______________________________________________________________________ PN 4235.04-5; Ap.. Tc. VN Gaia, 3º J. (205.96);
Ap.e1: Maria da Conceição Almeida Gomes, Vilar de Andorinho, VN Gaia;
Ap.os2: António Manuel Teixeira, cc Rosalina Soares Batista, Rua Comendador Inácio de Sousa, 13, Vilar de Andorinho, VN Gaia.
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Acordam no Tribunal da Relação do Porto
I. Introdução:
(a) A R., Ap.e, não se conforma com a sentença de 1ª instância através da qual os AA, Ap.os, foram autorizados a mudar, à sua conta, o modo do exercício da servidão de passagem por prédio dela, virando uma ramada para Poente e procedendo ao alargamento do caminho até perfazer um mínimo de 3m de largura, considerada uma entrada livre de 2,10m, de molde à passagem de quaisquer veículos automóveis.
(b) Da sentença recorrida:
(1) Em face da matéria de facto comprovada, conclui-se que se encontram
preenchidos os dois pressupostos previstos no art. 1568/2 CC, ou seja, (i) está provado que advêm vantagens para os proprietários do prédio dominante – o acesso à sua propriedade pelos diversos veículos eventualmente necessários, carros de bombeiros, ambulâncias, furgões..., úteis em virtude das necessidades actuais e futuras, que não se compadecem com uma simples servidão de passagem a pé e carro de bois; (ii) também está provado que não há qualquer prejuízo para a proprietária do prédio serviente3;
(2) Assim sendo, nada obsta à requerida mudança do exercício da servidão,
em conformidade com o art. 1568/3 CC;
1
Adv.: Dr. Carlos Rocha, Rua do Rosário, 201, 1º Esq., tras., 4050 Porto.
2
Adv.: Dra. Ana Paula Pinto, Avª da República, 1326, 3º, sl. 37, 4430-192 VN Gaia.
3
(3) Desta forma, considerando que a dimensão mínima do acesso à casa dos
AA deveria ser 3,00m de largura, o alargamento do caminho deverá ser feito em tal conformidade...;
(4) Por outro lado, não haverá qualquer incómodo para a R., ou prejuízo
para a vinha existente, em ser autorizada a viragem da ramada para Poente, em terreno dela;
(5) É que se assim não for, o alteamento da dita ramada, para pelo menos
4m, não solucionará o problema da passagem de veículos no local, tendo em vista o crescimento das vides dos ramos, a queda de galhos (os quais sempre acabam por ficar dependurados), o normal peso das uvas e as eventuais faltas de limpeza, de poda e de vindima, por parte da R.
(c) Precedentes: acórdão anulatório da primeira sentença de improcedência do pedido, no seguinte sentido:
(1) A inspecção ao local deve ser um meio complementar da prova
testemunhal...; ora, o tribunal apenas registou a largura do caminho de servidão, omitindo a medida da altura da mesma, e limitou consideravelmente a prova a que a diligência visa, tornando por isso deficiente a decisão sobre a matéria de facto, relativamente aos quesitos cuja apreciação dela dependem;
(2) Justifica-se a anulação ao abrigo do art. 712/4 CPC;
(3) Assim sendo... concede-se provimento ao recurso... anulando-se também
as respostas a Q1/Q8, Q11, Q12 e Q194, para que o tribunal a quo proceda à sua reapreciação.
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Questionário:
Q1. O caminho de comunicação com a via pública por onde corre a servidão de passagem, tem de altura 2,40m e de largura 2,20m, quase em toda a sua extensão?
Q2. Excepto na entrada, a Norte, onde tem a largura de 2m?
Q3. É impossível aos AA fazerem chegar à sua casa e ao seu terreno viaturas automóveis que não sejam ligeiros de pequenas dimensões?
Q4. Isto dada a proximidade a que a ramada se encontra do solo? Q5. E a insuficiente largura do caminho?
Q6. Todas as mercadorias que tenham de ser carregadas e descarregadas na casa dos AA têm de ser transportadas a braço de e para a via pública?
Q7. As viaturas não passam no caminho nem o faz uma viatura dos bombeiros? Q8. Numa situação de doença, as pessoas só podem ser retiradas de casa em maca? ...
Q11. Para que a passagem dos AA se fizesse convenientemente bastaria virar a ramada para Poente? Q12. E que o caminho fosse alargado em 30 cm?
II. Matéria assente:
(1) Os AA são donos e legítimos proprietários de um prédio urbano, sito no lugar de Vilar, Vilar de Andorinho, VN Gaia, a confrontar do Nascente com José Dias de Castro, do Poente e Norte com a quinta Soeme (pertença da R.) e do Sul com Conceição Barbosa;
(2) O referido prédio é composto de casa de cave e rés-do-chão, quintal e logradouro, e está descrito sob o nº. 25101, a fls. 199, do livro b-64 e inscrito na respectiva matriz sob o art. 810;
(3) O prédio em causa não tem, em nenhum dos seus lados, comunicação com a via pública: existe até à Rua do comendador Inácio de Sousa, servidão de passagem sobre o prédio rústico que com ele confina a Norte, prédio que se encontra na posse dos RR;
(4) Do prédio dos AA à via pública distam 30 m;
(5) A servidão de passagem constituiu-se há mais de sessenta anos, e permite a passagem a pé e com carros de bois pelo caminho;
(6) Por sobre esse caminho de servidão existe uma ramada, suporte de uma vinha;
(7) Na entrada a Norte, existe um portão de ferro, constituído por duas folhas, chumbado em duas ombreiras de granito, que distam entre si, cerca de 2,30 metros, o qual (portão) uma vez aberto deixa uma entrada livre de 2,10 metros; (8) Existe, depois, uma ramada, apoiada em esteios de granito e prumos, mas de ferro, com travessas do mesmo metal, onde, por sua vez, se fixam os arames; (9) A altura livre desta ramada é de cerca de 1,80 metros na parte central: os esteios e os prumos encontram-se bastante distanciados, provocando uma flecha na ramada;
(10) A sobredita ramada, se porventura estiver carregada de uvas, poderá ter uma altura inferior a 1,80 metros;
(11) O acesso não é suficiente para a entrada livre de veículos eventualmente necessários tais como ambulâncias ou carros de bombeiros (sendo que os carros de bombeiros têm cerca de 2,25 metros mais espelhos);
...
(12) A continuar a existir, a ramada deverá ser reformulada com novos esteios de modo a garantir uma altura não inferior a 4 metros;
(13) Todas as mercadorias que tenham de ser carregadas e descarregadas na casa dos AA, têm de ser transportadas a braço de e para a via pública, porque as viaturas não passam no caminho;
(14) Encontram-se plantadas videiras novas;
(15) As dimensões de acesso mínimas deveriam ser de 3,00 metros de largura, sendo que tal alargamento só pode ser obtido mediante a demolição de uma casa de banho contígua a uma das ombreiras de granito do portão de ferro de entrada; (16) Os AA betominaram o chão, com massa de cimento.
III. Justificação do julgamento sobre a matéria de facto: baseado no depoimento das testemunhas, credíveis, na inspecção ao local e no relatório pericial e
subsequente5.
IV. Cls./Alegações:
(a) Seguiu a presente acção como processo de arbitramento, nos termos dos arts. 1052 ss CPC, apesar de as normas já estarem revogadas à data da propositura pelo DL 329-A/95: a forma de processo ajustada é o processo comum e, sem prejuízo dos articulados que puderem ser aproveitados, deve ser declarado nulo todo o processado incompatível com a forma de processo própria;
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Na motivação do primeiro julgamento sobre a matéria de facto em que Q1 e Q2 mereceram resposta restritiva, Q3/Q8 – não provado, Q11 e Q12 – não provado, Q19 – não provado, são invocadas as mesmas testemunhas e a inspecção ao local: largura do portão de acesso à casa dos AA: 2,22m; entrada
Norte, largura: 2,10m; caminho, largura: 2,20m, na parte superior e, após a entrada Norte, 2,40m.
Anote-se que a inspecção ao local referida na motivação da nova sentença é outra: largura do portão de
acesso à casa dos AA: 2,29m; entrada Norte, largura: 2,30m (de pilar a pilar, onde se encontra aposto o portão existente, tem cerca de 2,59m); caminho, largura e respectiva altura até à ramada: dada a sua irregularidade, desde a entrada até à casa dos AA, não se poderá, desde já, conhecer e apreciar toda a sua extensão: seguir-se-á perícia.
Relatório pericial I: ...a existência de um portão de ferro constituído por duas folhas, chumbado em duas
ombreiras de granito que distam entre si de 2,30m; uma vez aberto deixa uma entrada livre de 2,10m; ...existência de uma ramada, apoiada em esteios de granito e prumos de ferro, com travessas de ferro, onde por sua vez se fixam os arames – altura livre da ramada: 1,80m na parte central, dado que os esteios e os prumos, distanciados, provocam uma flecha na ramada;
...verificou-se que o acesso não é suficiente para a entrada livre de veículos eventualmente necessários, tais como ambulâncias ou carros de bombeiros, cujas dimensões [exigem] acessos com um mínimo de 3m de largura: um carro de bombeiros tem cerca de 2,25m de largura+espelhos; a altura [da ramada] não deverá ser inferior a 4m: com as medidas atrás referidas ficariam asseguradas as acessibilidades...
(b) Para além do erro na forma do processo, é nula a sentença recorrida, porque condenou a recorrente em objecto diverso do pedido;
(c) Na verdade, os AA pediram um certo e determinado alargamento do caminho: 30 cm, até aos 2,50m;
(d) Acontece que a sentença condenou a recorrente a consentir num alargamento até 3m;
(e) Ora, mesmo que o tribunal tivesse considerado haver razões para a mudança da servidão, nunca poderia a recorrente ter sido condenada desta forma; (f) Assim, a sentença recorrida infringiu os arts. 3 e 661/1 CPC;
(g) Aliás, a recorrente ficou impedida de se defender tendo em conta as consequências que para si são reveladas agora na sentença: opor-se a um pedido de alargamento de 2,50m não é a mesma coisa que opor-se a um mesmo pedido, mas de 3m;
(h) Além do mais, com o alargamento de 3m tem necessariamente de ser suprimida a casa de banho da casa contígua (consequência assumida pela perita nomeada pelo tribunal, mas jamais imaginada pela recorrente, posto que o pedido não revelava tal eventualidade);
(i) Portanto, outra não pode ser a consequência processual desta situação, que não seja a nulidade da sentença e, a considerar-se pertinente o pedido dos AA (o que se não concede), deve em si mesmo ser reduzido ao limite estabelecido na
p.i.;
(j) É que, mesmo tratando-se de um processo em que a decisão deve assentar em juízos de equidade, a segurança de quem está envolvido no pleito não permite uma tal discricionariedade do julgador;
(k) Entretanto, a decisão recorrida decidiu de forma oposta à primeira sentença, baseando-se agora no relatório da Senhora Perita;
(l) Contudo, esta limitou-se a definir a largura para que pudesse passar no caminho um carro dos bombeiros e uma ambulância: abordou uma parte do problema, ou seja, apenas do ponto de vista das vantagens dos recorridos, enquanto se absteve de descriminar os prejuízos causados à recorrente;
(m) Por outro lado, o relatório aceita que a casa de banho tenha de ser destruída, mas nem sequer pondera de que forma as necessidades de higiene da casa podem e devem ser asseguradas;
(n) Enfim, não considera as dificuldades no sentido de obter habitação, existentes para aqueles que dela carecem;
(o) Por de cima de tudo isto, a julgadora não avaliou todos estes interesses, opostos aos dos recorridos, e na sua decisão não ponderou criticamente a perícia, nem utilizou todas as potencialidades da mesma;
(p) Com efeito, o princípio da equidade impunha também que o meio de prova fosse usado para estimar os interesses da recorrente, o que não foi feito em qualquer momento: ficaram, por isso, prejudicadas as respostas aos quesitos, com especial relevância para Q19, ausente da respectiva, a dita perícia;
(q) Depois, na sentença recorrida a julgadora não fez correcta interpretação e aplicação do art. 1568/2 CC;
(r) Desde logo, como já se disse, contrariando a primeira decisão, foi entendido que o ónus da prova dos prejuízos da alteração da servidão cabia à recorrente, assim infringidos os arts. 342/2 e 568 CC: quem pede a alteração da
servidão tem de alegar as suas vantagens e a ausência de danos que o pedido determina ao proprietário serviente;
(s) Ora, os recorridos nem sequer alegaram vantagens, muito menos provaram a referida ausência de prejuízos: só pode improceder a acção;
(t) Mesmo que assim não fosse (e na perspectiva da recorrente é essa a principal causa de improcedência apesar dos vícios já invocados), uma vez que a alteração da servidão exige uma sentença assente em juízos de equidade, há que compatibilizar todos esses interesses antagónicos, como não foi feito;
(u) E se é certo que é compreensível que os recorridos queiram carros de bombeiros e ambulância à sua porta, também é certo que jamais deixarão de ter assistência médica capaz, ou deixarão de ser protegidos, se o caminho não for alargado, na medida do que pediram ou na medida concedida pelo tribunal: são múltiplas as situações, em geral, donde decorre que uma ambulância não vai à porta nem o carro de bombeiros, mas chega a maca com prontidão, assim como a agulheta;
(v) Estando presentes portanto estas necessidades de segurança, até porque só ocasionalmente serão accionadas, será legítimo, perante tudo isso, eliminar uma ramada e uma casa de banho, sabendo-se que a casa de banho satisfaz necessidades constantes para quem reside na casa?
(w) Entende a recorrente que não: não se verificam os pressupostos para fazer funcionar o art. 1568/2 CC;
(x) Tivesse a julgadora considerado os interesses notórios das partes, segundo juízos de equidade, e sempre com limite no pedido dos AA, que fixaram as suas necessidades no alargamento do caminho até 2,50m, a decisão recorrida jamais teria sido proferida e não violaria entre os já citados e outros, os arts. 3, 4, 661/1, 668 CPC, e arts. 342, 1568 CC;
(y) Deverá ser revogada a decisão recorrida, absolvida a recorrente do pedido ou determinada a repetição do julgamento para que seja apurada a matéria de facto devidamente e com limite no objecto do pedido dos AA.
V. Contra-alegações:
(a) A nulidade principal referida no art. 199 CPC não foi oficiosamente conhecida pelo tribunal6, como também não foi arguida pela Ap.e até à Contestação ou com esse articulado7: a ter existido, está inevitavelmente sanada, extemporâneo por completo vir invocá-la, a recorrente, nesta altura;
(b) De qualquer modo, o que expressamente foi pedido na p.i. releva-se no seguinte fragmento: ...serem os AA autorizados a mudar, à sua custa, o modo de
exercício da servidão existente a seu favor, virando a ramada para Poente, para o terreno possuído pela R., e procedendo ao alargamento do caminho, de molde à passagem de quaisquer viaturas automóveis;
(c) A decisão recorrida respeita portanto o pedido, quando autorizou o alargamento do caminho para 3m, alargamento que poderia até ser superior: os Ap.os não indicaram qualquer limite...
(d) Aliás, a julgadora decidiu com ponderação, atendendo quer aos interesses dos Ap.os, quer aos da Ap.e, e seguindo a orientação da perita nomeada pelo Tribunal, cuja idoneidade e competência não foram em nenhum momento postas em causa: não ocorreu infracção do disposto no art. 661/1 CPC;
(e) E também não foi posto em crise o princípio do contraditório, art. 3 CPC, pois foi sempre dada à Ap.e a possibilidade de se pronunciar sobre as questões de direito ou de facto surgidas ao longo de todo o processo;
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Vd. arts. 202/2 e 206 CPC.
7
(f) Em todo o caso, foi a partir da apreciação conjugada de todos os elementos probatórios que o tribunal recorrido formou o juízo que o levou a dar como provados os factos base do sucesso da acção;
(g) Ora, vigora no ordenamento o princípio da livre convicção dos juizes, que lhes permite apreciar livremente as provas e fixar a matéria de facto em sintonia com a convicção que tenham firmado durante a controvérsia;
(h) Por outro lado, o art. 1568/2 CC quando exige que advenham vantagens para o proprietário do prédio dominante, não as quantifica, bastando apenas que seja tirado da mudança um qualquer benefício ou proveito;
(i) E os Ap.os, de acordo com o ónus da prova, fizeram-na bastante no que diz respeito às vantagens que lhes advêm através da mudança dessa servidão de passagem;
(j) Enquanto isso, o mesmo art. 1568/2 CC exige que a mudança não prejudique o proprietário do prédio serviente, cabendo à Ap.e o ónus de provar a existência de prejuízos, aqui factos impeditivos do direito invocado8, mas não logrou fazer essa prova;
(k) Enfim, o relatório pericial omite a existência desses prejuízos para a Ap.e e a verdade é que são mesmo inexistentes;
(l) Entretanto, a legislação que regula a questão das medidas mínimas para cumprimento das normas de segurança contra o risco de incêndio em prédios urbanos, vem-nos do DL 64/90, 21.02: no art. 46 impõe, para as vias de acesso às viaturas dos bombeiros, não a medida mínima de 3m, mas sim a largura mínima de 3,5m, o que comprova a falta de razão que assiste à Ap.e;
(m) Por conseguinte, deve ser inteiramente mantida a sentença sob crítica.
VI. Recurso: pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC.
VII. Sequência:
(a) A nulidade na qual se consubstancia o erro na forma do processo está sanada, porque teria de ser oposta até ou na Contestação, como não foi; ou conhecida oficiosamente no despacho saneador, proferido em 96.11.219 10: dele
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Vd. art. 342/2 CC.
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nada consta – nesta parte das conclusões não assiste, pois, qualquer razão à recorrente.
(b) De fundo, agora: pode na verdade o proprietário do prédio dominante requerer a alteração do modo de exercício da servidão acaso lhe advenham vantagens e não determine prejuízos ao serviente11; contudo, o essencial do direito de passagem consta do título; neste caso, o movimento é de pessoas e carros de bois, i.é, transportes agrícolas.
(c) A modificação terá portanto de seguir adaptativamente, segundo as condições da vida contemporânea, aquele formato da servidão; portanto, não está em causa poderem atravessar quaisquer veículos, nomeadamente carros de bombeiros, mas tractores e reboques, automóveis compagináveis, aliás, com a largura do portão, a qual parece nem sequer ter sido questionada... e entrar nas alterações impostas pela sentença recorrida.
(d) Enfim, tendo em conta este último pormenor, compreende-se mal a lógica e utilidade do pedido: para quê um caminho de 2,50 ou 3m, se o portão exterior, no topo virado à estrada, só permite a entrada de viaturas com 2,10m de largura, na melhor das hipóteses?
(e) Por conseguinte, é estranha também a conclusão pericial de uma necessidade proeminente da largura de 3m para o caminho, e de uma altura para
escada magirus!
(f) Posta a decisão do caso na baliza das dúvidas enunciadas, e tendo sido fundadas as respostas aos quesitos no relatório pericial, ao qual a justa crítica da recorrente assaca também não se ter pronunciado sobre quesito referente ao prejuízo do prédio serviente12, a problemática deste recurso desloca-se para motivo, mais uma vez, de anulação do julgamento: parecem obscuros os motivos de facto fornecidos pelo julgamento.
(g) Autoriza-a, então, o disposto no art. 712/4 CPC, e desse poder oficioso vamos socorrer-nos, para que sejam de novo respondidos os quesitos críticos, acompanhando o precedente acórdão desta Relação13.
10 Vd. arts. 199, 202, 204/1 e 206/1 CPC. 11 Vd. art. 1586/2.3 CC. 12
A Exma. Perita para não dar resposta à pergunta da R. escreveu no relatório: as soluções passam por
um levantamento topográfico ao terreno e à habitação, para assim poder eventualmente a Perita pronunciar-se, segundo o mandado da Mma. Juíza. Contudo, depois nada mais lhe foi pedido, nem
proferido despacho de apreciação da proposta de continuação da perícia.
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(h) Enfim, determina-se a repetição do julgamento de facto para ser reformulado o parecer pericial que levará em conta as objecções anotadas neste despacho, responderá à pergunta sobre o concreto prejuízo do prédio serviente e terá presente as alegações dos AA na p.i.: ...bastava-lhes que a passagem fosse
alargada em apenas 30 cm, em toda a sua extensão, sendo modificado o degrau, pelo que o caminho passava a medir 2,50m14.
VIII. Custas: no final, por quem decair.
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