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SELKIE – mobiliário residencial multifuncional para uso pessoal feminino

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCEEng – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

CURSO DE DESIGN – HABILITAÇÃO PRODUTO

ÉLEN BETSCH RUCHEL

SELKIE – MOBILIÁRIO RESIDENCIAL MULTIFUNCIONAL

PARA USO PESSOAL FEMININO

Ijuí – RS 2015

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ÉLEN BETSCH RUCHEL

SELKIE – MOBILIÁRIO RESIDENCIAL MULTIFUNCIONAL

PARA USO PESSOAL FEMININO

Monografia apresentada ao Curso de Design – Habilitação Produto da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção de Bacharel em Design, com habilitação em Design do Produto.

Orientador: Prof. José Paulo Medeiros da Silva

Ijuí – RS 2015

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Para Rafael S.

“Ângulos atraem o intelecto. Curvas falam ao coração”.

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Agradeço,

A Deus, por guiar os meus caminhos e colocar em minha vida as pessoas certas.

À minha família, em especial minha mãe Iná (in memoriam) e minha avó Idileta (in memoriam), meus anjos, mulheres de fibra e meus maiores exemplos.

Ao meu amor, Rafael, obrigada por cada incentivo, orientação, dedicação, pela capacidade de acreditar e investir em mim, obrigada por estar sempre ao meu lado. Ao professor e orientador José Paulo Medeiros, pela paciência e motivação, que tornaram o caminho possível para a conclusão deste projeto.

Aos meus amigos e colegas, pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas.

A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de mim, fazendo esta vitória e a vida ter mais sentido.

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RESUMO

O aumento do poder de consumo da população brasileira tem favorecido a ascensão da classe média, sendo essa a responsável por movimentar significativa parcela do setor de imóveis, indústria moveleira e o comércio de cosméticos, entre outros. Através da análise do perfil dos integrantes desta classe e dos seus hábitos de consumo, identificou-se um novo nicho de mercado a ser explorado, assim, este projeto teve como objetivo a criação de um mobiliário multifuncional residencial para uso pessoal voltado ao público feminino. Por meio de pesquisa bibliográfica, documental e de campo foi realizado um levantamento das tendências de mercado e como o design de móveis e o design de superfícies podem contribuir para o desenvolvimento do produto. A partir disso, realizou-se entrevistas com o público-alvo a fim de compreender as necessidades e estabelecer requisitos projetuais. O desenvolvimento do produto utilizou como referência a metodologia projetual de Bonsiepe (1986), realizando análises acerca dos produtos similares existentes no mercado e gerando alternativas viáveis. O projeto resultou em um mobiliário compacto, multifuncional e de baixo custo, que utiliza aplicações na superfície do móvel que permitem inúmeros desenhos e materiais que o torna adaptável a diversos estilos e ambientes.

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ABSTRACT

The increase in the population purchasing power has favored the rise of the middle class, which is the responsible for moving the real estate sector, furniture industry and the cosmetics trade, among others in the country. Through the analysis of the profile of the members of this class and their spending habits, we identified a new niche market to be explored, so this project aims to create a multifunctional residential furniture for personal use back at women. Through bibliographical research, documentary and field was a survey of market trends and how the furniture design and surface design could contribute to the development of the product. From this it was held interviews with the target audience in order to understand the needs and establish projective requirements. The development of the product used as reference architectural design methodology Bonsiepe (1986) by performing similar analysis on existing products on the market and generating viable alternatives. The design resulted in a compact furniture, multifunctional, low cost, applications that uses the moving surface that allow numerous designs and materials which makes it adaptable to many environments and styles.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC – Associação Brasileira de Cerâmica

ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos ABIMOVEL – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento CBC – Comitê Brasileiro de Cores

CECAL – Centro de Estudos da Cor para a América Latina CEF – Caixa Econômica Federal

EBC – Empresa Brasil de Comunicação S/A

FECOMÉRCIO/SP – Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo do Estado de São Paulo

FIMMA – Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira

ICSID – Conselho Internacional das Organizações de Design Industrial IEA – Associação Internacional de Ergonomia

IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial LED – Light Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz)

MDF – Medium Density Fiberboard (Painel de Fibras de Média Densidade) MDP – Medium Density Particleboard (Painel de Partículas de Média Densidade) MOVERGS – Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul PVC – Policloreto de Vinila

REMADE – Revista da Madeira

SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República SEBRAE – Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

UNB – Universidade de Brasília UV – Ultravioleta

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cozinha (marca Itatiaia) ... 20

Figura 2: Conjunto de espelho e aparador ... 200 Figura 3: Cozinha sob medida ... 211 Figura 4: Móveis para escritório ... 211 Figura 5: Mesa para café da manhã, escrivaninha e de jogos... 23

Figura 6: Cômoda-escrivaninha ... 233 Figura 7: Sofá-cama... 244 Figura 8: Cozinha compacta (PIA) ... 24

Figura 9: Boudoir ... 25

Figura 10: Mesinha para trabalhos ... 26

Figura 11: Mesa para trabalho ... 266 Figura 12: Mesa secretária (Bureau) ... 27

Figura 13: Penteadeira ... 27

Figura 14: Cadeira de balanço de madeira ... 28

Figura 15: Poltrona com puff estofados para amamentação... 28

Figura 16: Módulo, por Evelise Rüthschilling ... 31

Figura 17: Rapport ... 31

Figura 18: Design de superfície na moda ... 32

Figura 19: Design de superfície em embalagem de presente e capa de caderno ... 33

Figura 20: Painel de cerâmica (Cobogó) ... 33

Figura 21: Azulejo linha Deluxe (marca Decortiles) ... 34

Figura 22: Bancos “ressaquinha”, Maurício Azeredo (1988) ... 34

Figura 23: Móvel projetado pelo laboratório de design da UNB ... 35

Figura 24: Cômoda com gavetas com a técnica de decoupage ... 35

Figura 25: Cadeira com decoupage ... 36

Figura 26: Móveis “tatuados” com impressão digital ... 36

Figura 27: Aparador com portas em impressão digital ... 37

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Figura 29: Cartela de cores 2015 – CBC/CECAL ... 39

Figura 30: Linha Real Color da empresa Formica ... 40

Figura 31: Lousa collection ... 41

Figura 32: Revestimento amadeirado tridimensional ... 41

Figura 33: Revestimento cerâmico tridimensional ... 42

Figura 34: Parede revestida com painel de madeira ... 42

Figura 35: Revestimento em ladrilho hidráulico ... 43

Figura 36: Mesa ... 44

Figura 37: Painel MDF decorativo ... 44

Figura 38: Aparador com portas usinadas ... 45

Figura 39: Aparador produzido com impressão 3D ... 45

Figura 40: Kangaroo ... 46

Figura 41: Painel semântico das tradições recriadas ... 47

Figura 42: Painel semântico do estilo sensualidade vibrante ... 488 Figura 43: Painel semântico do estilo experiência/transformação ... 49

Figura 44: Recomendações para o dimensionamento de posto de trabalho – postura sentada . 51 Figura 45: Dimensões adequadas para assentos ... 52

Figura 46: Alturas recomendadas para superfícies horizontais de trabalho em pé ... 53

Figura 47: Medidas da mulher do percentil 99 ... 53

Figura 48: Medidas da mulher do percentil 50 ... 54

Figura 49: Medidas da mulher do percentil 1 ... 55

Figura 50: Esquema harmônico ... 56

Figura 51: Esquema contrastante ... 566

Figura 52: Círculo cromático ... 57

Figura 53: Iluminação geral e localizada ... 58

Figura 54: Estado civil ... 61

Figura 55: Número de moradores da residência ... 61

Figura 56: Número de mulheres na mesma residência ... 62

Figura 57: Mobiliário especifico para armazenar produtos de beleza ... 62

Figura 58: Mobiliário que exerce função de armazenar produtos de beleza ... 63

Figura 59: Localização do móvel na residência ... 63

Figura 60: Forma de aquisição do móvel ... 64

Figura 61: Cor do móvel ... 64

Figura 62: Cor desejada ... 65

Figura 63: Acessórios desejados no móvel... 65

Figura 64: Tempo para cuidados pessoais ... 66

Figura 65: Ordem dos cuidados pessoais ... 66

Figura 66: Benefícios percebidos no móvel ... 67

(10)

Figura 68: Móvel A - Justin escrivaninha/penteadeira ... Erro! Indicador não definido.68

Figura 69: Móvel B - Patchflower escrivaninha/penteadeira ... 69

Figura 70: Móvel C - Penteadeira Berlim ... 69

Figura 71: Móvel D - Penteadeira Fineali ... 70

Figura 72: Móvel E - Penteadeira Ava Gardner ... 71

Figura 73: Móvel F - Penteadeira-Camarim Cyrus ... 71

Figura 74: Painel semântico 1 ... 75

Figura 75: Painel semântico 2 ... 76

Figura 76: Alternativa 1 ... 77

Figura 77: Alternativa 2 ... 78

Figura 78: Alternativa 3 ... 79

Figura 79: Alternativa 4 ... 80

Figura 80: Detalhe da alternativa 4... 80

Figura 81: Ilustração da alternativa escolhida – Tampo aberto ... 81

Figura 82: Ilustração da alternativa escolhida - Tampo fechado ... 82

Figura 83: Aplicações ... 82

Figura 84: Pistão e dobradiças para móveis ... 83

Figura 85: Sistema click ... 83

Figura 86: Barra de LED com sensor de movimento ... 84

Figura 87: Detalhe tampo ... 84

Figura 88: Prateleiras laterais em vidro ... 85

Figura 89: Banqueta ... 85

Figura 90: Kit SELKIE-Romance ... 86

Figura 91: Kit SELKIE - Deco ... Erro! Indicador não definido.86 Figura 92: Kit SELKIE-Glam... Erro! Indicador não definido.87 Figura 93: Pastilha de imã de neodímio ... 87

Figura 94: Vista frontal do protótipo ... 88

Figura 95: Detalhes do produto ... 88

Figura 96: Protótipo - Banqueta ... 89

Figura 97: Modelo Kit Romance ... 89

Figura 98: Modelo Kit Deco ... 90

Figura 99: Modelo Kit Glam ... 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Informações do móvel A ... 68

Quadro 2: Informações do móvel B ... 69

Quadro 3: Informações do móvel C ... 70

Quadro 4: Informações do móvel D ... 70

Quadro 5: Informações do móvel E ... 71

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Análise estrutural ... 72

Tabela 2: Análise funcional ... 73

Tabela 3: Análise morfológica ... 73

Tabela 4: Hierarquização dos requisitos ... 74

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 14 1.2 OBJETIVOS ... 15 1.2.1 Objetivo Geral ... 15 1.2.2 Objetivos Específicos ... 15 1.3 JUSTIFICATIVA ... 15 1.4 DELIMITAÇÃO ... 17 1.5 ESTRUTURAÇÃO ... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 19 2.1 DESIGN DE MÓVEIS ... 19 2.1.1 Mobiliário Multifuncional ... 22 2.1.2 Mobiliário Feminino ... 25 2.2 DESIGN DE SUPERFÍCIE ... 29

2.2.1 Design de Superfície no Mobiliário ... 34

2.3 TENDÊNCIAS ... 37 2.3.1 Cores ... 37 2.3.2 Materiais ... 40 2.3.3 Revestimentos ... 41 2.3.4 Tecnologias ... 43 2.3.5 Acessórios ... 46 2.3.6 Estilos ... 47 2.4 ERGONOMIA ... 49 2.4.1 Medidas Antropométricas ... 51 2.4.2 Cor na Ergonomia ... 55 2.4.3 Iluminação ... 57 3 METODOLOGIA ... 59 4 RESULTADOS ... 60 4.1 PESQUISA DE CAMPO ... 60 4.1.1 Estado Civil ... 60

4.1.2 Número de Moradores da Residência ... 61

4.1.3 Número de Mulheres na mesma Residência ... 61

4.1.4 Mobiliário Específico para Armazenar Produtos de Beleza ... 62

(14)

4.1.6 Localização do Móvel na Residência ... 63

4.1.7 Forma de Aquisição do Móvel ... 63

4.1.8 Cor do Móvel ... 64

4.1.9 Cor Desejada ... 64

4.1.10 Compartimentos Especiais para cada Tipo de Produto ... 65

4.1.11 Espaço Adequado para Armazenar seus Produtos de Beleza ... 65

4.1.12 Acessórios Desejados no Móvel ... 65

4.1.13 Tempo para Cuidados Pessoais ... 66

4.1.14 Ordem dos Cuidados Pessoais ... 66

4.1.15 Benefícios Percebidos no Móvel ... 66

4.1.16 Significado deste Móvel ... 67

4.2 ANÁLISE DE PRODUTOS EXISTENTES ... 67

4.2.1 Análise Estrutural ... 72

4.2.2 Análise Funcional ... 72

4.2.3 Análise Morfológica ... 73

4.3 DEFINIÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DE REQUISITOS ... 73

4.4 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ... 76 4.4.1 Escolha da Alternativa ... 80 4.5 DETALHAMENTO DO PROJETO ... 81 4.5.1 Memorial Descritivo ... 81 4.5.2 Protótipo ... 86 4.5.3 Desenhos Técnicos ... 90 5 CONCLUSÃO ... 91 6 REFERÊNCIAS ... 92 7 APÊNDICES ... 99

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A atual situação socioeconômica do país favoreceu a ascensão da classe média na última década. Dados da SAE (2012) revelam que a classe média brasileira é formada por pessoas que migraram da classe D para a C, contemplando mais da metade da população. A maioria (55%) é jovem, na faixa dos 18 aos 30 anos de idade, sendo a mulher, a protagonista deste grupo.

A SAE (2012) apresenta também que os indivíduos integrantes da classe média obtiveram um aumento do poder de consumo, por consequência do acréscimo das ofertas de emprego, reajustes no salário mínimo, acesso ao crédito e programas sociais. Esta classe tem se destacado como um grande consumidor de bens e serviços. Segundo pesquisa da FECOMÉRCIO/SP (2014) há uma projeção de que a classe média seja responsável por um consumo equivalente ao somatório das classes A e B no ano de 2015.

Os principais investimentos desta classe têm sido em habitações, devido aos benefícios governamentais. Segundo dados da EBC (2012), o lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida em 2009 pelo governo federal, viabilizou a construção de 2 milhões de moradias em todo o país, ofertando um perfil de residência compacta.

Outro programa que favoreceu os integrantes da classe média é o Programa Minha Casa Melhor, lançado em 2013, ofertando uma linha de crédito destinada aos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida, tendo como objetivo facilitar a aquisição de móveis e eletrodomésticos. Segundo dados da CEF (2015), operadora do referido programa, já foram disponibilizados cerca de R$ 2 bilhões e mais de 400 mil famílias foram atendidas com a linha de crédito.

Como consequência destes incentivos governamentais abre-se, atualmente, um importante espaço para o setor moveleiro como um próximo passo deste processo de empoderamento econômico da classe C. Assim, torna-se vital a necessidade de adaptação do setor moveleiro, para absorver positivamente esta parcela de crescimento.

A pesquisa do “Comportamento de Compra dos Consumidores de Móveis no Brasil” do IEMI e da MOVERGS (2013) revelou que 67% dos consumidores pertencem à classe média. Para muitos destes consumidores a compra do mobiliário é a primeira, por se tratar da primeira casa. Os ambientes da sala e do dormitório são priorizados nas intenções de aquisição de mobília e eletrodomésticos. É de se destacar que a venda no varejo de móveis

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obteve um crescimento de 11,3% no ano de 2014. Segundo pesquisa da MOVERGS (2014) foram produzidos neste mesmo ano cerca de 42,9 bilhões de produtos, segundo informações da ABIMOVEL (2014).

Um percentual significativo dessas compras é realizado através do comércio eletrônico, também denominado o e-commerce. Segundo dados da E-BIT (2014), consultoria de comércio eletrônico, o e-commerce obteve um crescimento de cerca de 24% e realizou em torno de 35,8 bilhões de vendas em 2014. Tendo em vista que o comércio eletrônico é uma realidade em ascensão, onde uma parcela considerável das intenções de compra perpassa esta modalidade negocial, a internet se torna uma importante ferramenta fomentadora do comércio de mobiliário.

Avaliando o panorama socioeconômico que se desenhou ao longo dos últimos anos, evidenciou-se a necessidade de desenvolver uma proposta de mobiliário residencial multifuncional direcionado ao público feminino. Este móvel terá como objetivo o uso pessoal, atendendo as necessidades de um público consumidor em pleno desenvolvimento.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma proposta de mobiliário residencial multifuncional direcionado ao público feminino.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Levantar o perfil de consumo do público feminino, buscando definir suas necessidades.

- Pesquisar o espaço interno das residências populares.

- Estudar as possibilidades de aplicação do design de superfície no mobiliário. - Investigar as tendências para mobiliário residencial.

1.3 JUSTIFICATIVA

O público feminino tem se destacado como protagonista na ascensão da classe média brasileira. As mulheres estão mais escolarizadas, contribuem com a renda familiar e

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assumiram o controle da casa (DATA POPULAR, 2014). São elas as responsáveis por 90% das decisões de consumo da família (FOLHA DE SÃO PAULO, 2014).

Neste contexto, a ABIHPEC (2015) apresenta o estudo do comportamento de consumo da classe C, em especial das mulheres, revelando novos hábitos de consumo:

- consumo fundamentado: aquele que necessita de uma motivação, um propósito, buscando produtos e serviços que proporcionem maior qualidade de vida e reduzam o estresse;

- consumo compensatório: os indivíduos da classe média estão preocupados com suas aparências e estão valorizando mais a vaidade e a autoestima, buscando a compensação pelo tempo que não tiveram acesso a certos produtos e serviços; - consumo hedonista: este comportamento apresenta um público que investe para se

manter em um alto nível sociocultural; procuram por artigos de luxo em todos os aspectos, inclusive em produtos personalizados e exclusivos.

Em consequência destes novos hábitos, o setor de cosméticos é outro que vem se beneficiando neste cenário, com um crescimento de cerca de 10% ao ano, o Brasil é o terceiro maior país consumidor. Diversos fatores contribuem para crescimento do setor, destacando entre eles: o comportamento dos novos integrantes da classe C, que passaram a consumir produtos com maior valor agregado; a participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho; e o aumento da expectativa de vida, o que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude (ABIHPEC, 2014).

Uma pesquisa recente publicada pela Canadean (2014), empresa especializada em pesquisas de mercado, mostrou que o mercado de beleza e produtos cosméticos brasileiros está em pleno crescimento e se manteve firme nos últimos anos; até 2018, o mercado da maquiagem deve movimentar mais de R$ 18 bilhões.

De acordo com a mesma empresa, os consumidores dos produtos de beleza no Brasil são mulheres com idade entre 16 a 34 anos, sendo responsáveis por 40% do consumo no setor. Elas acompanham as tendências em moda e mudam de aparência com frequência, sempre seguindo as novidades de mercado.

Boa parte destas aquisições é realizada por meio do comércio eletrônico. Segundo dados da E-BIT (2014), a previsão do faturamento em e-commerce é de R$ 43 bilhões, 20% maior que o último ano. Entre a categoria de mais vendidos os destaques são para os cosméticos, perfumaria, cuidados pessoais e saúde (15%) e casa e decoração (7%).

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Tais dados expõem um novo setor a ser explorado, o setor de mobiliário residencial direcionado ao público feminino, introduzindo um produto que irá atender a uma necessidade latente, qual seja, de ofertar um móvel multifuncional para acondicionamento de cosméticos, produto este, que se revela carente de opções que se adequem ao novo estilo das moradias populares.

1.4 DELIMITAÇÃO

A proposta de desenvolvimento do mobiliário residencial é direcionada ao público feminino com idade entre 15 a 50 anos, com foco para o uso pessoal. Dentre os requisitos projetuais, é levado em consideração o baixo custo de produção e comercialização, enquadrando-se em uma classe de consumo específica, a classe C.

Este estudo tem como objetivo o desenvolvimento de produto que propõe uma estética multifuncional e compacta para acondicionar cosméticos, possibilitando a customização, sendo este, um produto em acordo com as necessidades identificadas neste público-alvo.

1.5 ESTRUTURAÇÃO

A estrutura deste trabalho está organizada e desenvolvida em cinco capítulos. O primeiro capítulo contextualiza a temática, os objetivos gerais e específicos do estudo e uma análise sobre o panorama socioeconômico do Brasil, seus efeitos sobre os diversos setores do mercado com destaque no setor moveleiro e de cosméticos.

O segundo capítulo é constituído pela fundamentação teórica, iniciando com uma abordagem sobre o design de mobiliário, o conceito de mobiliário multifuncional e móveis específicos para o público feminino, através de perspectiva histórica, com ênfase no mobiliário contemporâneo. É tratado na sequência, o design de superfície, seus conceitos e utilizações, seguidos de apontamentos acerca da ergonomia e suas aplicações no projeto de produto. E, por fim, é realizado um estudo sobre tendências, analisando e conceituando os fatores nela envolvidos.

No terceiro capítulo expõe-se a metodologia aplicada na pesquisa, a técnica, o tipo de pesquisa realizada e os participantes. No quarto capítulo são apresentados os resultados da pesquisa com o público consumidor, análises acerca dos produtos similares, geração de alternativas, memorial descritivo e protótipo.

(19)

No quinto capítulo, concluindo o trabalho, apresenta-se a discussão dos resultados obtidos, considerações finais e recomendações para trabalhos futuros, referências bibliográficas e apêndices.

(20)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DESIGN DE MÓVEIS

A palavra design tem sua origem do latim, Designare, que significa projetar, atribuir e conceber (CARDOSO, 2008). O design pode ser utilizado em inúmeros contextos e aplicado de diversas formas, no presente trabalho, a abordagem é direcionada ao design de produtos, com ênfase ao design de móveis. Por sua vez, o ICSID (2015) apresenta a seguinte definição:

O design é uma atividade criativa cujo alvo é o de estabelecer as qualidades multifacetadas dos objetos, dos processos, dos serviços e dos seus sistemas de vida em ciclos completos. Consequentemente, o design é o fator central da humanização e da inovação das tecnologias e o fator crucial da troca cultural e econômica.

Nesta definição adotada, o design está relacionado à configuração de produtos, processos, serviços e seus sistemas, não apenas quando se trata de produção em série. Essa configuração é o resultado da análise de múltiplos aspectos dentro do contexto do projeto, buscando o equilíbrio entre a tecnologia, a sustentabilidade, a viabilidade econômica e a diversidade cultural e social.

Neste contexto, destaca-se a expansão da atuação do design, envolvendo diversas especialidades como: design de móveis, design de moda, design de ambientes, design gráfico, design de serviços e design de produtos, entre outras.

Segundo Barroso (2007), o design de móveis é responsável pela criação de produtos para a indústria moveleira, desempenhando papel cada vez mais importante neste setor, estabelecendo diferenciais nos produtos fabricados, não apenas em relação aos aspectos estéticos, mas também no que diz respeito à funcionalidade. Para Fiorin (2013), o design é o elemento fundamental, responsável pelo desenvolvimento das indústrias do setor, agregando identidade e personalidade aos produtos e às empresas.

A indústria moveleira, setor tradicional da economia, pode ser classificada através da matéria-prima em que os móveis são confeccionados (madeira, metal, plástico e estofados) e também de acordo com as categorias de uso, sendo eles, residencial, escritório e institucional (BNDES, 2007).

Representando 60% do faturamento total do setor moveleiro, os móveis residenciais ocupam a maior parcela da produção moveleira no Brasil (DEVIDES, 2006). Eles podem ser

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subdivididos em: móveis retilíneos seriados, móveis torneados seriados e móveis sob medida (BNDES, 2007).

Os móveis retilíneos são lisos e sem complexidade no acabamento, tendo como público-alvo a classe média, ofertando mobiliário para ambientes da cozinha e quarto (Figura 1).

Figura 1: Cozinha (marca Itatiaia)

Fonte: Nossa Casa Móveis (2015).

Os torneados são caracterizados por móveis mais sofisticados, utilizando muitas vezes apenas madeira maciça (Figura 2).

Figura 2: Conjunto de espelho e aparador

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Quando um móvel é feito sob medida, ele é produzido na medida exata do ambiente, esta modalidade atende principalmente ao mercado doméstico (REMADE, 2009). A Figura 3 ilustra uma cozinha sob medida.

Figura 3: Cozinha sob medida

Fonte: Clique Moda (2015).

Por sua vez, os móveis destinados ao uso em escritórios (Figura 4) podem ser subdivididos em móveis para escritório seriados e móveis sob medida. Tais móveis podem conter em suas estruturas matéria-prima metálica e peças plásticas. O processo produtivo dos móveis para escritório é considerado mais complexo, pois envolvem diversas etapas, como marcenaria, metalurgia, injeção de plásticos, tapeçaria, acabamentos, montagem e embalagem (REMADE, 2009).

Figura 4: Móveis para escritório

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Os mobiliários institucionais consistem em móveis escolares, móveis médico-hospitalares, de lazer e móveis para restaurantes, hotéis e similares. Esse é um segmento com uma variedade grande de produtos.

Avaliando as categorias do setor moveleiro, identifica-se uma carência no que diz respeito a um mobiliário que atenda às características do público feminino, classificado dentro do setor de móveis retilíneos seriados. Logo, a proposta deste estudo é o desenvolvimento de um móvel que atenda a este setor, ofertando um produto para o uso residencial.

2.1.1 Mobiliário Multifuncional

Um mobiliário multifuncional é todo aquele móvel que permite diversas funções, sendo empregado para demais finalidades, aproveitando os espaços de forma inteligente, (RAMOS; PÁDUA, 2012). Esta proposta de produto vem de encontro à realidade das moradias.

O novo conceito de moradias entregues pela construção civil nos últimos cinco anos, no Brasil, tem apresentado ambientes com metragens cada vez menores, exibindo um modelo habitacional altamente restritivo e limitado (EMOBILE, 2014).

Soares e Nascimento (2008, p. 71) alertam para o fato de que:

Seguindo essa tendência de espaços menores, o mobiliário teve que adaptar-se às necessidades do ambiente e diminuíram de tamanho. Os móveis para esse tipo de moradia devem apresentar conceitos como praticidade e multifuncionalidade para o aproveitamento do pouco espaço disponível. Porém, o fator espaço reduzido aliado à falta de móveis adequados podem comprometer o uso dos espaços e objetos, restando ao morador a tarefa de reorganizar esses espaços conforme suas necessidades e condições.

Logo, a WGSN (2014), uma das principais empresas de previsão de tendências do mundo, afirma que os móveis multifuncionais seriam uma solução para essa problemática, obtendo destaque dentre os demais seriados e orientando a indústria moveleira a essa realidade.

Os primeiros exemplares de mobiliários multifuncionais apresentavam características “metamórficas” (Figura 5), ou seja, a mobília geralmente possuía algum dispositivo mecânico (ferragens) que a tornava ajustável ou ativava dupla função, conforme apresenta Mallalieu (1999).

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Figura 5: Mesa para café da manhã, escrivaninha e de jogos

Fonte: Mallalieu (1999, p. 64).

Atualmente, alguns modelos encontrados no mercado de móveis reproduzem estes atributos através do uso de ferragens e dispositivos (Figura 6).

Figura 6: Cômoda-escrivaninha

Fonte: Magazine Luiza (2015).

O sofá-cama, mobiliário muito presente no nosso cotidiano, também apresenta as características de multifuncionalidade. Ele se popularizou na era moderna, em 1899, pelo criador Leonard C. Bailey, patenteada como a primeira “cama dobrável” (SLUBY, 2004). Atualmente existem diversas opções deste móvel, todas com o mesmo objetivo, a economia de espaço. A Figura 7 apresenta um modelo de sofá-cama com estilo contemporâneo.

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Figura 7: Sofá-cama

Fonte: Oppa Design (2015).

Apresentada pela empresa croata Dizzconcept by Inkea, a Cozinha Pop up – PIA (Figura 8) é projetada principalmente para pequenos apartamentos ou escritórios. Sua área de aplicação é muito ampla, além dos apartamentos para solteiros ou escritórios, sendo bem aceito também por pessoas idosas. Este modelo apresenta cores vibrantes, caracterizando estética lúdica. O conceito PIA enfatiza a capacidade de poupar espaços, ocupa apenas 1,6 m2 para alocar este gabinete de duas portas com televisão, que se abre para uma cozinha totalmente funcional.

Figura 8: Cozinha compacta (PIA)

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A partir dos modelos apresentados é possível concluir que a multifuncionalidade pode ser percebida em um único móvel e também é capaz de contemplar o ambiente por completo. Logo, a proposta a ser desenvolvida no presente trabalho pretende utilizar a multifuncionalidade como solução para a adaptação aos pequenos espaços, através de sistemas que favoreçam a relação do usuário com o produto.

2.1.2 Mobiliário Feminino

Como o presente trabalho pretende desenvolver uma proposta de mobiliário exclusivo para o uso feminino, móvel este que possua características específicas que atendam às necessidades das mulheres, identificou-se a necessidade de um levantamento destes, através de uma perspectiva histórica, com ênfase no mobiliário contemporâneo.

Portanto, os registros de mobiliário de uso exclusivo para mulheres iniciam-se através da análise dos ambientes essencialmente femininos. Na França, no século XV, as residências da burguesia da época eram compostas por um cômodo específico, reservado para o uso feminino, conhecido como Boudoir (MALTA, 2014). Segundo a autora, o Boudoir, ambiente íntimo, era composto por: secretária (mesa para trabalhos), penteadeira (onde armazenavam os utensílios pessoais), leito com muitas almofadas, biblioteca enxuta e duas cadeiras. As características dos móveis e decoração eram de formas delicadas e pequenas.

A Figura 9 apresenta um modelo atual do ambiente, composto por: penteadeira, cômoda, poltrona/puff e cabideiro para roupas.

Figura 9: Boudoir

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A partir da análise desse ambiente doméstico destacaram-se os seguintes mobiliários que possuem como usuários principais o público feminino:

- Mesa para trabalhos

No Brasil, por volta de 1920, o mobiliário de destaque é a mesinha para trabalhos, também conhecida como Bureau, utilizada para múltiplas tarefas (CARVALHO, 2008) (Figura 10).

Figura 10: Mesinha para trabalhos

Fonte: Carvalho (2008, p. 287).

Atualmente encontram-se disponíveis no mercado, modelos inspirados no original (Figuras 11 e 12).

Figura 11: Mesa para trabalho

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Figura 12: Mesa secretária (Bureau)

Fonte: Archiproduts (2015).

- Penteadeira

A penteadeira é considerada um objeto de desejo feminino, é nela que a mulher encontra sua privacidade, bem-estar e autoestima. Este móvel é constituído por espelho, gavetas e muitas vezes acompanhado de um banco (Figura 13).

Figura 13: Penteadeira

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- Poltrona de amamentação

Outro mobiliário que assumiu função exclusivamente realizada por mulheres foi a poltrona de amamentação. O momento de maior ligação e cumplicidade entre a mãe e seu bebê é a amamentação e, para isso, exige um móvel que proporcione conforto e segurança para as usuárias no momento da atividade. O mercado oferta diversos modelos, desde uma cadeira de balanço com formas simples, poltronas com estofamento e elevação para pernas (Figuras 14 e 15).

Figura 14: Cadeira de balanço de madeira

Fonte: Mundo das Tribos (2015).

Figura 15: Poltrona com puff estofados para amamentação

Fonte: Mobly (2015).

Frascara (2004) apresenta que os objetos “são uma extensão de nós mesmos, uma visualização do invisível, um autorretrato, uma maneira de nos apresentarmos aos demais [...] uma dimensão essencial da humanidade”. É neste contexto que a proposta do mobiliário pretende ser desenvolvida no presente trabalho, proporcionando ao público feminino um

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objeto que caracterize a feminilidade e que materialize os desejos e as necessidades, sendo referência para a autoestima e o bem-estar para os usuários.

2.2 DESIGN DE SUPERFÍCIE

Conforme Rubim (2004), responsável pela introdução da expressão Design de Superfícies no Brasil, o termo tem sua origem nos Estados Unidos, conhecido como Surface Design. A definição é apresentada por Rüthschilling (2008, p. 23):

Design de superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação e

desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao contexto sociocultural e às diferentes necessidades e processos produtivos.

O design de superfícies atribui uma nova função para o revestimento dos produtos, além do objetivo de proteção e acabamento, se tornou um meio de comunicação com o interior e exterior do mesmo, através da utilização de signos como, por exemplo, texturas e cores.

É por meio do desenho que é constituída a representação de um projeto de design de superfície. Logo, Wong (2010) apresenta os elementos fundamentais do desenho utilizados no design de superfície, responsáveis pela composição da proposta. Estes elementos estão classificados em quatro grupos: conceituais, visuais, relacionais e práticos.

Elementos conceituais: compreendem o que não é visível, sendo o ponto o elemento

mais simples, indicador de uma posição; a linha é uma sequência de pontos, que representa o movimento do ponto ou a ligação de dois pontos; o plano é formado pelo agrupamento de linhas, sendo também o caminho percorrido pela linha em movimento, podendo construir uma forma; e o volume é o percurso do plano em movimento, toda forma que possui profundidade tem volume.

Elementos visuais: quando os elementos conceituais se tornam visíveis, são

chamados visuais, eles têm formato, tamanho, cor e textura. Elementos visuais formam a parte relevante de um desenho, porque são aquilo que podemos ver de fato (WONG, 1998). Os elementos visuais são compostos pelo formato, aquilo que pode ser visualizado; o tamanho é a dimensão física ou visual, podendo ser mensurado através de medidas de comprimento, largura e profundidade; a cor é um dos elementos mais importantes, pois está em todo lugar e

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é responsável por distinguir os formatos; e a textura que se refere às características da superfície do formato, é identificada através do tato ou da visão.

Elementos relacionais: são responsáveis por estabelecer as inter-relações e

localização das formas de uma composição, são eles: a direção, que será definida a partir da forma como está relacionada com o observador; a posição; o espaço que pode ser preenchido ou vazio e gravidade são os elementos, percebidos e sentidos.

Elementos práticos: são os que falam acerca do conteúdo do desenho (SILVA, 2008): a) representação: se dá quando um formato é fruto do mundo elaborado pelo homem

ou da natureza;

b) significado: ocorre quando uma mensagem é transmitida, por meio do desenho; c) função: se faz presente quando o desenho atende a um propósito específico.

Do conceitual ao prático, os elementos do design possuem características próprias, cabendo ao designer, profissional da área, analisar e aplicá-los da melhor forma à sua representação visual, seja um objeto, processos, serviços e seus sistemas.

Wong (1988) apresenta além dos quatro elementos de desenho, a moldura de referência, a forma e a estrutura. A moldura de referência é o espaço no qual os demais elementos estão dispostos. Os elementos visuais em conjunto constituem a forma, que “não é apenas uma figura que é vista, mas um formato de tamanho, cor e textura definidos. A maneira como a forma é criada, construída e organizada em conjunto com outras formas é frequente governada por certa disciplina à qual chamamos estrutura” (WONG, 2010, p. 44).

O design de superfície utiliza uma linguagem técnica específica, essas terminologias contribuem para melhor entendimento da área, sendo elas:

a) estampa: é o desenho impresso sobre uma superfície através da técnica de

estampagem; a estampa pode ser corrida, que consiste na repetição do desenho através de uma rede ou a localizada é aquela que não se repete (SILVA, 2008);

b) estamparia: é a técnica de impressão de estampas sobre uma superfície;

c) layout: é o arranjo físico das ideias, onde elementos visuais são distribuídos em um

determinado suporte, orientando o desenvolvimento do produto (SILVA, 2008);

d) módulo: é a menor área, inclui todos os elementos visuais que constituem o

desenho. A composição visual dá-se em dois níveis: depende da organização dos elementos ou motivo dentro do módulo e de sua articulação entre os módulos, gerando o padrão, de acordo com a estrutura de repetição ou rapport (Figura 16) (RÜTHSCHILLING, 2008, p. 64).

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Figura 16: Módulo, por Evelise Rüthschilling

Fonte: Rüthschilling (2008, p. 64).

e) rapport: termo traduzido, tanto em inglês como em português, como Repeat ou

Repetição; usado para denominar um desenho em repetição, uma representação formada a partir de módulos (Figura 17) (RUBIM, 2004);

Figura 17: Rapport

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f) grid ou rede: é a estrutura utilizada para rebater os elementos idênticos na criação

de um desenho.

O design de superfície possibilita inúmeras aplicações, como apresenta Rüthschilling (2008), independente do material que é utilizado. As principais áreas de atuação são no setor: têxtil, papelaria e cerâmica.

O design de superfície na área têxtil atua no desenvolvimento de estampas para aplicação em tecidos, malharias, bordados e tricô, entre outros. A Figura 18 ilustra a aplicação na moda.

Figura 18: Design de superfície na moda

Fonte: Choco la Design (2015).

Na papelaria, o design de superfícies atua na elaboração de estampas e padronagens para embalagens, papel de parede, papel de presente, produtos descartáveis (como copos e guardanapos) e materiais para escritório (como capas de agendas e blocos). A Figura 19 ilustra a aplicação em papel de presente e capas de caderno.

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Figura 19: Design de superfície em embalagem de presente e capa de caderno

Fonte: Estampa Lovers (2015).

O design de superfície aplicado à cerâmica pode ser observado na produção de tijolos e telhas (cerâmica vermelha), azulejo e ladrilhos (revestimento) e em louças sanitárias de mesa que consistem a cerâmica branca, segundo classificação da ABC. Nesta área, o design de superfície não apresenta um projeto totalmente bidimensional, ou seja, o desenho é formado através da textura em relevo, seja ele alto ou baixo (RUBIM, 2004). Alguns exemplos das aplicações podem ser observados nas Figuras 20 e 21.

Figura 20: Painel de cerâmica (Cobogó)1

Fonte: Casa Cor (2015).

1O cobogó, criado em Recife e patenteado em 1929, tem seu nome composto das iniciais dos sobrenomes dos

três engenheiros que o idealizaram (Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis). Seus blocos vazados, inicialmente feitos de cimento, são atualmente encontrados em diversos materiais, como vidro, madeira, cerâmica e até porcelana (CÓRDULA, 2013).

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Figura 21: Azulejo linha Deluxe (marca Decortiles)

Fonte: Decortiles (2015).

2.2.1 Design de Superfície no Mobiliário

A aplicação do design de superfície na indústria moveleira pode ser identificada em algumas técnicas como: machetaria, decoupage, impressão digital, entre outras.

- Marchetaria

Esta arte utiliza a aplicação de fatias finas de materiais distintos (madeira, metais, pedras, plásticos, madrepérola, etc.) por meio da técnica incrustação (embutir), para formar desenhos nas superfícies plana de móveis. A marchetaria possibilita a construção de objetos tridimensionais, reciclagem de móveis, painéis decorativos, joias, esculturas, entre outros (Figuras 22 e 23) (RAMOND, 2000).

Figura 22: Bancos “ressaquinha”, Maurício Azeredo (1988)

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Figura 23: Móvel projetado pelo laboratório de design da UNB

Fonte: UNB (2015).

- Decoupage

O termo Decoupage vem do francês (découper), que significa para cortar, porém sua origem é italiana. A técnica é também conhecida como laca do homem pobre, pois aqueles que não tinham condições financeiras para contratar um artista para decorar suas mobílias utilizavam a colagem de gravuras sobrepostas à peça, dando acabamento com verniz ou da laca2 (STERBENZ, 2011). As Figuras 24 e 25 ilustram móveis com acabamento em decoupage.

Figura 24: Cômoda com gavetas com a técnica de decoupage

Fonte: Mania de Decoração (2015).

2Laca é uma denominação para pinturas que são capazes de selar superfícies. A pintura é feita com pistola de ar

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Figura 25: Cadeira com decoupage

Fonte: Tudoedimais (2015).

- Impressão digital

A técnica mais recente em impressão digital a qual utiliza tinta UV na impressão permite que seja feita a impressão em diversos materiais, tais como MDF3, PVC4, vidro e alumínio e não agride o meio ambiente, pois não possui toxinas encontradas nas tintas tradicionais à base de solventes prejudiciais. Sem a presença destas substâncias, é possível aplicar a tinta UV em superfícies flexíveis ou rígidas (Figuras 26 e 27) (SCHWALM, 2007).

Figura 26: Móveis “tatuados” com impressão digital

Fonte: Tule de Ló (2015).

3MDF – Medium Density Fiberboard ou Painel de fibras de Média Densidade (MASISA,2015)

4A sigla PVC significa Policloreto de Vinila, criado em 1930, é um plástico sintético e um dos mais antigos e

mais usados. Pode ser modificado conforme sua necessidade e reciclado por diversas vezes (SMITH; HASHEMI, 2012).

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Figura 27: Aparador com portas em impressão digital

Fonte: Desmobilia (2015).

A utilização de técnicas de design de superfície no mobiliário é um recurso para a diferenciação do produto no mercado. Logo, na proposta deste trabalho, pretende-se utilizar técnicas para trabalhar a superfície do móvel de maneira que permitam a customização e proporcione a exclusividade deste, atendendo às características de consumo da classe média.

2.3 TENDÊNCIAS

Para Kotler (1998), tendência é uma orientação ou um processo contínuo que acontece em um dado momento e que assegura durabilidade. Assim, o estudo de uma tendência de mercado é o fator fundamental para determinar o sucesso ou fracasso de um produto ou de uma empresa. As tendências podem ser renovadas, complementadas ou antecipadas, podendo satisfazer os desejos de um consumidor que ainda não tem consciência dessa necessidade.

Com o objetivo de acompanhar as modificações do cenário comercial, social e cultural se faz necessário analisar as tendências de materiais, cores, revestimentos, tecnologias e acessórios que estão à disposição na área de design de ambientes e móveis.

2.3.1 Cores

A cor é o estímulo que pode definir uma compra ou modificar o espaço em que é aplicada. Segundo Rubim (2004), a cor é responsável pela aceitação de um projeto, é ela que irá atrair ou repelir o usuário.

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A utilização adequada das cores de forma que atendam esteticamente as necessidades dos usuários assegura o sucesso do produto. Para isso, é necessário realizar um levantamento das preferências dos consumidores. Para isso optou-se por três fontes:

O Instituto de Pesquisa Data Popular (2015) apresenta que os tons sóbrios e tons pastéis são desejos da classe A. Quando se trata de tendências para a classe C estão mais próximos do estilo colorido da cultura popular.

O Instituto Pantone (2015) expõe as tendências em cores para este ano, marsala, considerada o destaque, possui tom de vinho terroso em homenagem ao vinho italiano com o mesmo nome. Sua aplicação varia em vestuário e acessórios à móveis e objetos de decoração. A Figura 28 ilustra a aplicação da cor marsala em um sofá.

Figura 28: Sofá em tom marsala – cor pantone 2015

Fonte: Brabbu (2015).

No Brasil, a referência mais importante é a cartela de harmonias da CBC e CECAL (2015), adotada por grande parte das empresas de tintas, revestimentos e tecidos para decoração, com influência direta sobre a indústria moveleira. As tendências são apresentadas em uma cartela com 37 tons (Figura 29).

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Figura 29: Cartela de cores 2015 – CBC/CECAL

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2.3.2 Materiais

As tendências em materiais analisadas foram apresentadas durante a FIMMA (2015), em Bento Gonçalves – RS, com intuito de sondar os produtos ofertados pelo mercado brasileiro.

A empresa Formica5, utilizada como referência, destaca a linha Real Color (Figura 30), um laminado decorativo de alta pressão unicolor que possui face decorativa e o miolo na mesma cor e que dispensa o uso da fita de borda (EMOBILE, 2015).

Figura 30: Linha Real Color da empresa Formica

Fonte: Formica (2015).

A linha Lousa Collection (Figura 31) apresenta um laminado que possui uma superfície homogênea, uniforme e levemente abrasiva, para fixar o giz com definição e permite fácil e rápida limpeza com o tradicional apagador. Apresenta uma baixa reflexão de luz, além de resistência à abrasão, ao calor, ao impacto, a manchas e à umidade (FORMICA, 2015).

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Figura 31: Lousa collection

Fonte: Formica (2015).

2.3.3 Revestimentos

A Radar Mobile (2015), empresa que elabora cadernos de tendências, faz referência às possibilidades sensoriais proporcionadas pela tecnologia aplicada à madeira, como o tato e visão, que são realidade em painéis e no mobiliário (Figura 32).

Figura 32: Revestimento amadeirado tridimensional

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A empresa Schattdecor (2015), que é uma referência internacional em tendências, apresenta papéis de parede com diversas texturas e porcelanatos que se destacam pela qualidade e pela alta definição, permitem deixar o revestimento com aparência de madeira, mármore ou até estampas similares ao papel de parede (Figuras 33, 34 e 35).

Figura 33: Revestimento cerâmico tridimensional

Fonte: Casa Cor (2015).

Figura 34: Parede revestida com painel de madeira

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Figura 35: Revestimento em ladrilho hidráulico

Fonte: Limaonagua (2015).

2.3.4 Tecnologias

As tecnologias analisadas foram apresentadas pela Trendmóvel (2015), contemplando os processos de fabricação, são eles: corte a laser, usinagem de superfícies e impressão 3D.

- Corte a laser

A tecnologia de corte a laser proporciona a precisão do corte, apresentando um design mais sofisticado. A Figura 36 apresenta a aplicação do corte a laser na fabricação de bases de mesa obtidas através do mosaico de pequenas peças de compensado cortado precisamente e unidas em mosaico.

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Figura 36: Mesa

Fonte: Trendmóvel (2015).

Esta tecnologia beneficia também o design de superfícies, cuja função é agregar atributos táteis e visuais ao produto industrial (Figura 37).

Figura 37: Painel MDF decorativo

Fonte: Export Laser (2015).

- Usinagem de superfícies

A usinagem de superfícies pode ser aplicada em móveis fabricados em MDF, madeira maciça, acrílico, mármore, vidro, entre outros, realizando desenhos de acordo com a concepção do produto (Figura 38).

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Figura 38: Aparador com portas usinadas

Fonte: Trendmóvel (2015).

- Impressão 3D

As ferramentas computadorizadas de design aliada às novas tecnologias de produção, como a impressão tridimensional, permitem a qualquer pessoa criar e fabricar objetos com diversos níveis de complexidade como, por exemplo: brinquedos, móveis, sapatos, roupas, próteses, entre outros. O método de impressão funciona a partir de um filamento de plástico aquecido que constrói o desenho por camadas. A tecnologia de impressão 3D é muito utilizada nas áreas de engenharia civil, militar, automotiva, equipamentos de alta complexidade etc., especialmente nos processos de prototipagem (TIDD; BESSANT, 2013).

No setor de móveis, a impressão 3D permite a produção de produzir objetos complexos e minimalistas ao mesmo tempo (Figura 39).

Figura 39: Aparador produzido com impressão 3D

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2.3.5 Acessórios

- Iluminação

A iluminação aplicada ao mobiliário surge como um diferencial na proposta a ser desenvolvida no presente trabalho. A Trendmóvel (2015) apresenta o conceito de iluminação flexível, que pode se curvar ou dobrar facilmente, sem depender de cabos e fios, a Kangaroo, produzida com 24 blocos de silicone triangulares com lâmpadas de LED, dispostos em forma de hexágono. Os elementos estão ligados por uma bainha branca de silicone, cuja flexibilidade permite dobraduras variadas. A carga através de uma bateria de íons de lítio proporciona 2,5 horas de duração. Os componentes em formato triangular possuem uma placa de circuito que possibilita a manipulação ou toque de ativação, sendo um produto portátil. O formato hexagonal permite o arredondamento da luz, tornando um produto eficiente e lúdico, proporcionando inúmeras utilizações (Figura 40).

Figura 40: Kangaroo

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2.3.6 Estilos

Segundo Baxter (1998), o estilo dos produtos proporciona a ele os aspectos atrativos, através do seu apelo visual. A ABIHPEC (2015), em parceria com SEBRAE, apresenta um caderno com três conceitos para referência em estilo: tradição recriada, sensualidade vibrante e experiência/transformação.

O conceito de tradições recriadas apresenta a Art Nouveau6 como estilo essencial. Buscando formas originais, delicadas e assimétricas inspiradas em elementos da natureza, recordando as divas do cinema da década de 1950. Os revestimentos das superfícies utilizam tratamento perolado, brilhante e fosco com tons neutros e coloridos, brilho cromado, cores claras e desenhos de renda (Figura 41).

Figura 41: Painel semântico das tradições recriadas

Fonte: A autora.

6Art Nouveau (1890-1914), ou “Arte Nova” em português, é um estilo artístico que surgiu na França na década

de 1890. Este estilo artístico atingiu vários setores artísticos como, por exemplo, design, arquitetura, artes decorativas, artes gráficas e criação de móveis (GURGEL, 2012).

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A sensualidade vibrante é influenciada pelo estilo Barroco7 nos traços curvilíneos, extravagância e luxuosidade. A sensualidade é representada nas formas com efeito tridimensional e texturas. Os tons incluem dourado brilhante e envelhecido, laranja e vermelho (Figura 42).

Figura 42: Painel semântico do estilo sensualidade vibrante

Fonte: A autora.

A experiência/transformação é voltada para a Art Deco8, sendo o uso de linhas retas o conceito básico deste tema. Destaca-se o contraste de cores claro-escuro, texturas e estampas geométricas e tribais (Figura 43).

7O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu nas artes plásticas, literatura, no teatro e na música.

Surgiu na Itália do século XVII, espalhando-se por outros países europeus como, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa e permaneceu até o final do século XVIII (BATTISTONI, 1989).

8O termo Art Deco se refere a um estilo que surgiu por volta da década de 1920, no período entreguerras,

afetando as formas de concepção, das artes plásticas e decorativas: moda, cinema, fotografia, transporte e design de produto (GURGEL, 2012).

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Figura 43: Painel semântico do estilo experiência/transformação

Fonte: A autora.

Para que um produto se mantenha sempre como tendência é essencial que sua estética se adapte ao estilo e momento da vida do usuário. A proposta do mobiliário pretende utilizar materiais, cores e iluminação de maneira que estes requisitos criem possibilidades de estilos, ou seja, permita a customização em acordo com a individualidade do consumidor, proporcionando a exclusividade deste móvel, um dos fatores decisivos no momento da compra.

2.4 ERGONOMIA

A IEA (2000) define a ergonomia (ou fatores humanos) como uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema que aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos de modo a otimizar o bem estar humano e a performance do sistema por completo.

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Segundo Iida (1997), a ergonomia tem como objetivo a adaptação do trabalho ao homem, preservando a integridade física, mental e social do ser humano, buscando o equilíbrio e a relação harmoniosa entre o trabalhador e seu posto de trabalho.

A ergonomia aplicada ao setor moveleiro atua como diferencial competitivo, produzindo móveis em conformidade com as necessidades, limitações e habilidades dos usuários e, sobretudo, apresentando produtos funcionais, seguros e confortáveis.

Para atender a estes aspectos serão analisados os fatores ergonômicos básicos pertinentes, conforme afirma Gomes (2003), requisitos projetuais, análise da tarefa, ergonomia do manejo e ações de percepção são os parâmetros ergonômicos essenciais para o design de produto, associados de tal forma para ordenar a estrutura do estudo.

Os requisitos de projeto consistem nas diversas qualidades desejadas, estabelecendo condições que irão influenciar o projeto desde sua concepção, seu desenvolvimento e sua produção.

A análise da tarefa, trabalho prescrito, consiste em observar as formas como o usuário utiliza o objeto, podendo prever possíveis problemas de uso ao realizar esta verificação (GOMES, 2003).

A análise dos movimentos realizados pelo usuário para a execução das tarefas que envolvem o mobiliário como, utilização de cosméticos, secar o cabelo, leitura, digitação, etc., em postura ereta ou acomodado em assento, contribuem com informações para a elaboração do projeto de maneira que o produto seja compatível com as necessidades identificadas.

Outro aspecto pertinente se refere às ações de percepção, envolvendo os sistemas de comunicação e informação, atuando nos sentidos do usuário. A percepção é despertada através da aplicação do design de superfície no produto, por meio de estímulos visuais e táteis que promovem a interação do usuário.

Segundo Mont’Alvão (2008), a superfície do produto é responsável pela primeira impressão do usuário. A utilização de texturas no revestimento dos produtos desperta a percepção visual e tátil, estimulando a comunicação emocional.

As ações de manejo abrangem os movimentos realizados pelo usuário. São levados em consideração o arranjo espacial dos elementos, manutenção, limpeza e o manuseio operacional (GOMES, 2003).

Para a aplicação destes fatores ergonômicos básicos analisados, é utilizada no Brasil a norma NR17 da ABNT (2007), um conjunto de normas que regulamenta a utilização de materiais e mobiliário ergonômico, condições ambientais, jornada de trabalho, pausas, folgas e normas de produção no país. Esta norma irá conduzir o levantamento de informações

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técnicas e dimensões recomendadas para um ambiente de trabalho adequado às necessidades dos usuários.

Logo, afirma Vitta (1999), o ambiente de trabalho (móveis, ferramentas, equipamentos, etc.) não planejado ou mal estruturado é um fator causador de doenças musculoesqueléticas. Para que este móvel proporcione as condições ergonômicas favoráveis, se faz necessário a análise de medidas antropométricas, cor e iluminação.

2.4.1 Medidas Antropométricas

As tarefas que abrangem o produto condizem com o trabalho em superfícies horizontais, envolvendo análises na área de alcance físico e altura da mesa para trabalho sentado ou em pé. A Figura 44 ilustra as áreas de alcance ótimo e máximo para um trabalhador sentado.

Figura 44: Recomendações para o dimensionamento de posto de trabalho – postura sentada

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A ABNT (2007) afirma que sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição, evidenciando a importância de um assento adequado. Os assentos devem atender aos requisitos mínimos de conforto, são eles: o ajuste de altura de acordo com a estatura do usuário e o trabalho a ser realizado; formas arredondadas na borda frontal do assento; encosto ajustável de maneira que preserve a região lombar; evitar conformação na base do assento. A Figura 45 orienta as dimensões e angulações adequadas para as posturas ereta e relaxada.

Figura 45: Dimensões adequadas para assentos

Fonte: Iida (1997, p. 143).

Segundo a ABNT (2007), a mobília onde o trabalho é desenvolvido, em pé ou sentado, deve possuir altura e superfície adequadas ao tipo de atividade, área de fácil visualização e alcance físico e dimensionamento apropriado. Requisitos que irão proporcionar visualização, operação e boa postura do usuário (Figura 46).

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Figura 46: Alturas recomendadas para superfícies horizontais de trabalho em pé

Fonte: Iida (1997, p. 138).

O mobiliário a ser desenvolvido tem como foco o público feminino com idades de 15 a 50 anos de idade, portanto, o estudo do corpo humano é essencial para que o produto esteja adequado ergonomicamente. As medidas antropométricas da mulher irão auxiliar no estudo das dimensões do mobiliário, definindo medidas de assento e altura de mesa, por exemplo. As Figuras 47, 48 e 49 representam as dimensões de acordo com os percentis das mulheres.

Figura 47: Medidas da mulher do percentil 99

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As medidas da mulher do percentil 99 pertinentes ao desenvolvimento do produto correspondem ao quadril na posição sentada (46,4 cm), altura poplítea (45,7 cm) e largura poplítea (53,6 cm).

Figura 48: Medidas da mulher do percentil 50

Fonte: Tilley e Associates (2005, p. 30-31).

As medidas da mulher do percentil 50 pertinentes ao desenvolvimento do produto correspondem ao quadril na posição sentada (37,1 cm), altura poplítea (40,5 cm) e largura poplítea (48,8 cm).

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Figura 49: Medidas da mulher do percentil 1

Fonte: Tilley e Associates (2005, p. 30-31).

As medidas da mulher do percentil 1 pertinentes ao desenvolvimento do produto correspondem ao quadril na posição sentada (28,5 cm), altura poplítea (38,1 cm) e largura poplítea (41,8 cm).

2.4.2 Cor na Ergonomia

“A cor é uma informação visual, causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro” (GUIMARÃES, 2001, p. 12). A cor desempenha sobre o indivíduo uma ação tripla: impressionar (direcionar a visão); expressar (provocar emoções); e construir (transmitir uma ideia) (FARINA, 1990).

O estudo das cores é essencial na ergonomia, pois atua na adaptação do ambiente ao trabalho, proporcionando influência psicológica positiva, bem-estar, saúde e segurança dos usuários e contribuindo na melhoria das condições físicas do trabalho (SILVA, 1995).

A percepção dos ambientes e objetos é diretamente influenciada pela cor. Para Figueiredo (2007), as cores interferem principalmente na percepção: visual (formas, peso, espaço, tamanho e movimento), temporal, temperatura, tátil, auditiva, gustativa e olfativa.

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Para auxiliar na escolha das cores de ambientes ou móveis se faz necessária a utilização de esquemas, combinações preestabelecidas. Os esquemas são classificados em harmônicos (Figura 50), onde as cores não competem entre si e o contrastante (Figura 51), cores opostas do círculo cromático9 (Figura 52), a utilização de tons escuros juntamente com tons claros é proposital, dando destaque às cores mais fortes (GURGEL, 2012).

Figura 50: Esquema harmônico

Fonte: Carol Mendonça Design (2015).

Figura 51: Esquema contrastante

Fonte: Carol Mendonça Design (2015).

9O círculo cromático é a ferramenta fundamental para o estudo de cores e na elaboração das cores de projetos.

Composto por doze cores, sendo: três cores primárias (amarelo, azul e vermelho); três cores secundárias (laranja, violeta e verde); seis cores terciárias (compostas pela mistura das cores secundárias) (BARROS, 2009).

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Figura 52: Círculo cromático

Fonte: Mundo Pauta (2015).

Proporcionando condições adequadas de ambiente, a cor minimiza o risco de fadiga visual e consequente à diminuição de erros na execução das tarefas, fazendo com que o usuário concentre sua atenção na tarefa executada (SILVA, 1995).

Gurgel (2012) afirma que a cor e a luz interagem, ou seja, não podem ser pensadas separadamente. A maneira de como a luz incide em uma superfície pode ser responsável por alterar a percepção da tonalidade da cor, revelando a importância de uma análise acerca da iluminação.

2.4.3 Iluminação

Outro fator a ser destacado e analisado é a iluminação do ambiente. A ABNT (2007) apresenta as condições de iluminação adequada, seja ela natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa, projetada e instalada de maneira que evite sombras, ofuscamento, reflexos incômodos e contrastes excessivos (Figura 53).

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Figura 53: Iluminação geral e localizada

Fonte: Vistalia Orihuela (2015).

Um ambiente adequado para o trabalho proporciona ao homem uma melhor qualidade de vida, desempenhando influência psicológica positiva ao exercer as tarefas. O planejamento apropriado da luz no ambiente de trabalho auxilia na redução de incidentes ocorridos em virtude da fadiga visual. Evidenciando a importância do estudo da iluminação nos ambientes de trabalho ao realizar a análise ergonômica do trabalho (SILVÉRIO, 1995).

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3 METODOLOGIA

Com o intuito de construir conhecimento para a aplicação prática em um mobiliário multifuncional voltado ao público feminino realizou-se uma abordagem de modo exploratório, o que segundo Gil (2007) possibilita uma maior compreensão do problema. Para o desenvolvimento desta foram realizadas pesquisas bibliográficas, documentais e de campo.

Conforme afirma Fonseca (2002), a pesquisa bibliográfica é realizada através de levantamento de referencial teórico já publicado, principalmente de livros, artigos científicos e websites. Portanto, foram coletadas informações nas áreas de ergonomia, tendências, design de móveis, design de superfície, entre outras.

A pesquisa documental ocorre quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico (GIL, 2007), tais como, fotografias de mobiliários e regulamentos da norma ABNT, entre outros. Já a pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e documental, são coletados dados junto a pessoas por meio de entrevistas, questionários, observação in loco, sendo analisados posteriormente os resultados (LOPES, 2006). Neste trabalho foi realizado um questionário quantitativo aplicado ao público feminino com perguntas fechadas, para obter informações a respeito do comportamento e das necessidades das usuárias e o levantamento de informações acerca da tipologia das habitações populares.

A metodologia projetual adotada como referência para o desenvolvimento do produto é proposta por Bonsiepe (1986). Esta é composta por cinco macro etapas, sendo elas: problematização, análises, definição do problema, anteprojeto/geração de alternativas e projeto. As etapas possuem subitens que foram empregados de acordo com a necessidade projetual. Esta metodologia visa encontrar a opção mais adequada de produto, ou seja, a que atenda aos requisitos e solucione as falhas evidenciadas na etapa de problematização.

Referências

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