Rodrigo Fuziger
DERECHO PENAL SIMBÓLICO Y PROTECCIÓN
AMBIENTAL EN BRASIL
DIREITO PENAL SIMBÓLICO E PROTEÇÃO
AMBIENTAL NO BRASIL
“Direito penal simbólico”
Espécie de disfunção do Direito penal, que ocorre mediante a interpretação
simbólica de conteúdos latentes de um ato, proporcionando um engano que
contribui para a inefetividade do Direito penal.
"Derecho penal simbólico"
Un tipo de disfunción en el derecho penal, que se produce a través de la
interpretación simbólica de contenidos latentes de un acto, proporcionando
un error que contribuye a la ineficacia del derecho penal.
Existe una doble intencionalidad (primaria y latente) que caracteriza a los símbolos. El
primario está contenido en su significado literal, por lo tanto, manifiesto (como un simple
signo). Mientras que a la intención latente se accede a través de la extrapolación de la
literalidad, por parte del destinatario del mensaje simbólico.
Há uma dupla intencionalidade (primária e latente) que caracteriza os símbolos. A primária
está contida em seu significado literal, portanto, manifesto (como um simples signo). Ao
passo que a intenção latente é acessada mediante a extrapolação da literalidade, por parte
do destinatário da mensagem simbólica.
SIGNO
O “Direito penal simbólico” está voltado, sobretudo, a:
1) Confirmar e/ou atender valores sociais e/ou:
2) Demonstrar a capacidade de ação estatal.
Elemento chave do “direito penal simbólico”: Apaziguamento da insegurança coletiva
El “derecho penal simbólico” está dirigido principalmente a:
1) Confirmar y/o cumplir con los valores sociales y/o:
2) Demostrar la capacidad de acción estatal.
Alessandro BARATTA ressalta a espetacularização do Direito penal por meio dos
símbolos, no sentido de que as normas são criadas para seduzir o público,
aparentando efetividade, independente da viabilidade e da real efetividade.
Ao Direito penal é mais importante parecer efetivo do que ser de fato efetivo.
Alessandro BARATTA enfatiza la espectacularización del derecho penal a través de
símbolos, en el sentido de que las reglas se crean para seducir al público,
aparentando ser efectivas, independientemente de la viabilidad y efectividad real.
DIREITO PENAL PROMOCIONAL
Uma significação da função simbólica diz respeito a ideia de expressar aos cidadãos o interesse do Estado por suas necessidades fundamentais. Esta função aparentemente positiva pode se tornar negativa,
especialmente no caso do meio ambiente, pois a intervenção penal pode na verdade encobrir a falta de uma específica política a respeito, em detrimento da aplicação de outra, por exemplo, uma política de desenvolvimento industrial.
Cf. BUSTOS RAMÍREZ, Juan. Necesidad de la pena, función simbólica y bien jurídico medio ambiente. In: BUSTOS RAMÍREZ, Juan (dir.). Pena y Estado. Santiago: ConoSur, 1995, p. 108.
Un significado de la función simbólica se refiere a la idea de expresar a los ciudadanos el interés del Estado en sus necesidades fundamentales. Esta función aparentemente positiva puede tornarse negativa,
especialmente en el caso del medio ambiente, ya que la intervención penal puede en realidad tapar la falta de una política específica al respecto, en detrimento de la aplicación de otra, por ejemplo, una política de desarrollo industrial.
Cf. BUSTOS RAMÍREZ, Juan. Necesidad de la pena, función simbólica y bien jurídico medio ambiente. In: BUSTOS RAMÍREZ, Juan (dir.). Pena y Estado. Santiago: ConoSur, 1995, p. 108.
PREVISÃO CONSTITUCIONAL DA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
Artigo 225, da Constituição Federal brasileira:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as atuais e futuras gerações.”
Artículo 225 de la Constitución Federal de Brasil:
“Todos tienen derecho a un medio ambiente ecológicamente equilibrado, bien de uso común de las personas y fundamental para una calidad de vida saludable, imponiendo al Poder Público y a la comunidad el deber de defenderlo y preservarlo para las generaciones actuales y futuras”.
LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS - 9.605/1998
Art. 1º (VETADO)
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 1 (VETO)
Art. 2 Quien, en cualquier caso, contribuya a los delitos previstos en esta Ley, incurre en las sanciones que le sean impuestas, en la medida de su culpabilidad, así como el director, el administrador, el miembro del consejo y órgano técnico, el auditor, el administrador, el representante o mandatario de una persona jurídica, que, conociendo la conducta delictiva de otra persona, no impida su práctica, cuando podría actuar para evitarla.
Art. 3 Las personas jurídicas responderán administrativa, civil y penalmente de acuerdo con lo dispuesto en esta Ley, en los casos en que la infracción se cometa por decisión de su representante legal o contractual, o de su órgano colegiado, en interés o beneficio de su entidad.
LEI 9.605/1998
DUPLA IMPUTAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA ATUAL:
No Recurso Extraordinário n° 548.181 (Paraná), o STF mudou seu entendimento, para excluir a teoria da dupla imputação, já que a Constituição Federal, em seu art. 225, § 3° não teria condicionado a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa.
DOBLE IMPUTACIÓN Y JURISPRUDENCIA ACTUAL:
En el Recurso Extraordinario No. 548.181 (Paraná), la Corte Suprema de Brasil (STF) cambió de entendimiento, para excluir la teoría de la doble imputación, ya que la Constitución Federal, en su art. 225, § 3°, no hubiera condicionado la responsabilidad penal de la persona jurídica por delitos ambientales a la persecución penal simultánea del individuo, en teoría, responsable dentro de la empresa.
LEI 9.605/1998
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 29. Matar, perseguir, cazar, capturar, utilizar ejemplares de fauna silvestre, nativa o en ruta migratoria, sin el debido permiso, licencia o autorización de la autoridad competente, o en desacuerdo con lo obtenido:
LEI 9.605/1998
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis
em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa
.
Art. 30. Exportación al exterior de cueros de anfibios y reptiles, sin
autorización de la autoridad ambiental competente:
LEI 9.605/1998
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
Art. 49. Destruir, dañar, herir o maltratar, por cualquier medio, plantas de ornamentación de lugares públicos o en propiedad privada ajena:
Pena: detención, de tres meses a un año, o multa, o ambas penas acumulativas. Párrafo unico. En el delito imprudente, la pena es de uno a seis meses o una multa.
LEI 9.605/1998
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020).
Art. 32. Practicar un acto de abuso, maltrato, para herir o mutilar animales salvajes, domésticos o domesticados, nativos o exóticos:
Pena: prisión de tres meses a un año y multa.
§ 1. Quienes realicen experimentos dolorosos o crueles con animales vivos incurren en las mismas penas, aunque sea con fines didácticos o científicos, cuando existan recursos alternativos.
LEI 9.605/1998
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 51. Vender motosierras o utilizarlas en bosques y otras formas de vegetación, sin licencia o registro de la autoridad competente:
Pena: prisión de tres meses a un año y multa.
Art. 52. Penetrar en Unidades de Conservación portando instrumentos para la caza o para la exploración de productos o subproductos forestales, sin licencia de la autoridad competente:
LEI 9.605/1998
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 54. Para causar polución de cualquier tipo en niveles que resulten o puedan
resultar en daños a la salud humana, o que provoquen la muerte de animales o la
destrucción significativa de la flora:
“Lavrador que raspou uma casca de árvore para fazer chá para sua esposa adoecida é preso
com base na lei 9.605/1998, cuja grande inovação foi justamente possibilitar a imputação
penal a pessoas jurídicas, visando às grandes empresas poluidoras.”
Juiz liberta lavrador preso por raspar árvore no DF.” In: Folha de São Paulo, 23 de junho de 2000. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u3083.shtml>