• Nenhum resultado encontrado

O papel do Ministério Público em defesa dos direitos das minorias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O papel do Ministério Público em defesa dos direitos das minorias"

Copied!
45
0
0

Texto

(1)

LUCIANO MIRON DA CONCEIÇÃO

O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM DEFESA DOS DIREITOS DAS MINORIAS

(2)

LUCIANO MIRON DA CONCEIÇÃO

O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM DEFESA DOS DIREITOS DAS MINORIAS

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DEJ – Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador Msc. Tobias Damião Corrêa

Ijuí (RS) 2011

(3)

Folha de aprovação, fornecida pelo Departamento dia da defesa (FOLHA EM BRANCO)

(4)

4

Dedico este trabalho a minha mãe, que sempre acreditou em mim, me deu forças e foi um incentivo a mais em minha caminhada. Te amo muito minha mãe!

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida, força e coragem.

A meu Pai, que onde ele está tenho certeza que está comigo nessa vitória!

A minha mãe, fonte inspiradora da minha vida, companheira e amiga em todos os momentos!

A minha namorada, parceira em todos os momentos, me motivando a sempre

seguir adiante, meu amor e

(6)

6

“A igualdade é um ideal político popular, mas misterioso.”

(7)

RESUMO

O presente trabalho teve como tema: “O papel do Ministério Público em defesa dos direitos das minorias”, delimitando-se nas ações do Ministério Público em prol da defesa dos direitos dessas minorias. Seu objetivo geral foi analisar a atuação do Ministério Público na defesa dos direitos das minorias, delineando o que este órgão pode fazer para garantir a essa parcela da sociedade o acesso à justiça e ao efetivo exercício dos direitos fundamentais. E os específicos foram: descobrir como atua o Ministério Público para defender os menos favorecidos da sociedade; descrever a forma de organização do MP, sua função e objetivo; analisar o principio fundamental da igualdade como critério norteador das ações afirmativas; identificar como se dá o acesso a justiça das camadas menos favorecidas; descobrir, caracterizar e identificar as ações afirmativas dentro deste contexto. Sendo que, acredita-se na vontade do Ministério Público em investigar o acesso a justiça por parte dos menos favorecidos, para que esta parcela da população não sofra discriminação e desigualdade social, e também para que estas minorias possam elevar o patamar de igualdade em relação aos mais favorecidos permitindo um desenvolvimento social mais amplo. Sendo assim, o presente estudo é de fundamental importância para que a sociedade tenha uma visão da situação atual destas classes sociais e do papel do Ministério Público para agir em defesa dos direitos tanto individuais como coletivos. A metodologia foi por um método de abordagem dedutivo, sendo seu avanço propiciado pela pesquisa bibliográfica, analise de legislação e doutrina. Foi levado em consideração a identificação de cada parte envolvida, bem como os conceitos, funções e atividades pertinentes a cada uma delas. Conforme o objetivo do estudo proposto nota-se que as ações afirmativas se encaixam perfeitamente na resolução dos conflitos elencados. Concluímos que a atuação do Ministério Público em defesa das minorias se dá através de políticas públicas, mesmo de forma reduzida a entidade vem desempenhando o seu papel qual lhe foi conferido como atribuição.

(8)

ABSTRACT

This work had the theme "The role of public prosecution in defense of minority rights" delimiting on the actions of the Government in defense of the rights of minorities. Its main objective was to analyze the performance of the prosecution in defense of minority rights, delineating what this body can do to ensure that the portion of society access to justice and the effective exercise of fundamental rights. And they were specific: to discover how the prosecutor acts to defend the less fortunate in society, to describe the organizational form of the MP, its function and purpose, analyze the fundamental principle of equality as a criteria of affirmative action, to identify how the two access to justice for the less affluent; discover, characterize and identify affirmative action in this context. Since it is believed the will of the public prosecutor to investigate access to justice for the disadvantaged, so that population does not suffer discrimination and social inequality, and also that these minorities can raise the level of equality with the most favored allowing a wider social development. Thus, this study is of fundamental importance for society to have a vision of the current situation of these classes and the role of the prosecutor to act in defense of both individual and collective rights. The methodology was a method of deductive approach, with its advance fueled by the literature search, review of legislation and doctrine. He was taken into consideration the identity of each party involved, as well as the concepts, functions and activities relevant to them. As the purpose of the study note that affirmative action‟s fit perfectly in the resolution of the conflicts listed. We conclude that the Public Ministry's efforts in defense of minorities is through public policy, even a small entity is playing a role which was given as assignment.

(9)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

1 O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ... 12

1.1 Perfil Institucional Do Ministério Público ... 12

1.2 Organização, Função E Objetivos ... 15

1.3 Princípios Institucionais ... 18

2 A EQUIPARAÇÃO SOCIAL E O RESGATE DA IGUALDADE ... 20

2.1 Entendendo As Ações Afirmativas ... 21

2.2 O Direito Fundamental A Igualdade E O Problema Da Desigualdade Social . 24 2.3 Iguais E Desiguais ... 26

3 O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO DEFENSOR DAS MINORIAS ... 29

3.1 As Minorias E A Necessidade De Efetiva Proteção ... 29

3.2 O Papel Do Ministério Público Na Defesa Das Minorias ... 32

3.3 Ações Institucionais O Ministério Público Em Prol Da Defesa Das Minorias 35 CONCLUSÃO ... 41

(10)

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 reverenciou o Ministério Público como um órgão independente com a tarefa der levar a justiça ao alcance de todos. Considerado o fiscal da lei uma das suas principais tarefas é olhar pelos menos favorecidos.

A presente monografia tem como título “O papel do Ministério Público em defesa dos direitos das minorias”, Vai-se analisar um comparativo das ações do Ministério Público em defesa das classes conhecidas como minorias. Desta forma, pretende-se ir além das atividades normais do Ministério Público, o propósito é captar as intenções específicas relativas às minorias.

Atuar em defesa da sociedade e zelar pelo interesse da coletividade é de extrema importância já que estamos vivendo em um estado democrático de direito. A inclusão das minorias neste contexto possibilita ao Ministério Público buscar a igualdade de oportunidades e a equiparação social através das ações afirmativas.

Neste trabalho de pesquisa as minorias referidas no título vão ser identificadas para que não haja duvida de quem realmente necessita de defesa. Já no que tange ao MP vai ser analisado todas as suas funções e de que maneira o órgão pode e deve atuar neste contexto.

O objetivo geral da pesquisa é analisar a atuação do Ministério Público na defesa dos direitos das minorias, delineando o que este órgão pode fazer para garantir a essa parcela da sociedade o acesso à justiça e ao efetivo exercício dos

(11)

direitos fundamentais. E os específicos foram: descobrir como atua o Ministério Público para defender os menos favorecidos da sociedade; descrever a forma de organização do MP, sua função e objetivo; analisar o principio fundamental da igualdade como critério norteador das ações afirmativas; identificar como se dá o acesso a justiça das camadas menos favorecidas; descobrir, caracterizar e identificar as ações afirmativas dentro deste contexto.

O primeiro capítulo tem o propósito de rever a bibliografia em relação ao Ministério Público na Constituição Federal de 1988. A revisão vai revelar o perfil institucional do MP, a organização, função e objetivo, bem como os princípios institucionais desta entidade.

O capítulo segundo apresenta uma pesquisa focada na equiparação social e o resgate da igualdade. Os pontos principais a serem analisados partem do ponto como entender as ações afirmativas, o direito fundamental à igualdade e o problema da desigualdade social e o conceito de iguais e desiguais.

O terceiro capítulo e último é o mais importante da pesquisa, pois é o tema principal denominado o Ministério Público como defensor das minorias. Neste ponto vai ser identificadas as minorias e a necessidade de efetiva proteção, exemplos do papel do MP em defesa das minorias e as ações institucionais do Ministério Público em prol da defesa das minorias

(12)

1 O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Com o advento da Constituição Federal de 1988, o constituinte conferiu um elevado status constitucional ao Ministério Público, quase o transformando em um quarto poder, sendo ele agora uma instituição permanente, essencial a função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais e individuais indisponíveis e a do próprio regime democrático.

Hoje, O Ministério Público possui Constitucionalmente, liberdade, autonomia e independência funcional da instituição e de seus órgãos, passando a exercer a representação funcional dos interesses estratégicos da sociedade, significando que cada membro e cada órgão do Ministério Público gozam de independência para exercer suas funções em face dos outros membros e órgãos da mesma instituição. Sobre o assunto, diz Hugo Nigro Mazzilli (2005, p. 37):

No exercício da atividade-fim do Ministério Público, cada qual deles pode tomar as decisões últimas colocadas em suas mãos pela constituição Federal e pelas leis, sem se ater a ordens de outros membros ou órgãos da mesma instituição

Podemos destacar que o objetivo mais importante alcançado pela Constituição Federal de 1988 foi o de transformar o Brasil em um verdadeiro Estado Democrático de Direito, criando um Estado que garanta os Direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça.

1.1 Perfil Institucional Do Ministério Público

O Ministério Público consolidou-se com a Constituição Federal de 1988 como órgão que atua na defesa de interesses difusos e coletivos, com a previsão e ampliação de competências.

(13)

Sua autonomia ficou garantida, seja por ter sido desvinculado de qualquer dos três poderes do Estado, seja por ter recebido garantias de independência em tudo semelhantes às concedidas para os membros da Magistratura: vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de subsídios, além das vedações previstas no art. 128, § 5°, II.

Recebeu o Ministério Público com a Constituição Federal de 1988 uma conformação inédita e poderes alargados. Passou a ser uma instituição voltada à defesa dos interesses mais elevados da convivência social e política, perante o Judiciário, mas também na ordem administrativa.

No entendimento de Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco (2009, p.1039):

Está definido como “instituição permanente, essencial a função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (art.127). A instituição foi arquitetada para atuar desinteressadamente na prossecução dos valores mais encarecidos da ordem constitucional.

Na sociedade moderna, o Ministério Público se destina a preservação dos valores fundamentais do Estado enquanto comunidade, na defesa do regime democrático e dos interesses sociais.

Segundo Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco (2008, p.228):

Esses valores recebem a atenção dos membros do parquet, seja quando estes se encarregam da persecução penal, deduzindo em juízo a pretensão punitiva do Estado e postulando a repressão ao crime (pois este é um atentado aos valores fundamentais da sociedade), seja quando no juízo civil os curadores se ocupam da defesa de certas instituições (registros públicos, fundações, família), de certos bens e valores fundamentais (meio ambiente, valores artísticos, estéticos, históricos, paisagísticos), ou de certas pessoas (consumidores, ausentes, incapazes, trabalhadores acidentados no trabalho).

Quando a constituição Federal atribui ao Ministério Publico em seu artigo 127, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses individuais quando indisponíveis, está chamando o Ministério Público a atuar quando haja relevância social do interesse a ser definido. Nesse sentido, Segundo Cintra (2008, p. 228)

(14)

14

O Estado social de direito caracteriza-se pela proteção as fraco (fraqueza que vem de diversas circunstâncias, como idade, estado intelectual, inexperiência, pobreza, impossibilidade de agir ou compreender) e aos direitos e situações de abrangência comunitária e, portanto transindividual, de difícil preservação dos particulares. O Estado contemporâneo assume por missão garantir ao homem, como categoria universal e eterna, a preservação de sua condição humana, mediante o acesso aos bens necessários a uma existência digna- e um dos organismos de que dispõe para realizar essa função é o Ministério Público, tradicionalmente apontado como instituição de proteção aos fracos e que hoje desponta como agente estatal predisposto à tutela de bens e interesses coletivos ou difusos.

No entender de Mazzilli (2005, p.28) o “Ministério Público moderno está mais “visível” para a coletividade, o que lhe gera mais cobranças e até mesmo mais críticas sociais, o que pode constituir, inclusive, um grande benefício para a instituição.”

Hoje, o Ministério Público é de todas as instituições da área jurídica, a que detém o maior rol de atribuições e responsabilidades em termos de defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Segundo Ribeiro (2010, p.08)

No exercício dessas atribuições, acaba por ter importante função de controle de legalidade dos atos praticados pelas autoridades públicas de todos os níveis, já que tem poderes investigatórios e é titular, não só da ação penal, mas também da ação civil pública para fins de aplicação das sanções por improbidade administrativa.

Num Estado Democrático, justifica-se que o Ministério Público zele pela manutenção da ordem democrática e o cumprimento das leis, pois é um órgão incumbido de defender os interesses da sociedade, seja na área penal, em que é intensa sua atividade, seja no campo extrapenal, em que não menos incansável é sua tarefa, na defesa dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.

Para Ribeiro (2010, p.309),

O Ministério Público, com a Constituição Federal de 1988, passou a contar com os pilares adequados para ser reedificado: I – foi reconhecido

o seu caráter institucional; II – foram apontadas as idéias que deve a

realizar no grupo social; III – foi-lhe conferido o poder para efetivá-las .

(15)

Cada vez mais, o Ministério Público vem ocupando lugar destacado na organização do Estado, estendidas suas funções de proteção de direitos indisponíveis e de interesses coletivos.

1.2 Organização, Função E Objetivos

Constitucionalmente, o Ministério Público possui liberdade, autonomia e independência funcional da instituição e de seus órgãos, sendo ele, fiscal da lei, cabendo-lhe a guarda e a promoção da democracia, da cidadania, da justiça e da moralidade administrativa.

Diz o art. 128 da Constituição Federal de 1988 que o Ministério Público abrange:

I – O Ministério Público da União, que compreende: a) O Ministério Público Federal;

b) O Ministério Público do Trabalho; c) O Ministério Público Militar;

d) O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II – Os Ministérios Públicos dos Estados.

O art. 128 da constituição Federal fala na abrangência do Ministério Público, que atua na área federal, ou seja, a entidade pertence a União e também na área estadual, entidades que não se confundem entre si. Conforme Mendes (2009, p.1041) “Como o dispositivo mencionado cogita de um Ministério Público, desdobrado em União e dos Estados, é possível extrair um caráter nacional da Instituição”.

Conforme o art. 128, parágrafo 5° da Constituição Federal de 1988:

Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério público.

(16)

16

Com a emenda constitucional n° 45/2004, foi criado o Conselho Nacional do Ministério Público, um órgão de suma importância para a organização do Ministério Público, onde através dele é feito o controle de atuação administrativa e financeira do Ministério Público e fiscalização da atuação de seus membros, estabelecendo mais um canal de aproximação entre órgãos do sistema judicial e sociedade.

No entendimento de Mendes, Coelho e Branco (2009, p.1041), o Conselho Nacional do Ministério Público

Está incumbido de aferir a atuação administrativa e financeira dos vários ramos do Ministério Público na Federação e de monitorar o cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Cabe-lhe, igualmente, zelar pelo respeito às garantias que cercam a instituição. É composto por membros do Ministério público da União e dos Estados, por membros do Judiciário, por Advogados indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados e por cidadãos indicados pelas casas do Legislativo Federal.

Diz o art. 129 da Constituição Federal de 1988 que são funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para aproteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;

VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;

IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

O Ministério Público possui dois tipos de funções, típicas e atípicas. As funções típicas são aquelas intrínsecas do órgão, são mais do que apenas

(17)

compatíveis, são às quais o Ministério Público está diretamente voltado. Já, as atípicas, são aquelas em que o Ministério Público exerce, mas que estão fora de sua destinação geral.

Para Mazzilli (2005, p. 75.), com relação às funções típicas:

Nessa atuação, o Ministério Público sempre busca seus fins institucionais últimos (o combate ao crime; a defesa do meio ambiente, de crianças e

adolescentes, de pessoas discriminadas; o zelo de interesses

transindividuais etc.). Naturalmente, para alcançar seus fins, vale-se de instrumentos de atuação funcional (requisição de inquérito policial, instauração de inquérito civil, promoção das ações públicas, expedição de requisições e notificações etc.).

Segundo Mazzilli (1996, p.207), “dentro da destinação institucional que lhe reservam as leis, o Ministério Público atua mais freqüentemente em funções típicas, ou seja, em funções próprias ou peculiares à instituição”

.

No caso das funções típicas, seu alcance está na promoção da ação penal pública, da ação civil pública, da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, do zelo pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição.

No entender de Hugo Nigro Mazzilli (2005, p. 73):

Atípicas são as funções que o Ministério público ainda exerce, mas que estão fora de sua atual destinação geral (como a defesa cível da vítima pobre ou do reclamante trabalhista, na ação civil exdelictoou na reclamação trabalhista, hipóteses essas de atuação transitória, enquanto não sejam criados e estejam em efetivo funcionamento os órgãos próprios de assistência judiciária).

O Ministério Público, atuando em função típica ou atípica em suas atividades institucionais, sempre age com o objetivo da busca de um interesse público, que ora está ligado a pessoas determinadas, ora ligado a grupos de pessoas determinadas ou determináveis, ora ligado a grupos não determináveis de pessoas e também ligado a coletividade.

(18)

18

No dizer de Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, p.72):

Quem exerce função administrativa está adstrito a satisfazer interesses públicos, ou seja, interesses de outrem: a coletividade. Por isso, o uso das prerrogativas da Administração é legítimo se, quando e na medida indispensável ao atendimento dos interesses públicos; vale dizer, do povo, por quanto nos Estados Democráticos o poder emana do povo e em seu proveito terá de ser exercido.

No dizer de Mazzilli (2005, p.75), “a finalidade e as prioridades da atuação do Ministério Público são dadas pela constituição e pelas leis, que são aplicadas dentro do limite da independência funcional dos membros do Ministério Público”.

Podemos concluir que, desde que a defesa de qualquer interesse, disponível ou não, convenha à coletividade como um todo, a iniciativa ou a intervenção do Ministério Público será exigível junto ao pode Judiciário.

1.3 Princípios Institucionais

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 127, parágrafo 1° diz que “são princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.”

No entendimento de Mendes, Coelho e Branco (2009, p. 1039):

O Princípio da unidade significa, basicamente, que os promotores, os procuradores, integram um só órgão, sob a direção de um só chefe. A indivisibilidade admite que os integrantes da carreira possam ser substituídos uns pelos outros, desde que da mesma carreira, segundo as prescrições legais. O princípio da independência funcional torna cada membro do parquet vinculado apenas à sua consciência jurídica, quando se trata de assunto relacionado com a sua atividade funcional.

(19)

A Instituição Ministério Público sendo uma e indivisível, todos os seus membros fazem parte de uma só corporação e podem ser substituído um por outro em suas funções. Sendo independente, cada membro age segundo sua própria consciência jurídica.

No dizer de Elpídio Donizetti (2010, p.212 - 213)

Pelo Princípio da unidade entende-se que todos os seus membros fazem parte de um só órgão. Por princípio da indivisibilidade que é um corolário da unidade entende-se que seus membros podem ser indiferentemente substituídos por outro em suas funções, sem que com isso aja alguma alteração subjetiva nos processos em que oficiam. Autonomia funcional significa que, no exercício de suas funções, o membro do Ministério Público tem plena liberdade, age de acordo com sua convicção jurídica.

São princípios institucionais a unidade, pois o Ministério Público é uma única instituição, em que seus membros agem individual e legitimamente, visando ao alcance de suas finalidades; a indivisibilidade, porque embora um membro da instituição atue em um determinado processo, efetivamente quem age é o próprio Ministério Público; e a independência funcional, haja vista que a atuação do membro do parquet é inteiramente independente, não existindo quaisquer vínculos à chefia ou subordinação hierárquica, apenas limitado pela lei e por sua íntima convicção.

(20)

20

2 A EQUIPARAÇÃO SOCIAL E O RESGATE DA IGUALDADE

o nos defrontarmos com esse tema, mister se fazem as primeiras palavras de Ronald Dworkin (2005, pág. 3), em seu livro, a virtude soberana: a teoria e prática da igualdade, onde ele afirma que:

A igualdade é um ideal político popular, mas misterioso. As pessoas podem tornar-se iguais (ou pelo menos, mais iguais) em um aspecto, com a consequência de tornar-se desiguais (ou mais desiguais) em outros. Se têm renda desigual, por exemplo, é quase certo que venham a diferir na quantidade de satisfação que encontram na vida [...].

Ora, as palavras do professor são de grande valia para analisarmos a equiparação social e o resgate da igualdade.

A sociedade é fruto de diversas transformações sociais, culturais, econômicas e outros aspectos inerentes a essas mudanças. Peter Singer (2002, pág.25) diz que:

Nosso século tem testemunhado mudanças drásticas das atitudes morais. A maior parte delas continua sendo polêmica. O aborto, proibido quase que por toda parte há trinta anos, hoje é legal em muitos países (ainda que a ele se oponha segmentos substancias e respeitados da população). O mesmo se pode dizer das mudanças de atitude diante do sexo fora do casamento, da homossexualidade, da pornografia, da eutanásia e do suicídio.

E começa a demonstrar que com a desigualdade parece ocorrer algo diferente, quando afirma que:

As mudanças de atitudes com relação à desigualdade – sobretudo a

desigualdade racial – não foi menos súbita e dramática do que a mudança

de atitudes perante o sexo, mas foi mais completa. As ideias racistas compartilhadas pela maior parte dos europeus na virada do século tornam-se inteiramente inaceitáveis, ao menos na vida pública. (PETER SINGER, 2002, p. 25).

Contudo, nota-se ainda existir resquícios de desigualdade, em diversos âmbitos sociais, ainda presente nos dias modernos. Não são atitudes muitas das vezes exteriorizadas, pois estão ocultas no intimo de cada ser humano. Por

(21)

exemplo, não podemos afirmar que deixaram de existir racistas, mas, que apenas estes disfarçam o seu racismo, caso pretendam que os seus pontos de vista e o seu planos de ação tenham alguma possibilidade de aceitação geral (Peter Singer, 2002).

Nossa Constituição Federal encorpa em seu texto, no art. 3º, III, que dentre os seus muitos objetivos fundamentais está, “Erradicar a pobreza e a marginalidade e reduzir as desigualdades sociais e regionais.” (grifo nosso)

É visível a preocupação do constituinte, em buscar acabar com essa desigualdade independente de como ela venha aparecer na sociedade pós Constituição de 1988. A inserção dos direitos fundamentais no art. 5º caput, é a materialização da tão almejada igualdade. O princípio da isonomia presente neste artigo constitucional torna todos iguais perante a lei, pois afirma que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]. Trataremos de tal assunto em um item mais adiante.

Logo cabe ao poder público a busca por essa igualdade, que na maioria das vezes está perdida e em consequência uma equiparação social concreta. É neste cenário que surgem as ações afirmativas que passaremos a tratar.

2.1 Entendendo As Ações Afirmativas

A origem da expressão ação afirmativa é derivada dos EUA, em meio a movimentos que abarcavam os direitos civis deste país. O exato momento de surgimento das ações afirmativas é ponto de divergência entre doutrinadores americanos, não podendo assim apontar corretamente quais atos e datas que deram origem a estas ações. Porém certos aspectos relevantes nos remetem à década de 60 (Aírton José Cecchim, 2006).

Dworkin aborda tais ações afirmando que “Há mais de trinta anos a melhores universidades e faculdades dos EUA vêm empregando diretrizes de

(22)

22

admissão sensíveis à raça negra para aumentar o número de alunos negros, hispânicos, indígenas e de outras minorias. Autores e políticos conservadores atacaram esse política de “ação afirmativa” desde o início [...]” (2005, pág. 543).

O mesmo autor cita um exemplo de como essas ações aparecem:

[...] algumas vezes as faculdades de direito dão uma contribuição mais qualificada para a implementação dessa política ao complementarem os testes de inteligência com critérios de outro tipo. Às vezes, por exemplo, preferem os candidatos mais esforçados aos que são mais brilhantes, mas também mais preguiçosos. Elas também promovem políticas de admissão especiais, para as quais a inteligência não é relevante. A faculdade de Direito da Universidade de Washington, por exemplo, dava especial preferência não apenas aos candidatos provenientes de minorias, mas também aos veteranos que haviam frequentado a escola antes de servirem nas forças armadas. (DWORKIN, 2005, p.547).

No Brasil o marco fundamental foi a Constituição de 1988, onde se deu inicio a processos e atos que tinham como intuito as ações afirmativas. Encontramos um dos muitos conceitos para esse instituto jurídico com, o Min. Joaquim Barbosa Gomes (GOMES, 2001. apud, PIOVESAN, IKAWA, SARMENTO, 2008. p. 345), onde diz:

Ser um conjunto de politicas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntario, concebidas em vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, por deficiência física e de origem nacional, bem como corrigir ou mitigar efeitos presentes da discriminação praticados no passado, tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e o emprego.

No mesmo sentido manifesta-se Cecchim (2006, pág. 325), sobre o conceito das ações afirmativas, onde para ele:

São políticas públicas e privadas positivas que visam cessar os efeitos da discriminação por motivo de origem, raça, sexo, cor, idade, compleição física e quaisquer outras formas de discriminação. Concebidas originalmente pelo direito americano, infiltrando-se no ordenamento jurídico de outros países e representam, hodiernamente, mola propulsora no amadurecimento social, mormente no que se refere ao acesso à educação e ao emprego pelas minorias sociais..

Os dois autores referidos nas citações acima, Cecchim e Gomes, conceituam ações afirmativas como políticas públicas para combater as discriminações na

(23)

sociedade.O exemplo das minorias atingidas no texto referido se caracteriza por serem as mais freqüentes, mais existem muitas outras.

Segundo Barbara Bergmann, citado por Júlio Lira e Mariana Barbbosa. (1996,

p. 7). em seu artigo, Ação Afirmativa:

Um retrato atual de sua implementação no Estado Democrático de Direito, a ação afirmativa é [...] planejar e atuar no sentido de promover a representação de certos tipos de pessoas – aquelas pertencentes a grupos

que tem sido subordinados ou excluídos – em determinados empregos ou

escolas. É uma companhia de seguros tomando decisões para romper com sua tradição de promover a posições executivas unicamente homens brancos. É a comissão de admissão da Universidade da Califórnia em Berkeley buscando elevar o número de negros nas classes iniciais

A citação de Barbara Bergamann usa como exemplo de ação afirmativa o número de negros nas classes iniciais das universidades americanas. A discriminação dos negros em relação ao estudo superior não se encontra apenas nos Estados Unidos, mas em todos os locais onde predomina o branco.

Para Airton José Cecchim (2006, p. 330):

As ações afirmativas têm a incumbência de nivelar as classes e grupos sociais, concedendo vantagens jurídicas quando há desníveis fáticos, ou seja, o desiquilíbrio proporcionado no plano jurídico, tutelado pelo Estado. Em uma simples analogia isso é facilmente perceptível quando se cogita de direitos trabalhistas, pois o legislador, preocupado com submissão do empregado ao império do empregador, editou normas protetivas, juridicamente desiguais, mas que permitem equilibrar o capital/trabalho. Isso também ocorre com o direito do consumidor .

O autor denomina as ações afirmativas com uma ferramenta para nivelar as classes sociais menos favorecidas dentro do âmbito jurídico. Para ilustrar amplamente o conceito está sendo usado como exemplo uma alusão aos direitos trabalhista e também os direitos dos consumidores.

Peter Singer(2002, p. 54) menciona que:

Vimos que a igualdade de oportunidades é praticamente irrealizável [...]. Uma forma de superar esses obstáculos consiste em extrapolar a igualdade de oportunidades e dar um tratamento preferencial a membros de grupos menos favorecidos. É a isto que se dá o nome de ação afirmativa (ou, ás vezes, de “discriminação inversa”). Talvez aí esteja a mais forte esperança de reduzir as desigualdades permanentes, ainda que pareça transgredir o próprio principio de igualdade.

(24)

24

Assim o conceito de ação afirmativa, predominantemente é revestido de uma justiça compensatória que visa abater as discriminações sociais. Agora se faz necessário analisar as desigualdades e seus problemas, bem como o direito fundamental a igualdades.

2.2 O Direito Fundamental A Igualdade E O Problema Da Desigualdade Social

Como havíamos mencionados no item 2, onde tratamos da equiparação social e o resgate da igualdade, nossa carta constitucional trata no rol dos direitos fundamentais, do principio da isonomia. Diz este, que todos devem ser tratados de forma igualitária independente de qualquer situação ou elementos inerentes à pessoa, perante a sociedade.

A Constituição de 1988 trouxe uma nova realidade, pautada, sobretudo, na valoração grandiosa de uma gama de princípios que, anteriormente, foram ultrajados e renegados pelo ordenamento normativo pátrio. Tal fato estrutura-se de maneira evidente em um período caracterizado pela forte repressão e por sucessivas ditaduras, que suprimiam os direitos mais inerentes da população, os condicionado como reféns do Ente Estatal. (Tauã Lima Verdan, 2009)

Afirma José Carlos Kraemer Bortoloti em seu artigo Direito Fundamental à Igualdade: Ações Afirmativas para que(m)?:

O direito fundamental à igualdade, por mais expressiva que seja a terminologia, remete-se a um contexto complexo, muitas vezes desenvolvido através de concepções distantes da realidade. Essas concepções têm dificuldade em compreender o princípio da igualdade e, assim, conferem à desigualdade papel de destaque. Nessa dinâmica ingênua, senão imatura, entre igualdade e desigualdade, criaram-se discriminações ao longo do tempo as quais marcam o período contemporâneo.

Neste caso o autor se refere a diferença entre igualdade e desigualdade como termo para o surgimento das discriminações. Por este motivo durante muito tempo

(25)

as oportunidades para as minorias foram menores, cabendo as ações afirmativas corrigir esta desigualdade social.

E continua seu desenvolver jurídico dizendo que:

Sem pretensão de trazer um inventário sobre igualdade à pesquisa, é necessário sopesar as circunstâncias que, de forma abarcante, proporcionam à compreensão da igualdade o caráter de extrema relevância inserido em seu contexto. Para tanto, de forma inicial, vale-se da indagação: “Podemos dar as costas à igualdade?” (DWORKIN, 2005, p. IX). Para se responder, ou melhor, entender-se a complexidade da indagação, primeiramente, deve-se considerar de que forma o princípio da igualdade, a garantia fundamental à igualdade, vem sendo tratado e disseminado em âmbito social. Essencialmente, faz-se necessário arguir que o direito fundamental à igualdade é o escopo do princípio democrático, sem a efetividade daquele a democracia através das liberdades dos indivíduos não tem eficácia, muito menos é alcançável. E nessa perspectiva da igualdade, tem-se claro que essa, como princípio dinâmico e que possibilita a plena expansão das liberdades reais, face à teoria democrática da modernidade [...]

Porém, o que o constituinte de 1988 desejava ao inserir os direitos fundamentais à igualdade, não faz com que efetivamente eles se concretizem. Muitos são os casos de desigualdade mesmo havendo uma tutela constitucional aos negros, índios, mulheres e às crianças, mas principalmente as econômicas.

As desigualdades sociais são notórias em nosso país. Ao olharmos em grandes capitais, ou até mesmo pequenas cidades, poderemos ver contrastes econômicos e sociais. Nos grandes centros casas requintadas e belos prédios, enfeitam a paisagem como se demonstrassem ser aquilo a verdadeira faze social. Porém se mudarmos a nossa visão, e em muitos casos não precisaremos ir tão longe, que encontraremos subúrbios sem as mínimas condições de se viver. É o grande problema da desigualdade social.

Ronald Dworkin (2005. p. IX) trata da igualdade de forma muito eficaz quando afirma que:

A igualdade é espécie ameaçada de extinção entre os ideais políticos. Até poucas décadas atrás, qualquer politico que se declarasse liberal, ou mesmo de centro, acreditava que a verdadeira sociedade igualitária era, pelo menos, um ideal utópico. Atualmente, porém, até os políticos que se declaram de centro-esquerda rejeitam o próprio ideal da igualdade [...] A consideração igualitária é a virtude soberana de uma

(26)

26

quando as riquezas de uma nação são distribuídas de maneira muito desigual, como são as riquezas de nações muito prosperas, então sua igual consideração é suspeita, pois a distribuição das riquezas é produto de uma ordem jurídica.

Dworkin analisa o fato de que a igualdade não faz parte do cotidiano dos políticos em modo geral. Até aqueles com tendências esquerdistas não adotam o sistema igualitário, dificultando assim as classes menos favorecidas.

2.3 Iguais E Desiguais

Analisada igualdade e o direito fundamental a ela, tratar-se-á dos destinatários dessa tutela prevista no caput do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, onde todos são iguais perante a lei.

José Carlos Bortoloti,(2008, p.135) em seu artigo outrora citado, menciona que:

Tem-se claro o enredamento em sem falar do direito fundamental à igualdade de forma universal, por mais que seja esse o escopo de sua previsão. A universalidade se torna utópica quando se parte do intuito de se comparar iguais com desiguais, esquecendo-se da ampla diversidade caracterizada na sociedade brasileira, ainda, das mazelas criadas por um ordenamento jurídico extremamente formal e descontextualizado

O autor demonstra o equivoco em se comparar iguais com desiguais, pois as duas classes se tornam diferentes. Sendo assim, a sociedade brasileira abriga de forma ampla cada uma delas.

Mister se faz o estudo jurídico de Deborah Maria Ayres (2011) em seu artigo O direito à igualdade que discrimina, afirmando que:

Para Aristóteles, a igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Esse pensamento do celebre jus filósofo não quis disseminar o preconceito entre as diferenças, mas considera que já que essas diferenças existem que sejam tratadas como tais, com a finalidade de integrar a sociedade. Por exemplo, o Direito Civil foi por muito tempo considerado “impessoalista”, protetor de uma parcela da população que é proprietária e os que viviam de sua mão-de-obra eram lesados em seus direitos, comparados até mesmo a coisas – os excluídos.

(27)

As palavras de Aristóteles são as que mais se assemelham em um contexto geral de qual é forma para tratar de iguais e desiguais. Pois, quando cada um receber a atenção direcionada a sua classe se pode chegar a uma situação estável.

Bortoloti ainda menciona que:

Esta complexidade em ao se adentrar na esfera igual/desigual, que se faz ainda mais importante análise de mecanismos que possam retornar as

discriminações trazidas pelas desigualdades. Igualmente, essas

discriminações tem um contexto, e mecanismos que almejam resultados harmônicos devem estar inseridos na realidade das desigualdades, assim

como, deverão estar cientes de que ao se projetar mais igualdade –

reverter-se um processo discriminatório –, podem partir para uma

discriminação maior ainda..

Ora não podemos negar que encontramos na sociedade –e principalmente a brasileira- um desnivelamento social. Camadas mais favorecidas que outras, sendo que na grande maioria das vezes não houve oportunidade para igualar os desiguais. Essa busca que Aristóteles propôs, em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, mostra-nos o caminho a ser seguido pelo verdadeiro Estado Democrático de Direito.

Por fim, transcrevemos um trecho do artigo de Deborah Ayres (2011) no qual dispõem que:

Como averbou Pimenta Bueno: “a lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer especialidade ou prerrogativa que não for fundada só e unicamente em uma razão muito valiosa do bem público será uma injustiça e poderá ser uma tirania” (Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição do Império, Rio de Janeiro, 1857). Deve-se entender que a igualdade deve ser a ratio fundamentadora de qualquer relação social. Sem ela, o direito à vida, à liberdade e à dignidade, reservada a todos (brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil), não teria poder algum e nossa sociedade retroagiria aos tempos em que viver ou morrer andavam junto com o poder que se tinha tanto econômico como político, épocas „remotas‟ como coronelismo ou a da própria escravidão. Hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, integração social é a palavra chave para a pacificação dos povos.

A lei é para todos, independente de classe social,poder político ou econômico. Pois se vive em uma sociedade moderna onde as épocas de intensa discriminação ficaram para trás. Para uma sociedade conviver pacificamente será necessário uma melhor integração social.

(28)

28

O próximo capítulo do trabalho que está sendo desenvolvido, vai abordar as minorias e suas necessidades, bem como a intervenção do Ministério Público a seu favor.

(29)

3 O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO DEFENSOR DAS MINORIAS

O presente capítulo vai abordar assuntos técnicos em relação a função do Ministério Público quanto a sua atuação direta na defesa das minorias.

Atribuir o Ministério Público como defensor das minorias faz parte das suas funções específicas elencadas pela Lei complementar 75/93. Segundo Hugo Nigro Mazzilli (2000, p. 218), diz que: “Quando a Constituição conceitua o Ministério Público, já estabelece as primeiras diretrizes das suas funções institucionais, ao dizer que o Ministério Público é instituição nacional, permanente, encarregada da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Quanto a esta concepção, reafirma esta certeza Hugo Nigro Mazzilli (2000, p. 219):

Com o advento da Constituição de 1988, alargaram-se os canais de influência do povo nas decisões do governo (...) a) valorizou o atendimento ao público pelo promotor de justiça, b) ampliou o campo de fiscalização e atuação ministerial, c) na área criminal, conferiu ao Ministério Público exclusividade na promoção da ação penal pública, d) na área cível, ampliou a legitimidade para promover ação pública na defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, f) como norma geral, conferiram ao Ministério Público o importante zelo pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, conferindo-lhe a promoção das medidas necessárias a sua garantia.

Segundo o autor em sua obra a Constituição Federal de 1988 confirmou o Ministério Público como entidade independente com um maior poder de fiscalização para atuar em favor da sociedade.

3.1 As Minorias E A Necessidade De Efetiva Proteção

Antes de descrever as necessidades das minorias é preciso conceituar e definir o que significa e quais são as minorias. O artigo 5º da Constituição Federal

(30)

30

denomina o princípio da igualdade dizendo que todos são iguais perante a lei sem qualquer distinção.

No entendimento de Sandra Regina Leite de Campos citada na Revista Direito e Justiça identifica as minorias da seguinte forma (Direito e Justiça, p. 302):

A palavra minoria deriva do termo latino minore, e, em princípio, caracteriza uma inferioridade numérica. Antropologicamente pode ser definida como “um subgrupo que, dentro de uma sociedade, considera-se e/ou é considerado diferente do grupo maior e dominante, em razão de características étnicas, religiosa ou de língua, costumes, nacionalidade, etc., e que em razão dessas diferenças não participa integralmente, em igualdade de condições, da vida social”.

A autora em sua citação conceitua as minorias de forma etimológica mencionando uma inferioridade numérica derivada do latim, mas que no caso abordado trata de participação social e não em quantidade de indivíduos.

Já para Airton José Cecchin o conceito de minorias se define de forma ampla conforme cita:

Porém, os blocos de minorias se formam por motivos de raça, sexo, cor, idade, religião, compleição física, poder aquisitivo, ideologias e demais diversidades inerentes aos povos. Os casos mais corriqueiros de minorias estão relacionados aos negros, índios, mulheres, deficientes físicos, idosos e protestantes. Pertencer a um grupo de minorias é simplesmente um fato, não havendo maiores transtornos para se compreender esta incontestável situação. O que não se concebe é o enfraquecimento ou estabelecimento de direitos distintos por conta desta adversidade natural, gerando prejuízos de ordem moral, econômica e cultural e seus integrantes. As ações afirmativas servem para corrigir estas distorções (CECHIM 2006, p.329)

Cecchin define quais os grupos sociais que são considerados minorias atualmente. Quando o autor conceitua minoria não está se referindo a quantidade e sim a particularidade.

Ao analisar os conceitos de minoria de uma maneira geral se observa que se trata de um conceito baseado nas afirmações no âmbito mundial, principalmente europeu. Portanto as minorias no Brasil se divergem deste conceito global, por se tratar de casos diferentes.

(31)

Segundo Maria Vitória de Mesquita Benevides: No Brasil, a abrangência da expressão minoria não aflora com tanta clareza. Inicialmente as minorias em nosso país não podem ser associadas ao elemento numérico, pois “aqueles mais carentes de direitos humanos são justamente os que formam a maioria numérica do país”. No mesmo artigo Luciano Mariz Maia (2001, p. 306 e 307) identifica os índios como integrantes das minorias e também inclui os ciganos brasileiros. Quando aos negros o autor tem outra visão: “ Os negros, sendo em torno de quarenta e cinco por cento da população, entendem que deve ser encontrada outra forma de garantir os direitos dos afro-descendentes sem, no entanto, considerá-los minoria”.

Airton José Cecchin (2006, p. 329) trás um conceito especificando as classes sociais em maior numero, mas consideradas discriminadas quando menciona que:

Assim, pode-se afirmar que o negro e o pardo, numericamente superiores em nosso país, são considerados minorias, devido a concepção jurídica que deve ser dada à palavra. Já os povos indígenas, com reduzido, possuem além da minoria numérica, a jurídica. A mulher brasileira não pode ser considerada minoria numérica, mas as estatísticas demonstram que recebem tratamento jurídico diferenciado, incluindo-as nas minorias jurídicas. Portanto falar em minorias sociais implica adotar a concepção jurídica, podendo ser conferidos aos demais cidadãos.

No texto referido o autor contemplou três classes de pessoas consideradas minorias, por serem considerados os mais populares, ou seja, as que mais se discute no âmbito nacional.

Quando se fala em minorias não se podem destacar alguns grupos determinados, por isso na visão de Joaquim B. Barbosa Gomes (2009, p. 309), são minorias os que demandam proteção especial: “os negros, os pobres, os marginalizados pela raça, pelo sexo, pela opção religiosa, por condições econômicas inferiores, por deficiências físicas ou psíquicas por idade, etc”.

O autor Jessé Souza (2007, p. 311) reconhece a necessidade de incluir o reconhecimento das classes sociais em todos as esferas, quando diz:

É preciso compreender o sentido político inserido nas lutas de reconhecimento dos direitos das minorias. Isso significa que as lutas por reconhecimento dos negros, mulheres, gays, etc., não podem ser relegadas

(32)

32

apenas à esfera da cultura. É preciso que haja possibilidades políticas de tratamento dessas demandas e abertura para critica às instituições políticas e mecanismos econômicos que produzem a iniqüidade racial ou de gênero.

José Gesta Leal: (2007, p. 311), defende uma intervenção do Estado para as minorias terem seus direitos quando menciona

Analisando a realidade do Brasil, verifica-se que o Estado deve intervir para regular os problemas sociais, garantindo aos cidadãos os direitos conferidos pela ordem jurídica vigente, sob pena de gerar total ineficácia desses direitos. Pode-se afirmar que se configuram necessárias políticas públicas que tornem efetivas e concretas as previsões legais inseridas na Constituição Federal. As políticas públicas são instrumentos de atuação do Estado visando à melhoria das condições de vida do cidadão, devendo estar pautadas para minimizar as tensões sociais e promover a igualdade.

Os direitos das minorias necessitam de maior atenção por parte das autoridades devido à situação em se encontram. Muitas vezes as minorias pedem socorro conforme José Afonso da Silva (2002. p. 217): “Que busque realizar a igualização das condições desiguais”.

3.2 O Papel Do Ministério Público Na Defesa Das Minorias

A atuação do Ministério Público na defesa das minorias vem crescendo a cada dia, portanto segue alguns exemplos encontrados que trata dos povos indígenas enquadrados nas minorias.

Os exemplos listados abaixo no decorrer do texto foram retirados do site do Ministério Público Federal: http//ccr6.pgr.mpf.gov.br. A pesquisa realizada principalmente nas Ações Civis Públicas promovidas pela entidade em defesa das minorias.

Com relação especificamente a atuação judicial, a atuação do Ministério Público Federal em todas as regiões do País, é amplamente diversificada com relação a temática: No tocante, aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais dos povos indígenas por exemplo, há Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federal do Acre requerendo a devolução do material acessado pertencente

(33)

a comunidade Ashanika e o cancelamento das patentes obtidas por este irregular acesso. (Ação Civil Pública nº 2007.30.00.002117-3 Procuradoria da República do Estado do Acre).

Também uma Ação Civil Pública, proposta pelo Ministério Público Federal de Rondônia impugnando a coleta de sangue dos índios Karitana. (Ação Civil Pública Procuradoria da República do Estado de Rondônia, 25 de outubro de 2002).

Com relação aos direitos culturais, como exemplo existe Mandado de Segurança impetrado pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina, contra ato do secretário municipal de fazenda de Balneário Camburiú/SC, que impediu a comercialização de artesanato por indígenas nas calçadas e logradouros públicos. (Apelação contra Mandado de Segurança Impetrado pelo Dr. Alexandre Melz Nardes. Santa Catarina 10.01.2007).

Na área do combate ao preconceito e a discriminação, também encontramos atuação do Ministério Público, como se vislumbra em Ação Civil Pública proposta pela Procuradoria da República no Município de Linhares/ES, contra a empresa Aracruz Celulose, por discriminação e preconceito em informações prestadas por esta empresa na internet, a respeito das populações indígenas do município de Aracruz/ES. (Ação Civil Pública PRM Linhares-ES – De 20 de outubro de 2006)

Outro exemplo, da atuação do Ministério Público, é a Ação Civil Pública proposta na cidade de Passo Fundo/MG, contra a violação dos cemitérios para destruição de vestígios de ocupação indígena. (Ação Civil Pública Para Defesa de Patrimônio Histórico – Passo Fundo – MG, 31 de julho de 2006)

Existem outros exemplos relacionados às comunidades quilombolas, como no caso da Ilha de Marajó no estado do Para, onde uma área está em processo de conhecimento da comunidade quilombola Jumbuaçu. Moradores reclamaram junto ao Ministério Público Federal que um fazendeiro não está respeitando a demarcação e soltando búfalos nas roças destinadas ao quilombo.

(34)

34

O Ministério Público Federal entrou com uma ação contra o fazendeiro pedindo indenização de cinco mil reais para cada morador da localidade.

Ministério Público Federal da Bahia denunciou uma mulher por crime de preconceito de raça ou etnia contra indígena, supostamente cometido na época em que era síndica em condomínio em Salvador. Segundo a vítima que se declara Guarani M‟bya, as ofensas começaram quando ela passou a usar trajes típicos um ano após mudar-se para a nova morada. Conforme a sua tradição indígena, quando um índio se muda de um local para outro ele só usa vestimentas típicas depois de uma ano, pois este período é considerado de adaptação, como estratégia de sobrevivência.

Na ação penal, o Ministério Público Federal pede a condenação da acusada nas penas previstas na Lei de Crime Racial (7.716/89) por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Ao analisar os exemplos de atuação do Ministério Público nota-se que em sua grande maioria está relacionado as populações indígenas. Mas ocorrem outros casos abrangendo as minorias como o exemplo de uma caso que aconteceu no município de Feira de Santana na Bahia. Um senhor de descendência cigana procurou atendimento médico no município, pois se encontrava em estado grave referente a uma doença chamada Neoplasia Maligna e necessitava de tratamento em caráter de urgência. Teve seu pedido negado com a alegação de não residir no município. (Ação Civil Pública com Pedido de Tutela Antecipada, de 12 de dezembro de 2007- Dr. Vladimir Aras, Município de Feira de Santana – BA).

O ministério Público entrou com uma ação civil pública com pedido de tutela antecipada demonstrando o seu papel na defesa das minorias.

Os exemplos mencionados demonstram uma atuação do Ministério Público em defesa das minorias, mas apenas alguns segmentos da sociedade estão sendo beneficiados com tais ações. Isso fica explicito nos exemplos mencionados no texto.

(35)

3.3 Ações Institucionais O Ministério Público Em Prol Da Defesa Das Minorias

Tais características trazem ao Ministério Público especial relevância no rol das instituições que estruturam o Estado Democrático de Direito, colocando-o como base de sustentação de um de seus fundamentos, qual seja, a cidadania (art. 1º, II, da Constituição Federal de 1988).

Ao lhe atribuir a missão institucional correspondente à defesa dos interesses sociais indisponíveis, o legislador constituinte, representando a soberania da vontade popular, depositou no Ministério Público a confiança de que se caracterizaria como o guardião dos direitos sociais.

O Ministério Público, desta forma, deve marcar sua atuação na busca da implementação dos direitos consagrados no art. 6º da Carta Magna. Para tanto, seus representantes, em um primeiro momento, deverão atuar como fonte de mobilização dos diversos atores sociais e de fomento das políticas públicas.

Segundo Denise Tarin (2009, p.59):

A mobilização da sociedade civil é um processo que deve ser construído pelos Promotores de Justiça e constitui uma das alternativas de efetivação da norma, uma vez que devemos considerar a conexão direito/poder como mecanismo de aprimoramento das relações sociais.

O autor se refere ao papel do Ministério Público em fazer valer os direitos elencados na Constituição Federal. Sendo a entidade um dos incentivadores para que a sociedade como um todo seja mobilizada para a realização de políticas públicas em beneficio das minorias.

Em sentido amplo, o Ministério Público deve orientar sua atuação para o equacionamento de três demandas básicas: a inclusão social, a ética nas relações públicas e a melhoria da qualidade de vida. O tema da inclusão social, marcado pela necessidade de que seja garantida a dignidade humana, não pode ser tratado fora da preocupação com a melhoria da qualidade de vida. Desta forma, muito mais do que moradia, educação, saúde e lazer, o que se deve buscar é moradia em

(36)

36

condições urbanas adequadas, com equipamentos de educação, saúde e lazer eficientes, integrados a um mesmo projeto urbanístico. Em síntese, temos que as questões pertinentes à inclusão social de determinados segmentos da sociedade não podem estar desatreladas a temas relacionados à qualidade de vida, estes tomados em sua perspectiva global. (VIDAL SERRANO NUNES JÚNIOR, 2004, p. 24).

A luta das minorias para ter seus direitos reconhecidos começa pela inclusão social, conforme Nunes Junior se referiu em seu texto, pois somente depois de incluso na sociedade poderá buscar novas perspectivas de vida. Para isso somente o Ministério Público não consegue inserir de modo adequado essas minorias, pois depende da ajuda de todos em contexto social.

No âmbito do movimento social, podemos identificar três importantes personagens que devem atuar, de forma interdependente, no tempo e no espaço, quais sejam: a) o “produtor social”, que é a pessoa (ou instituição) capaz de criar condições econômicas, técnicas e profissionais para que um processo de mobilização ocorra, sendo a responsável por viabilizar o movimento, por conduzir as negociações que vão lhe dar legitimidade política e social; b) o “reeditor social”, ou seja, a pessoa que, por seu papel social, ocupação ou trabalho, tem a capacidade de readequar mensagens, segundo circunstâncias e propósitos, com credibilidade e legitimidade, possuindo capacidade de negar, transformar, introduzir e criar sentido frente a seu público, contribuindo para modificar suas formas de pensar, sentir e atuar; c) “editor”, sendo este a pessoa (ou instituição) profissional de comunicação responsável por fazer chegar ao reeditor as mensagens voltadas para a mobilização e participação social. (TARIN, 2009, p. 60).

Os representantes do Ministério Público podem ser “produtores sociais”. Entretanto, para que isto se verifique, alguns obstáculos devem ser transpostos, sobretudo se considerarmos que a formação dos promotores e procuradores não os qualifica para este papel, devendo existir um compromisso institucional no sentido de ser adotada mais esta alternativa de atuação. (TARIN, 2009, p. 60).

(37)

Segundo a definição do autor no texto acima o processo deve começar com o próprio Estado com a possibilidade de disponibilizar políticas que visam adequar a forma de vida da sociedade. Todas as entidades terão que se engajar na luta de inclusão das minorias, pois o Ministério Público pertence a estas entidades, mas como parte delas e não como um todo.

O Ministério Público pode atuar como incentivador das entidades e organizações que atuam no chamado “Terceiro Setor”, auxiliando na criação e influenciando positivamente na atuação de associações civis, entre as quais aquelas votadas para a defesa dos direitos sociais. É evidente que este processo não surgirá de decisões de cunho burocrático ou de processos judiciais a serem instaurados. O que deve acontecer é uma interação do Ministério Público e de seus agentes no meio social. (NUNES JÚNIOR, 2004, p. 28-29) Deixando claro este entendimento:

Como, por exemplo, falar-se do Ministério Público protegendo direitos humanos, direito à saúde ou direito do consumidor fora do contexto em que a sociedade se organiza para esses fins? Como se falar em proteção da infância sem uma relação estreita com os Conselhos Tutelares e, por via de conseqüência, sem conhecimento dos problemas que afligem a infância e a juventude nas diversas regiões da cidade? Na verdade, o que parece é que o ponto básico de uma reordenação institucional seria exatamente uma inserção mais significativa do Ministério Público no meio social. A partir dessa inserção certamente a redefinição de prioridades e, por via de conseqüência, a reorganização da instituição afluiriam quase que automáticas, ensejando o engajamento do Ministério Público na sua função de vanguarda das instituições públicas e o seu engajamento nas demandas sociais mais importantes. (NUNES JÚNIOR, 2004, p. 28-29).

É necessário uma integração total da sociedade e dos órgãos responsáveis por cada setor, conforme exemplos citado pelo autor Nunes Junior cada segmento da sociedade terá que proporcionar uma parceria com o Ministério Público com o intuito de agregar tarefas.

(38)

38

Na condição de “produtores sociais”, os representantes do Ministério Público podem atuar de duas maneiras fundamentais. A primeira delas se verifica na busca de tornar transparente o direito que é opaco. Tal maneira de atuação verifica-se por intermédio da tentativa de educar, sensibilizar e conscientizar o cidadão a respeito de seus direitos civis, políticos e sociais. Para tanto, podem ser utilizados diversos instrumentos como, por exemplo, os meios de comunicação de massa, cartilhas, vídeos, peças de teatro e palestras. Uma outra forma de atuação diz respeito à busca de uma mobilização social voltada para a formulação das políticas públicas e a implementação dos correspondentes direitos.

O Ministério Público pode desempenhar o papel através de políticas que visam à conscientização da sociedade e das classes consideradas minoritárias. Uma das maneiras mencionadas seria a utilização da mídia para buscar o0 complemento da sociedade na luta contra a discriminação.

No processo de mobilização social, o Ministério Público, por intermédio de seus representantes, deve estabelecer alianças com a sociedade civil e, desta maneira, identificar os problemas a serem enfrentados por meio da formulação de políticas públicas. A fim de ser alcançado tal objetivo, cinco etapas devem ser cumpridas:

1 - decidir que existe um problema; 2 - decidir que se deve tentar resolver o problema; 3 - decidir a melhor estratégia para enfrentar o problema; 4 - atuar na solução do problema; 5 - institucionalizar a solução do problema mediante a formulação de políticas públicas. (TARIN, 2009, p.

67)

Dentro dessa perspectiva, mostra-se necessário que a participação popular seja a mais democrática possível, conclamando-se todas as esferas de representação comunitária por intermédio dos meios de comunicação e, se possível, os representantes do Ministério Público devem se dirigir ao ambiente familiar e social das pessoas para sensibilizá-las a respeito da importância da participação de todos no processo de formulação das políticas públicas, sob pena da participação ser inexpressiva e destituída de valor de transformação. (TARIN, 2009, p. 68).

Identificar os problemas é a principal meta a ser atingida, bem como discutir as soluções de maneira organizada, ou seja, fazer um planejamento de como atuar para resolver os problemas. Os representantes do Ministério Público possuem a

(39)

legitimidade e a capacidade para realizar este planejamento de como combater a discriminação social.

O movimento tendente à mobilização da comunidade deve assentar-se em um plano de comunicação social, possibilitando o intercâmbio de informações, sendo que tal movimento passa a atingir seus resultados a partir do momento em que ganha espaço na mídia, influenciando na formação da opinião pública. Com isso, o Poder Executivo local, pressionado pelos cidadãos e instituições integrantes do movimento, abandona sua inércia e passa a atuar para atender ao propósito da reação popular, operando as modificações reclamadas pela cidadania. O grau de participação e a solidez destes movimentos fazem com que os meros eleitores ascendam ao patamar de efetivos cidadãos.

O empoderamento dos direitos pelos cidadãos no processo de mobilização social com fins à formulação de políticas públicas os legitima a influir nas decisões políticas, concretizando o ideal da democracia participativa. (TARIN, 2009, p. 68).

Um dos objetivos de unir a sociedade como um todo junto com o Ministério Público na luta de incluir socialmente as minorias seria pressionar o poder público, ou seja, cobrar do Estado a sua parte. Quando a sociedade usa dos meios necessários e legais para cobrar dos governantes alternativas para solução dos problemas se torna uma arma muito poderosa.

Neste ponto, devemos destacar que, mesmo diante de uma profunda mobilização social na busca da concretização dos direitos fundamentais por intermédio das políticas públicas, os Poderes Públicos podem permanecer inertes.

Tal quadro, caso se verifique, pode ensejar a intervenção do Ministério Público em outra esfera, qual seja, a judicial.

O Ministério Público vem se mostrando um agente fundamental na implementação de políticas públicas, especialmente atuando como legitimado ativo em processos individuais e coletivos. Em pouco espaço de tempo, em virtude de intenso esforço institucional.

Referências

Documentos relacionados

Pontuou que o Município de Cristalina depende totalmente da estrutura de outras cidades e do Estado de Goiás em casos graves, ocasião em que encaminha pacientes para municípios

A Probe Estéril para Neurosign Magstim compatível com o neuroestimulador Neurosign (não objeto deste cadastro – deve ser adquirido separadamente) são estimuladores

Constatando-se, junto ao SICAF, a situação de irregularidade da contratada, será providenciada sua notificação, por escrito, para que, no prazo de 5 (cinco) dias

reserpine injections (0.25 mg/kg for three consecutive days) produced a reduction in paw withdrawal latency (s) in the hot plate test of mice compared to the control

Todo atleta ou integrante da Comissão Técnica e ou torcida de equipes disputantes do Campeonato que for devidamente identificado por integrante da equipe de Arbitragem

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, por intermédio da 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, com atuação na Promoção e Defesa dos Direitos

Quadro 1 - Critérios diagnósticos para Demência da Doença de Alzheimer provável adaptados de McKhann e colaboradores 2011 continuação A - Diagnóstico de Demência, definido

a) Para o Utilizador: Com as pernas dobradas em ângulo recto, desde a parte traseira do joelho até à planta do pé. b) Na cadeira de rodas: Desde a parte dianteira do assento até