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Cultivo da ostra Crassostrea gasar em diferentes densidades

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Academic year: 2021

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Lincon José Brunetto

CULTIVO DA OSTRA Crassostrea gasar EM DIFERENTES DENSIDADES

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Aquicultura

Orientador: Claudio Manoel Rodrigues de Melo.

Florianópolis 2018

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Este trabalho é dedicado em memória a minha querida mãe que me ensinou a importância do estudo.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por oferecer uma educação gratuita e de qualidade.

Ao Departamento em Aquicultura por possibilitar uma especialização de grau tão elevado.

À Secretaria do Estado de Educação de Santa Catarina, pela concessão da licença remunerada, só dessa forma foi possível à realização deste sonho.

À minha bela e prestativa namorada, Elenice Maria Mendes, pelo apoio, compreensão e carinho.

Ao “Seu” João (in memorian) e “Dona” Lenita Maria Mendes, por emprestar ferramentas e utensílios utilizados no experimento.

Ao meu orientador, Profº Claudio Manoel Rodrigues de Melo, por me instigar o conhecimento, pela amizade e ensinamentos.

Aos demais professores do departamento, aos quais tive a honra de conhecer.

Aos professores Hélcio Luis de Almeida Marques e Gilberto Caetano Manzoni que prontamente aceitaram fazer parte desta banca examinadora.

Ao incrível Francisco Carlos da Silva “Chico”, pelo exemplo, dedicação e preocupação com o experimento.

Ao Cassio, Carlos Henrique, João Paulo e Grazi pela amizade, direcionamento da pesquisa, escrita e auxílio nos manejos.

Ao Gabriel Nandi, pela amizade e auxílio nas análises de Séston.

À Jaqueline de Araújo, por ter fornecido microalgas para as sementes, até o início do experimento.

A todos os funcionários e estagiários do LMM, que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

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Ao Nelson e Fábio pela amizade, dicas de cultivo e por permitirem a realização deste experimento na Fazenda Marinha Atlântico Sul.

A todos os funcionários, sempre prestativos, da Fazenda Marinha Atlântico Sul.

Ao gerente do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Epagri/Cedap), Fabiano Muller Silva, pelas leituras de temperatura da água, registrados no Tidibit.

A todos os colegas e amigos do Programa de Pós Graduação em Aquicultura, os quais eu tive a honra de conhecer e conviver.

Aos alunos e ex-alunos do Colégio Maria do Carmo de Souza, que torceram por mim.

A cada uma das milhares de sementes de ostras Crassostrea gasar, utilizadas neste experimento, vocês fizeram a diferença e contribuíram muito para o estudo da espécie.

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Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas.

As pérolas são uma ferida curada.

Pérolas são produto da dor resultado da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia.

A parte interna da concha de uma ostra é uma substância lustrosa chamada nácar.

Quando um grão de areia penetra, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas para proteger o corpo indefeso da ostra.

Como resultado, uma linda pérola é formada.

Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada [...]”

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência da densidade de ostras nas diferentes fases de cultivo (berçário: 50, 100, 200 e 400 mL de sementes/29,5L na fase intermediária: 100, 200, 300 e 400 ostras/bandeja; e definitiva: 30, 60, 120 e 180 ostras/andar) na sobrevivência e crescimento de sementes, juvenis e adultos da ostra Crassostrea gasar, em Florianópolis/SC (27°44'31.29"S e 48°33'29.66"O). O delineamento experimental foi em bloco ao acaso, na fase de semente, e inteiramente ao acaso, a partir da fase juvenil, com 16 repetições. Os valores de salinidade, temperatura, matéria particulada total, matéria particulada inorgânica e matéria particulada orgânica ao longo do período experimental foram, respectivamente: 32,85 ± 2,15; 21,81 ± 3,13 ºC; 54,67 ± 14,43 mg L-1; 39,66 ± 9,83 mg L-1; 10,42 ± 2,93 mg L -1. Na fase

berçário, apesar do tratamento com densidade 400 mL/29,5L ter proporcionado valores superiores de altura (28,69 ± 0,74 mm) em relação aos demais tratamentos, o fenótipo da ostra, expresso na relação Altura/Comprimento (A/C) = 1,22 ± 0,03 mm, foi superior ao do tratamento de densidade 200 mL/29,5L que apresentou formato adequado, observado pela relação A/C = 1,08 ± 0,05 mm (P<0,05). Além disso, no tratamento 200 mL/29,5L obteve-se resultados de crescimento em altura (12,78 ± 0,23 mm), superior às densidades 50 mL/29,5L e 100 mL/29,5L (P<0,05), demonstrando ser a densidade mais adequada para esta etapa de cultivo. Ao fim da fase intermediária todas as densidades pesquisadas proporcionaram sobrevivência de aproximadamente 98%. O peso médio individual (PMI) dos animais foi influenciado negativamente pela densidade de cultivo. Entretanto, a densidade de 100 ostras/bandeja (12,78 ± 1,45 g), proporcionou ostras com formato mais arredondado (A/C = 1,32 mm). Os animais cultivados na densidade de 200 ostras/bandeja não diferiram estatisticamente em comprimento e largura, dos valores obtidos na condição de 100 ostras/bandeja. Foram observadas ostras em tamanho comercial aos 5 meses de cultivo, na fase definitiva; onde a densidade 180 ostras/andar apresentou a menor quantidade de ostras (60,62%) com tamanho comercial e menores valores de PMI. As ostras cultivadas a 120 ostras/andar apresentaram maior sobrevivência (86,35 ± 3,86), e o tratamento 30 ostras/andar levou a menor sobrevivência (76,94 ± 6,58 %). Valores de PMI foram estatisticamente semelhantes entre as densidades 30, 60 e 120 ostras/andar e a porcentagem de ostras aptas a comercialização apresentaram melhores resultados nas densidades 30,60 e 120 ostras/andar com porcentagens variando entre (63,16% a 64,97%). A maioria das ostras atingiram (entre 85,52 a 94,15%), tamanho comercial aos 10 meses de cultivo, com maiores quantidades em cultivos menos densos. Mediante os indicativos de crescimento em largura, altura e comprimento; as ostras cultivadas a 60 e 120 ostras por andar são muito semelhantes e com maior relevância para a produção, onde o PMI em cultivos de 60 ostras/andar e o formato mais arredondado, torna-os mais atrativos ao mercado consumidor, sendo que a maior sobrevivência obtida

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foi a 120 ostras/andar, tornando-as mais atrativas à produção. Os dados obtidos pela presente pesquisa demonstram que a espécie possui potencial para o cultivo e traz subsídios acerca do cultivo de ostras nativas para o desenvolvimento da atividade no litoral brasileiro.

Palavras-chave: 1.Aquicultura. 2.Ostra do mangue. 3.Ostra nativa. 4.Ostreicultura. 5.Cultivo suspenso.

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the influence of oyster density on the different stages of culture (nursery: 50, 100, 200 and 400 mL of seeds/29.5L); in the intermediate phase: 100, 200, 300 and 400 juveniles / tray; and in the definitive phase 30, 60, 120 and 180 adults / floor of the lantern). Additionally, we also evaluated the survival and growth of seeds, juveniles and adults of the Crassostrea gasar oyster, in Florianópolis / SC (27°44'31.29" S, 48°33'29.66" W). The experimental design was a complete randomized block in the seed phase, and completely randomized from the juvenile phase and on, with 16 replicates each phase. The values of salinity, temperature, total particulate matter, inorganic particulate matter and organic particulate matter during the experimental period were: 32.85 ± 2.15; 21.81 ± 3.13 °C; 54.67 ± 14.43 mg L-1; 39.66 ± 9.83 mg L-1; 10.42 ± 2.93 mg L -1, respectively. In the nursery phase, despite the treatment with 400 mL/29.5L density, the oyster phenotype, expressed in the Height/ Lenth (H/L) ratio = 1,22 ± 0,03 mm, was higher than the 200 mL/29.5L density treatment, which presented an adequate H/L = 1.08 ± 0.05 mm (P <0.05). Furthermore, the treatment of 200 mL/29.5L obtained good results of height growth tax (12.78 ± 0.23 mm), being superior to the densities treatments 50 mL/29.5L and 100 mL/29.5L (P <0.05). Therefore, 200 mL/29.5L showed the most suitable density for this stage of cultivation. At the end of the intermediate phase, all the densities surveyed provided a high survival rate (≥98%). The individual mean weight (IMW) of the animals was negatively influenced by the density. However, the 100 juveniles/tray treatment (12.78 ± 1.45 g) provided oysters in a more rounded state (H/L = 1.32 mm). Animals grown at the density of 200 oysters/tray did not differ statistically in length and width from those grown 100 juveniles/tray. Oysters in commercial size were observed at 5 months of culture, at the final phase; in which the 180 oysters/floor treatment presented the lowest amount of oysters (60.62%) in commercial size and the lowest values of IMW Oysters cultivated at 120 oysters/floor had highest survival rate (86.35 ± 3.86), while the 30 oysters/floor treatment (76.94 ± 6.58%) had the worst survival rate. IMW values and percentage of oysters suitable for commercialization showed a degree of statistical similarity in the 30 and 60 oyster/floor treatments. Most oysters reached (between 85.52 and 94.15%), commercial size at 10 months of cultivation, with greater amounts in less dense treatments. Evidencing the signs of width, height and length growth of the cultivated oysters; oysters grown at 60 and 120 oysters per

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floor showed very similar rates and they possess greater relevance to the production, in which the IMW of 60 oyster/floor treatment as well as its more rounded format render more attractive traits to the consumer market, despite the greater survival obtained at 120 oysters/floor. The data obtained by the present research demonstrate that the species possesses a great potential for cultivation and it brings subsidies on the cultivation of native oysters for the development of the activity in the Brazilian coast.

Keywords: 1.Aquaculture. 2.Mangrove oyster. 3.Native oyster. 4.Oyster culture. 5.Suspended culture

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LISTA DE FIGURAS INTRODUÇÃO GERAL

Figura 1. Esquema das etapas metodológicas utilizadas para avaliar a densidade de cultivo da ostra Crassostrea gasar ... 29

ARTIGO

Figura 1. Caixa utilizada para o cultivo em berçário de Crassostrea gasar ... 36 Figura 2. Bandejas utilizadas para o cultivo de Crassostrea gasar na fase intermediária ... 37

Figura 3. Lanternas utilizadas para o cultivo de Crassostrea gasar na fase definitiva ... 38

Figura 4. Salinidade e temperatura (ºC) (média semanal ± desvio padrão) da água do mar no local de cultivo de Crassostrea gasar entre julho de 2016 a outubro de 2017 ... 40

Figura 5. Matéria particulada total (MPT), matéria inorgânica particulada (MIP) e matéria orgânica particulada (MOP) (médias mensais ± desvio padrão) na água do mar no local de cultivo de Crassostrea gasar entre julho de 2016 a outubro de 2017 ... 41 Figura 6. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de sementes de Crassostrea gasar retidas nas malhas 1,5 mm e 3,0 mm após 42 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L ... 42

Figura 7. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 1,5 mm e 3,0 mm após 42 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L .. 43

Figura 8. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas na malha 6,0 mm após 72 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L... 44

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Figura 9. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas na malha 6,0 mm após 72 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L ... 44

Figura 10. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 6,0 mm e 16 mm após 114 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L ... 45

Figura 11. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 6,0 mm e 16,0 mm após 114 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L ... 46

Figura 12. Biometrias e sobrevivência da fase intermediária de Crassostrea gasar em relação às densidades 100, 200, 300 e 400 ostras/bandeja. (A) altura (mm), (B) comprimento (mm), (C) altura/comprimento (mm), (D) largura (mm), (E) peso médio individual (g), (F) sobrevivência (%), (médias ± desvio padrão) ... 47

Figura 13. Peso médio individual (g) e sobrevivência (%) de Crassostrea gasar na fase definitiva aos 5 meses de cultivo nas densidades 30, 60, 120 e 180 ostras/andar. (A) peso médio individual (g), (B) sobrevivência (%), (médias ± desvio padrão) ... 49

Figura 14. Biometrias e sobrevivência de Crassostrea gasar na fase definitiva aos 10 meses de cultivo nas densidades 30, 60, 120 e 180 ostras/andar. (A) altura (mm), (B) comprimento (mm), (C), altura/comprimento (mm), (D) largura (mm), (E) peso médio individual (g), (F) peso individual (g), (G) sobrevivência (%) (médias ± desvio padrão) ... 51

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LISTA DE TABELAS ARTIGO

Tabela 1. Porcentagem de Crassostrea gasar na fase definitiva em diferentes classes de tamanhos após 5 meses de cultivo ... 49

Tabela 2. Porcentagem de Crassostrea gasar na fase definitiva em diferentes classes de tamanhos após 10 meses de cultivo ... 52

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL... 21

1.1 Produção aquícola mundial ... 21

1.2 Desenvolvimento da malacocultura no Brasil... 22

1.3 Cultivo de moluscos no Estado de Santa Catarina... 23

1.4 Ostra nativa Crassostrea gasar... 24

1.5 Efeito dos parâmetros ambientais sobre o crescimento de ostras... 25

1.6 Técnicas empregadas no cultivo de ostras... 26

2. OBJETIVOS... 28

2.1 Objetivo Geral... 28

2.2 Objetivos Específicos... 28

3. ETAPAS METODOLÓGICAS... 29

Artigo: Cultivo da ostra Crassostrea gasar em diferentes densidades.. 31

Abstract... 32 1. Introdução... 34 2. Materiais e métodos... 35 3. Resultados... 39 4. Discussão... 52 5. Conclusões... 59 6. Referências... 59

REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO GERAL... 65 .

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INTRODUÇÃO GERAL 1,1 Produção aquícola mundial

De acordo com as novas projeções, estima-se que a população mundial alcançará 10 bilhões de pessoas em 2050 (GENTRY et al., 2017). Em um contexto de mudanças climáticas, incertezas econômicas e financeiras, competição por recursos naturais, bem como, estagnação da pesca de captura, a produção alimentar se torna um dos principais desafios para as próximas décadas (FAO, 2016).

A pesca ainda é considerada, em muitas nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, um meio vital de subsistência. Entretanto, esta atividade é exercida de forma irresponsável e em conjunto com outros fatores pode acarretar declínios substanciais nos recursos marinhos (FAO, 2010).

Para suprir a demanda do consumo de pescados, atenuando a estagnação da captura pesqueira, a aquicultura desempenha uma importante atribuição. Esta atividade tem exercido função preponderante na produção de alimentos e vem crescendo de forma constante nos últimos 50 anos, com o aumento da oferta alimentar a uma taxa média anual de 3,2%, superando o incremento populacional em 1,6% (FAO, 2014).

Segundo dados da FAO (2016), no segmento de cultivo de animais filtradores, houve produção 22,7 milhões de toneladas no ano de 2014. Esta quantidade representa 30,8% do total da produção mundial de peixes, a qual incluiu duas espécies, a carpa prata Hypophthalmichthys molitrix Valenciennes (1844) e a carpa cabeça grande Hypophthalmichthys nobilis J. Richardson, (1845). (FAO, 2016).

No ano de 2014, a Europa produziu 632 mil toneladas de moluscos bivalves, e seus principais produtores foram Espanha, França e Itália produzindo 223 mil toneladas, 155 mil toneladas e 111 mil toneladas, respectivamente (FAO, 2016). No mesmo ano, a China, foi a principal produtora de bivalves, com cerca de 12 milhões de toneladas, equivalente a cinco vezes mais do que é produzido em todo o mundo. Da mesma forma, países como o Japão, República da Coréia e Tailândia produziram respectivamente 377 mil toneladas, 347 mil toneladas e 210 mil toneladas, também merecem destaque (FAO, 2016).

No que se refere ao cultivo de moluscos bivalves no continente sul americano, destacaram-se Chile e Brasil com uma produção de 246 mil toneladas e 22 mil toneladas, respectivamente (FAO, 2016).

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1.2 Desenvolvimento da malacocultura no Brasil

No Brasil, o inicio das pesquisas relacionadas à Malacocultura despontou na década de 70. Entre as décadas de 70 e 80 ocorreram as primeiras tentativas de introduzir o cultivo de moluscos nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto, apesar das tentativas anteriores, a malacocultura começou no estado de Santa Catarina na década de 90, por iniciativa do Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em conjunto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) (POLI, 2004).

Na contemporaneidade, o LMM/UFSC é um dos laboratórios no Brasil que produz regularmente sementes de ostra do Pacífico. O mesmo desempenha um importante papel, em Santa Catarina, no que diz respeito a sustentação da malacocultura no Brasil, dando destaque, em especial, a produção de moluscos bivalves: ostras (ostreicultura), vieiras (pectinicultura) e mexilhões (mitilicultura).

O cultivo de moluscos é considerado uma atividade ecologicamente viável, nutricionalmente com elevado valor proteico e baixo potencial poluidor (MPA, 2015). Entre as espécies produzidas, destacam-se o mexilhão Perna perna Linnaeus (1758), a ostra Crassostrea gigas Thunberg (1795), e uma crescente produção de vieiras Nodipecten nodosus Linnaeus (1758) (CAVALLI; FERREIRA, 2010) bem como da ostra nativa Crassostrea gasar Dautzenberg (1891).

O Brasil possui uma grande extensão litorânea favorecendo o cultivo de moluscos e o desenvolvimento da atividade. No ano de 2016, a produção nacional de moluscos foi de 20,83 mil toneladas, obtendo um valor de produção de 68.480 milhões de reais (IBGE, 2016). Entre os estados que cultivam moluscos estão: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e Santa Catarina que se destaca como líder nacional, sendo responsável por mais de 90% da produção de moluscos bivalves cultivados (MPA, 2014).

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1.3 Cultivo de moluscos no Estado de Santa Catarina

No estado de Santa Catarina as condições climáticas, geográficas e oceanográficas são favoráveis para o cultivo de moluscos, encontrando-se inúmeras áreas protegidas compostas por baías, enseadas, estuários e qualidade da água. Essas características propiciam o processo de desenvolvimento do cultivo de moluscos bivalves no estado, colocando-o como líder nacional na produção destes animais aquáticos (RODRIGUES et al., 2010).

No que se refere aos municípios produtores de ostras no estado de Santa Catarina, destacaram-se no ano de 2016, Florianópolis (1.707,6 toneladas), Palhoça (586,0 toneladas) e São José (399,2 toneladas) (EPAGRI, 2016). Tal formação da cadeia produtiva de moluscos cultivados no mar assume um papel de destaque no desenvolvimento econômico e social do estado de Santa Catarina, sendo tanto o cultivo de mexilhões como o de ostras praticado ao longo da faixa litorânea catarinense entre os municípios de Garopaba, ao sul do Estado, e São Francisco do Sul, ao norte do Estado (GALLON; NASCIMENTO;

PFITSCHER, 2011).

De acordo com dados do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca, houve uma retração de 6,92 % na comercialização de ostras entre os anos de 2015 e 2016. Esses dados remetem-se, dentre outros motivos, a possível diminuição do número de ostreicultores especialmente em Florianópolis, o maior produtor estadual. Além disso, o hábito dos consumidores em preferir ostras in natura é um dos principais entraves da produção uma vez que esta via comercial limita o tempo de exposição do produto em no máximo quatro dias (EPAGRI, 2016). Desse modo, o período para a manutenção da boa qualidade do produto acaba impossibilitando a distribuição deste alimento através do varejo, segmento praticamente inexplorado na atualidade (EPAGRI, 2016).

Para suprir a demanda do cultivo de moluscos bivalves em Santa Catarina, o estado conta com a produção de sementes que é realizada principalmente pelo LMM/UFSC. Além da produção de larvas olhadas do mexilhão P. perna e produção de sementes de ostras nativas, o laboratório produz sementes da ostra do pacífico C. gigas. A ostra C. gigas destaca-se na produção catarinense.

O LMM vem realizando, nos últimos anos, estudos a fim de diversificar e estabelecer a produção regular de sementes de outras espécies de moluscos. Entre estas espécies, destaca-se a ostra nativa C. gasar (DE OLIVEIRA RAMOS; FERREIRA; MELO, 2013; LOPES et

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al., 2013; RAMOS et al., 2014; LEGAT et al., 2017a; LEGAT et al. 2017b), pois tem sido considerada uma ótima alternativa aos produtores em substituição e/ou complementação da produção da ostra do pacífico C. gigas.

1.4 Ostra nativa Crassostrea gasar

Em virtude da falta de caracteres conchológicos que permitam uma distinção perfeitamente confiável entre as espécies de ostras, o uso de marcadores moleculares têm se tornado fundamental para elucidar a identidade adequada das espécies (WANG; XU; GUO, 2004, KLINBUNGA et al., 2005, REECE et al., 2008). Alguns desses estudos apontaram que no Brasil existem pelo menos, quatro espécies de ostras confirmas do gênero Crassostrea em nossos mares através de analises filogenéticas utilizando sequências do gene 16S mtDNA: a C. rhizophorae Guilding (1828), C. gasar Dautzenberg (1891) (=Crassostrea brasiliana Lamarck 1819), a Crassostrea sp “Canela” sensu Varela et al. (2007) e C. gigas Thunberg (1793) (LAPÉGUE et al., 2002, PIE et al., 2006, VARELLA et al., 2007; MELO et al., 2010). Com a exceção da Crassostrea sp. “Canela”, cujas análises moleculares recentes apontam para uma origem nos mares do Pacífico, agrupando-se proximamente a Crassostrea zhanjiangensis (WU; XIAO; YU, 2013), as três demais espécies apresentam interesse comercial.

Atualmente, no Brasil, estudos de C. gasar, estão sendo desenvolvidos sob algumas perspectivas, de forma a contribuir para o avanço da tecnologia da produção de sementes dessa espécie e avaliar seu potencial de cultivo. Silveira et al. (2011) avaliaram a taxa de assentamento larval e recuperação de sementes de C. gasar, em laboratório, através do uso de coletores plásticos, epinefrina (C9H13NO3C4H6O6) e pó de concha em tanques de assentamento, os autores constataram que o uso de coletores não se faz necessário, uma vez que a maioria das larvas se fixou no pó de concha e o uso de epinefrina foi eficiente no assentamento das larvas.

Ainda no que se refere ao avanço da tecnologia na produção de sementes de C. gasar, Gomes et al. (2014) avaliaram o ciclo reprodutivo da ostra C. gasar em campo e em laboratório e concluíram que o desenvolvimento do seu ciclo reprodutivo é influenciado positivamente pelo aumento da temperatura da água do mar e pela diminuição da salinidade. Observaram ainda, que a reprodução em laboratório é uma alternativa viável para a obtenção de gametas fora do período em que frequentemente ocorre a produção de gametas em ambiente natural.

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Funo et al. (2015) verificaram o efeito da salinidade sobre a sobrevivência e crescimento de C. gasar e sugerem que esta espécie seja cultivada em áreas marinhas com salinidade entre 30 a 35. Ramos et al. (2014) avaliaram a maturação do tecido gonádico de C. gasar e concluíram que a temperatura de 22ºC promove melhores resultados.

A espécie C. gasar, distribui-se ao Atlântico, do Senegal ao norte de Angola. Na América do Sul, a espécie foi confirmada recentemente por estudos moleculares no Atlântico, da Venezuela ao sul do Brasil (CARPENTER; DE ANGELIS, 2016).

Além da significativa distribuição geográfica, C. gasar destaca-se pela preferência pelo habitat infralitoral, regiões de costões rochosos e ecossistemas de manguezal (CHRISTO; ABSHER, 2006). Essa espécie é considerada euriualina, euritérmica (GALTSOFF, 1964; QUAYLE, 1988) e pode ser considerada uma ostra de grande porte, podendo alcançar mais de 70 mm de altura como constatado recentemente por Legat et al., (2017a).

O tamanho considerado ideal para comercialização das ostras é variado. Pereira; Henriques; Machado, (2003), considerou tamanho mínimo comercial de 50 mm de altura para a espécie Crassostrea gasar cultivadas por um ano em ambiente natural. Os autores verificaram haver duas classes de crescimento, lento e rápido.

Os resultados obtidos através de trabalhos realizados pelo LMM confirmam a potencialidade zootécnica de C. gasar, principalmente devido ao seu crescimento, podendo tornar-se uma opção para o cultivo na malacocultura nacional. Lopes et al. (2013) observaram que a espécie possui crescimento promissor tanto em ambiente marinho quanto estuarino e Legat et al. (2017a) verificaram que as ostras cultivadas em Santa Catarina obtiveram maior crescimento quando comparadas as ostras cultivadas no Maranhão. Atualmente essa espécie já pode ser encontrada nos cultivos em Santa Catarina através da disponibilidade de sementes provindas do LMM.

1.5 Efeito dos parâmetros ambientais sobre o crescimento de ostras A qualidade da água é o conjunto de características ótimas do ambiente para que se tenha êxito nos cultivos de ostras. Esse conjunto refere-se principalmente ao equilíbrio dinâmico das variáveis físicas e biológicas (ARANA, 2004).

Dentre as variáveis físicas destacam-se a salinidade e a temperatura da água as quais foram monitoradas no presente trabalho. Em estudos anteriores, Poli (2004), averiguou que a ostra nativa C.

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rhizophorae tolera uma ampla variação de salinidade, a fixação das sementes ocorre em condições hipersalinas, porém o seu crescimento ocorre de maneira mais rápido em água salobra. Por sua vez, a espécie C. gasar possui características semelhantes a C. rhizophorae, entretanto, seu melhor desempenho ocorre em condições salinas. O melhor desempenho do cultivo de C. gasar encontra-se na faixa de salinidade entre 30 a 35 (LOPES et al., 2013; FUNO et al., 2015; LEGAT et al., 2017a).

Com relação a temperatura, de acordo com Galtssof (1964), as ostras tendem a tolerar amplas variações da mesma . Porém, Poli (2004) considera que para o crescimento ideal de C. rhizophorae a temperatura da água deve manter-se abaixo dos 30ºC, o que corrobora com estudos anteriores como o de Miranda e Guzenski (1999).

O fator biológico exerce influência significativa no crescimento das ostras, sendo esse intimamente ligado à quantidade e qualidade do alimento (ARANA, 2004). As ostras são organismos filtradores e estabelecem sua alimentação por meio de ajustes no sistema de filtragem e ingestão, provenientes da concentração e disponibilidade de alimento na água (BAYNE et al., 1993). A descrição das características do alimento é realizada por meio do estudo da composição e concentração do séston ou matéria particulada total (MPT) da água (BARILLÉ et al., 1997; PATERSON; SCHREIDER; ZIMMERMAN, 2003).

Em ambiente natural a distribuição das ostras nativas é ocasionada pela disponibilidade e qualidade de alimento (POLI, 2004). Esse fator pode ser medido pela relação da matéria particulada inorgânica (MIP) e a matéria particulada orgânica (MOP) (VAHL, 1980). Em algumas ocasiões a quantidade excessiva da matéria particulada total pode ser prejudicial para as ostras, dificultando a capacidade de seleção e absorção de alimento (BARILLÉ et al., 1997).

1.6 Técnicas empregadas no cultivo de ostras

A ostreicultura pode ser dividida em três fases principais: cultivo inicial (sementes) cultivo intermediário (jovem) e cultivo definitivo (adulta) (MANZONI, 2001). De acordo com Sünhel et al. (2017), o cultivo na fase berçário tem início com sementes a partir 1,5 mm de altura, as quais podem ser alocadas em caixas flutuantes com aproximadamente 1 m² subdivididas em quadrados de (0,4 m x 0,4 m), a fase intermediária inicia com ostras jovens a partir de 30 mm de altura, as quais são alocadas em lanternas com abertura de malha com cerca de 15 mm e a fase definitiva ocorre a partir do momento em que as ostras

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atingem cerca de 60 mm de altura, as quais são alojadas em lanternas com abertura de malha de cerca de 25 mm.

Na malacocultura o crescimento e desenvolvimento das ostras são diretamente influenciados pelas boas práticas de manejo. Em vista disso, as boas práticas podem influenciar positivamente o crescimento das ostras, uma vez que os organismos competidores incrustantes aumentam o peso das estruturas e deixam as ostras mais expostas aos predadores (SEBRAE, 2015). Além disso, esses mesmos organismos atrapalham, também, a respiração e alimentação das ostras, diminuindo o seu potencial de crescimento podendo ocasionar até mesmo a morte (SEBRAE, 2015).

Segundo Silva-Souza (2006), as boas práticas promovem a melhor circulação da água, proporcionando melhor acesso ao alimento, além de diminuir a infestação de organismos patogênicos aos moluscos. De acordo com Manzoni (2001), na fase inicial se faz necessário à limpeza semanal das estruturas, com uso de jato de água a fim de evitar a colmatação das malhas. O manejo na fase intermediária pode ser realizado em um período que varia entre 20 a 30 dias e na fase definitiva, os manejos devem ser realizados com cerca de 30 dias. Segundo Manzoni (2001), o tempo predeterminado para a realização das limpezas é indicado para locais com muito material em suspensão e que utilizam lanternas para a alocação das ostras.

Além das boas práticas de manejo, a densidade de cultivo pode influenciar a sobrevivência e crescimento dos moluscos bivalves. A ostra C. rhizophorae cultivada em duas densidades apresentou melhor resultado no tratamento com maior densidade (MACCACCHERO; GUZENSKI; FERREIRA, 2005). Já no caso da C. gigas, as baixas densidades favorecem o seu crescimento (BASTOS, 2003; RONCARATI et al., 2017).

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2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

Verificar o efeito da densidade durante as etapas de cultivo de ostras C. gasar em sistema suspenso do tipo long line.

2.2 Objetivos Específicos

Analisar o efeito de quatro densidades na sobrevivência e crescimento nas fases berçário, intermediária e definitiva.

Verificar a porcentagem em tamanho comercial aos cinco e 10 meses de cultivo na fase definitiva.

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3. ETAPAS METODOLÓGICAS

Fig. 1: Esquema das etapas metodológicas utilizadas para avaliar a densidade de cultivo da ostra Crassostrea gasar. Os parâmetros ambientais monitorados foram: salinidade, temperatura, matéria particulada total (MPT), matéria inorgânica particulada (MIP) e matéria orgânica particulada (MOP). Foram utilizadas as seguintes fases de cultivo de ostras: berçário, intermediária e definitiva. A partir da densidade foram analisados: na fase berçário (altura, comprimento e relação altura x comprimento), na fase intermediária (largura, peso médio individual, sobrevivência e altura, comprimento e relação altura x comprimento) e na fase definitiva (largura, peso médio individual, peso individual, sobrevivência, altura, comprimento, relação altura x comprimento e tamanho comercial).

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CULTIVO DA OSTRA Crassostrea gasar EM DIFERENTES DENSIDADES

Lincon José Brunetto1*, Carlos Henrique Araújo de Miranda Gomes1, Cássio de Oliveira Ramos 1, Francisco Carlos da Silva1,Claudio Manoel Rodrigues de Melo1

Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM), Departamento de Aquicultura, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rod. Admar Gonzaga, 1346, 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil.

*Correspondência: Laboratório de Moluscos Marinhos – Departamento de Aquicultura, Centro de Ciências Agrárias,

Universidade Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil.

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Abstract

The objective of this study was to evaluate the influence of oyster density on the different stages of culture (nursery: 50, 100, 200 and 400 mL of seeds/29.5L); in the intermediate phase: 100, 200, 300 and 400 juveniles / tray; and in the definitive phase 30, 60, 120 and 180 adults / floor of the lantern). Additionally, we also evaluated the survival and growth of seeds, juveniles and adults of the Crassostrea gasar oyster, in Florianópolis / SC (27°44'31.29" S, 48°33'29.66" W). The experimental design was a complete randomized block in the seed phase, and completely randomized from the juvenile phase and on, with 16 replicates each phase. The values of salinity, temperature, total particulate matter, inorganic particulate matter and organic particulate matter during the experimental period were: 32.85 ± 2.15; 21.81 ± 3.13 °C; 54.67 ± 14.43 mg L-1; 39.66 ± 9.83 mg L-1; 10.42 ± 2.93 mg L -1, respectively. In the nursery phase, despite the treatment with 400 mL/29.5 cm³ density, the oyster phenotype, expressed in the Height/ Lenth (H/L) ratio = 1,22 ± 0,03 mm, was higher than the 200 mL/29.5L density treatment, which presented an adequate H/L = 1.08 ± 0.05 mm (P <0.05). Furthermore, the treatment of 200 mL/29.5L obtained good results of height growth tax (12.78 ± 0.23 mm), being superior to the densities treatments 50 mL/29.5L and 100 mL/29.5L (P <0.05). Therefore, 200 mL/29.5L showed the most suitable density for this stage of cultivation. At the end of the intermediate phase, all the densities surveyed provided a high survival rate (≥98%). The individual mean weight (IMW) of the animals was negatively influenced by the density. However, the 100 juveniles/tray treatment (12.78 ± 1.45 g) provided oysters in a more rounded state (H/L = 1.32 mm). Animals grown at the density of 200 oysters/tray did not differ statistically in length and width from those grown 100 juveniles/tray. Oysters in commercial size were observed at 5 months of culture, at the final phase; in which the 180 oysters/floor treatment presented the lowest amount of oysters (60.62%) in commercial size and the lowest values of IMW Oysters cultivated at 120 oysters/floor had highest survival rate (86.35 ± 3.86), while the 30 oysters/floor treatment (76.94 ± 6.58%) had the worst survival rate. IMW values and percentage of oysters suitable for commercialization showed a degree of statistical similarity in the 30 and 60 oyster/floor treatments. Most oysters reached (between 85.52 and 94.15%), commercial size at 10 months of cultivation, with greater amounts in less dense treatments. Evidencing the signs of width, height and length growth of the cultivated oysters; oysters grown at 60 and 120 oysters per

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floor showed very similar rates and they possess greater relevance to the production, in which the IMW of 60 oyster/floor treatment as well as its more rounded format render more attractive traits to the consumer market, despite the greater survival obtained at 120 oysters/floor. The data obtained by the present research demonstrate that the species possesses a great potential for cultivation and it brings subsidies on the cultivation of native oysters for the development of the activity in the Brazilian coast.

Keywords: 1. Mangrove oyster 2. Native oyster 3. Oyster culture 4. Malacoculture 5. Commercial size 6. Suspended culture.

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1. Introdução

No Brasil, existem duas espécies de ostras nativas que são normalmente comercializadas como produtos oriundos do extrativismo. Em vista disso, essas ostras possuem interesse comercial, sendo que Crassostrea. gasar possui melhores índices zootécnicos em comparação a espécie Crassostrea rhizophorae (Pereira et al., 2003).

A espécie C. gasar distribui-se ao Atlântico, do Senegal ao norte de Angola. Na América do Sul, a espécie foi confirmada recentemente por estudos moleculares no Atlântico, da Venezuela ao sul do Brasil (Carpenter; De Angelis 2016).

Além da significativa distribuição geográfica, C. gasar destaca-se pela preferência pelo habitat infralitoral, regiões de costões rochosos e ecossistemas de manguezal (Christo; Absher, 2006). Essa espécie é considerada euriualina, euritérmica (Galtsoff, 1964; Quayle, 1988) e pode ser considerada uma ostra de grande porte, podendo alcançar mais de 70 mm de altura (Legat et al., 2017).

Para potencializar o crescimento das ostras o conhecimento da densidade ótima de cultivo é um fator essencial (Taylor et al., 1997). Nesse sentido, testou-se primariamente o cultivo da ostra nativa C. rhizophorae em duas densidades distintas (1.000 e 2.000 ostras/lanterna), constatando-se um melhor resultado em altura da concha no tratamento de maior densidade (Maccacchero et al., 2005). Já Roncarati et al. (2017) cultivaram Crassostrea gigas em alta (35.385 ostras/lanterna) e baixa densidade e (17.710 ostras/lanterna) observando que a baixa densidade melhor favoreceu o crescimento da ostra C. gigas. Ainda no que se refere a densidade de estocagem, Cardoso-Junior et al. (2012) testaram três densidades de cultivo da ostra Crassostrea rhizophorae (50, 100 e 150 ostras/andar) e constataram que, a medida que aumentava a densidade, o crescimento em comprimento e largura das ostras diminuíam. Pereira et al. (2001) cultivaram a espécie Crassostrea gasar) na fase de engorda em quatro densidades (10, 15, 20 e 25 dúzias/m²) e constataram que o tratamento com densidade de 25 dúzias/m² obteve os melhores resultados.

No que diz respeito ao crescimento das ostras, também se faz necessário estabelecer o tamanho mínimo comercial, podendo esse ser bastante variado com relação a localidade e espécie cultivada. De acordo com Nascimento et al. (1980), o tamanho ideal para comercialização de C. rhizophorae é de aproximadamente 70 mm de altura, enquanto Pereira et al. (2003) consideram 50 mm de altura para a espécie C. gasar.

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Este estudo tem por objetivo avaliar o efeito da densidade na sobrevivência e crescimento da ostra C. gasar nas fases berçário, intermediária e definitiva, bem como avaliar a porcentagem de ostras em tamanho comercial aos 5 e 10 meses da fase definitiva de cultivo.

2. Materiais e métodos

O presente trabalho foi realizado na Fazenda Marinha Atlântico Sul situada no Ribeirão da Ilha, Florianópolis/SC (27°44'31.29"S; 48°33'29.66"W).

2.1. Parâmetros ambientais

Durante o cultivo experimental, a temperatura da água foi registrada de hora em hora utilizando-se do sensor Data Logger StowAway® Tidbit®. A salinidade foi observada quatro vezes por semana através de refratômetro Marca Biobrix® (Modelo 211). As concentrações de matéria particulada total (MPT), matéria inorgânica particulada (MIP) e matéria orgânica particulada (MOP) foram determinadas semanalmente, durante todo período experimental, através da adaptação da metodologia descrita por Strickland e Parsons (1972).

As coletas de água foram efetuadas semanalmente a 45 cm de profundidade, as quais eram acondicionadas em garrafas âmbar de 1 litro e armazenadas a 4 ºC até a realização das análises em laboratório.

As amostras de 250 mL de água foram filtradas em filtros de 47 mm de diâmetro Macherey-Nagel GF-3, previamente lavados com água destilada, calcinados e pesados. Ao final de cada filtragem os filtros com amostra foram enxaguados com formiato de amônio (0,5 N) para retirada dos sais. Os valores de MPT foram obtidos após a secagem dos filtros contendo as amostras em estufa a 60 °C por 24 horas. Os valores de MIP, foram obtidos calcinando-se as amostras de MPT a 450 °C por 2 horas, e MOP foi determinada pela diferença entre MPT e MIP (mg L -1). O índice foi obtido pela razão MIP/MOP.

2.2. Desova, larvicultura e assentamento

A desova (eliminação de gametas) foi realizada em dezembro de 2015, utilizando-se ostras do estoque de reprodutores da espécie C. gasar do Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina (LMM/UFSC). Após adquirir os zigotos provenientes da fecundação obtidos no processo anterior, larvicultura e assentamento das

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ostras C. gasar foram realizados segundo descrito por Silveira et al. (2011).

2.3. Fase de berçário

Essa fase do experimento ocorreu de julho a novembro de 2016. Para tal, foram utilizadas 717.000 sementes retidas em peneira de tamanho 1,5 mm. O delineamento experimental, foi realizado em blocos inteiramente ao acaso com quatro tratamentos (densidades de 50 mL sementes/29,5L, 100 mL/29,5L, 200 mL/29,5L e 400 mL/29,5L) em quadruplicada.

As sementes foram mantidas em caixas de madeira flutuantes (Fig. 1) de 91,9 x 79,6 cm, subdivididas em 4 repartições com área de 1.500 cm², volume de 29.500 cm³ e cobertas com telas de 0,71 mm. Cada repartição constituiu em uma unidade experimental. As caixas foram lavadas semanalmente com jato pressurizado de água doce.

Fig. 1. Caixa utilizada para o cultivo em berçário de Crassostrea gasar. O primeiro peneiramento de sementes ocorreu com 42 dias de cultivo. Para tanto, foi utilizado um conjunto de peneiras com malha 1,5 mm e 3,0 mm. Após o peneiramento as sementes foram novamente povoadas nas mesmas densidades (50, 100, 200 e 400 mL sementes/29,5L por unidade experimental; subdivisão da caixa); entretanto a caixa era coberta com tela de 1,0 mm.

Aproximadamente 29 dias após realizado o primeiro peneiramento (72 dias de cultivo), as sementes foram peneiradas novamente com um conjunto de peneiras com malhas de 1,5 mm e 6,0 mm; o povoamento foi feito em caixas cobertas com telas de 4,0 mm, mantendo as densidades iniciais (50, 100, 200 e 400 mL sementes/29,5L por unidade experimental; subdivisão da caixa).

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Um último peneiramento nessa fase inicial de cultivo foi realizado utilizando peneiras com malha de 6,0 mm e 16 mm, foi realizado com 114 dias de cultivo. A estimativa de sobrevivência (número de sementes vivas em relação ao número de sementes povoadas) e biometrias (n=50/unidade experimental/classe de tamanho) foram realizadas a cada peneiramento. As medidas tomadas foram: altura (mm) e comprimento (mm) conforme descrito por Galtsoff (1964) utilizando um paquímetro pigital Starrett® (0,1mm).

2.4. Fase intermediária

A fase intermediária do presente estudo teve duração de 48 dias. Para tal, foram utilizadas 16.000 sementes, tomadas aleatoriamente do total de sementes obtidas na fase berçário, as quais foram colocadas em bandejas com volume individual de 6.700 cm³, sendo que quatro bandejas acopladas formam um conjunto.

O delineamento experimental nesta fase foi inteiramente ao acaso. Foram avaliadas quatro densidades de cultivo 100, 200, 300 e 400 ostras/bandeja com quatro repetições (Fig. 2).

Fig. 2. Bandejas utilizadas para o cultivo de Crassostrea gasar na fase intermediária.

Ao final da fase intermediária, após 48 dias de cultivo, o fouling (organismos incrustantes) foi removido, utilizando jato pressurizado de água doce e cutelo. Foi realizado o cálculo de sobrevivência e aferido o peso vivo total dos animais de cada unidade experimental utilizando balança digital de precisão Shimadzu® (Modelo UX4200H - 0,0001g). A biometria foi realizada (n=10 ostras/bandeja) tomado as medidas de altura (mm), comprimento (mm) e largura (mm), conforme Galtsoff (1964), com o auxílio de paquímetro digital Starrett® (0,1mm).

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2.5. Fase definitiva

O cultivo na fase definitiva teve duração de 10 meses, janeiro a outubro de 2017. Para tal, foi utilizado um total de 6.240 ostras oriundas da fase intermediária. Os animais foram distribuídos em 16 lanternas com abertura de malha de 24 mm, contendo cinco andares com área do prato de aproximadamente 60 cm². As medidas de peso vivo total (g) de cada unidade experimental foram mensuradas com o auxílio da balança digital de precisão Shimadzu® (Modelo UX4200H - 0,0001g). O primeiro andar de todas as lanternas não foi povoado (Fig. 3).

Fig. 3. Lanternas utilizadas para o cultivo de Crassostrea gasar na fase definitiva.

Foi utilizado o delineamento inteiramente ao acaso, as densidades testadas foram 30, 60, 120 e 180 ostras/andar com 16 repetições (Fig. 3). O manejo das unidades experimentais foi realizado mensalmente, o qual constituiu de lavação com auxílio de jato de água doce de alta pressão e raspagem das ostras com cutelo para a retirada de fouling, antecedendo as avaliações.

Foi avaliada a sobrevivência, o peso vivo total com o auxílio de balança digital de precisãoShimadzu® (Modelo UX4200H - 0,0001g) de cada unidade experimental, aos cinco e dez meses de cultivo.

Além disso, foram avaliadas, também, a percentagem de ostras em diferentes classes de tamanho (≤ 60 e entre 60 e 80 e ≥ 80 mm) com auxílio de paquímetro analógico. Aos 10 meses de cultivo, foram tomadas, ainda, altura (mm), comprimento (mm) e largura (mm) (n=30 ostras/unidade experimental) de acordo com Galtsoff (1964)

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se de paquímetro analógico e o peso individual das ostras pertencentes a cada amostra.

2.6. Análise estatística

Os dados de sobrevivência e de crescimento (altura, comprimento, largura peso vivo total e peso vivo individual) foram submetidos ao teste de normalidade (Shapiro-Wilk) e homocedasticidade de variâncias (Levene). Posteriormente, aplicou-se ANOVA. Quando houve diferença entre as médias dos tratamentos aplicou-se o teste de Tukey ao nível de significância de 5%. A proporção de ostras por classes de tamanho foi analisada utilizando o teste de χ2 (“chi-square”). Todas as análises foram realizadas utilizando o programa SAS®.

3. Resultados

3.1. Parâmetros ambientais

Ao longo de todo o período experimental, as médias de salinidade e temperatura da água do mar, no local de cultivo, foram registradas semanalmente (Fig. 4).

No período experimental, a menor média para o parâmetro salinidade foi observada ao final do mês de janeiro/17 (26 ± 1,41) enquanto que a maior foi detectada em setembro/17 (35,80 ± 0,45), a média geral foi de 32,85 ± 2,15. Para o parâmetro temperatura, a menor média foi registrada em agosto/16 (16,82 ± 0,71 ºC) e a maior em fevereiro/17 (28,67 ± 0,64 ºC), a média geral foi de 21,81 ± 3,13 ºC (Fig.4).

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40 F ig . 4 . Sali n id ad e e tem p er atu ra (ºC ) (m éd ia sem an al ± d esv io p ad rão ) d a ág u a d o m ar n o l o cal d e cu lti v o d e C ra ss o str ea g a sa r en tr e ju lh o d e 2 0 1 6 a o u tu b ro d e 2 0 1 7 .

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Além disso, foram registradas as médias mensais de TPM, PIM e POM (Fig. 5).

Fig. 5. Matéria particulada total (MPT), matéria inorgânica particulada (MIP) e matéria orgânica particulada (MOP) (médias mensais ± desvio padrão) na água do mar no local de cultivo de Crassostrea gasar entre julho de 2016 a outubro de 2017.

Para os parâmetros de qualidade de água observados, MPT, MIP e MOP apresentaram as menores e maiores médias, respectivamente, nos meses de junho/17 e novembro/16. Desse modo, para MPT, as médias (mínima e máxima, respectivamente) foram 25,98 ± 6,34 mg L-1 e 84,76 ± 6,65 mg L-1, com média geral de 54,67 ± 14,43 mg L-1.Para MIP, as médias variaram de19,55 ± 4,13 mg L-1 a 67,35 ± 5,33 mg L-1, com média geral de 39,66 ± 9,83 mg L-1; e para MOP as médias variaram de 6,43 ± 2,66 mg L-1 a 17, 41 ± 5,33 mg L-1, com média geral de 10,42 ± 2,93 mg L-1 (Fig. 5).

Os valores da relação MIP/MOP apresentaram uma média de 4,61 ± 1,73 mg L-1 ao longo de todo o período experimental e variaram de 1,31 mg L-1 a 10,64 mg L-1.

3.2. Biometrias fase berçário

A primeira avaliação realizada aos 42 dias de cultivo constatou efeito significativo entre as densidades somente para o parâmetro altura nas sementes retidas na malha de 3,0 mm. As sementes cultivadas nas

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densidades 400 mL/29,5L tiveram média de altura 6,15 ± 0,14 mm e as cultivadas na densidade 50 mL/29,5L apresentaram média de 4,99 ± 0,18 mm, diferindo significativamente entre si e entre as sementes cultivadas nas densidades de 100 mL/29,5L (média de altura de 5,48 ± 0,16 mm) e 200 mL/29,5L (média de altura de 5,75 ± 0,21 mm), as quais não apresentaram efeito significativo quando comparadas entre si. (Fig. 6).

Fig. 6. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de sementes de Crassostrea gasar retidas nas malhas 1,5 mm e 3,0 mm após 42 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L.

Para o parâmetro comprimento, a menor e maior média foram observadas respectivamente nas sementes cultivadas nas densidades 50 mL/29,5L (4,95 ± 0,34 mm) e 200 mL/29,5L (5,35 ± 0,19 mm) (Fig. 6).

Para as sementes retidas na malha 1,5 mm, em relação à altura, não houve diferenças significativas entre todos os tratamentos. A menor média em altura foi registrada nas sementes cultivadas na densidade 50 mL/29,5L (3,80 ± 0,20 mm) e a maior foi observada nas sementes cultivadas na densidade 400 mL/29,5L (3,94 ± 0,19 mm). Para o parâmetro comprimento a menor (3,35 ± 0,24 mm) e maior (3,38 ± 0,16 mm) média foram, respectivamente, encontradas nas sementes cultivadas nas densidades 50 mL/29,5L e 200 mL/29,5L (Fig. 6).

A relação altura/comprimento (A/C) apresentou diferenças estatísticas apenas nas sementes retidas em malha 3,0 mm. A relação

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média A/C (1,22 ± 0,03 mm) das sementes cultivadas na densidade 400 mL/29,5L (1,22 ± 0,03 mm) diferiram das sementes cultivadas nas demais densidades 50, 100, e 200 mL/29,5L que foram iguais significativamente entre si (1,01 ± 0,04 mm; 1,05 ± 0,04 mm e 1,08 ± 0,05 mm, respectivamente) (Fig. 7).

Fig. 7. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 1,5 mm e 3,0 mm após 42 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L.

As médias das sementes retidas na malha 1,5 mm variaram de 1,08 ± 0,01 mm, nas sementes cultivadas na densidade de 100 mL/29,5L a 1,18 ± 0,10 mm, nas sementes cultivadas na densidade de 400 mL/29,5L (Fig. 7).

Na segunda avaliação, realizada aos 72 dias de cultivo, a altura média das sementes cultivadas nas densidades 200 mL/29,5L (12,78 ± 0,23 mm) e 400 mL/29,5L (13,52 ± 0,63 mm), diferenciaram significativamente entre si. Já as sementes cultivadas nas densidades 50 e 100 mL/29,5L não diferiram estatisticamente entre si, mas diferiram das sementes cultivadas nas densidades 200 e 400 mL/29,5L O comprimento médio (11,56 ± 0,23 mm) das sementes cultivadas na densidade 400 mL/29,5L diferiu significativamente das sementes cultivadas nas densidades 50 mL/29,5L (10,56 ± 0,28 mm) e 100 mL/29,5L (10,85 ± 0,43 mm), os quais foram iguais entre si. O comprimento médio (10,96 ± 0,24 mm) das sementes cultivadas na densidade 200 mL/29,5L não apresentaram diferenças significativas entre aquelas cultivadas em todas as outras densidades (Fig. 8).

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Fig. 8. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas na malha 6,0 mm após 72 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L

A relação A/C apresentou diferenças significativas entre as sementes cultivadas na densidade 400 mL/29,5L (média de 1,2 ± 0,04 mm) e aquelas cultivadas nas densidades 50 mL/29,5L (1,08 ± 0,07 mm) e 100 mL/29,5L (1,1 ± 0,04 mm), que foram iguais entre si. As sementes cultivadas na densidade 200 mL/29,5L (média de 1,17 ± 0,04 mm) não apresentaram diferenças significativas para a relação A/C entre as sementes cultivadas em todas as demais densidades (Fig. 9).

Fig. 9. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas na malha 6,0 mm após 72 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L.

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Na terceira avaliação, realizada aos 114 dias de cultivo, houve diferença significativa somente entre as sementes retidas na malha 6,0 mm e no parâmetro comprimento. O efeito significativo ocorreu entre as sementes cultivadas na densidade 100 e 400 mL/29,5L, com médias de comprimento, respectivamente, de 16,19 ± 0,46 mm e 15,38 ± 0,10 mm. As médias de comprimento das sementes cultivadas nas demais densidades foram 16,01 ± 0,27 mm e 15,85 ± 0,10 mm, respectivamente, para 50 e 200 mL/29,5L (Fig. 10).

Fig. 10. Altura (mm) e comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 6,0 mm e 16 mm após 114 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L.

Para o parâmetro altura, as médias das sementes variaram de 21,29 ± 0,89 mm nas sementes cultivadas na densidade 50 mL/29,5L a 22,54 ± 0,65 mm para as sementes cultivadas na densidade 100 mL/29,5cm³ (Fig. 10)

Para as sementes retidas na malha 16,0 mm, a menor média em altura foi registrada nas sementes cultivadas na densidade 50 mL/29,5L (26,78 ± 0,74 mm) e a maior média foi observada nas sementes cultivadas na densidade 400 mL/29,5L (28,69 ± 0,74 mm). Para o parâmetro comprimento, as médias das sementes variaram de 20,15 ± 0,67 mm nas sementes cultivadas na densidade de 400 mL/29,5L a 20,50 ± 0,26 mm nas sementes cultivadas na densidade 50 mL/29,5L (Fig. 10).

Para a relação A/C, houve efeito significativo somente nas sementes retidas na malha 16 mm. A relação média de A/C das sementes cultivadas na densidade 50 mL/29,5L (1,31 ± 0,03 mm) diferiu

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significativamente das sementes cultivadas nas demais densidades, que apresentaram valores similares entre si (Fig. 11).

Fig. 11. Relação altura/comprimento (mm) (médias ± desvio padrão) de Crassostrea gasar retidas nas malhas 6,0 mm e 16,0 mm após 114 dias de cultivo nas densidades 50, 100, 200 e 400 mL/29,5L.

3.3. Biometrias fase intermediária 3.3.1. Densidade

A altura média das ostras não diferiu significativamente entre as densidades testadas e as médias variaram de 50,51 ± 1,56 mm a 52 ± 1,78 mm entre ostras cultivadas nas densidades 400 e 200 ostras/bandeja, respectivamente (Fig. 12A).

O comprimento médio (39,38 ± 2,66 mm) das ostras cultivadas na densidade 100 ostras/bandeja, diferiu, em relação ao comprimento médio, das ostras cultivadas nas densidades 300 (35,76 ± 3,19 mm) e 400 (34,24 ± 3,39 mm). As ostras cultivadas na densidade 200, apresentaram média de 37,73 ± 3,58 mm e diferiu significativamente das ostras cultivadas na densidade 400, cuja média foi de 34,24 ± 3,39 mm. Entretanto, não houve diferenças significativas entre as ostras cultivadas nas densidades 100 e 200, 200 e 300, bem como entre 300 e 400 ostras/bandeja (Fig. 12B).

Referente à relação A/C, as ostras cultivadas na densidade 100 ostras/bandeja diferiu significativamente das ostras cultivadas nas demais densidades (200, 300 e 400 ostras/bandeja). Houve efeito significativo entre as ostras cultivadas nas densidades 200 e 400,

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entretanto não houve efeito significativo entre as ostras cultivadas nas densidades 200 e 300, bem como entre 300 e 400 ostras/bandejas (Fig. 12C).

Fig. 12. Biometrias e sobrevivência da fase intermediária de Crassostrea gasar em relação às densidades 100, 200, 300 e 400 ostras/bandeja. (A) altura (mm), (B) comprimento (mm), (C) altura/comprimento (mm), (D) largura (mm), (E) peso médio individual (g), (F) sobrevivência (%), (médias ± desvio padrão).

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A largura média (10,38 ± 0,92 mm) das ostras cultivadas na densidade 200 ostras/bandeja diferiu (P<0,05) em relação às ostras cultivadas nas densidades 300 (9,36 ± 1,41 mm) e 400 (9,34 ± 0,87 mm), que por sua vez, foram iguais entre si. A largura média (9,70 ± 1,13 mm) das ostras cultivadas na densidade 100 não diferiu significativamente das ostras cultivadas nas demais densidades (Fig. 12D).

Para o peso médio individual, as ostras apresentaram diferenças significativas entre todas as densidades testadas, sendo as médias, respectivamente, para as densidades 100, 200, 300 e 400 ostras/bandeja de 12,78 ± 1,45 g, 11,69 ± 1,78 g, 9,60 ± 1,43 g e 8,56 ± 1,56 g (Fig. 12E).

A sobrevivência média das ostras cultivadas na densidade 400 ostras/bandeja foi de 100 ± 1,24% e apresentaram efeito significativo em relação às ostras cultivadas nas demais densidades 100 (98,31± 1,92%), 200 (98,97 ± 1,26%) e 300 (99,04 ± 1,55%), entretanto a sobrevivência média das ostras cultivadas nas densidades 100, 200 e 300 ostras/bandeja não apresentaram diferenças significativas entre si (Fig. 12F).

3.4. Biometrias fase definitiva após 5 meses de cultivo 3.4.1. Densidade

Em relação ao peso médio individual, as ostras cultivadas na densidade 180 ostras/bandeja apresentaram média de 41,18 ± 2,36 g, e diferiram estatisticamente das ostras cultivadas nas densidades 30, 60, 120, com médias, respectivamente, de 48,06 ± 5,99 g, 49,10 ± 4,53 g e 45,18 ± 3,51 g. Por sua vez, as ostras cultivadas nas densidades 30, 60 e 120 não diferiram significativamente entre si (Fig. 13A).

As ostras cultivadas na densidade 120 ostras/andar obtiveram percentual de sobrevivência de 86,35 ± 3,86% e diferiram das ostras cultivadas na densidade 30, cuja sobrevivência foi de 76,94 ± 6,58%. Entretanto, a sobrevivência média das ostras cultivadas nas densidades 60, 120 e 180 ostras/andar não diferiram significativamente entre si (Fig. 13B).

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Fig. 13. Peso médio individual (g) e sobrevivência (%) de Crassostrea gasar na fase definitiva aos 5 meses de cultivo nas densidades 30, 60, 120 e 180 ostras/andar. (A) peso médio individual (g), (B) sobrevivência (%), (médias ± desvio padrão).

3.4.2. Tamanho comercial após 5 meses de cultivo

O tamanho comercial de C. gasar foi verificado na fase definitiva aos 5 meses de cultivo. As variações de classes de tamanhos em altura < 60 (mm), ≥ 60 (mm) - < 80 (mm) e ≥ 80 (mm) das valvas em relação a densidade estão descritos na Tabela 1.

Para a classe de tamanho ≥ 60 (mm) – < 80 (mm) as ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar apresentaram menor percentual 45,13% enquanto que as ostras cultivadas na densidade 30 ostras/andar apresentaram maior percentual 54,87%, na classe ≥ 80 (mm). A porcentagem variou de 10,10%, nas ostras cultivadas na densidade 30 ostras/andar a 16,40% nas ostras cultivadas na densidade 120 ostras/andar. A porcentagem de ostras em tamanho comercial variou de 60,62% na densidade 180 ostras/andar a 64,97% na densidade 30 ostras/andar. Contudo, não houve associação entre a porcentagem de ostras nas diferentes classes e a densidade de cultivo (p>0,05).

Tabela 1. Porcentagem de Crassostrea gasar na fase definitiva em diferentes classes de tamanhos após 5 meses de cultivo.

Densidade < 60 (mm) ≥ 60 - < 80 (mm) ≥ 80 (mm) Comercial

30 35,01% 54,87% 10,10% 64,97%

60 35,56% 49,04% 14,12% 63,16%

120 34,80% 48,49% 16,40% 64,89%

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3.5. Biometrias fase definitiva após 10 meses de cultivo 3.5.1. Densidade

Para o parâmetro altura, as ostras cultivadas na densidade 30 ostras/andar apresentaram média de 75,79 ± 3,66 mm e diferiram significativamente das ostras cultivadas nas densidades 120 e 180, cujas médias foram, respectivamente, de 79,72 ± 2,26 mm e 80,13 ± 3,66 mm. Entre as ostras cultivadas nas densidades 120 e 180 não houve efeito significativo para a altura. A altura média (78,80 ± 3,39 mm) das ostras cultivadas na densidade 60 não apresentaram diferenças significativas quando comparada as cultivadas nas densidades 30, 120 e 180 ostras/andar (Fig. 14A).

O comprimento médio (60,33 ± 1,94 mm) das ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar diferiu significativamente do obtido nas ostras cultivadas nas densidades 60 e 120. As demais médias de comprimento não apresentaram efeito significativo (Fig. 14B).

Na relação A/C, as ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar diferiram significativamente das ostras cultivadas nas densidades 30, 60 e 120. Já as ostras cultivadas na densidade 120 demonstraram efeito significativo quando comparadas as ostras cultivadas nas densidades 30, 60 e 180. Não houve diferença significativa entre as ostras cultivadas nas densidades 30 e 60 (Fig. 14C).

A largura média da concha das ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar foi de 26,54 ± 0,96 mm e diferiu significativamente em relação às ostras cultivadas nas densidades 30, 60 e 120 com médias, respectivamente, de 27,90 ± 1,32 mm, 28,44 ± 1,35 mm e 27,82 ± 0,50 mm. Não houve efeito significativo entre as ostras cultivadas nas demais densidades (Fig. 14D).

Para o parâmetro peso médio individual, obteve-se média de 66,67 ± 4,88 g nas ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar, média esta que diferiu das obtidas em ostras cultivadas nas densidades 30, 60 e 120 (P<0,05). O peso médio individual das ostras cultivadas na densidade 120 diferiu significativamente do obtido nas ostras cultivadas em todas as demais densidades testadas. Entretanto, não houve efeito significativo entre peso médio individual das ostras cultivadas nas densidades 30 e 60 (Fig. 14E).

Os valores médios de peso individual variaram de 84,40 ± 6,21 g nas ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar, e 85,75 ± 10,27 g para as ostras cultivadas na densidade 30. Entretanto não houve diferença entre as médias para esse parâmetro (P>0,05) (Fig. 14F).

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As ostras cultivadas nas densidades 120 e 180 ostras/andar apresentaram sobrevivência de 76,36 ± 4,34% e 76,53 ± 7,28%, respectivamente, e diferiram significativamente das ostras cultivadas nas densidades 30 (sobrevivência de 64,17 ± 4,96) e 60 (sobrevivência de 70,10 ± 9,12 %). Não houve efeito significativo entre as demais comparações. (Fig. 14G).

Fig. 14. Biometrias e sobrevivência de Crassostrea gasar na fase definitiva aos 10 meses de cultivo nas densidades 30, 60, 120 e 180 ostras/andar (A) altura (mm), (B) comprimento (mm), (C) altura/comprimento (mm), (D) largura (mm), (E) peso médio individual (g), (F) peso individual (g), (G) sobrevivência (%) (médias ± desvio padrão).

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3.5.2. Tamanho comercial após 10 meses de cultivo

Para a classe de tamanho ≥ 60 (mm) – < 80 (mm), as ostras cultivadas na densidade 120 ostras/andar atingiram menor percentual (28%), enquanto que as ostras cultivadas na densidade 30 obtiveram maior percentual (47,40%) na classe ≥ 80 (mm). Ostras cultivadas na densidade 180 ostras/andar apresentaram na classe ≥ 80 (mm) uma taxa de 45,91%, e ostras cultivadas na densidade 120 ostras/andar apresentaram a mesma condição para 60,59% delas. A porcentagem de ostras em tamanho comercial variou de 85,52% na densidade 180 a 94,15% na densidade 30 (Tabela 2). Contudo, não houve associação entre a porcentagem de ostras nas diferentes classes e a densidade de cultivo (p>0,05).

Tabela 2. Porcentagem de Crassostrea gasar na fase definitiva em diferentes classes de tamanhos após 10 meses de cultivo.

Densidade < 60 (mm) ≥ 60 - < 80 (mm) ≥ 80 (mm) Comercial 30 5,84% 47,40% 46,75% 94,15% 60 11,26% 31,86% 56,89% 88,75% 120 11,39% 28,00% 60,59% 88,59% 180 14,48% 39,61% 45,91% 85,52% 4. Discussão

O estudo das características ambientais aquáticas das fazendas marinhas fornece subsídios para a escolha de locais e, ou, espécies a serem cultivadas de forma eficiente e rentável na maricultura. Dentre os condicionantes biológicos correlacionados a produtividade na malacocultura, a sobrevivência e o crescimento aparecem como variáveis de grande relevância a serem observados (Askew, 1978), vinculados às características físico-químicas da água e práticas de cultivo, em especial pela determinação da densidade (Poli, 2004).

Vários fatores podem afetar a sobrevivência e o crescimento de animais estuarinos, porém evidencia-se que a salinidade e a temperatura da água provocam os maiores efeitos (Shumway, 1996). Valores de salinidade e temperatura muito abaixo ou acima da faixa recomendável para o cultivo podem tornar o crescimento lento, além de alterar o metabolismo e elevar as taxas de mortalidade (Poli, 2004). Para algumas espécies de ostra, como em Saccostrea glomerata, a diminuição da salinidade proporciona menor crescimento (Paterson et al., 2003).

Referências

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