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DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS – AVM/UCAM

LAVAGEM DE DINHEIRO: NOVAS MEDIDAS PARA O SEU COMBATE

Maria de Nazaré Guapindaia Campos

Rio de Janeiro - Teresópolis

2013

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Maria de Nazaré Guapindaia Campos

LAVAGEM DE DINHEIRO: NOVAS MEDIDAS PARA O SEU COMBATE

Monografia apresentada à Escola Superior de Negócios – AVM/UCAM, como exigência para obtenção do título de Pós-Graduação, por Maria de Nazaré Guapindaia Campos.

Orientador: Prof. Carlos Eduardo Gonçalves.

Rio de Janeiro - Teresópolis 2013

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Dedico esse trabalho a minha família que sempre me apoiou em tudo, nas escolhas e nos estudos, principalmente aos meu pais, Messias Campos e Yette Guapindaia Campos, in

memorian e aos meus irmãos Alvaro Augusto

Guapindaia Campos e Luiz Fernando

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AGRADECIMENTOS:

Agradeço mais uma vez a minha família pelo apoio aos meus estudos e aprimoramento, agradeço ainda aos meus professores da Pós Graduação que me ensinaram, orientaram e me esclareceram. Muito obrigada a todos pela oportunidade de realizar a especialização que busquei para, assim, obter um crescimento profissional e intelectual melhor.

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SÍNTESE

O presente trabalho irá apontar as modificações importantes introduzidas pela lei 12.683/12 na Lei de Lavagem, e ainda abordar as medidas impeditivas que surgiram no mundo e que influenciaram na persecução penal no Brasil, analisar minuciosamente e de forma comparativa a lei 9.613/98 e 12.683/12, e estudar, também o papel desempenhado pelo COAF, analisando os critérios para a comunicação obrigatória imposta pelos órgãos governamentais a determinadas instituições.

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SUMÁRIO

Introdução...1

Capítulo1. Direito Penal Econômico: Espécies:...4

Histórico:...5

O inicio do combate à lavagem:...6

Capítulo 2. A lei 9.613/98 e o seu art.12: 2.1. Gerações da lei de lavagem:...14

2.2. Art.12:...16 2.3. Os Tipos Penais:...16 2.4. A Nova Lei: 12.683/12:...17 Capítulo 3. O COAF: 3.1 Início:...31 3.2 O órgão:...32

3.3 Critérios para Determinação da Comunicação Obrigatória:...33

Conclusão:...35

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o escopo de abordar as principais alterações trazidas pela Lei 12.683/12 na lei 9.613/98, apontando o objetivo da Lei 12.683/12, começando com um breve estudo do Direito Penal Econômico, suas espécies, seus antecedentes históricos e uma análise do inicio ao combate ao crime de lavagem de capitais. E ainda, o de estudar o histórico das medidas coibitivas que surgiram no Brasil e no mundo, fazendo uma análise comparativa entre a Lei 9.613/98 e 12.683/12, os tipos penais antecedentes, e observar ainda o papel desempenhado pelo COAF e as suas resoluções, assim como esboçar os critérios para a comunicação obrigatória imposta pelos órgãos governamentais a determinadas instituições.

O tema é de grande relevância social, pois com o avanço da criminalidade ao longo dos anos, surgem do mesmo modo, formas de camuflar recursos financeiros oriundos de atividades ilícitas, tornando, assim, aquele resultado que era ilícito em lícito, resultando, consequentemente, na necessidade de prevenir e coibir tal prática pelas autoridades competentes.

A nova Lei 12.683/12 acarretou modificações significativas ao combate ao crime de lavagem de dinheiro, pois não se trata tão somente de coibir a prática do crime de lavagem de capitais, mas pode-se dizer, ainda, que as alterações trazidas pela nova lei consertaram falhas das legislações anteriores, tornando mais eficaz a persecução penal daqueles que cometem essa ação delituosa

Nesse sentido, a análise dessas alterações terá o objetivo apenas de estudo, observando os aspectos mais relevantes trazidos por essas modificações e o seu impacto na ordem jurídica brasileira.

A metodologia empregada será pesquisa bibliográfica parcialmente exploratória.

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Capítulo 1: DIREITO PENAL ECONÔMICO

O Direito Penal Econômico, como o próprio nome sugere, é um ramo do Direito Penal que trata dos crimes contra a Ordem Econômica. É cediço que este ramo surgiu nos anos 30, após ao advento da grande crise de 1929 que mergulhou os Estados Unidos em uma grande e grave depressão econômica, sendo necessário o Estado norte – americano intervir na economia.

Desse modo, é importante enfatizar que o Direito Penal Econômico é um ramo do Direito Penal que, no entanto, não tem independência. O que significa dizer que todos os conceitos do Direito Penal são aplicáveis ao Direito Penal Econômico, ressalva se faz quando existem exceções trazidas pelas normas do Direito Penal Econômico, pois essas devem ser utilizadas.

Outro aspecto importante do Direito Penal Econômico é que a prática de condutas ilícitas dessa esfera não atingem a um bem jurídico específico, pois a questão refere-se ao Sistema Financeiro Nacional, tais danos não podem refere-ser individualizados. Essa ideia é melhor compreendida quando conceituamos o Direito Penal Econômico e apontamos o seu objetivo. Sendo assim, cumpre destacar o art.170, da Constituição Federal/ 19881 que preceitua:

Art.170, CRFB/88: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I – soberania nacional; II – propriedade privada;

III – função social da propriedade; IV – livre concorrência;

V – defesa do consumidor;

1 BRASIL, Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. (art.170 e seus incisos). Brasília/DF: Senado Federal, 1988, Código Tributário Nacional, Código de Processo Civil, Constituição Federal, Legislação Tributária e Processual Tributária/ Organização ROQUE, Antonio Carrazza; obra coletiva de autoria da Editora Revista dos Tribunais - 3° edição revista, ampliada e atualizada até 16.12.2011 – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,2012 (RT MiniCódigos)

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VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego;

IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.

Por esse artigo, pode-se observar que a Ordem Econômica é protegida pela Constituição Federal no sentido de zelar pelo desenvolvimento financeiro, empresarial e social do país, até mesmo a proteção ao meio ambiente é englobado nessa tutela, pois é fonte de recursos.

Nesse sentido, o art.173 da Carta Magna de 19882estabelece que a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou á relevante interesse coletivo, ou seja,o Estado explorará a atividade econômica diretamente em situações excepcionais, proporcionando assim, uma maior participação da iniciativa privada na atividade econômica brasileira.

No entanto, o art. 174, ainda da CRFB/883,determina as situações em que o Estado exercerá as funções de fiscalização, incentivo e planejamento da Ordem Econômica. Nesse sentido, é previsível a intervenção estatal, na forma da lei, conforme o próprio artigo supra citado anuncia e ainda sinaliza que essa intervenção é determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

1.1. Espécies:

As principais espécies de crimes contra a ordem econômica estão previstas na lei 8.137/90 4mais precisamente no seu art.4°, conforme segue abaixo:

2 BRASIL, Constituição (1988), ibid, art.173 .

3 BRASIL, Constituição (1988), ibid, art.174.

4 BRASIL, lei n° 8.176, de 08 de fevereiro de1991, define crimes contra ordem econômica e cria o Sistema de Estoques de Combustíveis (art. 4° e seus incisos), disponível no

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Art.4, da lei 8.137/90: Constitui crime contra a Ordem Econômica:

I - Abusar do Poder Econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;

II - Formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

E também estão previstas no art.1°, da lei 8.176/915 transcrito abaixo:

Art.1°,da lei 8.176/91: Constitui Crime contra a Ordem Econômica:

I – Adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei;

II – Usar gás liquefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas caldeiras e aquecimento de piscinas ou para fins automotivos, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei.

Existem ainda outros dispositivos previstos no Código Penal6, como o crime de estelionato, em que “ Obter para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio , induzindo ou mantendo alguém em erro , mediante artifício, ardil , ou qualquer outro meio fraudulento.” Tal crime é previsto no art.171 desse diploma legal.

1.2 Histórico:

O histórico da coibição da prática dos crimes contra a Ordem Econômica no

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8176.htm> e acessado em 23 de junho de 2013

5 BRASIL, lei n° 8.176, de 08 de fevereiro de1991, define crimes contra ordem econômica e cria o Sistema de Estoques de Combustíveis (art 1°), disponível no <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8176.htm> e acessado em 23 de junho de 2013

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Brasil7 começa mesmo com a Constituição Federal de 19468, onde existe um capítulo dedicado à Ordem Econômica e Social, no título V, a partir do art.145, onde este artigo já determinava que “ A Ordem Econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano.”

O artigo 148 daquela Constituição9 explicitava, de forma clara e objetiva, o comando para o combate ao abuso do poder econômico “ a lei reprimirá toda e qualquer forma de abuso de poder econômico, inclusive as uniões ou agrupamentos de empresas individuais ou sociais, seja qual for a sua natureza, que tenham por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a concorrência, e aumentar arbitrariamente os lucros.”

E no mesmo sentido, a Constituição de 196710 também fez referencias à repressão ao abuso do poder econômico no seu art.157, VI11 “ repressão ao abuso do poder econômico, caracterizado pelo domínio dos mercados, a eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros.”

Percebe-se que a preocupação em comum em ambas Constituições era a eliminação da concorrência e com o aumento arbitrário dos lucros.

7 PRADO, Luiz Régis, Direito Penal Econômico: ordem econômica, relações de consumo, sistema

financeiro, ordem tributária, sistema previdenciário, lavagem de capitais, crime organizado, 4° edição, revista,

atualizada e ampliada - São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011 (paginas: 39/44)

8 BRASIL, Constituição (1946), Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1946 (art. 145 ), disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm>

e acessada em 23 de junho de 2013

9 BRASIL, Constituição (1946), Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1946 (art. 148 ), disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm> e acessada em 23 de junho de 2013

1 0 BRASIL, Constituição (1967), Constituição da República Federativa do Brasil de 1967

(art.157,IV), disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm> e acessado em 23 de junho de 2013

1 1 PRADO,Luiz Régis, Direito Penal Econômico: ordem econômica, relações de consumo,

sistema financeiro, ordem tributária, sistema previdenciário, lavagem de capitais, crime organizado, 4° edição,

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E por fim, temos a nossa atual Carta Magna de 1988 com o seu art.170 e seus incisos e os arts.173 e 174 já citados e analisados na introdução ao presente capítulo.

1.3. O inicio do combate à lavagem:

O combate à lavagem de dinheiro no Brasil teve início com a lei 9.613/98, tendo como uma das precursoras a Convenção de Viena 12de 1988, promulgada no Brasil pelo Decreto n°154, de 1991.

A Convenção de Viena - como base na premissa de que a lavagem de dinheiro facilita a manutenção das práticas ilícitas, no caso, os tráficos de entorpecentes e substâncias psicotrópicas- objetivou chamar a atenção da sociedade internacional para essa questão, pois conforme a sua introdução, uma das preocupações foi em virtude da geração de rendimentos financeiros altos que tais práticas proporcionam, até então, tais crimes eram considerados os únicos antecedentes para criminalização da lavagem de dinheiro, a chamada 1° geração de leis de combate ao crime de lavagem de dinheiro.

Com a lei 9.613/98 foram considerados determinados crimes antecedentes para que haja a criminalização da lavagem de capitais, como será exposto a seguir.

Uma outra precursora importante da lei 9.613/98 foi a Convenção Interamericana Contra o Terrorismo, promulgada pelo Brasil por meio do Decreto 5.639/05, em 200513. Esse documento visou prevenir, punir e eliminar o terrorismo e fortalecer a cooperação entre os Estados signatários dessa importante Convenção. Nesse contexto, o art.6° desse acordo14 dispõe sobre os delitos prévios de lavagem de dinheiro:

1 2 Convenção de Viena promulgada pelo decreto Decreto 154/91, disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm> e acessado em 28 de maio de 2013

1 3 RIZZO, Maria Balbina Martins De, Prevenção à Lavagem de Dinheiro nas Instituições do

Mercado Financeiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2013 ( pagina 93)

1 4 Convenção Interamericana Contra o Terrorismo, promulgada pelo Decreto 5.639/05, disponível no <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5639.htm >e acessado em 28 de junho de 2013

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1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para assegurar que a sua legislação penal relativa ao delito da lavagem inclua como delitos prévios da lavagem de dinheiro os delitos estabelecidos nos instrumentos internacionais enumerados no art.2° dessa Convenção.

2. Os delitos prévios da lavagem de dinheiro a que se refere o parágrafo 1 incluirão aqueles cometidos tanto dentro como fora da jurisdição do Estado Parte.

Desse modo, o art.2° da Convenção supracitada enumera, portanto, os instrumentos internacionais onde estariam estabelecidos os delitos prévios, e são eles:

1. Para os propósitos dessa Convenção, entende-se por “delito” aqueles estabelecidos nos instrumentos internacionais a seguir indicados:

a . Convenção para Repressão do Apoderamento Ilícito de Aeronaves, assinada na Haia em 16 de dezembro de 1970;

b . Convenção para Repressão de Atos Ilícitos Contra Segurança da Aviação Civil, assinada em Montreal em 23 de dezembro de 1971;

c . Convenção Sobre a Prevenção e Punição de Crimes Contra Pessoas que Gozam de Proteção Internacional, inclusive Agentes Diplomáticos, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14 de dezembro de 1973;

d . Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 17 de dezembro de 1979;

e . Convenção Sobre a Proteção Física dos Materiais Nucleares, assinada em Viena , em 3 de dezembro de 1980;

f . Protocolo para Repressão de Atos Ilícitos de Violência nos Aeroportos que Prestem Serviços à Aviação Civil Internacional, complementar a Convenção para Repressão de Atos Ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil, assinada em Montreal, em 24 de dezembro de 1988;

g . Convenção para Supressão de Atos Ilegais Contra Segurança da Navegação Marítima, feita em Roma em 10 de dezembro de 1988;

h . Protocolo para Supressão de Atos Ilícitos Contra a Segurança das Plataformas Fixas Situadas na Plataforma Continental, feito em Roma em 10 de dezembro de 1988;

i . Convenção Internacional para Supressão de Atentados Terroristas a Bomba, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 15 de dezembrode 1997; j . Convenção Internacional para Supressão do Financiamento do Terrorismo, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 9 de dezembro de 1999. “

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Outra importante fonte precursora da lei 9.613/98 foi a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, também conhecida como Convenção de Palermo15 , tal acordo foi promulgado pelo Brasil mediante o Decreto n° 5.015/04.

Essa Convenção16 teve como escopo promover a cooperação para prevenir e combater de forma mais eficaz a criminalidade organizada transnacional. Sendo assim, no art.2° do documento demonstrou a preocupação em conceituar determinados termos, como por exemplo, de acordo com essa Convenção, o conceito de “ Grupo Criminoso Organizado” é “ Grupo estruturado de 3 ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente convenção, com a intenção de obter direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material.”

Esse documento também apresenta um artigo que dispõe sobre a criminalização da lavagem do produto do crime, no seu art.6°, onde:

1. Cada Parte adotará, em conformidade com os princípios fundamentais do seu direito interno, as medidas legislativas ou outras que sejam necessárias para caracterizar como infração penal, quando praticada intencionalmente.

a) i) a conversão ou transferência de bens, quando quem o faz tem conhecimento de que esses bens são produtos do crime, com o propósito de ocultar ou dissimular a origem ilícita dos bens ou ajudar qualquer pessoa envolvida na prática da infração principal a furtar-se às consequências jurídicas dos seus atos;

ii) a ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, origem, localização , disposição, movimentação ou propriedade de bens ou direitos a eles relativos, sabendo o seu autor que os ditos bens são produtos do crime;

iii) b) e, sob reserva dos conceitos fundamentais do seu ordenamento jurídico : i) a aquisição, posse e utilização dos bens, sabendo aquele que os adquire, possui ou utiliza no momento da recepção, que são produto do crime;

1 5 RIZZO, Maria Balbina Martins De, Prevenção à Lavagem de Dinheiro nas Instituições do

Mercado Financeiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2013 ( pagina 94)

1 6 Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), promulgada pelo Decreto 5.015/04, disponível no <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm >e acessado em 28 de junho de 2013

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ii) A participação na prática de uma das infrações enunciadas no presente artigo, assim como qualquer forma de associação, acordo, tentativa ou cumplicidade, pela prestação de assistência, ajuda ou aconselhamento no sentido da sua prática.”

Do mesmo modo, essa Convenção determinou medidas para combater a lavagem de dinheiro onde cada Estado Parte deverá instituir um regime interno e controle de instituições financeiras bancárias e não bancárias com a finalidade de prevenir e detectar qualquer forma de lavagem de dinheiro, e ainda, garantir a cooperação e troca de informações em âmbitos nacional e internacional , considerando a criação de um serviço de informação financeira, dentre outras medidas.

Além desses importantes acordos, cumpre destacar, do mesmo modo, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, conhecida como a Convenção de Mérida, promulgada pelo Brasil pelo Decreto 5.687/0617.

A Convenção de Mérida18 teve como objetivo o combate à corrupção, considerando essa prática como um fenômeno transnacional que afeta as sociedades e economias. Pelo preâmbulo desse documento, percebe-se a preocupação ao combate ao crime de lavagem de dinheiro como uma das formas de vínculo com a corrupção. Tal preocupação é mais evidenciada no art.14 da Convenção em tela, dessa forma que estabelece:

“1.Cada Estado Parte:

a) Estabelecerá um amplo regimento interno de regulamentação e supervisão dos bancos e das instituições financeiras não bancárias, incluídas as pessoas físicas ou jurídicas que prestem serviços oficiais e oficiosos de transferência de dinheiro ou valores e, quando proceder, outros órgãos situados dentro de sua jurisdição que

sejam particularmente suspeitos de utilização para lavagem de dinheiro, a fim de prevenir e detectar todas as formas de lavagem de dinheiro, e em tal regimento há de se apoiar fortemente nos requisitos relativos à identificação do cliente e, quando

1 7 RIZZO, Maria Balbina Martins De, Prevenção à Lavagem de Dinheiro nas Instituições do

Mercado Financeiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2013 ( pagina 94)

1 8 Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Convenção de Mérida), promulgada pelo Decreto 5.687/06, disponível no < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5687.htm> e acessado em 29 de junho de 2013

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proceder, do beneficiário final, ao estabelecimento de registros e à denúncia das transações suspeitas;

b) Garantirá, sem prejuízo à aplicação do artigo 46 da presente Convenção, que as autoridades de administração, regulamentação e cumprimento da lei e demais autoridades encarregadas de combater a lavagem de dinheiro (incluídas, quando seja pertinente de acordo com a legislação interna, as autoridades judiciais) sejam capazes de cooperar e intercambiar informações nos âmbitos nacional e internacional, de conformidade de condições prescritas nas legislação interna e, a tal fim, considerará a possibilidade de estabelecer um departamento de inteligência financeira que sirva de centro nacional de recompilação, analise e difusão de informação sobre possíveis atividades de lavagem de dinheiro.

2. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de aplicar medidas viáveis para detectar e vigiar o movimento transfronteiriço de efetivo e de títulos negociáveis pertinentes, sujeitos a salvaguardas que garantem a devida utilização de informação e sem restringir de modo algum a circulação de capitais lícitos. Essas medidas poderão incluir a exigência de que os particulares e as entidades comerciais notifiquem as transferências transfronteiriças de quantidades elevadas de efetivos e de títulos negociáveis pertinentes.”

Essas são algumas das Convenções que influenciaram a criação da Lei 9.613/98, além dessas Convenções têm-se ainda as 49 recomendações do GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional/The Financial Action Task Force)19. O GAFI é uma organização intergovernamental que visa a consolidar politicas e recomendações para o combate ao crime de lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo no âmbito internacional, sendo assim 34 países fazem parte desse grupo20, dentre os quais, o Brasil desde o ano de 200021.

1 9 RIZZO, Maria Balbina Martins De, Prevenção à Lavagem de Dinheiro nas Instituições do

Mercado Financeiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2013(pag.99/100)

2 0 CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS, Presidente do COAF

assume a presidência do grupo de ação financeira contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo/ GAFI-FATF, disponível em <

https://www.coaf.fazenda.gov.br/destaques/presidente-do- coaf-assume-a-presidencia-do-grupo-de-acao-financeira-contra-a-lavagem-de-dinheiro-e-o-financiamento-do-terrorismo-gafi-fatf/?searchterm=GAFI > e acessado em 29 de junho de 2013

2 1 BANCO CENTRAL DO BRASIL, Ação do Estado e Papel do Banco Central, disponível em

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Capítulo 2. A LEI 9.613/98 E O SEU ART.12

A lei 9.613/922, conforme exposto acima, teve como fontes as referidas Convenções e as 49 recomendações do GAFI e foi o início, no Brasil, para a efetiva criminalização do delito de lavagem de dinheiro.

Dessa forma, a lei 9.613/98 veio dispor sobre os crimes de lavagem ou de ocultação de bens, direitos e valores e criou, outrossim, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o COAF.

O estudo da lei 9.613/98 faz -se necessário, pois é um marco no Brasil ao combate ao crime de lavagem de capitais, conforme já colocado anteriormente. Sendo assim, tal lei inicia abordando sobre a ocultação de bens, direitos ou valores provenientes, direta e indiretamente dos crimes de: tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; de terrorismo e seu financiamento, de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado a sua produção; de extorsão mediante sequestro, contra a administração pública e contra o sistema financeiro nacional, os praticados por particular contra a administração pública estrangeira. Em uma primeira análise, observa-se que esse artigo, o art.1°, enumera os crimes antecedentes ao crime de lavagem, o que a doutrina classificava de segunda geração das gerações de leis de lavagem de dinheiro.

Os parágrafos 1° e 2° desse mesmo artigo preconizam que incorrem na mesma pena, aqueles que, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos acima,ou os convertem em ativos

2 2 BRASIL, Lei n° 9.613, de 3 de março de 1998, Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta lei;cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências. Vade Mecum RT/ Equipe RT, organizadores - 6° edição revista, ampliada e atualizada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011 (RT Códigos).

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lícitos, ou os adquirem, recebem, trocam, negociam, dão ou recebem em garantia, guarda, têm em depósito, movimentam ou transferem e ainda, quem os importa ou mesmo exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. E por fim, quem utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens direitos ou valores que sabe serem provenientes, do mesmo modo acima, de qualquer um dos crimes antecedentes já citados.

Esses parágrafos dispõem mais especificamente sobre a lavagem de capitais propriamente dita, mas a questão trazida pela lei 9.613/98 é a vinculação necessária do crime de lavagem a um crime antecedente, o que significa dizer que se não houvesse um desses crimes antecedentes taxativamente previstos no artigo em tela, não haveria o crime de lavagem.

Nesse aspecto, apenas para ilustrar o que já foi dito, observa-se que em decisões judiciais antes da alteração da lei, observava-se a necessidade de configuração de dolo e nexo de causalidade entre o crime anterior e a ocultação dos capitais enquanto produto do crime no processo de lavagem de dinheiro, como segue a seguinte jurisprudência:

LAVAGEM DE DINHEIRO. LEI 9.613/98. NEXO DE ORIGEM. CRIME DE TRÁFICO. DOLO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.9.6131. Para a configuração dos crimes de lavagem de dinheiro (money laundering) ou lavagem de instrumentos monetários (laundering of monetrary instruments), exige-se um nexo de origem entre o crime anterior e o agir ocultando ou dissimulando a

natureza, origem, localização, disposição, movimentação de (no caso) dinheiro,

proveniente de determinados crimes (na hipótese, tráfico de entorpecentes).2. A conduta de "lavar dinheiro" está composta por várias fases, vários atos. Há uma complexidade de comportamentos, geralmente ligados e fracionados, direcionados à finalidade única de converter os valores e bens ilícitos em capitais ou bens plenamente disponíveis por seus titulares. 3. 0s atos praticados pelos criminosos nos processos de lavagem de dinheiro encontram-se cada vez mais complexos e sofisticados. Ao fazer a interpretação do delito, no caso concreto, deve o julgador estar atento para as diversas fases pelas quais passa o delito em espécie. 4. Apelação parcialmente provida. (736 RR 0000736-87.2005.4.01.4200, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 24/10/2011, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.896 de 11/11/2011)

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2.1. Gerações da lei de lavagem :

As leis ou Tratados/ Acordos que visavam combater o crime de lavagem de dinheiro foram classificadas em três gerações a saber23:

A primeira geração previa somente a repressão ao crime de lavagem de capitais se fossem provenientes ao tráfico de entorpecentes. Somente este crime era considerado como antecedente. Pode-se dizer que esse conceito surgiu com a Convenção de Viena de 1988.

Segundo Luiz Régis Prado, em seu livro Direito Penal Econômico, Ed. Revista dos Tribunais (pg.351)24, a Convenção de Viena de 1988 foi uns dos mecanismos internacionais mais relevantes concernentes ao combate ao crime de lavagem de dinheiro.

A Convenção de Viena, promulgada pelo Decreto 154/9125, em seu art.3°, estabelece que cada uma das partes signatárias deverá adotar medidas que caracterizam delitos penais em seu direito interno, quando cometidos internacionalmente.

Nessa esteira, no inciso “ii”, da alínea “b”, desse mesmo artigo, tem-se prescrito que a ocultação ou encobrimento, da natureza, da origem, localização, destino, movimentação ou propriedade verdadeiras dos bens, sabendo que procedem de algum ou alguns dos delitos de produção, fabricação, extração, a preparação, a oferta para venda, a distribuição, a venda, a entrega em quaisquer condições, a corretagem, o envio em trânsito, o transporte, a importação ou a exportação de qualquer entorpecente ou substância psicotrópica, contra o disposto na Convenção de 1961, em sua forma emendada, ou na Convenção de 1971.

Ou seja, a Convenção de Viena de 1988, de acordo com Luiz Régis Prado, teve

2 3 RIZZO, Maria Balbina Martins De, Prevenção à Lavagem de Dinheiro nas Instituições do

Mercado Financeiro, São Paulo: Trevisan Editora, 2013 ( pagina 92)

2 4 PRADO,Luiz Régis, Direito Penal Econômico: ordem econômica, relações de consumo,

sistema financeiro, ordem tributária, sistema previdenciário, lavagem de capitais, crime organizado, 4° edição,

revista, atualizada e ampliada - São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011(paginas: 351)

2 5 Convenção de Viena, promulgada pelo Decreto 154/91, disponível no <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm> e acessado em 28 de maio de 2013

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o objetivo de estimular uma colaboração internacional contra os crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e de crimes afins, com a preocupação em combater o crime de lavagem de capitais no âmbito do crime organizado.

A segunda geração foi formulada com rol especifico de crimes antecedentes, não sendo mais somente o do crime de tráfico de entorpecentes. Como exemplo, temos a lei 9.613/98, conforme já citada acima que exemplifica bem essa segunda geração26.

A terceira geração, de acordo com a doutrina, veio com a lei 12.683/1227 que alterou a lei 9.613/98 que visou tornar mais eficiente a persecução penal nos crime de lavagem de dinheiro, como irá se expor mais adiante.

A conceituação de Lavagem de Capitais foi expandida, permitindo todos os tipos de delitos antecedentes. Desse modo, tal lei inovadora substituiu a pratica de crimes por infrações penais nos delitos antecedentes, e ainda, excluiu o rol taxativo de crimes previstos na lei 9.613/98 . Desse modo, o art.1° da nova lei 12.683/12 dispõe que: “ Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal ”, comete o crime de lavagem de dinheiro.

2.2. O Art.12:

2 6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à Lei n° 12.683/2012, que alterou a Lei

de Lavagem de Dinheiro. Disponível em: Dizer o Direito

<http://www.dizerodireito.com.br/2012/07/comentarios-lei-n-126832012-que-alterou.html > e acessado em 28 de maio de 2013.

2 7 BRASIL, Lei 12.683, de 9 de julho de 2012, Altera a lei 9.613/ de 3 de março de 1998 , para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro, disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12683.htm >e acessado em 29 de junho de 2013

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O art.12 da lei 9.613/9828 trata da responsabilidade das pessoas jurídicas, assim como a dos administradores das pessoas jurídicas que deixem de cumprir as obrigações de identificação dos clientes e manutenção de registros e ainda deixarem de comunicar as operações financeiras às autoridades competentes. Nesse sentido, ocorrendo o desrespeito à norma, aqueles ficarão sujeitos às sanções de: advertência, multa pecuniária variável de 1% até o dobro do valor da operação ou até 200% do lucro obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação, ou ainda, multa de até R$200.000,00, cassação da autorização para operação ou funcionamento, dentre outras penalidades.

2.3. Os Tipos Penais:

O tipo penal previsto como crime antecedente na primeira geração seria apenas o tráfico ilícito de entorpecentes. Já na segunda geração, os tipos penais antecedentes são 8 no total, conforme os incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII do art.1° da lei 9.613/98, vale lembrar que esses tipos penais constituem um rol taxativo.

São eles: Tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins, terrorismo e seu financiamento, crime de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção, extorsão mediante sequestro, crimes contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos, crimes contra o sistema financeiro nacional, crimes praticados por organização criminosa e crimes praticados por particular contra a administração pública estrangeira.

Já na terceira geração não existem mais tipos penais específicos, podendo ser tanto crimes como contravenções penais, ou seja qualquer infração penal poderá ser considerada como crime antecedente, o que assevera mais a persecução penal ao crime de

2 8 BRASIL, Lei n° 9.613, de 3 de março de 1998, Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta lei;cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências. Vade Mecum RT/ Equipe RT, organizadores - 6° edição revista, ampliada e atualizada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011 (RT Códigos). (art.12)

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lavagem de dinheiro.

2.4. A Nova Lei: 12.683/12:

A lei 12.683/12, conforme já narrado anteriormente, alterou a lei 9.613/98 29

para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Nesse sentido, vale ressaltar mais uma vez que essas alterações tornaram mais eficaz a persecução penal porque corrigiram uma lacuna deixada pela lei anterior, a lei 9.613/98.

Como é cediço, a lei anterior criminalizava a lavagem de capitais quando havia um dos crimes precedentes específicos previstos na lei, portanto só se considerava a lavagem de capitais como crime, se houvesse o crime antecedente taxativamente arrolado na lei; se o crime antecedente fosse um outro crime que estivesse no rol dos crimes antecedentes, não seria, portanto, considerado o crime de lavagem de ativos.

A primeira alteração mais importante da nova lei, é a amplitude que ela trouxe, pois ao substituir o “ crime ” pela “ infração penal”, a persecução penal passa abarcar todos os tipos de crimes e contravenções penais como delitos antecedentes para a punição do crime de lavagem de dinheiro. A redação do art. 1° da nova lei passou a ser, portanto: “Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou prosperidade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.”

Cumpre mais uma vez lembrar que essa lei fez com que entrássemos na terceira geração das leis de lavagem, pois ampliou-se o rol de delitos antecedentes.

Uma outra alteração interessante, dentre outras, é que o cumprimento da pena pelos condenado por esse crime é que com a nova lei, não seria cumprida apenas em regime aberto como era antes, mas também no semi - aberto, conforme o disposto na nova redação do art.1°, §5° da lei em tela:

2 9 BRASIL, Lei 12.683, de 9 de julho de 2012, Altera a lei 9.613/ de 3 de março de 1998 , para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro, disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12683.htm >e acessado em 29 de junho de 2013

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A pena poderá ser reduzida de um a dois terços, e ser cumprida em regime aberto ou semi aberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substitui-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzem a apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

O atual art.9° da Lei de Lavagem, com a redação dada pela Lei 12.683/12, amplia o rol das pessoas sujeitas à lei, pois antes aquelas sujeitas à Lei 9.613/98 eram apenas as pessoas jurídicas; com a nova redação da lei, estende-se também às pessoas físicas. O art. 9°, além dessa modificação, trouxe também alguns acréscimos de incisos; tal fato merece destaque nessa análise, mas antes cumpre observar o atual inciso XII que estabelece: “As pessoas físicas ou jurídicas que comercializam bens de luxo ou de alto valor, intermedeiam a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie.”

Na redação anterior, o intermediador da comercialização de bens de luxo ou de alto valor não constava no rol de pessoas sujeitas a essa lei, sendo assim todos aqueles, sejam pessoas físicas ou jurídicas que comercializam esse tipo de bem como intermediadores ficam sujeitos à lei.

Os incisos XIII e XIV vieram aumentar o rol dessas pessoas sujeitas à lei. Onde tais como as Juntas Comerciais e os Registros Públicos, assim como e as prestadoras de serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência de qualquer natureza, sejam elas físicas ou jurídicas, em operações de compra e venda e imóveis, estabelecimentos comerciais e industriais ou participações societárias de qualquer natureza, em operações financeiras, societárias e imobiliárias, entre outras operações.

Além dessas pessoas, a nova redação do art. 9° também elencou pessoas físicas ou jurídicas que atuem nas transações sobre atletas, artistas, feiras, exposições ou eventos similares, do mesmo modo, colocou as empresas de transporte e de guarda de valores,

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e ainda, as pessoas físicas ou jurídicas que comercializam bens de grande valor de origem animal ou rural ou mesmo aquelas que lidam com a sua a intermediação.

Sendo assim, pode-se dizer que a lei 12.683/12 teve como finalidade corrigir as falhas das gerações dos comandos anteriores, tornando mais severa a persecução penal nos crimes de lavagem, excluindo o rol taxativo de crimes antecedentes e ampliou as infrações penais de modo que se atinjam também as contravenções penais nos delitos antecedentes.

A análise30 da lei 9.613/98 com as alterações trazidas pela lei 12.683/12 deve feita de forma pontual, para que se percebam as mudanças significativas. O novo art.1° da lei 9.613/98 vem com a mudança da palavra crime por infração penal :“ Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.”

A redação anterior desse mesmo artigo previa apenas determinados crimes, conforme já citado mais acima:

Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:

I – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; II – de terrorismo e seu financiamento;

III – de contrabando ou tráfico de armas , munições ou material destinado á sua produção;

IV - de extorsão mediante sequestro;

V – contra Administração Pública, inclusive exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para prática ou omissão de atos administrativos;

VI – contra o sistema financeiro nacional ; VII – praticado por organização criminosa;

VII – praticado por particular contra a administração pública e estrangeira.

3 0 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à Lei n° 12.683/2012, que alterou a Lei

de Lavagem de Dinheiro. Disponível em: Dizer o Direito

<http://www.dizerodireito.com.br/2012/07/comentarios-lei-n-126832012-que-alterou.html > e acessado em 28 de maio de 2013.

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Esse rol de crimes trazidos nesses incisos era taxativo, não sendo admitidos outros crimes, além desses. E a lei nova excluiu esse rol, pois a partir de agora seriam todas as infrações penais, de fato não havendo mais sentido manter essa lista de crimes.

Nesse mesmo sentido, a nova redação dos parágrafos seguintes veio substituindo a palavra crime por infração penal:

§1° Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal:

I – os converte em ativos lícitos;

II – os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, tem em depósito, movimenta ou transfere;

III – importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.”

A redação anterior desse parágrafo, obviamente, refere-se aos tais crimes referidos nos incisos do art.1°:

§1° Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos nesse artigo:

1- Os converte em ativos lícitos;

II – Os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia , guarda, tem em

depósito, movimenta ou transfere;

III- importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.”

A nova lei alterou o parágrafo 2° do art.1 no sentido de tornar mais ampla a persecução penal, pois o novo parágrafo dispõe que:

§ 2° Incorre, ainda, na mesma pena quem:

I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal.

II – participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta lei.(…)

Já a redação original, coloca o dolo como elemento necessário para a prática da conduta, pois nesse caso, o agente deveria saber que tais bens, direitos ou valores são provenientes dos crimes elencados nos incisos anteriores:

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§ 2° Incorre, ainda, na mesma pena quem:

I – utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos nesse artigo; II – participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta lei.(…)

A outra mudança que se observa, também já citada anteriormente, é a inclusão do regime semi-aberto no sistema de cumprimento de pena, o regime semi-aberto é mais severo que o aberto, pois naquele o condenado se sujeita ao trabalho comum durante o dia, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, nos termos do art.35, do CP31.

Já o regime aberto, proporciona uma liberdade bem maior, pois baseia-se na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado, conforme o disposto no art. 36, do CP32. Sendo assim, dispõe o §5°:

A pena será reduzida de 1(um)a 2/3 e começará a ser cumprida em regime aberto ou semi-aberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor , coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, á identificação dos autores, coautores e partícipes ou á localização dos bens, direitos ou valores objetos do crime.

O dispositivo anterior à alteração previa somente o cumprimento de pena em regime aberto:

§5° A pena será reduzida de 1(um)a 2/3 e começará a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o autor , coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens, direitos ou valores objetos do

3 1 Brasil, Código Penal, Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (art.35), Vade Mecum RT/ Equipe RT, organizadores - 6° edição revista, ampliada e atualizada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011 (RT Códigos).

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crime.”

A nova redação do Art.4° é mais clara e objetiva quando normatiza que:

O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro)horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes, previstos nesta lei ou das infrações penais antecedentes.

No entanto, a redação anterior é mais genérica, pois dispõe o texto do seguinte modo:

Art.4° O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro)horas, havendo indícios suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o sequestro de bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes previstos nesta lei, procedendo-se na forma dos arts.125 a 144 do Decreto-lei 3.689, de3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.

O parágrafo 1° do art. 4° foi alterado integralmente, onde comanda a alienação antecipada na hipótese de deterioração de bens “§1° Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação ou quando houver dificuldade para sua manutenção.”

Já o comando do antigo parágrafo 1° previa uma outra situação: “§ 1° As medidas assecuratórias previstas neste artigo serão levantadas se a ação penal não for iniciada no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados da data em que ficar concluída a diligência”.

Mais uma vez, cumpre dizer que a lei nova tornou a redação de determinados artigos mais claros e específicos, como se percebe no parágrafo 2° desse mesmo artigo: “§2° O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou valores comprovado a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas

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decorrentes da infração penal”.

Já a redação anterior era bem mais sucinta e não previa a questão da reparação do dano e outros valores devidos por consequência da infração penal: “§2° O juiz determinará a liberação dos bens, direitos ou valores apreendidos ou sequestrados quando comprovada a licitude de sua origem.”

Nesse parágrafo temos a substituição a palavra “restituição” por “liberação”, mas cumpre observar que a mudança mais significativa esteja no final do parágrafo, pois pela alteração da nova lei, o juiz poderá determinar a prática de atos necessários para conservação dos bens e de valores do mesmo modo que poderá determinar a alienação antecipada aos bens e valores que estiverem sujeitos à deterioração: “§3° Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, ou de interposta pessoa a que se refere o caput desse artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no §1°.”

Na antiga disposição do parágrafo 3°, a prática de atos necessários para conservação de bens, direitos e valores são previstas na hipótese de determinação de produção antecipada de provas urgentes “§3° Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, nos casos do art.366 do Código de Processo Penal.”

O parágrafo 4° foi totalmente alterado, no novo texto, fala-se em medidas assecuratórias para pagamento de danos, multa e custas: “§4° Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta lei ou para pagamento da prestação pecuniária, multa e custas.”

E o dispositivo anterior trata de suspensão de ordem de prisão ou apreensão de pessoas ou bens na eventualidade de tais determinações comprometer as investigações “§4° A

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ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa pelo juiz , ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata possa comprometer as investigações.”

O art.4° – A e seus parágrafos foram incluídos pela lei 12.683/12, tal artigo determina a forma pela qual a alienação antecipada poderá ser produzida:

Art. 4°- A A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob a constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação ao processo principal”

§1° O requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais bens, com a descrição e a especificação de cada um deles e informações sobre quem os detém e local de onde se encontram.

§2° O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apartados, e intimará o Ministério Público.

§3°Feita a avaliação e dirimida eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão ou pregão, preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75% (setenta e cinco por cento) da avaliação. (…)

O artigo 9° sofreu alterações significativas, pois houve o acréscimo de pessoas sujeitas à essa lei:

Art. 9° Sujeitam-se às obrigações referidas nos art.10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira.

II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;

III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores imobiliários.

Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:

I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadoria ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado;

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complementar ou de capitalização;

III – as administradoras de cartão de credenciamento ou cartão de crédito, bom como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;

IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);

VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens , móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;

VII – as filas ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;

VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa da autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil, como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;

X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;

XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades;

XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor intermedeiam a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie.

XIII – as juntas comerciais e os registros públicos

XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência de qualquer natureza, em operações:

a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza;

b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;

c) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas;

d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas;

e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e

f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais;

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XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferências de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;

XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;

XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização;

XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil, relativamente residentes no país.”

Como pode-se perceber a redação antiga não incluía as pessoas físicas, somente as jurídicas, entre outras pessoas, a nova redação ampliou significativamente o rol daqueles que estão sujeitos à lei de lavagem de capitais:

Art. 9° Sujeitam-se às obrigações referidas nos art.10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira.

II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;

III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores imobiliários.

Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: I – as bolsas de valores e bolsas de mercadoria ou futuros;

II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização;

III –as administradoras de cartão de credenciamento ou cartão de crédito, bom como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;

IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;

V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);

VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens , móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;

VII – as filas ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;

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regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil, como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;

X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;

XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades;

XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie.”

Já as alterações do art.10 ampliam as obrigações das pessoas sujeitas à lei:

Art.10 As pessoas referidas no art.9°:

I – identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes;

II – manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores imobiliários, títulos de crédito, metais ou qualquer ativo passivo de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;

III – deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no art.11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes;

IV – deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF),na forma e condições por eles estabelecidas;(grifo nosso)

V – deverão atender ás requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, forma e condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos de lei, o sigilo das informações prestadas.

§1° Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificaçãoreferida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.

§2° Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser conservados durante o período mínimo de 5 (cinco)anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade competente.

§3° O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado , em um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu

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conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade competente.”

O texto anterior ao artigo 10 previa um rol de obrigações não tão abrangentes quanto os trazidos pela nova lei :

Art.10 As pessoas referidas no art.9°:

I – identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes;

II – manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores imobiliários, títulos de crédito, metais ou qualquer ativo passivo de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;

III – deverão atender no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art.14, que se processarão em segredo de justiça.

§1° Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação referida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.

§2° Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser conservados durante o período mínimo de 5 (cinco)anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade competente.

§3° O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado , em um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade competente.” (…)

O novo art. 11 dispõe de forma mais abrangente as recomendações necessárias no que diz respeito a obrigatoriedade de comunicação aos órgãos competentes:

“ Art.11 As pessoas referidas no art.9°:

I – dispensarão especial atenção ás operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta lei, ou com eles relacionar-se ;

II – deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira à informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização:

a) de todas as transações constantes do inciso II do art.10 acompanhadas da identificação de que trata o inciso I do mencionado artigo.

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b) das operações referidas no inciso I;

III- deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao COAF, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II.

§1° As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que por suas características, no que se refere ás partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados ou pela falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista. §2° As comunicações de boa fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

§3° O Coaf disponibilizará as comunicações recebidas com base no inciso II do caput aos respectivos órgãos responsáveis pela regulação ou fiscalização das pessoas a que se refere o art.9°. (...)

Já a redação anterior desse artigo, determinava desse modo:

“Art.11 As pessoas referidas no art.9°:

I – dispensarão especial atenção ás operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta lei, ou com eles relacionar-se ;

II – deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, às autoridades competentes:

a) todas as transações constantes do inciso II do art.10 que ultrapassarem limite fixado para esse fim, pela mesma autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas , devendo ser juntada a identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo;

b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I desse artigo.

§1° As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que por suas características, no que se refere ás partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados ou pela falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista. §2° As comunicações de boa fé, feitas na forma prevista neste artigo, nãoacarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

§3° As pessoas para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador farão as comunicações mencionadas neste artigo ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras – COAF e na forma por ele estabelecida.(…)

(35)

A lei 12.683/12, portanto, acarretou alterações bem expressivas no que tange à lei que combate o crime de lavagem de dinheiro, pois a questão não é tão somente coibir a prática do crime de lavagem de capitais, mas consertar lacunas existentes nas legislação anterior, tornando mais severa a persecução penal dos criminosos.

Seu impacto na ordem jurídica brasileira foi justamente tornar mais eficiente a persecução penal, garantindo que toda e qualquer ação delituosa seja considerada infração antecedente, não se limitando apenas àqueles 7 (sete) crimes previstos na lei de lavagem, antes das alterações trazidas pela lei 12.683/12, sendo assim, acrescentou ainda elementos anteriormente não previstos, tais como responsabilizar pessoas físicas e ampliar o rol de pessoas sujeitas a essa lei e do mesmo modo colocar ainda no regime inicial de cumprimento da pena, a possibilidade de começar pelo regime semi - aberto, além de ampliar outros requisitos.

Pode-se dizer, portanto, que a Lei 12.683/12 asseverou a persecução penal, pois abarcou todos os tipos de infrações penais como delitos antecedentes, tendo agora como pessoas sujeitas à essa lei, as pessoas físicas , além de outras mudanças, e ampliando, assim, a área de atuação dos órgãos competentes.

Referências

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