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LIMITAÇÕES AO DESENVOLVIMENTO DO SETOR FLORESTAL MINEIRO

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Academic year: 2021

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LIMITAÇÕES AO DESENVOLVIMENTO DO SETOR FLORESTAL MINEIRO

Rosa Maria Miranda Armond CARVALHO

Universidade Federal de Viçosa

Thelma Shirlen SOARES

Universidade Federal de Viçosa

José de Castro SILVA

Universidade Luterana do Brasil

RESUMO

O presente trabalho teve como principal objetivo analisar os principais entraves administrativos e gerenciais que estariam limitando o desenvolvimento do setor florestal do Estado de Minas Gerais a fim de fornecer subsídios para o fortalecimento do setor. Palavras Chaves: administração florestal, política florestal.

SUMMARY

The present work had as main objective to analyze the main administrative and managemental impediments that would be limiting the development of the forest sector of the State of Minas Gerais in order to supply to subsidies the to fortify of the sector. Keys-Words: forest administration, forest politics.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

O momento que se vivencia no Brasil é marcado por uma conjugação de esforços de diferentes atores sociais, tendo em vista, a busca por um modelo de desenvolvimento que propicie uma melhor distribuição de renda proporcionando a cada cidadão condições dignas de sobrevivência.

Atualmente, pode-se constatar o reconhecimento mundial da vocação da atividade florestal para a sustentabilidade e a significativa contribuição do setor florestal para o desenvolvimento sustentável. Neste contexto, vale ressaltar a potencialidade das florestas brasileiras e a importância do setor florestal para o país em sua intenção de alcançar o desenvolvimento sustentável.

De fato, o setor florestal não gera apenas divisas para o Brasil. Diversas empresas tais como, a Bahia Sul Celulose, a Klabin, a Cenibra, entre outras se engajam por iniciativa própria ou em parceria com o governo na melhoria das comunidades onde estão sediadas e o resultado é mais saúde, educação, e mesmo moradia para as populações locais.

Conforme o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais - INDI (2003), especificamente em Minas Gerais, o setor florestal merece destaque, pois mais da metade das plantações de eucalipto no Brasil (52,6%) estão localizadas no Estado. Em relação ao pinus, a ocupação de área plantada é de 8,5% (menos expressiva) porém com boas possibilidades de aproveitamento.

Segundo Assis (2003), a indústria de base florestal participa com 7% do PIB de Minas Gerais, gera 565.328 empregos diretos e indiretos, arrecada 333.069 mil reais em impostos e agrega 3.762 mil reais em divisas de exportações.

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Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal é uma publicação semestral da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Graça - FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.

 

Ainda segundo o autor, o Estado é responsável por 60% da produção nacional de ferro gusa e carvão vegetal, o parque industrial mineiro possui 40 indústrias não integradas, com capacidade para produzir 5,9 milhões de toneladas/ano e que produziu em 2002, 4,1 milhões de toneladas.

As indústrias mineiras de base florestal consumidoras de madeira serrada também desempenham um papel importante para Minas Gerais, pois o setor moveleiro do Estado possui 1650 empreendimentos produtivos e gera 30.000 empregos diretos, sendo responsável por 6% da produção nacional, representando 1% do PIB da industria de transformação e gerando ICMS de R$ 2,8 bilhões (Gino, 2000).

Entretanto, apesar da sua reconhecida importância para Minas Gerais, as empresas do setor florestal ainda necessitam superar barreiras (localizadas tanto no macroambiente e microambiente como no ambiente interno) para atingir seu potencial pleno.

Neste contexto, verifica-se, a existência de desafios a serem enfrentados, sendo de suma importância a adoção de estratégias que conjuguem as vertentes econômica social e ambiental.

Vale ressaltar a carência de literatura específica sobre o assunto, pois a questão florestal no Brasil, bem como em Minas Gerais, em geral, é abordada

parcialmente, através dos diversos setores que utilizam madeira como insumo principal.

O Setor Florestal Mineiro: possíveis entraves administrativos e gerenciais

Ao se observar o panorama recente do setor florestal brasileiro, constata-se a existência de dificuldades advindas da inadequação dos instrumentos de políticas públicas e que estas se constituem em grandes limitadores ao seu crescimento. Segundo um recente documento ‘Florestas de produção: atividade geradora de

empregos, renda e exportação’ (Migliari et al., 2002), elaborado a partir da contribuição de representantes de diversas instituições representativas do setor florestal, o setor brasileiro de produção florestal encontra-se travado. Tal situação também pode ser observada em Minas Gerais.

As principais dificuldades verificadas são: a legislação vigente, a falta de políticas públicas para financiamento da produção (estímulo ao produtor florestal), a inexistência de uma instituição governamental voltada, exclusivamente, à produção, ao

desenvolvimento de toda a cadeia produtiva e a implementação dos grandes projetos comprovadamente sustentáveis

No que diz respeito às dificuldades advindas da legislação vigente, pode-se verificar a necessidade de desburocratização e estabilização bem como a adequação frente aos avanços tecnológicos (Quadro1).

Quadro 1 - Necessidades quanto à legislação

Necessidades

quanto à

legislação

Desburocratização e estabilização

Adequação

frente aos

avanços

tecnológicos

(3)

 

A legislação atual é

complexa, difusa,

provocando incertezas,

comprometendo os

investimentos e, até

mesmo, ações afetas à

conservação florestal.

Há necessidade, de

que as normas legais

de licenciamento se

constituam em

instrumento único e

duradouro para o

empreendimento

florestal,

contemplando,

possibilidades de sua

modernização ou

ampliação e que sejam

compatíveis com o

prazo de maturação do

mesmo. É preciso que

as florestas plantadas

tenham o mesmo

tratamento dado à

agricultura nos seus

processos produtivos.

As alterações do

Código Florestal,

leis ambientais

federais e

estaduais, assim

como as

resoluções do

CONAMA

precisam

incorporar os

avanços

científicos e

tecnológicos

voltados ao uso

sustentável dos

recursos naturais

e conduzidos

pelas instituições

de pesquisa,

universidades e

empresas

brasileiras.

Fonte: Adaptado de Migliari et al. (2002).

Quanto às de políticas de financiamento ao setor florestal em Minas Gerais, e nos demais estados da federação observa-se a necessidade de adequação e criação de novas linhas de financiamento para o setor (tanto para os produtores quanto para as empresas) (Quadro 2).

Quadro 2: Políticas de financiamento ao setor florestal.

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Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal é uma publicação semestral da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Graça - FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.

 

de políticas

de

financiamento

ao setor

florestal

As alternativas de financiamento para pequenos produtores, por meio do PROPFLOR - Programa de Plantio Comercial de Florestas e do PRONAF FLORESTAL são

imprescindíveis para integrar os produtores rurais ao processo de produção florestal; contudo devem ser ampliadas a todos os produtores e complementadas com assistência técnica e mecanismos simplificados de acessibilidade. É importante que estas políticas sejam estendidas a todas as atividades florestais, inclusive as que vivem do manejo dos produtos da floresta.

A participação dos pequenos e médios produtores rurais é de fundamental importância para formação ou consolidação de “clusters florestais”. A atividade florestal integrada ao consumo industrial é condição indispensável ao

desenvolvimento sócio-econômico das comunidades regionais e a sustentabilidade dos empreendimentos florestais e industriais.

Os programas de fomento poderão transformar-se em vetores de tecnologia e assistência técnica, constituindo em novas opções para geração de emprego e renda.

Fonte: Adaptado de Migliari et al. (2002).

Vale ressaltar que neste momento, especificamente em Minas Gerais, a expansão da base florestal é urgente, principalmente pela demanda crescente do setor siderúrgico. Existe uma congruência entre os diferentes atores sociais de que isso só será possível a partir da inserção de pequenos e médios produtores ao processo de formação e manejo de florestas, com a garantia de continuidade e expansão dos empreendimentos sustentáveis já existentes.

Sendo assim, é de suma importância a articulação do setor junto aos poderes legislativo, executivo e judiciário tendo em vista a possibilidade de um diálogo produtivo na busca de soluções adequadas a tais questões.

No que diz respeito ao fortalecimento institucional, segundo Migliari et al. (2002), o setor florestal brasileiro precisa constar da pauta das prioridades nacionais, tornando-se, portanto, necessária a criação de uma Secretaria Especial de Florestas de Produção ligada à Presidência da República com autonomia para definir políticas e coordenar as ações de desenvolvimento florestal de toda cadeia produtiva.

Ainda segundo os mesmos autores, a esta entidade caberá a formulação de políticas e a implementação de programas para o desenvolvimento do setor florestal brasileiro na sua componente de produção e suas ações correlatas (financiamento, sistema de informação, fomento, desenvolvimento científico e tecnológico, assistência técnica, extensão florestal, capacitação, educação ambiental, etc).

Quanto aos fatores de avanços tecnológicos e organizacionais, constata-se que ainda existem muitos desafios a serem vencidos pela grande maioria das empresas do setor florestal mineiro.

Sabe-se que no Estado, os segmentos de papel e celulose e de painéis de madeira reconstituída são compostos por poucas empresas de grande porte devidamente estruturadas com forte presença de conceitos organizacionais

empresariais e tecnológicos. Entretanto, os demais segmentos, principalmente o setor de lenha e carvão vegetal apresentam uma situação completamente oposta, pois percebe-se a ausência de definições políticas e, ou estratégicas para o setor.

Frise-se que já se observa o início de uma articulação tendo em vista a competitividade de alguns segmentos, como, por exemplo, o de móveis. Mas, de forma geral, destaca-se a necessidade de orientação, qualificação e fortalecimento das empresas; o oferecimento de tecnologia para a valorização do produto; a redução dos impactos ambientais e sociais; a ampliação dos postos de trabalho e a geração de renda para milhares de pessoas direta e indiretamente envolvidas com tais atividades.

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Os entraves ao desenvolvimento do setor florestal mineiro no que tange aos aspectos gerenciais dizem respeito ao aprofundamento das mudanças na organização da produção, do desenvolvimento de produto e dos canais de oferta.

Empiricamente, pode-se deduzir que grande parte das empresas florestais de Minas Gerais necessita reorganizar suas estratégias, tanto internamente quanto em conjunto com as empresas que atuam em ambiente mais próximo e a elas

correlacionadas, tendo em vista incrementar a eficiência, flexibilidade, qualidade e agilidade dos processos produtivos.

Neste contexto, é de suma importância a formação do empresário bem como a presença das instituições de ensino. Tais instituições são imprescindíveis ao

fortalecimento do setor florestal, pois exercem seu papel na transferência de tecnologia e colaboram com a melhoria do nível de conhecimentos do empresariado. Através dessa parceria dá-se o primeiro passo para romper barreiras decisivas ao desenvolvimento, tornando possível a criação de inovações organizacionais, sociais e tecnológicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, J. B. Base florestal de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO DE PRODUTOS SÓLIDOS DE MADEIRA DE EUCALIPTO, 2, Belo Horizonte, 2003. Anais... Viçosa, SIF, 2003. 210 p. p. 32-42.

GINO, C. Dono do amanhã. Móbile Lojista, Curitiba, n. 168, p. 32-55, 2000. INDI - INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE MINAS GERAIS. A indústria moveleira em Minas Gerais. Minas Gerais, 2003.69 p. Disponível em: <http://www.indi.mg.gov.br/publicacoes/moveleiro_2000_port.pdf>. Acesso em: 17 julho 2003.

MIGLIARI, A. F.; SILVESTRE, C. J.; KEMMER, E. M.; CASTANHEIRA NETO, F.; CATARINO, J. A. M. P.; CAMPOS NETO, J. B.; ASPERTI, L. M.; FARANI, L. R.; LEITE, N. B.; GAVA, R.; SABBAG, S. C.;PECCI, V. V.;HOEFLICH, V. A. Florestas de

produção: atividade geradora de empregos, renda e exportação. Ribeirão Preto, 2002. 7 p. (Diretrizes Estratégicas - Documento básico para discussão)

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