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Case_video pro dia nascer feliz_DRI

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Academic year: 2021

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(1)

História de Valéria ou Não, eles nunca acreditaram que fui eu que fiz.

Adriana Rocha Bruno

Este caso foi inspirado no filme-documentário brasileiro “Pro dia nascer feliz” – de João Jardim (2006)

Trecho disponível no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=mBY7ISZKZdw – Acessado em março de 2013.

Uma aluna de uma Universidade, no interior de Pernambuco, deseja ser professora e faz um dos cursos de licenciatura.

Diferentemente de tantos outros alunos, Valéria gosta muito de ler e de escrever. Produz seus textos, poemas. Consome livros, textos literários e desenvolve seu olhar poético a partir das observações de seu contexto: simples, pobre, mas de esperança. Ingressou na universidade pública graças às políticas de expansão do Ensino Superior. Faz parte de um grupo de pesquisa e sobrevive com duas bolsas: iniciação cientifica e apoio estudantil. Conseguiu ainda uma vaga num dos alojamentos da Universidade.

Em sua escola não tem seu letramento literário reconhecido por seus professores. Segundo ela:

“Aqui, a maioria das vezes, a gente não tem a chance de sonhar...”

“Os professores nunca acreditaram que fui eu que fiz (a redação, história etc)... Eles acham que não é de minha autoria...”

A cada texto produzido, a cada poema criado, uma dúvida é plantada pelos professores de Valéria:

“Será que foi ela quem escreveu? Será possível que uma aluna carente de tantas coisas poderia criar algo tão belo? Escrever tão bem? Na dúvida, prefiro acreditar que não. O ‘copia e cola’ está instaurado na cultura escolar e, desse modo, um aluno tão carente não poderia produzir tão bem.”

1ª questão:

Como explicar a atitude de desconfiança por parte dos professores de Valéria frente aos textos que a aluna produz?

A chegada de D. Laura

Profª Laura, recém chegada da Capital, acaba de ser nomeada professora de políticas públicas para os cursos de Licenciaturas, que tem, como uma das alunas Valéria.

(2)

Dona Laura, como foi chamada logo em sua chegada, recebe um poema esperançoso de Valéria-aluna-poetisa. Começa a apreciá-lo com um ensaio de sorriso nos lábios...

Acompanhado do poema chega o alerta de um professor: _ Ganhou um poema copiado, foi?

_ Como? - responde D. Laura, distraída na leitura do poema.

_ Isso que está lendo - diz o professor. É mais uma cópia de algum poema que Valéria cisma em dizer que é de sua autoria. Vê se pode!

_ E você conhece o autor verdadeiro? - pergunta D. Laura ao professor.

_ Ah! Isso em tempos de internet não é tão difícil, não é? Precisa procurar, e num clique talvez já encontra! Plágio está na moda, né?

_ Vocês já encontraram algum na Internet? - pergunta a professora curiosa.

_ Num dá tempo de procurar, não! Se a gente for atrás do que essa garotada copia, sei lá de onde, ficaríamos malucos, só fazendo isso. Mas a gente sabe que é copiado.

_ Ah! E de que poeta o senhor mais gosta, professor? _ Num sou muito de poesia, não.

_ E que livros gosta de ler?

_ Com o tempo curto que temos hoje em dia as leituras são todas acadêmicas, né? Precisamos produzir, produzir...

Alguns dos professores de Valéria – aluna de um curso de licenciatura

Luiz: professor de História e ensino de Historia  Formado há 15 anos, desde então leciona na universidade. Sempre desejou ser pesquisador e se realiza com seu grupo de pesquisa na universidade.

Marinalva: professora de Língua Portuguesa  uma das mais antigas da Faculdade de Educação, leciona há 20 anos e deseja ser reitora: um boa forma de ver a universidade de forma ampla e também não ter que lidar com estudantes preguiçosos e que não sabem nem ler e nem escrever. É esposa de um vereador da cidade.

(3)

Lucélia: professora de Matemática e Ensino de Matemática  retornou, após 10 anos estudando e dando aulas fora do Brasil, à sua cidade Natal. Deseja se aposentar por lá e está dando aulas para as licenciaturas há 2 anos apenas.

Jorge: professor de Ed. Fisica. Luta há 15 anos contra a obesidade. Descobriu sua paixão pelos videogames e freqüenta muito os laboratórios de informática de universidade, levando os estudantes para descobrirem as possibilidades que o mundo virtual oferece para a docência.

Leila: professora de Geografia  Dá aulas para as licenciaturas e também desenvolve pesquisas para a prefeitura com um projeto sobre cartografia online. Viúva, sonha em ter um laboratório interdisciplinar na Universidade.

Jussara: professora de Didática, a última que restou na Faculdade de Educação  está perto de se aposentar, mas tenta alongar esse tempo. Orgulha-se de ter formado várias professoras na cidade. Tenta acreditar que a didática está diluída nas demais áreas e que a formação “do seu tempo” está ultrapassada. É única que permite o uso de computadores em sala de aula e desenvolve projetos com mídias (cinema – especialmente) e Internet. Diante do cenário apresentado, D. Laura, que defendeu, recentemente, seu mestrado em Gestão Educacional, a distância, traz para essa instituição sua questão de pesquisa (“Um ótimo campo para intervenções”, pensa ela):

Quais letramentos estão presentes na vida desses professores e quais letramentos estão presentes na escola?

Para buscar pistas para esta questão, vamos debater a partir de outras possiblidades. Questões para o estudo do caso

Como avaliar a postura da professora (recém-chegada-concursada), ao questionar o colega sobre sua experiência leitora? O que a resposta do professor pode suscitar na professora, no que tange a políticas de formação doente na Universidade?

Que princípios poderiam explicar a atitude dos professores de Valéria com relação à avaliação de suas produções escritas?

Que ações formativas poderiam ser implementadas para promover uma mudança de postura do professorado, com relação à sua forma de ensinar e avaliar o potencial dos alunos?

(4)

Como docente dessa faculdade-curso, que encaminhamentos daria diante deste cenário de “Valerias” e de professores que não enxergam suas potencialidades?

(5)

História de Valéria ou Não, eles nunca acreditaram que fui eu que fiz.

Adriana Rocha Bruno

Este caso foi inspirado no filme-documentário brasileiro “Pro dia nascer feliz” – de João Jardim (2006)

Trecho disponível no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=mBY7ISZKZdw – Acessado em março de 2013.

Uma aluna de uma Universidade, no interior de Pernambuco, deseja ser professora e faz um dos cursos de licenciatura.

Diferentemente de tantos outros alunos, Valéria gosta muito de ler e de escrever. Produz seus textos, poemas. Consome livros, textos literários e desenvolve seu olhar poético a partir das observações de seu contexto: simples, pobre, mas de esperança. Ingressou na universidade pública graças às políticas de expansão do Ensino Superior. Faz parte de um grupo de pesquisa e sobrevive com duas bolsas: iniciação cientifica e apoio estudantil. Conseguiu ainda uma vaga num dos alojamentos da Universidade.

Em sua escola não tem seu letramento literário reconhecido por seus professores. Segundo ela:

“Aqui, a maioria das vezes, a gente não tem a chance de sonhar...”

“Os professores nunca acreditaram que fui eu que fiz (a redação, história etc)... Eles acham que não é de minha autoria...”

A cada texto produzido, a cada poema criado, uma dúvida é plantada pelos professores de Valéria:

“Será que foi ela quem escreveu? Será possível que uma aluna carente de tantas coisas poderia criar algo tão belo? Escrever tão bem? Na dúvida, prefiro acreditar que não. O ‘copia e cola’ está instaurado na cultura escolar e, desse modo, um aluno tão carente não poderia produzir tão bem.”

1ª questão:

Como explicar a atitude de desconfiança por parte dos professores de Valéria frente aos textos que a aluna produz?

A chegada de D. Laura

Profª Laura, recém chegada da Capital, acaba de ser nomeada professora de políticas públicas para os cursos de Licenciaturas, que tem, como uma das alunas Valéria.

(6)

Dona Laura, como foi chamada logo em sua chegada, recebe um poema esperançoso de Valéria-aluna-poetisa. Começa a apreciá-lo com um ensaio de sorriso nos lábios...

Acompanhado do poema chega o alerta de um professor: _ Ganhou um poema copiado, foi?

_ Como? - responde D. Laura, distraída na leitura do poema.

_ Isso que está lendo - diz o professor. É mais uma cópia de algum poema que Valéria cisma em dizer que é de sua autoria. Vê se pode!

_ E você conhece o autor verdadeiro? - pergunta D. Laura ao professor.

_ Ah! Isso em tempos de internet não é tão difícil, não é? Precisa procurar, e num clique talvez já encontra! Plágio está na moda, né?

_ Vocês já encontraram algum na Internet? - pergunta a professora curiosa.

_ Num dá tempo de procurar, não! Se a gente for atrás do que essa garotada copia, sei lá de onde, ficaríamos malucos, só fazendo isso. Mas a gente sabe que é copiado.

_ Ah! E de que poeta o senhor mais gosta, professor? _ Num sou muito de poesia, não.

_ E que livros gosta de ler?

_ Com o tempo curto que temos hoje em dia as leituras são todas acadêmicas, né? Precisamos produzir, produzir...

Alguns dos professores de Valéria – aluna de um curso de licenciatura

Luiz: professor de História e ensino de Historia  Formado há 15 anos, desde então leciona na universidade. Sempre desejou ser pesquisador e se realiza com seu grupo de pesquisa na universidade.

Marinalva: professora de Língua Portuguesa  uma das mais antigas da Faculdade de Educação, leciona há 20 anos e deseja ser reitora: um boa forma de ver a universidade de forma ampla e também não ter que lidar com estudantes preguiçosos e que não sabem nem ler e nem escrever. É esposa de um vereador da cidade.

(7)

Lucélia: professora de Matemática e Ensino de Matemática  retornou, após 10 anos estudando e dando aulas fora do Brasil, à sua cidade Natal. Deseja se aposentar por lá e está dando aulas para as licenciaturas há 2 anos apenas.

Jorge: professor de Ed. Fisica. Luta há 15 anos contra a obesidade. Descobriu sua paixão pelos videogames e freqüenta muito os laboratórios de informática de universidade, levando os estudantes para descobrirem as possibilidades que o mundo virtual oferece para a docência.

Leila: professora de Geografia  Dá aulas para as licenciaturas e também desenvolve pesquisas para a prefeitura com um projeto sobre cartografia online. Viúva, sonha em ter um laboratório interdisciplinar na Universidade.

Jussara: professora de Didática, a última que restou na Faculdade de Educação  está perto de se aposentar, mas tenta alongar esse tempo. Orgulha-se de ter formado várias professoras na cidade. Tenta acreditar que a didática está diluída nas demais áreas e que a formação “do seu tempo” está ultrapassada. É única que permite o uso de computadores em sala de aula e desenvolve projetos com mídias (cinema – especialmente) e Internet. Diante do cenário apresentado, D. Laura, que defendeu, recentemente, seu mestrado em Gestão Educacional, a distância, traz para essa instituição sua questão de pesquisa (“Um ótimo campo para intervenções”, pensa ela):

Quais letramentos estão presentes na vida desses professores e quais letramentos estão presentes na escola?

Para buscar pistas para esta questão, vamos debater a partir de outras possiblidades. Questões para o estudo do caso

Como avaliar a postura da professora (recém-chegada-concursada), ao questionar o colega sobre sua experiência leitora? O que a resposta do professor pode suscitar na professora, no que tange a políticas de formação doente na Universidade?

Que princípios poderiam explicar a atitude dos professores de Valéria com relação à avaliação de suas produções escritas?

Que ações formativas poderiam ser implementadas para promover uma mudança de postura do professorado, com relação à sua forma de ensinar e avaliar o potencial dos alunos?

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Como docente dessa faculdade-curso, que encaminhamentos daria diante deste cenário de “Valerias” e de professores que não enxergam suas potencialidades?

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