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Geração Eólica

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Resumo —

O recurso eólico para geração de energia elétrica,

por ser uma fonte limpa e renovável, possui considerável importância na matriz energética de diversos países. O entendimento dos tipos de ventos e das técnicas de produção de energia eólica (do funcionamento dos aerogeradores, rotores e geradores) é de vital importância para a compreensão dos processos envolvidos na produção desse tipo de energia, pois permite entender como e porque alguns tipos de regiões utilizam mais ou menos esse tipo de recurso.

Foi possível também realizar um comparativo em termos energéticos com a obtenção de energia a partir do uso de hidrelétricas para avaliar em números a eficiência desse tipo de recurso, principalmente no âmbito nacional, onde a matriz brasileira baseia-se principalmente no uso hidrelétrico.

Por último, seria eficaz uma matriz energética basear-se majoritariamente com esse tipo de recurso?

Palavras – chave — Energia eólica; aerogeradores; matriz; potencial eólico

I. INTRODUÇÃO

história da humanidade se confunde com a tentativa do homem de aproveitar os recursos disponíveis a sua volta. Acredita-se que em torno de 2800 AC os egípcios começaram a utilizar velas aproveitando a força do vento para locomover barcos.

Com o passar do tempo o uso do vento foi disposto em diversas atividades até chegar a geração de energia elétrica, no século XX. Para entender esse processo é necessário compreender o conceito de energia eólica assim como os tipos de ventos existentes.

A. Conceituação

Energia eólica é aquela proveniente da ação dos ventos. Através da movimentação das massas de ar existentes na atmosfera relacionados às variações das pressões de ar temos a formação dos ventos. As variações das pressões de ar, por sua vez, originam-se através da radiação solar e por um aquecimento diferenciado da superfície da terra.

Esta energia pode ser aproveitada sob diversas perspectivas, entre elas a eletricidade. O recurso eólico para geração de eletricidade é considerado uma fonte limpa e renovável. Nesse sentido, ela surge como alternativa ao uso de combustíveis fósseis. De modo que é a tecnologia limpa que mais tem crescido na última década, trazendo benefícios ambientais e sociais para diversos países.

B. Aspectos Históricos

Não é recente a utilização da força do vento como energia. Após o uso de velas em embarcações pelos egípcios em 2800 AC, acredita-se que a China, por volta de 2000 A.C., e o Império Babilônico, por volta de 1700 A.C. utilizavam cata-ventos para irrigação. Entretanto, o primeiro registro que confirma a utilização da energia eólica é oriundo dos persas, aproximadamente 200 A.C., os quais também utilizavam cata-ventos na agricultura.

Os cata-ventos chegaram na Europa há 900 anos e começaram a ser substituídos por moinhos de vento com eixo horizontal a partir do século XII. Contudo, com a Revolução Industrial, ocorrida no final do século XIX, houve um declínio da energia eólica com o surgimento da máquina à vapor.

Já no início do século XX, foram realizados vários estudos sobre aerogeradores com o intuito de aproveitar a energia eólica para a obtenção de energia elétrica. Um dos primeiros passos para o desenvolvimento de aerogeradores de grande porte para aplicações elétricas foi dado na Rússia em 1931. A Segunda Guerra Mundial também contribuiu para o desenvolvimento dessas máquinas, uma vez que os países em geral faziam grandes esforços no sentido de economizar combustíveis fósseis. Mas a procura pela geração eólica esfriou após a guerra, pois os combustíveis fósseis voltaram a abundar em todo o cenário mundial.

A opção pelo uso de energias renováveis intensificou-se na década de 1970 devido às crises do petróleo, objetivando-se diminuir o gasto com importação de combustíveis fósseis e assegurar o fornecimento de energia. A energia eólica está dentro desse grupo de energias alternativas e cada vez mais tem ganhado espaço no mundo.

No Brasil, a energia eólica teve seu primeiro indício em 1992 com o início da operação comercial do primeiro aerogerador instalado, mas durante os dez anos seguintes houve pouco avanço da consolidação da energia eólica. Então, após a crise energética de 2001, houve a tentativa de incentivar a contratação de empreendimentos de geração de energia eólica no país, e foi criado o PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o qual abriu caminho para a fixação da indústria de componentes e turbinas eólicas no país. Como resultado, ao final de 2012, o Brasil possuía 108 parques eólicos que totalizam 2,5 GW de capacidade instalada, e em 2014, a potência total instalada era 5,97 GW, em 2015

Geração de Energia a Partir de F

ONTES

E

ÓLICAS

(Julho 2016)

Ingrid Simões, Isabelle da Silva Quirino, Luis Fernando, Marcos V. Costa, e Matias Faria Rodrigues,

Membros, UFRJ.

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acumulou em 8,72 GW, o que mostra o grande incentivo do país na geração de energia eólica.

C. Tipos de Ventos

O vento é resultante das diferenças de pressão atmosférica entre os diferentes lugares. Apesar de ser um processo aparentemente simples, existem vários tipos de ventos. Eles alteram-se conforme a sua durabilidade, variando entre ventos constantes, periódicos e locais ou variáveis.

Os ventos constantes são aqueles que ocorrem de forma periódica e cujas características não fogem a determinados padrões gerais. São divididos em ventos alísios e contra-alísios. Os ventos periódicos são aqueles que ocorrem de forma repetitiva ou durante uma estação do ano. Existem dois principais tipos: as monções e as brisas.

Os ventos locais ou variáveis são ventos que ocorrem em uma determinada região durante um determinado período do ano. Existem inúmeros tipos que não se padronizam, uma vez que obedecem às condições naturais de cada localidade, como a pressão atmosférica e as formas de relevo, que direcionam o sentido e destino dos ventos. No Brasil, existem ventos locais que se descolam do noroeste em direção ao sudeste do país. Outros que sopram do sul para o centro-oeste.

II. POTENCIAL EÓLICO

Para aproveitar o recurso eólico para geração de energia elétrica faz se necessário realizar antes um estudo de viabilidade técnica levando em consideração alguns fatores determinantes assim como as áreas mais adequadas para captação.

Um primeiro fator importante, o potencial eólico, é caracterizado pela quantidade de energia contida nos ventos de determinada região de interesse e o quanto pode ser aproveitado desta mesma energia.

A potência disponível no vento aumenta com o cubo da velocidade do vento, de modo que a implantação das turbinas em locais com ventos fortes e persistentes é um fator determinante no sucesso econômico da operação. Para tal, é necessário medir e quantificar essa energia disponível assim como determinar os fatores que influenciam na sua disponibilidade.

Para tal, existem mapas temáticos que tem por objetivo fornecer informações para capacitar tomadores de decisão na identificação de áreas adequadas para aproveitamentos eólio-elétricos.

A. Medição dos ventos

A energia eólica é medida através de sensores de velocidade, denominados anemômetros e sensores de direção. Leva-se em consideração o fato de que estas medições devem ser feitas numa altura próxima de onde ficaria o cubo do rotor de um aerogerador.

Sinais são enviados pelos instrumentos de medida e recolhidos por um sistema de aquisição de dados. Estes podem ser armazenados ou transferidos remotamente, por linha telefônica. A partir desses dados é possível construir um mapa temático com informações acerca do potencial eólico da região analisada.

No Brasil, o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro apresenta mapas temáticos dos regimes médios de vento (velocidade, direções predominantes e parâmetros estatísticos) e fluxos de potência eólica na altura de 50m.

A escolha dos locais potencialmente interessantes pode ser complementada com visitas aos locais. Se estiverem disponíveis mapas de isoventos (linhas de igual velocidade média anual do vento) eles devem ser usados para fazer uma primeira estimativa (grosseira) do recurso eólico. Contudo, é indispensável uma caracterização detalhada do sítio, recorrendo a dados obtidos a partir de medições efetuadas no local escolhido.

B. Fatores que influenciam na disponibilidade.

O comportamento estatístico do vento ao longo do dia é um fator que é influenciado pela variação de velocidade do vento ao longo do tempo. As características topográficas de uma região também influenciam o comportamento dos ventos uma vez que, em uma determinada área, podem ocorrer diferenças de velocidade, ocasionando a redução ou aceleração na velocidade do vento. Além das variações topográficas e de rugosidade do solo, a velocidade também varia seu comportamento com a altura.

Tendo em vista que a velocidade do vento pode variar significativamente em curtas distâncias (algumas centenas de metros), os procedimentos para avaliar o local, no qual se deseja instalar aerogeradores, devem levar em consideração todos os parâmetros regionais que influenciam nas condições do vento. Entre os principais fatores de influência no regime dos ventos destacam-se:

✓ A variação da velocidade com a altura;

✓ A rugosidade do terreno, que é caracterizada pela vegetação, utilização da terra e construções;

✓ Presença de obstáculos nas redondezas;

✓ Relevo que pode causar efeito de aceleração ou desaceleração no escoamento do ar.

Como visto, a geração de energia eólica depende de vários fatores entre eles a disponibilidade constante de vento. Tal fator restringe o uso desse tipo de tipo de recurso como fonte majoritária na matriz energética de um país. Como será visto mais adiante, embora o uso de energia elétrica obtidas por fontes eólicas tenha aumentado nos últimos anos, sua participação nas matrizes nacionais e globais está em menor número quando comparadas às outras fontes de energia.

III. AEROGERADORES

O aerogerador (também chamado de turbina eólica) é uma das peças principais de um sistema de geração de energia eólica. Ele transforma a energia cinética do vento em energia elétrica quando a ação do vento movimenta certas pás que estão conectadas a um gerador elétrico que se encontra no interior do aerogerador. Existem várias configurações de turbinas eólicas, podendo ser divididas quanto ao tipo da turbina (interação entre as pás e o vento), tipo do rotor (horizontal e Vertical) e também quanto ao número de pás:

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A. Tipos de turbina

A primeira forma de classificar um aerogerador é em relação ao tipo de turbina, que consiste no elemento que captará a energia cinética do vento através da obstrução da sua circulação; ela pode ser primariamente arraste (“drag”) ou de sustentação (“lift”). Um corpo que obstrui o movimento do vento sofre a ação de forças perpendiculares ao fluxo de vento relativo gera forças de lift, similar ao princípio funcionamento de aeronaves; quando sofre a ação de forças paralelas ao fluxo de vento relativo gera forças de drag, simplesmente sendo arrastado pelo vento.

Rotores que giram predominantemente sob forças de "lift" permitem liberar muito mais potência do que aqueles que giram sob o efeito de forças de "drag", para uma mesma velocidade do vento, sendo o tipo mais utilizado para geração de energia elétrica.

B. Tipos do Rotor

Podemos classificar os rotores como de eixo horizontal, onde as pás giram em torno de um eixo paralelo ao solo; ou de eixo vertical, onde o eixo de rotação das pás é disposto de maneira perpendicular ao solo. Os sistemas com eixo horizontal, por um lado são movidos predominantemente por forças de "lift" e devem ser montados sobre uma gávea giratória provida de movimento em torno de um eixo vertical para que o disco varrido pelas pás esteja sempre em posição perpendicular ao vento.

Uma das principais vantagens desse equipamento (eixo vertical) é que a disposição de suas pás permite a captação dos ventos de qualquer direção sem precisar alterar a posição do rotor, o que diminui bastante a complexidade do projeto. Além disso, o gerador fica situado na base da torre e isto facilita eventuais manutenções. Por outro lado, a principal desvantagem destes rotores é que eles são colocados em baixa elevação e isto implica em ventos de menores velocidades, gerando um menor rendimento em relação aos de eixo horizontal.

Já para os rotores de eixo horizontal temos como principal vantagem o fato de ele ser mais eficiente que o seu alternativo; isso se dá, pois, as torres podem ser bem mais elevadas, possibilitando a captação de ventos globais e aumentando o rendimento; ale, disso, este rotor utiliza principalmente mecanismos de sustentação (lift) para a movimentação das pás, o que gera maior eficiência, enquanto que o rotor vertical utiliza principalmente mecanismos de arraste.

C. Número de pás

Com relação à quantidade de pás que compõem uma turbina eólica, existem máquinas com uma, duas, três ou multi pás. Equipamentos com duas pás apresentam elevada eficiência na geração de energia elétrica, mas são instáveis e propensos a turbulências durante o funcionamento. Os aerogeradores com três pás são os mais comumente utilizados para geração de energia elétrica, pois apresenta uma maior estabilidade no seu funcionamento. O modelo composto por multi pás têm a sua principal aplicação no bombeamento de água em poços artesianos.

D. Geradores

A transformação da energia mecânica de rotação em energia elétrica através de equipamentos de conversão eletromecânica é um problema tecnologicamente dominado e, portanto, encontram-se vários fabricantes de geradores disponíveis no mercado.

Entretanto, a integração de geradores no sistema de conversão eólica constitui-se em um grande problema, que envolve principalmente:

✓ Variações na velocidade do vento (extensa faixa de rotações por minuto para a geração);

✓ Variações do torque de entrada (uma vez que variações na velocidade do vento induzem variações de potência disponível no eixo);

✓ Exigência de frequência e tensão constante na energia final produzida;

✓ Dificuldade de instalação, operação e manutenção devido ao isolamento geográfico de tais sistemas, sobretudo em caso de pequena escala de produção (isto é, necessitam ter alta confiabilidade).

Atualmente, existem várias alternativas de conjuntos moto-geradores, entre eles: geradores de corrente contínua, geradores síncronos, geradores assíncronos, geradores de comutador de corrente alternada. Cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens que devem ser analisadas com cuidado na sua incorporação ao sistema de conversão de energia eólica.

IV. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

Um sistema eólico pode ser utilizado em quatro aplicações distintas: sistemas isolados, sistemas híbridos, sistemas interligados à rede e sistemas offshore. Os sistemas obedecem a uma configuração básica, necessitam de uma unidade de controle de potência e, em determinados casos, conforme a aplicação, de uma unidade de armazenamento.

A. Sistemas Isolados

São todos os sistemas que se encontram privados de energia elétrica proveniente da rede pública. Estes sistemas armazenam a energia do aerogerador em baterias estacionárias, que permitem consumir energia quando não ventar, evitando que falte energia elétrica quando o aerogerador parar. Porém, para poder consumir a energia que o aerogerador produz é necessário alterar a corrente elétrica. As tensões produzidas não são compatíveis com os aparelhos domésticos ou industriais, visto que a corrente produzida é contínua e a corrente pretendida é alternada e para isso são utilizados inversores senoidais de corrente.

B. Sistemas Híbridos

De modo geral, pode-se afirmar que são todos os sistemas que, desconectados da rede convencional, produzem energia elétrica em simultâneo com outra fonte eletroprodutora, ou seja, os sistemas híbridos são aqueles que apresentam mais de uma fonte de geração de energia como, por exemplo, turbinas eólicas, geradores Diesel, módulos fotovoltaicos, entre outras. C. Sistemas Interligados à rede

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Os sistemas interligados à rede são todos aqueles que inserem a energia produzida por eles mesmos na rede elétrica pública. Neste caso, a maioria dos aerogeradores são os de alta tensão. Os sistemas interligados à rede não necessitam de sistemas de armazenamento de energia, pois toda a geração é entregue diretamente à rede elétrica.

D. Sistemas Off-shore

As instalações off-shore representam a nova fronteira da utilização da energia eólica. Embora sejam instalações de maior custo de transporte, instalação e manutenção, estas têm crescido a cada ano principalmente com o esgotamento de áreas de grande potencial eólico em terra. O desenvolvimento dos mesmos tem ocorrido nos últimos anos pelas seguintes razões:

✓ Não ter limitações em termos de utilização do solo e dos diversos impactos visuais.

✓ Não há problemas com impactos sonoros, devido a distância da costa.

✓ A superfície do mar tem baixa rugosidade.

✓ Devido à menor rugosidade, as turbinas não necessitam de grandes alturas (comparando-as com o solo terrestre). ✓ Globalmente, a turbulência do vento é muito inferior no

mar, devido à ausência de barreiras. Assim, as turbinas não sofrem um desgaste exorbitante, tendo um aumento em sua vida útil.

V. LICENCIAMENTO E NORMAS

No âmbito mundial da crescente demanda por energia e preocupação ecológica, no Brasil, destaca-se a geração eólica, visto que o país possui grande potencial de geração proveniente desta fonte. Para tornar possível esses empreendimentos, é de extrema importância o conhecimento das normas estabelecidas pelos órgãos licenciadores (IPHAN, IBAMA, COMAR,ANAC, DER, SEMACE, Bombeiro, ONS) e um processo de Licenciamento Ambiental. As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86, nº 237/97 e nº 279/01. Além dessas, recentemente foi publicado a Lei Complementar nº 140/2011, que discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como fundamento a localização do empreendimento.

O processo de Licenciamento Ambiental ocorre em três fases No relatório de Estudo Ambiental realizado pelo empreendedor é imprescindível obter os seguintes conteúdos, segundo CONAMA n°279/01:

✓ Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, considerando a hipótese de não realização, especificando a área de influência;

✓ Diagnóstico e Prognóstico Ambiental, descrição dos prováveis impactos ambientais e socioeconômicos da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos,

técnicas e critérios para sua identificação, quantificação e interpretação;

✓ Medidas Mitigadoras e Compensatórias, identificando os impactos que não possam ser evitados; recomendação quanto à alternativa mais favorável; programa de acompanhamento, monitoramento e controle.

(Of. El. nº 814/2001)

Importantes fatores levados em consideração no Estudo Ambiental:

✓ Impacto Visual;

✓ Interferência eletromagnética, socioeconômicos (positivos e negativos);

✓ Interferências sobre vegetação nativa; ✓ Unidades de conservação;

✓ Áreas de preservação permanente e demais áreas de interesse ambiental;

✓ Perda de produção econômica; ✓ Indução à ocupação;

✓ Conflitos do uso do solo;

✓ Ruptura do padrão de acessibilidade;

✓ Interferência sobre áreas residenciais (ruído, impacto visual);

✓ Valorização/desvalorização imobiliária; ✓ Interferência sobre monumentos naturais; ✓ Bens tombados;

✓ Potenciais turísticos;

✓ Incremento na oferta de energia; ✓ Afugentamento da fauna;

✓ Desconforto ambiental causado por obras de terraplenagem;

✓ Impactos sobre fauna (avifauna e quirópteros), geração de ruído e efeito flicker, os impactos são em relação à avifauna, quirópteros, drenagem e ruídos;

✓ Riscos de acidentes com produtos perigosos durante a operação do empreendimento.

Após diagnóstico dos impactos ambientais e socioeconômicos apontados, os órgãos licenciadores são responsáveis por acompanhar as três etapas de forma a garantir o cumprimento das normas e dos projetos aprovados em cada uma das licenças.

VI. MATRIZ EÓLICA NO BRASIL E NO MUNDO

Matriz energética é toda energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida nos processos produtivos, é uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma região. A análise da matriz energética é fundamental para a orientação do planejamento do setor energético, que deve garantir a produção e o uso adequado da energia produzida, onde uma das informações mais importantes adquiridas é a quantidade de recursos naturais que está sendo utilizada, para saber se esses recursos estão sendo feitos de forma racional.

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A. Contexto Histórico

No início da década de 2000, uma grande seca no Brasil diminuiu o nível de água nas barragens hidrelétricas do país, causando uma grave escassez de energia. A crise, que devastou a economia do país e levou ao racionamento de energia elétrica, ressaltou a necessidade urgente do país em diversificar suas fontes de energia. Por isso, as autoridades passaram a incentivar o uso de energias de biomassa e eólica como alternativas primárias. Com isso a participação de renováveis na Matriz Energética Brasileira ampliou-se para 88,8% devido às condições hidrológicas favoráveis e ao aumento da geração eólica. Desde a criação do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), a produção de energia eólica no Brasil aumentou de 22 MW em 2003 para 602 MW em 2009, e cerca de 1000 MW em 2011(quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências).

O potencial de energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas, ou seja, nos meses em que falta chuva é exatamente quando venta mais. Isso coloca o vento como uma grande fonte suplementar à energia gerada por hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do país. Durante este período pode-se preservar as bacias hidrográficas fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo disto é na região do Rio São Francisco. Por essa razão, esse tipo de energia é excelente contra a baixa pluviosidade e a distribuição geográfica dos recursos hídricos existentes no país.

Com o tempo, a Matriz Energética Nacional vem cada vez mais levando em conta energias renováveis, como por exemplo a eólica, a de biomassa e solar. Porém, pensando a curto e médio prazo, é inviável que a Energia Eólica se torne a maior fonte de energia da matriz. Entretanto, como analisado anteriormente, a Energia Eólica pode ser utilizada como uma complementação e para desafogar a principal fonte da matriz (Hidroeletricidade), tendo em vista que esta depende de níveis suficientes de água nas barragens para obter energia que supra as necessidades energéticas do país.

B. Potencial Energético

O Potencial Energético define a capacidade que uma região tem de fornecer energia. O mapa abaixo fornece o potencial energético eólico para cada região do Brasil.

1) Uso nacional

O gráfico abaixo apresenta um comparativo ilustrativo entre todas as fontes de energia empregadas no Brasil:

2) Uso global

Semelhantemente, o esquema abaixo indica a utilização de fontes eólicas de energia ao redor do mundo:

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VII. VANTAGENS E DESVANTAGENS

Em comparação com as energias tradicionais, este tipo de energia possui vários pontos positivos, contudo, os negativos também devem ganhar espaço na pesquisa. As principais vantagens e desvantagens serão identificadas a seguir.

A. Principais vantagens da energia eólica

A geração eólica é uma tecnologia inesgotável, fazendo parte do grupo de energias renováveis, tão importantes para a geração de energia elétrica de forma sustentável. Em relação ao meio ambiente, sobretudo quando em frente às mudanças climáticas, a energia eólica é limpa, pois não emite gases de efeito estufa e não gera resíduos, ganhando uma importância devido a necessidade global de redução de gases de efeito estufa. Além disso, há uma economia graças a menor aquisição de direitos de emissão de CO2.

Aliado à sustentabilidade está o fator econômico. Há uma poupança graças a menor aquisição de direitos de emissão de

CO2 e a redução da dependência energética do exterior em combustíveis fósseis. Além disso, é uma das fontes mais baratas de energia podendo competir em termos de rentabilidade com as fontes de energia tradicionais. Silva Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Segundo Elbia ABEEólica), ela é a segunda fonte de energia mais barata no Brasil, atrás apenas da energia hídrica.

No âmbito social, a usina eólica apresenta, ainda, a vantagem de não exigir a desapropriação de grandes áreas, com deslocamentos populacionais, além de preservar os espaços utilizados pela agricultura e criação de gado. Além disso, somam-se o desenvolvimento de tecnologia em território nacional; a qualificação especializada de profissionais; a geração de emprego e o desenvolvimento das economias locais; e o aumento de renda para a comunidade próxima ao parque eólico.

B. Principais desvantagens da energia eólica

O fato de a energia eólica ser uma fonte de energia renovável e ecológica não significa que seu impacto ambiental seja nulo. Mesmo com numerosas vantagens, o uso de grandes aerogeradores, a instalação e funcionamento dos parques eólicos possuem desvantagens, que causam consequências sentidas, principalmente, não somente pelo meio ambiente, assim como pelas populações mais próximas dos parques. Os impactos ambientais gerados estão relacionados principalmente ao impacto sobre a fauna.

Entre os impactos na fauna, destacam-se os danos sobre as aves, como risco de colisão com os aerogeradores (rotores, pás e torres de suporte); perturbação na migração; perda de habitat de reprodução e alimentação; alteração dos padrões de movimentação e utilização do habitat devido à perturbação associada à presença das turbinas. Entretanto, os maiores prejudicados são os morcegos, que podem sofrer hemorragia interna nos pulmões devido a uma queda de pressão atmosférica causada pelas turbinas. Como medida preventiva, pintar as pás em cores mais visíveis pode aumentar a sua visibilidade, mas o mais importante escolher corretamente o lugar de implantação da usina.

Para a população adjacente, pode-se destacar como pontos negativos: o impacto visual, a emissão de ruídos e a interferência eletromagnética. Visualmente, a instalação dos parques eólicos gera uma grande modificação da paisagem. Com relação aos ruídos, eles são provocados pelas turbinas, mais especificamente pela rotação das pás, e a interferência pode ocorrer devido a reflexão das ondas eletromagnética causada pelos aerogeradores, as quais podem perturbar sistemas de telecomunicações. Contudo, para resolver estes dois últimos problemas, é importante que os projetos de usinas elétricas sejam otimizados com objetivo de reduzir o ruído, que já vem sendo reduzido com o avanço tecnológico, e reduzir a interferência, incluindo uma distância mínima do aeroporto e, ainda, uma área de servidão radioelétrica de ação da torre de eólica em relação à rota de navegação da aeronave.

É extremamente relevante conhecer as características, qualidades provenientes do tipo de geração de energia a ser utilizada em uma determinada localidade, a fim de que se possa explorar seus pontos fortes e amenizar os fracos. No caso da

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energia eólica, as vantagens, principalmente com relação são a sustentabilidade, se sobressaem, entretanto, os impactos negativos decorrentes da implantação e operação de uma usina eólica não podem ser negligenciados. Inclusive, cada vez mais, os problemas conseguem ser atenuados.

VIII. CONCLUSÃO

A energia elétrica obtida a partir de fontes eólicas por ser considerada uma fonte de energia limpa e renovável surge como alternativa às fontes mais convencionais baseadas em recursos fósseis, fontes hidrelétricas, entre outras.

Conclui-se que este tipo de energia possui vantagens sociais, como a geração de emprego e o desenvolvimento das economias locais, e ambientais, como a não geração de gases poluente e resíduos; contudo, também existem desvantagens que não devem ser negligenciadas, como impactos sobre a fauna e a população próximas aos parques eólicos. Esses pontos positivos e negativos somente ficarão claros após um estudo de viabilidade que pondere não somente condições técnicas, o potencial energético e os fatores que influenciem na sua disponibilidade, bem como os impactos ambientais gerados, para isso devem respeitar as normas que preveem a restrição de sua utilização sob diversos aspectos ambientais.

REFERENCES

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