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A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO NA DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL (DSN) BRASILEIRA: O CASO DA DOPS-RS E DA SOPS-CAXIAS DO SUL DE 1969 A 1979

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A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO NA DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL (DSN) BRASILEIRA: O CASO DA DOPS-RS E DA SOPS-CAXIAS

DO SUL DE 1969 A 1979

Janaina Vedoin Lopes

Universidade de Caxias do Sul

Jvlopes1@ucs.br

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a produção documentação realizada entre o DOPS-RS e o SOPS-8ª DRP de Caxias do Sul bem como a relação desses dois órgãos com o aparelho repressivo criado pelo Estado brasileiro para manter a vigência do sistema político ditatorial brasileiro em uma perspectiva local a qual refletia a nacional e sul americano.

Palavras - Chave: Ditadura-Informação-DOPS-SOPS

1. Introdução:

São frequentes os estudos e pesquisas sobre a ditadura civil-militar de segurança nacional brasileira (1964-1985), escritos e análises sobre legislações, inquéritos, torturas, entre outros, mas não são comuns estudos que tratem do sistema de informação criado e aperfeiçoado no período. Empregando uma metodologia de avaliação e classificação de documentos, próprios da Arquivologia, o presente trabalho consiste na apresentação de documentos que pertenceram a 8º Delegacia Regional de Polícia de Caxias do Sul entre 1968 a 1979, que hoje estão sob a guarda do Instituto de Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul, constituindo parte da dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em História da UCS. O estudo busca dialogar com o tempo presente sobre o qual alerta Reis (2012, p. 30): "ele é o ponto de partida de toda representação de tempo, o que divide o tempo passado em tempo futuro".

Dentro de um contexto de Terrorismo de Estado, órgãos estatais precisavam ser fortalecidos/criados para que as atividades de monitoramento, investigação e repressão obtivessem sucesso, fazendo uso de um sistema repressivo articulado com inspiração nas ideias da Doutrina de Segurança Nacional, com objetivo de combater o "inimigo

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interno" que apoiava o socialismo. Sendo assim, a Ditadura de Segurança Nacional brasileira fez uso da informação como uma forma de manter o controle e o poder.

A nível estadual, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) foi um importante órgão de produção da informação, criado ainda no Estado Novo, possuía status de polícia política. Em 1964 o DOPS passou por mudanças significativas em sua estrutura em função da Lei de Segurança Nacional ampliando sua área de atuação dentro do estado. Com Decreto Estadual nº 19.801/1969, foi criada a Seção de Ordem Política e Social (SOPS) nas delegacias regionais da polícia, com objetivo de fornecer e receber informações, eram "filiais" da DOPS-RS no interior do estado.

Assim, se buscou analisar e refletir sobre a importância dos documentos produzidos por órgãos relacionados à ditadura brasileira, e em especial ao DOPS-RS e o SOPS de Caxias do Sul, e as possibilidades resultantes do diálogo entre passado e presente, bem como a história social do conhecimento e memória através dos mesmos. As conclusões revelam que a história associada às necessidades da história ensinada no contexto atual brasileiro evidencia a urgência de práticas reflexivas que possibilitem análises teóricas e o uso de fontes como documentos. O ensino de história associado à profissão de historiador e do arquivista, também permite a afirmação da essencialidade do Ensino de História através da concatenação de diversas fontes e necessidades.

2. Da Doutrina de Segurança Nacional ao Terrorismo de Estado

Em um contexto de Guerra Fria1, a América Latina entre as décadas de 1960 a 1970 ficou marcada pela disputa política e ideológica, sendo enfatizada após a Revolução Cubana quando o governo norte-americano volta-se ao continente em defesa dos seus interesses, pois os EUA acreditou que tinham “direito de saquear e de explorar, e quando ameaçado, no uso da força e da violência para se proteger” (PADRÓS, 2005, p. 56). Assim, através da Doutrina de Segurança Nacional (DSN) influenciou nos golpes civis militares que implantaram os governos ditatoriais latinos americanos. Fernandes (2009) relata que:

1 A Guerra Fria foi uma disputa pela superioridade mundial entre Estados Unidos e União Soviética após

a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É chamada de Guerra Fria por ser uma intensa guerra econômica, diplomática e ideológica travada pela conquista de zonas de influência.

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A DSN se baseava nos golpes contra-insurgentes, dando legitimidade às Forças Armadas de atuarem no cenário político dos países, na questão do ordenamento social. Na DSN, as pessoas exercem de fato sua cidadania pertencendo a uma comunidade nacional, e não a uma classe, gerando, assim,uma despolitização. Coube às Forças Armadas restaurar a unidade nacional, que estava sendo ameaçada pela “subversão” e pelo “perigo comunista”. (FERNANDES, 2009, p. 18) A defesa pela unidade do Estado foi um fator determinante para a implantação da DSN na América do Sul, pois era necessário evitar a divisão da sociedade em classes e suas diferentes formas de pensar, e em especial os pensamentos reformistas e de revolução. Padrós (2009, p. 52) afirma que “o cidadão não se realiza enquanto indivíduo ou em função de uma identidade de classe. É a consciência de pertencimento a uma unidade nacional coesa o que potencializa o ser humano e viabiliza a satisfação das suas demandas.” Portanto, cabe ao Estado a função disciplinadora e cabe a ele “inibir a existência real de contradições” (PADRÓS, p. 53, 2009), o que passa a gerar uma sociedade despolitizada e desmobilizada socialmente, característico de Estados Burocráticos-Autoritários (BA) que como característica tem anular os mecanismos políticos e democráticos com a finalidade de restabelecer uma determinada ordem social e econômica foi ou será alterada em função da organização autônoma de diferentes classes sociais. Ainda, Ricupero (2014) aponta que:

O principal objetivo dos BA seria derrotar o setor popular. A partir daí, buscaria transformar profundamente a sociedade. Mais especificamente, a ordem social a ser criada seria baseada na exclusão política e econômica do setor popular. Assumir-se-ia também uma atitude despolitizadora, ao tratar as questões públicas como meramente técnicas. (2014, p. 96)

Assim, toda e qualquer forma de pensar de forma diferente da ideologia capitalista seria taxada como “uma ameaça” a nação e todos aqueles que difundissem tais ideias seriam considerados “inimigos do estado” ou “subversivos” pois,

[...] a Nação constitui um Estado, um território e uma comunidade compartilha e defende sua concepção de mundo e seus valores - basicamente ocidentais e cristãos. Aquele que discordar publicamente dessa perspectiva é encarado como um “inimigo” e, portanto, pode e deve ser excluído do corpo nacional, logo, subversivos. (PADRÓS, 2009, p. 53)

Essa perseguição interna aos “inimigos” justificaria o uso da violência física e psicológica ao cidadão apresentasse qualquer tipo de “ideologia estranha” (PADRÓS, 2009, p. 53), e com isso a DSN,

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[...] formulou um “estado de guerra permanente” contra o “inimigo interno”, que se estendia desde opositores abertos do regime, como as organizações armadas, até qualquer pessoa que questionasse o sistema, todos identificados com o comunismo, conceito que se tornou flexível na utilização pela DSN. (FERNANDES, 2009, p. 19).

Assim, começa o chamado Terrorismo de Estado (TDE) que se fundamentou “na lógica de governar mediante a intimidação [...] é um sistema de governo que emprega o terror para enquadrar a sociedade e que conta com o respaldo dos setores dominantes, mostrando a vinculação intrínseca entre Estado, governo e aparelho repressivo” (PADRÓS, 2009, p. 64), isto é, o uso da violência estatal legitimada com legação de “salvar a nação da ameaça comunista”. Para Padrós (2009) o TDE nada mais é do que ações repressivas que visam disciplinar a população, mesmo que por meio do terror usando para isso o aparelho estatal:

Umas das principais conseqüências da prática do Terrorismo de Estado foi a formação da “cultura do medo”, disseminada entre a população através de modalidades repressivas (“pedagogia do medo”) e pela lógica da suspeição (“inimigo interno”), estabelecida através da aplicação direta de práticas coercitivas, “ensina”, “dá o exemplo”, serve de “efeito demonstrativo” de que, havendo transgressão, haverá pena. Isso gera a “cultura do medo”, baseada em um medo estrutural, ou seja, ele é decorrente das práticas produzidas pelo próprio estado, e disseminadas para a população. Instala-se um “terror permanente”, que atinge as situações mais corriqueiras do cotidiano, percebido no olhar autoritário do policial, no medo de expressar opiniões, de escutar determinadas músicas, de ler determinados livros, na falta de solidariedade que se estabelece, pois não pode haver comprometimentos pessoas e nem políticos. (FERNANDES, 2009, p. 20-21)

Conforme apontam Fajardo (1993), Padrós (2005) e Bauer (2006), no Brasil o órgão responsável pela formulação da DSN foi a Escola Superior de Guerra2 que desempenhou forte papel na formação intelectual de muitos militares através de cursos de formação realizados com os militares norte americanos entre as décadas de 1950 a 1970. No Brasil, o Golpe de Estado de 31 de março de 1964 inaugurou um série de governos ditatoriais que governaram através de medidas antidemocráticas e através de Atos Institucionais (AI) que auxiliaram na legitimação do TDE, assim, “em nome da democracia, caberia rasgar a constituição, depor o presidente, João Goulart, fechar o

2 Criada em 22 de outubro de 1948 com objetivo de formar militares fornecendo conteúdos doutrinários e

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Congresso Nacional, suspender garantias dos cidadãos, prender, torturar e assassinar, como terminou ocorrendo no regime inspirado pela DSN” (BNM, 1985, p. 71).

Assim como nos demais países da América Latina, no Brasil houve a necessidade do fortalecimento e da criação de órgãos ligados ao governo destinados a controlar e a produzir informações que auxiliaram na espionagem dos suspeitos e ainda serviam para a prática de interrogatórios e até prisões. Esses órgãos foram extremamente burocratizados para assim efetivar e promover a repressão, espalhando o medo.

2.1 Caxias do Sul e a Ditadura de Segurança Nacional

A cidade de Caxias do Sul também refletiu os acontecimentos nacionais que levaram ao golpe de 1964. Já na década de 1950 houve um aumento da produção industrial caxiense, isso gerou a necessidade de uma infraestrutura como mais energia elétrica, transporte e comunicação. Assim, houve também a necessidade de uma maior mão de obra e então:

[...] iniciou-se um processo de migração de habitantes da região dos campos da serra para a cidade de Caxias do Sul em busca de trabalho. O crescimento da população nessa região que vivia basicamente da pecuária criou excedente populacional ou de desempregados que precisavam migrar para Caxias do Sul em busca de trabalho. (ROCHA, 2009, p. 15)

Com esse aumento da população caxiense, já na década de 1960 começam a emergir “forças sociais populares” (ROCHA, 2009, p. 18) e assim as divergências e confrontos entre os donos do capital financeiro e os trabalhadores, isto é, surgem os conflitos entres os setores conservadores e os movimentos sindicais que começam a se formar. Conforme aponta Rocha (2009) e Rodrigues (2015) houve em Caxias do Sul um controle entre os trabalhadores e o seus sindicatos, pois “a participação de operários em movimentos políticos podia representar um problema junto às empresas” (ROCHA, 2009, p. 18) que começavam a se desenvolver. Já “em abril de 1964, foram presos 26 caxienses, acusados de estarem envolvidos em atividades subversivas”. (ROCHA, 2009, p. 57).

Por fim, as Atas da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul apresentam o apoio dos vereadores do município ao longo dos 21 anos de DSN no Brasil como apresenta

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Rodrigues (2015) ao apresentar discursos realizados após no dia 01 de abril de 19643 e alguns anos após em “comemoração” ao A-I 5, como no discurso do vereador Enrico Emilio Mondin:

[...] ante o Ato Institucional nª 5, sua posição era a de sempre. Dava-lhe total apóio, como todas as medidas que visassem recolocar êste país no caminho certo. Jamais o Brasil tivera homens como agora, sinceramente empenhados em endireitá-lo, de que eram prova os govêrnos, Castello e Costa e Silva. Estaria sempre ao lado dos que governariam o país em virtude da Revolução e era preciso mão forte para fazer do Brasil um grande país. (ROCHA, 2009 apud ATA nº 1235, 1968, fl. 16)

Como é possível perceber houve um apoio político e social em Caxias do Sul e isso é provado através dos documentos que começaram a serem conhecidos há pouco tempo e tratam do SOPS da 8ª Delegacia Regional de Polícia de Caxias do Sul e que seja apresentado a seguir.

3. A Informação como Produto da Repressão: DOPS-RS e SOPS- 8º DRP de Caxias do Sul

Logo após o golpe ditatorial brasileiro o novo governo criou o Serviço Nacional de Informação (SNI) com o objetivo de coordenar no território brasileiro as atividades de informações. Fico (2001) afirma que a criação do SNI auxiliou no processo de implantação da DSN, pois auxiliou no controle dos cidadãos suspeitos de subversão, já que a partir das informações era possível tomar decisões e desenvolver atividades repressivas.

A produção e a difusão da informação faziam parte de um Plano Nacional de Informação que integrando a outros órgãos, também responsáveis pela informação e pelas atividades de contra-informação com a função de neutralizar as atividades dos “inimigos” (FICO, 2001, p. 80). Nos governos de DSN o uso da força física e psicológica por si só não bastava para manter o poder e sim era preciso da informação. Fajardo (1993) aponta que para a informação ter utilidade dentro do sistema repressivo era preciso respeitar etapas que envolvem a informação: orientação, produção, planejamento, coleta, busca, processamento, exame e análise, interpretação e difusão.

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Para Fajardo (1993) as atividades desenvolvidas após a criação do SNI ficaram caracterizadas pela espionagem política, mostrando a relação de poder entre quem produz a informação e como se usa a informação. Essa relação de poder faz parte da chamada Comunidade de Informação, pois, diz respeito à “dinâmica através de mecanismos de controle entre o Estado e a Sociedade Civil, com a preocupação com aquele tipo de conhecimento que possa ter ou dar algum tipo de poder” (FAJARDO, 1993, p. 65)

Além da informação outra atividade de espionagem apresentada por Fajardo está relacionada com contrainformação que “visa criar uma realidade, uma informação sob condições controladas, com objetivo de desviar a atenção da sociedade ou de comprometer algum segmento” (FAJARDO, 1993, p. 58). Desta forma, o controle e o poder político do sistema repressivo eram realizados através da informações produzidas e recebidas pelo SNI e os demais órgãos que surgiram até 1968 quando com o AI-5 houveram mudanças administrativas e novos órgãos foram criados ou fortalecidos como o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), para o desempenho da espionagem e repressão.

O DOPS foi criado entre as décadas de 1920 e 1930 dentro das Polícias Civis como órgãos especiais ligados às Secretarias Estaduais de Segurança Pública (SSP). Em função da agitação política da época, assim houve a necessidade de “um amplo aparato de cunho administrativo-legal a fim de controlar manifestações de descontentamento político” (BAUER, 2006, p.53). Já na década de 1960 o DOPS começou a sofrer mudanças, pois havia a necessidade de adaptá-lo com a política da DSN, passando a sofrer um processo de militarização:

A militarização da burocracia policial acompanhou o processo mais amplo da militarização da sociedade brasileira. O Secretário de Segurança Pública do Estado passou a ser um militar, e outros cargos importantes dentro da secretaria passaram a ser ocupados por militares. Esse processo, no entanto, deve ser entendido não somente como a ocupação por militares de cargos estratégicos dentro da administração da segurança pública. A militarização do DOPS/RS não inclui somente a presença física de militares em cargos importantes, mas também - e principalmente- a possibilidade de realização das doutrinas defendidas ou formuladas pelos militares e a transferência dos valores castrenses à administração pública. (BAUER, 2006, p. 71)

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A primeira reformulação realizada no DOPS aconteceu com o Decreto Federal nº 1.772 de 21 de janeiro de 1966, criando o Departamento de Informação e Registro (DIR) que tinha como atividade coletar informações. Outra mudança ocorreu um ano após a promulgação do AI-5, com promulgação do Decreto Estadual nº 19.801, de 8 de agosto de 1969, criando o Seções de Ordem Política e Social (SOPSs). Conforme Bauer o SOPSs serviu de “filial” do DOPS-RS:

[...] à configuração do aparato repressivo do Rio Grande do Sul, enquanto que o DOPS-RS funcionava na capital, as Seções de Ordem Política (SOPSs), instaladas em cada uma das delegacias regionais de polícia no interior do Estado, funcionavam como suas filiais, As SOPSs forneciam importantes informações ao DOPS-RS e dele recebiam ordens e instruções (2006, p. 72)

Ainda, Fajardo reforça a função do SOPSs:

Todas as Regionais de Polícia recebiam ordens do DOPS, bem como informações anexas para subsidiar as missões, o que faz com que o material se repita enormemente, dando uma impressão não correspondente com a realidade, em termos de quantidade. Por outro lado, isso demonstra a forma de organização do trabalho do DOPS, que atuava visando envolver todo o Estado e, muitas vezes, outros Estados e até países, nas buscas de informações ou de pessoas contrárias ao regime então vigente. (1993, p. 81)

Mais uma vez é possível perceber o controle da informação era significado de poder e de sucesso aos governos DSN no Brasil, a produção de informação no contexto do DOPS-RS e SOPSs, caracterizou um “processo de terror”, induzindo o medo dentro da sociedade gaúcha (BAUER, 2006).

Assim, na região da serra gaúcha, a 8ª Delegacia Regional de Polícia com sede em Caxias do Sul, e responsável pelos municípios de Nova Prata, Gramado, Canela, Carlos Barbosa, Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves, Veranópolis, Flores da Cunha, Antônio Prado e São Marcos, também possuiu um SOPS que conforme documentação, que está sendo analisada4, relata muita das atividades repressivas realizadas no Estado e em especial na região. Tais documentos são circulares, radiogramas, ofícios, requerimentos e solicitações, que tratam desde a apuração de informações sobre pessoas, grupos sociais, sindicatos, religiosos, partidos políticos,

4 Os documentos mencionados fazem parte do Fundo Documental da 8ª Delegacia Regional de Caxias do

Sul e que está sob guarda do Centro de Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul. Os documentos estão em processo de identificação e classificação e datam de 1940 a 1980. Para este trabalho foi realizado um recorte temporal de 1969 a 1980.

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entre outros julgados como “perigosos” para a manutenção do sistema ditatorial. Bauer (2006) considera que essas informações solicitadas e repassadas ao DOPS-RS “resulta na prática de uma produção preventiva, pois se acumula uma enorme quantidade de informações sobre a vida pública e privada de indivíduos e organizações considerados potencialmente “subversivos” (p.85). Assim é possível perceber que a nível local houve perseguições políticas aos religiosos, estudantes secundaristas e universitários, políticos, artistas, estrangeiros (imigrantes) e por fim e de forma mais densa os operários e os sindicatos (tanto rural quanto operário, incluindo cooperativistas)

Conclusão

O presente trabalho esta ainda sendo desenvolvido mas já é possível perceber, dentro do contexto político da DSN e do TDE, que a leitura e a analise dos documentos produzidos e difundidos tanto pelo DOPS-RS e o SOPS auxiliam na produção do conhecimento histórico necessário para a reconstrução da memória e do senso crítico do tempo presente, isto é, perceber as rupturas e permanências das ações repressivas do Estado brasileiro, através dessa relação de um órgão repressivo localizado na capital do estado do Rio Grande do Sul e do interior através do município de Caxias do Sul.

Referências

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BAUER, Caroline Silveira. Avenida João Pessoa, 2050 -3º Andar: terrorismo de estado e ação de polícia política do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul (1964-1982). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História. (282)Porto Alegre. 2006.

FAJARDO, Sinara Porto. Espionagem Política: instituições e processo no Rio Grande do Sul. UFRGS, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Dissertação de Mestrado. (251 páginas) Porto Alegre, ago/1993).

FICO, Carlos. Como Eles Agiam: os subterrâneos da ditadura militar, espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.

FIGUEIREDO, Lucas. Lugar Nenhum: militares e civis na ocultação dos documentos da ditadura. 1ª edição – São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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PADRÓS, Enrique Serra. Como el Uruguay no Hay... Terror de Estado e Segurança Nacional – Uruguai (1968 – 1985): do Pachecato à Ditadura Civil – Militar. Tese de Doutorado / UFRGS / Instituto de Filosofia e Ciências Humanas / Programa de Pós – Graduação em História (444 f.), Porto Alegre, 2005.

ROCHA, Odair Moreira da. Ditadura Militar: repressão política em Caxias do Sul (RS). Universidade do Oeste de Santa Catarina. Área da Ciências Humanas e Sociais, Programa de Mestrado em Educação.(130 f.) 2009.

RODRIGUES, Anay Camargo. Repercussão do AI-5 na cidade de Caxias do Sul – Um estudo sobre os reflexos do decreto na terra da fé e do trabalho. Revista do Lhiste, Porto

Alegre, nº 3, vol. 2, jul/dez. 2015. (

http://seer.ufrgs.br/index.php/revistadolhiste/article/view/59766 ) acesso em 21/01/2018.

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