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Crianças e adultos: marcas de uma relação

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

ANDRESSA MARCHIORI

CRIANÇAS E ADULTOS: MARCAS DE UMA RELAÇÃO

SANTA ROSA, RS

2018

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CRIANÇAS E ADULTOS: MARCAS DE UMA RELAÇÃO

Trabalho de conclusão de Curso apresentado a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI - Departamento de Humanidades e Educação no curso de Pedagogia como requisito parcial a obtenção do grau de Licencianda em Pedagogia.

Orientador(a): Prof.ª Iselda Sausen Feil

SANTA ROSA, RS

2018

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Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo refletir sobre a infância e sua singularidade. Pretende discutir a criança e a chamada cultura infantil, refletindo sobre o significado dos adultos (família e escola) cuidar/educar as crianças como sujeitos que criam cultura. Enfatiza as contradições da sociedade contemporânea no que se refere aos papeis dos adultos no desenvolvimento e formação das crianças e aponta a necessidade dos adultos olharem o mundo a partir do ponto de vista das crianças entendendo-a como produto e produtora de cultura. A metodologia privilegiou uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. A primeira objetivou a ampliação dos conceitos de criança, infância, cultura infantil e do papel do adulto enquanto mediador da inserção da criança no mundo em que vive. Esta pesquisa explorativa caracterizou-se pelo diálogo com pesquisadores e educadores da infância, entre os quais se destacam Fensterseifert (2008), Friedmann (2013), Franco (2002), Savater (2000) entre outros. A pesquisa de campo, visando a busca de confirmações, tensões, contradições e/ou ilustrações das leituras realizadas, se caracterizou como uma observação de uma turma de crianças da pré-escola de 4 e 5 anos em uma Escola Infantil do município de Alecrim e de entrevistas com crianças, pais e professora com intuito de compartilhar seus entendimentos, preocupações e perspectivas acerca do mundo, e a relação entre eles e a sociedade em que vivem. Considera-se que as crianças são fortalecidas quando família e escola desempenham seus papeis em conjunto, família fazendo papel de educação para que as crianças consigam se socializarem na escola. Assim a escola consegue atender todas as demanda que a sociedade lhes impõe.

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AGRADECIMENTOS

Os agradecimentos são inúmeros, mas primeiramente quero agradecer a Deus por ter me concebido o dom da vida, força e coragem para enfrentar os desafios.

Sem dúvidas não posso deixar de agradecer minha família e amigos, pois sempre que precisei estavam pronto para ajudar no que necessário. Aos meus pais que na medida do possível me orientaram e ajudaram a iniciar minha vida acadêmica, meus nonos que em nem um momento negar ajuda, mas que de tão maravilhosa que minha nona sempre foi na semana que antecedia a data de apresentação do trabalho de conclusão de curso Deus a chamou para junto dele, assim como ela sempre acreditava. Também ao meu namorado que desde o primeiro dia de aula até o último me deu força para continuar, com aquela palavra que sempre me dava força “você vai conseguir”.

Aos professores reconheço um esforço enorme, pois os momentos de aprendizados foram inúmeros, e em especial minha orientadora, professora Iselda, que não mediu esforços para me auxiliar no trabalho de conclusão de curso.

Obrigada a cada um de vocês que de uma ou outra forma ajudaram para que um dos meus grandes sonhos de realizasse.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I: CRIANÇA PEDE RESPEITO ... 4

CAPITULO II- ADULTO E CRIANÇA: UMA INTERLOCUÇÃO NECESSÁRIA ... 11

2.1- FAMÍLIA: O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELA? ... 12

2.2- PROFESSOR (A): O ADULTO, UM PARCEIRO ESPECIAL ... 14

CAPÌTULO III- POR UMA PEDAGOGIA PARA AS INFÂNCIAS: A VEZ E A VOZ ... 17

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O TEMPO DA INFÂNCIA É O TEMPO DE ... 21

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INTRODUÇÃO

São muitas as questões que me inquietam e me instigam a estudar de forma mais aprofundada sobre a cultura infantil e o papel do adulto no processo formativo da criança, na perspectiva de construir um referencial/suporte teórico que me possibilite uma atuação, enquanto educadora da infância, mais segura.

O que é ser criança? O que é ser adulto? O que uma criança não sabe ou pode fazer sem um adulto? Quais são os adultos que a criança mais gosta e mais convive? O que é ser Adulto? Qual é o papel do adulto na educação de uma criança? Qual é o papel dos pais? E da escola? É importante a família participar na escola? Como deve ser a participação da família na escola? O que os pais acham que uma criança aprende com a professora? Que aprendizagens a criança aprende com uma professora além daquilo que ela ensina?

O desejo de aprofundar a temática do papel do adulto no processo formativo da criança, e ser, esta entendida como sujeito de direitos, produto e produtora de cultura, surgiu inicialmente, pelas contradições percebidas entre o que estudávamos na universidade acerca da criança/infância e o que eu observava nos diferentes contextos sociais, principalmente nas Escolas da Educação Infantil e nos Anos iniciais do Ensino fundamental durante as práticas e estágios desenvolvidos nestes espaços.

Enquanto na universidade refletíamos práticas educativas pautadas na lógica dos sujeitos aprendentes, nas escolas assistíamos crianças desde o maternal – vivendo rotina com horários rígidos definidos pelos professores, desenvolvendo atividades sobre questões que elas nem sabiam que existiam, muito menos eram objeto de perguntas e curiosidade; enquanto, na universidade, estudávamos sobre a importância da família participar como protagonista no projeto da escola, esta, nas escolas, não era ouvida e nem representada no projeto pedagógico. A família, por sua vez, não se importava em não participar pois, cuidar das crianças, para muitas, era afinal, função da escola! As tensões e contradições eram intensas! E isto me inquietava e desafiava a saber mais. E foram estas inquietações que moveram a desenvolver a pesquisa que ora apresento!

Quando nos remetemos ao desenvolvimento da criança inúmeros fatores precisam ser considerados e, dentro destes, é preciso enfatizar de modo especial dois fatores: o contexto familiar e o contexto escolar, pelo fato de se caracterizarem como sendo as primeiras

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instituições formadoras em que a criança interage e recebe informações inicias acerca de si, do outro e do mundo. Em razão disso, são fortes constituidoras de identidades e subjetividades. Neste sentido, seria importante que as mesmas fossem aliadas/parceiras no desenvolvimento de suas atribuições, afinal os sujeitos são os mesmos e as atribuições/papéis são complementares. O correto (ou ético) seria que ambas pautassem seus procedimentos formativos sob os mesmos entendimentos e princípios e dialogassem entre si. Isso, evidentemente não ocorre. Caso ocorra, são iniciativas pontuais. Não ocorre, principalmente pelo fato de haver conflito, contradições e tensões entre as concepções e interesses.

Parti do princípio de que a primeira convivência que o ser humano tem no mundo é com a família. Ela é que faz determinações iniciais sobre o modo de viver. Em seguida, ou atualmente, quase que simultaneamente, as pessoas são inseridas ou “colocadas” na escola para aprenderem aqueles conhecimentos pretensamente necessários para se tornarem cidadãos e poderem conviver na sociedade, que diga-se de passagem, bastante complexa. Sendo que os papeis destas instituições serem complementares e dizerem respeito ao desenvolvimento e educação das crianças e adolescentes, é preciso estabelecer uma sintonia entre os papeis e para isso faz-se necessário um diálogo e um trabalho conjunto.

Para a família participar do ambiente educacional ela precisaria entender a criança e sua infância. Não é tarefa fácil, pois tanto a criança como a infância passaram por inúmeras transformações e concepções, as quais os pais não conseguem acompanhar. Por um grande período a criança era entendida com um ser não pensante, que não produzia cultura e muitos pais (e professores) ainda pensam assim. A família e a escola precisam formar um elo, para juntas oferecerem envolvimento e cumplicidade no aprendizado e desenvolvimento da criança. É essa ligação que dá suporte para que a criança consiga enfrentar os desafios encontrados na sociedade.

Para refletir sobre as questões até aqui postas, o presente trabalho foi organizado em três capítulos, objetivando enfatizar em cada capítulo as seguintes reflexões:

No primeiro: Criança pede respeito, traz uma reflexão acerca da questão que está inquietando os que atuam na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: “de que infância nós falamos? Enfatiza um entendimento mais alargado de criança e infância, procurando entender as infâncias e as crianças na sociedade contemporânea, de modo a compreender a necessidade de a cultura infantil ser referência nas práticas educativas.

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A centralidade do segundo capítulo é o papel ou o lugar dos adultos no processo de formação da criança. Reflete o conflito de papéis e consequentemente, as relações entre a criança e os adultos, principalmente com os de seu contexto familiar e com os adultos da escola. Adulto e criança encontram-se no mesmo contexto, mas vivem culturas diferentes.

E para o fechamento da monografia, o terceiro capítulo oferece elementos para a produção de pedagogia, ou pedagogias da, para e com a infância que sejam orientadas e mediadas pelos adultos que as crianças mais convivem que são seus familiares e professores. Esta parceria é imprescindível pelo bem das crianças e também da sociedade.

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CAPÍTULO I: CRIANÇA PEDE RESPEITO

Atualmente se fala muito mais sobre a criança do que se falava no passado. Mas, mesmo assim, ainda escutamos falar muito pouco a respeito dos direitos das crianças, direitos esses que, são garantidos por leis, iniciando pela Constituição Federal da República (1988) quando cita, pela primeira vez, a criança com ser de direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) criado no ano de 1990 através da Lei 8.069. Esse Estatuto regulamenta os direitos das crianças e dos adolescentes inspirados pelas diretrizes fornecidas na Constituição Federal de 1988. Vale lembrar a definição de criança e adolescente: É considerada criança a pessoa com idade inferior a doze anos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

O ECA garante que todas as crianças e adolescentes, independentemente de cor, etnia ou classe social, sejam tratados como pessoas que precisam de atenção, proteção e cuidados especiais para viverem plenamente este tempo e se desenvolverem, com maiores possibilidades de se tornarem adultos social, cultural, afetivamente saudáveis. Por isso, enquanto pais devem se certificar que estão interagindo e educando seus filhos de acordo com a legislação do país. Será que estamos conseguindo garantir a eles os direitos das crianças? As crianças e adolescente antes de tudo precisam ser tratados com carinho e atenção, isso faz toda a diferença na maneira que eles são e serão.

Os direitos da criança e adolescentes, na verdade, são postos como acréscimo aos direitos humanos, pois todo ser humano a partir de seu nascimento possui direitos que garante as necessidades fundamentais à sobrevivência na sociedade, no entanto, os direitos da criança e adolescentes abrem mais um leque diferenciado para aqueles que estão em processo de formação e desenvolvimento, por tanto, o Estatuto da Criança e Adolescentes quebra a doutrina da situação irregular do Código de Menores que tratava a criança e o adolescente como objetos, começando a tratá-los como sujeitos de direitos.

O Estatuto da Criança e Adolescente – ECA em seu art. 4.º determina que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros mais que asseguram a criança e adolescentes de ter seu desenvolvimento na sociedade em que vive.

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Quando nos remetemos à ideia de criança podemos afirmar que o entendimento de criança ainda é aquele que considera ser a primeira fase da vida de um ser humano, que é um ser menor e que esta fase tem “data de validade”- tem início e fim. Quando nos referimos à infância, é visível a diversidade de entendimentos. Em determinados momentos se fala de criança e infância como se fossem sinônimos. A concepção de infância é mais recente e é uma construção histórica, cultural que vai se modificando com o passar do tempo, e nem sempre acontece da mesma maneira, pelo contrário, A história da criança sempre foi e é, marcada pela história da própria sociedade, sempre marcada pelo interesse: KRAMER (1995, p.19) afirma que o conceito de infância::

Aparece com a sociedade capitalista urbano-industrial na medida em que mudam a inserção e o papel social da criança na comunidade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para atuação futura. Este conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação de formas de organização da sociedade.

Em razão disso, é possível perceber que nem sempre as políticas educacionais para a criança foram pautadas na lógica das mesmas, pelo contrário, pois suas práticas eram muito mais para adequá-las aos interesses de uma ideologia que passava muito distante das necessidades e demandas da criança.

O importante, no entanto, é considerar de que nem sempre as políticas públicas conseguiram silenciar, fragilizar impedir que pesquisa sobre e com crianças fossem e sejam realizadas, que movimentos sociais não se mobilizassem na construção de novos entendimentos, novas práticas e, também novas políticas. É importante considerar os atuais movimentos de especialistas, pesquisadores e professores da infância os quais conseguiram participar e influenciar nos debates nacionais durante a elaboração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais- DCN da Educação infantil (2009) e da Educação Básica- Ensino Fundamental (2017). Uma grande conquista histórica que vai se modificando conforme o modo de pensar do ser humano. Se atualmente pensamos a criança de maneira diferente que em décadas passadas, é por que houve estes movimentos, estas lutas em defesa da criança com direito delas viver a sua infância, que foram mudando o modo de ver cada uma delas que

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tornou a visão mais sensível sobre a criança, embora, infelizmente ainda ocorrerem processos de adultização, de aceleração, erotização da infância.

Em muitas culturas, ainda não há espaço para este novo olhar, pois estas têm a criança como mão de obra ou como um ser que não pensa. A sensibilidade pela criança que também faz parte do contexto da sociedade é fundamental para o desenvolvimento de cada uma delas e da própria sociedade

As crianças estão conquistando cada dia mais espaço, na sociedade, que é seu por direito e é muito positivo. O que é preciso ser potencializado é a aproximação dos adultos próximos com as crianças, principalmente os pais e professores em relação aos entendimentos do que é ser criança, quais suas demandas, como se desenvolvem, como aprendem e definir com clareza qual o papel de cada um no seu processo de formação.

Durante a conversa com um pai – sujeito da pesquisa- relatou que por estar pouco tempo com seu filho “eu deixo fazer o que quer, pois meu tempo com ele já é pouco e ai ainda vou ficar dizendo não a todo o momento, fica chato”. Este pai deixa bastante claro que não convive muito com seu filho: não brinca com seu filho por falta de tempo e para não parecer autoritário, acaba abrindo mão de seu papel de pai ou de adulto, este pai não é caso isolado. Ouvindo duas mães conversando e uma delas falou de que seu filho ao completar 4 anos não pôde mais frequentar a escola em turno integral e isso lhe criou um problema, pois não sabe o que fazer com ele. O jeito, segundo ela, é ligar a Netflix e deixar ver filminhos.

A contemporaneidade nos traz inúmeras divergências entre criança e adulto. As dificuldades dos adultos deixarem as crianças viverem sua infância é cada dia maior, ora por excesso de zelo, ora por repassar a responsabilidade para outros. O dia-a-dia dos adultos é extremamente corrido, com muitas atividades a fazer, então eles também precisam ocupar suas crianças para poderem “dar conta” de fazer tudo, ou como no caso deste pai, que deixa seu filho a fazer o que quer. E no que implica, quase sempre este fazer “o que quer”? Este mesmo pai afirma que geralmente o filho acaba brincando com joguinhos no celular. “baixamos todos os jogos possíveis e assim ele fica calmo por um bom tempo”. Os jogos viraram babás! Como pesquisas apontam, o contexto social que delibera grandes estímulos para as crianças faz com que grande parte delas, deixa de viver sua infância. Diante disso, os educadores da infância, conclamam pais e professores a começar a pensar a criança como um ser que interage com o mundo e que produz sua própria cultura e que para isso, ela (a criança)

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precisa de adultos desejosos a proporcionar os desafios e mediadores necessários para que ela possa viver intensamente seu tempo-criança com aquelas atividades/linguagens expressivas, como o brincar, desenhar, conversar, cantar que lhes são peculiares.

Objetivando construir argumentos de defesa da criança como sujeito de direitos, enfatizo a necessidade de compreender a infância como condição de criança. Muitas vezes a pensamos como um ser ao contrário do adulto, ou seja, um ser imaturo e com pouca idade, fato este comprovado ao ouvir uma mãe e a professora da turma em que fiz as observações. Segundo a mãe, criança “é a etapa mais linda da vida, pena que termina logo”. Outra respondeu: criança são nossos filhos que ainda precisam da gente para crescer com segurança, alimentada. Outra mãe complementa que criança “são aquelas pessoas felizes que um dia também fomos”. Assim podemos dizer que ela é um ser inacabado que precisa ser educada para que futuramente seja um adulto responsável e ético.

PERROTTI (1990, p.12) questiona este entendimento e afirma que a criança não é simplesmente organismo em mudança, não é apenas uma quantidade de anos, um dado etário, mas algo bem mais complexo e completo. A criança vive na sua infância uma construção social e de sua própria história. Todas estão em um espaço de convívio com características diferenciadas, por isso cada uma possui sua própria história de acordo com seu ambiente social e este convívio fará uma grande diferença na constituição de sua identidade. FRIEDMANN (2005, p.17) alerta sobre o risco das práticas educativas se pautarem na “criança ideal- padrão. A autora afirma que as crianças mais “idealizadas”, bem alimentadas, limpas, educadas, que estão inseridas em uma família tradicional (pai, mãe, irmãos): são referenciadas pela escola e pela mídia em geral. E alerta que esta postura faz-se presente nos currículos escolares, quando ignoram/silenciam:

As crianças que se encontram em uma família “desestruturada”, de mãe solteira, pais separados, em que só o pai ou só a mãe é responsável; a criança discriminada por várias razões: raça, sexo, origem socioeconômica, nível intelectual ou com alguma deficiência; crianças criadas em orfanatos ou instituições que abrigam as que são abandonadas, violentadas ou que sofreram algum tipo de abuso; crianças das periferias, que vivem em barracos, favelas, ou também os que são viciados em álcool ou drogas; crianças que vivem internadas nos hospitais, doentes; crianças da zona rural, comunidades ribeirinhas e comunidades indígenas; crianças de diversas origens étnicas: orientais, judeus, italianos, alemães, latinos; crianças das ruas; crianças que trabalham (2005, p.17)

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FRIEDMANN (2005 e 2013) entre outros pesquisadores da infância faz parte de um movimento que tem como pressuposto a existência de um mundo da infância (cultura infantil), de especificidades próprias do “ser criança” que os adultos, seja o contexto familiar, ou escolar precisam conhecer para considerar como referência de mediações/ensinos que possam alargar, ampliar e aprofundar esta cultura mediado por novas aprendizagens.

Com esta perspectiva, faz-se necessário a contextualização das crianças para que entendamos as transformações históricas, o desenvolvimento infantil e ter um panorama mais próximo da realidade de vida de cada uma, pois assim como apontado nos tópicos anteriores pode-se perceber que os contextos são inúmeros e cada criança vai se desenvolver mediante o que é lhes proporcionado. Estas informações sobre a infância se fazem necessárias para uma compreensão mais ampla e aprofundada dela e proporcionar a produção e o desenvolvimento de novas práticas educativas e pedagógicas pautadas neste princípio. Resgatar a pluralidade de culturas que contribuíram para a formação da criança e da própria sociedade brasileira, é um desafio!

Ouvir, observar as próprias crianças pois estas e outras manifestações se caracterizam como elementos para tal entendimento. FILHO (2005, p. 9) convida os educadores a fazerem “sua inserção nos traços e retratos das culturas da infância, a observar atentamente elementos culturais que as crianças falam (sim as crianças falam) e criam e recriam a partir de suas brincadeiras para compreenderem o que expressam de sua realidade”. É fundamental, diz o autor, perceber a criança como um ator social para se construir novos caminhos teóricos e metodológicos para a educação das infâncias. No entanto, isso não ocorre fora de um contexto. TRISTÃO (2005, p. 27), concordando com Filho, amplia suas reflexões afirmando sobre a importância de as crianças escolherem com quer brincar, por onde pode se mover e caminhar, de ter amigos de diferentes “tamanhos e destaca:

É com a mediação do adulto, que as crianças se desenvolvem normalmente e em todos os sentidos e começam a fazer escolhas por pessoas pelas quais tenham maior afinidades. Para se tornar pessoa digna, criança precisa aprender a decidir desde pequena...

Na atual sociedade podemos perceber que a criança é um ser ativo, mas rodeada pelos adultos acaba por ser silenciada. Como produtora da sua própria cultura a criança ainda precisa ser vista como intérprete do mundo e que possui pensamento próprio. Os adultos precisam fazer com que as crianças criem significado para as informações, e não, somente

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reproduzem o que os demais a sua volta fazem. As crianças são capazes de reconstituir as culturas que consomem, e nessa reconstrução que produzem sua própria cultura.

As diferentes culturas são caracterizadas pela pluralidade das crianças, meninos e meninas que são de diferentes raças, etnias, cores, classe social, entre outros. Contextos socioculturais fazem com que conseguimos falar de infâncias e não infância, pois são múltiplas as produções de cultura, sendo assim, muitas infâncias também. Dentro das escolas, muitas vezes, passam por despercebido as produções culturais das crianças, pois a correria do adulto, professor, precisa “dar conta” do seu planejamento, que certamente não é flexível, impedindo de captar culturas manifestadas em diferentes momentos das atividades realizadas na sala de aula.

Objetivando buscar elementos que possam comprovar/explicar a pesquisa bibliográfica sobre a temática, entrevistei pais, professoras, observei um cotidiano de sala de aula e, conversei com as crianças de uma turma. Conversei com todas as crianças que frequentam a educação infantil na escola observada, mas para a realização desta pesquisa centrei a atenção na fala de quatro crianças de 4 anos de idade que frequentam a Educação Infantil na escola em que realizei as demais observações.

Cumpre destacar que a interação com as crianças não se caracterizou como uma entrevista- pergunta e resposta, pois isso viria contradizer a própria compreensão que construímos da pesquisa sobre a criança. Pautamo-nos em FILHO (2005, p.14) quando sustenta a necessidade de se rever as posturas das investigações sobre as crianças e propõe um olhar que as considere como sujeitos empíricos, com voz, vez, e expressões próprias. FILHO, citando SARMENTO (2013), defende que são as crianças nossos referentes empíricos no estudo da infância, é preciso escutá-las a partir de si próprias. FILHO (p.14), que se sustenta na teoria de SARMENTO, afirma de que por intermédio deste enfoque:

[...] é possível ver as crianças a partir de suas experiências e manifestações, principalmente aquelas construídas por meio das relações estabelecidas com seus pares, e não mais com sujeitos passivos, ainda que elas sejam interdependentes dos adultos, ou de outros grupos sociais, como por exemplo, a família, os contextos institucionais de educação e o Estado.

Pautada nestas e outras reflexões, o encontro com as crianças se constituiu como uma conversa informal. Para tal, foi organizado um ambiente descontraído e, ao mesmo tempo

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instigante. Neste contexto há um recorte das falas, enfatizando o entendimento que as crianças têm de criança. Ao serem questionadas sobre o seu entendimento de criança, as respostas, embora parecidas, revelaram as suas singularidades, construídas pelas mediações recebidas/vividas com os adultos, seus pares e meio sociocultural. Todas as crianças com palavras diferentes explicitaram entendimentos parecidos. J afirma que ser criança é “ser mais pequeno que o pai, mãe, pai, professora...(adulto)”. M. prontamente responde: com outra pergunta: “Ser criança? Porque tu quer saber? Eu sô criança!...Ué...é brincar, é fazer bagunça”. L. interrompe a fala de M e defende de que “ser criança é não poder fazer muita coisa. Lá em casa tudo é difícil. Lá em casa tudo fica alto... Só pode brincar, chorá...” J. retruca dizendo: “Eu não choro”... L e M riem.... T. só fica escutando, mesmo sendo desafiada a participar da conversa não responde e fica manuseando um brinquedo. T é da mesma idade das outras crianças, mas com condições financeiras menos favorecidas e geralmente fica mais afastada dos demais. No entanto, durante as brincadeiras e desenhos, T resolve participar e diz: “ criança é chato porque não pode comprá o que gosta. E, emenda: quando eu crescer vou ganhá bastante dinheiro para comprá um monte de coisa, pro pai, prá mãe, pro meu irmão...”. A cultura de cada criança é forte influenciadora no desenvolvimento de conceitos/concepções, e assim, chegam à vida adulta entrelaçadas na cultura familiar, muitas vezes. com dificuldade para desenvolver a sua própria cultura.

Esta pesquisa, também objetivou chamar atenção para as formas de constituição das crianças, pois segundo FILHO (2005, p.13) [...] traços e retratos que as justificam e as diferenciam, pois essas não existem no singular, sendo mais apropriado falarmos em crianças, que juntas em sua pluralidade, formam a categoria infância. E acrescenta:

Dessa forma, referimo-nos aos meninos e às meninas que são negros, brancos, amarelos, vermelhos, mulatos, moradores dos morros, da zona rural, urbana, em zonas de imigração, que frequentam cinema, shopping, jardins de infância particulares, creches e pré-escolas públicas ou que estão nos estacionamentos, semáforos, e nas ruas, driblando a exclusão social e tentando sobreviver em atividades de trabalho.

Neste sentido, é possível inferir que a variedade de vivências e contextos socioculturais das crianças e nos autoriza a falar em infâncias (e não na infância) que, segundo autor (p.13), são múltiplas e plurais nas suas mais diversas formas de manifestações e produções culturais.

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CAPITULO II- ADULTO E CRIANÇA: UMA INTERLOCUÇÃO NECESSÁRIA Não gostamos de contar nossas coisas aos adultos, talvez porque eles estão sempre com pressa quando falamos com eles. Sempre parece que não estão interessados, que vão responder qualquer coisa, para se verem livres logo. Está certo: eles têm os seus problemas importantes, e nós os nossos. KORCKZAK (1981, p.37)

Neste capítulo, busco em autores e pesquisadores da infância elementos que evidenciem a relação entre o adulto e a criança, enfatizando duas categorias, sendo a primeira os adultos da família a qual constitui a primeira instituição “educadora” da criança e a segunda os adultos da escola, que por vários fatores vêm exercendo um papel que vai além daquele em que foi criada, principalmente pelo fato da primeira instituição não estar mais cumprindo (não conseguindo? Não querendo?) com a sua e, pelas demandas cada vez mais complexas postas pela sociedade. Então o espaço privado que é o da família e o espaço público que é da escola, são as duas instituições responsáveis para promover o processo de humanização das crianças. FENSTERSEIFERT (2008, p. 1), fundamentando-se em KANT assim escreve:

Não nascemos humanos, mas nos tornamos humanos pela educação. Assim, se nos animais ato e potência coincidem, no ser humano isso não acontece. Nos primeiros a direção do desenvolvimento já está previamente traçada, enquanto nos seres humanos a própria direção é uma construção humana. Só a nós está reservada a possibilidade da escolha, a qual é, em boa medida, balizada pelos determinantes histórico-culturais que se objetificam nas instituições que nos “formam”. Entre elas colocam-se de forma proeminente na modernidade a família e a escola.

Em razão disso, a criança é a que tem o maior tempo de dependência, ou de ser criança em relação as demais espécies. Senão pensemos no tempo em que somos crianças. Se um animal, assim que nasce já consegue andar, se alimentar... a criança tem um tempo muito maior para emancipar-se do adulto, o que implica que sua presença seja imprescindível para a que mesma- a criança- se humanize. SAVATER (2000, p. 43) lembra que “A principal matéria que os homens ensinam uns aos outros é em que consiste ser homem”. Neste caso podemos afirmar que qualquer adulto é capaz de ensinar alguma coisa, mas nem todos podem ensinar “qualquer coisa”. Inicialmente eram assim que acontecia a inserção da criança no mundo: interagindo com adultos e outras crianças em todos os espaços e eventos, o que proporcionava, segundo ARENDT (2000, p. 233) um relacionamento natural entre adultos e crianças, o qual, entre outras coisas, aconteciam ensinos e aprendizagens recíprocos sobre o mundo e mostrava para a criança ao mesmo tempo o fato de que ela é um ser humano em

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desenvolvimento, de que a infância é uma etapa temporária, uma preparação para a condição adulta.

No entanto, durante o processo da civilização e desenvolvimento da sociedade, o homem, percebe que nem todos podem ensinar qualquer coisa, o que justifica que a sociedade humana tenha decidido por escolher alguns adultos como “educadores”. SAVATER (2000, p.4) afirma que “o fato de qualquer um ser capaz de ensinar alguma coisa (inclusive de inevitavelmente ensinar algo a alguém em sua vida) não quer dizer que qualquer um seja capaz de ensinar qualquer coisa”. Neste contexto surge e se justifica o papel da família e da escola na educação da criança. Esta deixa de conviver do mundo dos adultos, criando-se espaços específicos para esta formação, o que efetivamente impactará tanto no seu desenvolvimento quanto na sociedade.

2.1- FAMÍLIA: O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELA?

Vivemos numa sociedade em crise, o que impacta nas suas instituições. Considerando a temática da pesquisa, a preocupação está em perceber o lugar da criança na família, ou como muitos autores preferem, no contexto familiar. Nos tempos atuais, muito se têm pesquisado sobre a criança/infância, inclusive com crianças, o que vêm permitindo um novo olhar sobre a mesma e novas formas de interlocução o que é muito positivo. Por outro lado, estão surgindo entendimentos equivocados e por consequência práticas educativas também equivocadas. Uma delas é lugar da criança e qual o papel dos familiares adultos na formação desta. Conversando com uma mãe, ela foi enfática em dizer que “não sei o que fazer frente a uma atitude de meu filho”. Ela disse, que um dia foi chamada pela professora de seu filho para dizer-lhe que o mesmo estava muito agressivo com seus coleguinhas e também com o material da salinha e pediu que a ajudasse, ou que tomasse providência. “Eu olhei para ela e disse, francamente, eu não sei! E não sabem mesmo!” As mudanças são tantas e os pais não têm como acompanhar, pois, se para o professor, que em princípio é um leitor, pesquisador já é difícil, muito mais é para os pais. Cabe à escola esclarecê-los, promovendo reuniões debates e orientações... As crianças centro? Centro do quê? Não se trata de definir quem é o centro. O importante é ter claro o papel de cada um neste contexto. FENST ERS E IFER ( 2 008, p.2 ) , al ert a que:

Para agravar o quadro, os adultos resistem a assumir sua condição, o que dificulta (ou inviabiliza) a função educativa da família, pelo menos se entendermos com Savater (2000, p.77) que “para que uma

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família funcione educacionalmente é imprescindível que alguém nela se resigne a ser adulto. T emo que esse papel não possa ser decidido por sorteio nem por votação em assembleia. O pai que só quer figurar como “o melhor amigo de seus filhos”, algo parecido com um enrugado companheiro de brincadeiras, tem pouca serventia; e a mãe cuja única vaidade profissional é que a tomem por uma irmã um pouco mais velha da filha também não serve para muito mais.

Vive-se uma crise, entre outras, de autoridade nas famílias, não sabem os limites, como dizem. Conversando com uma mãe de um filho de quatro anos ela afirma: “vivo em conflito: por um lado não quero ser uma mãe autoritária como minha mãe foi não deixando a criança fazer nada, dizendo não para tudo, reservando uma peça da casa para a bagunça fazendo com ela não se senta pertencente ao resto da casa. Por outro lado, não posso permitir que meu filho se tornasse num pequeno déspota.” Esta mãe tem formação superior e encontra-se em conflito e afirma que muitas vezes pensa em assumir a “autoridade” e mandar ficar quieto e tomar umas atitudes mais drásticas.

Segundo SAVATER (2000, p.79), “autoridade não consiste em mandar: etimologicamente, a palavra provém de um verbo latino que significa algo como `ajudar a crescer´”. E é este o papel dos pais: ajudar a crescer! Não pode abrir mão desta autoridade, sob o risco de deixar sob a responsabilidade de uma criança tomar decisões sobre questões que nem sequer sabe. Quem sabe o que a criança conhece ou não, é o adulto. É papel dele proporcionar as condições para que a criança alargue seu universo. Deixar a criança decidir sobre o que não sabe contribui para a produção do “déspota”. Retomando SAVATER (p.79): os pais precisam:

[...] restringir as próprias vontades tendo em vista as dos outros e adiar ou moderar a satisfação de alguns prazeres imediatos tendo em vista o cumprimento de objetivos recomendáveis a longo prazo. Logo, faz-se necessário o ensino de algo que não é “natural”, obviamente se concordarmos que as crianças não devam tornar-se pequenos déspotas. Se os pais não ajudam os filhos, com sua autoridade amorosa, a crescer e a se preparar para serem adultos.

O que se pode observar que as crianças têm pouco contato com os pais. Na escola em que fiz minhas observações a maioria das crianças passa na escola em tempo integral. Ficam mais com a professora do que com familiares. As crianças que frequentam a escola apenas um turno, encontrei crianças que, em turno inverso, fazem outras atividades como natação e as demais, conforme depoimento das próprias mães que ficam em casa assistindo “filminhos”. E em meio a tantas turbulências como as crianças vivem a sua infância? Elas têm a rotina criada por seus pais e precisa ser seguida para que eles possam trabalhar. Os conflitos são diários,

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pois a falta de entendimento está bastante presente na vida adulta em relação à criança. O que fazer? A realidade está mostrando a necessidade da emergência de nova cultura e uma ética familiar, a qual precisa ser assumida com coragem por todos e nesta busca a pareceria família, escola é imprescindível.

2.2- PROFESSOR (A): O ADULTO, UM PARCEIRO ESPECIAL

Privilegiada é a criança que tem espaço para ser criança. Privilegiada é a criança que é ouvida e acolhida por adultos sensíveis. Privilegiado é o adulto que tem espaço no seu coração para ouvir e aprender (FRIEDMANN, 2013).

A citação nos mostra o quanto a relação criança-adulto, adulto-criança é produtiva na vida de ambos, pois tanto criança quanto adulto se tornam aprendentes e ensinantes, ou seja, protagonistas. Sabedores de que é na infância do ser humano onde tudo começa, é fácil compreender porque na sociedade contemporânea está preocupada em rever valores e, principalmente teorias que tratam da criança.

Atualmente, muitas crianças, antes mesmo não tendo ainda noção de que é uma pessoa e que as demais crianças são outras pessoas, já estão frequentando uma escola e convivendo com outras crianças e... com pelo menos um adulto que marcará sua história: a professora, ou o professor.

A criança, atualmente, descobre o espaço privado (família) e o público(escola) quase que simultaneamente.... Em função do tempo em que convivem com os profissionais da escola, principalmente com sua professora. Estes se tornam referência para ela o que aumenta a responsabilidade da professora (escola) alargando suas funções. Atualmente, já não se concebe que a única finalidade da escola seja o de ensinar conteúdo e boas maneiras. Antes disso, precisa promover o processo de humanização das crianças, e mostrar o mundo para elas para que elas comecem perceber de que o mundo não gira em torno dela e de suas necessidades... Interagindo com o ambiente em que vive e com outras pessoas, adultos ou crianças, ela vai percebendo que neste mesmo espaço existe o outro.... Existe um outro que compete com ela o brinquedo, o espaço, o colo do adulto... E como este (adulto) se apresenta para esta criança? Ou como a criança percebe o adulto? É neste ambiente de convivência que a criança vai percebendo o adulto e vê nele, alguém que pode ajudá-la... Ela percebe que além de querer sua ajuda, colo.... ela precisa dele, principalmente para superar as dificuldades que vem encontrando e ajudá-la a encontrar respostas.

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O papel da professora (adulta) , enquanto parceira é fundamental, pois ela passa (ou não) segurança, a ajuda a reconhecer e explorar o ambiente e os desafios que o mesmo proporciona, as relações que neste ambiente se estabelecem... Cabe à professora, enquanto alguém maior e mais experiente, estabelecer mediações que desafiem as linguagens, pois são elas que subsidiarão a interlocução e a interação da professora com a criança e a criança com as demais. Assim se manifestam SILVA E COSTA (1998, p. 43):

O educador constrói uma relação com o grupo. Neste grupo ele também constrói uma relação com cada criança em particular, pois cada um é um. Cada ação do adulto para com uma outra criança gera uma certa reação; a mesma ação para outra criança poderá gerar uma reação totalmente diferente.

A professora precisa estar preparada para cada reação que a criança venha apresentar, pois cada uma delas possui uma cultura diferenciada e forma singular de ver o mundo. Nem sempre o reconhecimento é feito da mesma maneira por todos e muito menos conforme o olhar da professora.

Quando nos referimos ao professor/professora como educador/a de pessoas, neste contexto criança, antes de se preocupar em ensinar algo, precisa preocupar-se no acolhimento destas crianças, deixar transparecer no seu rosto o quanto cada uma das crianças que estão em sua sala de aula, é importante, é singular. A fala é uma grande aliada, pois nada melhor que uma boa comunicação entre professor e alunos para o bom desenvolvimento do processo. Não aquela fala que ordena que faz a fala do outro calar, mas a fala que desafia, motiva a fala do outro. Para cada momento uma fala diferenciada, assim como uma escuta também. Como afirma FRIEDMANN (2013, P. 155)

É desafiador, mas essencial, olhar e escutar as crianças na sua inteireza na sua complexidade: elas são corpo, mente, emoções, têm suas regras, sua espiritualidade, suas essências, transparência e mistérios, expressando-se, todas elas, por meio dos seus sentidos, da sua ludicidade, sua arte, gestos e movimentos

Para a professora poder interagir com estas crianças precisa desenvolver a capacidade de compreendê-las acolhendo e desafiando todas a utilizar suas linguagens num ambiente propício cheio de oportunidades de intercâmbio de linguagens, mensagens, percepções, criação, recriação de imagens e imaginações. FRIEDMANN, destaca a importância da roda,

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pois segundo ela (p154 e 156) todos são iguais e, ao mesmo tempo, cada integrante mantém sua singularidade:

Na roda todos podem se ver. Não há hierarquias. Na roda, há uma organicidade, um ritmo próprio dado pela toada dos corpos, pelos seus movimentos, gestos, vozes e silêncios. [...] Reconhecer que estas

crianças com as quais convivemos diariamente estão

permanentemente se expressando consciente ou inconscientemente, verbal e não verbalmente, através de mensagens e imagens é o ponto de partida para abrirmo-nos para ouvi-las.

Nascimento (2007) reforça a necessidade da professora se colocar como observadora (ativa) e considerar, nas mediações, na organização dos ambientes o corpo, o universo lúdico, os jogos e as brincadeiras como prioridade, pois é nela estão presentes as múltiplas formas de ver e interpretar o mundo. A brincadeira é responsável por muitas aprendizagens...

Segunda a autora (2007, p. 30):

Faz-se necessário definir caminhos pedagógicos nos tempos e espaços da escola e da sala de aula que favoreçam o encontro da cultura infantil, valorizando as trocas entre todos os que ali estão, em que crianças possam recriar as relações da sociedade na qual estão inseridas, possam expressar suas emoções e formas de ver e de significar o mundo, espaços e tempos que favoreçam a construção da autonomia. Este é um momento propício para tratar dos aspectos que envolvem a escola e do conhecimento que nela será produzido, tanto pelas crianças, a partir do seu olhar curioso sobre a realidade que as creca, quanto pela mediação do adulto.

Os desafios da professora, junto aos demais atores socias da escola são muitos e complexos. Cada criança chega à escola por razões e expectativas distintas. O importante é compreender e acolher á todas, reconhecendo que, independendo de sua história, possuem modos próprios de compreender e interagir com o mundo, cabendo á escola (e não apenas a professora/professor), favorecer a criação de um ambiente no qual a infância possa ser vivida em toda sua plenitude, assim como defende NASCIMENTO (p.31) “um espaço e um tempo de encontro entre os seus próprios espaços e tempos de ser criança dentro e fora da escola”.

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CAPÍTULO III- POR UMA PEDAGOGIA PARA AS INFÂNCIAS: A VEZ E A VOZ DAS CRIANÇAS

Quando a família socializava, a escola podia ocupar-se de ensinar. Agora que a família não desempenha plenamente seu papel socializador, a escola, além de não poder realizar sua tarefa específica como no passado, também começa a ser objeto de novas demandas, para as quais não está preparada SAVATER (2000)

A citação, bem mostra o quanto se faz necessária a emergência de uma nova cultura (e ética) escolar. Precisamos de uma escola que acolha, reconheça a criança como sujeito de direitos que tem um saber que precisa ser considerado no momento de produzir práticas pedagógicas. O saber da criança não é superior e nem inferior em relação ao saber do adulto. É apenas um saber diferente. Faz-se necessário, ao mesmo tempo, que a escola assuma, com coragem, o seu papel de ensinar e educar as novas gerações. Ensinar, não transmitindo conhecimentos, impondo regras, ditando de que cor a criança precisa pintar o mar.... e sim, um ensinar como mediação cognitiva, social e cultural dos conhecimentos adequados e necessários que permitam a criança viver sua condição de criança e, ao mesmo tempo ampliar, alargar e aprofundar o conhecimento de si, dos outros e do mundo. Isso não é tarefa fácil diante da diversidade cultural e das demandas postas à escola pela sociedade.

O contexto e a diversidade cultural em que a escola está inserida exige uma nova demanda de informações e conhecimentos dos professores, pois não basta dominar e transmitir determinados conhecimentos e sim, saber selecionar, ordenar aquelas aprendizagens necessárias para que a criança vá construindo em processo, sua subjetividade, As crianças estão inseridas em uma sociedade em que lida com muitas informações e mudanças ao mesmo tempo. Considerando que os adultos mais presentes na vida das delas são os professores, precisam, para atendê-las, estar atentos à realidade e construir sua formação buscando novos conhecimentos a todo o momento, com o cuidado de não atrelar-se a modismos e interesses ideológicos que depõem contra os direitos das crianças e nem cair no espontaneismo, onde a criança sabe o que quer.

É na escola que as crianças desenvolvem seus potenciais e tudo começa na educação infantil. Nesse tempo vai conhecendo espaços diferentes, novas pessoas, culturas e modo de

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ser e fazer. Este tempo- educação infantil passa rápido, pois em pouco tempo terão que se readequar a um novo tempo (sem ela perceber/pedir/entender/concordar) e passar para o Ensino Fundamental.

Para os adultos, diga-se de passagem, uma transição “normal” Para a criança, nem tanto, pois trata-se de uma fase de transição muito complexa e contraditória, pois na verdade, está indo em direção de um contexto diferente. Ocorre uma transição muito forte repentina. Passam muito rápido do brincar para ler e escrever. Pergunta-se, qual o problema? Ler e escrever não se constituem aprendizagens importantes, lúdicas e necessárias? Todos concordam que sim. E é, com absoluta certeza! E é o que a criança mais quer: avançar. No entanto, ao observarmos a forma como esta passagem da Educação infantil para o Ensino Fundamental ocorre, é preocupante. Dá a impressão de que o tempo de infância acabou. Para alguns professores- infelizmente nem tão poucos- que atuam no Ensino Fundamental, as crianças deixam de ser, ou melhor, são impedidas de viver sua condição de criança ao chegar nesse novo tempo/espaço. É sabido que ainda são crianças e continuam a gostar/necessitar de se expressar e se comunicar pelas diferentes linguagens expressivas. FRANCO (2002) defende a necessidade de respeitar o ciclo da infância, potencializando este tempo e jamais acelerando-o. Traz um dizer de KISHIMOTO (2000, p.3) pertinente: Ser criança é ter direito à educação, ao brincar, aos amigos, ao conhecimento, mas principalmente, à liberdade de escolha. O que a autora mais defende é a necessidade de os adultos respeitarem a criança, pois respeitando-a, estarão defendendo a continuidade da civilização, da sociedade democrática. Respeitar os direitos da criança, não é deixá-la solta, sem amparo, acolhimento e orientação (pois é esta a função do adulto), mas respeitar é ouvir/acolher/considerar nas práticas pedagógicas estas escolhas. Ser protagonista não é determinar, é participar é ouvir e ser ouvida, dar voz e vez para as crianças e romper com a ideia da Escola Infantil ser um lugar para abrigar e cuidar das crianças enquanto os pais trabalham.

Sem romper com isso, ao pensarmos em escola continuará vindo ao encontre imaginário das pessoas, um lugar de ensino, conteúdos, provas, professores, alunos (a criança desaparece), etc. Em outro momento ela até foi pensada e admitida assim, mas no contexto atual em que ela se encontra a visão é diferente e, esta proposta não mais se sustenta, mesmo que se saiba que, no momento esta cultura ainda encontre dificuldade de ser implantada, pois, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, pois mundo cada vez mais competitivo e consumista, são as crianças que ficam em meio a tudo isso. As creches, infelizmente, continuam a ser apenas um lugar de cuidados onde os pais deixam as crianças pela manhã e

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de tardinha buscam, geralmente atrasados e reclamando ao saberem que seu filho dormiu muito durante à tarde, o que o fará acordado até tarde.

FRANCO (2002), afirma também, que infelizmente, a formação dos professores ainda deixa que isso aconteça, pois em muitas das creches o lugar de cuidado ganha espaço e o pedagógico fica de lado. Isso é tão evidente que que as crianças não veem diferença de suas casas para as creches. As escolas e creches precisam desenvolver mais a parte pedagógica e sensibilizar os pais a entenderem a função dos mesmos enquanto família na educação de seus filhos e qual é a função da escola. Somente assim as crianças não estarão em meio às turbulências dos adultos.

O primeiro compromisso da escola é fazer com que a criança se constitua entendendo a diversidade humana, pois é através disso que cada uma consegue se relacionar melhor com o mundo. A primeira percepção que o professor precisa ter é dela enquanto criança, e não como aluno. Construção de projetos políticos pedagógicos pensados mais em espaços de aprendizagem que tenham o brincar como prioridade, pois como defende FRIEDMANN (2013, p. 13):

Quando a criança brinca, a criança dança, fala com seu corpo e sua expressão. O que seu olhar diz? Ela quer nos dizer algo ou ela diz, por que ela vive, simplesmente? Ela é a autora da sua própria vida. Pés bem enraizados no chão, conectando-se através do seu centro emocional que gira em torno da sua cintura e ventre, peito-coração abertos, olhar profundo, com uma dimensão universal e arquetípica do brincar que propicia sua expressão mais completa.

. A escola precisa se adaptar as crianças, e não as crianças à escola. Fazendo com que se tornam seres pensantes. Mas o mais importante é que a escola caminhe junto com as mudanças da sociedade (sem atrelar-se a elas), pois essas mudanças interferem no pensamento e, consequentemente, na cultura do povo. Nesta perspectiva é que os pesquisadores da infância defendem o protagonismo da criança, pois é através deste protagonismo que a criança poderá viver com maior plenitude sua infância e construir sua autonomia. Por isso o protagonismo da criança precisa ser prioridade para que saibam em qualquer tempo, seja presente ou futuro, fazer diferentes interpretações e fazer escolhas próprias.

Tive o privilégio de observar e interagir com uma turma da Educação Infantil- 4-5 anos, e perceber o protagonismo infantil, ou seja, evidenciei, num cotidiano o quanto isso é possível. Pude perceber/comprovar a capacidade e o entusiasmo/envolvimento das crianças desta idade relacionar-se com o meio em que está quando a professora tem como o maior

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enfoque de suas atividades o protagonismo de cada um que está no ambiente escolar. Ao dialogar com a professora é possível perceber o quanto ela deixa a criança trazer sua cultura para o espaço da escola e compartilhar com seus colegas. Muito importante à fala dela quando diz que “a palavra criança precisa ser resgatada para que ela deixe de ser objeto dos desejos e necessidade dos adultos, que as crianças sejam produtos de culturas, e para isso, precisam ser protagonistas no que fazem durante seu dia a dia”.

Observando o cotidiano de sala de aula e ouvindo o depoimento da professora, me remeti a uma fala de SNYDERS (1993, p.29): quando dizia:

Eu queria uma (instituição) onde criança não tivesse que saltar as alegrias da infância, apressando-se, em fatos e pensamentos, rumo à idade adulta, mas onde pudesse apreciar em sua especificidade os diferentes momentos da sua idade.

Este capítulo tem, ou tinha como objetivo, trazer elementos para se pensar uma pedagogia para a infância. Em processo acabei trazendo questões que, exatamente entravam ou dificultam esta construção. Estas reflexões não foram em vão, pois permitiram ver em quais questões precisamos nos centrar. Então voltemos para a projeção de possibilidades e, defendo neste contexto que o protagonismo se dá no momento que a criança vive sua condição de criança e que se autorize a manifestar-se, mostrando do que precisa, do quer e sabe ou deveria saber. É preciso que o adulto acredite na importância de estar atento às vozes infantis e na necessidade de se aprofundar na sua elucidação, pois é aí que reside a pedagogia da e para a infância. FRIEDMANN (2013, p. 13) afirma:

O momento presente- quem somos, o que e como fazemos, como nos relacionamos com o mundo- indica ao antropólogo atento e sensível, as brechas pelas quais vão se formando os “diamantes” interiores, as pepitas de ouro”, os valores, o tamanho e o estado das feridas e violências vividas.

É assim que a professora das infâncias precisa se colocar, como uma pesquisadora de tesouros e isso ela encontrará, principalmente, ao observar uma criança brincando, pois onde há uma criança brincando há um tesouro escondido que só um achadouro de infâncias encontrará. .Esta voz é de uma criança... Quem a escuta? Quem a lê? Quem se importa e significa sua prática educativa em função destas perguntas?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS: O TEMPO DA INFÂNCIA É O TEMPO DE APRENDER E APRENDER COM AS CRIANÇAS.

Embora pareçam modestos os resultados construídos, saio fortalecida desta experiência, pois posso, com maior segurança defender a criança enquanto sujeito de direitos e afirmar que, sim há possibilidade de produzir pedagogias para a infância, ou para as infâncias, desde que as instituições envolvidas não se neguem a ser adultos- adultos pais, adultos professores que têm seu papel fundamental que é de mediar aquelas aprendizagens necessárias para que a criança possa, viver intensamente seu tempo, produzir sua cultura e gradualmente construir sua autonomia.

Todas as leituras evidenciaram que, de fato, família e escola possuem um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Mas que enquanto adultos responsáveis por uma vida precisam entender melhor o seu papel no contexto em que estão inseridos. As crianças como sujeitos de direitos precisam criar seu próprio espaço para que consigam produzir sua própria cultura. Já os adultos precisam conhecer as especificidades das crianças para que consigam entender como se desenvolvem.

Sabemos que as escolas possuem uma forte influência na produção da cultura pela criança. Elas são importantes e necessárias pois, para muitas crianças o ambiente escolar é o único lugar espaço organizado em que a criança pode produzir e viver a sua cultura- a cultura infantil - em interação com seus pares, com sua professora e outras pessoas da comunidade escolar. Muitas crianças valorizam a sua ida à escola para conversar! A criança necessita imperiosamente do grupo de iguais e onde elas podem encontrar este grupo, se não na escola?

O professor como adulto responsável na mediação da criança com o espaço em que está inserida precisa saber fazer uma escuta sensível do que cada um tem a dizer, mas para muitos, essa escuta, é muito difícil, e acaba prejudicando a criança.

É notório que a família tem um papel imprescindível no contexto escolar para a aprendizagem das crianças, mas ainda é um grande desafio família e escola conseguirem estar juntas no desenvolvimento da criança. Na maioria das vezes cada um faz o seu papel e pronto, ou, em muitos casos, a família delega seu papel todo para a escola.

Considerando, então, a importância destas duas instituições no processo de formação- desenvolvimento, aprendizagens e inserção no mundo da vida, não se concebe,

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principalmente na infância, que família e escola não trabalhem juntas. Faz-se necessário um amplo debate para que cada instituição redefina, ou resgate o seu papel principal neste processo. Já não cabe mais a cultura da culpalização, responsabilização exclusiva, mas uma cultura de parceria. Cabe à escola produzir sua cultura pautada, também na cultura infantil.

A pesquisa bibliográfica apontou com muita clareza esta necessidade.de um estreitamento entre estas duas instituições. Nas observações do cotidiano e nas conversas com sujeitos da comunidade, também é possível perceber a necessidade da parceria, embora nem sempre se evidencie. No entanto, nem sempre fica evidenciada a concretização disso. Analisando todo o processo vivido, percebo que muito ainda temos que andar para que a cultura infantil seja referência na construção e desenvolvimento das práticas educativas.

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