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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL- UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS - DEAg

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Victor Casola

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS

2019

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Victor Casola

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica-Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Orientador (a): Profª. Med. Vet. Dra. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira Ijuí, RS 2019

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Victor Casola

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Aprovado em____de __________ de 2019: _____________________________________

Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, Drª. (UNIJUÍ) (Orientadora)

____________________________________________

Maria Andréia Inkelmann, Drª. (UNIJUÍ)

(Banca) Ijuí, RS 2019

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, especialmente aos meus pais, por todo o apoio e empenho para que este sonho pudesse ser realizado, a minha namorada por todo o companheirismo e incentivo no decorrer desta jornada e, não menos importantes, meus animais de estimação, anjos de quatro patas que nos ensinam o que é amar, sem querer nada em troca. Vocês são tudo em minha vida, meus eternos amores.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Deoni Luiz Casola e Maria Madalena Capelletti Casola e à minha dinda Isolda Haidy Kofahl, por estarem sempre ao meu lado me apoiando e acreditando no meu potencial. Em todos os momentos da vida, vocês sempre estiveram me dando forças para continuar, me aconselhando e fazendo o possível para que a jornada pudesse ser vitoriosa. Tudo o que eu sou e o que eu alcancei até aqui, devo a vocês. Amo vocês.

Aos amigos que me acompanham desde o início da minha caminhada, aos que encontrei durante o percurso e aos amigos que fiz durante a graduação, em especial ao Abdalla Abdalla, Victor Alegretti, Maira Franke, Cristian Pires e Caio Rodrigues. Sempre me mantiveram forte, perante todas as dificuldades encontradas longe de casa. Agradeço muito por ter vocês ao meu lado.

A minha namorada Luciane Morini Cassenote, por toda a cumplicidade e companheirismo ao longo destes anos. Sou muito grato a vida por nossos caminhos terem se cruzado e agradeço por ter a oportunidade de viver tantos momentos ao teu lado, sejam bons ou ruins. Foste muito importante ao longo da minha graduação, te amo.

Agradeço aos professores, por toda a paciência, dedicação e, principalmente, amor pela profissão, passados a nós alunos. Por todo o empenho para que possamos ser além de ótimos profissionais, excepcionais seres humanos. Meu agradecimento em especial à minha orientadora, Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, pelo apoio, incentivo e disponibilidade para ajudar na conclusão deste trabalho.

Por fim, agradeço aos meus filhos de quatro patas, Mimica e Alcides, sempre presentes nas horas boas e em vários momentos de solidão. Vocês também fazem parte da minha inspiração e do meu amor por esta profissão, pois vocês e todos os animais são a forma mais pura de amor.

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“Ahhh se o que eu sou É tambem o que eu escolhi ser Aceito a condição”

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RESUMO

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTOR: Victor Casola

ORIENTADORA: Roberta Carneiro da Fontoura Pereira

O Estágio Final Supervisionado em Medicina Veterinária representa um

processo de fundamental importância dentro da formação acadêmica, pois possibilita ao aluno compreender todos os conhecimentos e experiências adquiridos ao longo da graduação. Durante o estágio é possível acompanhar a rotina clínica e cirúrgica, estabelecendo um desenvolvimento tanto pessoal como técnico profissional. Desta forma, o aluno escolhe um local de referência para realização do mesmo, buscando atingir os objetivos desejados. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Vetmax Clínica Veterinária, localizado na cidade de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O estágio compreendeu um período total de 150 horas, acompanhadas de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019, sob orientação da Professora, Médica Veterinária, Drª. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira e supervisão da Médica Veterinária, Fernanda Nectoux Duarte. Durante a realização do mesmo, foram acompanhadas atividades como o acompanhamento da rotina clínica e cirúrgica de pequenos animais, assistência a procedimentos ambulatoriais e cuidados a pacientes internados, auxiliando na administração de medicamentos e troca de curativos. Diante disto, foram escolhidos dois casos clínicos para relatar e discutir, sendo o primeiro “Parvovirose canina em uma fêmea SRD” e o segundo “Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP)”.

Palavras-chave: vírus; cão; dermatopatia; hipersensibilidade.

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ABSTRACT

REPORT OF THE CURRICULAR STAGE SUPERVISIONED IN VETERINARY MEDICINE

AUTHOR: Victor Casola

ORIENTADORA: Roberta Carneiro da Fontoura Pereira

The Final Stage Supervised in Veterinary Medicine represents a process of fundamental importance within the academic formation, since it allows the student to assimilate in practice, all the knowledge and experiences acquired during the graduation. It is possible to follow the clinical and surgical routine, establishing a personal and professional development. In this way, the student chooses a place of reference to accomplish the same, seeking to achieve the desired goals. The Veterinary Medicine Supervised Internship Course was held at Vetmax Veterinary Clinic, located in the city of Porto Alegre in the State of Rio Grande do Sul, Brazil. The internship lasted a total of 150 hours, accompanied by 14 January to 7 February 2019, under the guidance of the Professor, Veterinary Medicine, Dr. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira and supervision of the Veterinary Medicine, Fernanda Nectoux Duarte. During the study, activities such as the follow-up of the clinical and surgical routine of small animals, assistance and outpatient procedures and inpatient care were followed up, assisting in medication administration and dressing changes. Therefore, two clinical cases were chosen to report and discuss, being the first "Female affected by Canine Parvovirosis" and the second "Allergic Dermatitis to Flea Bite (DAPP)".

Keywords: virus; dog; dermopathy; hypersensitivity.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...15 Tabela 2 - Procedimentos cirúrgicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...16 Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro 07 de fevereiro de 2019...16 Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos a doenças cardiovasculares e respiratórias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...17 Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos a doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...17 Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos a afecções do sistema musculoesquelético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...17 Tabela 7 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema oftálmico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...18 Tabela 8 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com afecções oncológicas e afecções orais durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...18

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Tabela 9 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os sistemas reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...18 Tabela 10 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...18 Tabela 11 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema digestório e hepático durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019...19

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LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

% = porcentagem ® = registrado

ALT = alanina aminotransferase BID = bis in die (duas vezes por dia) bpm – batimentos por minuto

DAPP = Dermatite Alergica à Picada de Pulga Drª = doutora

FA = fosfatase alcalina

FELV= vírus da leucemia felina FIV= Vírus da imunodeficiência felina g = gramas h = horas IM = intramuscular IV = intravenoso kg = quilograma mg = miligrama ml = mililitro

mpm = movimentos por minuto º = decimal ºC =

graus Celsius

PIF=peritonite infecciosa felina Profª = professora

PVC = Parvovírus canino

PVC-1 = Parvovírus canino tipo-1 PVC-2 = Parvovírus canino tipo-2 RS = Rio Grande do Sul

SID = semel in die (uma vez por dia) SRD = sem raça definida

TID = ter in die (três vezes por dia)

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 13 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 15 3. DESENVOLVIMENTO ... 20 3.1 RELATO DE CASO 1 ... 20 3.1.1 Introdução ... 20 3.1.2 Metodologia ... 22 3.1.3 Resultados e Discussões ... 23 3.1.4 Conclusão ... 28 3.1.5 Referências ... 28 3.2 RELATO DE CASO 2 ... 30 3.2.1 Introdução ... 30 3.2.2 Metodologia ... 33 3.1.3 Resultados e Discussão ... 34 3.2.4 Conclusão ... 37 3.2.5 Referências ... 37 4 CONCLUSÃO ... 39 REFERÊNCIAS ... 40

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1. INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária é a oportunidade de colocar em prática os ensinamentos teórico-práticos adquiridos durante a graduação. Durante este período, se realiza uma vivência na rotina clínica do Médico Veterinário; logo, proporciona ao acadêmico novas experiências, assim ampliando e aperfeiçoando seu conhecimento, possibilitando também o desenvolvimento pessoal e da conduta ética.

A Vetmax Clínica Veterinária, localizada na Rua Portuguesa, 345, Bairro Partenon, na cidade de Porto Alegre/RS, foi o local de escolha para realização do estágio, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. As atividades foram desenvolvidas no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019, totalizando desta forma 150 horas, sob orientação da Prof.ª Drª. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira e supervisão interna da Médica Veterinária Fernanda Nectoux Duarte.

O horário de atendimento clínica é das 8h às 20h segunda à sábado, com plantão 24 horas em casos de emergência e urgência, para também auxiliar os animais que se encontram internados. A Vetmax abrange as especialidades de clínica geral, cirurgia de tecidos moles e ortopédica, patologia clínica, oftalmologia, cardiologia, endocrinologia, dermatologia, traumatologia, oncologia e odontologia veterinária.

A estrutura física da clínica para atendimento é composta pela sala de recepção juntamente com a sala de espera, sendo que o atendimento era realizado por ordem de chegada. Um consultório onde são realizados atendimentos clínicos, exame de ultrassonografia, sala cirúrgica, internação de cães e gatos e em anexo são realizados procedimentos de enfermagem e preparação dos animais para procedimentos cirúrgicos. Há também isolamento para doenças infectocontagiosas e laboratório para análise de exames laboratoriais. As especialidades veterinárias e exames não oferecidos na clínica, eram terceirizados, como é o caso dos exames radiográficos, ultrassonográficos e cirurgias ortopédicas, que eram realizados com frequência.

Para o atendimento clínico e cirurgias de tecidos moles, a Vetmax Clínica Veterinária dispõe de uma médica veterinária. Na internação há duas auxiliares em

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veterinária e estagiários curriculares e voluntários, que eram responsáveis pelos cuidados dos animais.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária tem como objetivo, não apenas possibilitar o acadêmico a colocar em prática seu conhecimento, mas também de adquirir novos, trocar experiências, promover o raciocínio clínico diante dos casos acompanhados e estabelecer a conduta individual, social e técnica como médico veterinário, de forma a qualificar e preparar para sua vida profissional. Logo, a escolha de um local na área de interesse é imprescindível, pois auxilia na escolha da futura especialização e atuação profissional.

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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019, nos turnos da manhã, das 8h às 12h e nos turnos da tarde das 13h às 15h, de segunda à sexta. As atividades acompanhadas e/ou realizadas na rotina da Vetmax Clínica Veterinária incluíram de forma geral consultas, procedimentos cirúrgicos e procedimentos ambulatoriais.

Durante as consultas, foi possível auxiliar na aferição de parâmetros vitais, coleta de material biológico para exames complementares e contenção física do paciente, caso fosse necessário. Na internação, procedimentos ambulatoriais constituíam da manutenção de acesso venoso, realização e troca de curativos, administração de medicamentos, retirada de pontos de sutura, limpeza de feridas e acompanhamento de parâmetros vitais. Essas tarefas eram atribuídas aos técnicos e estagiários.

A clínica conta com um laboratório próprio de patologia clínica, no qual foi possível acompanhar a realização de exames complementares, como hemograma e bioquímico. Também foi possível acompanhar exames de ultrassonografia.

Na rotina cirúrgica da clínica, o estagiário encarregava-se da preparação dos pacientes (tricotomia e acesso venoso, se necessário), bem como cuidados no pós-operatório. No bloco cirúrgico, era possível auxiliar o cirurgião no procedimento e também realizar procedimentos anestésicos, com auxílio da Médica Veterinária anestesista.

A seguir, as atividades acompanhadas e/ou realizadas, bem como diagnósticos clínicos estabelecidos durante a rotina da Vetmax Clínica Veterinária são descritas em forma de tabela (Tabela 1 a 11), separados por sistema orgânico e por espécie.

Tabela 1 – Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Procedimentos Cães Gatos Total %

Atendimentos clínicos 42 33 75 27,5%

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16

Acesso venoso 27 20 47 17,2%

Procedimentos cirúrgicos 18 24 46 16,8%

Coleta de sangue 17 16 33 12,1%

Remoção de pontos cirúrgicos 15 12 27 9,9%

Curativo 14 10 24 8,8%

Retornos 4 2 6 2,2%

Auxílio em ultrassonografia 5 0 5 1,8%

Eutanásia 2 1 3 1,1%

Drenagem de sonda vesical 2 1 3 1,1%

Transfusão sanguínea 2 0 2 0,7%

Auxílio exames radiográficos 2 0 2 0,7%

Total 150 119 270 100%

Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Procedimentos Cães Gatos Total %

Ovariohisterectomia eletiva 15 19 34 85,0% Ovariohisterectomia terapêutica 5 0 5 12,5%

Cesariana 1 0 1 2,5%

Total 21 19 40 100%

Tabela 3 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Doenças infectocontagiosas 17 0 17 29,8% Reprodutivo 8 0 8 14,0% Musculoesquelético 6 1 7 12,3% Oncológico 5 0 5 8,8% Tegumentar e anexos 3 1 4 7,0% Digestório 1 3 4 7,0% Doenças Hepáticas 0 3 3 5,3% Cardiovascular 2 1 3 5,3% Respiratório 0 2 2 3,5% Afecções orais 0 2 2 3,5% Urinário 0 1 1 1,8% Oftálmico 1 0 1 1,8% Continuação Continua

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17

Total 43 14 45 100%

Tabela 4 – Diagnósticos clínicos estabelecidos a doenças cardiovasculares e respiratórias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Insuficiência cardíaca

congestiva 1 0 1 33,3%

Bronquite crônica 0 2 2 66,7%

Total 1 2 3 100%

Tabela 5 – Diagnósticos clínicos estabelecidos a doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

FIV/FELV 0 6 6 35,3% Parvovirose 5 0 5 29,4% Suspeita de traqueobronquite infecciosa canina 1 0 1 5,9% Suspeita de PIF 0 1 1 5,9% Suspeita de Micoplasmose 0 1 1 5,9% Suspeita de leishmaniose 1 0 1 5,9% Suspeita de botulismo 1 0 1 5,9% Cinomose 1 0 1 5,9% Total 9 8 17 100%

Tabela 6 – Diagnósticos clínicos estabelecidos a afecções do sistema musculoesquelético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Fratura de pelve 2 0 2 40,0%

Fratura de mandíbula 0 1 1 20,0%

Fratura de tíbia 1 0 1 20,0%

Doença articular degenerativa da articulação coxofemoral esquerda

1 0 1 20,0%

Total 4 1 5 100%

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18

Tabela 7 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema oftálmico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Conjuntivite 0 1 1 50%

Úlcera de córnea 0 1 1 50%

Total 0 2 2 100%

Tabela 8 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com afecções oncológicas e afecções orais durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Neoplasia mamária 2 0 2 50,0%

Granuloma eosinofílico felino 0 1 1 25,0%

Doença periodontal 0 1 1 25,0%

Total 2 1 3 100%

Tabela 9 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os sistemas reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Piometra 4 0 4 33,3%

Insuficiência Renal Crônica 3 1 4 33,3%

Cistite 0 2 2 16,7%

Gestação 1 0 1 8,3%

Distocia 1 0 1 8,3%

Total 9 3 12 100%

Tabela 10 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com o sistema tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

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19 Miíase 4 0 4 26,7% Deiscência de pontos 1 1 2 13,3% Dermatite úmida 2 0 2 13,3% Hérnia umbilical 2 0 2 13,3%

Suspeita de sarna sarcóptica 1 0 1 6,7%

Seborreia 1 0 1 6,7%

Otite externa 1 0 1 6,7%

Dermatite atópica 1 0 1 6,7%

Total 14 1 15 100%

Tabela 11 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema digestório e hepático durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vetmax Clínica Veterinária, no período de 14 de janeiro a 07 de fevereiro de 2019.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Gastroenterite 1 1 2 33,3% Lipidose hepática 0 2 2 33,3% Colite 0 1 1 16,7% Prolapso retal 0 1 1 16,7% Total 1 3 4 100% Continuação

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3. DESENVOLVIMENTO

3.1 RELATO DE CASO 1

PARVOVIROSE EM UMA FÊMEA CANINA SRD

3.1.1 Introdução

A parvovirose canina é uma doença viral pertencente à família Parvoviridae, tendo como principal agente etiológico o parvovírus tipo 2 (PVC 2). Este vírus é conhecido por sua alta taxa de morbidade e mortalidade, acometendo principalmente cães jovens não vacinados (ABDULACK-LOPES, 2012).

Ao longo da história, o parvovírus (PVC) canino foi sofrendo alterações estruturais em sua genética. Em 1979, o PVC-1 originou-se em PVC-2a, já no ano de 1984 descobriu-se um novo subtipo, o PVC-2b (causando doença mais grave). Posteriormente no ano de 2001, foi descoberto o vírus PVC-2c. Suas variações são nas proteínas do capsídeo e na amplitude de hospedeiros (TILLEY e SMITH JR, 2015). Portanto, há poucas diferenças antigênicas entre as cepas, facilitando e efetivando a proteção da vacina contra ambas (MORAES e COSTA, 2007).

O parvovírus canino é um vírus pequeno, não envelopado, formado por uma cadeia de DNA e caracteriza-se pela pequena dimensão, que varia de 18 a 26 nm. Atinge principalmente filhotes no intervalo entre seis semanas e seis meses (PEREIRA, 2017).

Geralmente, o início da doença ocorre através de um episódio de gastroenterite severa, altamente contagiosa, que em filhotes pode se apresentar de forma hemorrágica. Antes do aparecimento dos sinais clínicos, ocorre acentuada viremia, podendo inclusive ocorrer a elevação da temperatura do animal (CHAVES, 2018).

O PVC é rapidamente disseminado de um cão para outro por meio das fezes contaminadas, através da exposição orofecal. É no tecido linfóide da orofaringe, linfonodos mesentéricos e no timo que se inicia a replicação do vírus, posteriormente disseminando-se para as vilosidades das criptas da mucosa intestinal (GREENE e DECARO, 2015). O período de incubação entre 4 a 7 dias,

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mas pode haver variação entre dois a quatorze dias. Entre o primeiro e o quinto dia, ocorre viremia intensa, que tende a cessar por volta do sexto dia, quando anticorpos neutralizantes no soro podem estar presentes (MORAES e COSTA, 2007).

Os cães que apresentam a forma clínica da doença começam a eliminar os vírus nas fezes (em média um bilhão de partículas virais por grama de fezes) aproximadamente três dias antes de se iniciar o quadro clínico, alcançando o pico máximo de excreção entre o sétimo e oitavo dia pós-infecção. O PVC pode ser excretado nas fezes em quantidades elevadas por até 20 dias, quando ocorre o desenvolvimento da imunidade, fazendo com que a excreção viral seja interrompida (PAES, 2018).

O parvovírus canino é resistente à maioria dos desinfetantes de uso doméstico, sendo considerado muito resistente no meio ambiente. Porém, o hipoclorito de sódio (água sanitária) a 0,175% é bastante efetivo na inativação do vírus, quando posto em contato com o agente por tempo prolongado (horas) (MORAES e COSTA, 2007).

Os sinais clínicos da parvovirose canina são bastante inespecíficos, podendo ser confundidos com outras doenças, especialmente quando se trata do histórico e sinais clínicos do paciente. Portanto, se faz necessário o auxílio de exames laboratoriais para obter o diagnóstico definitivo da doença (RODRIGUES e MOLINARI, 2018).

Um quadro clínico sugestivo para a suspeita da doença é o aparecimento de vômito, concomitante com diarreia sanguinolenta em cães jovens não vacinados ou com o esquema de vacinação incompleto (PAES, 2018). O diagnóstico é realizado por meio da história clínica e análise hematológica que apresenta comumente como resultado, neutropenia e leucopenia (MORAES e COSTA, 2007).

Porém, para que seja realizado o diagnóstico definitivo da doença, é necessário que seja comprovada a presença do vírus de forma incontestável. Para isso, podem ser realizados os diagnósticos laboratoriais direto ou indireto (PAES, 2018). O diagnóstico laboratorial direto pode ser realizado pela detecção do vírus nas fezes, vômito ou no post mortem, através dos tecidos (PEREIRA, 2017). Os testes de imunoenzimáticos (ELISA) e de imunocromatografia (teste rápido) estão, na atualidade, entre os testes mais usados na rotina veterinária, devido a facilidade de execução e agilidade nos resultados (RODRIGUES e MOLINARI, 2018). Devido a sua limitação, o diagnóstico indireto geralmente não é disponibilizado pelos

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laboratórios de diagnóstico de rotina, visto que as técnicas não diferenciam anticorpos resultantes da vacinação daqueles que são adquiridos por infecção natural. Dentre eles estão: imunofluorescência indireta, técnica de fixação de complemento e soroneutralização (PEREIRA, 2017).

O tratamento da gastroenterite pelo PVC é de suporte. É constituído através da reposição de fluídos e eletrólitos por meio da fluidoterapia, além da antibioticoterapia de amplo espectro e no controle dos vômitos, que visam minimizar as perdas líquidas e eletrolíticas causadas pela ação do vírus. O isolamento dos cães é imprescindível, afim de não haver disseminação do vírus a outros animais (MORAES e COSTA, 2007).

O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de parvovirose canina, em um canino, fêmea, sem raça definida, de cinco meses de idade, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul.

3.1.2 Metodologia

Durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Vetmax Clínica Veterinária situada na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul, foi atendido uma paciente canina, fêmea, SRD, com cinco meses de idade, pesando 6,5kg.

Durante a anamnese, a proprietária relatou que há três dias a canina havia parado de se alimentar, apresentando-se apática e prostrada. Na noite anterior à consulta, o animal começou a apresentar quadros de diarreia com sangue, o que assustou em demasia sua tutora, levando-a a procurar o auxílio profissional de um médico veterinário.

Ao longo do atendimento, a proprietária informou que o animal não havia sido vacinado e que o seu tratamento antiparasitário também estava desatualizado. Segundo ela, recentemente a paciente se expôs ao contato com outros cães, ao ser levada para tomar banho em um petshop. Ressaltou ainda que a cadela tinha livre acesso ao pátio de sua casa.

No exame clínico geral, o animal apresentou-se apático e anoréxico, com sinais de diarreia com sangue, vômito e desidratação. Sua mucosa oral

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apresentouse pálida. Durante a palpação, o animal indicou desconforto abdominal. A temperatura retal aferida foi de 38.1°C.

Após a realização da anamnese e do exame clínico, foi coletado uma amostra de fezes para a realização do Snap Test® e coleta de sangue para a realização de hemograma. Associando os resultados obtidos através da anamnese, exame clínico e exames complementares, foi confirmada a suspeita clínica e deuse início ao tratamento para a parvovirose canina.

O animal foi encaminhado para a internação em uma área de isolamento de doenças infectocontagiosas, dando início ao tratamento a partir de fluidoterapia de Ringer com Lactato com Bionew, Metronidazol (15mg/kg, via intravenosa, BID), Dipirona-D-500® (25mg/kg, via intra-muscular, SID), Cloridrato de Metoclopramida (0,5mg/kg, via intravenosa, TID), Ondansetrona (0,5 mg/kg, via subcutânea, BID), Cimetidina (5mg/kg, via intravenosa, TRID), Sucralfato (50mg, via intra-muscular, BID), Glicopan Gold® (0,5ml/kg, via oral, TID, durante 2 dias).

Após cinco dias de tratamento, a paciente mostrava-se recuperada, permanecendo internada por mais dois dias sob observação. Por não mais apresentar episódios de vômito ou diarreia e por estar ingerindo alimento e água voluntariamente, a mesma teve alta médica.

3.1.3 Resultados e Discussão

A parvovirose canina é uma doença endêmica, que acomete cães em todo o mundo. Quando surgiu, no início da década de 1980, o parvovírus acometia cães de todas as idades. Porém, na atualidade, a faixa etária mais suscetível ao vírus está presente em caninos abaixo do primeiro ano de vida, com maior incidência aos seis meses de idade, após o desmame (PAES, 2018).Os filhotes desta faixa etária são mais propensos ao vírus, principalmente quando não são vacinados, apesar de os anticorpos maternos auxiliarem na proteção contra a infecção nas primeiras semanas de vida (MORAES e COSTA, 2007).

A enfermidade pode acometer qualquer idade, sexo ou raça. Dentre as mais prevalentes estão Rottweiler, Dobermann, Pinscher, Labrador Retriever, Pastoralemão, entre outras (GREENE e DECARO, 2015). Este resultado está provavelmente relacionado a vacinação inadequada. Corroborando com Morais,

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Costa e Cargnelutti (2017), a paciente canina possuía protocolo de vacinação incompleto, além de possuir acesso ao pátio de casa.

Segundo Moraes e Costa (2007), o início da sintomatologia da doença ocorre rapidamente. Em seguida os animais apresentam o quadro de diarreia líquida, escura e fétida com o volume fecal aumentado. Poucas horas após, este conteúdo se apresenta de forma sanguinolenta, intensificando ainda mais o odor fétido das fezes (PAES, 2018).

A infecção pelo PVC-2 pode levar ao surgimento de quadros de gastroenterite hemorrágica, além dos sinais de prostração, anorexia, vômitos, diarreia, dor abdominal, desidratação, hipovolemia e choque (RODRIGUES e MOLINARI, 2018). Devido a imunossupressão, o organismo pode sofrer com o estabelecimento de infecções secundárias, sejam elas causadas por outros vírus, bactérias, parasitas ou fungos. Com isso, os sinais clínicos podem ser agravados e o quadro clínico evoluir para sepse (MORAIS; COSTA; CARGNELUTTI, 2017).

Os sinais clínicos de prostração, anorexia e vômitos precedem o quadro de diarreia, geralmente entre 12 a 24 horas. É possível que o quadro de diarreia cause desidratação e hipovolemia, podendo levar ao choque. Os cães nesta condição poderão apresentar taquicardia, pulso normal ou fraco, hipotensão, palidez das mucosas, tempo de preenchimento capilar aumentado e temperatura baixa. A morte pode ocorrer rapidamente, entre um a dois dias após o início da fase clínica da enfermidade (MORAES e COSTA, 2007; PAES, 2018).Destaco que muitos destes sinais clínicos são semelhantes aos apresentados pelo animal relatado, como diarreia com sangue, apatia, prostração, anorexia, vômitos e desidratação e palidez de mucosa.

Segundo Paes (2018),o PVC-2 é estável e bastante resistente às mudanças ambientais como calor, alterações bruscas de temperatura e dessecamento. Podemos destacar como importante característica a sua persistência em objetos, como panos, forros, vasilhas ou pisos de gaiolas por tempo médio de seis a oito meses, estando sob influência direta da luz solar. Quando encontrado nas fezes caninas ressecadas sem a incidência da luz solar ou desinfecção, o vírus pode permanecer no ambiente por vários anos. Segundo sua tutora, não houveram outros cães com o diagnóstico de parvovirose no ambiente, anteriormente ao animal em consulta.

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Segundo Tilley e Smith Jr (2015), o diagnóstico da parvovirose canina pode ser realizado por meio da anamnese, achados do exame físico, ultrassonografia abdominal, hemograma e bioquímico. O diagnóstico definitivo de infecção por PVC deve ser estabelecido através de testes específicos. No caso em estudo, o diagnóstico foi realizado através da história clínica relatada pela tutora, unindo-se com o quadro clínico apresentado pela paciente, além dos resultados obtidos no hemograma e no teste imunocromatográfico (Alere Parvovirose Ag Test Kit®) na qual confirmaram o diagnóstico de parvovirose.

No entanto, apesar dos resultados indicativos do hemograma, o diagnóstico definitivo da parvovirose canina é confirmado através de testes específicos. Atualmente, os testes de ELISA e de imunocromatografia estão entre os mais usados na rotina em clínicas veterinárias (RODRIGUES e MOLINARI, 2018). A disponibilidade de kits de diagnóstico rápido favorece a realização do teste no ambiente hospitalar. A amostra clínica deve ser preferencialmente colhida direto do reto do animal (PEREIRA, 2017). Corroborando com a literatura citada, o diagnóstico foi realizado de forma definitiva através do resultado positivo no teste imunocromatográfico - Alere Parvovirose Ag Test Kit®, que é um imunoensaio cromatográfico utilizado para a detecção do antígeno do parvovírus nas fezes caninas (ALERE, 2013).

Embora pouco relatado, os animais acometidos por parvovírus, podem apresentar anemia por consequência da perda de sangue via trato gastrointestinal através da diarreia. Já que normalmente os cães são muito jovens, apresentam baixa contagem de eritrócitos e, quando acometidos pela diarreia hemorrágica da parvovirose, são altamente suscetíveis a quadros anêmicos (PAES, 2018). No caso em relato, o paciente apresentou quadros anêmicos, devido aos quadros de diarreia sanguinolenta.

A perda da integridade do epitélio intestinal permite que bactérias e toxinas penetrem na corrente sanguínea, o que é facilitada pela leucopenia. Os animais acometidos pelo parvovírus canino apresentam leucopenia, devido ao aumento da demanda tecidual, ao desvio do reservatório circulante para o reservatório periférico e à depleção de reservas medulares (MORAES e COSTA, 2007; TILLEY e SMITH JR, 2015). Os animais acometidos pelo PVC apresentam linfopenia e neutropenia, devido a replicação do vírus nas células linfoides e na medula óssea. A contagem total de leucócitos pode estar dentro dos parâmetros de referência, devido a

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linfopenia concomitante induzida pelo vírus e da neutrofilia resultante de infecções secundárias por bactérias oportunistas(GREENE e DECARO, 2015).Na avaliação do leucograma, o animal apresentou leucopenia por neutropenia, monocitopenia e eosinopenia.

De modo geral, o tratamento da doença é baseado na correção do equilíbrio hidroeletrolítico e energético por via endovenosa, concomitantemente com procedimentos que visam controlar o choque (PAES, 2018).

Segundo Tilley e Smith Jr (2015), a fluidoterapia intravenosa com soluções cristalóides representam a base do tratamento, em razão da desidratação e perdas decorrentes de quadros de diarreia e vômitos. Esse procedimento tem como principal objetivo suprir a necessidade diária de fluidos, aumentar a perfusão tecidual e estabilizar as perdas hídricas e eletrolíticas. Tendo uma composição similar ao líquido extracelular, a solução de Ringer Lactato é a mais indicada para este caso; em cães hipoglicêmicos, recomenda-se um adicional de glicose a 5%, por ser um importante substrato energético (PAES, 2018). No caso em estudo, a fluidoterapia instituída foi condizente com o protocolo terapêutico aconselhado pela literatura, sendo este, fluidoterapia com ringer lactato e suplementação com glicose a 5%.

O vômito prolongado ocasiona a perda de água e eletrólitos, além de proporcionar desconforto e estresse ao paciente. Este quadro é prevenido com o uso de antieméticos (ANDRADE e CAMARGO, 2016). Bastante eficaz no controle da êmese, a metoclopramida pode ser administrada na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg a cada 6 a 8 horas por via intramuscular ou subcutânea, ou na dose de 1 a 2 mg/kg/dia IV em infusão contínua (PAES, 2018). Em casos de vômitos refratários à metoclopramida, recomenda-se o uso da ondansetrona na dose de 0,2 mg/kg a 1 mg/kg a cada 8 ou 12 horas por via intravenosa ou 0,5 mg/kg por via oral

(ANDRADE e CAMARGO, 2016). Nos casos mais graves de êmese, pode também ser utilizado o maropitant na dose de 1 mg/kg/dia, por via subcutânea (PAES, 2018). Corroborando com Spinosa (2015), para o controle do vômito foi inicialmente utilizada a metoclopramida na dose de 0,5 mg/kg que, além de possuir efeito antiemético, é um potente pró-cinético que favorece também o esvaziamento gástrico.

Após o início do seu uso, notou-se a pouca eficiência da medicação nesta paciente e foi optado pela troca de medicamento. A ondansetrona foi o antiemético

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escolhido, por conferir alta potência antiemética através da sua ação central aliada à periférica (ANDRADE e CAMARGO, 2016). O fármaco se mostrou bastante eficaz no controle do vômito; porém, a via de administração utilizada para a sua aplicação não está em concordância com a literatura. Foi utilizado o medicamento na dose de 0,5 mg/kg, por via subcutânea.

Os bloqueadores de H2 também são indicados para este quadro clínico. De forma geral, são fármacos seguros e eficientes para conferir proteção à mucosa gástrica (ANDRADE e CAMARGO, 2016; PAES, 2018). Os fármacos mais utilizados desta classe são ranitidina na dose de 1 a 2 mg/kg a cada 12 horas, por via intravenosa e cimetidina na dose de 4 a 10 mg/kg, a cada 6 horas por via intravenosa, intramuscular ou subcutânea (TILLEY e SMITH JR, 2015). Foi adicionada cimetidina ao tratamento, na dose de 5 mg/kg, por via intravenosa.

Como coadjuvante no tratamento, foi utilizada suplementação com Bionew®, um suplemento vitamínico, utilizado nos casos de esgotamento físico por excesso de exercícios ou produção, em quadros de intoxicações, anorexia, inapetências, convalescenças, anemias e estresse (BIONEW, 2012). Além disso, foi adicionado à terapia o Glicopan Gold®, um estimulante de apetite e efeito energético, auxiliando na recuperação física e na melhora do estado geral (GLICOPAN, 2012).

A administração de antimicrobianos no tratamento da parvovirose canina é tão importante quanto a fluidoterapia. Sua função é proteger o animal contra infecções bacterianas secundárias, prevenindo a ocorrência da sepse (PAES, 2018). Os antibióticos devem ter um amplo espectro de ação, combatendo também os microorganismos gram-negativos. Para uma melhor eficácia no tratamento, costuma-se usar protocolos de combinação (TILLEY e SMITH JR, 2015). Faz-se necessário ter em mente o papel das bactérias gram-negativas, pertencentes à microbiota intestinal, responsáveis por desencadear o choque endotóxico através da liberação dos lipopolissacarídeos da parede celular (PEREIRA, 2017). No caso em estudo, optou-se corretamente pelo metronidazol (15mg/kg), fármaco que apresenta atividade contra bactérias anaeróbicas e alguns protozoários, além de inibir a imunidade mediada por células, sendo esta a razão pela qual o seu uso como adjuvante é justificado (ANDRADE e CAMARGO, 2016). O fármaco citado, entretanto, não foi associado a nenhum outro antimicrobiano de amplo espectro.

O prognóstico da parvovirose canina é considerado favorável, quando o animal é atendido no início das manifestações clínicas da doença. Porém, quando

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há demora para o início do tratamento, o prognóstico torna-se reservado, assim como quando há doenças intercorrentes, como por exemplo, em casos de doenças parasitárias (PAES, 2018).

3.1.4 Conclusão

A parvovirose canina é uma doença infectocontagiosa de grande importância na clínica médica de pequenos animais. Apesar de haver muitos estudos sobre a enfermidade, ainda há muitas perdas relacionadas ao vírus, por vezes diagnosticado de forma tardia. No caso relatado, apesar das divergências com a literatura, os medicamentos utilizados foram satisfatórios para o sucesso do tratamento e recuperação da paciente. Os sinais apresentados pelo animal, diagnóstico, bem como o tratamento foram semelhantes ao descrito na literatura.

3.1.5 Referências

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GLICOPAN GOLD: líquido. Proprietário e Fabricante: Indústria e Comércio de Produtos Veterinários. São Paulo: Vetnil Ltda, 2012. Bula de Remédio.

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3.2 RELATO DE CASO 2

DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGA (DAPP) EM MACHO CANINO

3.2.1 Introdução

A dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP) é uma das doenças dermatológicas mais frequentemente encontradas na clínica de pequenos animais (FERNANDES, 2014). Esta afecção é causada pela hipersensibilidade à antígenos contidos na saliva da pulga (VILLALOBOS, 2009).

Ctenocephalides felis é a espécie de maior ocorrência de infestações em cães e gatos, seguido de Pulex irritans e, menos frequente, Ctenocephalides canis (GRIFFIN, 2008). Uma vez no hospedeiro, o C. felis tende a se tornar residente permanente. Entre 24 a 48 horas após a ingestão de sangue do hospedeiro, as fêmeas começam a ovoposição. A oclusão ocorre entre dois dias a duas semanas, dependendo da temperatura do entorno. Os ovos não resistem a umidades relativas inferiores a 50% e baixas temperaturas, assim como grandes variações climáticas (TAYLOR, COOP, WALL; 2017). A saliva da pulga contém cerca de quinze alérgenos, o que explica a complexidade da reação de hipersensibilidade (MORAILLON et al., 2013).

A DAPP é causada por um hapteno de baixo peso molecular e dois alérgenos de alto peso molecular que auxiliam a iniciar a reação alérgica. Estes alérgenos aumentam a ligação ao colágeno da derme, formando um antígeno completo (KUHL e GREEK, 2010). Diferentes tipos de hipersensibilidade, como hipersensibilidade basofílica cutânea, hipersensibilidade imediata mediada por imunoglobulina E (IgE), reações de início tardio à IgE e hipersensibilidade do tipo retardada, podem ocorrer de forma conjunta ou isolada. Estas reações provocam inflamação, que por sua vez induz o prurido e a geração de lesões cutâneas no animal (GRIFFIN, 2008).

Outras alergias podem ocorrer simultaneamente com a DAPP, como a dermatite atópica ou a reação alimentar adversa, mais conhecida como alergia alimentar. Estas três reações podem se apresentar no mesmo paciente, porém, a prevalência da DAPP em pacientes com dermatite atópica geralmente é mais elevada, em torno de 80% dos casos (GRIFFIN, 2008).

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Em áreas de clima temperado a ocorrência da alergia é sazonal, sendo mais prevalente no verão, quando a atividade da pulga é maior. Em regiões mais quentes, o problema ocorre durante o ano todo (TAYLOR, COOP, WALL; 2017). Contudo, os extremos de temperatura e a baixa umidade tendem a inibir o desenvolvimento das pulgas no ambiente. Os sinais clínicos podem variar de acordo com a frequência da exposição do animal a pulgas, tempo de duração da doença, presença de dermatopatias secundárias ou intercorrentes e do grau de hipersensibilidade apresentado pelo paciente (KAHN, 2008). Em manifestações de forma aguda, o principal sintoma observado é o prurido que, inicialmente, é intenso e contínuo. Pode haver presença de eritema difuso com pápulas, escoriações com exsudação cutânea e crostas em decorrência do ato de coçar (MORAILLON et al., 2013).

Após meses de evolução, o quadro pode se alterar sensivelmente. A dermatite crônica é caracterizada pelo espessamento da pele. A hiperqueratose causa ausência de pelos no tegumento, que se torna grossamente rugoso e variavelmente enrugado, geralmente na região lombar. Nesta fase, as lesões secundárias resultam de inflamação crônica e traumatismo induzido pelo prurido. A medida que a doença se torna crônica, pode-se observar alopecia generalizada. O prurido, anteriormente bastante acentuado, faz-se neste momento pouco notado, visto que o animal parece se habituar à dermatite crônica (MORAILLON et al., 2013; KAHN, 2008).

Vários fatores devem ser considerados para que seja possível se chegar ao diagnóstico da DAPP; são eles anamnese, sinais clínicos, presença de pulgas ou de seus excrementos, ambiente em que vive o animal, caráter sazonal e o descarte de outras causas de doenças dermatológicas (KAHN, 2008; MORAILLON et al., 2013). Em alguns casos, não é possível encontrar os parasitas adultos, então se faz necessário detectar suas fezes, geralmente bastante visíveis, na qual se assemelham a grãos de borra de café e são encontradas na base do pelo (MORAILLON et al., 2013).

Na DAPP, os achados dermatopatológicos são inespecíficos, porém podem ser indicativos. Uma característica da doença é a ocorrência da dermatite perivascular superficial mista com a presença de eosinófilos; pode-se também ser notada a presença de microabscessos eosinofílicos intra-epidérmicos. Porém,

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estas alterações podem ser vistas também em outras dermatoses alérgicas (GRIFFIN, 2008).

Intradermorreações de extrato total de pulga, histamina e solvente de alérgenos podem ser realizados para obter maior precisão ao estado de hipersensibilidade do animal (MORAILLON et al., 2013). Através do teste intradérmico com antígeno de pulga 1/1000 peso/volume, é possível ocorrer reação positiva em 15 minutos, caracterizando-se como reação imediata; entre 6 a 8 horas, reação tardia ou entre 24 a 48 horas, reação retardada, através do endurecimento em forma de caroço de uva no local da injeção (GRIFFIN, 2008; MORAILLON et al., 2013).

O resultado positivo no teste indica a hipersensibilidade do animal à pulga e, um resultado negativo, geralmente indica que não há alergia à pulga. Porém, pode ocorrer resultado falso-negativo caso o uso de glicocorticoides não seja interrompido corretamente antes do exame (GRIFFIN, 2008). O teste de melhor confirmação pode ser a resposta positiva ao tratamento apropriado (KUHL e GREEK, 2010).

O tratamento consiste na supressão das pulgas no animal, supressão das pulgas no ambiente e modificação da resposta alérgica do hospedeiro (MORAILLON et al., 2013). A rapidez da morte da pulga adulta presente em um cão alérgico é importante, pois quanto maior a quantidade de pulgas adultas no animal com DAPP, maior será a exposição do animal a picadas e, consequentemente, a alérgenos (GRIFFIN, 2008).

Diversos inseticidas estão presentes no mercado e providenciam excelente eliminação da infestação de pulgas estabelecida nos cães, como por exemplo o fipronil, imidacloprida, nitempiram e selamectina (KAHN, 2008). O tempo de permanência destes produtos é de três a quatro semanas e são facilmente aplicados através da técnica de pour on, o que confere a eles uma grande eficácia (MORAILLON et al., 2013). Há evidências que o fipronil apresenta um efeito aniquilador no parasita extremamente rápido, antes que as pulgas tenham tempo de se alimentar (TAYLOR, COOP, WALL; 2017).

Em geral, os sprays contêm piretrinas e piretroides com um regulador ou sinergista do crescimento de insetos. Geralmente, a eficácia destes produtos dura entre 48 a 72 horas, porém tem como vantagem a baixa toxicidade e atividade repelente, fundamental nos casos de DAPP (KUHL e GREEK, 2010).

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Além da supressão de pulgas no animal, faz-se necessário e é de fundamental importância a utilização de produtos para a eliminação de pulgas, larvas e pupas localizadas no ambiente, pois é onde ocorre os principais estágios do ciclo de larvas e ovos (GRIFFIN, 2008). Para esta prática, utiliza-se principalmente adulticidas (ex: permetrina) associados a inibidores de crescimento (metopreno, fenoxicarbe) sob a forma de aerossóis ou pulverizadores, após a limpeza e aspiração da poeira no chão dos locais a serem limpos (MORAILLON et al., 2013).

Para uma efetiva modificação da resposta alérgica do hospedeiro, é necessário o uso de corticoterapia para que seja controlado o prurido e a dermopatia secundária do animal hipersensível.

O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP), em um canino, macho, sem raça definida, de 6 anos de idade, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul.

3.2.2 Metodologia

Durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Vetmax Clínica Veterinária situada na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul, foi atendido um paciente canino, macho, SRD, com aproximadamente 6 anos de idade, pesando 7 kg.

Segundo a tutora, há aproximadamente seis meses o animal havia começado a apresentar queda de pelos e bastante prurido ao longo do dia. O cão já havia realizado tratamento com outro médico veterinário, porém o resultado não se mostrou satisfatório, ocorrendo o agravamento do quadro. O paciente era alimentado com ração e vivia em um canil nos fundos da casa junto com outro cão que havia começado a apresentar os mesmos sinais clínicos. Segundo relatos durante a anamnese, os moradores que conviviam com os cães não apresentaram lesões na pele.

Durante o exame físico, verificou-se os parâmetros fisiológicos que indicaram temperatura de 38,2°C, frequência cardíaca de 114 bpm e frequência respiratória

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de 32 mpm. Lesões alopécicas foram visualizadas nas regiões abdominal, dorso-lombar, na cauda e entre as orelhas, assim como hiperpigmentação. O animal apresentava numerosas pulgas.

Após o exame físico, foi feito o raspado de pele para a obtenção do exame parasitológico de pele, onde nada de anormal foi observado. Posteriormente, foi realizada a coleta de sangue para exames hematológicos, como o hemograma e perfil bioquímico (ALT e creatinina). Ambos se apresentaram dentro dos parâmetros de referência.

Diante da anamnese, exame físico e dos resultados dos exames laboratoriais, foi optado por realizar a eliminação das pulgas tanto do paciente, como do ambiente e do outro cão que também vive neste local.

A terapêutica instituída foi um comprimido de fluralaner (Bravecto®) via oral e o tratamento foi constituído também por predinisona na dose de 1mg/kg por via oral, a cada 24 horas por 10 dias. Para o ambiente, foi prescrito o uso de amitraz.

Sete dias após o início do tratamento, a tutora retornou com o cão e foi observado melhora no quadro do animal. Segundo a mesma, o prurido havia diminuído, assim como a presença de pulgas, porém ainda apresentava hiperpigmentação.

Após a consulta, foi solicitado que a proprietária retornasse com seu cão em 30 dias para reconsulta, especialmente se o quadro não fosse melhorado. Passado este período, a cliente telefonou para o veterinário e informou que os seus cães haviam melhorado, não apresentando mais os sinais clínicos iniciais anteriores ao tratamento, comprovando assim o diagnóstico terapêutico.

3.1.3 Resultados e Discussão

O prurido pode ser definido como a sensação que desencadeia a necessidade de coçar. Um animal com prurido pode manifestar-se através de diversos sintomas inespecíficos como lambedura, mastigação, o ato de roçar, retirada de pelos, irritabilidade e até mesmo apresentar-se agressivo. Como a pele autotraumatizada é semelhante em algumas doenças, as doenças cutâneas pruriginosas podem constituir um diagnóstico desafiador (IHRKE, 2008).

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A reação de hipersensibilidade para antígenos existentes na saliva da pulga predispõe a dermatite alérgica, podendo ser ocasionada com ou sem evidência de pulgas e/ou suas fezes (KUHL e GREEK, 2010). Segundo Kahn (2008), os cães que não apresentam pulgas e são expostos intermitentemente a picadas, desenvolvem reações imediatas em aproximadamente 15 minutos, ou retardadas entre 24 a 48 horas. Nestes casos, haverá grande quantidade de anticorpos circulantes IgE e IgC. Os caninos expostos de maneira contínua a picadas de pulga apresentam níveis baixos de anticorpos e em grau bastante reduzido e não apresentam reações cutâneas ou, caso haja reações, são bastante reduzidas. No entanto, em cães atópicos, apenas uma picada pode ser suficiente para provocar a reação alérgica (TAYLOR, COOP, WALL; 2017). No caso relatado, foi detectada a presença de pulgas em demasia em todo o corpo do paciente. O mesmo já estava em tratamento há aproximadamente seis meses, mas este não estava sendo benéfico e eficiente.

Vários antígenos foram identificados através da saliva de pulga, entre eles está o Cte f1. Pesquisas revelaram que há resposta da IgE a este antígeno em aproximadamente 80% dos cães alérgicos à pulga, tornando importante a participação desse alérgeno na patogênese da doença (GRIFFIN, 2008).

As lesões localizam-se nos locais de picada de pulga, portanto, a doença não se torna generalizada sem picadas generalizadas. As áreas mais comumente infestadas nos cães são o dorso, abdome ventral e face interna da coxa (TAYLOR, COOP, WALL; 2017). O envolvimento da base da cauda e da região dorsolombar mostrou-se altamente indicativo de diagnóstico de DAPP. Contudo, a parte caudal da coxa, virilha e abdome também são parasitados, porém com menos gravidade. Nos casos crônicos, ocorre a inflamação crônica e traumatismo induzido por prurido, podendo incluir alopecia, escoriações, pelos quebradiços ou secos, descamação, hiperpigmentação e liquenificação (GRIFFIN, 2008). No caso em estudo, o animal apresentou lesões alopécicas e descamação nas regiões abdominal, dorso-lombar, na cauda e entre as orelhas com a presença de hiperpigmentação.

Segundo Ihrke (2008), raspados de pele devem ser realizados para descartar outras afecções dermatológicas causadoras de prurido, como por exemplo a sarna demodécica, escabiose ou malassesíase. Testes como RAST e ELISA também podem ser realizados, porém suas precisões são variáveis e resultados

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falsopositivos, assim como falso-negativos são comuns (KUHL e GREEK, 2010). No caso em estudo foi realizado o exame parasitológico de pele, e nada de anormal foi observado. Porém, os testes de ELISA e RAST não foram realizados.

Alguns fatores devem ser considerados para o diagnóstico da DAPP, como anamnese, sinais clínicos, presença de pulgas ou fezes e resultados de testes intradérmicos. Porém, essa doença é possivelmente diagnosticada em animais com acentuado prurido que apresentam padrão típico de envolvimento da pulga (KAHN, 2008; GRIFFIN, 2008). A maioria dos casos relatados ocorre em animais maiores que um ano de idade e no final do verão, devido ao pico das populações das pulgas. Em geral, o diagnóstico é feito através da observação visual de pulgas no animal infestado (KAHN, 2008). O paciente do presente relato possuía a faixa etária condizente com a literatura, assim como a época de incidência, chegando para o atendimento durante o verão. O diagnóstico foi estabelecido através da anamnese, histórico e exame físico realizado no animal, estando em concordância com as indicações dos autores consultados.

O tratamento realizado foi baseado no controle dos ectoparasitas no paciente e no ambiente, como preconizado por Andrade (2016). Este controle deve ocorrer simultaneamente no paciente e ambiente, para que se previna uma futura contaminação. Na clínica, foi administrado um comprimido de fluralaner (Bravecto®) com duração de 3 meses, por via oral para o controle de ectoparasitas no animal. Segundo Taylor, Coop e Wall (2017), este fármaco pertence a uma nova classe de inseticidas (Isoxazolinas), é administrado por via oral e utilizado no controle de pulgas e carrapatos, em cães. Para o tratamento dos parasitas no ambiente, foi prescrito o uso de amitraz. Segundo Sartor, Michiko e Vamilton (2015), este fármaco é um composto formamidínico e possui ação de amplo espectro, utilizado como carrapaticida, pulicida, piolhicida e sarnicida em diferentes espécies.

Além do controle dos ectoparasitas no paciente e no ambiente, pode haver a necessidade de realizar a terapia com o uso de glicocorticoides a fim de controlar a inflamação e prurido associado. A terapêutica é instituída através da administração de prednisona, inicialmente na dosagem de 0,5 a 1mg/kg, SID, diminuindo a dosagem e utilizando a terapia em dias alternados até conseguir controlar o prurido, em doses mais baixas possíveis (ANDRADE, 2016; KAHN, 2008). Em concordância com a literatura estudada, foi feito o uso de predinisona na

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dose de 1mg/kg por via oral, a cada 24 horas por 10 dias, devido ao intenso prurido apresentado pelo paciente.

3.2.4 Conclusão

O eficiente controle das pulgas, tanto no ambiente como no hospedeiro são fundamentais para tratamento e prevenção da DAPP. Deve-se, sempre que possível, optar por um anti-pulgas de eficácia comprovada e, não menos importante, que esteja ao alcance financeiro do cliente. Faz-se necessário orientá-lo sobre a importância do controle e prevenção da doença que é bastante corriqueira na clínica médica de animais de companhia. Tendo em vista o fato de que muitos tutores não acreditam que as pulgas podem causar a doença, acabam tornando os animais mais suscetíveis as mesmas.

3.2.5 Referências

ANDRADE, S. F. Terapêutica dos processos alérgicos. In: _______. Manual de

terapêutica veterinária. 3ed. São Paulo: Roca, 2016. cap. 10, p. 244-246.

FERNANDES, Fernanda Boeira. Controle de Ctenocephalides spp. em cães

com dermatite alérgica à picada de pulga. 2014. 37 f. Monografia (Grau de

Médica Veterinária) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

GRIFFIN, E. C. Dermatite Alérgica à Pulga. In: BICHARD, S. J.; SHERDING. R. G. Manual Saunders de clínica de pequenos animais. 3ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 45, p. 482-489.

IHRKE, P. J. Prurido. In: STEPHEN, J. E.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina

interna veterinária: doenças do cão e do gato. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2008. cap. 9, p. 32-37.

KAHN, C. M. Sistema Tegumentar. In: _______. Manual Merck de veterinária. 9ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 602- 606.

KUHL, K. A.; GREEK J. S. Pulgas e seu controle. In: BARR, S. C.; BOWMAN, D. D. Doenças infecciosas e parasitárias em cães e gatos: consulta em 5

minutos. 1ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. cap. 78, p. 409-413.

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MORAILLON, R. et al. Manual Elsevier de Veterinária: diagnóstico e

tratamento de cães, gatos e animais exóticos. 7ed. Rio de Janeiro: Elsevier,

2013. p. 176-178.

SARTOR, I. F.; MICHIKO, S.; VAMILTON, A. S. Agentes empregados no controle de ectoparasitas. In: SPINOSA, H de S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M.

Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2015. cap. 47, p. 553-554.

TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Vetores artrópodes e ectoparasitas facultativos. In: _______. Parasitologia veterinária. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, cap. 17, p. 918-920.

VILLALOBOS, Wendie Oriana Roldán. Pesquisa de Dipylidium caninum em

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Monografia (Grau de Medicina Veterinária) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

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