SISTEMAS FOTOVOLTAICOS EM PROPRIEDADES RURAIS ASSOCIADAS À
COOPERATIVAS NO OESTE DO PARANÁ – BRASIL
N.D. Araujo, E.A.A. Osorio, L.F.C. Ramanauskas, A. Moehlecke, I. Zanesco
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS),
Escola de Ciências, Escola Politécnica,
Núcleo de Tecnologia em Energia Solar (NT-Solar)
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 96A - Tecnopuc - Porto Alegre-RS, CEP 90619-900
Tel. 055-51-33203682 - e-mail: moehleck@pucrs.br
Recibido 17/08/18, aceptado 28/09/18
RESUMO: O objetivo deste trabalho é avaliar sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica que
foram implementados em propriedades rurais, associadas às cooperativas no estado do Paraná, Brasil.
Os arranjos fotovoltaicos foram instalados com diferentes orientações e inclinações em latitudes entre
-24,2° e -25,2°. Os sistemas FVs foram analisados por simulação com o programa PV*Sol. Em um
deles, mediu-se a irradiância e a tensão de circuito aberto de módulos fotovoltaicos para determinar a
temperatura equivalente da célula solar (ECT). Verificou-se que a inclinação para o arranjo atingir a
maior produtividade anual é de 18°. A produtividade anual dos sistemas FVs ficou entre 1459 e 1507
kWh/kW
p. Em relação à temperatura, as simulações indicaram uma temperatura efetiva média dos
módulos FVs da ordem de 19 °C acima da temperatura ambiente e as medidas realizadas na unidade
instalada em solo mostraram que a ECT foi de 22-25 °C acima da ambiente, para irradiâncias da
ordem de 800 W/m
2.
Palavras-chave: sistemas fotovoltaicos, sistemas conectados à rede elétrica, propriedades rurais.
INTRODUÇÃO
O Brasil é líder global em exportação de carne de frango, bovina e suína, exportando para países e
regiões com elevado padrão de exigências como Estados Unidos, Japão e União Europeia, que
regularmente fazem visitas de inspeção para os rígidos sistemas de produção da indústria de proteína
animal brasileira (Camardelli, 2017). A região do oeste do Paraná, no Brasil, sofreu modificações na
sua estrutura produtiva agrícola e este processo tornou a região um dos principais polos agrícolas do
país nos últimos 50 anos. Uma das cadeias de maior crescimento é a cadeia da proteína animal, que se
divide nas sub-cadeias avícola, suína, leiteira e da piscicultura. O elo central da cadeia de proteína
animal é o conjunto de cooperativas e seus associados rurais domiciliados na região. Contudo, a
mesma tem e terá dificuldades para sua expansão tendo em vista as limitações na produção e
distribuição de energia elétrica, uma vez que a hidroelétrica Itaipu já extrai virtualmente todo o
potencial energético do Rio Paraná no território (Nascimento et al., 2016).
No estado do Paraná, em quase sua totalidade, a energia elétrica é proveniente de centrais
hidroelétricas. Entretanto, não há novos empreendimentos em centrais deste tipo devido aos impactos
ambientais e à pressão da sociedade com relação aos impactos sociais e econômicos ocasionados pelo
represamento de rios e inundação de áreas para formar grandes reservatórios. Assim, para superar
estas limitações, surge à necessidade de que outras fontes sejam pesquisadas e aplicadas, como o caso
da energia elétrica produzida por sistemas fotovoltaicos (Tiepolo et al., 2016). O mapa da Figura 1
mostra a irradiação média anual nas diversas regiões do estado (Tiepolo et al., 2018). Observa-se que
na região do oeste do Paraná, a irradiação média sobre um plano inclinado com ângulo igual à latitude
está somente 3,3 % abaixo do valor da região de maior irradiação no estado.
Neste contexto de aumento da demanda de energia elétrica pelas propriedades rurais e considerando os
altos níveis de irradiância solar no oeste paranaense, os sistemas fotovoltaicos poderão ser viáveis para
ASADES
Argentina de Energías Renovables y Medio Ambiente Acta de la XLI Reunión de Trabajo de la AsociaciónVol. 6, pp. 03.63-03.72, 2018. Impreso en la Argentina. ISBN 978-987-29873-1-2
permitir o crescimento do setor de produção de proteína animal. Para proporcionar um estudo
detalhado da inserção de sistemas fotovoltaicos em propriedades rurais, foi estabelecida a parceria
entre a PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), a Itaipu Binacional, a LAR
Cooperativa Agroindustrial, a COPACOL (Cooperativa Agroindustrial Consolata), a C.VALE
Cooperativa Agroindustrial, a OCEPAR (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do
Paraná), Programa Oeste em Desenvolvimento, Fundação Parque Tecnológico Itaipu e SEBRAE-PR
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paraná). O objetivo do
projeto é realizar a avaliação técnica e econômica da implantação de sistemas fotovoltaicos em
propriedades rurais, avaliando os problemas de instalação e operação, as vantagens para os produtores
rurais, os custos reais bem como outras características.
Figura 1: Média de irradiação das componentes global horizontal, direta normal, difusa e no plano
inclinado na latitude no estado do Paraná por mesorregião (Tiepolo et al., 2018).
O objetivo deste trabalho é avaliar os três sistemas fotovoltaicos projetados para as propriedades rurais
para cooperativas no oeste do estado do Paraná. Avaliou-se o desempenho dos sistemas nas diferentes
localidades e com diferentes formas de instalação. Especificamente foram comparadas a energia
elétrica produzida e a produtividade bem como temperatura efetiva dos módulos fotovoltaicos. Os
sistemas foram instalados em telhados com diferentes ângulos azimutais e em solo (com orientação ao
Norte geográfico). Foram simulados sistemas fotovoltaicos de 20 kW
p, unidades típicas considerando
os inversores trifásicos comercializados no Brasil. Em um deles, foi determinada a temperatura
equivalente das células solares nos módulos fotovoltaicos, a partir de medições.
METODOLOGIA
Três propriedades rurais foram selecionadas, uma para cada cooperativa, para análise da inserção de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, sendo uma propriedade de produção de leite e duas
de produção de frangos. Foram considerados na seleção, o perfil de consumo de energia elétrica, a
localização (proximidade da sede da cooperativa) e a disponibilidade do proprietário. Definiu-se como
20 kW
pa potência nominal dos sistemas fotovoltaicos para as propriedades, considerando o consumo
das propriedades e que haviam inversores trifásicos dessa potência comercializados no Brasil,
inclusive de produção nacional.
A propriedade produtora de leite está em Medianeira, PR (latitude: 25°16’32’’ S, longitude:
54°3’14’’O) e é associada da LAR Cooperativa Agroindustrial. O sistema fotovoltaico foi projetado
para ser instalado sobre o telhado do galpão, sendo que os módulos fotovoltaicos seguem a orientação
da cobertura do mesmo. Desta maneira, o ângulo azimutal do arranjo fotovoltaico é de 9° NE.
Calculou-se o ângulo de inclinação para produzir a máxima energia elétrica anual, mas mantendo este
ângulo azimutal. A Figura 2 mostra a propriedade rural associada da LAR e o galpão onde foram
instalados os módulos fotovoltaicos.
(a)
(b)
Figura 2: (a) Propriedade rural cooperada da LAR, em Medianeira-PR, e (b) detalhe dos módulos
fotovoltaicos sobre o galpão.
Na propriedade cooperada da COPACOL, Cooperativa Agroindustrial Consolata, em Cafelândia, PR
(latitude: 24°38’38’’ S, longitude: 53°18’51’’ O), projetou-se um sistema fotovoltaico para ser
instalado em solo, com o ângulo de inclinação ótimo e orientado ao Norte geográfico (NG). A Figura
3 apresenta a propriedade e o sistema fotovoltaico instalado em solo.
Em uma terceira propriedade, em Assis Chateaubriand, PR (latitude: 24°23’10’’ S e longitude:
53°32’14’’ O), os módulos fotovoltaicos foram projetados para serem instalados sobre um telhado de
um aviário, com inclinação de 13° e ângulo azimutal de 52° NE, ou seja, seguindo a orientação do
telhado. A Figura 4 mostra o detalhe de como os módulos fotovoltaicos serão instalados, pois para esta
terceira propriedade, a instalação está prevista para outubro de 2018. Esta propriedade é associada à
C.VALE Cooperativa Agroindustrial.
Foi utilizado o programa PV*Sol Premium (PV*Sol, 2017) para simular o sistema de 20 kW
pem cada
propriedade rural com módulos fotovoltaicos de silício multicristalino, tipo p. O software fornece um
relatório do projeto do sistema fotovoltaico usando os dados da localidade e cálculo de sombreamento,
a partir das características desenhadas da propriedade e das especificações dos equipamentos. Para se
obter o ângulo ótimo para a inclinação do arranjo, considerando como parâmetro a produtividade
anual, simularam-se sistemas FVs com diferentes ângulos próximos do valor da latitude. Para as três
localidades, foram obtidos da simulação os seguintes parâmetros: energia elétrica produzida (mensal e
anual), desempenho global (PR, performance ratio, parâmetro adimensional que considera todas as
perdas ocorridas ao longo do processo de produção de energia elétrica)
,produtividade anual (yield,
relação entre o valor médio da energia elétrica produzida no período e entregue à carga e a potência
nominal do gerador fotovoltaico) bem como as temperaturas médias do ambiente, dos módulos FVs e
efetiva dos módulos fotovoltaicos.
(a)
(b)
Figura 3: (a) Propriedade rural cooperada da COPACOL, em Cafelândia-PR, destacando a área do
arranjo FV e (b) detalhe do arranjo fotovoltaico instalado em solo e orientado para o Norte
geográfico.
Figura 4: Propriedade rural cooperada da C.VALE, em Assis Chateaubriand-PR, destacando o
arranjo fotovoltaico com um retângulo azul. O arranjo FV terá um azimute de 52° NE.
Para a propriedade de Medianeira, foram utilizados dados médios de irradiação global de Foz do
Iguaçu-PR e para as propriedades de Cafelândia e Assis Chateaubriand, foram usados os dados de
Guaíra-PR, onde há dados completos proporcionados pelo software Radiasol (Radiasol2, 2018).
Utilizando os valores diurnos de temperatura ambiente (T
Ambiente) e temperatura do módulo FV,
calculou-se a temperatura efetiva dos módulos bem como foram calculadas as médias mensais das
temperaturas ambiente, dos módulos e efetiva dos módulos.
A temperatura efetiva dos módulos FVs é definida como a temperatura ponderada com a irradiação
solar incidente nos módulos fotovoltaicos (Lorenzo, 2014):
T =
( , ). ó ( )( , )
(1)
onde H
T(
β
,t) é a irradiação solar incidente nos módulos fotovoltaicos e T
Módulo(t) é a temperatura dos
módulos fotovoltaicos.
Para o sistema FV instalado em solo, em Cafelândia, foi possível medir a irradiância com células
solares calibradas e a temperatura dos módulos fotovoltaicos por meio de termopares e pela medida da
tensão de circuito aberto (V
OC) em quatro módulos fotovoltaicos. Com os valores de V
OCmedidos dos
módulos de teste, foi calculada a temperatura equivalente da célula solar (equivalent cell temperature)
conforme a IEC 60904-5 - Photovoltaic devices - Part 5: Determination of the equivalent cell
temperature (ECT) of photovoltaic (PV) devices by the open-circuit voltage method (IEC, 2011). Este
método é considerado mais adequado que o uso de termopares, pois fornece o comportamento do
módulo inteiro em relação à temperatura. A partir das características elétricas do módulo sob
condições padrão (STC, standard test conditions, 1000 W/m
2, espectro AM1,5G e temperatura de
célula solar de 25 °C), do parâmetro β dos módulos (coeficiente de temperatura da V
OC, obtido do
datasheet do módulo FV) e da V
OCmedida no local, pode-se estimar a temperatura de operação das
células utilizando as seguintes equações:
ECT = 25 °C +
!"!,# !
− 1 − a ln )
*"+++
,- (2)
Onde: ECT é temperatura equivalente da célula solar no módulo, β é coeficiente de temperatura da
V
OC, V
OC2é a tensão de circuito aberto na temperatura de operação, V
OC,
STCé a tensão de circuito
aberto com G = 1000 W/m
2e T = 25 °C e “a” é a denominada tensão térmica do diodo (termal diode
voltage), determinada pela medição da V
OCem diferentes irradiâncias solares, mas na mesma
temperatura.
O parâmetro “a” é calculado pela seguinte equação:
a =
!,# !. !/!/ 01 (23334/)
(3)
Onde: V
OC3: tensão de circuito aberto para uma irradiância G
3(usou-se o valor de 650 W/m
2
) e T = 25
°C.
O parâmetro “a” deve ser determinado em laboratório, sob condições controladas de temperatura. O
mesmo foi obtido experimentalmente nos laboratórios do NT-Solar/PUCRS utilizando um módulo
Jinko JKM325P-72, de 325 W
p, o mesmo modelo instalado em Cafelândia-PR, variando-se a
irradiância incidente no módulo mediante filtros. Os valores de V
OC,STCe de V
OC3foram obtidos por
meio da caracterização elétrica no NT-Solar, com o simulador solar classe A BERGER Lichttechnik
GmbH & Co. KG. O valor de “a” encontrado e utilizado no cálculo da ECT foi de 0,045. A tensão
V
OC2e a irradiância G
2foram medidas no local, em Cafelândia-PR.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Irradiação no plano dos arranjos fotovoltaicos
A Figura 5 apresenta a irradiação solar global (plano horizontal) em cada propriedade, comparando
com o valor incidente no plano dos módulos na orientação do projeto e caso eles estivessem orientados
ao Norte geográfico. Na Figura 5(a) é possível observar que os valores do projeto e do arranjo
orientado ao NG, relativos à propriedade cooperada da LAR são praticamente iguais porque o ângulo
azimutal dessa instalação é de somente 9°. Esse desvio azimutal acarreta em uma perda desprezível na
irradiação sobre o plano do arranjo FV. A maior irradiação é observada no sistema FV orientado ao
Norte, para a propriedade cooperada da COPACOL, na cidade de Cafelândia. No caso da propriedade
de Assis Chateaubriand, associada da C.VALE, a orientação do arranjo com um ângulo menor que o
ótimo, de 13°, e com um ângulo azimutal de 52° NE, implica em uma queda de 3,4 % na irradiação no
plano do arranjo, valor relativamente pequeno tendo em vista o elevado azimute. Essas considerações
são importantes tendo em vista que muitas propriedades rurais instalarão sistemas FVs e as perdas
serão relativamente pequenas para edificações não orientadas ao NG. Para as edificações a serem
construídas, se recomenda orientar de tal modo que o arranjo FV sobre o telhado seja orientado ao
Norte.
Temperatura ambiente e dos módulos fotovoltaicos
A Figura 6 apresenta as médias mensais dos valores diurnos de temperatura ambiente e temperatura do
módulo FV e de temperatura efetiva dos módulos. A variação dos valores no decorrer do ano segue o
mesmo comportamento nos três casos, pois as mesmas estão na mesma região geográfica. Embora os
sistemas tenham instalação sobre edificações e solo, não se observou na simulação os efeitos da
orientação da instalação sobre a temperatura. A temperatura efetiva dos módulos FVs permanece
acima da temperatura ambiente em 21° C para os meses de verão e em 14 °C nos meses de inverno. A
diferença média entre a temperatura efetiva dos módulos FVs e ambiente é de 19 °C. Nos meses de
verão, a temperatura efetiva atinge valores no intervalo de 46 °C a 48 °C nas três propriedades,
conforme mostra a Figura 6.d. Para os meses de menor irradiação, a propriedade em Assis
Chateaubriand é que opera nas menores temperaturas, pois o arranjo FV está orientado com um ângulo
azimutal elevado e para o Nordeste e, por esta razão, durante a tarde, a irradiância no plano dos
módulos FVs é reduzida. Cabe comentar que os valores de temperatura simulados pelo PV*Sol podem
estar subestimados, pois segundo Araujo et al. (2018), para Porto Alegre-RS (latitude = -30°), em
módulos FVs a temperatura efetiva obtida por simulação foi de 8 °C a 10 ° C abaixo dos valores
experimentais.
(a) (b)
Figura 5: Irradiação solar global mensal e irradiação no plano dos módulos e no plano voltado ao
norte geográfico (NG) na propriedade da (a) Lar, em Medianeira-PR e da (b) Copacol e C.Vale, em
Cafelândia e Assis Chateaubriand-PR, respectivamente.
A Tabela 1 resume os resultados de medida da temperatura dos módulos fotovoltaicos e do cálculo da
ECT considerando quatro módulos de teste. As medidas foram realizadas em 07/05/2018, no sistema
FV instalado em solo, em Cafelândia. Como se pode observar, a diferença entre o valor médio da
temperatura medida com os termopares e a ECT do módulo 1 é da ordem de 8,8 °C para as quatro
medições realizadas, com a ECT sendo maior. A temperatura equivalente das células solares variou de
48,5 °C a 61,2 °C, enquanto que a temperatura ambiente variou de 28,4 °C a 34,4 °C. Em cada
medida, a temperatura média das células solares nos módulos ficou em 50,0 °C, 52,8 °C, 58,4 °C e
59,3 °C, para as medidas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Estes valores são adequados para módulos FVs
sob irradiância no intervalo de 778 W/m
2a 845 W/m
2e com face posterior com grande área de
circulação de ar. Os valores de temperatura dos módulos (tanto medidos com termopar como
calculados como ECT) são superiores aos T
efsimulados para maio (média de 37,3 °C). Este
comportamento é similar ao observado por Araujo et al. (2018) com dados experimentais de Porto
Alegre-RS.
(a)
(b)
(c) (d)
Figura 6: Médias mensais de temperatura do ambiente, do módulo FV e efetiva do módulo
fotovoltaico nas propriedades rurais em (a) Medianeira, (b) Cafelândia e (c) Assis Chateaubriand.
Em (d) estão resumidas as temperaturas efetiva médias dos módulos FVs.
Parâmetro Medida 1 Medida 2 Medida 3 Medida 4
Irradiância no plano dos módulos FVs (W/m²) 778,6 833,1 845,0 814,4
TAmbiente (°C) 28,4 30,0 33,6 34,4
TMódulo (°C) (Termopar) – módulo 1 45,3 47,1 50,0 54,1
ECT do modulo 1 (°C) 51,9 54,0 60,2 61,2
ECT do modulo 2 (°C) 50,7 52,6 58,9 60,0
ECT do modulo 3 (°C) 48,5 52,3 57,7 58,6
ECT do modulo 4 (°C) 49,1 52,2 56,6 57,3
Médias das ECTs (°C) 50,0 ± 1,2 52,8 ± 0,6 58,4 ± 1,2 59,3 ± 1,3
Tabela 1: Irradiância, temperatura ambiente (T
Ambiente), temperatura dos módulos medida com
termopar (T
Módulo) e temperatura equivalente de célula solar (ECT) de cada módulo de teste. Medidas
Produção de energia elétrica e produtividade dos sistemas FVs
Na Figura 7 encontra-se a comparação da energia elétrica produzida pelos sistemas FVs de cada
propriedade durante os meses do ano e na Tabela 2 se resumem os parâmetros para comparação dos
sistemas fotovoltaicos. A produção máxima mensal é da ordem de 3300 kW e a mínima é da ordem de
2000 kWh, valores extremos previstos para o sistema FV com ângulo azimutal de 52°, com a maior
variação de produção entre inverno e verão. As produções anuais de energia são de 31,9 MWh a
33,1 MW, com produtividade anual de 1585 a 1640 kWh/kW
p. O desempenho global, parâmetro que
considera todas as perdas ocorridas ao longo do processo de produção de energia elétrica, foi de 86,3
% a 87,1 %. No entanto, cabe observar que o programa PV*Sol considera temperaturas de operação
mais baixas que as medidas nos locais, conforme comentado anteriormente. Se for considerado um PR
de 0,80, que pela experiência de sistemas FVs instalados em outros países é mais realista (IEA-PVPS,
2014; Almeida, 2012), a produtividade anual cairia para o intervalo de 1460 a 1507 kWh/kW
p. Por
exemplo, Tiepolo et al. (2016) comenta que para o Paraná, considerando um PR de 0,75, a
produtividade média é de 1490 kWh/kW
pe a mais alta é de 1590 kWh/kW
p, valores que se aproximam
do intervalo estimado neste trabalho com PR = 0,80. Considerando o desempenho global de 0,80 e o
consumo de energia elétrica de 2016-2017 das propriedades, a produção de energia elétrica dos
sistemas fotovoltaicos poderá contribuir para uma redução na conta de energia elétrica da ordem de 53
%, de 54 % e de 36 % para as propriedades rurais em Medianeira, Cafelândia e Assis Chateaubriand,
respectivamente. Na última, a redução percentual será menor porque a propriedade produtora de
frangos tem um maior número de aviários.
Figura 7: Produção mensal de energia elétrica nas propriedades rurais com sistemas FVs de 20 kW
em Medianeira (LAR), Cafelândia (COPACOL) e Assis Chateaubriand (C.VALE).
Propriedade Local / Cooperativa Energia elétrica anual estimada (MWh) Produtividade anual estimada (kWh/kWp) Desempenho global - PR (%) Medianeira / LAR 32,6 / 30,2* 1618 / 1499* 86,3 / 0,80 Cafelândia / COPACOL 33,1 / 30,4* 1641 / 1507* 87,1 / 0,80 Assis Chateaubriand / C.VALE 31,9 / 29,4* 1585 / 1459* 86,9 / 0,80