1 RESUMO
O cenário internacional da primeira década do século XXI apresentou novos desafios para a os atores do continente asiático, tanto na esfera política como na econômica, ascensão econômica, política e militar da China gera desdobramentos em larga escala. Os países do Sudeste Asiático despontam de grandes taxas de crescimento econômico e se posicionam como atores políticos de peso cada vez maior. E o Japão observa a preeminência da China com preocupações e tanta reagir dentro de suas limitações. Dessa forma, o objetivo do trabalho proposto consiste em identificar os principais interesses desses dois países no Mar do Sul da China.
2 Palavras chaves:
China, Japão, Mar do Sul da China, EUA, Poder Naval.
INTRODUÇÃO
As últimas décadas do século XX impactaram diversamente o mundo como um todo. Diversos acontecimentos geraram implicações para os atores do sistema internacional, sobretudo no continente asiático que. Rearranjos econômicos e políticos aconteceram e deram uma nova configuração a região, que resultou em tensões crescentes entre China, Japão, EUA e, os países do Sudeste Asiático.
De um lado, há a ascensão da China, um gigante com altas taxas de crescimento econômico, demanda por recursos para sustentar esse crescimento, além de enfrentar problemas de segurança energética e alimentar.
Do outro lado, o Japão sua luta pela normalização. Após a II Guerra Mundial, sob orientação da política externa estadunidense, o país é reinserido no sistema internacional com uma identidade política diferente do belicismo d’outrora, com um tom mais pacifista e cooperativo endossado fortemente pelo 9° Artigo de sua Constituição, que restringe o uso de seu poderio militar a necessidades apenas de defesa. Hoje, o país enfrenta sérios problemas de segurança energética que são acentuados “pós-Fukushima” mediante as pressões de boa parte da sociedade civil japonesa pela substituição da matriz energética nuclear por outras fontes. Também acompanha com preocupação a ascensão da China.
3 Em seguida serão abordados os principais
interesses dos referidos atores possuem na região.
MARCO TEÓRICO
A lógica causal do Realismo Neoclássico será empregada neste trabalho, em que o sistema internacional/regional figura como variável independente, que por sua vez, sustenta e condiciona os fatores internos, tomados como variáveis intervenientes. Tais fatores internos dizem respeito, sobretudo à questão das Percepções que os Estados possuem de si mesmo e em relação ao sistema internacional e regional quanto à distribuição de capacidades materiais e o quanto esta distribuição pode lhes ameaçar militarmente e economicamente.
Dentro de suas percepções de ameaças, um país poderá fazer uma innovation, ou counter-measuring. No caso da China e de países da Sudeste Asiático, a Emulação, no caso do Japão (Off-Setting), e no caso dos EUA, a Inovação.
O MAR DO SUL DA CHINA
As minúsculas ilhas do Mar da China Meridional formam arquipélagos de centenas de ilhotas, de modo que muitos desses arquipélagos e ilhas pertencem as Ilhas Spratly, espalhadas por uma área de 810 por 900 km com 175 ilhas, sendo a maior Taiping (Itu Aba) com 1,3 km de comprimento e 3,8 m de altitude máxima.
4 Contendo boa parte das principais SLOCs do
mundo (Sea Lines of Communication, sigla em inglês para designar linhas de comunicação marítima que compreendem rotas comerciais, cabos de fibra ótica marítimos, gasodutos, oleodutos e etc.), a segurança deste espaço tem se tornado assunto cada vez mais importante principalmente dos países da Ásia, preocupação elevada em decorrência de descobertas recentes de hidrocarbonetos e demais recursos naturais, assim como a grande diversidade de pescados, importantes para solução problemas de segurança alimentar dos países da região. Dada sua importância geopolítica e econômica, esta região é um tabuleiro e disputas entre China, Japão, EUA (sem esquecer-se dos interesses dos países da Sudeste Asiático, que se sentem ameaçados pelas ações da China).
O DRAGÃO VAI AO MAR
O Estado hoje conhecido como República Popular da China constitui uma herdeira das unidades políticas mais antigas de toda a humanidade, com culturas milenares, sistemas de organização políticas e sociais igualmente milenares. Que por muito tempo exerceu influencia regional, até ser suplantada pelas potencias européias. Suas percepções de ameaça basicamente vinham do Ciro terrestre. isso mudou mediante à hegemonia as potências ocidentais.
Já no século XX, a percepção de que o poderio militar estadunidense poderia esmagar toda a força militar da Marinha do ELP e mesmo de todo o ELP sem grandes dificuldades servira como importante elemento de reavaliação das capacidades chinesas como um todo, sobretudo em relação ao setor naval, mediante ao Mutual Defense Treaty between the United States of America and the Republic of China de 8 de setembro de 1954, que
5 garante proteção militar estadunidense a Taiwan contra
agressores (principal objetivo de Pequin na região). A proteção de suas SLOCs e a soberania sobre arquipélagos nos Mares do Sul e Leste da China a fim de sanar problemas energéticos e alimentares são parte integrante da estratégia chinesa.
Para tal, a China precisa negar o acesso a espaços marítimos aonde não deseja interferência, sobretudo por parte dos EUA e do Japão. Bom, como de outros países que possam ameaçar seus interesses.
O RETORNO DO SAMURAI
O Japão possui uma das sociedades mais antigas do mundo. E durante muito tempo, isolada. No século XIX no contexto da visita estadunidense do Almirante Mathew Perry em 1853, em busca de acordos comerciais com o país e a abertura do mesmo ao comércio internacional, ameaçando uso da força caso o Japão negasse, tem-se o rompimento de séculos de isolacionismo e uma entrada forçada e definitiva do país no sistema internacional sacramentado com a assinatura do Tratado de Kanagawa. Sua percepção de ameaça muda bruscramente.
De forma semelhante aos demais países do Leste e Sudeste Asiático, o país enfrenta problemas de segurança energética que foram agravados “pós-Fukushima” diante da pressão política de sua sociedade civil pela troca da matriz energética nuclear, ao passo que as descobertas de reservas de hidrocarbonetos no
6 Mar do Sul da China despontam como prováveis
soluções para tais problemas, garantir acesso e proteção as é vital para a sobrevivência do país, o que o coloca em rota de colisão com a China.
O país geopoliticamente reforça sua Aliança Militar com os EUA firmada pós II Guerra como proteção contra a China e busca estabelecer parcerias com os países da ASEAN que também se sentem ameaçados pela China.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ERICKSON, Andew; GOLDSTEIN, Lyle (Ed.). China goes to sea: maritime transformation in comparative historical perspective. Naval Institute Press, 2012. GARCIA, Zenel. China's Military Modernization, Japan's Normalization and its EfHOLMES, James R.; YOSHIHARA, Toshi. China's" Caribbean" in the South China Sea. SAIS Review of International Affairs, v. 26, n. 1, p. 79-92, 2006.fects on the South China Sea Territorial Disputes. 2014.
HOLMES, James R.; YOSHIHARA, Toshi. China's" Caribbean" in the South China Sea. SAIS Review of International Affairs, v. 26, n. 1, p. 79-92, 2006.
MOCHIZUKI, Mike et al. China's Military & the US-Japan Alliance in 2030: A Strategic Net Assessment. Carnegie Endowment for International Peace, 2013.
LIM, Yves-Heng. China's Naval Power: An Offensive Realist Approach. Ashgate Publishing, Ltd., 2014.
ROSE, Gideon. Neoclassical realism and theories of foreign policy. World politics, v.51, n. 01, p. 144-172, 1998.
YOSHIHARA, Toshi; HOLMES, James R. Japanese maritime thought: if not Mahan, who. NAVAL WAR COLL NEWPORT RI, 2006.
WALT, Stephen M. The origins of alliance.Cornell University Press, 1987.