• Nenhum resultado encontrado

Diagnostico da estrongiloidiase nom exame

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Diagnostico da estrongiloidiase nom exame"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

REV PORT PNEUMOL V (I): 91-98

CASO CLiNICO/CLINlCAL CASE

Diagnostico da estrongiloidiase nom exame

de rotina da

・クー・」エッイ。セ。ッ@

com

」ッャッイ。セ。ッ@

pela tecnica de Ziehi-Neelsen

- Caso clinico

*

e revisao da literatura

Diagnosis of strongyloidiasis in a routine

Ziehl-Neelsen-stained sputum examination

- A case report, with review of the literature

TERESA PACHEC01, LUISA OLIVEI RA2, MARIANA VlANA3, FATIMA RODRJGUES4, ALEXANDRA GLL5,

JOS E PINTO DA ROCHA 6

, MARGARJDA CANCELA DE ABREU7

Laborat6rio de Microbiologia (Director: Dr. Andersen Fernandes) e Serviyo de Pneumologia (Directora: Dra. Margarida Cancela de Abreu). Hospital de Egas Moniz. Lisboa.

1 Assistente Hospitalar de Patologia Clinica ! Assistcnte Eventual de Pneumologia J Assistente Eventual de Paralogia Clinica

' Assistentc Hospitalar de Pneumologia ' Assistente Eventual de Patologia Clinica • Assistente Hospi!alar Graduado de Pneumologia

1 Chefe de s・イカゥセッ@ de Pnewnologia, Directora do Servis;o de Pneumologia

• Apresentado no I" Congrcsso da f・、・イ。セゥゥッ@ Europeia de Medicina lntema. Maastricht, Holanda. 15- 18 de Ourubro 1997

Recebido para ーオ「ャゥ」。セッZ@ 98.10.06 Aceite para ーオ「ャゥ」。 セ ッZ@ 98.1 1.27

(2)

REYISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

RESUMO

Os autores apresentam om caso de ゥョヲ・セゥッ@ por

Strongyloides stercoralis noma doente

imunocompe-tente, detectado no decurso de 。カ。ャゥ。セッ@ microbioiO-gica da ・クー・」エッイ。セッ@ para diagnostico etiologico de hemoptises.

A ッ「ウ・イカ。セゥッ@ de ・ウヲイ・ァ。セッウ@ de ・クー・」エッイ。セゥゥッ@

corados peb tecnica deZiehl-Neelsen, revelou larvas rhabditoides, resistentes

a

、・ウ」ッGッイ。セゥッ@ pelo acido--alcool (seguidamente confirmadas noma prepara-セ ゥゥッ@ a fresco da mesma amostra), permitindo a

ゥ、 ・ ョエゥヲゥ」。セッ@ do agente causal provavel.

E

apontad11 a atitude terapeutica necessaria

a

イ・ウッャオセゥゥッ@ do quadro clinico.

REV PORT PNEUMOL 1999; V (1): 91-98

Palavras-chave: Helmintiase; Expectorar,:ao; acido--resisrencia.

INTRO DU<;AO

Apesar de ser mais frequentemente encontrada em regioes tropicais e sub-tropicais, a infec9ao por

Strongyloides stercora/is pode ser observada em todo o mundo. As estimativas da sua prevalencia variam desde 0 a 4% nos Estados Unidos da America (especi-almente nos Apalaches e em areas quentes e humidas dos estados do Sudeste) ate 80% na Africa tropical e America do Sui (I). Casos de transmissao aut6ctone foram igualmente docwnentados em latitudes mais elevadas (2), mais notoriamente entre ーッーオャ。セッ・ ウ@

confinadas a ambientes superJotados (3). Dado o facto do paras ita ter a capacidade de se perpetuar no interior do seu bospedeiro num ciclo de auto-infecc;ao associa-do a escassos ou nenhuns sintomas, o quadro clinico da estrongiloidfase pode tomar-se aparente muitas decadas ap6s o doente ter abandonado a area endemica onde adquiriu a infecc;ao (4}:

Sendo urn nematode intestinal facultativo, como Homem como hospedeiro principal (ainda que outros primatas e caninos possam servir de hospedeiros a este parasita (s) ), o S. stercora/is pode apresentar urn ciclo

92 Vol. VN° I

ABSTRACT

The authors present a case of Strongyloides stercoralis infection in an immunocompetent patient, detected during microbiological study of sputum for diagnostic work-up of haemoptysis.

The observation ofZiehl-Neeisen-stained sputum smears revealed rhBbditiform alcohol-acid fBst larvae (further confirmed in a wet· mount oof the same sample), permitting tbe identification of the probable etiological agent. The therapeutic attitude necessary to the resolution of the clinical picture is

pointed out.

REV PORT PNEUMOL 1999; V (1): 91-98

Key-words: Helminthiasis; Sputum; acid-fast.

de vida livre no solo, assim como um ciclo de vida parasitaria, o qual por sua vez tern diversas variantes. No ciclo de vida mais habitual, as larvas filarifor-mcs infccciosa'> penetram activamente atraves da pele do doente, a partir do solo e entram na corrente san-guinea, sendo transportadas ate

a

」ゥイ」オj。セ。ッ@ pulmonar, atingindo os aJveolos (podendo a sindrome de LOeffler scr uma manifesta9ao da infec9ao aguda). As larvas sofrem aqui duas mudas. passam

a

faringe pelo mecanismo da tosse e sao deglutidas como parasitas adolescentes. 0 S. stercora/is atinge o estado adulto (femeas partenogenicas) no duodeno e jejuno, onde os parasitas se introduzem nas criptas da mucosa e iniciam a oviposi9ao. Os ovos eclodem no lUmen intestinal, libertando larvas rhabdit6ides nao infeccio-sas; estas sao comummente eliminadas com as fezes e podcm desenvolver-se no ambiente exterior ate ao cstado de machos e temeas de vida livre.

Em 」ッ ョ、ゥセッ ・ウ@ de higiene deficiente, as larvas filariformes derivadas das larvas rhabdit6ides podem penetrar atraves da pele do perineo H。オエッMゥョヲ・」セ。ッ@

extema). Urn indicio da ゥョヲ・」セ。ッ@ em tais casos, pode ser o quadro de larva currens ( uma erupyao

(3)

DIAGN6STICO DA ESTRONGlLOlOiASE NUM EXAME DE ROTlNA DA EXPECTORA<;AO COM COLORA<;AO PELA TECNICA DE Z1EHL-NEELSEN

sa, acompanhada de prurido, progredindo em tomo da cintura e regiao gl utea ( 1 ). Tam bern pode ocorrer

auto--infecc;ao intema quando o transito intestinal

e

Iento: as larvas rhabdit6ides transformam-se em larvas filariformes no interior do tracto intestinal e atingem a circula9ao venosa, transitando pelos capi lares da mucosa. A estrongiloidiase cr6nica que sc origina em

tais situa96es.

e

habitualmente bern tolerada e pode assim escapar

a

atenc;ao medica. Pelo contrario, a hiperintec<;ao (um aumento do ciclo de vida normal do parasita. deconendo com uma pesada carga de larvas e adultos), encontra-se associada a urna elevada morbilidade. A dispersao de larvas fLlariformes para 6rgaos que se encontram fora do seu trajecto de migrayaO habitual, da Iugar

a

infecyaO disseminada, frequentemente complicada por sepsis a bacterias cntericas (6).

Os mecanismos da resposta protectora do hospedei-ro contra o S. stercora/is ainda nao foram plenamente clucidados. No entanto, sabe-se ha muito que, apesar de podcr ocotTcr infec9ao disseminada em prcscn<;a de reac9oes celulares e humorais intensas (7), a supressao da imunidade mediada por celulas au menta a suscepti-bilidade

a

estrongiloidiasc, com risco de vida. A

diabetes, o alcoolismo, a desnutri9ao proteico-cal6rica, os regimes de citot6xicos e ester6ides sinteticos admi-nistrados em caso de transplantac;ao ou pcrturba<;oes auto-imunes, as neoplasias de linfocitos T (particular-mente no contexto duma infecc;ao por HTL V (8), sao situa9oes que tern sido descritas como factores predis-ponentes (9, I 0) Mais recentemente, a estrongiloidiase sistemjca, tern sido relatada no decurso da infec9ao pelo Virus da lmunodeficiencia Humana (contudo, tal quadro nao e tao comum como se poderia esperar, inclusive em regioes onde tanto a SIDA como a

estrongiloidiase sao endemicas (11 ,12,13); assirn, a estrongiloidiase foi retirada dos criterios de SIDA do Center for Diseases Control em 1987).

Porem, mesmo em doentes imunocompetentes, as hemoptises recorrentes, devido

a

ーイ ・ウ・ョセ。@ de S.

stercora/is no pulmao, constituem urn fen6meno conhecido (14), requerendo diagn6stico e tratamento, para prevenir tanto o aparecimento de anemia

ferrope-Janeiro/ Fevereiro 1999

nica (9), como as infec9oes bacterianas secundarias que podem ocorrer como consequencia da rotura das barreiras epiteliais.

Os autores relatarn um caso de infec<;ao por S. stercora/is numa doente imunocompetente, tendo a

ゥョヲ ・」セ。ッ@ sido diagnosticada no decurso de urn exame microbiol6gico de rotina da ・クー・」 エッイ。セ。ッ L@ realizado como parte do diagn6stico etiol6gico de hemoptises.

A ッ「ウ・イカ。セ。ッ@ de esfrega<;os da expectora9ao corados pcla tecnica de Ziebl-Neclsen revclou larvas rhabdit6ides acido-resistentes. Estas foram con.firma-das mun exame a fresco da mesma amostra como sendo larvas de Strongyloides stercora/is.

E

destacada a atitude tcrapeutica necessaria

a

resolu<;ao do quadro clfn ico.

CASO CLrNlCO

Uma mulber de 41 anos, rac;a caucasiana, imuno-competente, deu entrada no Servi<;o de Urgencia em Junho de 1996, devido a hcmoptises de inicio abrupto (sangue vivo em pequenas quantidades), sem ouu·os sintomas acompanhantes. 0 exame objectivo realizado

a

data da admissao, revelou apenas urn pequeno n6dulo na mama esquerda, nao sendo evidentes quaisquer altera<;oes na ausculta9ao toracica.

A hist6ria pregressa revelou antecedentes de tabagismo acentuado e desde 1980, tosse persistente, com ・ク ー・」エッイ。セ。ッ@ mucosa, compativel com o diag-n6stico de bronquite cr6nica tabagica. Frequentemen-tc, sobrepunham-se a este quadro, infec9oes agudas do tracto respirat6rio. Em termos epidemiol6gicos, nao havia hist6rla de contacto com doentes tuberculosos, viagens a regioes tropicais ou sub-tropicais, ou possi-vel ・クーッウゥセ。ッ@ ocupacional a parasitas (a doente tinha residido sempre em Lisboa, onde era empregada de escrit6rio).

Radiologicamente, havia uma pequena area de

」ッョウッャゥ、。セ。ッ@ de contornos arredondados no lobo superior esquerdo, apenas identifica:vel na primeira radiografia. Os achados laboratoriais incluiam anemia normocr6mica e normocftica e hipoproteinemia. A

(4)

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGLA

contagem diferencial de leuc6citos nao revelou eosi-nofilia e os niveis de IgE nao se encontravam eleva-dos. A prova de Mantoux foi negativa.

A TAC toracica (executada para melhor 、・ヲュゥセ。ッ@

da imagcm hipotransparcnte, encontrada na primeira radiografia) confirmou a existencia de 」ッ ョ ウッャゥ、。セッ@

alveolar do segrnento apico-postcrior do lobo superior csquerdo. A broncofibroscopia rcvclou hcmorragia aetiva, com origem mais provavel ncsta area. Na mesma ocasiao, foi realizada bi6psia bronquica e colheita de

ウ」」イ」セッ・ウ@ bronquicas; os cxames cito16gico e microbio-16gico do tecido e ウ」」イ・セッ・ウ@ foram negativos.

Urn ・ウヲイ・ァ。セッ@ de 」クー・」エッイ。セ。ッ@ p6s-broncofibros-copia foi corado pela tccnica de Ziehl-Neelsen (proce-dimento de despiste realizado por rotina no nosso laborat6rio na maioria das amostras- incluindo todas as amostras com origem no tracto respirat6rio- dado Pottugal ser urn pais de endemia tuberculosa). Larvas rhabdit6ides (definidas pclo scu es6fago caractcristico em forma de clava na sua ーッイセ。ッ@ anterior, com uma

」ッョウエイゥセ。ッ@ p6s-mediana e bulbo posterior) ( 1 s) foram observadas como organismo acido-resistentes numa

。ューャゥ。セ。ッ@ de 400 X (microfotografia n° I). Larvas com morfologia idcntica foram encontradas numa

ーイ」ー。イ。セ。ッ@ a fresco da mesma amostra (microfotogra-fif!.n0 2).

Em bora o exame parasitol6gico de amostras fecais seriadas tenha sido negativo (razao pela qual nao tivcmos a oportunidade de obter as larvas filariformes tipicas, com cauda bifurcada, de Strongyloides spp. em cultura fecal), as dimensoes e caracteristicas (cavidade bucal curta, prim6rdio genital visivel) das larvas rhabdit6ides observadas na expectorayao permitiram a identificayao deste nematode.

As hemoptises tomaram-sc macic;as, apesar do tratamcnto medico (que incJuiu clobutinol, acido E-arni-nocapr6ico, vitamina K e vasopressina), raziio pela qual a doente foi submetida a toracotomia de urgencia com lobcetomia superior esquerda. 0 exame histol6gico do lobo ressecado (dificultado pelo facto do tecido se encontrar extensamente necrosado) revelou zonas de enfarte hemorragico - encontrando-se os lumina bronquicos e vasculares obstruidos por coagulos sanguineos parcialmente organizados - aspecto compativel com os possiveis diagn6sticos de enfarte trombo-cmb61ico versus pneumonia viral aguda. 0

estudo imunohistoquimico para citomegalovirus foi negativo. Foram igualmentc ncgativas as ーイ・ー。イ。セッ・ ウ@

Fig. I - Esfrcgaco de cxpcctoracao corado pcla tccnica de Ziehi-Neclscn. demonstmndo uma larva rhabdit6idc acido-rcsistcnte. (Aumento original X 400)

(5)

DlAGN6STICO DA ESTRONGlLOIDiASE NUM EXAM£ DE ROTlNA DA EXPECTORA<;:AO COM COLORA<;:AO PELA TECNICA DE ZlEHL-NEELSEN

Fig. 2 - pイ・ー。イ。セゥゥッ@ a fresco da mesma amostra. demonstrando larva rhabdit6ide de

Slrongylmdes slercoralis. (Aumcnto original X 400)

coradas pela tecnica da metenamina argentica de Gomori para fungos.

Ap6s a cirurgia, a doente manteve-se clinicamentc estavel. Foram novamente realizadas amostragens seriadas de fezes, que se mantiveram negativas. Foi administrado albendazol, 400mgldia, durante tres dias consecutivos. A anemia respondeu ao tratamento com ferro oral. Em consulta de scguimento seis meses ap6s a alta, a doente mantinha-se assintomatica.

DISCUSSAO

0 diagn6stico de estrongiloidiase

·e

habitual mente realizado atraves da ゥ、・ョエゥヲゥ」。セ。ッ@ de larvas em prepa-racroes a fresco de amostras de fezes ou de suco duodenal.

Em indtviduos com estronguoidiase sistemica, a sensibilidade do exame de arnostras fecais

e

elevada, devido

a

pesada carga parasitaria existente em tais doentes. Contudo, em doentes imW1ocompetentes com estrongiloidiase cr6nica nao dissern.inada, a emissiio de larvas pode ser de セッ@ grau e irregular, exarnes fecais negativos nao podem assim ser considerados uma prova absoluta contra a presenya de infecyao em tais casos (7).

Janeiro/Fevereiro 1999

A rentabilidade diagn6stica das amostras fecais pode ser aumentada pelo uso da tecnica de

concen-エイ。セ。ッ@ e fixayao pelo formol-eter ( 1 ), na qual

e

exami-nada uma maior quantidade de fezes; esta tecnica apresenta contudo a desvantagem de que as larvas mortas pelo forrnol podem nao ser tao facilmente notadas como as larvas que mantem a sua motilidade. A colorayiio supravital pelo lugol duma amostra con-centrada de fezes pode perrnitir uma melhor

visualiza-セ。ッ@ das caracteristicas das larvas, possibilitando a

ゥ、・ョエゥヲゥ」。セッ@ das larvas rhabdit6ides deste genero, que poderiam de outro modo ser confundidas com larvas dos membros da familia Ancylostomidae. A tecnica de concentrayao de Bearmann (7) ou a cultura fecal pelos metodos de Loess e Hsieh (16) podem ser empregues se os procedimentos atr.is descritos tao-pouco revela-rem parasitas; contudo, estas ultimas tecnicas sao morosas, niio podendo ser efectuadas por rotina.

A amostragem de suco duodenal tque::rpor encios-copia quer, de modo menos invasivo, pelo "enterotes-te") ( 1)

e

uma abordagem complementar da recolha de larvas rhabdit6ides; foi relatado igualmente o achado de ovos e larvas em amostras de citologia gastrica

( 15.17). Apesar do facto de uma bi6psia duodenal raramente contribuir para o diagn6stico, tern sido

(6)

REY ISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

detectados parasitas adultos em material de bi6psia de diversas zonas do tracto gastro-intestinal corado pela hematoxilina-eosina (17.18,19), em doentes com uma pesada carga parasitaria.

A patologia respirat6ria na infecc;ao por S.

sterco-ra/is pode ocorrer como consequencia do ciclo

habitu-al de vida do parasita (14). Mais raramentc, particular-mente no contcxto de doenc;a pulmonar obstrutiva cr6nica, os S. stercora/is adolescentes podem tornar-se

adultos no pulmao e reproduzirem-se localmente

(15.19). Assim, datam desde ha varias decadas as

comunicac;oes relativas a achados de ovos e larvas rhabdit6ides em material citol6gico de expectorac;ao corado pela tecnica de Papanicolau (20.21 ), devendo contudo ser sempre investigada a hip6tese de que tais estados do parasita possam atingir o pulmao como conscqucncia de aspirac;ao do conteudo duodenal. Mais raramente, o S. stercora/is tern sido revelado em

csfregac;os para estudo bacteriol6gico da expectorac;ao, corados pela tecnica de Gram (22).

Contudo, a estrongiloidiase pulmonar nao tern sido descrita tao frequentemente quanto esperado, inclusive dentro do contexto da hiperinfecc;ao a S. stercora/is

( 11 .12.13). Lgualmente, visto as imagens radiol6gicas

serem inespecificas c, em doentes imunossuprimidos, serem frequentemente atribuidas a infec9oes oportu-nistas mais comuns (que podem de facto coexistir com a estrongiloidiase) (23.24), esta situac;ao tende a ser sub-diagnosticada. 0 S. stercora/is tern sido assim urn achado inesperado ap6s lavado bronco-alveolar

(25,26), com demonstrac;ao de larvas filariforrnes em preparac;oes a fresco do sedimento do lavado.

Preparac;oes a fresco do liquido pleural, pericardico e asciti.co tern igualmente detectado larvas fora dos seus trajectos de migrac;ao habitual (15,27). 0 envolvi-mento genito-urinario, revelado pelo achado de larvas em prepara9oes directas a fresco de セ・ 、ゥュ・ョエッ@ urinario

( 15) tern sido uma consequencia conhecida da

estron-giloidiase sistemica (ainda no contexto de estrongiloi-diase genito-urinciria, tern sido descrita a presen9a de larvas em esfregac;os cervico-vaginais corados pela recnica de Papanicolau ap6s colheita por rotina (28). A estrongiloidiase do sistema nervoso central, uma das

96 Vol. VND 1

consequencias mais drarmlticas da ゥョヲ・」セ。ッ@ dissemina-da, pode ser detectada em prepara9oes a fresco de liquido cefalo-raquidiano (5,29) com colora9ao reversa pela tinta da China.

0 caso apresentado pelos autores tem diversas particularidades. 0 facto do S. stercora/is se encontrar no estado de larva rhabdit6ide no tracto respirat6rio parece indicar que estaria ocorrendo nesse local a multiplicar;ao do parasita. A ausencia de resposta eosinofilica e de aun1ento dos niveis de TgE, tal como foi o caso nesta doente, pode ocorrer quer no decurso duma auto-in fecc;ao cr6nica nao complicada ( 1 ), quer

durante uma infec9ao sistemica (particularmente num

doente imunossuprimido (18), no qual a incapacidade

de resposta atraves destes mecanismos parece ser urn indicador de mau progn6stico). 0 facto de que, ap6s ressecc;ao Jocalizada, houve resposta a tmm terapeutica de tres dias de durac;ao com urn ar1ti-helrnintico, conduz

a

conclusao de que a infec9ii0 nao se encontra-va disseminada c de que as defesas imunitarias cram apropriadas (1) apcsar de nao existir eosinofil ia evidente. Pode ser postulado que, num contexto de bronquitc cr6nica, urn epis6dio de enfarte hemorragico (possivelmente consequencia de uma pneumonia viral) criou urn micro-ambiente adequado

a

multiplicac;ao do paras ita.

As circunstancias nas quais o diagn6stico foi levado a cabo (exame microbiol6gico de rotina da expectorac;ao) juntamentc com a gravidade do quadro clinico e a resposta

a

terapeutica ・ウー・」セヲゥ」。L@ diio enfase ao conceito de que tanto o clinico como o patologista devem estar alertados para esta situac;ao.

De igual forma, a colora9iio pela tecnica de ZiehJ--Neelsen demonstrou ser de grande utilidade no diagn6stico. Tanto quanto e do nosso conhecimento, trata-se do primeiro caso no qual larvas deS.

stercora-lis foram descritas como acido-resistentes no exame de

expectorac;ao. Correspondencia: F6tirna Rodrigues Rua de S. Miguel, n• 43. Bairro de S. Jose 2750 CASCA IS Janeiro/Fevereiro 1999

(7)

DIAGNOSTlCO DA ESTRONGlLOlDiASE NUM EXAM£ DE ROTINA DA EXPECTORA<;:AO COM COLORA<;:AO PELA TECNLCA DE ZLEHL-NEELSEN

BffiLJOGRAFlA

I. GROVE DL. Strongyloidiasis in Warren KS. Mahmoud AAF (eds.): Tropical and Geographical Medicine. New York, Me Graw-Hill, 1990; 393 .

2. SPROn V, SELBY CD. ISPAHANI P, TOGHlLL PJ. indigenous strongyloidiasis in Notthingham. Br Med J 1987; 294:741-742.

3. GENT ARM. Global prevalence of strongyloidiasis: critical review with epidemiological insights into the prevention of disseminated disease. Rev l.nfect Dis. 1989; II : 755-767. 4. PeLLETIER Ll Jr. Chronic strongyloidiasis in World War ll

Far East ex-prisoners of war. Am J Trop Med Hyg. 1984; 33: 55-61.

5. TAKA YANGANl OM, LOFRANO MM. ARAUJO M.BM. CHIM EL LI L. Detection of Strongyloides stercora/is in the cerebrospinal fluid of a patient with acquired immune deficiency syndrome. Neurology. 1995; 45: 193- 194. 6. lNGRA-Sl£GMAN Y, K.APILA R, SEN P, KAMINSKi ZC,

LOUIUA D.B. Syndrome ofhyperinfection wi th Strongyloi-des stercora/is. Rev infect Dis.l981 ; 3: 397-407.

7. CELEDON JC, MATHUR-WAGH U, FOX J, GARCiA R,

WIEST PM. Sistemic strongyloidiasis in patients infected with the human immunodeficiency virus - A report of38 cases and review of the literature. Medicine. 1994; 73: 256-263. 8. NEWTON RC, LlMPUANGTHlP P, GREENBERG S,

GAM A, NEVA FA. Strongyloides stercora/is hyperinfecti-on in a carrier of HTL V-I virus with evidence of selective immunosupression. Am J Med. 1982; 92: 202-208. 9. BHA'n .BD. CAPPELL MS. SMlLOW PC, DAS KM.

Recurrent massive upper gastrointestinal hemorrhage due to

Strongyloides stercora/is infection. Am J Gastroenterology.

1990; 85: 1034-1036.

10. KRAMER MR, GREGG PA,GOLDSTEIN M, LLAMAS R, KRiEGER BP. Disseminated strongyloidiasis in AIDS and non-AIDS immunocompromised hosts: diagnosis by sputum and bronchoalveolar lavage. South Med J. 1990; 83: 1226-1229.

11 . NETO VA. PASTERNAKJ, MOREiRA AA, DUARTE Ml, CAMPOS R, BRAZ LM. Strongyloides stercoral is hype.rin-fection in the Acquired immunodeficiency Syndrome (letter). Am J Med. 1989; 87:602-603.

12. PETITHORY JC, DEROUIN F. AIDS and strongyloidiasis

in Africa (Letter). Lancet. 1987; l: 921.

13. PlOT P, QUINN, TC, TAELMAN H et all. Acquired immunodeficiency Syndrome in a heterosexual population in Zaire. Lancet. 1984; 2: 65-69.

14. KENNEY M, WEBBER CA: Diagnosis of strongyloidiasis

Janeiro/Fevereiro 1999

in Papanicolau-staincd sputum smears. Acta Cytol. 1974; 18: 270-273.

15. YASSIN SMA, GARRET M. Parasites in cytodiagnosis: a

case report of Strongyloides stercora/is in Papanicolau smears of gastric aspirate, with a review of the literature. Acta Cytol. 1980; 24: 539-544.

16. BAlLANGER J. Coprologie parositaire et fonctionelle. Arrcahon, Bordeaux. 1982; 324.

17. SARANGARAJAN R,BELMONTEAH, TCHERTKOFFV.

Strongyloides stercora/is hyperinfection diagnosed by gastric cytology in an AIDS pat.ient. AIDS. 1997; II : 394-396.

18. HARCOURT-WEBSTERJN, SCARA VILLI F, DARWISH

AH. Strongyloides stercora/is hyperinfection in an

HlV-positive patient. J Clin Pathol. 199 1; 44: 346-348.

19. WANG T, REYES CV, K.ATHURIA S, STRINDEN C. Diagnosis of Strongyloides stercora/is in sputum cytology. Acta Cytol. 1980; 24: 40-43.

20. KOSS LG. Autoinfection with Strongyloides stercora/is

(larva in sputum): Adventures in cytology. Meeting ofNew York Pathological Society. March 30, 1978.

21. PATTEN SF. Diagnostic cytology seminar: Sputum. Acta Cytol. 1976; 20: 426-428.

22. SMITH B, VERGHESE A, GUTiERREZ C, DRALLE W, BERK SL. Pulmonary strongyloidiasis- Diagnosis by sputum Gran stain. Am J Med 1985 ; 79: 663-666. 23. ARMIGNACCO 0, CAPECCl A, DE MORJ P, GRILLO

LR. Strongyloides stercora/is hyperinfection and the

Acqui-red Immunodeficiency Syndrome (letter). Am J Med. 1989; 86: 258.

24. MAA YEN S, WORMSER GP, WlLDENHORN J, SY ER, KIM YH, ERNSTJA. Strongyloides stercora/is hyperinfecti-on in a patient with acquired immune deficiency syndrome. Am J Med. 1987; 83: 945-948.

25. SCHAJNBERG L, SCHEINBERG MA. Recovery of

Strongyloides stercora/is by 「イッョ」セッ。ャカ・ッャ。イ@ lavage in a

patient with acquired immune deficiency syndrome (letter). Am J Med. 1989; 87: 486.

26. WILLLAMS J, NUNLEY D, DRALLE W, BERK Sl, VERGHESE A. Diagnosis of pulmonary strongyloidiasis by bronchoalveolar lavage. Chest.l988; 94: 643-644. 27. A VAGNLNA MA, EISNER B, LOTI! RM, RE R.

Strong-yloides stercora/is in Pap's smear of ascitic fluid. Acta Cytol. 1980; 24: 36-39.

28. MURTHY DA, LUTHRA UK, SEHGAL K, SODHANI P.

Cytologic Detection of Strongyloides stercora/is in a routine

(8)

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGlA

cervicovaginal smear - A case report. Acta Cytol. 1994; 38: 223-225.

29. DUTCHER JP, MARC US SL, TANOWITZ HB, witiセ er@

98 Vol. VN° I

M, FUKS JS, WlERNIK PH. Disseminated strongyloidiasis with central nervous system infection diagnosed antemortem in a patient with Acquired Immune Deficiency Syndrome and Burkitt's lymphoma. Cancer. 1990; 66: 2417-2420.

Referências

Documentos relacionados

Assim para dar resposta recorremos à área temática referentes à actividade relacionada com a produção propriamente dita dado que a essência do trabalho está na relação

Neste trabalho utilizou-se como adsorvente a peneira mesoporosa MCM-41 com o objetivo de estudar a redugao do teor de enxofre de uma gasolina sintetica constituida por uma mistura

Deste ponto se direcionam alguns caminhos seguidos pelo pesquisador, que podem ser concebidos como objetivos específicos geradores das amarras necessárias para a sustentação

Quanto ao tratamento periodontal em pacientes com coagulopatas hereditárias, é correto afirmar: a Polimentos coronarianos devem ser realizados de maneira esporádica, pois

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

Para atender a esse objetivo, foi realizado o levantamento de informações fitogeográficas e florísticas da vegetação do Parque; a identificação de 30 elementos arbóreos

A mesma autora (p.28) refere que: “A autonomia profissional decorre do reconhecimento por parte da sociedade de que a enfermagem enquanto disciplina e profissão coloca o utente