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SANEAMENTO BÁSICO: A UNIVERSIDADE COMO FERRAMENTA DE APOIO TÉCNICO AOS MUNICÍPIOS

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Academic year: 2021

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SANEAMENTO BÁSICO: A UNIVERSIDADE COMO FERRAMENTA DE APOIO TÉCNICO AOS MUNICÍPIOS

Meio Ambiente Maurizio Silveira QUADRO1 Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Autores: Ana Luiza Bertani DALLAGNOL2; Larissa LOEBENS3; Vitória Sousa FERREIRA4; Diuliana LEANDRO5; Andréa Souza CASTRO6;

Resumo

O Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Saneamento Ambiental, vinculado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vem desenvolvendo diversos projetos na área de meio ambiente. Dentre essas atividades se encontra o projeto de Apoio ao Saneamento dos Municípios da Zona Sul. Esse projeto tem como objetivo oferecer apoio técnico aos gestores dos municípios da região onde a UFPel está inserida no que diz respeito à elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) e dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). Como atividades do projeto foram realizados cursos de capacitação aos gestores municipais envolvendo a temática do saneamento e a realização de convênios com os municípios para a elaboração dos Planos. Até o momento foram produzidos quatro PMSB junto aos municípios de Arroio do Padre, Arroio Grande, São José do Norte e Morro Redondo. Estão em andamento outros dois convênios para a elaboração de PMGIRS. O desenrolar do projeto, desde sua concepção até o presente momento mostrou a realidade na qual se encontram os pequenos e médios municípios: o saneamento não é universalizado e há falta de equipe técnica capacitada para desenvolver as funções necessárias. Consequentemente, existe uma enorme dificuldade em se cumprir os prazos previstos pela legislação e avançar em qualidade e quantidade dos serviços de saneamento prestados. A universidade, portanto, se torna uma ferramenta de apoio, onde o conhecimento técnico está concentrado. Diante dessa troca, os discentes podem vivenciar a interdisciplinaridade envolvida nas questões técnicas e humanas de elaborar um projeto a nível municipal e vivenciar a prática do mercado de trabalho. Em contrapartida, o município consegue finalizar seu projeto e ampliar sua capacidade de evolução, diminuindo as desigualdades sociais associadas àquela população que ainda não possui acesso aos serviços de saneamento, melhorando assim a qualidade de vida da população.

Palavra-chave: Gestão pública; Plano Municipal de Saneamento Básico; Plano Municipal

de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos; Extensão universitária.

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Maurizio Silveira Quadro, Servidor Docente.

1 Ana Luiza Bertani Dall’Agnol, Mestranda [Ciências Ambientais]. 2

Larissa Loebens, Graduanda [Engenharia Ambiental e Sanitária]. 3

Vitória Sousa Ferreira, Graduanda [Engenharia Ambiental e Sanitária]. 4

Diuliana Leandro, Servidor Docente. 5

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2 Introdução

O Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão (NPSA) possui um histórico de projetos voltados para a comunidade regional, na área do saneamento básico, recursos hídricos, resíduos sólidos e prevenção contra desastres naturais. Pelo histórico de atividades desenvolvidas, diversas vezes os setores públicos procuram o NPSA para solicitar apoio em problemas relacionados ao saneamento nos municípios, mostrando que há uma relação estabelecida entre a universidade e os órgãos públicos.

Com a vigência da Lei nº 11.445/2007, Lei do Saneamento Básico, tronou-se obrigatório para os municípios a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico – PMSB, que deve contemplar o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais. Além disso, a Lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, em seu Art. 18 dispõe sobre a elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS por parte dos municípios.

No entanto os municípios, em especial os de pequeno porte, encontram dificuldades em realizar tais Planos. De acordo com Lisboa et al. (2013) as principais dificuldades identificadas para a elaboração do plano de saneamento são a indisponibilidade de recursos financeiros e a limitação quanto à qualificação profissional e capacidade técnica municipal. Por conta disso, o projeto teve como objetivo introduzir um pensamento sistêmico e interdisciplinar, oferendo suporte técnico e realizando convênios entre a universidade e as prefeituras para a elaboração dos planos.

Metodologia

Foram realizados cursos de capacitação direcionados aos gestores públicos dos municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul. Os municípios foram informados via e-mail e telefone sobre a realização dos cursos e convidados a participar.

As atividades presenciais dos cursos de capacitação foram realizadas nas dependências da Universidade Federal de Pelotas. Nestes encontros foram ministradas palestras de temas correlatos à temática do saneamento, com o objetivo de dar suporte aos gestores para a realização dos Planos Municipais de Saneamento e Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Dentre as temáticas abordadas podem ser citadas: Elaboração e implementação de Planos Municipais de Saneamento Básico; Mapeamento de áreas Degradadas; Educação Ambiental; Resíduos de Serviço de Saúde; Construção e

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Manutenção de Aterro Sanitário e Compostagem; Licenciamento Ambiental; Saneamento Básico para o Desenvolvimento Humano, entre outros.

Através desses momentos de troca e contato com o público alvo, se criou um canal de comunicação entre os municípios e o grupo de pesquisas. Posteriormente, os municípios de Arroio do Padre, Arroio Grande, São José do Norte e Morro Redondo demonstraram o interesse em realizar o convênio com a universidade para a construção dos PMSB.

Após os processos burocráticos, os planos foram elaborados com a colaboração de professores e alunos da instituição de ensino juntamente com as prefeituras municipais. A elaboração dos planos se deu conforme o termo de referência proposto pelo órgão ambiental estadual, neste caso a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (FEPAM). Todas as etapas foram cumpridas com a devida transparência e participação pública, como previsto pela legislação vigente.

Neste momento, estão sendo realizados os tramites necessários para dois novos convênios com os municípios de São José do Norte e Santa Vitória do Palmar, que visam a elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada destes municípios, o que prevê, portanto, a continuidade deste projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Durante a realização dos cursos de capacitação, participaram os gestores municipais, professores e bolsistas do NPSA, representantes da CORSAN e FEPAM. A Figura 1 demonstra a apresentação da palestra sobre mapeamento de áreas degradas por resíduos sólidos, ministrada pela Professora Diuliana Leandro, em um doa cursos de capacitação realizados.

Essa temática é de suma importância, pois aborda questões do uso de geotecnologias para a otimização dos processos ambientais. Nesse sentido, Silva et al. (2017) ressaltam que a utilização de técnicas de processamento e análise das imagens de satélite é um importante instrumento de geoprocessamento que pode ser utilizado na construção de indicadores ambientais para avaliação da ocupação do território. Por conta disso, a capacitação dos gestores quanto a esse assunto é imprescindível, a medida em que quando qualificados os gestores se tornam capazes de realizar análises de mapeamentos e melhoram seu embasamento para as diversas tomadas de decisão associadas ao seu trabalho.

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Figura 1 – Professora Diuliana Leandro ministrando palestra sobre mapeamento de áreas degradadas por resíduos sólidos.

Fonte: Autores.

Uma das dificuldades encontradas ao longo do projeto em relação aos cursos de capacitação foi contatar e ter a presença dos gestores municipais nos cursos de capacitação. Acredita-se que esse fato se dê em decorrência da necessidade de descolamento que envolve custos e, em alguns casos, desinteresse das administrações municipais na temática ambiental. Mesmo com essas dificuldades, cerca de 60% dos municípios contatados participaram dos cursos de capacitação.

Em relação à elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, as maiores dificuldades verificadas foram em relação à falta de monitoramento das informações nos municípios. Não existem bancos de dados organizados que podem ser consultados para saber, por exemplo, quais localidades são atendidas com a coleta de esgotos e qual o tipo de tubulação em cada uma destas áreas. Para realizar esse tipo de levantamento, foi necessário ir à campo com o funcionário mais antigo da prefeitura para identificar e compilar essas informações. Essa falta de informação se torna, portanto, um obstáculo para a evolução dos serviços de saneamento, pois o município não consegue comparar situações passadas e presentes e tampouco analisar quais são suas prioridades para intervenção.

Apesar disso, as informações foram levantadas e os planos foram elaborados, sempre respeitando a transparência e envolvendo a participação pública. Durante todo o processo havia um canal de comunicação no site do NPSA onde a população poderia tirar

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suas dúvidas. Além disso, foram realizadas audiências públicas em todas as etapas da elaboração dos PMSB.

Por conta da importância social que o saneamento representa, justifica-se também a importância deste projeto para a região da Zona Sul do Rio Grande do Sul. Diversos estudos (BELLIDO et al., 2010; BLUM, FEACHEM, 1983; ERCUMEN et al., 2014; NANDI et al., 2017; PAIVA, SOUZA, 2018) apontam uma relação entre as condições de saneamento e a melhora da saúde da população. Sendo assim, a melhora do saneamento pode gerar benefícios no que diz respeito à redução da ocorrência de diversas doenças, em especial a diarreia em crianças (NANDI et al., 2017), além de promover os direitos humanos ao acesso à água e ao saneamento adequados, oportunizando para as pessoas uma sociedade mais equitativa (COSWOSK et al., 2019).

Portanto, o projeto demonstra sua intima relação entre ensino, pesquisa e extensão. A relação entre extensão e pesquisa se dá por meio dos cursos e da própria elaboração dos Planos, visto que são atividades desenvolvidas fora da universidade, mas com o conhecimento técnico construído na instituição pelos alunos e professores. O levantamento de dados realizados para a elaboração dos planos também pode ser caracterizado como uma ação de pesquisa aplicada na localidade e que geram como frutos trabalhos como esse que são apresentados para a comunidade científica. Já a relação entre a extensão e o ensino ocorre com a vivência entre os bolsistas discentes, professores e representantes das prefeituras. Essa vivência proporciona o desenvolvimento do pensamento crítico dos discentes sobre a resolução de problemas reais em suas vivências práticas dentro do projeto, o que os torna profissionais mais preparados e socialmente conscientes.

Considerações Finais

A universidade concentra o conhecimento técnico e como detentora desse conhecimento é de fundamental importância que sejam desenvolvidos projetos para o apoio técnico aos municípios da região onde ela está inserida. Essas ações geram benefícios mútuos, pois permitem que a academia se aproxime mais da realidade regional e transmita os saberes de outras formas, e não somente através da educação formal.

A vivência dos alunos com as atividades extensionistas permite o seu desenvolvimento pessoal e profissional. No caso específico deste projeto, os discentes desempenham atividades práticas do campo da Engenharia e da Gestão Ambiental, além de desenvolverem habilidades de comunicação ao trabalharem diretamente com os gestores municipais e com a população e de tomada de decisão sobre os processos envolvidos.

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Além disso, se constrói dentro do projeto uma contribuição para com a comunidade regional que é a finalização de um documento oficial a ser utilizado pelos municípios para melhorar a qualidade dos serviços de saneamento prestados nos 20 anos seguintes, o que refletirá diretamente na qualidade de vida da população.

Referências

BELLIDO, J. G.; BARCELLOS, C.; BARBOSA, F. S.; BASTOS, F. I. Saneamiento ambiental y mortalidad en niños menores de 5 años por enfermedades de transmisión hídrica en Brasil. Rev Panam Salud Pública, v. 28, n 2, p. 114-120, 2010.

BLUM, D.; FEACHEM, R. G. Measuring the impact of water supply and sanitation investments on diarroeal diseases: problems of methodology. International Journal of

Epidemiology, v. 12, n. 3, p. 357-365, 1983.

BRASIL. Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007. "Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.". Diário Oficial União, Brasília.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário

Oficial da União, Brasília.

COSWOSK, E. D.; NEVES-SILVA, P.; MODENA, C. M.; HELLER, L. Having a toilet is not enough: the limitations in fulfilling the human rights to water and sanitation in a municipal school in Bahia, Brazil. BMC Public Health, v. 19, n. 137, 2019.

ERCUMEN, A; GRUBER, J. S.; COLFORD, J. M. Water distribution system deficiencies and gastrointestinal illness: a systematic review and meta-analysis. Environ Health Perspect, v. 122, n. 7, p. 651-660, 2014.

LISBOA, S. S.; HELLER, L.; SILVEIRA, R. B. Desafios do planejamento municipal de saneamento básico em municípios de pequeno porte: percepção dos gestores. Eng Sanit

Ambient., 18(4), 341-348, out/dez. 2013.

NANDI, A.; MEGIDDO, I.; ASHOK, A.; VERMA, A.; LAXMINARAYAN, R. Reduced burden of childhood diarrheal diseases through increased access to water and sanitation in India: A modeling analysis. Social Science & Medicine. v. 180, p. 181-192, 2017.

PAIVA, R. F. P. S.; SOUZA, M. F. P. Associação entre condições socioeconômicas, sanitárias e de atenção básica e a morbidade hospitalar por doenças de veiculação hídrica no Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 34, n. 1, 2018.

SILVA, M. S.; BUENO, I. T.; ACERBI JÚNIOR, F. W.; BORGES, L. A. C.; ALEGARIO, N. Avaliação da cobertura do solo como indicador de gestão de recursos hídricos: um caso de estudo na sub‑bacia do Córrego dos Bois, Minas Gerais. Eng Sanit

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