• Nenhum resultado encontrado

A importância do catador de resíduos sólidos para o desenvolvimento sustentável na região noroeste

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A importância do catador de resíduos sólidos para o desenvolvimento sustentável na região noroeste"

Copied!
58
0
0

Texto

(1)

GRANDE DO SUL

ANDRÉIA SOMAVILLA WASCHBURGER

A IMPORTÂNCIA DO CATADOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA

Santa Rosa (RS) 2017

(2)

ANDREIA SOMAVILLA WASCHBURGER

A IMPORTÂNCIA DO CATADOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO NOROESTE

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DEJ- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Carlos Probst

Santa Rosa (RS) 2017

(3)

Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada.

(4)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por seus sinais, de que tudo daria certo. Pela saúde, força, coragem de todas as horas.

Às minhas filhas Juliana e Fernanda, pela compreensão nos momentos de ausência, pelo abraço apertado. Ao meu marido Vanderlei, por toda força, apoio, carinho e confiança depositada em mim. Aos meus pais José e Maria, que mesmo diante das dificuldades impostas pela vida, sempre me guiaram pelo caminho da fé e coragem.

À minha professora Eloisa Nair de Andrade Argerich, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento, até o mês de abril de 2017, e ao professor Carlos Probst que assumiu a orientação a partir desta data.

(5)

“o direito deve ser um ativo promotor de mudança social tanto no domínio material como no da cultura e das mentalidades.” Boaventura de Sousa Santos

(6)

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise da importância das migrações para as cidades-polo, a fim de buscar compreender como se deu este processo e suas consequências, tanto na vida das pessoas como nos locais onde se alocaram. Aborda, também, sobre as dificuldades enfrentadas pelos migrantes e pretende-se verificar quais as atividades desenvolvidas por estes para obterem uma renda mínima para assegurar efetivação de direitos sociais e a dignidade humana. Por último, analisa-se o perfil do catador de resíduos sólidos de Santa Rosa, migrantes do interior para a cidade e assim, verificar se o ente político está desenvolvendo políticas públicas para promoção da inserção destes no mercado de trabalho e na sociedade..

Palavras-Chave:. Catador de resíduos sólidos. Direitos Sociais. Dignidade Humana. Migração. Políticas Públicas.

(7)

ABSTRACT

This conclusion of course work is an analysis of the first notions of mediation in order to facilitate an investigation on the construction of alternatives to the jurisdiction. Analyze the conflict and its character on society. Addresses the jurisdiction as the only way to solve the conflict and the crisis caused by excessive court litigation, with consequent steep rise in demand and, therefore, a lengthy procedure that has provoked many questions and search for alternative solutions. Studying the mediation as an alternative procedure for the solution of conflicts, investigating its principles, techniques and characteristics. Investigates the profile and stance of the mediator, the lawyer and the judiciary on this new perspective. Makes a brief analysis of legislative proposals and reflects on them. Ends concluding that it should prioritize social pacification and, given this priority, the need to encourage dialogue and implementation of mediation effectively in the legal context.

Keywords: Understanding mediation. Alternatives to court. Conflict resolution. Encouraging dialogue.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 MIGRAÇÃO PARA CIDADE POLO E URBANIZAÇÃO DESORDENADA ... 102

1.1 O planejamento urbano, os direitos sociais e a dignidade humana ... Erro! Indicador não definido. 1.2 Problemas enfrentados pelos migrantes ( catadores)Erro! Indicador não definido. 1.3.A importância das políticas públicas para a efetivação dos direitos sociais em face da migração urbana-rural ... Erro! Indicador não definido.9 1.3.1 Integração entre o Estatuto das Cidades Lei nº 10.5272001, Lei nº 12.305/10 e as políticas para a inclusão dos catadores ... 22

1.3.2 Mecanismos da efetivação dos direitos sociais ... 26

2 A IMPORTÂNCIA DOS CATADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA A EFETIVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Erro! Indicador não definido. 2.1. Aspectos interessantes da Lei de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/10 ... 30

2.2 Políticas públicas para o desenvolvimento sustentável. ... 37

2.2.1 Atividades desenvolvidas pelos catadores e o desenvolvimento sustentável .. 39

2.2.2 Perfil do catador na microrregião noroeste do Rio Grande do Sul ... 42

2.2.3 Políticas públicas de inclusão social desenvolvidas pelo município de Santa Rosa ... 48

CONCLUSÃO ... 53

REFERÊNCIAS ... 55

(9)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca da migração para cidades polo e tem como finalidade verificar a maneira como os migrantes conseguiram agrupar-se em Santa Rosa e quais as consequências decorrentes da vinda de cidadãos sem qualificação técnica, com baixa escolaridade e sem recursos para sua manutenção e da família.

Por outro lado, objetiva-se, também desenvolver aspectos referentes a situação que se encontra, os migrantes (catadores) com relação a urbanização e o planejamento urbano, necessário para o desenvolvimento sustentável da cidade

Para a realização deste trabalho serão efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também as propostas legislativas em andamento, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo das garantias, revelar a importância do catador de resíduos sólidos na construção social e apontar novas perspectivas para a problemática.

Desenvolve-se o trabalho em dois capítulos. Inicialmente, no primeiro capítulo, será realizada uma abordagem sobre o significado de migração, o impacto da vinda dos migrantes para a urbanização da cidades, bem como essas pessoas podem tornarem-se agentes de mudanças da paisagem e estética das cidades,

Ressalta-se que pretende-se abordar sobre a influência exercida pelos migrantes na urbanização das cidades, pois sabe-se que se concentram em áreas sem nenhum planejamento urbano, no qual não há o mínimo indispensável para sobreviverem com dignidade, ou seja, alocam-se em locais na periferia das cidades que não dispõem de infraestrutura, tais como,água encanada, energia elétrica, escolas, postos de saúde, entre outros, dificultando a sua inclusão na sociedade.

(10)

No segundo capítulo se faz uma análise do perfil dos migrantes, que no caso, são os catadores de resíduos sólidos do Município de Santa Rosa e a importância da atividade realizada por eles para a “limpeza” da cidade. Também, discorre-se sobre os problemas enfrentados pelos migrantes (catadores), face a desordenada ocupação das periferias, a falta de infraestrutura, e a dificuldade de se colocar no mercado de trabalho.

A partir desse estudo objetiva-se verificar se o município de Santa Rosa, possui programas e políticas públicas para a inclusão dos catadores e seus familiares, que na realidade prestam serviço para a comunidade, ou seja, recolhem os materiais descartados pela população e com a separação adequado, fazem a comercialização e auferem uma renda mínima para sobreviver com dignidade.

(11)

1 MIGRAÇÃO PARA CIDADE POLO E URBANIZAÇÃO DESORDENADA

Primeiramente, se faz necessário apresentar o que se pretende desenvolver neste capítulo e demonstrar a ligação existente entre a migração dos cidadãos para a cidade-polo, a urbanização desordenada e os catadores de resíduos sólidos do município de Santa Rosa.

Na verdade, pretende-se trabalhar aspectos referentes ao planejamento urbano, realizando uma abordagem sobre o significado de migração, o impacto da vinda dos migrantes para a urbanização da cidades, as dificuldades enfrentadas, e verificar como essas pessoas contribuem para a mudança da paisagem e estética das cidades.

Destaca-se, ainda que se tem como objetivo abordar sobre a influência exercida pelos migrantes na urbanização das cidades, pois sabe-se que se concentram em áreas sem nenhum planejamento urbano, no qual não há o mínimo indispensável para sobreviverem com dignidade. Analisa-se como os migrantes, no caso, os catadores de resíduos sólidos de Santa Rosa, se agrupam em locais na periferia das cidades que não dispõem de infraestrutura, tais como, água encanada, energia elétrica, escolas, postos de saúde, entre outros, dificultando a sua inclusão na sociedade.

1.1 O planejamento urbano os direitos sociais e a dignidade humana

Inicialmente, se faz necessário entender o significado de migração, de urbanização desordenada e planejamento urbano a partir do contexto do Estatuto Cidades - Lei n. 10257/01 ( BRASIL, 2101) que apresenta como um de seus objetivos a promoção e o desenvolvimento sustentável. Observa-se que a migração regional para os centros desenvolvidos não garante o desenvolvimento urbano baseado na sustentabilidade e tampouco asseguram a diminuição das desigualdades sociais

(12)

A história demonstra que o homem sempre foi um ser com natureza essencialmente social e política, e que vive em constante movimento. Ao utilizar-se de novas tecnologias, as pessoas foram incentivadas a apropriarem-se de espaços territoriais urbanos, criando estruturas para o desenvolvimento do comércio e serviços, formando aglomerações urbanas desprovidas de qualquer planejamento que garantisse tal crescimento.

Neste sentido, objetiva-se pesquisar sobre o planejamento urbano e consequente migração para cidades polo com enfoque nos problemas enfrentados pelos migrantes e a efetivação dos direitos sociais para àqueles que na informalidade desenvolvem uma atividade voltada à geração de trabalho e renda, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das cidades.

Observa-se que a crescente urbanização provocada pelo grande número de pessoas que migram do meio rural e também do meio urbano de pequenos municípios, em busca de novas oportunidades tem gerado consequências devastadoras para as cidades no que se refere à manifestação desenfreada das desigualdades sociais, além da depreciação do meio ambiente ( JUNIOR, 2007).

Neste cenário, Nelson Saule Junior (2007, p. 32) destaca que, no Brasil, “a história urbana foi marcada por um êxodo rural altíssimo que se deu entre os anos de 1940 e 1991, quando a população urbana passou de 31,2% para 75% do total”. Na verdade, o que o referido autor destaca é que foi a partir deste período que o processo de urbanização teve um aumento significativo, em razão da industrialização de nosso país.

Ainda, sobre o assunto, Ângelo Tiago de Miranda ( 2016, sic, grifo do autor) salienta que :

[...] os processos de industrialização e de urbanização brasileiros estão intimamente ligados, pois as unidades fabris eram instaladas em locais onde houvesse infra-estrutura, oferta de mão-de-obra e mercado consumidor. No momento que os investimentos no setor agrícola, especialmente no setor cafeeiro, deixavam de ser rentáveis,

(13)

além das dificuldades de importação ocasionadas pela Primeira Guerra Mundial e pela Segunda, passou-se a empregar mais investimentos no setor industrial ( MIRANDA, 2016).

É importante que se entenda que o processo de urbanização das grandes metrópoles apoiou-se no êxodo rural, que acelerou a migração rural - urbana , pois a necessidade de mão- de - obra para as indústrias e a precarização do trabalho na zona rural geraram a busca por empregos, melhores salários e melhores condições de vida e com isto, ocorre a ocupação desordenada das cidades( MIRANDA, 2016) .

Ainda, se faz necessário abordar aspectos referentes a urbanização desordenada das cidades que não se encontravam e nem se encontram preparados para receber contigentes de migrantes que vêm à procura de condições de sobrevivência mais digna para si e seus familiares e geram, desta forma, uma série de problemas ambientais e sociais, demostrando que a falta de atendimento das demandas “[...] que pega os municípios despreparados para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de problemas sociais e ambientais [...]” , destacando -se entre eles:

[...] o desemprego, a criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água. Relatório do Programa Habitat, órgão ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasileiros - cerca de 28% da população - vivem nas 16.433 favelas cadastradas no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas em 2020 ( MIRANDA, 2016).

Evidencia-se, assim que a urbanização desordenada das cidades tem gerado não só a favelização, mas principalmente, a desigualdade social e econômica conduzindo alguns migrantes a viver na criminalidade, ante a falta de trabalho e de condições dignas para sua sobrevivência.

Certamente que a urbanização sem planejamento acarreta problemas que são enfrentados no dia-a-dia pelos migrantes que não encontram na sociedade a recepção desejada para se tornarem parte integrante das cidades polos, sendo alvo constante de discriminação e preconceito.

(14)

1.2 Problemas enfrentados pelos migrantes

Antes de adentrar especificamente nos problemas enfrentados pelos migrantes, que abandonaram a zona rural buscando encontrar na zona urbana uma melhor condição de vida, com trabalho e renda dignas, objetiva-se analisar dados estatísticos que demostrem o crescimento populacional no período de 1970 à 2010 (IBGE, 2010)

Neste sentido, a seguir o gráfico chama a atenção no que diz respeito ao aumento populacional e que se pode dizer que acarretam problemas na área de direitos sociais. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 1970 1980 1991 2010 47.841 86.310 109.344 137.632 150.775 126.284 98.003 65.862 198.616 212.594 207.347 203.494

Urbana Rural Total

Fonte: (BRASIL, IBGE, 2016)

Percebe-se, assim, que o crescimento populacional em 30 anos mostra há uma estagnação de crescimento na zona rural que não oferece possibilidades de desenvolvimento às pessoas, não garantindo-lhes um sustento decente que assegure o mínimo existencial1 para sobreviver.

1 Mínimo existencial: Ingo Wolfgang Sarlet (2006, p. 136) , referindo-se à efetivação da dignidade da

pessoa humana, chama a atenção para o mínimo existencial como um direito fundamental, que diz respeito não só a "um conjunto de prestações suficientes apenas para assegurar a existência (a garantia da vida) humana, [...] mas uma vida com dignidade, no sentido de vida saudável

(15)

Não se pode deixar de mencionar que o mínimo existencial esta interconectado com os direitos sociais e com o princípios da dignidade humana.

O gráfico analisado, mostra-nos que houve um aumento populacional e que em decorrência disto, muitas pessoas que viviam no interior se deslocaram para as cidades a procura de melhores condições de viva e estudo para os filhos.

É neste contexto que surgem os catadores de resíduos sólidos que saíram da zona rural e ao chegar na zona urbana das cidades escolhidas se deu uma ocupação da periferia de forma inadequada. Estes migrantes no início das ocupações não tinham preocupação com o meio ambiente e nem os setores competentes da Administração Pública se deram conta do problema que isto gera para o município.

Na verdade, aqueles que fazem parte deste universo de migrantes e trabalhadores sem qualificação profissional buscam na informalidade e na precariedade uma forma de garantir o sustento de suas famílias.

Outro problema enfrentado pelas cidades e mais especificamente com o município e que se apresenta como um desafio é o destino indevido dos resíduos sólidos, em razão do aumento do consumo pela população que consome bens e faz o descarte sem qualquer planejamento, impactando no meio ambiente

Então, saem de suas cidades ou do interior, em busca de alternativas para assegurar que os resíduos sólidos descartados possam contribuir para o sustento das famílias economicamente vulneráveis, nas quais se incluem os catadores, desprovidos de qualquer infraestrutura que garanta uma condição digna de trabalho, de bem-estar e manutenção da qualidade de vida.

O catador de resíduos sólidos ainda não é considerado pela sociedade como um trabalhador como qualquer outro, porque seu trabalho está relacionado ao “lixo”, o que, muitas vezes, interfere na imagem que a sociedade tem desse trabalhador.

(16)

Segundo C. P. Migueles (2004, p. 14), “para que a sociedade perceba o catador como ‘um trabalhador qualquer’ é preciso associar o trabalho de catação a significados positivos.”

A catação de lixo é considerada uma atividade excludente pela própria natureza do tipo do trabalho. “Entretanto, a mídia em geral, alguns estudiosos e instituições de diversos setores divulgam que a catação possui uma possibilidade de inclusão social de uma parcela de trabalhadores.” (BARROS; SALES; NOGUEIRA, 2002, p. 23).

Na verdade, isto é um paradoxo. Por um lado ocorre a exclusão do catador porque executa sua atividade laboral em condições precárias, sofre discriminação e preconceito e a sociedade não o reconhece como protetor do meio ambiente e da estética das cidades; e, por outro, há a inclusão social, pois está garantindo meios para a sua sobrevivência e de seus familiares.

Neste sentido, necessário se faz um questionamento: a catação de resíduos sólidos seria de fato uma inclusão ou mais uma forma de exclusão transmutada em inclusão? (MIURA, 2004, p. 7).

Isto posto, do ponto de vista socioambiental e econômico, chama-se a atenção para a importância que assume o trabalho do catador para a sustentabilidade das cidades, pois “a reciclagem de lixo urbano figura como atividade emergente após movimentos ambientalistas e de prevenção ambiental.” (MEDEIROS; MACEDO, 2006, p. 4).

Destaca Letícia Roberta Trombeta ( 2012, p. 1) sobre o tema que

Os resíduos sólidos são um grande problema da sociedade atualmente, apresentando-se com mais intensidade nas áreas urbanas, nas quais agravam os problemas ambientais já existentes e levam ao aparecimento de outros, quase sempre relacionados às formas incorretas de disposição e ineficiência na gestão dos resíduos. Neste cenário surge a importância dos catadores de materiais recicláveis, que contribuem para minimizar o problema dos resíduos sólidos urbanos.

(17)

Observa-se que, a catação de materiais recicláveis, descartado pelas pessoas, principalmente nas ruas, mas também nos lixões, nos aterros, tem possibilitado que uma expressiva parcela da população que vive em condições precárias e até desumanas faça desta atividade um meio de sobrevivência.

Destaca-se que o consumo desenfreado pela sociedade, por um lado traz problemas ao meio ambiente, mas por outro, possibilita o ingresso no mercado de trabalho de pessoas que estão desempregadas e desprovidas de capacitação técnica, de instrumentos de trabalho e de capital.

Registra-se que associado a migração, está o aumento do contingente de trabalhadores informais que se encontram desorganizados, desempregados, e em sua maior parte, trabalham individualmente, aceitando as péssimas condições de trabalho, vivendo em situação de pobreza e desigualdade social.

Ao se encontrarem nessas condições, os catadores submetem-se a uma logística perversa de exploração dos atravessadores de materiais recicláveis que fomentam uma situação de constante dependência e compram os materiais coletados por preços irrisórios (BUNCHAFT; REGIS, 2007).

Outro aspecto que merece destaque diz respeito à discriminação e o preconceito que o segmento de catadores sofre na labuta diária de catação de “lixo”, que representa tudo que não tem valor e/ou serventia para um determinado segmento social, trazendo a concepção de que deve ser posto para fora das residências, industrias e estabelecimentos comerciais para “alguém levar” (SANTOS, 2008, p. 35).

Dentro dessa concepção, as pessoas que lidam com o lixo são invisíveis. Passam, pela lógica das sociedades modernas, que na sua individualidade, não os reconhecem como cidadãos com os mesmos direitos e são na maioria das vezes discriminado (ZANETI, 2006).

Uma reflexão, porém, se faz necessária sobre este cenário. O trabalho desenvolvido pelos catadores assume um lugar de extrema importância para todos

(18)

nós, pois evita diversos problemas de saúde pública e ambientais decorrentes da disposição inadequada do lixo em torno das cidades.

Sublinhe-se que mesmo a atividade de catação de resíduos sólidos ocorrendo em condições precárias e bastante adversas, possibilita a sobrevivência de muitos trabalhadores que migraram para grandes centros e que encontram-se excluídos e sem alternativa para a sua subsistência, com o é o caso dos catadores que atuam na região noroeste, e atuam em Santa Rosa.

Dessa forma, pode-se afirmar que o catador de materiais recicláveis é incluído ao ter um trabalho, mas excluído pelo tipo de atividade que realiza: trabalho precário, realizado em condições inadequadas, com alto grau de periculosidade e insalubridade, sem reconhecimento social, com riscos muitas vezes irreversíveis à saúde e com a ausência total de garantias trabalhistas (MEDEIROS; MACEDO, 2006, p. 65).

Pode-se perceber que são inúmeros os problemas enfrentados pelos migrantes, tanto na esfera social, sendo excluídos pela forma de trabalho que realizam a fim de sustentar suas famílias, quanto na esfera financeira, pois do que retiram das ruas é insuficiente para pagar as despesas mínimas provenientes das necessidades básicas suas e de seus familiares.

Então, não se pode descartar a possibilidade de o Estado por meio de políticas públicas promover ações que auxiliem os trabalhadores informais, notadamente na realização de políticas públicas para a efetivação dos direitos sociais, tais como: saúde, educação, moradia, entre outros

1.3 A importância das políticas públicas para a efetivação dos direitos sociais em face da migração urbana-rural

Com a análise anterior, percebe-se que o processo de urbanização se deu de forma totalmente inadequada, sem a implementação de políticas públicas que pudessem garantir os direitos fundamentais da nova população urbana, e que por

(19)

consequência fez com que as cidades crescessem sem o mínimo de infraestrutura, propiciando o surgimento de ocupações irregulares, construções precárias, onde as pessoas vivem de forma totalmente inadequada, contrariando um dos maiores princípios constitucionais garantidores destes direitos, qual seja, a dignidade da pessoa humana.

Contudo, para que se efetivem as políticas sociais, faz-se necessário a implementação de práticas sociais que visem à redução das desigualdades e a utilização consciente dos recursos.

Sabe-se que a pobreza é reflexo da divisão desigual das riquezas, que ficaram ainda mais evidentes nas últimas décadas pelo surgimento de constantes tecnologias que ao mesmo tempo que aproxima as distâncias e facilita a comunicação, também, afasta aqueles que não têm acesso à informação ( DIAS, 2012).

Interessante ressaltar que o adequado seria que todos pudessem usufruir dos benefícios da informação e da tecnologia, principalmente no que se refere aos direitos fundamentais, incluindo-se os direitos individuais e coletivos que se estendem a toda comunidade, não se permitindo a exclusão de grupos sociais.

Destaca-se que entre estes direitos, encontram-se, entre outros, o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, e o direito ao desenvolvimento sustentável que em conjunto com os direitos sociais assegura uma vida mais digna, com qualidade para as presentes e futuras gerações ( DIAS, 2012, p.22).

Depreende-se disso que o meio ambiente é fator decisivo para o sucesso das políticas urbanas, pois está diretamente ligada à diminuição das desigualdades sociais e da pobreza.

Com relação ao desenvolvimento sustentável, pode-se dizer que refere-se a “[...] uma estratégia para a sociedade, para a efetivação do desenvolvimento regional, este permeado de obstáculos e objetivado para diminuir as desigualdades sociais” ( MACIEL, SCHONARDIE, 2014, p. 3).

(20)

Destacam Renata Maciel e Elenise Felzke Schonardie ( 2014, p. 3-4)

a necessidade da busca soluções para os problemas vividos pela sociedade, que em grande parte são fruto de uma expansão repentina, sem o menor planejamento, onde centenas de famílias vivem em condições contrarias as garantias constitucionais. Necessário se faz a proteção aos direitos fundamentais, e a participação da comunidade no processo de inclusão é fundamental.

Neste cenário, verifica-se que se torna indispensável para a concretização dos objetivos da CF/88, entre eles, o desenvolvimento sustentável, que o Poder Público agilize-se e implemente programas, ações e políticas públicas, com um olhar voltado à realidade local e aos problemas das comunidades.

Assim, embora, várias críticas ao desenvolvimento sustentável, ainda pode-se afirmar que

[...] é um grande avanço em termos mundiais, pois busca demonstrar a importância do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e a preservação do meio ambiente, através da construção de uma sociedade mais justa, solidária e igualitária. ( CALGARO, 2017).

O principal desafio imposto a esta política de independência e valorização social é a efetivação de políticas públicas voltadas a redução das desigualdades, a geração de renda, respeito e dignidade de grande parcela da população que busca pela efetivação de direitos fundamentais, diminuindo assim as desigualdades sociais ( MACIEL; SCHONARDIE, 2014).

Cada vez mais é preciso que a sociedade esteja engajada na busca por soluções aos problemas enfrentados por grande parcela da sociedade, e que buscar soluções hoje é de suma a construção de uma sociedade mais sólida. Somente com a participação efetiva do poder público e da sociedade é que será possível sua completa efetivação.

Por outro lado, é inegável que a Lei dos Resíduos Sólidos, - Lei n. 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) “[...] é

(21)

bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos” ( BRASIL, 2010).

A referida Lei foi promulgada com a intenção de possibilitar a inserção dos catadores em uma sociedade excludente, discriminatória, e que não valoriza o trabalho realizado por estes, uma vez que mexe com nossos descartes.

Desta forma, no próximo capitulo pretende-se realizar uma breve abordagem sobre a Lei dos Resíduos Sólidos, e a importância que assumem os catadores no contexto do desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente, bem como pretende-se verificar como se dá a integração entre o Estatuto das Cidades- Lei .10.527/2001 e Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Lei n. 12.305/10 para a efetivação de políticas públicas e inclusão dos catadores.

1.3.1 Integração entre o Estatuto das Cidades – Lei n. 10.527/2001 ,a Lei n. 12. 305/10 e as políticas públicas para a inclusão dos catadores

Para dar sequência os estudos, deve-se, preliminarmente, realizar uma abordagem sobre o Estatuto das Cidades- Lei n. 10,527/01, para verificar os pontos mais importantes que têm relação com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Lei n. 12.305/10 e, assim, ter uma maior compreensão das políticas públicas de inserção dos catadores na sociedade.

Quando Élisson Cesar Prieto ( 2006, p.1, grifo nosso) se refere ao Estatuto das Cidades aduz que este é

[...] é caracterizado, essencialmente, pela formulação de políticas de gestão da cidade democráticas e planejadas, bem como pelo aprofundamento no tema da regularização fundiária, que toma a maior parte das preocupações dessa lei urbanística. A priori, caberia questionar qual a relação do Estatuto da Cidade com a problemática das questões ambientais. Contudo, já após a leitura do texto legal, percebe-se uma grande preocupação com os temas ligados ao meio

(22)

ambiente. Como se sabe, as cidades brasileiras foram vítimas do processo desordenado de urbanização que marcou a metade do século passado e essas intensas transformações no meio urbano também impactaram sobre o meio ambiente.

Imprescindível ressaltar que o Estatuto da Cidade é marcado pela preocupação com o ambiente urbano, portanto, mais do que nunca, a sua aplicação nos municípios em que a Lei se faz obrigatório, mas, também, em todas as cidades do Brasil, é fundamental para dar efetividade ao disposto na Magna Carta ( BRASIL, 1988), e nos artigos 182 e 183 sobre a função social da propriedade.

Ante a urbanização desordenada das cidades brasileiras, e no caso específico da cidade de Santa Rosa, na qual se observa a ocupação de áreas sem infraestrutura, o acúmulo de lixo, a existência de lixões clandestinos e de catadores sem registro na Secretaria de Assistência Social, urge que medidas sejam tomadas de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos para amenizar o problema existente.

Aponta Prieto (2006, p. 4) que

A Constituição, estabeleceu um capítulo sobre a Política Urbana, em que fora explicitado o princípio das funções sociais da cidade como constante da política de desenvolvimento urbano no país, como se denota do próprio texto:

CF, Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

Isso tem um significado muito importante, pois relaciona-se diretamente com a gestão dos resíduos sólidos que por sua vez está atrelado ao meio ambiente, que assegura a qualidade de vida das populações que vivem em assentamentos urbanos ( PRIETO, 2006)

Não se pode esquecer que o poder público, representado pelos gestores públicos precisa enfrentar este problema e encontrar soluções por meio de ações concretas na área ambiental.

(23)

Neste rumo, as lições de Prieto (2006, p. 7) são esclarecedoras, uma vez que alude que,

O papel do Estado, do poder público, é extremamente necessário para reverter esse quadro nas cidades brasileiras. Entretanto, as ações e intervenções do poder público devem ser repensadas à luz da abordagem das questões ambientais no meio urbano, instaurando práticas na administração pública de gestão das tanto das ações urbanas quanto ambientais, de forma unificada ou, pelo menos, relacionadas, ou seja, concebendo um modelo de gestão urbana e ambiental para as cidades.

A gestão urbana e ambiental das cidades deve ser pensada à luz da Lei n. 12.305/2010 que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos, por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), e para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos por meio da Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007).

É inegável que tanto o Estatuto das Cidades como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos- PNRS -, devem caminhar lado a lado na gestão urbana e ambiental, pois certamente na gestão urbana se inclui o recolhimento e reciclagem os resíduos sólidos.

Neste sentido, Prieto ( 2006, p.8, grifo nosso) consigna que :

Em 2001, com a aprovação do Estatuto das Cidades foram estabelecidos novos marcos regulatórios de gestão urbana, como as leis de saneamento básico e de resíduos sólidos. O Estatuto regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabeleceu as condições para uma reforma urbana nas cidades brasileiras. Obrigou os principais municípios do País a formular seu Plano Diretor visando promover o direito à cidade nos aglomerados humanos sob vários aspectos: social (saúde, educação, lazer, transporte, habitação, dentre outros), ambiental, econômico, sanitário, etc. Atualmente, o Brasil conta com um arcabouço legal que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos, por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), e para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos por meio da Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007).

(24)

Portanto, evidencia-se que o gestor público municipal (bem como o federal e o estadual), terá que desenvolver políticas públicas que envolvam a gestão urbana, ambiental e dos resíduos sólidos para dar atendimento as demandas da comunidade local e daqueles que desenvolvem a atividade de coleta do material reciclável nas ruas ou por meio dos caminhões da limpeza urbana.

Para melhor entendimento sobre políticas públicas o conceito esposado por José Eduardo Faria (1992, p 225) é fundamental para o estudo. Acentua o autor que:

[..] são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais.

E assim sendo, necessário se faz ressaltar que as políticas públicas exigem que “Os agentes políticos busquem a gestão democrática, compreendendo o direito do cidadão em participar nas decisões acerca do ambiente urbano, bem como seu direito à história e à cultura” ( MACIEL; SCHONARDIE, 2014)

Certamente que esse processo de tomada de decisão deve fazer parte das discussões que cercam a gestão urbana e ambiental apontada pelo Estatuto das Cidades, bem como a gestão dos resíduos sólidos da Lei n. 12.305/10 e a atividade de catação pelos catadores (migrantes do interior para a zona urbana). .

Neste rumo, Janaína Rigo Santin e Elizete Gonçalves Marangon( 2008, p. 104) enfatizam que:

Trata-se de uma via de mão-dupla. De um lado, é fundamental que o Poder Público se mostre vinculado às proposições estabelecidas no Estatuto da Cidade, devendo ser repudiados comportamentos que visam simplesmente ignorar dispositivos positivados, como os que dizem respeito à gestão democrática municipal, bem como aos instrumentos de política urbana da outorga onerosa e da

(25)

transferência do direito de construir, previstos no Estatuto da Cidade. De nada adianta o ordenamento jurídico proclamar a necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural, paisagístico, artístico e urbano, se não forem adotados mecanismos efetivos para concretizar esta proteção. E neste escopo, foram positivados a outorga e a transferência do direito de construir. Porém, é necessária sua positivação e regulamentação em âmbito municipal, para que os proprietários de imóveis tombados possam, mesmo com a limitação de sua propriedade, usufruir do benefício de poder transferir o potencial de construção daquele terreno (solo criado) para outro imóvel.

Sem sombra de dúvidas, a participação da população é muito importante , pois somente o cidadão pode exigir o cumprimento das leis e “cobrar” uma posição político-social do gestor municipal no que tange a efetivação de ações que possibilitem a melhoria na gestão urbana, ambiental e dos resíduos sólidos.

.

Não se pode negar que na ausência ou na omissão de ações concretas do poder público para assegurar que políticas públicas amenizem a situação dos catadores de resíduos sólidos esses têm à sua disposição mecanismos para exigir a efetivação dos direitos sociais, inscritos no art. 6º da CF/88, que são considerados essenciais para a sobrevivência digna .

1.3.2 Mecanismos da efetivação dos direitos sociais

Os direitos sociais estão arrolados no art. 6ºCF/88 e segundo Tânia Maria Zanetti ( 2017)

Estão voltados à garantia e melhor qualidade de vida aos cidadãos, com o finalidade de diminuir as desigualdades sociais. Esses direitos estão difundidos por toda a Constituição. São direitos coletivos e, em norma, passíveis de alteração por emenda constitucional.

As lições de José Afonso da Silva ( 2011, p 167) sobre significado de direitos sociais são necessários para a compreensão do tema desta monografia.

(26)

Veja-se:

Os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade

Registra-se que os direitos sociais dependem de ações do poder público e “[...]somente poderão ser realizados por meio das políticas públicas, que fixam de maneira planejada, diretrizes e atitudes da ação do Poder Público perante da sociedade”, salienta Silva (2001, p. 167).

Entretanto a concretização desses direitos, nem sempre ocorre de forma efetiva, são muitas as posições ideológicas que atuam no cenário político nacional e muitos não se preocupam com a necessidade de lutar pelo bem comum, pelos interesses do povo, gerando a falta de políticas públicas eficazes ( ZANETTI, 2017).

Salienta-se, que mesmo com a incorporação dos direitos fundamentais no Texto constitucional vigente, ainda há a omissão do Poder público em dar atendimento as demandas sociais., “[...] convive-se, por exemplo, com a falta de atendimento à saúde, de educação de qualidade e de lazer, ou seja, com a exclusão social de milhares de pessoas, alega Zanetti ( 2017)

Continua a referida autora ( Zanetti, 2017) enfatizando que “[...] para que os direitos humanos não sejam infringidos, é necessário a adoção de medidas concretas, planejadas e bem definidas para a efetivação desses direitos”.

Dessa forma, percebe-se que há uma relação intrínseca entre as ações promovidas na esfera governamental, no que tange ao desenvolvimento “[...] de políticas públicas e a realização de direitos, de maneira especial dos direitos sociais, é por isso direta, assim como demanda prestações positivas por parte do Estado ( ZANETTI, 2017).

(27)

As políticas públicas funcionam como instrumentos de união e empenho, em torno de objetivos comuns, que passam a estruturar uma coletividade de interesses, se tornando um instrumento de planejamento, racionalização e participação popular.

Assim sendo para assegurar os direitos sociais do cidadão são necessários um conjunto coerente de ações de iniciativa dos poderes públicos e das sociedades que irão garantir, através das políticas sociais, os direitos referentes à saúde, à previdência e à assistência social. Abranger os direitos sociais, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Sendo necessário que estas políticas públicas, sejam bem organizadas e eficazes.

Constata-se, que o ser humano passou a ser o centro do nosso ordenamento, quando a CF/88 apresenta a dignidade humana como um fundamento que tutela os direitos e garantias fundamentais. Ou seja, Zanetti ( 2017) expõe que a Constituição Federal de 1988, “[...] existe para proteger e tutelar o ser humano, assegurando condições políticas, sociais, econômicas e jurídicas que permitam que ele atinja seus objetivos com a mais ampla proteção”.

Ainda, pode-se depreender do exposto que o cidadão precisa ficar atento e procurar os órgãos competentes para reivindicar seus direitos, pois sabe-se que há uma defasagem muito grande entre o que consagra a CF/88 e a realidade que circunda o universo dos migrantes e catadores de resíduos sólidos da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Existem mecanismos que contribuem para a efetivação dos direitos sociais, mas, na maioria das vezes os cidadãos desconhecem quais sãos estes que estão à sua disposição.

Destaca-se que para Zanetti ( 2017)

[...] a garantia desses direitos de se dar exclusivamente por meio de leis que proíbem do estado certos procedimento lesivos ao ser humano. È imprescindível leis, regulamentos e medidas públicas de promoção e fortalecimento desses direitos, pois os direitos sociais somente poderão ser realizados por meio das políticas públicas, que

(28)

fixam de maneira planejada, diretrizes e atitudes da ação do Poder Público perante da sociedade.

Percebe-se, assim, que a efetivação dos direitos sociais passa necessariamente pela implementação de ações concretas realizadas pelo poder público, mas também, pela elaboração de leis, regulamentos, entre outros mecanismos que lhes assegurem a dignidade.

Neste contexto, inserem-se os catadores de resíduos sólidos que vivem em condições insalubres, sem o mínimo indispensável para uma vida mais digna, mas que são necessários para uma sociedade tão consumista e descuidada com o descarte dos objetos e bens consumidos.

(29)

2 A IMPORTÂNCIA DOS CATADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA EFETIVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A partir deste momento, esta pesquisa tem como objetivo verificar a importância dos catadores de resíduos sólidos para a efetivação do desenvolvimento sustentável. Primeiro, aborda-se sobre o desenvolvimento sustentável das cidades para melhor compreender o desafio que se deixa a cargo dos gestores municipais para reverter a situação de vulnerabilidade e hipossuficiência que vivem enquanto migrantes da zona rural e de outras cidades e acolhidos na zona urbana,

Sem sombra de dúvidas, o Brasil vive um dos momentos mais ricos de sua trajetória de governabilidade democrática possui muitos programas para ampliar a inclusão de pessoas no desenvolvimento social, político, econômico e científico-tecnológico e, por isso é essencial analisar a Lei de Resíduos Sólidos- Lei n. 12.305/10 para melhor compreensão da atividade exercida pelos catadores para possibilitar melhoria do ambiente que nos cerca.

Em face das considerações acerca da urbanização desordenada, da falta de planejamento urbano das cidades e a necessidade de implantação da gestão urbana, ambiental e dos resíduos sólidos, a seguir se faz uma análise do perfil dos catadores de resíduos sólidos para a efetivação do desenvolvimento sustentável.

Então, aborda-se a seguir aspectos referentes a Lei de Resíduos Sólidos, com a finalidade de apresentar as normas que dizem respeito a sustentabilidade o meio ambiente, bem como das ações e políticas públicas que devem fazer parte da agenda política no âmbito municipal.

Por último se faz uma abordagem sobre as políticas públicas desenvolvidas ou planejadas para evitar que a natureza seja agredida e que o meio ambiente seja sustentável para as atuais e próximas gerações.

(30)

Antes de discorrer sobre o tema ora proposto, há necessidade de entender o que significa desenvolvimento sustentável no contexto do desenvolvimento das cidades.

Quando se fala em desenvolvimento sustentável das cidades logo vem a nossa mente que isso está relacionado ao crescimento populacional a migração de trabalhadores que saem da zona rural em busca de melhores condições de vida e, a urbanização sem planejamento e em áreas impróprias que geram problemas ao meio ambiente, a poluição de rios, lagos e do ar.

A primeira coisa que o precisa ser feita, diz respeito a mudança de mentalidade de todos nós. A falta de conscientização da população está gerando problemas infindáveis ao meio ambiente e a urbanização. Afirma Priscila Pacheco ( 2017) que:

A conscientização ambiental é o primeiro passo: adotando hábitos simples, é possível utilizar os recursos naturais de forma inteligente. O uso de energia limpa e renovável – eólica, solar, geotérmica, hidráulica – também é importante, já que evita o consumo excessivo de combustíveis fósseis e diminui a emissão de gás carbônico na atmosfera.

Na verdade, enquanto não houver a conscientização da população a Lei n. 12.305/10 foi promulgada com a intenção de oferecer a todos a esperança de que a gestão urbana e ambiental apregoada pelo Estatuto das Cidades em conjunto com a gestão dos resíduos sólidos, incluindo a catação e reciclagem dos produtos e bens consumidos e descartados trará benefícios a todos, uma vez que a sustentabilidade do planeta depende de cada um e de todos.

Neste sentido as palavras de Tauã Lima Verdan Rangel( 2017) são muito elucidativas, uma vez que para ele

A proteção ambiental, e as normas que as regem deram um salto qualitativo com a constitucionalização do meio ambiente no Brasil viabilizando a eminente necessidade de dar liberdades públicas e garantir os direitos fundamentais. Contudo vem alcançando discussões internacionais que envolvem a necessidade de um desenvolvimento econômico pautado na sustentabilidade, que

(31)

passou a figurar, especialmente, nas décadas de 1950 e 1960, sempre voltada aos direitos fundamentais.

Cabe destacar que a sustentabilidade é parte integrante dos direitos fundamentais, mesmo que não esteja incluído no rol do art. 5º da CF/88, mas esteja disposto no art. 225 que trata do meio ambiente como um direito de todos e de ninguém, sendo dever do Estado a promoção do bem-estar da sociedade.

Anota Rangel ( 2017) que “[...]verifica-se a inclusão como direito fundamental, a proteção ao meio ambiente, que está inteiramente ligado ao ideal de uma sociedade mais justa e igualitária”

Em verdade, a Lei de Resíduos Sólidos veio para dar respostas aos questionamentos com relação ao desenvolvimento sustentável e sua relação com a saúde e o meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Portanto, não se pode deixar de ressaltar o quanto é importante compreender o significado de meio ambiente quando se trata de abordar a Lei de Resíduos Sólidos, pois, como já ressaltado, “[...] se está enfrentando um tema que relaciona-se com a saúde, com o derelaciona-senvolvimento e com equilíbrio do meio ambiente” ( RANGEL, 2017).

Neste sentido, entender o significado de meio ambiente a partir da Ação Direta de Inconstitucionalidade N°. 4.029, relatada pelo Ministro Luiz Fux ( STF, 2017) esclarece muito o que se está pesquisando. Neste sentido, salientou, com bastante pertinência, que:

[...] o meio ambiente é um conceito hoje geminado com o de saúde pública, saúde de cada indivíduo, sadia qualidade de vida, diz a Constituição, é por isso que estou falando de saúde, e hoje todos nós sabemos que ele é imbricado, é conceitualmente geminado com o próprio desenvolvimento. Se antes nós dizíamos que o meio ambiente é compatível com o desenvolvimento, hoje nós dizemos, a partir da Constituição, tecnicamente, que não pode haver desenvolvimento senão com o meio ambiente ecologicamente

(32)

equilibrado. A geminação do conceito me parece de rigor técnico, porque salta da própria Constituição Federal”( BRASIL,STF,2017)

Observa-se que pensar o meio ambiente é algo que nos remete a situações inusitadas quando verifica-se que a população a cada dia produz mais resíduos sólidos, ou seja lixo, pois o consumo desenfreado provoca o acumulo de materiais que precisam ser descartados, e nesse sentido pode se afirmar que à agressão ao meio ambiente tem gerado um desequilíbrio ambiental e provocado doenças das mais diversas.

Isso significa dizer que a Lei de Resíduos Sólidos surgiu em uma hora propícia pois regulamenta a prática gestionária relativa a materiais e a resíduos sólidos, bem como apresenta um plano de gerenciamento , manejo, armazenamento e tratamento de resíduos sólidos, demonstrando a preocupação com o meio ambiente que transcende as gerações presentes, visando o futuro.

Quando se refere ao tema o Ministro Celso de Mello, ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade N° 1.856/RJ, destacou que:

A preocupação com o meio ambiente - que hoje transcende o plano das presentes gerações, para também atuar em favor das gerações futuras [...] tem constituído, por isso mesmo, objeto de regulações normativas e de proclamações jurídicas, que, ultrapassando a província meramente doméstica do direito nacional de cada Estado soberano, projetam-se no plano das declarações internacionais, que refletem, em sua expressão concreta, o compromisso das Nações com o indeclinável respeito a esse direito fundamental que assiste a toda a Humanidade.(BRASIL, STF,2017)

Percebe-se que o envolvimento das gerações presentes nos processos de gerenciamento de resíduos sólidos passa necessariamente pela educação formal nas escolas, nas associações, bem como pelo comprometimento e participação das famílias para minimizar o problema dos chamados “lixos” e, dos governos federal, estadual e municipal. Ambos tem o dever de atuar visando a melhoria do meio ambiente, e da melhor destinação destes resíduos.

(33)

Portanto, ao Poder Público cabe o dever geral de se responsabilizar por todos os elementos que integram o meio ambiente, assim como a condição positiva de atuar em prol de resguardar. Igualmente, tem a obrigação de atuar no sentido de zelar, defender e preservar, assegurando que o meio ambiente permaneça intacto. E ao cidadão cabe o dever negativo, ou seja, o de não poluir nem agredir o meio ambiente através de seus atos, pois são titulares e responsáveis pelo meio ambiente a geração presente e também futura.

Daí a importância do tema, pois busca estruturar uma análise dos aspectos gerais da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecendo a concepção de conceitos basilares e imprescindíveis à sua compreensão.

Contudo, faz-se necessária a compreensão de conceitos fundamentais, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), ou seja verificar como a referida lei define o que sejam resíduos sólidos.

O entendimento de Paulo Nascimento Neto (2015, p.5) acerca do tema é: Os resíduos sólidos são definidos como materiais ou substâncias em estado sólido ou semissólido resultante da atividade humana que são descartados e necessitam destinação final adequada, escolhida em face de sua natureza e da tecnologia disponível

Afirma-se que estes resíduos apresentam grande heterogeneidade, sendo compostos principalmente por matéria orgânica, papel, plásticos, metais e vidros. Sua composição varia de acordo com hábitos e costumes da população, poder aquisitivo, padrões de consumo e grau de urbanização (LIMA,2001; PHILLIPI JR.;AGUIAR, 2005; JARDIM,2000).

Portanto, é sabido que com a progressão na geração de resíduos sólidos e rejeitos produzidos pelos centros urbanos tem suma importância, pois é considerado como um dos fatores responsáveis pela intensificação da poluição ambiental. Constata-se que o consumo cresce a cada dia, as embalagens descartáveis predominam nas prateleiras dos supermercados, e os costumes mudaram com o passar dos anos, sem deixar de lado as instalações das indústrias nos grandes

(34)

centros urbanos, sem que subsista qualquer política limitante, culminando isso tudo em uma maior quantidade de resíduos sólidos a serem geridos pelo Poder Público, em especial pelos Municípios.

Importante salientar que conforme o entendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos ( Lei nº 12.305/2010), e citado anteriormente o conceito está relacionado ao desenvolvimento, implementação e operacionalização do sistema de Manejo de Resíduos Sólidos, mas que um segundo momento envolve as “ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões políticas, econômicas, ambiental, cultural e social, sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2010, art. 3º).

Portanto, exige-se a intervenção do Poder Público nos diversos setores da sociedade, com o intuito de promover a transformação do meio e criar novas formas urbanas. Todavia, apesar dos aspectos negativos existentes, tem sido largamente empregada, pois está comprovado que uma série de problemas de saúde são advindos da precária destinação dada aos resíduos sólidos. Concomitante a isso, evidencia-se que a situação se agrava em decorrência da conversão dos “lixões”, principalmente nos grandes e centros urbanos, em ambiente no qual uma massa populacional, inclusive crianças e adolescente, desassistida por políticas públicas dotadas de eficácia, afixa residência em seu entorno e passa a laborar, retirando sustento e sujeitos a toda sorte de contaminação e exposição a um ambiente insalubre (NASCIMENTO,2013)

Neste sentido, importante se faz colacionar as ponderações apresentadas por Copola (apud Rangel, 2017)

Os lixões constituem a forma mais antiga, precária, perniciosa, e abominável de disposição de resíduos sólidos, porque são instituídos sem qualquer estudo, preocupação ou precaução. Os lixões são capazes de atingir o lençol freático, e os cursos d’água. Além disso, são causadores de poluição do solo e da água sob a superfície, e de destruição da vegetação. Causam, ainda, mau cheiro e apodrecimento, atraindo, com isso, moscas, baratas e ratos, entre outros animais peçonhentos; e são responsáveis pela desvalorização de imóveis que os circundam. E pior: os lixões são causadores de doenças como a cólera, infecções e verminoses.

(35)

Com isso, as municipalidades se viram obrigadas a adotar práticas mais eficientes de gerenciamento dos resíduos sólidos, buscando estratégias para fomentar o reaproveitamento e reciclagem do material coletado. Porém para Jacobi (2004,p.180), a situação dos resíduos sólidos tem sido um assunto que perpassa todas as esferas do Estado brasileiro, pois para ele,

praticamente todas as cidades brasileiras se encontram em uma situação muito delicada em relação aos resíduos sólidos e os modelos tradicionais apresentam uma série de problemas e de contradições na sua execução.

Notadamente a situação não é das melhores em praticamente todas a sociedades brasileiras quando se trata do armazenamento e gerenciamento de resíduos sólidos, diante da ausência de políticas publicas locais que visem a gestão e tratamento destes.

Sabe-se que o advento da Lei n° 12.305, de 02 de agosto de 2010, apresenta em seu texto princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, inclusive, fixando as responsabilidades dos geradores, do Poder Público e dos consumidores e, ainda, os instrumentos econômicos aplicáveis com o intuito de transformar as cidades em um aspecto fundamental, que é a apresentação estética, bem como o acondicionamento em locais apropriados do “lixo” produzido pelos cidadãos. (NASCIMENTO,2013)

Nascimento (2013,p.22) aduz que:

A aprovação da Lei nº 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), após vinte e um anos de discussões no Congresso marcou o início de uma articulação envolvendo os três entes federados, o setor produtivo e a sociedade civil na busca de soluções para os resíduos sólidos; a Política Nacional estabelece princípios, objetivos, diretrizes, metas e ações, além de instrumentos como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que aborda os diversos tipos de resíduos gerados, alternativas de gestão e gerenciamento, e metas para diferentes cenários com seus programas, projetos e ações.

(36)

Com efeito, Nascimento (2013,p.23 ) continua discorrendo sobre o tema complementando que

[...] a contemporânea sistemática adotada para a gestão dos resíduos sólidos reclama muito mais que a simples implantação de um eficiente sistema de coleta, tratamento e disposição do lixo, sendo imprescindível a concessão de atenção aos padrões estabelecidos na cadeia de produção e consumo. Mister faz-se estruturar o desenvolvimento de uma consciência que objetive a redução da geração de periculosidade dos resíduos e, concomitantemente, o aumento do seu aproveitamento.

Por último, salienta-se os objetivos apresentados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos diz respeito a promoção de medidas de aspecto operacional, levando em consideração a importância da articulação entre as diferentes esferas do poder públicos na gestão integrada de resíduos sólidos.

Por outro lado, destaca Nascimento (2013,p.) que é fundamental para o desenvolvimento gestão integrada dos resíduos sólidos o envolvimento do setor empresarial,”[...] com o escopo de promover a cooperação técnica e financeira para o desenvolvimento da gestão integrada de resíduos sólidos.”

O diploma ora mencionado, ou seja, a Lei de Resíduos Sólidos coloca em evidencia a situação dos catadores no âmbito da federação, destacando a importância que estes possuem para o futuro do meio ambiente, além de que ao estarem inseridos no trabalho de catação está ocorrendo ao mesmo tempo a eliminação e recuperação de lixões e o mais importante a geração de trabalho e renda digna a estes trabalhadores. Quer dizer o catador de materiais recicláveis e reutilizáveis encontra nesta atividade a possibilidade de inclusão social e a emancipação (NASCIMENTO,2013)

É inegável que esta Lei é fundamental para a gestão de resíduos sólidos no Brasil, por isso Nascimento ( 2013, p. 26)destaca que

Todavia, ainda que este marco seja de suma importância, sua aprovação não é garantia de melhoria na gestão dos resíduos sólidos

(37)

no Brasil, tornando-se fundamental o engajamento do poder público e da sociedade no intuito de transformar o instrumento normativo em modificador das atuais práticas de gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos.

É importante referir que políticas públicas para o desenvolvimento sustentável exigem ações concretas e o engajamento de toda a sociedade para a melhoria do meio ambiente, principalmente ao que se refere a destinação dos resíduos sólidos.

A seguir estuda-se aspectos referentes a políticas públicas para compreender a sua importância em um Estado democrático de direito, bem com oi na vida dos catadores de resíduos sólidos.

2.2 Políticas públicas para o desenvolvimento sustentável

Antes de adentrar no tema ora proposto é imprescindível retomar o significado de políticas públicas, bem como retomar o significado de desenvolvimento sustentável para entender a importância da atividade de catação desenvolvida pelos catadores de resíduos sólidos para a organização das cidades.

Falar em políticas públicas não é um tema difícil, mas apresenta uma certa complexidade dependendo da área que vão ser desenvolvidas e do contexto que vão ser aplicadas pois apresentam significados diferentes.

A dimensão jurídico - institucional na visão de M. P. Dallari Bucci (2006, p. 39) nada mais é do que

[..] o programa da ação governamental que resulta de um processo ou conjunto de processos juridicamente regulados – processo eleitoral, processo de planejamento, processo de governo, processo orçamentário, processo legislativo, processo administrativo, processo judicial – visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização dos objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados.

(38)

Percebe-se nessa definição de políticas públicas são na realidade decisões sobre as prioridades definidas pelos governantes para alcançar seus objetivos.

Na mesma linha de entendimento, porém com outra abordagem é a conceituação proposta por Enrique Saraiva (2006, p 38 ) quando refere que é o:

[...] sistema de decisões públicas que visa a ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de objetos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos.

Neste contexto, observa-se que a atuação governamental busca verificar quais as demandas das áreas definidas como prioritárias e realiza uma programação com vistas a promoção do atendimento das necessidades do grupo envolvido.

Da mesma forma, Filipo Bruno Silva Amorim ( 2017) sustenta que

políticas públicas são intenções político-governamentais traduzidas normativamente (constitucionalmente ou legalmente) e, portanto, introduzidas no espaço jurídico de um determinado Estado, que visam coordenar os meios à disposição do Estado (recursos públicos) e das atividades privadas, na consecução de objetivos socialmente relevantes.

Então, não resta dúvida de que a tomada de decisão pelo poder público é o primeiro grande passo para realizar atividades que visem o desenvolvimemto sustentável.

Por outro lado, não se pode esquecer que ao lado as políticas públicas voltadas à área ambiental têm muito a ver com o desenvolvimento sustentável, que “[...]deve ser visto como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, o qual está associado ao crescimento material, quantitativo da economia”

(

MACIEL, 2017)

Neste sentido, Marcelo Dias Varella (2004, p. 43) salienta que:

A proteção do meio ambiente torna-se, assim, elemento fundamental no processo de desenvolvimento, pois toda forma de crescimento

(39)

não sustentável seria oposta ao conceito de desenvolvimento em si, ao implicar na redução das liberdades das gerações futuras.

Deste modo, pode-se dizer que é um dos desafios para os governantes ter uma agenda voltada à gestão urbana, ambiental e dos resíduos sólidos, pois é um dos objetivos esposados na Lei dos resíduos sólidos e Estatuto da Cidades.

Após ter abordado a importância das políticas públicas para o desenvolvimento sustentável não se pode deixar de ressaltar que são muitos os desafios existentes para implementação dos direitos fundamentais, mas o foco desta pesquisa é a inclusão dos catadores de resíduos sólidos para a consolidação do desenvolvimento sustentável.

2.2.1 Atividades desenvolvidas pelos catadores e o desenvolvimento sustentável

Um aspecto fundamental para que se entenda porque o catadores são de extrema importância para o meio ambiente e desenvolvimento sustentável deve-se ao trabalho de reciclagem que, historicamente, realizam no Brasil.

Neste sentido, Beatriz Judice Magalhães ( 2012, p.15) informa que

No Brasil, os catadores têm, historicamente, papel de destaque na realização da reciclagem. O Relatório da ONU para a Sustentabilidade na América Latina e o Caribe de 2010 (UNEP: 2010) aponta o país como líder no continente em relação à reciclagem de alumínio. O relatório estima, ainda, que cerca de 170 000 pessoas se ocupem, no Brasil, com a reciclagem de latas desse material (UNEP: 2010: 304). No que se refere ao número global de catadores que atuam no país, as estimativas divergem: de acordo com o MNCR, há cerca de 1 milhão de catadores no país; segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número está em torno de 700 mil pessoas (BRASIL: 2011). Independentemente das diferenças entre as estimativas apontadas, percebe-se a expressividade da atividade de catação no Brasil, o que denota a importância das 16 discussões a respeito da relação dos catadores com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Na realidade não interessa se há ou não unanimidade no que se refere ao número geral de catadores existentes no Brasil. O que realmente importa é a

(40)

existência de pessoas que se dedicam a catação de resíduos sólidos e à reciclagem dos materiais recolhidos, pois segundo Beatriz Judice Magalhães “[...]percebe-se a expressividade da atividade de catação no Brasil, o que denota a importância das discussões a respeito da relação dos catadores com a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, e as políticas públicas desenvolvidas a esta categoria de trabalhadores informais.

O descarte de bens e produtos faz parte das sociedades capitalistas, nas quais as pessoa, na ânsia de acompanhar o desenvolvimento tecnológico fazem do consumo um objetivo de felicidade e, desta forma, geram obrigatoriamente um grande volume de resíduos.

Portanto, se faz necessário expor o que dispõe o Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Lei n. 12.305/2010, acerca dos resíduos, da reciclagem e da gestão compartilhada.

A seguir, transcreve-se alguns pontos importantes da Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, que configura a PNRS: Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

[...]

XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; [...]

XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; [...]

Art. 6º São princípios da Política Nacional dos Resíduos Sólidos: [...]

VII- o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania

Referências

Documentos relacionados

As concentrações dos elementos detectados nos extratos lixiviados são então comparadas com os limites máximos estabelecidos nas listagens constantes da NBR 10.004

Como dito anteriormente, o Brasil é um país que trabalha para se inserir cada vez mais na ordem global internacional. Fato que é notoriamente percebido por meio das

É com essa preocupação que analisou-se a gestão de resíduos sólidos nas áreas rurais em Santa Cruz do Sul, a partir de dados do PMGIRS-SCS e dados pesquisados na Usina de Triagem

Dentro da conceituação apresentada em BRASIL (2010), os objetivos de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) são de identificar e diagnosticar a tipologia e

O contexto e as questões acima motivaram a elaboração do presente artigo, baseado em uma pesquisa empírica com o objetivo de reportar cientificamente como se

Com base no cenário da gestão dos resíduos sólidos apresentado, verifica-se que entre as taxas de lixo coletado, lixo queimado ou enterrado e lixo a céu aberto, a taxa

Nos últimos anos, percebeu-se grandes variações nas quantidades coletadas. Isso pode significar uma falta de incentivo nos municípios ou mesmo a ausência de preenchimento correto

Embora seja um referencial regulatório extremamente importante para a gestão de resíduos sólidos em todo o país, a PNRS apresenta conceitos, diretrizes e condições