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O MIMETISMO MIDIÁTICO E O JORNALISMO DIGITAL CONTEMPORÂNEO

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O MIMETISMO MIDIÁTICO E O JORNALISMO DIGITAL CONTEMPORÂNEO

CAIXETA, Danilo J. (Jornalismo, Unitri, caixeta.danilo@gmail.com)* CUNHA, Marielle G. M. (Jornalismo, Unitri, mariellegmcunha@gmail.com) SANTOS, Raphaela B. A. (Jornalismo Unitri, rapha.bagnete26@gmail.com)

*professor orientador

RESUMO

O novo formato em que o jornalismo está se adaptando, as mudanças afetadas pela contemporaneidade e novos conceitos estruturados pela sociedade. O efeito mútuo entre a era digital e a comunicação em proporções mundiais. Compreender a percepção dos profissionais e consumidores de notícia com pontos positivos e negativos dessa nova maneira de ver e principalmente de fazer jornalismo. O fenômeno do “mimetismo midiático” e as relações com o profissional da comunicação. A disseminção de notícias falsas e sua real influência no comportamento da sociedade. O estudo foi realizado com base em referencial teórico, estudos de casos, entrevistas e análises comparativas. O resultado pode indicar a evolução da imprensa mundial diante da novas tecnologias e as interfaces provocadas pelos fenômeos contemporâneos. Palavras chave: jornalismo, digital, comunicação.

1. INTRODUÇÃO

O jornalismo do século XXI revelou diversas mudanças relacionadas ao cenário da notícia. Uma delas é em relação ao parâmetro imposto para a velocidade da informação. Devido a tecnologia em avanço, as notícias têm maior poder e principalmente maior agilidade para serem publicadas.

A internet e as redes sociais foram as maiores influenciadoras de tal mudança. Com a velocidade da informação, os veículos importam-se mais com o imediatismo do que a real apuração da notícia. É o que diz o autor Ignácio Ramonet no livro “Tirania da Comunicação, 2002” que atribui esse fato como mimetismo midiático. “O mimetismo é aquela febre que se apodera repentinamente na mídia (confundindo todos os suportes), impedindo-a na mais absoluta urgência, a precipitar-se para cobrir um acontecimento (seja qual

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for) sobre pretexto de que os outros meios de comunicação e principalmente a mídia de referência- lhe atribuam uma grande importância,”. Ignácio (2002)

O jornalismo digital contemporâneo, por ser a área mais imediatista do jornalismo, é veículo de comunicação em que os erros estão mais propícios a aparecerem pelo mimetismo midiático, pois uma vez que não possui um horário delimitado para a veiculação como os telejornais, programas de rádio e impressos.

Ramonet explica que tempo é dinheiro, se alguma notícia não é publicada por faltar alguma informação, o internauta pode migrar para outro veículo que tenha priorizado a velocidade da notícia, e com isso perde-se a audiência naquele determinado momento.

Dentro do mimetismo midiático há várias situações problemas descritas pelo autor na obra, uma delas é o efeito bola de neve que acontece quando os veículos começam a propagar uma notícia incompleta ou inverídica, pois, devido a velocidade da informação, confiam no concorrente e não apuram novamente aquela notícia.

Com o grande impacto da web, as “Fake News” são temas atuais de debate em eventos jornalísticos da atualidade devido a quantidade de publicações inverídicas que circulam na rede e ganham bastante visualizações de internautas.

O mimetismo midiático, poder das redes sociais e propagação das Fake News fazem o jornalismo perder a credibilidade que lhe é atribuída a décadas. O objetivo da monografia é mostrar aos profissionais da notícia e também para aqueles que a consomem a serem mais seletivos e exigentes com o que se é noticiado, mostrar que a qualidade do material deve se igualar a importância da velocidade da informação.

Problema este que deve ser discutido pelas empresas jornalísticas para que não ocorram tantos erros como se pode observar de cinco anos para cá. A internet pode ser uma grande aliada do jornalista quando não se torna uma ameaça ao bom trabalho que era feito sem o uso da mesma.

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Por estar diretamente ligado a rotina do jornalista no atual cenário do mercado, a pesquisa consistirá em direcionar o profissional para uma melhor forma de atuar principalmente nos meios digitais aprendendo a utilizar a tecnologia em favor de uma notícia rápida e de qualidade.

O profissional deverá se especializar mais em relação as mídias sociais para ter espaço nas redações de hoje? Como a internet pode se tonar aliada com relação a rela apuração da notícia? Estas e outras perguntas nos levaram a este estudo que aborda acima de tudo a necessidade de um novo pensamento para que o jornalismo evolua coma tecnologia, sem que prejudique a essência da notícia.

Para a realização da pesquisa, uma análise de sites e redes sociais de três veículos de Uberlândia, será realizada para relacionar as notícias publicadas, formato de apuração e relacionamento com o internauta. Serão analisados o Portal G1 Triângulo Mineiro, o jornal Diário do Comercio e o Portal V9.

Faremos também uma revisão bibliográfica dos livros “A Tirania da Comunicação”, escrito por Ignácio Ramonet, e também de monografias já realizadas sobre esse assunto, porém não sendo o mesmo tema, para apoiarmos em referenciais científicos e bibliográficos para a construção da monografia que será dividida em quatro capítulos mostrando desde os critérios de noticiabilidade ao estudo de casos que foram causados pelo mimetismo midiático.

2. OS CRITÉRIOS DE NOTICIABIILIDADE

A discussão sobre os valores de uma notícia vem sendo levantado por diversos autores que mostram diferentes pontos de vista em relação aos critérios de noticiabilidade. Autores voltados ao estruturalismo, como Thaís de Mendonça Jorge (2008), definem a notícia como algo novo e notório para a vida do leitor, algo fora do normal que deve seguir alguns critérios para ser veiculado.

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Podemos resumir o conceito de notícia em: notícia é um acontecimento, mas nem todo um acontecimento é uma notícia (JORGE, p23).

Ou seja, toda notícia requer preencher critérios para ser veículada, entre eles, o de novo (que não foi visto ontem ou nunca), o inusitado, (ser algo diferente, que fuja do comum), o sensacional (que desperte emoções para o telespectador, leitor ou ouvinte), que seja misterioso (que cause a curiosidade para ler, ver ou ouvir a matéria até o final).

Muitos destes critérios devem ser construídos em um texto para que o fato vire então uma notícia, o que muda nos dias de hoje, é que em especial, um critério, o novo, se sobressai diante dos outros para que a notícia seja publicada, mesmo que os outros, podem ser considerados igualmente, ou até mais importante para a veiculação de um determinado fato.

Thaís de Mendonça Jorge (2008) ressalta que deve ser levado em consideração não só um critério, mas vários, que juntos formam a notícia com o real valor que deve ter. Além disso, confirma que muitos “valores notícia” juntos significam um interesse maior.

“Valor-notícia é um conjunto de características que desperta a atenção, que provoca o interesse ou confere a relevância de determinados fatos que serão reunidos sob forma de um produto especifico do jornalismo, a notícia.” (JORGE, p 28)

2.1 A estruturação de uma notícia

A apuração é fundamental para a construção de qualquer notícia, para preencher todos os critérios é necessário realizar outro que é essencial, o da veracidade, sem a verificação se um acontecimento é de fato ou não coloca em risco a reputação de veículos ao noticiar uma noticia pela metade ou completamente falsa.

Segundo o dicionário Aurélio apurar significa: “Tornar puro., Aperfeiçoar., Averiguar., Reunir; juntar. ,Fechar, liquidar (contas).,Afinar (metais).,Contar (os

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votos).,Deixar ferver até se concentrar., Trazer a limpo. ,Esmerar-se.

Reunir, averiguar e juntar cabe muito bem ao jornalismo, porém em mundo em que a velocidade da informação se sobressai a outros critérios de noticiabilidade veículos de comunicação não averiguam totalmente o fato antes de torna-lo uma notícia.

A construção de um texto jornalístico requer o lide, que é o paragrafo principal de uma notícia. A autora ainda explica que o lide tem a função de introduzir, resumir e fornecer informações necessárias para o leitor, e que deve responder quatro perguntas essenciais para o entendimento de um fato, como “onde”, “quando”, “o quê” “quem” e “porquê” e “como”.

Porém, como o critério de agilidade nas publicações está em primeiro lugar, muitos portais têm optado por sempre dar as primeiras informações e sempre atualizar o texto já publicado em tempo real, uma decisão perigosa, mas que tem que ser seguida por motivos de velocidade de consumo dos internautas.

Exemplo é o caso da morte do cantor Michael Jackson em 25 de junho de 2009, quando o portal G1 noticiou o falecimento com apenas uma linha e foi atualizando a informação em tempo real para o leitor, não respondendo as questões do lead na primeira publicação da notícia.

3. A ADAPTAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA NOTÍCIA

Com o crescente imediatismo, a forma de se construir notícia também foi afetada. As fontes não são mais “caçadas”, elas muitas vezes interagem e até mesmo expõe sugestões em seus blogs pessoais e redes sociais informando acontecimentos cotidianos que fazem com que o novo jornalista, tenha novos meios para a procura das mesmas.

A grande quantidade de informação faz com que não exista tempo para a criatividade e diversidade. Os veículos procuram transmitir velocidade e muitas vezes se esquecem de se atentarem a um toque único, fazendo com que as notícias sejam padronizadas. Sendo assim, segundo o pesquisador Dominique

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Woldon (2012) os meios de comunicação estão destinados a “abordar a mesma coisa, da mesma maneira e no mesmo momento”.

. A sociedade capitalista que mantêm uma rotina apressada faz com que a notícia seja igualmente rápida e por isso, obter a mesma informação de veículos diferentes é algo impensável vindo de um consumidor que cada vez mais segmenta o que quer receber de informação.

“A noção de notícia deixa de ser resultante de ideários de normas estabelecidas pela própria 'comunidade interpretativa jornalística', resulta, agora da complexificação de novas intervenções, de fluxos de e de novos processos de apuração, que escapam aos “manuais de redação”, e que se cristalizam em novos tipos de “contratos de leituras”. (FAUSTO, NETO, 2011, p.26).

Diversos autores apostam em novos formatos de fazer jornalismo para um futuro não tão distante que se dividem na atuação multimídia/móvel dos profissionais (SILVA, 2007), nas narrativas transmidiáticas (TAVARES, 2013) ou crossmediáticas (SOARES in FAUSTO NETO, 2011). Independente de ser um formato único para a nova maneira de fazer jornalismo ou uma hegemonia de vários, o que se ressalta é as conseqüências de um jornalismo ético.

4. O MIMETISMO MIDIÁTICO

Tem o universo jornalístico do século XXI como objeto de estudo, pode-se observar que muitos dos critérios de noticiabilidade são deixados para segundo plano, ao se dar prioridade para a velocidade em que a notícia deve ser publicada. Para Ramonet isso é chamado de mimetismo midiático.

“O mimetismo é aquela febre que se apodera repentinamente da mídia (confundindo todos os suportes), impelindo−a na mais absoluta urgência, a precipitar−se para cobrir um acontecimento (seja qual for) sob pretexto de que os outros meios de comunicação − e principalmente a mídia de referência − lhe atribuam uma grande importância.” (RAMONET,p 20)

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O mimetismo, portanto, é nada mais que a absoluta urgência em se replicar um fato ou acontecimento, pelo medo, de ser (no linguajar jornalístico) furado por alguma emissora concorrente. A confusão que o autor expõe no livro, é a colocação da rapidez da informação em patamar mais importante de que outros valores notícias, como a apuração, por exemplo.

A palavra mimetismo é derivada do grego mimese, que quer dizer imitação, entretanto, a ação, que é comum em redações no século XXI foi também alvo de uma pesquisa do professor Fábio Henrique Pereira, da Universidade de Brasília, sobre a produção de notícias para a internet, e que mostrou um novo perfil de profissional da notícia. o “jornalista sentado”.

“Esse sistema de retroalimentação fica latente já na primeira visita à redação do CorreioWeb: TV sempre ligada em algum tipo de programação jornalística, rádio sintonizado na CBN local, consulta ao sites da Globo, do Estado de São Paulo, da BBC Brasil, etc. [...] à medida que a prática de copiar e reutilizar o material do concorrente torna-se usual, os jornalistas vão se importando menos com isso. Para a empresa, a pirataria significa dividir a audiência do site com veículos que não pagaram pela cobertura de determinado evento, seja pela compra de informações, seja pela contratação de jornalistas. Isso afeta os lucros e inviabiliza a publicação de informações exclusivas pelo site. Mas para os jornalistas isso não faz tanta diferença. Responsável pela publicação de várias notas por dia, quase nunca assinadas, o jornalista não se identifica com o produto. Não há nenhum sentimento de posse pela matéria. Para ele, ser pirateado é uma prática lícita, desde que ele possa fazer o mesmo” (PEREIRA, 2003).

Pereira explica que a medida que o ato de copiar o concorrente torna-se comum em redações jornalística, a real apuração da notícia é deixada para trás. Além disso, mostra que a prática de “piratear” o trabalho de apuração até mesmo da concorrência faz com que muitos jornalistas nem mesmo assinem as noticias que publicam na rede, fazendo assim a não identificação com o próprio trabalho.

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fato em todos os veículos de informação, não possibilitando o leitor, ouvinte ou telespectador de ter visões diferencias de um mesmo fato, pois a mesma pirataria relatada anteriormente cria uma maneira de dividir audiência com outras emissoras, seja em determinado evento que não se tem cobertura, compra de informações ou até mesmo contratação de jornalistas.

Atos como estes podem resultar em um efeito chamado bola-de-neve, que de acordo com Ramonet (2009) que é um erro na apuração de algum veículo, que, quando pirateado pode virar uma enorme mentira.

“Esta imitação delirante, levada ao extremo, provoca um efeito bola−de−neve e funciona como uma espécie de auto−intoxicação: quanto mais os meios de comunicação falam de um assunto, mais se persuadem, coletivamente, de que este assunto é indispensável, central, capital, e que é preciso dar−lhe ainda mais cobertura, consagrando−lhe mais tempo, mais recursos, mais jornalistas. Assim os diferentes meios de comunicação se auto−estimulam, superexcitam uns aos outros, multiplicam cada vez mais as ofertas e se deixam arrastar para a superinformação numa espécie de espiral vertiginosa, inebriante, até a náusea.” (RAMONET,p 20)

Um flagrante deste tipo de erro jornalístico pode ser visto em maio de 2008, quando a Globo News noticiou que um avião havia caído em um prédio comercial na Zona Sul de São Paulo.

“Interrompemos a transmissão da CPI dos Cartões Corporativos para mostrarmos imagens ao vivo de São Paulo. Acaba de chegar a informação de que um avião da empresa aérea Pantanal caiu em cima de um prédio comercial na Zona Sul de São Paulo”(CARONI, 2008).

Mas, o acidente aéreo era na verdade um incêndio em uma fábrica de colchões, e supostamente, a informação que gerou a notícia veio de um morador da região, que assustado com outros acidentes, deduziu que o fogo teria sido causado pela queda de um avião. Apesar da informação ter sido corrigida em questão de minutos, bastou cinco, para que outras emissoras como o IG e o Terra retransmitissem a notícia falsa, sem apurar corretamente. Sobre o fato a Central Globo de Comunicações disse:

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“A respeito do incêndio ocorrido hoje à tarde em São Paulo, a GloboNews, como um canal de notícias 24 horas, pôs no ar imagens do fogo assim que as captou. Como é normal em canais de notícias, apurou as informações simultaneamente à transmissão das imagens. A primeira informação sobre a causa do incêndio recebida pela GloboNews foi a de que um avião teria se chocado com um prédio na região do Campo Belo, Zona Sul de São Paulo. Naquele momento bombeiros e Infraero ainda não tinham informação sobre o ocorrido. As equipes da própria GloboNews constataram que não havia ocorrido queda de avião e desde então esclareceu que se tratava de um incêndio em um 3 prédio comercial. Poucos minutos depois o Corpo de Bombeiros confirmou tratar-se de um incêndio em uma loja de colchões.”

Outro caso, em 2012, ganhou o noticiário de praticamente todas as maiores emissoras brasileiras, TV Record, Globo, Bandeirantes, jornais como Folha de São Paulo e o portal de notícias G1, contaram a história de Maria Verônica Vieira, uma mulher da cidade de Taubaté, interior de São Paulo, se dizia grávida de quatro meninas. A mulher, com um ultrassom que foi tirado da internet ganhou a atenção da imprensa por quase todo o Brasil e só foi desmarcara semanas depois no programa Domingo Espetacular que conversou com o médico ginecologista da mulher que ficou conhecida como “Mega mãe”, que afirmou que atendeu a Maria Verônica no segundo semestre de 2011 e que não havia sido feito atendimento de pré-natal com a paciente.

A Polícia Civil começou a investigar o caso após as declarações do médico e descobriram a falsa gravidez da “Grávida de Taubaté”. O advogado de Maria Verônica afirmou na época que a cliente usava "uma barriga de silicone" com enchimentos. A mulher e o marido dela foram processados pelo Ministério Público após o caso. Após três anos, foi liberada do processo judicial. Para a extinção do processo, o casal cumpriu as exigências do acordo durante dois anos.

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Muitas notícias seguem a mesma apuração em diferentes veículos de comunicação, fazendo uma análise de 10 matérias regionais em quatro portais de notícias, o G1 Triângulo, Diário de Uberlândia, V9 e Correio de Uberlândia ficou constatado que as notícias são praticamente as mesmas em ambos os veículos, em algumas delas, até mesmo a estrutura dos textos aparecem iguais com a mesma “retranca”, que é um subtítulo de alguma notícia, mas em algumas as informações divergentes são bastante visíveis.

Uma notícia mais antiga, em novembro de 2015 gerou uma errata no G1 Triângulo, que afirmou primeiramente que uma criança havia morrido após ter sido atingida na cabeça por um tiro, mas na verdade, o disparo havia atingido a perna da criança. O Correio de Uberlândia não divulgou a informação incorreta e, por isso, não fez errata, porém um comentário na matéria diz que há informações incorretas no texto dizendo que a queima-roupa com dois tiros na cabeça e um na perna, o que condizia com a primeira informação dada pelo site concorrente. Não foram encontradas informações sobre este caso nos sites V9 e Diário de Uberlândia.

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(Captura de tela portal Correio de Uberlândia.)

Em outro fato ocorrido em dezembro de 2017, uma mulher de 37 anos foi presa suspeita de ter matado uma gestante, de 18 anos para roubar o bebê dela. A mulher fez o parto da jovem usando uma faca. Neste caso, tiveram divergências apenas sobre idade dos envolvidos entre os veículos. Apenas no V9 há um comentário de uma internauta que percebeu um erro que dá um duplo sentido na matéria, em uma parte dele, diz que a vítima “estava viva quando foi morta”.

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(Captura de tela portal v9 Uberlândia.)

Em outras duas matérias estudadas, sobre a morte de um americano em Uberlândia após ser agredido na saída de uma casa noturna e sobre o aumento de quase R$ 3 mil no salário dos vereadores no fim do ano na cidade, não tiverem divergências de informações e nem comentários alegando erros nas matérias.

Em abril de 2018, ocorreu a prisão do ex-prefeito de Uberlândia Gilmar Machado em um desdobramento da operação Papel Fantasma, além dele outros quatro também foram presos na cidade, a operação também foi realizada em outros estados do pais. Nesse caso, os portais G1 Triângulo, V9 e Diário de Uberlândia veicularam a notícia de forma completa, relembrando o que foi o caso para que o leitor entendesse todo o processo. Em todos os casos tiveram comentários dos leitores a respeito do fato, sendo 71 comentários no G1, 3 comentários no portal V9 e 2 no Diário, todos em relação ao ocorrido e não com falhas nas matérias.

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(Captura de tela G1 – Portal triângulo)

Figura IV – Comentários caso prisão Gilmar Machado V9

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Figura V – Comentários prisão Gilmar Machado

(Captura de tela portal Diário de Uberlândia)

Em maio de 2018 foi registrada a terceira morte confirmada na cidade por Influenza A. Na estrutura da notícia, apenas o G1Triângulo possui retranca, o portal V9 e Diário de Uberlândia também veicularam a notícia, de maneira mais resumida. Enquanto o G1 replica o fato, expõe como o vírus age e quais maneiras de se prevenir. Os demais resumem a notícia, informando quais pessoas podem recebe-la na rede pública de saúde e a quantidade que tomaram, em relação ao número esperado. Em nenhum dos portais, houveram comentários a respeito da notícia.

Em junho de 2018 o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a 6ª fase da operação “Fênix”, que prendeu policiais civis e empresários em Uberlândia, Uberaba e Itumbiara, o que chamou a atenção foram as estruturas textuais dos veículos, que parecem as mesmas, até mesmo com posicionamento de retrancas, em todas elas a retranca principal fala sobre as outras fases da operação e sempre é a primeira de ambos os veículos.

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Um acidente recente, em junho de 2018, em que um ciclista foi atropelado por um carro no bairro Santa Rosa e morreu o local foi noticiado de formas distintas nos veículos G1 Triângulo, V9 e Diário de Uberlândia. O G1 informou sem maiores informações, como idade da vítima e motivo do acidente, apenas no dia seguinte quando tratado do velório e homenagem prestada ao ciclista é que o fato é retomado com as demais informações não colocados na primeira. Diário de Uberlândia relata o fato de forma mais completa em apenas uma notícia, não sendo necessário retoma-la em outra para informar os detalhes. No portal V9, o fato é tratado com algumas diferenças como a idade da vítima, que é apresentada nos outros portais como 31 anos e no V9 como 27, sendo também o único que informa que o corpo do ciclista foi arrastado pelo carro. Em relação aos comentários, no G1 quando informam que o motorista prestou socorros a vítima, deixou uma dúvida nos leitores pois informa que o ciclista morreu na hora. Diário e V9 relembram outro acidente ocorrido com um motociclista na mesma semana, que foi levado para o hospital em estado grave, fazendo com que os leitores se confundam com as duas informações.

Figura VI – Comentários a respeito do atropelamento

(Captura de dela portal G1 Triângulo)

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atropelamento

(Captura de tela portal V9)

Ainda na mesma semana de junho de 2018, veículos que estavam em um ferro velho em Uberlândia foram incendiados por vândalos. Veiculadas através do G1 Triângulo, V9 e Diário de Uberlândia. O G1 informa de forma detalhada os ataques, não apenas no ferro velho mas também em outras duas ruas da cidade e em Monte Carmelo, informando o número de veículos atingidos apenas no final da matéria. V9 já informa no título da matéria que foram seis carros incendiados e ao longo da matéria os outros dois pontos. Diário, também informa o número no título, dessa vez como oito carros, contando os veículos fora do ferro velho, mas cita em seguida os ataques em Monte Carmelo. Nos três portais, deixam claro que até o momento nenhum suspeito foi preso e os crimes não tem ligação com o ataque aos ônibus que estavam ocorrendo no estado no último mês. Nenhuma das matérias foram comentadas pelos leitores.

Continuando na análise de junho de 2018, o caso de uma mulher que foi estuprada, esfaqueada e que se fingiu de morta para sobreviver na o zona rural de Uberlândia, foi veiculada apenas no G1 Triângulo e V9. Ambos, apresentaram as informações detalhadas do ocorrido, sem nenhuma

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divergência. Em relação aos comentários, os leitores se pronunciaram em forma de revolta pelo caso ocorrido com 107 comentários no G1 e 7 no V9.

Figura VIII - Comentários caso, mulher estuprada e esfaqueada

(Captura de tela portal G1 Triângulo.)

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(Captura de tela portal V9)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jornalismo sofreu muitas mudanças desde 1450, com a prensa de papel inventada pelo Alemão Johannes Gutenberg, a disseminação da informação em larga escala, principalmente com o apoio da internet vem trazendo mudanças para as redações de veículos de informação e a necessidade de reinventar as técnicas jornalísticas para ter uma maior precisão tanto no tempo, quanto na apuração das notícias.

O mimetismo midiático está presente em notícias, a necessidade do imediatismo faz com que várias reportagens tratadas como “factuais” sejam publicadas sem a devida apuração que se tinha mais tempo em 1450, quando os jornais eram impressos diariamente.

A internet deve ser vista como uma aliada para o jornalista, que também pode ter mais acesso aos fatos, por meio de redes sociais, como por exemplo, muitos grupos em aplicativos de mensagem entre imprensa e fontes oficiais como polícias, bombeiros e prefeituras, porém o profissional da notícia também deve dissimilar as informações verdadeiras, das falsas, para não transmitir as “Fake News” para os internautas.

Casos foram mostrados de como uma simples apuração pode ser decisiva na publicação de uma notícia, aviões que não caíram, gravidas que não estavam gravidas, tiros que uma hora eram no braço e em outras eram na cabeça. Tipos de apuração que com a internet, ou até mesmo ao telefone, não demorariam cinco minutos para serem feitas.

O que foi mostrado também foi que com a facilidade de algumas informações revelou uma nova postura do profissional de notícia, o jornalista sentado, e que além da falta de apuração, muitas vezes os repórteres “pirateiam” a notícia publicada do concorrente podendo criar o “efeito bola de neve” de algumas informações inverídicas.

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A questão é que o jornalista tem tratado a velocidade da informação e também a dimensão da internet como um empecilho para atividades, que desde a época de Gutemberg eram o básico para qualquer pessoa que queria trabalhar com notícias, dizer simplesmente que o jornalista se tornou “preguiçoso” ao passar do tempo pode ser precipitado e também errado, porém o profissional precisa estabelecer limites para a publicação de algum fato em especifico.

O jornalismo virou nada mais nada menos que uma empresa em que tempo é dinheiro, e não pode se atribuir a culpa apenas para aqueles que são jornalista, pois a decisão pode vir também do dono da emissora, que muitas vezes não conhece os métodos de apuração e tem em vista que não pode ser furado pela concorrência, preferindo publicar algo que não é tão certo primeiro, conseguindo mais acessos, do que demorar mais que as outras emissoras, com uma informação completa, porém velha aos olhos da internet. E para que isso não aconteça é preciso que as empresas jornalísticas parem de tratar a notícia como um produto de venda.

As informações podem ser muitas vezes consumidas com rapidez pelo internauta, mas também o mesmo leitor, ao ver uma informação que não foi apurada corretamente e publicada de forma errada, pode não ter mais aquele veículo como uma fonte segura de informações, fazendo assim com que o jornalista e a emissora, perdessem a credibilidade, que também é, um dos primórdios da profissão.

Ramonet afirmou em sua obra que o futuro do jornalista, após a evolução das mídias digitais, e principalmente da comercialização de fatos e reportagens com a criação de agencias e etc é algo incerto.

“Pergunta-se sobre o futuro dos jornalistas. Eles estão em vias de extinção. O sistema não quer mais saber deles. Poderia funcionar sem eles, ou digamos que ele consente em trabalhar com eles, confiando-lhes, porém, um papel secundário: o de funcionários na rede, como Charlot em Les temps moderns. Em outras palavras, rebaixando-os ao nível de retocadores de transmissões de agências.” (RAMONET, 1999, p.45).

A solução é concentrar no que foi passado há anos atrás para ser um jornalista com credibilidade e respeito, sempre inovando juntamente com a

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tecnologia, mas nunca deixando sobressair algo que possa atrapalhar o que é mais importante na profissão: a veracidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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