Considerando a necessidade da adopção de simbologia comum para a gestão das operações de protecção e socorro de diversa natureza, que permitam identificar com clareza e de forma inequívoca independentemente dos teatros de operações onde se verifiquem, o conjunto de meios, estruturas, tipo de acções em curso e previstas é adoptada uma simbologia operacional de protecção e socorro.
Esta simbologia operacional aplica-se a todas as operações de protecção civil e socorro e é utilizada pelos CDOS e pelos Postos de Comando Operacional.
1 - Utensílios Gráficos
A utilização de ferramentas de apoio à decisão e gestão operacional permite esquematizar graficamente e de forma dinâmica as principais informações relativas à ocorrência em curso. A aplicação dos utensílios gráficos na gestão de uma operação de socorro permite rentabilizar os recursos, a transmissão e a compreensão da informação operacional aos diferentes níveis de comando, controlo e de execução (níveis estratégico, táctico e de manobra).
O aumento e a diversidade dos riscos, associado a uma grande mobilidade geográfica dos actores na gestão operacional, tornam indispensável um referencial comum de ferramentas gráficas, adaptável e facilmente assimilável.
2 - Definição de Linguagem Cartográfica
Cada objecto com representação cartográfica (veículo, zona de apoio, posto de comando, etc.) é um objecto geográfico definido por uma posição na carta e por uma identidade gráfica.
Cada objecto é caracterizado por um modelo de implementação na carta: implementação pontual (ponto de água), linear (estrada) ou polígono (zona de sinistro ou sector operacional). A identidade gráfica dos objectos é materializada através de quatro variáveis visuais, que podem ser utilizadas por tema, de modo exclusivo ou combinadas.
2.1 A Forma (contorno dos objectos)
Com representação geométrica ou sob a forma de pictograma, expressa a identidade do objecto, e por dedução, as suas diferenças.
2009
_________________ O Presidente A-B-C-D-G-H-K-MA-MB- MC-MD-ME-MF-NC-ND- NE-NI-NJ-NL-NO-NP- NQ-NR-NS-OA-OC-OD-OE-OF-OG Folha 1 / 182.2 Cor (expressa as diferenças temáticas)
Cor Significado
(preto) Vias de acesso / cor utilizada por defeito (verde) Pessoas
(vermelho) Sinistro (azul) Água
(laranja) Riscos particulares
2.3 Estado (expressa a dinâmica e diferencia as acções previstas e em curso)
Previsto Em Curso
Forma elementar Significado
Meio e/ou infra-estrutura de socorro
Aviso / Perigo Superfície Recurso de água
Sinistro ou componente particular do sinistro Movimento / limite
Texto Gráfico
Através de uma combinação, as variáveis reforçam o significado temático dos objectos gráficos
±+
2.5 Alteração da carta gráfica em nível de complexidade.
A natureza da operação, o perfil do utilizador ou os materiais disponíveis (suporte gráfico, canetas, etc.) determinam diferentes níveis de exigência na utilização dos utensílios gráficos. Assim, a carta gráfica identifica, não apenas os temas, mas também, um ou vários níveis de complexidade e mobiliza um número crescente de variáveis visuais.
1º Nível 2º Nível
Forma + orientação Forma + orientação + cor
Meio de socorro previsto, tipo grupo de combate Restaurante 4 Garrafas de gás 2 Vítimas VFCI 03
+
+
+
=
Forma Estado Cor Preenchimento
A zona de intervenção é identificada pelos seus componentes essenciais, visando uma operação em curso. Estes são sintetizados graficamente e o plano cartográfico resultante, constitui o fundo da carta de base da cartografia operacional (quadro de situação táctica – SITAC + Ordens Gráficas).
3.1 Recursos da Zona de Intervenção
3.1.1 Acessos
Materializa as vias de comunicação utilizáveis pelos meios de socorro e pelo pessoal
Por defeito
3.1.2 Pontos de Água
Os pontos de água são os locais de abastecimento de água para os meios de socorro terrestres e aéreos.
Por defeito Principal Circular Penetrante te Evolução limitada Sentido de circulação Circulação interdita
Ponto de água perene
Ponto de água não perene
Ponto de água para aeronaves te
Características
BI 50
3.2.1 Morfologia da Zona de Intervenção
Elevação:
Indicada em metros /pisos
Declive:
Materializado por uma seta com a indicação da direcção e intensidade
. 250 P + 4
A utilização de cores visa a materialização das linhas de festo (vermelho) e das linhas de água (azul), permitindo a construção do esqueleto do relevo.
3.2.2 Ameaças
As ameaças são as entidades com componente humana, ou outra que constituem um perigo real para as pessoas, os bens ou para o ambiente (barragem em ruptura, fonte radioactiva, pessoas contaminadas, etc.) O perigo é caracterizado sob o ponto de vista do tipo.
Por defeito
Categoria Tipo
Ponto cotado (elevação em metros)
Direcção da encosta e Intensidade do declive: Suave
Moderado Acentuado
Componente humana Componente sinistro
Componente “riscos particulares” Componente água
R
N – Nuclear R – Radiológico B – Biológico Q – Químico E – Eléctrico G - Gás Edifício: 4º piso/4 pisosOs pontos sensíveis correspondem a entidades identificadas com necessidade real de protecção (grupo de pessoas com mobilidade reduzida, armazém de produtos de elevado valor, património, etc.).
Por defeito
Categoria
Tipo
4 - Sinistro
4.1 Centros e Zonas de Acção
O sinistro é delimitado no espaço e no tempo. Esta delimitação pode ser do tipo pontual ou apresentada sob a forma de polígono. Um sinistro pode comportar diversos componentes, pontos e polígonos.
A Zona de Sinistro corresponde ao espaço da zona de intervenção afectada pela manifestação do risco. É materializada através dos centros de acção (pontual) ou das zonas de acção (superfície) identificando os locais com intervenção em curso ou locais onde é prevista intervenção.
Um centro ou zona de acção é uma entidade que nasce (no momento da informação) vive (cinética própria do sector e dos seus componentes, como a actuação dos meios de socorro) e morre (fim das acções e desmobilização total de meios). As informações de identificação de tipo ou características são associáveis às figuras gráficas.
Componente humana Componente sinistro
Componente “riscos particulares” Componente água
G
N – Nuclear R – Radiológico B – Biológico Q – Químico E – Eléctrico G - GásCentrode acção
Zona de Acção
Por defeito
Categoria
4.2 Desenvolvimento do Sinistro
Esta noção é utilizada sobretudo nos incêndios florestais. Evolui em função do sentido do vento e do relevo.
Componente humana Componente sinistro
Componente “riscos particulares” Componente água Identificação Cantina Características 3 Pessoas 2 Garrafas de gás T+30 T+60 T+90 -Determinação do eixo principal de propagação do sinistro (sentido do vento).
-Determinação do eixo secundário de propagação do sinistro (associado ao relevo).
5.1 As acções correspondem às manobras de socorro realizadas ou a realizar (Ordens Gráficas). Cada acção representada está obrigatoriamente associada a um centro ou a uma zona de acção. Uma acção não pode estar ligada a mais do que um centro ou a uma zona de acção, inversamente, um centro ou uma zona de acção pode conter diversas acções.
A cartografia apoia-se sobre uma tipologia de três tipos de acções:
- Reconhecimento;
- Acções ofensivas; - Acções defensivas. 5.1.1 Reconhecimento
O Reconhecimento inicial da situação permite a informação à estrutura operacional e a tomada de decisões atempadas, nomeadamente sobre a transferência do Comando, o desenvolvimento da organização do teatro de operações e a necessidade de meios de reforço ou meios especializados.
O reconhecimento pode ser global ou orientado para uma acção específica (avaliação de um compartimento, busca de pessoas, etc.) posicionado no espaço e planificado no tempo (acção em curso ou prevista “a partir das 18h00`”, etc.).
Por defeito
Categoria
5.1.2 Acções ofensivas
As acções ofensivas são as acções (em curso ou previstas) efectuadas pelos combatentes de forma a permitir a antecipação sobre a evolução do sinistro. Uma acção ofensiva pode ser global ou orientada tematicamente (ataque a um compartimento, desencarceramento, etc.) posicionada no espaço e planificada no tempo (em curso ou prevista “a partir das 17h00”).
Ligado ao socorro de pessoas Ligado ao sinistro
Ligado a “riscos particulares” Ligado a água Posição Sector Alfa Planificação
l
15h00 EstadoPor defeito
Categoria
Exemplos de Acções
EVAC – Evacuação; ALIM – Alimentação; SD – Desencarceramento; CONF – Confinamento; VENT – Ventilação; ABST – Abastecimento.
A posição da acção relacionada com o espaço em que se desenvolve, assim como a combinação das acções entre si, dão um sentido particular à acção.
SD
Tipo de acção Ligado ao socorro de pessoas
Ligado ao sinistro
Ligado a “riscos particulares” Ligado a água Posição Sector Alfa Planificação 15h00
l
EstadoAcção prevista Acção em curso
Acções localizadas e
independentes
Acções em processo de ida e volta (nora)
Estado
Acção prevista Acção em curso
Acções simultâneas e concertadas (Flanqueamento)
5.1.3 Acções Defensivas
As acções defensivas são as acções (em curso ou previstas) executadas com o objectivo de barrar a progressão de um fenómeno dinâmico.
Uma acção defensiva pode ser global ou orientada tematicamente (faixa de contenção), posicionada no espaço e planificada no tempo (em curso ou prevista “a partir da 16h30”). As acções defensivas podem ser de dois tipos: Lineares (abertura de um aceiro) ou perimétricas (protecção de um ponto sensível, confinamento).
Descarga de retardante Descarga de água
Acção ofensiva aérea
Por defeito Planificação Estado Acção prevista Por defeito Acção em curso Defesa linear Defesa perimétrica
Acção ligada ao socorro de pessoas Acção ligada ao sinistro
Acção ligada a “riscos particulares” Acção ligada a água
Categoria
FE
l
1500Compreende os meios do tipo “recursos, infra-estruturas e logística operacional”. Os meios de intervenção empenhados ou a empenhar, são obrigatoriamente conectados a uma acção definida previamente (acção em curso ou prevista). Um meio pode estar ligado a diferentes acções e uma acção pode envolver vários meios. Os meios aéreos, meios de comando e controlo, infra-estruturas e logística operacional não podem estar ligados a mais do que uma acção.
6.1 Meios de Comando e de Controlo
Os meios de comando e controlo operacional compreendem os utensílios à disposição do COS para estruturar o comando e controlo sobre o teatro de operações.
Meios de Comando e de Controlo
6.2 Meios de Intervenção
A realização de acções de socorro passa pela execução das manobras dos meios de intervenção.
Designação do PCO Estado Previsto Activo Por defeito Posto de Comando Zona de Apoio Sintra 1 Identificação da ZA
Meios de Intervenção Aéreos Tipo de meio de intervenção Estado Previsto Activo Por defeito Equipa/Veículo GRIF 1 Lisboa Identificação do meio de intervenção Brigada Grupo Companhia Socorro de pessoas Sinistro Riscos particulares Água Categoria Tipo de meio de intervenção Estado Previsto Activo Por defeito Identificação do meio de intervenção Salvamento/Evacuação Combate ao sinistro Riscos particulares Comando /Observação Categoria H28 HEBL
Os recursos, infra-estruturas e logística operacional inserem-se num único grupo. São definidos por um tipo (campo de texto) e por um conjunto de categorias.
7 – Organização Operacional da Zona de Intervenção
Implementação da sectorização do teatro de operações.
Tipo de recurso Estado Previsto Activo Por defeito Origem/Identificação Salvamento/Evacuação Combate ao sinistro Riscos particulares Comando /Observação Categoria INEM PMA
ZCR – Zona de Concentração e Reserva PMA – Posto Médico Avançado HC P – Hospital de Campanha ZRR – Zona de Recepção de Reforços VET – Veterinário GAS – Combustível MEC – Mecânico MOR – Morgue H - Heliporto Tipo ZCR ZCR
A delimitação dos sectores geográficos é expressa por um polígono, de cor preta, com indicação através de um ponto, do nível de comando ligado ao sector.
S – Comandante de Sector
F – Comandante de Frente
7.2 Sectorização Funcional
A sectorização funcional é materializada por uma figura que permite inserir a categoria do sector e o nível de comando que lhe está associado.
S CHARLIE
Identificação do Sector/Frente
Chefe de Equipa
Alfa
Tipo Chefe de Grupo
Comandante de Companhia
Identificação do Sector/Frente
Por defeito Salvamento/Evacuação
Combate a incêndio Riscos particulares
Categoria Tipo
Fazem o enquadramento de informações relacionadas com a operação em curso, bem como, integram os parâmetros da cartografia de base utilizada.
GDH 201730MAR08
T0 / T+30` / T+2
Orientação N25 Km/h
NVento – Direcção e Força
“Início às 16h00`”
l
l
1600
1600
“ Final às 16h00`”Grupo Data Hora – 17h30 do dia 20 de Março de 2008
Hora de início / 30 minutos de evolução / 2 horas de evolução
32
0C
Temperatura – Graus CentígradosHR 35%
Humidade Relativa do Ar – 35%Meios de Comando:
Posto comando Zona de Apoio
Meios de intervenção terrestres: - Equipa - Chefe de Equipa - Brigada (3 veículos) - Chefe de Brigada - Grupo (7 veículos) - Comandante de Grupo - Companhia (31 veículos) - Comandante Companhia S - Comandante de Sector F - Comandante de Frente
Meios de intervenção aéreos:
Meio Aéreo Com água Com retardante
Meios logísticos:
- Zona de Concentração e Reserva
- Zona de Combustíveis
- Mecânico
- Posto Médico Avançado PMA MEC
ZCR
10.1 Cartografia Operacional – Exemplo de Incêndio Urbano GDH311730MAR08 N 25 Km/h Armazém 150m Rua Direita
Rua João Vaz
Rua Manuel Silva
Habitação +3 Escola C1 1144 Tala Estacionamento A v. 27 d e J un ho 1 ZCR Loures Sintra Oeiras Loja Amadora 1122 SECTOR ALFA SECTOR CHARLIE SECTOR BRAVO SITAC: T+20`
GDH 231730JUL07
O Comandante Operacional Nacional
Paulo Gil Martins
SITAC: T+30` N 25 Km/h T- 35º HR - 40% V – NW:25Km/h VP – 750m/h C1 1119