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Academic year: 2021

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TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DA CINZA DO BAGAÇO DA CANA DE AÇUCAR NA

SUBSTITUIÇÃO TOTAL DE AGREGADOS MIÚDOS EM TRAÇO DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E REVESTIMENTO

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA ÁREA:

SUBÁREA: ENGENHARIAS SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): ANTÔNIO CARLOS VILELLA CALDEIRA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): PEDRO SÉRGIO HORTOLANI RODRIGUES ORIENTADOR(ES):

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1 1. RESUMO

Neste trabalho apresenta-se uma nova abordagem para a utilização de resíduos da cinza do bagaço de cana-de-açúcar na substituição total de agregados miúdos para produção de argamassa de assentamento e revestimento. Neste sentido, este trabalho propõe uma importante aplicação para aproveitar os resíduos oriundos da produção sucroalcooleira, em um país que tem no cenário atual, uma alta produtividade de cana-de-açúcar e é líder em diversos os segmentos, como energia, açúcar e álcool. Destas produções, sobra-se o bagaço da cana, que é uma biomassa aproveitada em grande parte da indústria como combustível para suas caldeiras, o qual, tem como subproduto as cinzas, cujo destino final atualmente ocorre nas lavouras como um adubo complementar. Este subproduto, na área de materiais de construção civil, pode ser reaproveitado sendo inserido na produção como substituto de agregados miúdos em traços de concreto, como alguns estudos já propuseram. No entanto, na literatura ainda há poucos estudos que tentam utilizar este subproduto para produção de argamassas de assentamento e revestimento, que é o objeto do estudo e contribuição deste artigo. Assim neste artigo, propõe-se um processo de produção de uma argamassa a partir das cinzas do bagaço de cana. Após análises, os resultados indicaram maior resistência final na argamassa, além da produção uma mistura mais leve.

2. INTRODUÇÃO

O Brasil possui tradição no plantio de cana-de-açúcar desde o século XVIII, quando o açúcar despontou como o principal produto de exportação, e atualmente o país é responsável pela produção de cerca de 60% do álcool etílico consumido no planeta e é o maior produtor mundial de açúcar. A cultura da cana-de-açúcar representa uma das principais atividades agrícolas do país e ocupa uma área plantada de cerca de 3 milhões de hectares distribuída por grande parte do território nacional (UNICA, 2016).

Porém, mesmo após séculos de convívio com a agroindústria canavieira, somente no século XX o Brasil descobre no álcool uma opção energética viável. Mais de 30 anos depois do início do Proálcool, que foi um programa bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados de petróleo pelo álcool, o país vive

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agora uma nova expansão dos canaviais com o objetivo de oferecer, em grande escala, o combustível alternativo. A produção de cana-de-açúcar, que vinha de altos e baixos na década de 1990, não parou de crescer desde o ano 2000, e atingiu mais de 572.000.000 toneladas na safra 2015, segundo o Departamento da Cana-de-açúcar e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Dentro do contexto da cogeração, e em face da crise do setor energético brasileiro que teve início em 2001, o setor sucroalcooleiro tem apresentado um grande potencial de geração de energia, apresentando atrativos econômicos e ambientais, principalmente devido à queima de bagaço de cana-de-açúcar como combustível nas usinas (PRADO, 2007).

O potencial de geração de energia a partir do bagaço de cana é da ordem de 15% de toda a demanda nacional, patamar que pode ser atingido até 2020 (UNICA, 2016). A geração de eletricidade com a queima do bagaço e da palha poderá superar a capacidade da maior hidrelétrica do Brasil, a usina de Itaipu (FAPESP, 2009).

No entanto, mesmo em face do alto desenvolvimento tecnológico apresentado pelo setor, a indústria sucroalcooleira, por muitos anos, tem buscado encontrar soluções para o descarte dos resíduos gerados no processo de produção de açúcar e álcool. E o último resíduo gerado pela cadeia da cana-de-açúcar são as cinzas da queima do bagaço, geradas na ordem de 25 kg de cinza para cada tonelada de bagaço. Essas cinzas são utilizadas como adubo nas lavouras, mas segundo pesquisas recentes (SOUZA et al., 2007), a cinza do bagaço de cana (CBC) não apresenta nutrientes minerais adequados para essa finalidade. Por suas características, esse resíduo apresenta possibilidade real de utilização como material de carga (inerte), substituindo a areia em produtos de natureza cimentícia, com fins de produzir materiais de construção.

Por conta dos riscos ambientais inerentes a extração de areia natural, várias pesquisas têm sido desenvolvidas sobre a viabilidade da substituição de agregado miúdo natural, com o uso de resíduos. Entre estas pode-se destacar: Em Faria (2005) pesquisaram o uso de resíduos sólidos da indústria química, a argila montmorillonítica, na substituição da areia em argamassas, concluindo que a mesma pode ser utilizada em teores de 5% de substituição sem comprometimento da resistência mecânica.

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Al-Rawas et al. (2005) utilizou cinzas provenientes da queima de resíduo sólido municipal (RSMI) por areia e cimento na produção de concretos. Foram utilizados teores de substituição de 0%, 10%, 20% e 30%, com fator a/c constante no valor de 0.70. Outros valores de fator a/c foram testados anteriormente, mas produziram concretos com baixa trabalhabilidade, o que levou os autores a aumentar a quantidade de água. A amostra confeccionada com 30% de RSMI apresentou um aumento pouco significativo em relação ao exemplar com 20% de substituição, aos 3 e 7 dias apenas, o que levou os autores a concluir que, economicamente e tecnicamente, o valor de 20% é o mais indicado para o traço utilizado.

Outros resíduos também têm sido analisados quanto à substituição pelos agregados miúdos. O uso de cinzas pesadas em substituição a areia natural tem mostrado grande potencial de aproveitamento para produção de materiais à base de cimento Portland (ANDRADE et al., 2007).

No entanto, até o presente momento nenhum trabalho analisou e propôs a substituição total da areia pela CBC. Assim este artigo visa contribuir com a comunidade científica apresentando uma argamassa feita com a total substituição da areia por agregados miúdos de CBC.

3. OBJETIVOS

Neste trabalho tem como objetivos e contribuições apresentar uma metodologia para produção de argamassa de assentamento e revestimento utilizando os resíduos da cinza do bagaço de cana como agregados miúdos em substituição de areia.

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4. DESENVOLVIMENTO

Para o estudo foram realizados os ensaios de caracterização dos materiais agregados utilizados para produção da argamassa de revestimento proposta. Posteriormente, foram preparadas, a argamassa convencional e a de CBC, e se procedeu aos ensaios das propriedades no estado plástico e no estado endurecido, conforme as especificações das NBR (Normas Brasileira) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

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4 4.1 Materiais

Para compor o traço das argamassas foram utilizados cimento, cal, areia fina, areia grossa, CBC e água.

Os traços realizados para os ensaios são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: traços de argamassa propostos. Proporção

Argamassa convencional Cimento/areia fina/areia grossa/cal/água 1:4:1:1:1,5 Argamassa CBC Cimento/cinza/areia grossa/cal/água 1:4:1:1:1,5

4.2 Caracterização dos Agregados

Os materiais foram caracterizados de acordo com os seguintes procedimentos:

4.2.1 Granulometria

O ensaio de determinação da composição granulométrica da amostra de agregados miúdos "cinza do bagaço da cana" e "areia" foi realizado em conformidade com a ABNT NBR NM 248/2003. A Figura 1 ilustra o equipamento utilizado.

Figura 1: Equipamento para ensaio de granulometria.

4.2.2 Massa Específica

A determinação da massa específica foi conduzida de acordo com a ABNT NBR 9776/1987 utilizando o frasco de Chapman e a ABNT NBR NM 23:2001 por meio do

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frasco volumétrico de Le Chatelier. A Figura 2 ilustra o procedimento realizado em laboratório.

Figura 2: Ensaio para determinação da massa específica.

4.3 Ensaios Realizados na Argamassa

Os ensaios para caracterização e enquadramento da argamassa, segundo critérios normativos estabelecidos, foram executados de acordo com exigências da NBR/ABNT.

4.3.1 Índice de Consistência

Para produção de argamassas que pudessem representar características de trabalhabilidade o ensaio para determinação do índice de consistência foi realizado para cada um dos traços do programa experimental a fim de se atingir a consistência recomendada pela ABNT NBR 13276/2005 com abertura de 260±5 mm. A Figura 3 ilustra o ensaio realizado em laboratório.

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6 Figura 3: Ensaio para teste do índice de consistência.

4.3.2 Resistência a Compressão

O ensaio de resistência à compressão dos corpos-de-prova cilíndricos foi realizado de acordo com prescrições da ABNT NBR 7215/1997. O método compreende a determinação da resistência à compressão de corpos-de-prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Os moldes que contêm os corpos-de-prova foram desmoldados com 24 horas, rompidos à compressão com idades de 7 e 28 dias e capeados com mistura de enxofre.

A Figura 4 ilustra os corpos de provas moldados para este teste.

Figura 4: Corpos de provas moldados.

A Figura 5 ilustra o processo de teste de compressão.

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7 5. RESULTADOS

Nesta seção apresentam-se os resultados da caracterização física dos agregados (areia convencional e CBC) e os resultados para os testes de consistências.

5.1 Resultados para Caracterização Física

Através dos ensaios para caracterização dos agregados miúdos obteve-se os resultados apresentados no gráfico da Figura 6.

Figura 6: Resultados da caracterização física.

Conforme observa-se no gráfico apresentado na Figura 6, a CBC possui o módulo de finura, dimensão máxima, massa específica e massa unitária menor em relação a areia natural. Estes resultados demonstram que o agregado CBC é mais leve e resistente, pois tem massa específica menor e maior capacidade de compactação.

5.2 Resultados para os Ensaios Realizados

Através do teste de índice de consistência, obteve-se os resultados apresentados na Figura 7.

Conforme os resultados ilustrados na figura, o índice de consistência da CBC em relação a areia natural é maior, e isto indica que o agregado contribui para a argamassa proporcionando dureza e resistência.

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Figura 8: Resultados do teste de compressão. (a) CBC – 7 dias (resstência média 6,15 Mpa) , (b) normal – 7 dias (Resistencia média 5,76 Mpa), (a) CBC – 28 dias (Resistência média 9,40 Mpa), (a) normal – 28 dias (Resistencia média 7,93 Mpa).

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9 Figura 7: Resultados do indice de consistência.

Como pode-se observar na Figura 8, através dos testes de compressão, os corpos de provas CBC são mais resistentes e duros em relação ao convencional.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi apresentada uma nova abordagem de aplicação dos resíduos de CBC para produção de argamassa de assentamento e revestimento. Através de análises realizadas em laboratório a CBC proporciona maior resistência e leveza a argamassa, contribuindo o desenvolvimento de um material de alta qualidade, bem como com o aproveitamento de um rejeito que era descartado.

Por fim, pode-se concluir, ao estudar todas as propriedades que a CBC pode ser utilizada em substituição total da areia na produção de argamassa, contribuindo de forma positiva e trazendo grandes benefícios para o meio ambiente.

7. FONTES CONSULTADAS

AL-RAWAS, A. A.; HAGO, A. W.; TAHA, R.; AL-KHAROUSI, K. Use of incinerator ash as a replacement for cement and sand in cement mortars. Building and Environment, 40:1261-1266, 2005.

ANDRADE, L. B.; ROCHA, J. C.; CHERIAF, M. Evaluation of concrete incorporating bottom ash as natural aggregates replacement. Waste Management (Elmsford), 27(9):1190-1199, 2007.

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10 FARIA, D. F. Reaproveitamento de resíduos sólidos de indústria química para produção de argamassas. In: IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 2005, São José dos Campos. Anais..., 2005. p. 440-442. PRADO, T. G. F. Externalidades do ciclo produtivo da cana-de-açúcar com ênfase na produação de energia elétrica. Dissertação (Mestrado - Programa Interunidades de Pósgraduação em Energia) - POLI/FEA/IEE/IF, Universidade de São Paulo, 2007.

REVISTA PESQUISA FAPESP. Cardápio energético. Edição Impressa 157, Março 2009. SOUZA G. N.; FORMAGINI, S.; CUSTÓDIO, F. O.; SILVEIRA, M. M. Desenvolvimento de argamassas com substituição parcial do cimento Portland por cinzas residuais do bagaço de cana-de-açúcar. In: 49º. CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, Bento Gonçalves. Anais..., São Paulo : IBRACON, 2007.

UNICA. Setor Sucroenergético - Mapa da Produção. Disponível em: http://www.unica.com.br. Acesso em: 13 de agosto de 2016.

______. NBR 9779: Argamassa para assentamento de paredes e revestimentos de paredes e teto: Determinação da absorção de água por capilaridade: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR NM 248: Agregado no estado solto: determinação da composição granulométrica: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR 6474 NM 23: Determinação da massa específica: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 2001.

______. NBR 13276: Argamassa para assentamento de paredes e revestimentos de paredes e teto: Determinação do teor de água para obtenção do índice de consistência padrão: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13277: Argamassa para assentamento de paredes e revestimentos de paredes e teto: Determinação da retenção de água: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 2005. ______. NBR 7215: Concreto e Argamassa: Determinação da resistência à tração por compressão: Método de ensaio, Rio de Janeiro, 1997.

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