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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Rubiele Müller de Vargas

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS 2018

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Rubiele Müller de Vargas

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Med. Vet. Denize da Rosa Fraga Supervisora: Med. Vet. Anelise Döwich Decian

Ijuí, RS 2018

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Aprovada em 22 de novembro de 2018:

______________________________________ Denize da Rosa Fraga, Dr.ª (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ Luciane Ribeiro Viana Martins, MSc. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2018

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DEDICATÓRIA

Dedico essa conquista aos meus pais, Arlete e Rubens, sem eles nada disso seria possível. Obrigada por tanto. Amo vocês.

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A concretização de um sonho só se torna realidade a partir da determinação e esforço do sonhador, mas nada construímos sozinhos, ao longo desta jornada contei com muitas pessoas, as quais de uma forma ou de outra, fizeram parte desta realização, meu agradecimento em especial:

- a Deus por me contemplar com saúde e força para trilhar este caminho, sem as suas bênçãos nada seria possível;

- aos meus pais Arlete Müller e Rubens Vargas, minhas irmãs Vanessa Müller Vargas e Aniélly Müller Vargas por nunca medirem esforços para me auxiliar, pelo carinho, afeto, amor e respeito em nossa família, são meus alicerces;

- aos meus avós Hedi Müller, Selvino Müller, Jurema Figueiredo e Adolfo Vargas por serem meus grandes apoiadores e sonharem com a minha realização nesta profissão, pelo carinho, atenção e apoio incondicional;

- aos meus tios e tias Rosangela Rodrigues e Claudiomiro Rodrigues, Rosana Valandro e Mauricio Valandro, Angela Vargas e Aldair dos Santos, que foram essenciais ao longo desta jornada, pelo incentivo, acolhimento e ajuda;

- aos meus familiares que sempre estiveram presentes e me incentivando;

- aos amigas (os) Maiara Araújo, Roni Silva, Flávia Soares e Alex Martins que mesmo distante em Km, sempre estão muito presente, obrigada por me incentivarem;

- as (os) companheiras (os) de jornada acadêmica que se tornaram amigas para a vida Julia Marques, Jaqueline de Carli, Andressa Binsfeld e Gabriel Rick por todo companheirismo durante estes cinco anos;

- aos colegas e amigos que estiveram comigo durante a jornada acadêmica;

- a minha orientadora professora Dr. Médica Veterinária Denize Fraga, por estar disposta a auxiliar neste momento importante da jornada acadêmica, és uma grande mestre, além de um ser humano incrível que demonstrou ao longo desta jornada uma incentivadora, batalhadora e a força de uma mulher determinada, corajosa e humilde, grata por poder dividir contigo este momento.

- aos meus professores ao longo destes cinco anos, obrigada pelos ensinamentos compartilhados, pelo incentivo e paciência, cada um marcou de forma significativa esta etapa;

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- a Cotripal Agropecuária Cooperativa, por ter proporcionado esta oportunidade, a toda equipe do setor de assistência veterinária que me receberam de forma prestativa, grata pela acolhida ao longo do meu estágio;

- a médica veterinária, Anelise Döwich Decian, minha supervisora de estágio, pela oportunidade, pelo incentivo, ensinamento e oportunidade de compartilhar de sua vida profissional durante este período;

- aos médicos veterinários, Cassieli Velaski, Diego Tolotti, Gustavo Schafer, Luciano de Oliveira, Rodrigo Coppetti e Vilson Land, co-supervisores de estágio, excelentes profissionais, pelo incentivo, paciência, apoio e conhecimentos compartilhados durante meu estágio;

- a todas as pessoas que passaram em minha vida durante estes cinco anos de jornada acadêmica, os quais me incentivaram, cativaram e auxiliaram durante este período, sintam -se lembrados e fica aqui registrada minha gratidão;

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“Deus é único e incomparável: por isso esperarei pelo tempo dele. Tudo de que preciso vem dele; Ele é rocha sólida abaixo dos meus pés,

um espaço para a minha alma respirar, Um castelo invencível: não há como eu ser derrotado.”

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RESUMO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTORA: RUBIELE MÜLLER DE VARGAS ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, com ênfase em Bovinocultura Leiteira. Este foi realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada na cidade de Panambi, Rio Grande do Sul, Brasil, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018, totalizando 150 horas de atividades realizadas. A supervisão interna de estágio ficou a cargo da Médica Veterinária, Anelise Döwich Decian, e a orientação pela professora Doutora Médica Veterinária, Denize da Rosa Fraga. O estágio desenvolvido teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico obtido ao longo da graduação, acompanhando médicos veterinários qualificados no campo para assim adquirir novos conhecimentos através de uma troca de experiência profissional. As atividades desenvolvidas serão expressas em forma de tabelas, sendo especificadas as atividades acompanhadas em atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, atividades nas áreas de reprodução e medicina veterinária preventiva. Serão relatados dois casos acompanhados durante o período de estágio, um cirúrgico e outro clínico, o primeiro de um deslocamento de abomaso à esquerda em uma fêmea bovina da raça holandesa e o segundo uma ocorrência de mastite clínica em uma vaca da raça holandesa. A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi de grande valia, visto que permitiu unir o conhecimento teórico com a prática, vivenciar a realidade enfrentada pelo médico veterinário que atua no campo, acompanhar a rotina da assistência veterinária de uma cooperativa importante para o agronegócio, trabalhar em equipe e agregar novos conhecimentos para minha vida profissional.

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Tabela 1- Resumo das Atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 13

Tabela 2- Atividades de Medicina Veterinária Preventiva realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 13

Tabela 3- Atividades Reprodutivas realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 13

Tabela 4- Situação Reprodutiva das fêmeas bovinas realizadas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 14

Tabela 5- Diagnósticos Reprodutivos das fêmeas bovinas realizadas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 14

Tabela 6- Procedimentos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 14

Tabela 7- Atendimentos Clínicos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 15

Tabela 8- Procedimentos Cirúrgicos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018. ... 15

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 13

3 RELATO DE CASO ... 16

3.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA: RELATO DE CASO ... 16

3.1.1 Introdução... 16 3.1.2 Metodologia e Resultados ... 18 3.1.3 Discussão ... 20 3.1.4 Conclusão ... 24 3.1.5 Referências Bibliográficas ... 24 4 RELATO DE CASO ... 27

4.1 MASTITE CLÍNICA EM FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA: RELATO DE CASO ... 27 4.1.1 Introdução... 27 4.1.2 Metodologia e Resultados ... 29 4.1.3 Discussão ... 30 4.1.4 Conclusão ... 34 4.1.5 Referências Bibliográficas ... 34 5 CONCLUSÃO... 37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 38

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária apresenta-se como uma sistematização teórica e prática de todo aprendizado adquirido durante a graduação, sendo de suma importância na formação acadêmica, pois possibilita a oportunidade de vivenciar e exercer a profissão.

A realização deste ocorreu na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, Rio Grande do Sul, Brasil. Atuando na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, com ênfase na Bovinocultura Leiteira, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018, totalizando 150 horas de atividades realizadas. A supervisão interna de estágio ficou a cargo da Médica Veterinária, Anelise Döwich Decian, e sobre orientação da professora, Doutora Médica Veterinária, Denize da Rosa Fraga.

Fundada em 21 de setembro de 1957, a Cotripal Agropecuária Cooperativa iniciou pelas mãos de 29 agricultores, no município de Panambi - RS. Após 60 anos desde sua fundação, está possui atualmente 4.007 produtores associados e 2.160 colaboradores. A cooperativa possui unidades de negócios nos municípios de Ajuricaba, Augusto Pestana, Bozano, Condor, Ijuí, Nova Ramada, Panambi, Pejuçara e Santa Bárbara do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, abrangendo uma área agricultável de 85 mil hectares.

A Cotripal Agropecuária Cooperativa tem como missão, realizar o ideal de união, trabalho e desenvolvimento mútuo, preconizado pelos fundadores. Seus principais objetivos são receber e comercializar a produção agropecuária, assistir o associado visando o seu aprimoramento tecnológico, fornecer insumos, bens e serviços de qualidade, planejar e apoiar ações que visem o equilíbrio ambiental, e difundir o ideal cooperativista. Tem como visão ser referência de cooperativa de produção, sendo a união, a confiabilidade e a ética seus principais valores.

A cooperativa presta assistência veterinária para produtores rurais, nos municípios de Ajuricaba, Bozano, Condor, Palmeira das Missões, Panambi, Pejuçara e Santa Bárbara do Sul, auxiliando na área de fomento, clínica e cirurgia, além de testes de doenças infectocontagiosas. O departamento técnico possui seis médicos veterinários e três técnicos em agropecuária. A região assistida pelo departamento técnico da cooperativa apresenta-se em expansão na área da bovinocultura leiteira e uma grande área de terra nestes municípios também é destinada a bovinocultura de corte, onde o associado pode comercializar seus

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12 animais junto ao frigorífico da própria cooperativa, o qual está localizado as margens da BR 158, km 142, no município de Condor, Rio Grande do Sul, Brasil.

Durante o período do estágio foram acompanhados atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, atividades nas áreas de reprodução e medicina preventiva. Para a escolha do local de estágio levou-se em consideração as atividades desenvolvidas pela cooperativa, ou seja, os trabalhos direcionados a atividade de bovinocultura leiteira, além da oportunidade de acompanhar a rotina e a equipe de trabalho de uma cooperativa importante para o agronegócio, séria e organizada.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido ao longo da graduação, vivenciando a realidade enfrentada pelo médico veterinário no campo, acompanhando a sua rotina e condutas tomadas frente a diferentes casos, na área de fomento, clínica e cirurgia de grandes animais, com ênfase na bovinocultura leiteira, e também objetivou acompanhar o funcionamento de uma cooperativa junto aos seus associados, agregando novos conhecimentos importantes e necessários para o exercício da profissão.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais serão apresentadas a seguir resumidamente na Tabela 1 e especificados nas Tabelas 2 a 8.

Tabela 1- Resumo das Atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Resumo das Atividades %

Atividades de Medicina Veterinária Preventiva 1044 73%

Atividades Reprodutivas 177 12%

Procedimentos 158 11%

Atendimentos Clínicos 42 3%

Procedimentos Cirúrgicos 14 1%

Total 1435 100%

Tabela 2- Atividades de Medicina Veterinária Preventiva realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Atividade de Medicina Preventiva %

Coleta de sangue para teste de brucelose 564 52%

Aplicação de tuberculina para teste de tuberculose 480 44%

Vacinação para brucelose 43 3,9%

Tratamento para endoparasitas 2 0,1%

Total 1089 100%

Tabela 3- Atividades Reprodutivas realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Atividades Reprodutivas %

Ultrassonografia via transrretal 170 96,05%

Palpação vaginal 4 2,26%

Palpação retal 3 1,69%

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Tabela 4- Situação Reprodutiva das fêmeas bovinas realizadas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Situação Reprodutiva %

Vazia 108 61%

Prenhe 69 39%

Total 177 100%

Tabela 5- Diagnósticos Reprodutivos das fêmeas bovinas realizadas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Diagnósticos Reprodutivos % Sadias 79 73% Endometrite 15 14% Metrite 10 9% Retenção de placenta 2 2% Cisto ovariano 1 1% Sem diagnóstico 1 1% Total 108 100%

Tabela 6 – Procedimentos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018

Procedimentos %

Protocolos de inseminação artificial em tempo fixo 60 38%

Marcação 43 27% Brincagem 43 27% Castração 7 4% Transfusão sanguínea 4 3% Casqueamento corretivo 1 1% Total 158 100%

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Tabela 7 – Atendimentos Clínicos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Atendimentos Clínicos %

Suspeita de Tristeza Parasitária Bovina 14 33%

Suspeita Hipocalcemia 7 17%

Mastite clínica 6 14%

Parto distócico com auxílio de correntes 4 10%

Deslocamento de abomaso à esquerda 4 10%

Retenção de placenta 2 5%

Sobrecarga de rúmen 2 5%

Desnutrição 1 2%

Redução de prolapso uterino 1 2%

Retirada de feto enfisematoso 1 2%

Total 42 100%

Tabela 8– Procedimentos Cirúrgicos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 30 de agosto de 2018.

Procedimentos Cirúrgicos %

Amochamento Térmico 5 36%

Abomasopexia 4 29%

Orquiectomia 3 21%

Cesariana 1 7%

Correção de prolapso uterino pela

Técnica de Bühner modificada 1 7%

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16 3 RELATO DE CASO

3.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA: RELATO DE CASO

3.1.1 Introdução

A intensificação na criação dos rebanhos leiteiros e o consequente aprimoramento da seleção genética para animais com maior capacidade digestiva e angulosidade corporal resultam em animais de porte superior e aumento das dimensões corporais, o que tem tornado os rebanhos mais predispostos à ocorrência de patologias que afetam as funções metabólicas e digestivas. O deslocamento físico e o aprisionamento do abomaso para o lado esquerdo ou direito do rúmen constituem uma doença comum do gado leiteiro (YOUNGQUIST e THRELFALL; 2007). Sendo um resultado direto da seleção genéticas para maiores dimensões corporais (SCHUTZ, 2007; HANSEN 2000), se tornando uma das causas mais importantes da realização de procedimentos cirúrgicos na bovinocultura de leite.

Bovinos com decréscimo da ingestão de alimentos por qualquer motivo são mais afetados pelo deslocamento de abomaso, já que um rúmen adequadamente repleto atua como barreira mecânica natural, prevenindo o deslocamento do órgão (SANTAROSA, 2010). Acredita-se que o aprisionamento abomasal seja causado por uma combinação de tamanho reduzido do rúmen como resultado de menor ingestão, deslocamento físico do rúmen pelo útero gravídico, atonia abomasal e acúmulo de gás (YOUNGQUIST e THRELFALL; 2007).

A prevalência desta doença varia de rebanho para rebanho dependendo da localização geográfica, práticas de manejo, clima, entre outros fatores (CARDOSO, 2004).

O deslocamento de abomaso é uma síndrome multifatorial onde a atonia abomasal é um pré-requisito absoluto para a sua ocorrência, o gás produzido pela fermentação microbiana distende o abomaso e provoca o deslocamento (CARDOSO, 2004). Os animais geralmente estão no início da lactação em uma dieta alta em concentrado, com pouco volumoso, o que pode ser a causa aumento da produção de gás no rúmen e sua acumulação no abomaso. Essa dieta também causa diminuição no estímulo da ruminação, diminuição na salivação e aumento da velocidade de trânsito da indigesta, todos resultando em decréscimo da motilidade abomasal e aumento da produção de gases (OGILVIE, 2000).

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O deslocamento do abomaso pode-se dar para a esquerda ou para a direita (DAE e DAD), com ou sem volvo. Quase 90% das ocorrências de deslocamento de abomaso ocorrem para o lado esquerdo e são diagnosticadas com um mês de parição, em sua maioria ocorrendo nas primeiras duas semanas pós-parto (YOUNGQUIST e THRELFALL, 2007). As raças com maior casuística são vacas da raça Jersey, Guernsey e Holandesa (HENDRICKSON, 2010).

Os animais acometidos pelo deslocamento de abomaso a esquerda comumente apresentam sinais clínicos de perda de apetite e a queda na produção de leite, pode ser perceptível á escassez de fezes e diminuição nas contrações ruminais, geralmente na inspeção visual do animal observa-se uma elevação nas duas últimas costelas do lado esquerdo, causada pela distensão do abomaso (GUARD, 2006; SANTOS et al., 2006).

Dirksen et al.(2008) e Terra (2006) conferem a relação de parâmetros fisiológicos para bovinos adultos uma variação de frequência cardíaca de 40 a 80 bpm, a frequência respiratória entre 12 a 36 mpm, a temperatura retal variando de 38,0 a 39,0°C, considerando para todos esses parâmetros o animal em estado de repouso. Geralmente nos casos de deslocamento de abomaso para a esquerda estes parâmetros não sofrem alteração ou apresentam-se levemente aumentados, a não ser que ocorra uma doença concomitante (OGILVE, 2000).

É um diagnóstico relativamente direto, sem muitos problemas, em animais que preenchem o quadro clínico e subjetivo (OGILVIE, 2000). O diagnóstico definitivo é obtido por meio da laparotomia exploratória. Em animais normais, o rúmen está em contato com a parede abdominal esquerda e a porção crânio-ventral do abdômen, enquanto em bovinos com DAE, o abomaso se encontra preso entre a parede abdominal esquerda e o rúmen (SANTAROSA, 2010).

Para o tratamento o método escolhido deverá realizar o retorno efetivo do abomaso à sua posição anatômica original, estabilizar o órgão em sua posição funcional, permitir o manejo de alguma patologia abdominal concomitante, minimizar o risco adicional ao paciente e, ser economicamente viável para o proprietário (SANTAROSA, 2010). Guard (2006) cita para a correção do deslocamento a utilização de métodos não-cirúrgicos e os métodos cirúrgicos, sendo que a realização do último têm sido mais eficientes e raramente ocorrem recidivas se comparados com os não-cirúrgicos.

Segundo Cardoso (2010), além dos custos de tratamento a doença inclui perda na produção de leite durante o período de convalescência, onde desde o parto até sessenta dias após o diagnóstico da doença as vacas acometidas por esta patologia produziram 557kg a menos que os animais sem deslocamento de abomaso. O teor e a forma da fibra alimentar, aliados às práticas de manejo alimentar, podem determinar o sucesso ou o insucesso da função

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18 ruminal durante o período de transição (YOUNGQUIST e THRELFALL, 2007). A incidência da ocorrência de deslocamento de abomaso a esquerda foi reduzida em rebanhos problemáticos pela manipulação de dieta que reduza a probabilidade de atonia dos pré-estômagos e do abomaso causada pelas rações ricas em concentrado. A introdução lenta de concentrados depois do parto, a introdução pré-parto de alimentos concentrados e ensilados e o aumento do tamanho das partículas das forragens, e a prevenção de doenças concomitantes também reduz a incidência do deslocamento de abomaso (GUARD, 2006).

O presente estudo tem como objetivo relatar um caso de deslocamento de abomaso à esquerda, em uma fêmea bovina da raça holandesa o qual foi acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária.

3.1.2 Metodologia e Resultados

No decorrer do período de realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, foi prestado atendimento clínico no interior do município de Condor, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, para uma fêmea bovina, da raça holandesa, de primeira cria, com aproximadamente 26 meses de idade, pesando 450 kg de peso vivo, apresentando escore de condição corporal (ECC) de 3,25 (sendo escala de 1 a 5, onde 1 se refere a animais magros e 5 a animais obesos).

Durante a anamnese o proprietário relatou a queda abruta da produção, pouca ingestão de alimento por parte do animal, além da ocorrência de metrite. A novilha estava parida há 10 dias, recebendo dieta baseada com alta quantidade de alimento concentrado e deficiente no aporte de volumosos.

Para realização do exame clínico geral o animal foi contido em um canzil, aferidos os parâmetros fisiológicos que estavam em 100 batimentos cardíacos por minuto, 20 movimentos respiratórios por minuto, a fêmea apresentava motilidade ruminal reduzida menos que 1 movimento ruminal por minuto, temperatura retal de 39,7°C, tempo de perfusão capilar de um segundo, fezes escassas e de consistência pastosa.

Ao exame físico foi realizada a percussão sonora de ambos os lados direito e esquerdo, na região da fossa paralombar e também entre o 11a e 13a espaço intercostal sendo possível auscultação de som de “ping” metálico e presença de conteúdo líquido e gás no abomaso na percussão do lado esquerdo somente, caracterizando a enfermidade.

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Após avaliação da anamnese e dos sinais clínicos apresentados pela fêmea, o Médico Veterinário diagnosticou a ocorrência do deslocamento de abomaso para a esquerda, o protocolo de tratamento adotado pelo profissional foi à correção cirúrgica, através da técnica de abomasopexia pelo flanco esquerdo.

Para dar início ao procedimento foi realizada a higienização do local utilizando cloreto de alquil dimetil benzil amônio (CB30®) diluído em água, na fossa paralombar esquerda, seguido de tricotomia ampla no local e lavagem com a mesma mistura. Realizou-se o mesmo procedimento na linha média ventral, cranial ao umbigo, para posterior fixação do abomaso. Realização de antissepsia no local a ser realizada a incisão, utilizando álcool e iodo (Iodo glicerinado®), no volume de 50 mL.

Após a assepsia do local se deu início ao procedimento, realizando anestesia local com uma associação de cloridrato de lidocaína (2,00 g) e adrenalina (2,00 mg) (Anestésico Bravet®), no volume de 100 mL; usando a técnica linear, anestesiando a linha de incisão em três camadas, pele, subcutâneo e muscular, posteriormente prévia higienização das mãos do cirurgião com água e detergente (CB30 ®) e colocação de luvas para o procedimento.

Com o auxílio de um bisturi foi realizado uma incisão para uma laparotomia exploratória no local, incisando a pele e subcutâneo, músculo oblíquo abdominal externo e interno, transverso do abdômen e peritônio, possibilitando a visualização do órgão (abomaso) deslocado. Utilizando uma agulha e um fio de náilon número 0,5, realizou-se uma sutura continua festonada na curvatura maior do abomaso, deixando duas extremidades de fio para realizar a fixação do mesmo no assoalho do abdômen.

O abomaso não apresentava quantidade de gás excessiva, devido a recente ocorrência do deslocamento, não necessitando de esvaziamento, o mesmo foi então reposicionado em seu local anatômico. Para a passagem dos fios de náilon na parede lateral ventral direita, foi utilizada uma agulha curva em S, direcionando o fio ao local desejado, protegendo a extremidade da agulha com a mão para evitar perfurações. Repetiu-se o procedimento com o outro fio, deslocando e reposicionando o abomaso no assoalho da cavidade abdominal. Com as duas extremidade dos fios do lado externo da cavidade foi passado um dos fios em um pedaço de canudo de plástico retirado de um equipo, tamanho compatível com o espaço deixado para o ponto cerca de 20 cm, após realizando um nó de cirurgião e mais quatro nós simples, fixando então o abomaso em seu local anatômico.

A sutura na fossa paralombar esquerda foi realizada em três camadas, a primeira com o peritônio e o músculo transverso do abdômen, músculo oblíquo abdominal externo e interno, realizada com fio absorvível categute cromado número 4, em sutura continua

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20 simples, reforçando a sutura com pontos simples em sultan, o subcutâneo aproximado com sutura em ponto zig-zag com fio absorvível categute simples número 3, a terceira e última camada foi à pele, com fio de náilon não absorvível número 0,5 em sutura continua festonada. Após o procedimento foi realizada a lavagem do local com ringer lactato e aplicado uma bisnaga de pasta a base de cefalexina e kanamicina (Ubrolexin®) e spray à base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina de prata (Aerocid total®).

No pós-operatório foi estipulado tratamento suporte com uso de 500 mL de glicose 50%, 200 mL de cálcio (Calfon ®, 3,32g de gluconato de cálcio), 500 mL de solução energética, hidratante e polivitamínica (Fortemil ®), 100 mL de ringer lactato e 100 mL de complexo vitamínico e antitóxico (Mercepton®) aplicados via intravenosa (IV).

Antibioticoterapia com aplicação de Benzilpenincilina procaína, dose de 11.111 UI/kg, Benzilpenicilina benzatina, dose de 11.111 UI/kg, Dihidroestreptomicina 10g em dose de 22,22 mg/kg (Shotapen LA®), no volume de 50 mL, duas doses em intervalo de 48 horas, via IM, antinflamatório e antipirético meloxicam (Maxicam Injetavél 2%®), dose de 0,75 mg/kg no volume de 17 mL, durante 3 dias, via IM, dipirona sódica (D-500®) dose única de 20 mL, 20mg/kg, via IV junto ao soro no pós-cirúrgico.

Além da terapêutica foi indicada a readaptação gradativa do animal a dieta concentrada, indicado o período de carência de referente aos medicamentos utilizados cerca de 5 dias após a última aplicação do antibiótico, e a retirada dos pontos após 10 a 14 dias do pós-operatório, com prognóstico favorável. Em contato com o produtor cerca de 20 dias após o procedimento cirúrgico foi informado que o animal se encontrava bem e com crescente aumento da sua produção de leite diária.

3.1.3 Discussão

Com a evolução do desenvolvimento das características morfológicas dos bovinos leiteiros, a intensificação dos sistemas de produção e a busca por rebanhos com alto potencial genético, tem acarretado em maiores cuidados na sanidade animal e nas complicações metabólicas ocasionadas.

A ocorrência do deslocamento de abomaso apesar de ainda não ser completamente entendida sabe-se, que geralmente ocorre imediatamente a seguir ao parto, o que sugere que a presença do útero grávido ou o mecanismo envolvido no parto predispõem a esta afecção (PATRÍCIO, 2012), o manejo nutricional que não estimula os movimentos adequados dos compartimentos, patologias que afetam o consumo e o funcionamento adequado do

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metabolismo animal entram nos possíveis fatores que desencadeiam a predisposição a afecção.

A paciente em questão se encontrava no período pós-parto, em um sistema de manejo nutricional com elevada carga de alimento concentrado e apresentava quadro clínico concomitante de metrite, o que se enquadra no conjunto de fatores predisponentes ao deslocamento de abomaso, já mencionados.

O diagnóstico do deslocamento de abomaso é usualmente baseado nos achados clínicos associado à auscultação/percussão do abdômen, na anamnese detalha e por fim pela realização da laparotomia exploratória. Na aferição dos parâmetros fisiológicos estes que permanecem normais na maioria dos casos, neste caso relatado o animal apresentavam 100 batimentos por minuto, 20 movimentos por minuto, motilidade ruminal reduzida, temperatura retal de 39,7°C, tempo de perfusão capilar de um segundo, fezes escassas e de consistência pastosa. As leves alterações do parâmetros deste animal podem estar relacionados a presença da metrite, a qual leva a ocorrência de alguns sinais sistêmicos como temperatura retal maior que 39,5°C, (MARQUES et al., 2011).

Em alguns relatos indica-se a ocorrência de uma arritmia cardíaca provocada pela alcalose metabólica, mas assim que a correção do deslocamento é realizada, a frequência cardíaca volta aos parâmetros normais (CARDOSO, 2007).

A área de percussão timpânica geralmente é circular e não está geralmente estendida além da última costela, sons de gorgolejo ou tintilar mais que o normal são ouvidos á ausculta da fossa paralombar esquerda (GUARD, 2006). Dirkesen (2008) descreve que nos pacientes com deslocamento de abomaso a esquerda se verifica maior protuberância da parede abdominal e arqueamento dorsal das costelas abdominais do lado esquerdo, estando mais proeminentes no caso de elevado acumulo de gás no órgão.

O principal objetivo do tratamento do deslocamento de abomaso à esquerda consiste em: devolver o abomaso à sua posição original ou aproximada; criar uma ligação permanente nesta posição; corrigir o balanço eletrolítico do animal e desidratação e providenciar tratamento apropriado para doenças associadas (PATRICIO, 2012).

Diferentes técnicas cirúrgicas como a omentopexia pelo flanco direito, abomasopexia paramediana ventral e a abomasopexia pelo flanco esquerdo, podem ser empregadas como correções cirúrgicas. Neste caso foi realizada a abomasopexia pelo flanco esquerdo, esta técnica tem vantagem de oferece uma fixação direta do abomaso até a parede corpórea ventral e a cirurgia é realizada com o animal posicionado em pé (TURNER e McILWRAITH; 2002).

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22 Todo o procedimento cirúrgico, já descrito na metodologia deste relato, se encontra de acordo com as técnicas cirúrgicas descritas por Patelli, 2017; Hendrickson, 2010, Turner e Mcilwraith, 2002; o qual consiste na prévia tricotomia e assepsia da região da fossa paralombar esquerda, a realização da anestesia local a qual pode ser realizada na linha de incisão ou em forma de L na região paralombar, incisão de 20 a 25 cm para o acesso a cavidade abdominal, distando caudalmente 2 a 4 cm da última costela, após localizado o abomaso ectópico, faz-se uma linha de 8 a 12 cm de sutura continua, neste caso foi utilizada a festonada, com a utilização de um fio não absorvível o náilon na curvatura maior do abomaso, a 5 a 7 cm da inserção do omento maior, onde os pontos passam através da submucosa, devendo-se estender 1 metro de fio de cada lado da linha de sutura, deve-se ter o cuidado de identificar as extremidades do fio em cranial e caudal, então cada extremidade do fio é introduzida em uma agulha cortante grande e reta ou curva em forma de S, passada ao longo da parede corporal interna, retilínea com a linha média, mas medial á veia abdominal subcutânea e a 15 cm caudal ao processo xifoide, estima-se uma distância de 8 a 12 cm do ponto cranial e do caudal, agarram-se as duas extremidades do fio e aplicando-se tração suave ao mesmo tempo em que o cirurgião empurra o abomaso para a posição normal, quando a área suturada estiver contra o assoalho do abdome, as duas extremidades do fio são unidas com um nó, para evitar à aderência do nó com o fio de náilon a pele, deve-se utilizar um capton produzido com botão ou com pedaço de equipo.

Por fim o local de incisão foi suturado em três camadas sendo está muscular interna e externa, junto com o peritônio, utilizada sutura continua simples com fio absorvível cromada (categute) e pontos de reforço em sultam, o subcutâneo suturado em zig-zag com a utilização de fio absorvível simples (categute) e por fim o fechamento de pele com uma sutura em festonada com fio não absorvível o náilon. Deve se ter atenção nas suturas pois tensão demasiada retardará a cicatrização do ferimento, provocando isquemia nas bordas do ferimento, se a pressão de tecido for muito pequena, a sutura atravessará os tecidos podendo ocorrer deiscência (TURNER e McILWRAITH; 2002).

Logo após o processo cirúrgico e a higienização foi feita a aplicação local na linha de sutura da incisão de uma bisnaga de antibiótico local e spray prata a base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina de prata (Aerocid total®), com propósito de auxiliar no processo de cicatrização e prevenir infecções no local da incisão e evitar possível ocorrência de miíases.

O manejo pós-cirúrgico inclui drogas anti-inflamatórias não-esteroidais e antibióticos, indicado principalmente em animais com doenças concomitantes (WILSON, 2008). Também

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a correção de distúrbios metabólicos subsequentes a deslocamentos do abomaso para a esquerda pode exigir a administração de eletrólitos, sais de cálcio e terapia hídrica (HENDRICKSON, 2010). Para tal foram utilizadas soluções de glicose 50%, solução polivitamínica, cálcio e ringer lactato para que fosse restaurado o metabolismo gastrointestinal, e para a prevenção da ocorrência de casos pós-cirúrgicos de hipocalcemia e cetose, os quais são comumente relatados após deslocamento de abomaso. Patelli (2017) relata em estudo recente que a probabilidade de um animal com deslocamento de abomaso ter hipocalcemia subclínica foi de nove entre dez animais.

A administração de substâncias analgésica, anti-inflamatórias e antipiréticas se justificam pelo quadro pós-cirúrgico em que a paciente se encontra, foi utilizado meloxicam o qual é considerado por Tasaka (2010) com excelente ação antipirética e analgésica, sendo usado para tratamento de afecções musculo esqueléticas bem como pré-cirurgicamente e com uma ação de aproximadamente 13 horas em bovinos. No caso específico da dipirona sódica (D-500®, Fort Dougle), é um analgésico, com ação antipirética e anti-inflamatória, indicado no tratamento das dores do sistema muscular, esquelético e visceral, influenciando outrossim o alívio das inflamações e dos estados febris, recomendado para todas as espécies animais no combate à dor após intervenções cirúrgicas.

O uso de antibioticoterapia tem como objetivo de tratamento da metrite pós-parto em que a fêmea se encontrava e também na prevenção de futuras afecções ocasionadas pela exploração cirúrgica realizada. O emprego de uma solução composta por penicilinas G (procaína e benzatina), associada à dihidroestreptomicina da classe dos aminoglicosideos. Segundo Spinosa (2010a), as penicilinas possuem características de permanecerem no organismo animal por tempo prolongado, são chamadas de penicilinas de longa duração, já quanto aos aminoglicosideos Spinosa (2010b) relata que tem ação relativamente curta, porém com atividades predominante sobre microrganismos negativos as penicilinas naturais cujo espectro de ação é longo e sobre bactérias gram-positivas, quando associados visam ampliar o espectro de ação.

Ao se comparar as doses utilizadas neste relato pode-se notar que as dosagens de manutenção dos tratamentos de antibioticoterapia e anti-inflamatória diferem das recomendadas em literatura e vide bulas já mencionadas no decorrer do relato. Sendo a recomendação para utilização da dihidroestreptomicina de 8-12mg/kg e o meloxicam de 0,5mg/kg. Os outros estão de acordo sendo as penicilinas G (benzatina e procaína) na recomendação de 10.000-40.000 UI/kg, dipirona sódica de 20mg/kg.

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24 Schepp (2014) reforça que 30% das perdas ocorrem antes do diagnóstico, e que são respectivas a produção leiteira, terapêutica medicamentosa, procedimento cirúrgico e também perdas de animais, sejam decorrentes desta patologia, ou secundária as mesmas, e também pelo fato de que estes animais ficam susceptíveis a outras enfermidades. Para fins de prevenir novas ocorrências do deslocamento de abomaso a esquerda no rebanho, indica-se ao produtor a revisão dos múltiplos fatores que envolvem a ocorrência da patologia. Com a correta intervenção nesses casos, permite ao animal a retomada das funções fisiológicas do metabolismo e plena produção.

3.1.4 Conclusão

Este relato objetivou a descrição de um caso cirúrgico de correção de deslocamento de abomaso em uma fêmea bovina da raça holandesa, a qual após o procedimento respondeu positivamente, restabelecendo a produção de leite e melhora do quando clínico concomitante.

3.1.5 Referências Bibliográficas

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4 RELATO DE CASO

4.1 MASTITE CLÍNICA EM FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA: RELATO DE CASO

4.1.1 Introdução

A mastite é uma doença que resulta da introdução e multiplicação de microrganismos (bactérias, fungos, vírus ou até mesmo algas) no úbere da fêmea bovina. Os agentes etiológicos penetram no úbere através do canal do teto (ducto lactífero), multiplicam-se ali progridem em direção aos seios lactíferos, ductos coletores e alvéolos. Os microrganismos invasores causam uma resposta inflamatória seguida de migração leucocitária para o úbere e edema. A resolução da infecção pode levar em alguns casos a ocorrência de fibrose, formação de abscessos ou atrofia ganglionar do teto acometido (OGILVIE, 2000).

Segundo Tyler e Cullor (2006) a ocorrência de mastites é comumente visualizada na rotina clínica das fazendas leiteiras. É uma das enfermidades mais comuns em vacas leiteiras adultas, sendo responsável por 38% de toda morbidade. Anualmente, três de cada dez vacas leiteiras apresentam inflamação da glândula mamária, a mesma pesquisa apresentou dados sugerindo que mais de 25% das perdas econômicas totais de bovinos leiteiros, associados a doenças, podem ser diretamente atribuídas a mastite. O curso clínico da doença varia de acordo com a capacidade da bactéria em colonizar e se desenvolver nas secreções da glândula mamária, sua virulência inerente e o tipo, magnitude e duração da resposta do hospedeiro a invasão pelos microrganismos.

A mastite difere de outras doenças do gado leiteiro pelo fato de que pode ser provocada por mais de 140 diferentes microrganismos. As infecções microbianas que envolvem bactérias dos tipos Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus uberis, microrganismos coliformes, Pseudomonas spp. Mycoplasma spp. geralmente são as mais ligadas a patologia (TYLER e CULLOR, 2006). Os casos variam de intensidade, podendo ser brandos, sem manifestações visíveis, chegando até aos mais graves, que podem levar a morte do animal (PHILPOT e NICKERSON, 2002).

Costa (1998) descreve que os agentes etiológicos da mastite foram convencionalmente agrupados quando a sua origem e modo de transmissão sendo eles microrganismos contagiosos aqueles que são dependentes do corpo do animal com ou sem mastite,

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28 transmitidos geralmente durante os processos de ordenha, são eles Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, Staphylococcus ssp., Staphylococcus. aureus e Corynebacterium bovis. Outro grupo é chamado de microrganismos ambientais, os quais estão presentes no meio como na cama, água, fezes e até mesmo no ar, geralmente dependem das condições de higiene para sua maior ou menor multiplicação, são eles Streptococcus uberis, Streptococcus pyogenes, Enterobacterias (Escherichia coli, Klebsiella sp., Serratia sp., etc.), Actinomyces pyogenes, Pseudomonas sp. e outros microrganismos ubiquitários tais como fungos, principalmente leveduras e algas aclorofiladas, do gênero Prototheca sp.

O diagnóstico das doenças da glândula mamária das vacas não é apenas uma exigência básica para a higiene do leite, mas também é decisivo para o sucesso do tratamento e para evitar perda permanente na produção (GRUNERT, 2008). As mastites podem ser classificadas segundo Ogilvie (2000) em mastite clínica e subclínica, de caráter crônico, subaguda, aguda e superaguda. A forma clínica da mastite é facilmente reconhecida por meio do teste da caneca, pois o leite ou o quarto mamário apresenta alterações visuais, como a presença e grumos, coágulos e leite aquoso. Já a mastite subclínica somente pode ser detectada mediante testes auxiliares, como o Califórnia Mastite Teste (CMT) e a Contagem de Células Somáticas (CCS) (SANTOS, 2012).

Os bovinos com evidência de sinais clínicos sistêmicos agudos devem ser submetidos a esquemas terapêuticos mais intensos. Os sinais clínicos sugestivos da doença sistêmica aguda incluem anorexia, temperatura retal acima de 39,7°C, desidratação e decúbito. O tratamento nestes casos consiste na administração de fluidoterapia, anti-inflamatórios, antibióticos sistêmicos e antimicrobianos intramamários (TYLER e CULLOR, 2006).

Utilização de métodos de prevenção é a forma correta de minimizar os efeitos das afecções pela mastite no rebanho, deve-se dar ênfase ao controle e não a erradicação da mastite, por esse motivo, o controle da mastite será sempre um trabalho contínuo dentro da fazenda (PHILPOT e NICKERSON, 2002). A dieta adequada fornecida a vaca é crítica para que se mantenha a função imune ótima e assim para propiciar resistência a ocorrência de doenças (TYLER e CULLOR, 2006).

As indústrias dependem da qualidade do leite recebido para obterem produtos com características físicas, químicas e sensoriais desejadas. A presença de mastite proporciona o aumento das qualidades indesejáveis do leite, tais como enzimas proteolíticas, sais e rancidez e ao mesmo tempo diminui as qualidades desejáveis, como proteínas, gordura e lactose, assim como a aptidão do produto para produção de derivados lácteos (PHILPOT; NICKERSON; 2002). Além das perdas geradas pela queda de qualidade no produto, devem ser lavadas em

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consideração as perdas com atendimentos e medicamentos, onde um caso clínico de mastite, independentemente da gravidade acarretam em perdas por descarte de leite.

É necessário considerar as perdas econômicas geradas pelos casos de mastite sejam elas a de ocorrência subclínica ou clínica, Guimarães (2013) em um estudo de casos, refere-se a perdas significativas de cerca de R$ 4.000 para o produtor, considerando uma média de 25 casos clínicos/100vacas/ano, levando em consideração o ano do estudo pode-se dizer que nos valores atuais o valor poderia até dobrar, o que acarretaria em perdas ainda mais significativas aos produtores.

Desta forma, diante da importância que a mastite tem dentro da unidade de produção este trabalho tem por relatar um caso de mastite clínica, em uma fêmea bovina da raça holandesa o qual foi acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária.

4.1.2 Metodologia e Resultados

No decorrer do período de realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, foi prestado atendimento clínico no interior do município de Panambi, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, para uma fêmea bovina da raça holandesa, de aproximadamente 4 anos de idade, pesando 500 kg de peso vivo, com escore de condição corporal (ECC) de 3 (sendo a escala de 1 a 5, onde 1 se refere a animais magros e 5 a animais obesos).

Durante a anamnese o proprietário relatou que a fêmea apresentou queda abruta da produção, estava apática e diminui a ingestão de alimento, além de apresentar sinais de endurecimento de quarto mamário. Para realização do exame clínico geral o animal foi contido em um canzil, aferidos os parâmetros fisiológicos em 98 batimentos cardíacos por minuto, 20 movimentos respiratórios por minuto, motilidade ruminal sem alterações, temperatura retal de 40,5°C, tempo de perfusão capilar de um segundo.

Ao exame físico foi realizada a percussão sonora de ambos os lados direito e esquerdo, sendo possível auscultação de sons fisiológicos, no exame da glândula mamária por palpação foi notado edemaciado e endurecido do quarto mamário posterior direito, na extração de jatos de leite foi possível a visualização de leite com aspecto aquoso e a presença de grumos.

Com base na avaliação da anamnese e dos sinais clínicos característicos da enfermidade apresentados pela fêmea, o Médico Veterinário diagnosticou a ocorrência de mastite clínica aguda de provável origem ambiental.

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30 O protocolo de tratamento estipulado para o animal foi de aplicação intravenosa (IV) de 1 litro de solução hidratante hidroeletrolítica (Ringer Lactato®), 500 mL de solução energética, hidratante e polivitamínica (Fortemil ®), 100 mL de ( Pradotectum Antitóxico®) e 30 mL de dipirona sódica (D-500®) dose de 30mg/kg, via intramuscular, ainda foram aplicados 50 mL de enrofloxacina (Kinetomax®) dose de 10mg/kg, 17 mL de cetoprofeno (Ketojet®) na dose de 3,4 mg/kg , aplicado bisnaga intramamária com 10g de composto de a base de 200 mg cefalexina (mono-dihidratada) e 100.000 UI kanamicina (como monossulfato) (Ubrolexin®) por três dias pela manhã após o esgotamento completo do quarto mamário afetado. O período de carência do leite foi estipulado, tendo em vista os medicamentos utilizados, realizando o descarte do mesmo em um período de cinco dias, após a última aplicação dos antimicrobianos.

Com base no quadro clínico em que o animal se encontrava no momento do atendimento e no procedimento terapêutico imediato efetuado, o prognóstico do estado clínico do animal foi considerado favorável. Ao entrar em contato com o produtor após o período de tratamento o mesmo relatou que o animal obteve uma melhora clínica.

4.1.3 Discussão

A mastite bovina é uma enfermidade complexa e múltipla etiologia, que impacta negativamente a pecuária leiteira, tanto pelos prejuízos econômicos pela redução na produção e comprometimento da qualidade do leite, também pelo grave problema de saúde pública, em virtude do potencial de transmissão de microrganismos patogênicos e riscos de toxinfecções alimentares (COSTA e GUIMARÃES, 2010). Além das perdas econômicas dentro da produção do rebanho a ocorrência de mastite leva a perda de qualidade do produto dentro da indústria de laticínios, interferindo no desenvolvimento da cadeia produtiva do leite.

Inúmeros são os fatores que predispõem a enfermidade no rebanho, Philpot e Nickerson (2002), ressaltam que a ocorrência se deve a interação de diferentes fatores que se correlacionam entre si dentro do rebanho como: pessoas, microrganismos, procedimentos de ordenha, manejo, resistência natural, higiene do ambiente, vacas estressadas e entre outros.

O diagnóstico de mastite clínica deve ser realizado através da anamnese detalhada dos parâmetros fisiológicos do animal e pode ser confirmado através do exame direto da glândula mamaria e/ou leite pela apresentação de alterações evidentes (VEIGA, 1998).

A glândula mamária é examinada por inspeção e palpação, procurando-se detectar os sinais clássicos de processo infamatório, tais como hiperemia e edema ou ainda alterações da

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consistência do parênquima glandular, enquanto as análises do leite procuram evidenciar pus, grumos, descoloração e sangue (COSTA e GUIMARÃES, 2010). Durante a palpação dos quartos mamários deve ser observando a consistência (grânulos, nódulos, endurecimento difuso, edema agudo, consistência elástica) e a sensibilidade (DIRKSEN et al., 2008).

No exame físico da glândula mamária foi possível verificação de alteração do quarto mamário posterior direito, caracterizado por edema, calor e rubor, sinais clínicos esses elencados por Costa (2010) que relaciona a esses sinais clínicos ocorrência mastite clínica aguda, a qual apresenta sintomatologia evidente de processos inflamatórios (edema, dor, calor, rubor) e alterações das características do leite.

Apesar do exame da glândula mamária possibilitar o diagnóstico de mastite clínica pela visualização dos sinais clínicos locais é de extrema importância que seja realizada a aferição dos parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca, respiratória e temperatura retal os quais permite a verificação do envolvimento sistêmico do organismo animal na evolução do quadro clínico. Dirksen et al.(2008) e Terra (2006) conferem aos bovinos adultos uma variação de frequência cardíaca de 40 a 80 bpm, a frequência respiratória entre 12 a 36 mpm, a temperatura retal variando de 38,0 a 39,0°C, considerando para todos esses parâmetros o animal em estado de repouso. Ao analisarmos os parâmetros aferidos durante o exame clínico do animal pode-se notar a alteração dos parâmetros de frequência cardíaca e de temperatura retal.

A leve alteração na frequência cardíaca pode ser relacionada ao manejo do animal para a realização do exame clínico e físico. A hipertermia neste caso caracteriza a reação de defesa do organismo a um processo inflamatório existente, é desencadeada por produtos estranhos ao corpo, derivados de microrganismos ou do próprio metabolismo do corpo, a temperatura do corpo entre o limite superior do normal entre 40,0 e 41,0°C considerada hipertermia moderada (DIRKSEN et al.; 2008). Tyler e Cullor (2006) ressaltam os sinais clínicos sugestivos da doença sistêmica aguda os quais incluem anorexia, temperatura retal acima de 39,7°C, desidratação e decúbito.

Após a verificação de todos os sinais clínicos, este condizente com o relatado em literatura, sendo confirmatório o diagnóstico para o quadro de mastite clínica aguda, foi então estipulado o tratamento terapêutico, neste caso realizando associação de dois antimicrobianos um de ação local e outro com ação sistêmica, a utilização de anti-inflamatório, analgésico e antipirético e por fim a reposição hídrica e vitamínica da paciente.

O tratamento antimicrobiano com antibióticos de ação intramamário permite a liberação de pequenas quantidades do medicamento diretamente no local da infecção (TYLER

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32 e CULLOR, 2006). Para tal foi utilizado uma bisnaga a base de cefalexina e kanamicina 100.000 UI, sendo que o primeiro principio ativo tem ação sobre bactérias gram-positivas e o segundo sobre as gram-negativas (SPINOSA, 2010), atuando assim em associação visando a ampliação do espectro de ação do medicamento.

Para Costa e Guimarães (2010), a utilização sistêmica do enrofloxacino apresenta boa distribuição no combate a mastites, indica que a duração da terapia no tratamento de mastite clínica com antimicrobianos sistêmicos não deve ultrapassar 5 dias. Uma das principais vantagens das fluorquinolonas é o seu amplo volume de distribuição, além da baixa ligação com as proteínas plasmáticas, apresentam em geral boa atividade contra a maioria das bactérias gram-negativas (SPINOSA e GÓRNIAK, 2010). Em propriedades leiteiras que apresentam insucesso nos tratamentos sistêmicos com uso de penicilinas a utilização da enrofloxacina tem se mostrado eficiente com amplo espectro de ação, além de que o produto utilizado (Kinetomax ®) permite a utilização em dose única, facilitando a aplicação e diminuindo o período de carência do leite.

A antibioticoterapia em vacas em lactação reduz o número de microrganismos patogênicos no leite após o tratamento, aumenta o número de quartos que retornam a normalidade em mais curto espaço de tempo e aumenta o número de quartos sadios (COSTA, 2010). A correta escolha do principio ativo e tratamento imediato nesses casos permite à recuperação do animal e evita a distribuição dos microrganismos invasores para outros quartos mamários e até mesmo para outros animais do rebanho.

O monitoramento mensal do estado sanitário do rebanho leiteiro mediante culturas de rotina do leite do tanque é um procedimento importante de manejo para o produtor leiteiro avaliar o perfil bacteriológico do leite do rebanho (TYLER e CULLOR; 2006). Assim podendo ser estipulados protocolos terapêuticos com a utilização de antimicrobianos de forma mais segura e evitar a possível resistência destes microrganismos aos princípios ativos.

A administração de anti-inflamatórios não estereoidal (AINE), tem como objetivo o controle e diminuição do processo inflamatório, evitando a maior perda hídrica do animal e a ocorrência de septicemia. Costa e Guimarães (2010) apontam a utilização de anti-inflamatórios como o cetoprofeno (dose de 2mg/kg/dia) e de ibuprofeno (25mg/kg/dia) no tratamento de mastites agudas apresentando bons resultados.

No caso da dipirona sódica indicado no tratamento das dores e o alívio das inflamações e dos estados febris (D-500®, Fort Dodge), sendo considerada analgésica e antipirética tendo o efeito desejado entre 30-60 minutos após a utilização e a duração de até 4 horas.

Referências

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