos agora o comutador [rl, IF]:

\r\ W}ip = rl[PJ - ^Aj{r)j v-[P3 ~ ~cA3(r) ) rV

[r\ n3}ip = ihip dr 1 dri

r \ IF = ihôlj. (2.32)

Com o que vimos, podemos resumir as relações de comutação obtidas: [r\ ri] = 0 [ i r , w ] = [P\ pi] = o , [r\ IF] = M * . éjB(r) (2.33)

Então, usando as relações de comutação (2.33), podemos obter a versão quântica da força de Lorentz, com a ajuda da equação de movimento de Heisenberg2[15]:

m-

d V _ dW 1

dt2 dt ih r r , n m m m m = — ( i r i F2- i p 2i r ) 2mih V ) d2ri 1 dt2 2 mih d V 1 dt2 2 mih d V ~ e ( dt2 2mc V d V ~ e ( j dt2 ihe, (ITIF)IF - IF(ITIF) WEIJB (eijBUj - IP ejiB) :. (2.34)

A expressão (2.34) é a versão quântica da força de Lorentz em duas dimensões espaciais, no caso de uma partícula carregada num campo magnético.

Com relação a equação de Schrõdinger

o

m = ih—v,

dt (2.35)

(25)

CBPF-MO-OOl/OO 17

onde Ti é o operador hamiltoniano (2.25), esta equação deve ser invariante de calibre pois é dela que deduzimos as predições de situações físicas, que devem ser unívocas, não podendo assim depender de uma função arbitrária O. A equação de Schrõdinger (2.35) também pode ser escrita como:

= (2.36) Repare que, enquanto a transformação de calibre (2.13) transforma a hamiltoniana (2.25)

para

H s = éí ~ í c à s { r ))2 ( 2-3 7 )

com

Ãs = Ã(r) + ^Varg(r), (2.38)

onde chamamos = —/(oo), e a função de onda de Schrõdinger deve ser submetida ao mapeamento

tf (r, t) tf (r, t)s = e t ^ tf (r, t). (2.39)

(26)

CBPF-MO-OOl/OO 18

2 . 1 . 1 A Invariância de Calibre da Equação de Schrõdinger

Podemos postular que a equação de Schrõdinger deve ser invariante de calibre, pois é desta equação que deduzimos as predições de situações físicas, que devem ser unívocas, não podem depender de uma função arbitrária Q. Este postulado também exige que a função de onda ser transforme segundo (2.39). No caso de uma transformação global de fase, onde a função Çl é uma constante, a invariância da equação de Schrõdinger verifica-se imediatamente. Porém quando a função Q = f1(x) (invariância local de fase), a verifição não é tão evidente.

Aqui Í2 é uma função do operador posição r. Para que a equação de Schrõdinger seja invariante de calibre é necessário que o valor esperado dos operadores r e (P — ^Â) não se alterem em conseqüência da transformação de calibre. Em outras palavras:

' Jtf*(r, í ) r t f ( r , t)dr = J i ) r t f 5 ( r , t)dr

Jtf*(r, t) ( P - \Ã) tf (r, t)dr = Jtf*5(r, t) (P - f y f5) tf5(r, t)dr

(2.40)

onde tf é a função de onda na presença de A, enquanto tf 5 é a função de onda na presença de As- A validade das propiedades (2.40) é garantida se

rfir) = r, onde Então: f ie Cl 1 V = eXP \2^-cJ-r j U P - ^ eVQ 27The T) = P eA 2ir hc (2.41) (2.42) (2.43) Isso ocorre pois:

=

exp

{^c

ü

)

Pexp

(ik

rf Pr) rf Pr/ tf Pr] = P + n í ~ie n exp I „ , i i \2txhc e ( —ie P> 6 X P {Mc" + P:. 27Thc Víí. (2.44)

Então, a equação de Schrõdinger é invariante de calibre. Mas, devemos estar cientes que a equação de Schrõdinger é ivariante de Galileo, enquanto que o calibre de Lorentz é invariante de Lorentz. E é por isso que devemos postular que a equação de Schrõdinger deva transforma-se segundo (2.39).

(27)

CBPF-MO-OOl/OO 19

2.2 O M o m e n t o Angular

O operador momento angular (conservado), gerador de rotações de nosso sistema de uma partícula é definido como

Jc = rxP. (2.45)

Então, de acordo com o que vimos no capítulo anterior,

- > e —

Jc = fxmv-\ — fxA(r). (2-46) 27me

De acordo com (2.8), podemos escrever o potencial vetor na forma

= T- íz2~T~227r V x êi + - J T í ® ; ) > (2-47) z + yz x* + y2 1 de modo que (2.48) onde J — rxmv (2.49) —• —* é invariante de calibre o momento angular orbital. A diferença entre Jc e J deve-se

unicamente ao fluxo do campo magnético $ de um solenóide. Tanto na ausência quanto na presença de o momento angular canônico é representado pelo operador da mecânica quântica:

Jc = - i h ( 2 . 5 0 )

onde 6ê o ângulo polar no plano.

Quando ele atua sobre uma função de onda unívoca com dependência angular eimd,

temos

Jci> = jclp •'•

jc = hm ; m £ Z, (2-51)

onde jc corresponde aos autovalores do operador Jc.

Então, o espectro de Jc é sempre o convencional. Está claro que quando $ = 0 temos Jc = J, de modo que o momento angular orbital tem unicamente autovalores inteiros.

Contudo, quando $ isto não é inteiramente verdadeiro. De (2.48) temos

e d e

J = J $ = —jfr <b

(28)

CBPF-MO-OOl/OO 20

o qual atuando sobre uma função de onda do tipo apresenta autovalores:

j = n [ m - ^ j , meZ. (2.52)

Então o espectro de J consiste em inteiros deslocados por

Geralmente, na mecânica quântica, nós nunca consideramos o momento angular or-bital, uma vez que a quantidade conservada é apenas a canônica. Porém aqui, o valor inteiro do momento angular canônico é dividido em duas partes:

e<3>

JC = J +

2-jrhc

Quando variamos $ de um valor inicial $ = 0 onde Jc = J até um valor $ num tempo t,

temos que Jc ainda mantém seus autovalores constantes e inteiros porque é uma grandeza

conservada em conseqüência da invariância de rotação do sistema para o qual Jc é a carga

conservada de Noether. Porém quando o fluxo alcança seu valor final temos que J (momento orbital) apresenta autovalores não inteiros, apesar de que o momento angular total (canônico) permanece inteiro. Assim, a interação com o campo magnético externo, pela variação de <í> em (2.47) a qual supomos ocorrer de forma adiabática, faz com que o momento angular de nossa partícula

permaneça inalterado, isto é:

p<h

Jc = J+7r~r (2-53) Zirnc

A dependência temporal do campo magnético induz um campo elétrico de acordo com a lei de Faraday, dada por:

V x l M ) « É(r,t) = (r,t).\ (2.55) É(r,t) = _ J _ $ ( í ) V a r g ( r ) , (2.56) correspondentemente nós temos: dJ dr _ •• —— — — x mr + r x m n . . dt dt x ' dJ _ — = r x mr. (2.57) dt

(29)

CBPF-MO-OOl/OO 21

Note que a força que aparece no segundo membro corresponde à força externa que, no presente caso vem a ser eE(r,t). Logo:

dJ - ^ , — = r x eE[r, t) . . dt v ' ' dJ —e dt 2irhc dJ —e dt 2nhc Ò(t)fx Varg(r) .'. $(t), (2.58)

com a condição inicial

J = m, t = 0; m e Z. (2.59) E num tempo final t

gá)

J = - — (2.60) Vemos que (2.58) está de acordo com (2.54). Então J adquire valores não inteiros,

en-quanto que o momento angular total permanece inteiro.

Baseado no que vimos até então, vamos considerar um sistema bidimensional composto por dois ânions idênticos, ou seja, elétrons com carga e associados a um fluxo de campo magnético, através de um potencial vetor tipo-vórtice dado por (2.8).

Para estabelecer as propriedades estatísticas dessas partículas, vamos considerar que a função de onda deste sistema é tf (1,2). Movendo lentamente a partícula 1 em torno da outra por um ângulo A<p = 27r, a função de onda do sistema se altera de acordo com (1.7), apresentando a seguinte forma:

tf'(l,2) = e2niu tf(1,2). (2.61)

Por outro lado, de acordo com Aharonov-Bohw?, a presença de um vórtice apesar de não afetar a dinâmica clássica de uma partícula carregada, isto tem profundas con-seqüências em mecânica quântica. Quando uma partícula é movida em torno de um vórtice, sob uma trajetória fechada 7, a função de onda adquire uma fase (veja apêndice B) do tipo:

e f c ^Ã d\ (2.62)

O uso do teorema de Stokes nos permite escrever (2.62) na forma: 27ne$

e hc , (2.63) onde $ é o fluxo do campo eletromagnético.

No caso do sistema de dois ânions, quando as partículas estão girando cada uma em torno da outra, surgem duas contribuições a fase:

(30)

CBPF-MO-OOl/OO 22

• a primeira devido ao movimento da partícula carregada em torno do campo de vórtice da segunda;

• a outra, devido ao movimento da segunda partícula carregada em torno do campo de vórtice da primeira.

Assim, a fase total adquirida pela função de onda tf (1, 2) sobre uma rotação de 2tt é 2?r 2ietf

e Tic . (2.64) Dessa forma, de acordo com o chamado efeito Aharonov-Bohm, a função de onda do

sistema fica na forma:

2?r 2ie$

tf'(l, 2) = e JTe tf (1,2). (2.65) Comparando (2.61) com (2.65) temos:

„ = ™

(2

.

66)

hc

Vemos então, que ânions apresentam uma estatística fracionária, tendo em vista que u dado por (2.66) não é um número inteiro.

Uma outra maneira de descrevermos um sistema como este, porém, para muitos ânions, é através da chamada construção de Chern-Simons, a qual será apresentada a seguir.

(31)

Capítulo 3

A Construção de Chern-Simons

Neste capítulo, apresentaremos a construção de Chern-Simons para descrição de um sistema de N ânions no qual as coordenadas rl(t) são variáveis dinâmicas, cuja dinâmica é

determinada pelas equações de movimento de Euler-Lagrange e equações do tipo Maxwell, respectivamente. Assim, tal sistema apresenta a seguinte lagrangiana:

1 N -2 r

C=~Y,mra - e j ( f x J ^ x , t)A"{x, t) + Ccs, (3.1) Q—1

onde o termo de Maxwell1 foi substituído pelo termo topológico de Chern-Simons, que é

dado por:

e ^ é o coeficiente de Chern-Simons e A ^ é o 3-potencial de um solenoide localizado na origem do sistema de coordenadas, de modo que trata-se de um calibre puro, o qual pode ser escrito sob a seguinte forma vetorial:

A (r) = J L v a r 0 ( f ) . (3.3) A substituição do termo de Maxwell pelo de Chern-Simons deve-se ao fato de que o

termo de Maxwell levaria a equações do tipo

dvF^ix, t) = eJ"(x, t), (3.4) (após a derivação funcional com respeito a # ) o que não descreve a dinâmica dos ânions.

Isto porque para o presente caso os campos E(x, t) e B(x, t) devem exitir apenas local-mente (não podendo propagarem-se); o que nos leva ao termo de Chern-Simons, o qual relaciona tais campos com as componentes do 3-vetor dado por:

(Ea S2(x-ra(t)) \

J" = (3.5)

V_£a ?*(t)62(x-ra(t)) ;

1A lagrangiana de Maxwell é dada por Lm = — j^F^F^, onde _FM1/ corresponde ao tensor do campo

(32)

CBPF-MO-OOl/OO 2 4

A dedução das equações de movimento de Euler-Lagrange para as coordenadas das partículas é um pouco mais sutil. Temos que nos lembrar de que a dependência de J** no tempo entra através das coordenadas das partículas. Então:

o /I = mrl + e^(rQ(í), t) (3.6) dr Q d BL (r)Ai\ _ m - j + er-j( \ _+e3aA'ifa,t) (3.7) ac fj 2 dô2(x — fa)A° , r 2 .,. dóHx-f^Aj —— — —e / d x „ . + e / d x rJ — - 3.8) drl J dr], J drl y ' ou ÍdA1 dAi\ V / x=ra

Esta por sua vez pode ser escrita na forma:

+ eeijfÍBira, t) - e£'(ra, í) = 0. (3.10)

A expressão (3.10) é a versão bidimensional da força de Lorentz. Para a descrição de um sistema de N ânions interagindo, temos que fazer a derivação funcional da lagrangiana (3.1) em relação a A11. Tal variação fornece

\ 47r

A »FX "(í, t) = —J^x, t), (3.11)

a qual substitui as equações de Maxwell (3.4), enquanto que as equações de Euler-Lagrange (3.10) permanecem válidas.

3.1 A Solução da Equação de Chern-Simons

As equações de Chern-Simons (3.11) podem ser escritas como equações de vínculos para os campos elétrico e magnético, na forma

(3.12) (3.13) B = j p , El = onde / O Ex Ey \ F^ =\ -Ex 0 B \ v -Ey -B 0 ) (3-14)

(33)

CBPF-MO-OOl/OO 25

Utilizando a definição para o campo magnético B temos de acordo com (3.12): 2tt

7

eijdiAj = —p. (3.15)

Para encontrarmos a solução da equação (3.15), primeiramente devemos escrever o inverso do operador el3 d1, que é dado por

Kj(x) = ^-ejkdkln\x\ (3.16) 2tt

e satisfaz

eijdiKj(x) = 62(x). (3.17)

Assim, (3.16) pode ser escrita também na forma:

V x K(x) = -62(x). (3.18)

Isto é conveniente para introduzir também o inverso do operador de Laplace:

G(x) = ^-ln\x% V2G(X) = 62(X). (3.19)

47r

Dessa forma, vemos que Kl{x) e G(x) são relacionados por

K\x) = eijdjG{x). (3.20)

Então, a solução de (3.15) é dada por

27T r

-A(x, t) = j j d2yK(x-y)p(y: t), (3.21)

ou também

Nós reconhecemos em (3.21) e (3.22) a generalização do campo do vórtice (3.3) para o caso do campo devido a N vórtices movendo-se ao longo das respectivas trajetórias fa.

As soluções (3.21) e (3.22) correspondem ao calibre de Coulomb (diA1 = 0). Da

equação (3.13) para o campo elétrico temos: 97r

= (3.23) Ç a

que é equivalente à solução da equação de Laplace não-homogênea

27T

- V M ° = ^ j d j d i P . (3.24) Fazendo uso de (3.19), nós obtemos

(34)

CBPF-MO-OOl/OO 26

Note que tanto quanto A1 são calibres puros:

A°(x,t) = -Wdjarg(x-ra(t))rí (3.26) S Q Ai{x, t) = j ^ Q - r a ( f ) ) ) , (3.27) ou, compactamente, A»{x, t) = d"A{x, t), (3.28) onde A ( x , t) = -^2arg(x-ra). (3.29) Ç a

Então, após uma transformação de calibre singular, a dinâmica é novamente aquela de um campo livre, exceto por condições de contorno sobre a função de onda. Para os campos elétrico e magnético um cálculo simples usando (2.19) mostra que

27T El(x, t) = TetJJ2fJa(t)62(x-ra(t)), (3.30) S Q 27r B(x, t) = - —^62(x-ra(t)), (3.31) Ç a

de modo que os campos são inteiramente localizados nas posições das partículas. Note que

E ^ - e y X ^ a , (3.32) a

que é a versão bidimensional de

Ê = -vxB. (3.33) A relação (3.33) entre o campo elétrico e o magnético é o resultado da lei usual de

transformação para os campos de Maxwell sobre transformações de Lorentz.

Para (3.32) nós temos o resultado de que as contribuições devidas aos campos elétrico e magnético em (3.10) se cancelam, de modo que a equação de movimento reduz-se a

mf*a = 0, (3.34)

correspondendo ao movimento de partículas livres ! Isto é uma propriedade somente da teoria clássica. Na teoria quântica estas partículas interagem em virtude das condições de contorno de rotação a serem impostas sobre a função de onda, após a escolha do calibre no qual o potencial vetor será escrito na hamiltoniana.

(35)

Capítulo 4

A

Anions e o Efeito Hall

A importância dada recentemente ao estudo dos ânions vem em grande parte da sua utilizaçã do Efeito Hall Quântico Fracionário. Dessa forma, neste capítulo, discutiremos a ligação entre estes. Mas antes disto, vamos relembrar do que se trata o Efeito Hall.

4.1 O Experimento Hall Clássico

O esquema para a experiência[17] do efeito Hall clássico é mostrado na figura 4.1.

Figura 4.1: D i a g r a m a e s q y e m á t i c o d o s i s t e m a o n d e o c o r r e o E f e i t o Hall. A q u i , E é o c a m p o elétrico,

B é o c a m p o m a g n é t i c o , V c o r r e s p o n d e a t e n s ã o d a f o n t e q u e é l i g a d a nas e x t r e m i d a d e s d o cristal; J é a

d e n s i d a d e d e c o r r e n t e , Jh e Vjj s ã o r e s p e c t i v a m e n t e a d e n s i d a d e d e c o r r e n t e d e Hall e a t e n s ã o d e Hall.

(36)

CBPF-MO-OOl/OO 28

entre si (veja figura 4.1). (O campo elétrico pode ser aplicado, por exemplo, ligando-se uma fonte de tensão V às extremidades do cristal. E o campo magnético pode ser aplicado colocando-se o cristal entre os pólos de um eletroímã).

Sob a ação do campo elétrico, os portadores de carga elétrica (elétrons ou buracos) do cristal adquirem uma certa velocidade v. Uma partícula carregada sob a ação de um campo magnético B está sujeita a uma força perpendicular à direção do movimento e à direção do campo magnético (força de Lorentz), dada por:

Fm = -(vxB), (4.1)

c onde e é a carga da partícula.

A figura 4.2 mostra o que acontece quando o portador é um elétron.

Figura 4.2: O E f e i t o Hall para portadores t i p o elétrons. O c a m p o m a g n é t i c o e s t á saindo do papel, na direção d o leitor.

Sob a ação do campo magnético, os portadores se deslocam para uma das bordas do cristal. Surge então um campo elétrico transversal en, produzido pelo desequilíbrio das cargas. Em equilíbrio, a força aplicada ao portador pelo campo magnético, Fm, é igual

à força aplicada pelo campo elétrico transversal, Fe. Pela geometria das figuras 4.1 e 4.2

podemos escrever

Fn evB (4.2)

(37)

CBPF-MO-OOl/OO 29

Quando estas estiverem em equilíbrio:

evB = eeH .'.

eH = vB. (4.4)

Por outro lado, chamando de J a densidade de corrente e d e n a densidade de porta-dores de carga

J = env (4.5) Pela figura 4.1 temos:

V = J = I J A = _ I _ en en enLW lembrando que a área A em questão é

A = LW. (4.7) Substituindo (4.6) em (4.4) temos:

€h = VB . ' .

£

« = Jw

B

(48)

A diferença de potencial que aparece entre as duas extremidades do cristal é dada por:

VH = EHL .'.

VH = i - g . (4.9)

en W ou

VH = RH§, (4.10)

onde RH = 1/en é a chamado de constante de Hall do material.

Quando os portadores são todos elétrons (carga —e, densidade n), podemos escrever

RH = -—. (4.11) en

Quando os portadores são todos buracos:

RH = —• (4.12) en

Dessa forma, através do efeito Hall podemos determinar se um semicondutor[17] é do tipo N ou tipo P; pois as equações (4.11) e (4.12) mostram que a polaridade da tensão VH depende do tipo de portador de carga presente no cristal.

(38)

CBPF-MO-OOl/OO 30 4 . 2 U m B r e v e H i s t ó r i c o do Efeito Hall Q u â n t i c o

O estudo da quantização do efeito Hall tem início com Ando Matsumoto, Uemura e Kuwaji em 1975. Porém, somente em 1980 que tal efeito quântico foi descoberto por Klitz-ing, Dorda e Pepper[ 18], no aniversário dos cem anos do original trabalho do Efeito Hall. Tal descoberta garantiu a Klaus Von Klitzing no ano de 1985 o prêmio Nobel em física. Klitzmg mostrou que sob certas condições em um sistema efetivamente bidimensional de elétrons submetidos a um forte campo magnético, que o tensor condutividade a toma a forma:

onde h é a constante de Planck, e é a carga do elétron e u é um inteiro pequeno. Assim, as componentes do tensor condutividade fora da diagonal podem ser escritas em termos das constantes fundamentais[19]. Em 1982, Tsui, Stôrmer e Grossard[20], observaram que a condutividade Hall poderia formar-se sobre valores fracionários em unidades de e2/h e

não somente em valores inteiros. Alguns dos números encontrados foram:

com 1/2 e 1/4 ausentes. Este efeito é denominado de Efeito Hall Quântico Fracionário. Para a sua descrição teórica, é essencial levar-se em conta as interações coulombianas entre os elétrons, tornando o problema difícil de ser tratado. O modelo que melhor descreve o Efeito Hall Quântico Fracionário foi proposto por Laughlin[5] em 1983 baseando-se na ex-istência de excitações tipo-vórtice as quais carregam estatísticas fracionárias, de modo que o estado fundamental pode ser descrito através de um condensado destas quasipartículas. As quasipartículas de Laughlin vem a ser ânions, objeto de nosso estudo.

O Efeito Hall Quântico é observado em sistemas bidimensionais de elétrons a tem-peraturas muito baixas ( < 4K) e em campos magnéticos intensos (1 a 30 teslas)[21] ortogonais ao plano onde as partículas se movem. Os elétrons são usalmente capturados numa fina camada da interface entre dois diferentes semicondutores ou entre um semicon-dutor e um isolante. Nestas condições, o movimento ao longo da direção perpendicular da camada é congelado. Deste modo, a dinâmica toma lugar sobre o plano. Além disso, os efeitos devido ao spin do elétron podem ser desprezados em uma primeira aproximação.

O efeito Hall quântico é caracterizado pelo fato de que a condutância Hall, cth é quantizada em unidades de e2/h, como mostrado pela expressão (4.13).

O número quântico v pode ser um inteiro (Efeito Hall Quântico Inteiro) [18] ou um número racional, geralmente com denominador ímpar (Efeito Hall Quântico Fracionário) [20] O surpreendente é que a equação (4.13) é experimentalmente observada com extrema pre-cisão. Esta precisão[19] é de IO-7 a IO-8 para o efeito inteiro e 10~4 ou 10~5 para o efeito

fracionário.

(4.13)

1/3, 2/3, 2/5, ... etc,

(39)

CBPF-MO-OOl / 00 31

4.3 Os Platôs de Resistividade

Um importante aspecto na quantização do efeito Hall Quântico é a quantização da chamada resistividade transversal 8xy.

Quando aplicamos uma diferença de potencial nas extremidades do cristal, geramos uma corrente /; e dessa forma, medimos as voltagens longitudinal VL e transversal V){1.

de modo que as resistências são dadas por:

R = ^ LXX J

<

R =

Ajustando alguns parâmetros do sistema, observamos que as resistências medidas são iguais às resistividades 6 (vide [21]). Assim, através da figura 4.3, podemos ver a de-pendência da resistividade 6 em relação ao campo magnético B.

T =6ômK 1.93X10"/cm* ^:52,COQ:n' /Vs 2 0 -C V CJ * « :.0 \ mU / \ 6 Bcn Figura 4.3: A a m o s t r a d e G a A s - A l G a A s a p r e s e n t a u m a d e n s i d a d e e l e t r ô n i c a n = 1.93 • 1011 /cm2, baixa m o b i l i d a d e /ze = 52, 0 0 0 c m2/ V s , sob u m a t e m p e r a t u r a T = 6 6 m K . D e f i n e - s e a m o b i l i d a d e c o m o s e n d o a razão e n t r e a v e l o c i d a d e m é d i a do e l é t r o n e a intensidade do c a m p o elétrico.

Através da figura 4.3, observamos a formação de platôs de resistividade transversal para certos valores do campo magnético, o que indica que 8xy (resistividade Hall) é prati-camente constante; entre um platô e outro, 8xy varia rapidamente. Por outro lado, a

resistividade longitudinal 8XX é sobre os platôs é nula. Assim, sobre os platôs, podemos

escrever:

0 l/u \ h

-l/u 0 (4.14)

(40)

CBPF-MO-OOl/OO 32

Como o tensor resistividade é o inverso do tensor condutividade, a expressão (4.13) é obtida a partir de (4.14).

Os valores encontrados experimentalmente para v podem ser separados em duas famílias:

• Números inteiros v = 1,2,3,..., que nos leva ao chamado EHQI; • Números racionais, geralmente com denominadores ímpares,

v = 1/3,2/3,2/5,..., que nos leva ao chamado EHQF.

Repare ainda que em (4.14) os valores da resistividade sobre os platôs independem do material e da forma da amostra. Agora, vejamos um modelo para o EHQ.

4.3.1 A H a m i l t o n i a n a

De acordo com o que vimos no capítulo 2, a hamiltoniana o sistema de um elétron é dada pela equação (2.24):

H = ^ - ( P - - Ã )2, (4.15)

2 m V c / ou em termos do momento orbital II por (2.26):

(4.16) lembrando que o momento canônico P está relacionado com o momento orbital por:

- » f)H. p -> -> p - »

p= =mv + -A(r)=U + -A(r), (4.17) OV c c

onde r denota a posição do elétron e II = mv. com a hamiltoniana de uma partícula livre, através da chamada primeira quantização P

. Vemos que a hamiltoniana (4.16) se parece Dessa forma, de acordo com (4.17) temos

-ihV:

fí = -ihV--Ã. (4.18) c

As relações de comutação pertinentes ao sistema foram obtidas no capítulo 2 e são dadas por (2.33). Elas nos mostram que as componentes do operador P comutam, ao contrário das componentes do operador momento orbital II :

[Ux, i y = -ihmw, (4.19)

e

(41)

CBPF-MO-OOl/OO 33

onde w = — é a freqüência de Larmor. Com base nesses resultados, podemos definir os operadores criação at e aniquilação a de partículas:

a = —L=(Ylx-iYly) (4.21)

V2 mnw 1 y/2 mhw

Então:

[a, a*] = (aat — a^a) .'.

at = (nx + mv) (4.22)

[a, at] = - J — ^ - i n ^ ^ + m ^ ) - ^ +

[a

'

at] =

^ b P

-[a, at] = 1. (4.23) Podemos também reescrever a hamiltoniana em termos dos operadores de criação

e aniquilação ou, mais precisamente, em termos do operador niímero de ocupação N, definido como:

N = afa. (4.24)

Então:

hwala — 2 m

onde II2 = Ux 2 + EL2. Sendo assim:

n2 - i[nx, r y

, , n2 hw

nwa'a = - —.

2 m 2

Utilizando (4.23) e (4.24), a expressão anterior fornece:

H = hw (N + (4.25)

Seja \n > um autoestado do operador N com autovalor n; nós podemos obter o espectro de energia do oscilador harmônico. Assim:

(42)

CBPF-MO-OOl/OO 34 e H\En>=En\En> (4.27) Aplicando |n > em (4.25): H\n> = + ^ | n > (4.28) U \ n > = h w ( n + ^ j . (4.29) Comparando (4.27) e (4.29) temos: En = hw (n, + , (4.30)

que corresponde aos autovalores do operador hamiltoniano Tí. Estes níveis de energia são denominados níveis de Landau. Os níveis de Landau são níveis de energia de um sistema de elétrons não interagentes na presença de um campo magnético constante de fundo, com o campo elétrico ausente. Aqui, o campo magnético externo organiza o espectro de energia dos elétrons dentro dos níveis de Landau e força as partículas a ocupaxem os níveis dos mais baixos para os mais altos.

Repare que o nosso problema bidimensional é aqui mapeado em um oscilador harmônico unidimensional. Isso se deve a forma como os operadores criação e aniquilação foram definidos; ou seja, em termos das componentes do momento orbital, contendo assim a interação com o potencial A.

Os autoestados do operador hamiltoniano podem ser obtidos fazendo-se uso das seguintes relações de comutação:

[N, o] = [a^a, a] = a] + [a*, a]a = [a*, a]a = a. (4.31)

[AT, at] = [ata> at] _ at[a> at] + [at> at ]a _ at[a > at] = atj (4.32)

e serão úteis na obtenção dos autoestados do operador 7i. Então:

|1 > = af|0 > , .'. (4.33)

\2> = Aaf|l >,

onde A corresponde ao autovalor referente ao autoestado 11 >. O operador criação gera um autoestado com autovalor acrescido de uma unidade, em relação ao autotoestado original, enquanto que o operador destruição gera um autoestado com autovalor decrescido de uma unidade.

Na física de partículas, esses operadores criam e destroem partículas, enquanto que no caso do oscilador hamônico, podemos dizer que esses operadores excitam ou destroem

(43)

CBPF-MO-OOl/OO 35

uma onda. Então:

< 2 | 2 > = A*A < 1 | a af| l >

1 = A2( < l | ( i V + l ) | l > ) /

onde os estados são normalizados < n\n > = 1. Logo:

1 V2 (4.34) \2 >= -^=af|l > (4.35) ou |2 > = ^ ( «f)2| 0 > • (4.36)

Repetindo esse processo n vezes temos:

|n > = - L (at )n| 0 > . (4.37)

Vn!

Assim, de acordo com (4.30) temos:

EN = (N + H—, (4.38)

2 mc

para cada estado fundamental |0 > os níveis de energia de Landau. Aqui, n = nx + ny

refere-se ao número de ocupação total, e nx e ny designam as ocupações dos osciladores

nas direções x e y, respectivamente. Tais níveis são altamente degenerados, como pode ser vista na figura 4.4.

4.4 O Fator de Ocupação

Uma quantidade que toma um papel central no efeito Hall quântico é o fator de ocupação v, definido como o número de elétrons N, pelo número de níveis de Landau permitidos. Cada nível de Landau é altamente degenerado. Mas para amostras de área finita A, esta degenerescência é finita. Assim, o número de níveis permitidos (veja figura 4.5) é de fato dado por:

(44)

CBPF-MO-OOl/OO 36 En = (n x+ I iv+ 1 )teB 3 2 mc En=l En=2' En=3 1 0 0 1 3 0 2 1 1 2 0 3

Figura 4.4: Os níveis de Landau para u m elétron são a l t a m e n t e d e g e n e r a d o s , ou seja, há a presença de a u t o e s t a d o s do o p e r a d o r h a m i l t o n i a n o c o m os m e s m o s autovalores de energia.

Figura 4.5: O N ú m e r o d e círculos de área 7r/g que o c u p a m u m a a m o s t r a de área A c o r r e s p o n d e m ao n ú m e r o de níveis p e r m i t i d o s . O fator 1/2 v e m do fato de p o d e r m o s t e r partículas c o m spin T (up) ou [ ( d o w n ) , e v i t a n d o a s s i m u m a dupla c o n t a g e m dos níveis.

(45)

CBPF-MO-OOl/OO 37

Dessa forma, o fator de ocupação é

f = 4 - = 2TTllp (4.41)

2 Trlj

lembrando que p = N/A é a densidade de elétrons. A equação (4.41) também pode ser escrita de outra forma, usando a definição explicita do comprimento magnético dado em (4.40):

N _ N

ABe/hc 0/0o ' onde 0 = AB é o fluxo magnético através da área A, e <p0 = hc/e é a unidade de fluxo.

Vamos agora mostrar que o fator de ocupação (4.41) é o mesmo número u que aparece em (4.13).

No nível clássico, a força de Lorentz induz um movimento dos elétrons: F = eÊ + -{vxB)

c

rati = eÊ +-(v x B), (4.43) c

onde supomos os campos elétrico e magnético uniformes e constantes. Também estamos nos restringindo ao caso não relativístico v « c, e portanto o seu momento linear é P = mv; e como veremos mais adiante, para isso é necessário que o campo elétrico seja pequeno em comparação com o magnético. Então:

vx = — + -{vyBz-vzBy) (4.44) m mc y y VY Vz = ^ + — (vzBx - vxBz) (4.45) m mc eEz e + — (vxBy - vyBx). (4.46) m mc

Preparamos B e È de acordo com a figura 4.1 de modo que: B = (0, 0, B)

Ê = (È, 0, 0) Então:

(46)

CBPF-MO-OOl / 00 38

Vy = ~—vxB (4.49) mc

vz = 0 —• vz = constante. (4.50)

Assim sendo, vamos considerar apenas vx e vy:

eE e ^ . Vx = — + — V y B 4.51

m m c

Vy = — — VXB . (4.52) mc

Derivando a primeira expressão em (4.51) temos: e

vx = —vyB. (4.53) mc

Substituindo a segunda expressão em (4.52) nesta temos: e í 6 vx = — vxB 1 B .'. mc V mc vx = - —B vx = -w2vx. (4.54) \mc ' vx + w2vx = 0, (4.55)

onde w = freqüência de Larmor (conforme já mencionado) para o movimento do elétron em um campo magnético constante. A solução de (4.55) é:

vx = vQxelw\ (4.56)

onde v0x é uma constante de integração. Derivando (4.56) temos:

Vx — IWVX.

Substituindo esta em (4.48) temos: iwv0xeiwt =--iwvx = iwv„ = eE — + m e eE — + m mc 1 eE b m e eE b m mc -1 eE — + m WVy v± + ivx, Vy = v± + ivx, (4.57)

(47)

CBPF-MO-OOl/OO 39 onde eE eE mc E mw mw eB ~BC E E < 1, TT c; com — < 1, B ' B

representa a velocidade da corrente perpendicular ao plano dos campos elétrico e magnético. Esta velocidade de corrente define a condutância Hall via lei de Ohm

J = aÊ, (4.58) onde a depende do material considerado. Então:

ne2E . A

JH = nev_i = , (4.59) mw

onde n é o número de elétrons por unidade de área. Assim, a condutividade Hall aH é

dada por:

ne2 (nhc\ e2 .,

= = ( ~R T " 4 6 0

mw \eB) h

Assim, em d — 2 dimensões espaciais, a condutividade tem as dimensões de e2/h.

Comparando (4.42) com (4.60), vemos que a condutividade Hall define a fração ocupada:

" = — = 7W (4-61) nhc n

~eB hc ou em unidades naturais de e2//i,

e2

<th = V ; T- = l. (4.62) n

Classicamente, o espectro de energia do elétron é contínuo, enquanto que a nível quântico este espectro de energia colapsa para níveis do tipo oscilador harmônico - níveis de Landau.

Na teoria quãntica dos campos, a fração ocupada representa justamente a proporção de estados ocupados relativamente ao número total de estados permitidos para um dado nível de Landau (altamente degenerado).

Como já mencionamos, o efeito Hall quântico pode ainda ser inteiro (quando v for inteiro) ou fracionário (quando v for uma fração). Estes efeitos requerem explicações significativamente diferentes.

(48)

CBPF-MO-OOl/OO 40

'Pffl

a

PCE)

(b)

Figura 4.6: D i s t r i b u i ç ã o da d e n s i d a d e de e s t a d o s p d e u m a partícula e m f u n ç ã o da energia E, para u m s i s t e m a d e e l é t r o n s s e m spin, com: (a) s e m impurezas; (b) p o u c a i m p u r e z a e (c) m u i t a impurezas.

4.5 O Efeito das Impurezas

De acordo com a literatura[28], a introdução de impurezas no sistema gera um potencial Vimp, desordenando-o. A conseqüência disto é que, os níveis de Landau do sistema ideal

(sem impurezas) transformam-se em bandas de Landau (veja figura 4.6).

A medida que o grau de impurezas é acrescido ao sistema ( o que eqüivale a um aumento no potencial Vimp) as bandas unem-se num único e continuum de estados[28].

No caso de haver poucas impurezas no sistema (ou seja, que o potencial Vimp seja pequeno

se comparado com a separação hw entre os níveis de Landau originais), as bandas de Landau permanecem distintas umas das outras.

Uma outra conseqüência devido às impurezas é o aparecimento de estados localiza-dos, ou seja, estados cuja densidade de probabilidade seja apreciavelmente não nula em uma pequena região, em relação ao tamanho da amostra. Os estados localizados vão preenchendo a região de separação ("gap ") entre os níveis de Landau do sistema ideal.

No caso do Efeito Hall Quântico Inteiro (EHQI), o estado fundamental do sistema corresponde a situação em que os níveis de mais baixa energia encontram-se totalmente prenchidos, com um elétron por estado, obedecendo assim ao princípio de Exclusão de Pauli. O número de elétrons determina a energia do mais alto nível preenchido, sendo denominada Energia de Fermi.

Suponha que num sistema deste tipo com impurezas, a energia de Fermi esteja numa região de estados localizados. Se quando variarmos o campo magnético B, a energia de Fermi ainda se encontrar numa região de estados localizados, a condutividade Hall ainda

Referências

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