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O sujeito autista em interface com seus objetivos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL- UNIJUI

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO – DHE

CURSO DE PSICOLOGIA

O SUJEITO AUTISTA EM INTERFACE COM SEUS OBJETOS

ÉVELIN LUIZA RAIMANN

SANTA ROSA 2019

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ÉVELIN LUIZA RAIMANN

O SUJEITO AUTISTA EM INTERFACE COM SEUS OBJETOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Orientadora: Taís Cervi

SANTA ROSA 2019

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Dedico este trabalho a minha família, pois estas pessoas tiveram que entender minha falta de tempo e minha ausência em finais de semana e muitas noites sem minha companhia. Amo vocês!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade de estar cursando uma graduação e por não ter me deixado desistir nos momentos em que estive em dúvidas.

Agradeço a minha Mãe Elisete, meu pai Emerson, minha irmã Êmili, por serem minha base e meu incentivo de sempre, além de nunca soltarem minha mão no percurso dos cinco anos de graduação.

Agradeço também ao meu parceiro de vida Ricardo, por sempre me apoiar e transmitir paz em momentos de angústia.

Agradeço a minha Orientadora Taís Cervi, pela paciência e todo ensinamento na construção deste trabalho.

Agradeço as minhas amigas Franciele, Vanessa e Ana Paula, por estarem ao meu lado, apoiando e aconselhando.

Agradeço também a minha banca examinadora, Professora Simoni Fernandes, por ter aceitado meu convite, bem como pela parceria durante todo o percurso da graduação.

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RESUMO

Este trabalho busca enfatizar a questão do surgimento do autismo através de um aparato histórico, o qual apresenta a entrada do autismo no campo da psiquiatria. Por conta de dúvidas frequentes na sociedade, e também pelo autismo ser confundido com outras patologias, buscou-se a constituição psíquica do sujeito autista. Há também pontos sobre a fixação do autista por alguns objetos no trabalho. Com a pesquisa é possível melhor entendimento do autista, bem como uma breve explicação sobre o processo de subjetivação deste.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 6

2 A CONCEPÇÃO DO TERMO AUTISMO E SUAS MUDANÇAS ... 8

2.1 O AUTISMO E A MUDANÇA NO MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS ... 10

2.2 A CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA DO SUJEITO AUTISTA ... 12

2. O SUJEITO AUTISTA EM INTERFACE AOS OBJETOS ... 17

3. CONCLUSÃO ... 22

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1. INTRODUÇÃO

O autismo, é hoje um assunto muito discutido em diferentes áreas, e um dos fatores que chama a atenção é a relação deste sujeito com seus objetos.

Por este motivo, será necessário buscar sobre a relação do sujeito autista com seus objetos, denominados por Tustin de “objetos autistícos”, como “sendo protetores da perda e não como substitutos desta.” (TUSTIN, 1981/1986, p.122 apud RIBEIRO; MARTINHO; MIRANDA, 2012, p. 84).

Estes objetos, podem ser desde brinquedos até objetos que são utilizados como utensílios domésticos, e o sujeito autista o caracteriza de maneira subjetiva e geralmente é apegado a estes, pelo fato de eles tornarem-se parte de seus corpos. Além disso, estes objetos são utilizados de forma peculiar, que difere da maneira em que normalmente é usada.

A autora afirma ainda, que “eles impedem o desenvolvimento do grau de consciência e a separação corporal” (TUSTIN, 1990/1992, p. 132 apud RIBEIRO; MARTINHO; MIRANDA, 2012, p. 84) os quais podem ser um meio de informações para este sujeito. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo a reflexão teórica da relação do sujeito autista com os objetos.

Para a realização deste trabalho, tornou-se imprescindível seguir alguns pontos de pensamento, tais como, o entendimento da constituição psíquica do sujeito autista dentro de uma perspectiva psicanalítica, de forma a ser apresentada também alguns aspectos encontrados na psiquiatria. Além disso, foi preciso compreender a relação do sujeito autista com os objetos.

Com os objetos, o sujeito autista pode fazer relação ao seu próprio corpo, bem como signo e significante, além de possibilitar abertura para que o 1Outro seja inserido. Nesse sentido, a pesquisa se faz importante, pois com ela se possibilitará o esclarecimento sobre a função e a importância dos objetos autísticos na vida do sujeito autista.

Para a fundamentação teórica do estudo, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo, com a coleta de dados através de obras impressas, artigos, sites e revistas científicas a respeito do assunto.

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Para abordar tais questões, o trabalho está dividido em dois capítulos. O primeiro capítulo trará um aparato histórico em relação ao autismo, desde o surgimento do termo e as mudanças no entendimento deste, e logo após, considerações sobre a constituição psíquica do sujeito autista na perspectiva da Psicanálise. No segundo capítulo, será proporcionada a compreensão da relação do sujeito autista com os objetos os quais se fixa.

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2 A CONCEPÇÃO DO TERMO AUTISMO E SUAS MUDANÇAS

O termo autismo surgiu em meados do ano de 1911, por Eugen Bleuler, o qual constitui-se através da modificação do termo “autoerotismo”, que era utilizado por Freud, sendo retirado “eros” e realizada a junção de “aut” com “ismo”. Assim, fundou-se o termo autismo – neologismo usado para fazer referência a perda do contato da realidade do esquizofrênico. Após quatro anos, Bleuler coloca o autismo junto com os distúrbios das associações e da afetividade, e da ambivalência, fazendo com que o autismo fosse considerado uma perda de contato com a realidade, o qual também era considerado um dos principais sintomas da esquizofrenia.

Os esquizofrênicos mais gravemente atingidos, os que não têm mais contato com o mundo externo, vivem num mundo que lhes é próprio. Fecham-se com seus desejos e suas aspirações (que consideram realizados) ou se preocupam apenas com os avatares de suas ideias de perseguição; afastaram-se o mais possível de todo contato com o mundo externo. A essa evasão da realidade, acompanhada ao mesmo tempo pela predominância absoluta ou relativa da vida interior, chamamos de autismo. (BLEULER apud KAUFMANN, 1996, p. 56).

Outro autor que utilizou o termo autismo foi Leo Kanner no ano de 1943, porém, ele designou o termo diferentemente da esquizofrenia de Bleuler. Kanner utilizou o termo “distúrbios autísticos do contato afetivo” para descrever crianças que possuíam características em comum. Além disso, sugeriu que essas características poderiam ser algo inato para estabelecer contatos interpessoais e que este tratava-se de uma síndrome, que apesar de rara, estava sendo bastante frequente. Ele ainda sugeriu que haviam duas características essenciais no quadro de autismo, que eram, segundo Motta (2017), a solidão autística que se manifestava na busca de um isolamento extremo, e a imutabilidade que se evidenciava na recusa de toda modificação no meio externo, o que limitava a variedade da atividade espontânea.

De acordo com Ribeiro, Martinho e Miranda (2012), Kanner traz a diferenciação da esquizofrenia infantil e do autismo, tendo em vista que nos quadros esquizofrênicos as crianças constituíam relações e vínculos até determinada idade, quando então, desencadeava-se algo da ordem da psicose e esse vínculo era interrompido. Já em casos de crianças autistas, isso não ocorria, no qual, desde o início o vínculo acabava por não se estabelecer. O autor define autismo como uma perturbação inata do

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contato afetivo por parte da criança, a qual não consegue constituir biologicamente esse contato.

Segundo Motta (2017) os pacientes de Kanner apresentavam tanto uma ausência de movimentos antecipatórios como movimentos de ajustamento à pessoa que a sustentava. A presença de movimentos ritualizados, bem como a utilização de maneira estereotipada dos objetos que eram manipulados de forma repetitiva, aparecem em seus relatos, como também o distúrbio da linguagem. Por este motivo, Kanner apontava que a linguagem poderia não se desenvolver, como no caso do mutismo. Isso ocorria, quando a linguagem era adquirida e muitas vezes seu conteúdo era empobrecido, não tendo valor de comunicação, destacando-se então, a ecolalia, distúrbio de linguagem característico da criança autista.

Estas crianças repetem ecologicamente as palavras que ouvem, mas isso não significa que estejam atentas quando alguém lhes dirige uma palavra. É necessário repetir diversas vezes para poder receber alguma resposta. [...] Mas a clínica nos revela que a desatenção dessas crianças é apenas aparentes. Elas nos dão mostra de que estão bastante atentas ao que acontece ao redor, haja visto sua reação a qualquer demanda. [...] A inflexibilidade da linguagem também está presente quando a criança constrói um sentido rígido, sem possibilidade de deslizamento para a construção de outros sentidos. (MONTEIRO, 2015, p. 31).

Além de Bleuler e Kanner, Hans Asperger no ano de1944 também desenvolveu teorias a respeito do autismo, o qual apresentou casos em que haviam características semelhantes a síndrome do autismo precoce, relacionados com a dificuldade de comunicação em crianças com inteligência normal, porém a este fenômeno Asperger denominou de “psicopatia autistíca.”

Asperger fez a distinção das crianças com o que ele denominou de “psicopatia autistica” para as esquizofrênicas que se dava por não apresentarem uma desintegração da personalidade. Elas não eram crianças psicóticas, mas crianças que demonstravam um maior ou menor grau de psicopatia. Identificou então, que estas crianças mantinham atenção restrita em determinados assuntos, demonstrando interesses especiais por campos variados e de formas quase sempre originais.

Além disso, encontra-se em Motta (2017) a ideia de que Asperger identificou ao longo do desenvolvimento da criança, algumas características próprias à psicopatia autística que poderiam predominar ou retroceder, de forma que as dificuldades e problemas enfrentados estariam suscetíveis à mudanças consideráveis, porém os aspectos que lhe eram essenciais predominavam inalterados.

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Descritas como excêntricas, as crianças eram obcecadas por assuntos complexos, como música, astrologia, matemática, etc. Asperger as chamava de ‘pequenos professores’ por possuírem grande habilidade para discorrer detalhadamente sobre seus assuntos favoritos. Apesar dessas habilidades, observou que não dirigiam a atenção para seu interlocutor, as dificuldades de comunicação estavam presentes nesse grupo. A fala, na maior parte das vezes, era bastante repetitiva e forma, se utilizavam de vocabulários que não eram próprias às suas idades. (MONTEIRO, 2015, p. 34).

Estudos mais ressentes, como o de Jersusalinsky (2012), apontam que o autismo tem seu desenvolvimento visto por dois semblantes. Um de determinação genética e outro relativo à neuroplasticidade, os quais ditam o ritmo da maturação neurológica básica por determinação genética, e por conta da plasticidade inicial do sistema nervoso central ocorre a constituição psíquica, que é singular para cada sujeito. Diante disso, vê-se a necessidade de expor sobre a evolução do termo na área da psiquiatria, através do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), ressaltando que o trabalho volta-se para um viés psicanalítico.

2.1 O AUTISMO E A MUDANÇA NO MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS

Segundo Motta (2017) o autismo teve sua classificação oficial apenas no ano de 1975, na 9ª edição da classificação internacional da OMS (Organização Mundial da Saúde). Cinco anos mais tarde, com a publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), novas descrições são apresentadas e também, inicia-se o questionamento a respeito do autismo ser um transtorno que atinge apenas as crianças.

Na revisão do DSM-III, segundo Motta (2017), encontram-se nos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, os chamados “Distúrbios Autísticos” como também os “Transtornos Invasivos do Desenvolvimento não Especificados”, que segundo a autora, a categoria ficou mal definida, pois diz respeito apenas a pacientes que apresentavam alguns traços de autismo.

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Com a publicação do DSM-IV, ocorreram algumas modificações. Entre elas encontra-se a distinção das subdivisões do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, como a Síndrome de Asperger, sendo que o termo modificou a noção de psicose. Desde o fim dos anos 1990 [...], foi progressivamente imposta nas publicações, uma concepção unitária do autismo, não mais categorial, mas dimensional. Segundo essa concepção, o autismo de Kanner, a síndrome de Asperger, os TID não especificados são considerados simples variantes, mais ou menos severas, de uma mesma patologia. Essa noção de um continuo intimidada ‘transtorno do espectro autístico’ predomina há vários anos nas publicações. (LAZNIK, 2013, p. 19).

No DSM-V encontram-se os critérios para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, que são:

A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em

múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia;

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades,

conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia;

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do

desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento

social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.

E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual

(transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento

Com esta edição, foi possível notar que se passou a diagnosticar o Autismo, como transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado e Síndrome de Asperger, que uniram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista – TEA.

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2.2 A CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA DO SUJEITO AUTISTA

Quando falamos em constituição psíquica, devemos lembrar que na Psicanálise existem três estruturas psíquicas de constituição: a neurose que pode ser diferenciada em histeria e neurose obsessiva, a psicose, subdividida em paranoia e esquizofrenia e a perversão.

Para o sujeito constitua-se, é preciso que este seja inserido na linguagem, e também atravessar a conflitiva edípica, que de acordo com Lacan (1957-1958) se dá através de três tempos. O primeiro tempo de Édipo, é o tempo no qual a criança identifica-se como o objeto de desejo da mãe, ou seja, o falo. É nesta etapa, que podem desencadear-se as estruturações psicóticas ou perversas.

Continuemos a falar do segundo tempo do Édipo, no qual em um plano imaginário o pai intervém como privador da mãe, e segundo Lacan (1957-1958) isto significa que a demanda endereçada ao Outro como convém, será encaminhada a um tribunal superior.

Com efeito, aquilo sobre o qual o sujeito interroga o Outro, na medida em que ele percorre por inteiro, sempre encontra dentro dele, sob certos aspectos, o Outro do Outro, ou seja, sua própria lei. É nesse nível que se produz o que faz com que aquilo que retorna à criança seja, pura e simplesmente, a lei do pai, tal como imaginariamente concebida pelo sujeito como privadora da mãe. Esse é o estádio, digamos, nodal e negativo, pelo qual aquilo que desvincula o sujeito de sua identificação liga-o, ao mesmo tempo, ao primeiro aparecimento da lei, sob a forma desse fato de que a mãe não é dependente de um objeto, que já não é simplesmente o objeto de seu desejo, mas um objeto que o Outro tem ou não tem.

A estreita ligação desse remeter a mãe a uma lei que não é a dela, mas de um Outro, com o fato de o objeto de seu desejo ser soberanamente possuído, na realidade, por esse mesmo Outro cuja lei ela remete, fornece a chave da relação do Édipo. O que constitui seu caráter decisivo deve ser isolado como relação não com o pai, mas com a palavra do pai. (LACAN, 1957-1958, p. 199).

Então, segue-se assim, para o terceiro tempo do Édipo, o qual é imprescindível como o segundo, pois é neste que ocorrerá a saída desse complexo no qual o pai apresenta-se como real e potente, pois ele pode dar a mãe aquilo que ela deseja, porque o possui. Por conta disso, segundo Lacan (1957-1958) a relação da mãe com o pai, passa para o plano real, tornando assim este tempo, como o que sucede à privação e/ou à castração, e por conta do pai intervir como aquele que tem o falo, é que acaba sendo internalizado no sujeito como Ideal do eu.

Essa fase é uma das primordiais para a constituição psíquica. Há também o estádio do espelho, o qual para Lacan (1964), seria o ponto de encontro e identificação

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da criança com o Outro Primordial, no qual o semelhante passa a ser um espelho para que a criança contemple seu corpo, sendo constituído em traços de totalidade e maturação, o qual também acaba tornando-se o campo da inserção da linguagem.

Segundo Jardim (2000) quem assume a posição de Outro Primordial, seria a mãe, ou melhor, quem faz função materna, pois é ela quem transmite a linguagem para o bebê quando lhe pega, amamenta, troca-o e conversa com este. É assim que ela oferece marcas que lhe dizem respeito, pois ela encontra-se inscrita em uma linguagem.

Ainda segundo a autora, na constituição psíquica de um sujeito, encontram-se duas funções importantes, as quais denominam-se de função paterna e função materna e que para Lacan (1969) são chamadas de ‘família conjugal’.

É a partir da função materna que se arma um sujeito no bebê. Se pensarmos na metáfora do espelho, o Outro primordial está colocado como um espelho para o bebê, para o qual reenvia uma imagem de corpo, um nome e um desejo. À função materna cabe, primordialmente, transmitir um desejo de existência, de pertença a uma história, transmitir ao bebê um desejo que não seja anônimo. [...] a função materna pode se cumprir naqueles momentos em que uma mãe consegue saber e não saber sobre seu bebê, em que alterna entre a sua presença e a sua ausência diante do bebê, em que permite que outros possam ‘saber’ sobre seu bebê. (JARDIM, 2000, p. 57).

Na psicanálise encontramos a função paterna que possui a responsabilidade, segundo Jardim (2000), de barrar e mediar a relação desejante estabelecida entre uma mãe e seu bebê. Portanto, se tem ainda que:

A função paterna barra não somente o desejo materno estendido sobre o bebê, como barra, também, o bebê em apreender-se como único objeto de desejo de uma mãe, que, por sua vez, é também mulher. A função paterna porta consigo a lei, a lei da castração, se quisermos. (JARDIM, 2000, p. 57).

Assim sendo, para que a subjetivação de uma criança se efetive, é necessário que esta passe pelo processo de alienação e separação, dos quais, segundo Motta (2017), o primeiro diz respeito a criança aceitar os significantes do Outro, e o processo de separação, consiste na separação de alguns significantes do Outro, o que segundo Jardim (2000), possibilita que a criança ocupe um lugar no discurso.

Enquanto que o primeiro tempo está fundado na subestrutura da reunião, o segundo está fundado na subestrutura que chamamos interseção ou produto. Ela vem justamente situar-se nessa mesma lúnula onde vocês reencontrarão a forma da hiância, da borda. (LACAN, 1964, p. 202).

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Na psicanálise pode-se dizer que que são possíveis três maneiras de estruturação psíquica, são elas: neurose, psicose e perversão e buscando diferenciá-las, encontrou-se em Jerusalinsky (2012) que cada estrutura caracteriza-se por distintas formas de defesa do sujeito frente as dificuldades de unificar seus desejos com a realidade.

Com isso, Jerusalinsky (2012, p.64) nos traz que:

As neuroses com seu recalque: rechaço para o registro inconsciente, das representações relativas a desejos inaceitáveis para a consciência do sujeito. As perversões com sua recusa: Se conduzir como se não existisse, embora sabendo que existe, aquilo que opõe ao gozo do sujeito.

As psicoses com sua forclusão: impossibilidade do sujeito de encontrar uma posição no discurso que lhe permita compreender os sentidos das coisas, porque o nome que determina essa posição não foi propriamente inscrito; o sujeito compensa a falta de sentido com um excesso de sentido no seu delírio e suprime ou cria os termos segundo o necessário para resguardar o sentido por ele inventado.

Segundo Jerusalinsky (2012) o autismo pode ser considerado como uma quarta estruturação psíquica, levando em consideração que este apresenta-se como uma ausência de sujeito. Além disso, também há a falta da demanda de reconhecimento do outro, como também falta o desejo do desejo do Outro para que o autista possa ter uma estruturação mínima de sujeito.

Com isto, há a problematização para a psicanálise de como se estabelece uma estrutura, tendo em vista que esta encontra-se fora da linguagem, pois como sabe-se o inconsciente está estruturado como uma linguagem.

O autismo consiste fundamentalmente no fracasso na construção dessas redes de linguagem – fornecedoras do saber sobre o mundo e as pessoas – e na prevalência de automatismos que, disparados de modo puro e espontâneo carecem de qualquer valor relacional e fazem resistência a entrada do outro no mundo familiar e social. (JERUSALINSKY, 2012, p. 60).

Ainda segundo o autor, a etiologia do autismo, seria o fracasso da função primordial de reconhecimento, a falha na inserção do campo de linguagem, ou seja, no “Estádio do Espelho”, e com a falha desse mecanismo de reconhecimento e a inserção do Outro primordial, vem o fracasso no campo da linguagem, a qual é vista como primordial para a entrada em um mundo propriamente humano.

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Somente quando é preservada sua circulação simbólica é que o objeto pode ficar como faltante numa rede imaginária, por ser substituível por um significante. Esta operação instala a criança no universo da linguagem desde o início. O contrário – remissão ao real- a situa fora do olhar desejante dos pais, e, portanto, distante de qualquer circuito de comunicação e, ainda, das mais elementares formas de demanda. É neste caso – onde fica obturada a função de reconhecimento – que encontramos no autismo. (JERUSALINSKY, 2012, p. 114).

Sendo assim, Jardim (2000) encontra nas ideias de Laznik (1991), que no autismo não há entrada no tempo da alienação. Além disso, ela nos traz que o bebê fica aprisionado em seu corpo, e acaba impossibilitando a função materna de inserir suas marcas. Ademais, o acesso ao primeiro significante acaba também sendo impedido, o que para Jardim (2000) impossibilita o encadeamento de mais significantes que desenvolveriam uma cadeia discursiva. Assim, a criança autista acaba por não conseguir uma forma linguística de representação de si.

O infans, para emergir à linguagem e se subjetivar, deve perder o gozo mítico e sem limites do ser (a bolsa), ganhando vida psíquica na alienação à linguagem e no gozo dosado pela lei simbólica, nas estruturas psicótica, perversa e neurótica. Mas, se ele escolhe a bolsa, não terá acesso à vida psíquica, que implica necessariamente em situar- se no Outro, vivendo então como um organismo imerso em um gozo ilimitado suposto – já que só é possível falar em gozo após a ação do significante, e isolado do laço social. Seria a escolha da estrutura autística. (MOTTA, 2017, p. 13).

Outro ponto que alguns autores apontam como uma possível causa da estruturação autistíca, seria a falha da função materna. Buscando entender um pouco da teoria, encontrou-se em Jardim (2000) que ocorre um impedimento a partir do corpo da própria criança, e a partir disso se organiza um circuito pulsional, o qual com uma imagem de corpo fragmentado provoca o fracasso da instauração do circuito pulsional.

A criança autista fica do lado de fora do simbólico, e sua pulsão só tem a opção de se ligar nos órgãos e no que sua percepção contata; é uma pulsão carente de circuito porque nasce e se consome no mesmo ponto que a originou. As imagens se estabelecem fugazes, sem chegar a formar uma rede. E, quando o agente materno começa a romper a aderência ao objeto α, observa-se, como se inaugura um novo tecido, ainda frágil e retalhado: o precário tecido que lhe permite deslocar a imagem de seu eu a diferentes lugares no espaço e, portanto, nas coisas e nas pessoas. (JERUSALINSKY, 2012, p. 225).

Segundo Jerusalinsky (2012), no lugar de simbolizar a unidade fálica do filho, o sujeito materno vê o horror de sua castração, e assim, o “outro” mutilado só devolve ao filho à fragmentação perceptiva corporal. Ainda segundo o autor, a ausência do

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Outro e do ‘outro’2 (LEFORT, 1983, p. 245-53 apud JERUSALINSKY, 2012, p. 204), acaba gerando a exclusão.

Além disso, para Jerusalinsky (2012) o corporal não é o ego, muito menos o fragmentado ego corporal do esquizofrênico, ou ainda, o parasitário do simbólico, porém, também não é somente animalidade, que acaba sempre ficando do lado de fora. Por este motivo, o autista parece ser surdo mas não é, parece não sentir dor ou frio, sendo assim, ao contrário do conceito de ego corporal, o autista encontra-se em um estado de não ego.

Tendo em vista que existem várias teorias sobre o autismo, e também que o termo sofreu alterações de entendimento e classificação na área da psiquiatria durante o decorrer dos anos, vale lembrar também, que este na Psicanalise, é considerado como uma quarta estruturação, e para que o autista possa ser considerado como sujeito, necessita relacionar-se com o Outro e inserir-se no campo da linguagem.

O autista, algumas vezes “vê” os objetos autísticos como um facilitador para a inserção do Outro em sua constituição, com isso, vê-se a necessidade de ser compreendido a relação do sujeito autista com os objetos, que será apresentado no capítulo seguinte.

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2. O SUJEITO AUTISTA EM INTERFACE AOS OBJETOS

Segundo Ferreira e Abrão (2014) os objetos do sujeito autista caracterizam-se pelo aspecto de serem objetos concretos, os quais as crianças autistas parecem não associarem a nenhuma fantasia. Além disso, o que é mais importante para elas, é o efeito/sensação que estes objetos provocam no seu corpo.

A dureza é uma característica marcante da maioria dos objetos autísticos. É isso que dá à criança a sensação de estar salva. A criança autista, por não ter a experiência de desenvolver relações civilizatórias com outros seres humanos, sente-se constantemente sob ameaça de ser atacada ou machucada. Parece sentir que seu corpo indefeso é alvo de ataques brutais e selvagens. Fica clara a necessidade intensa do uso dos objetos, já que têm como objetivo principal repelir as ameaças corporais e a aniquilação. (FERREIRA; ABRÃO, 2014, p. 402).

Pimenta (2012) nos traz que a capacidade dos sujeitos autistas transformarem objetos duros e inflexíveis em objeto autísticos, relaciona-se com o estado de seu próprio corpo. Ainda segundo a autora, a escolha por estes objetos duros e inanimados, seria por conta de uma tentativa de controle externo da tensão corporal.

Os objetos autísticos mostram-se estáticos, no sentido de não se abrirem para novas redes de associações. Ao contrário, são usados de maneira estereotipada e fixa, repetitivamente, com propriedades ritualísticas e bizarras. A criança tem com eles uma preocupação rigidamente intensa, preferindo girá-los obsessivamente, tal como fazem com seu próprio corpo. São objetos tangíveis, sempre presentes e dominados pelas sensações. Com eles, o autista foca sua atenção em sensações corporais familiares, repelindo seu aspecto ‘não-eu’. (PIMENTA, 2012, p. 47).

Pimenta (2012) nos aponta que os autistas criam refúgios em um mundo inanimado de pessoas e coisas, não as distinguindo de seu próprio corpo, com isso, essa barreira leva-os a evitar o olhar, a não falar e a parecerem surdos.

Assim sendo, esses objetos de certa forma, para Ferreira e Abrão (2014), amenizam a percepção da separação corporal, o que promove uma ilusão de que os “choques insuportáveis” que partem do meio externo são obstruídos, o que faz a criança autista focar em sensações corporais familiares e não as estranhas sensações do mundo externo.

Outra característica importante dos objetos autísticos é a falta de discriminação entre eles, que segundo Ferreira e Abrão (2014), quando um destes objetos é perdido

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logo pode ser substituído. Encontra-se em TUSTIN (1981/1984, p. 132. apud PIMENTA, 2012, p. 48) que:

O estado dominado pelas sensações das crianças psicóticas significa que essas crianças vivem em um mundo apreendido de forma global. Este é muito diferente do nosso. Nós distinguimos os objetos uns dos outros, por muito mais que a simples sensação de sua forma. Usamos outros indícios. As crianças psicóticas, não. Suas reações são unicamente baseadas nos contornos e delineação; significado e função não são levados em conta.

Tustin em certo momento de sua teoria, segundo Ribeiro, Martinho e Miranda (2012), cogitou que os objetos autísticos seriam entraves para o desenvolvimento, os quais promoviam certa segurança e proteção, porém, resultavam “em uma autossensualidade excessiva que toma um curso desviante e perverso.” (TUSTIN 1981/1986, p.139 apud RIBEIRO; MARTINHO; MIRANDA, 2012, p. 85).

A partir desta ideia de Tustin, encontra-se em Lacan (1964, p.63), a seguinte expressão: “o homem pensa com seu objeto”. Buscando pressupostos, encontramos em Ribeiro, Martinho e Miranda (2012) a ideia de que o sujeito necessita do objeto para ser de certa forma um facilitador da relação com o Outro e não como Tustin dizia ser devastador do desenvolvimento deste.

A criança autista não experimenta a ausência, mas experimenta sensações de vazio e nulidade. A falta de alguém que a criança necessita é sentida como um buraco concreto que pode ser preenchido imediatamente por seu objeto autístico de escolha. [...]. São objetos inanimados e não podem, portanto, crescer, transformar-se e serem reparados como pessoas vivas. (FERREIRA; ABRÃO, 2014, p. 405).

Encontra-se em Pimenta (2012) a ideia de que os objetos autísticos tornem-se a mãe, negando a sua real existência, além disso, a autora traz a ideia do que seria esses objetos para Tustin, a qual diz que estes são sentidos como parte extra do corpo do autista, bloqueando a consciência de ‘não-eu’.

Os objetos autísticos são usados em estados de consciência bidimensionais, em que não há a percepção de dentro e fora. É uma superfície que pode ser agarrada e que, na ilusão da fusão, parece fechar a criança dentro de uma concha protetora, ofuscando completamente a consciência do mundo externo. As pessoas, inclusive os pais, são completamente bloqueadas da possibilidade de estabelecer uma relação com elas. (FERREIRA; ABRÃO, 2014, p. 406).

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A partir da ideia de Ferreira e Abrão citada acima, pode-se encontrar em Pimenta (2012), que a partir do momento em que a criança adentra o objeto, o que é colocado ali é a sensação de ser coberta e protegida, e não o ‘estar dentro’.

Os objetos autísticos, servem como uma forma de proteção para a criança, pois em momentos de angústia, frustações, o objeto que para alguém parece insano, para a criança autista pode ser essencial para sua sobrevivência, porém o “proteger” acaba trazendo consequências para o autista.

Quando a frustração se impõe, ataques de raiva tomam todo o corpo da criança indiscriminadamente e a fazem temer um estado de total aniquilamento. Para contrabalançar essa sensação a criança se agarra a algo que a protege e nunca aprende a lidar com suas irritações, sejam mentais ou físicas, através de formas mais elaboradas como, por exemplo, o uso do pensamento [...]. (FERREIRA; ABRÃO, 2014, p. 406).

Segundo Ferreira e Abrão (2014), por conta do uso dos objetos autísticos estarem relacionados com a sobrevivência corporal, estes irão proporcionar satisfação instantânea, causando o impedimento da vivência por parte da criança, da espera e da antecipação da realização. Essa experiência, à medida em que é tolerada, leva às atividades simbólicas como fantasias, memória e pensamentos. Caso esse desenvolvimento não aconteça, a criança continuará a viver baseada apenas em seu corpo, o que acabará limitando seu desenvolvimento psíquico.

Os objetos, além de proporcionar satisfação instantânea, também servem ao propósito de obscurecer a devastadora solidão do crescer, com sua necessidade de separação corporal e transformações que levam ao desenvolvimento de uma identidade própria. Como o contato com o mundo externo fica obliterado, os meios de comunicação, interpretação e aperfeiçoamento interpessoal que se desenvolveriam com esse contato não se desenvolvem e a solidão não pode ser realisticamente enfrentada, assim como as possibilidades de reparação que só as relações humanas podem proporcionar. (FERREIRA; ABRÃO, 2014, p. 404).

Outro ponto importante para abordar sobre os objetos autísticos, é que estes

são próprios de cada criança, e usados excessivamente. Além disso, segundo Pimenta (2012), estes objetos não são compartilhados e seu uso difere da maneira normalmente utilizada. Também mostram ser ‘distrações evasivas’ que trazem sensações de segurança e divertimento e que “desviam a atenção da criança da tensão associada com dolorosas situações ‘não-eu’”. (TUSTIN, 1981/1984, p. 156

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apud PIMENTA, 2012, p. 45). Esses objetos podem ser considerados como amuletos mágicos, que afastam perigos, que exigem obediência, adoração ou culto.

Tustin chegou a levantar teorias de que os objetos autísticos seriam empecilhos para um suposto “desenvolvimento normal” do sujeito autista, porém a própria autora nos traz que para realizar a retirada destes objetos, é necessário:

muito tato, paciência e habilidade. Não pode ser feito de uma maneira brusca e mecânica. Precisamos esperar pacientemente pelos momentos apropriados, quando então podemos demonstrar-lhe que seres humanos, a despeito da imprevisibilidade e mortalidade, dão apoio mais eficaz e duradouro do que esses objetos imbuídos de excessiva auto-sensualidade. (TUSTIN, 1981/1984, p. 148 apud PIMENTA, 2012, p. 52).

Tendo em vista que os objetos autísticos são considerados como propulsores de um possível desenvolvimento de laço social, os autores psicanalíticos lacanianos são a favor da manutenção destes objetos. Além disso, Pimenta (2012) nos traz que Temple Grandim, que é autista, também concorda com a ideia de manutenção dos objetos autísticos, e alega que estes podem servir como motivação para os autistas e que deve-se “alargar esse campo obsessivo, procurando orientar o interesse inicial do autista, manifestado em suas fixações, em direção a atividades construtivas (PIMENTA, 2012, p. 52).

Segundo a autora PIMENTA (2012), o objeto autístico funciona como sendo duplo do autista, ele duplica tal e qual o corpo deste sujeito, além disso, para a autora, a função de duplo está ligada ao sustento uma possível efetivação de laço social mais ampliado.

Buscando sobre a ideia de duplo do autista, encontrou-se em Bialer (2015), que este pode ser considerado como necessário para o sujeito, pois pode ser a partir do duplo que o autista consiga encontrar uma solução para conseguir relacionar-se com o mundo, saindo assim do isolamento autístico.

Ainda a identificação do autista com este duplo propõe a sensação de proteção ao sujeito “filtrando o que vem do exterior por intermédio destes, além deles se constituírem como bordas de investimento de gozo, cuja relação favorece a saída da inércia e a dinamização.” (BIALER, 2015, p. 93).

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O alicerce do duplo permite ao autista se destacar do real e caminhar em direção a compensações no âmbito do imaginário. O laço com um duplo ima-ginário é uma construção do autista, fruto de um intenso trabalho psíquico que lhe permite encontrar neste outro um apoio que lhe auxilia a encontrar uma dinamização pulsional e uma regulação da economia de gozo. (BIALER, 2015, p. 93)

Então segundo Bialer (2015), este duplo que é uma construção do sujeito autista, possibilita ao sujeito um apoio para uma alienação que pode tornar-se base para a construção da diferenciação da imagem do outro e de si mesmo. Ainda, para Araujo, Furtado e Santos (2017), o duplo é o momento inicial de investimento em si o qual é necessário para que exista investimento posterior em outros objetos de amor, bem como a satisfação ou insatisfação decorrente deles.

O duplo do autista pode ser objetos, considerados pela criança como ser vivo, ou ainda, personagens de filmes ou histórias que a criança passa a comportar-se de modo parecido, e também ecolalias que fazem referência à figura escolhida. “É possível que o duplo possa ser construído pelo próprio sujeito, ou seja, composto de uma combinação específica e peculiar: suas características, hábitos e modo de enunciação não inspirado em uma personagem já concluída” (ARAUJO; FURTADO; SANTOS,2017, p. 367).

Portanto, o duplo torna-se importante, pois auxilia o sujeito autista a reconhecer-se e a fazer a distinção do Outro, possibilitando assim uma estruturação subjetiva, o que possibilita também, o estabelecimento de laços sociais.

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3. CONCLUSÃO

Com a pesquisa foi possível realizar um aprofundamento, bem como a compreensão da constituição psíquica do sujeito. Ainda foi possível conhecer o desenvolvimento, na área da psiquiatria e da psicologia, do termo “autismo” e o significado que hoje conhecemos. Além disso, como um dos propósitos da pesquisa, foi permitida a compreensão do sujeito autista em interface com seus objetos, levando em conta que estes encontram-se presentes quase que em todos os lugares em que o sujeito se encontra.

Tendo em vista que o autismo é um transtorno do desenvolvimento e muitas vezes confundido com outras patologias, se fez necessário a busca teórica enfatizada na Psicanálise com o objetivo de esclarecer o que é o autismo, porém, foi imprescindível o cuidado na escolha dos materiais, pois existem inúmeras teorias acerca do assunto.

Como o objetivo principal da pesquisa era a compreensão da relação do sujeito autista com os objetos autísticos e a função deste na constituição e vida do sujeito, encontrou-se que estes, podem ser considerados de suma importância, pelo fato de ser através deles que poderá acontecer a inserção do Outro em sua constituição, possibilitando assim laços sociais.

A pesquisa se faz importante, pois buscou-se demonstrar de maneira esclarecedora como se deu o desenvolvimento do autismo, além da função dos objetos autísticos, pois para grande maioria da população o assunto ainda desperta curiosidade e também confusão, como já dito, com outras patologias.

Para finalizar, é importante lembrar que cada sujeito autista irá desenvolver-se em seu tempo. Contudo, a pesquisa não foi concluída, porém quase todos os objetivos propostos para este trabalho foram alcançados, e assim, pretende-se continuar a pesquisa sobre o assunto em outro momento.

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