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PROJETO GESTÃO SOCIAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE INCUBAÇÃO NA FORMAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS JUVENIS.

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Academic year: 2021

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PROJETO GESTÃO SOCIAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA

DO PROCESSO DE INCUBAÇÃO NA FORMAÇÃO DE

EMPREENDIMENTOS JUVENIS.

Ítalo Anderson Taumaturgo dos Santos1 Suzana Coelho Bezerra 2 Joseane de Queiroz Vieira 3 Marluse Martins de Matos 4

1 Introdução/ Desenvolvimento

A educação é vista cada vez mais como uma ponte de intervenção na formação de cidadãos, não só através do conteúdo teórico comum, mas essencialmente através de conceitos necessários que tornam o sujeito preparado para enfrentar situações da vida profissional e da convivência social. Dessa forma, cria-se uma pedagogia da libertação, que de acordo com Freire apud Carvalho (2007), é uma educação na qual “os sujeitos podem atuar no diagnóstico dos problemas e busca de soluções [...] desenvolvendo habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizente ao exercício da cidadania”. Com essa visão e pensando no advento atual da preocupação social que induz à relação voltada ao sentido cooperativo, os núcleos LIEGS -Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social e SIFE- Associação de Estudantes em Livre Iniciativa - Students In Free Enterprise, vinculados à Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, criaram o Projeto Gestão Social nas Escolas, com o objetivo de oferecer alternativas de geração de renda e sustentabilidade econômica e ambiental a partir de projetos socioambientais.

Na fase de preparação do projeto, foram estabelecidas parcerias cruciais através de órgãos públicos, privados e do terceiro setor, o que refletiu no posterior sucesso do projeto. O Gestão Social nas Escolas foi iniciado a partir da escolha de três colégios da rede pública estadual de ensino médio do município de Juazeiro do Norte, sendo eles o Colégio José Bezerra de Menezes, o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente – CAIC e Prefeito Antônio Conserva Feitosa. Embora estejam localizados em bairros diferentes, as problemáticas sociais são comuns nos locais onde as escolas atuam, como, por exemplo, a baixa renda, o alto índice de evasão escolar devido a entrada precoce no mercado de trabalho, a violência, alcoolismo e questões básicas de

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Graduando em Administração, Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Juazeiro do Norte, Ceará, italotaumaturgo@hotmail.com

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Graduanda em Administração Pública , Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Milagres, Ceará, suzy.1108@yahoo.com.br

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Graduada em Psicologia, Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará, joseanedqv@hotmail.com

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Graduanda em Administração, Universidade Federal doVale do São Francisco, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, marluse.matos@gmail.com

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acesso à saúde, além de problemas ambientais. O Projeto Gestão Social nas Escolas foi dividido estrategicamente em três etapas: a primeira etapa consistiu na sensibilização dos alunos acerca de temáticas relacionadas à gestão social, a segunda etapa teve por finalidade a criação de projetos e ações de interferência nos problemas identificados nos bairros e na escola e por fim a terceira etapa (ainda em processo) que consiste na criação e incubação de negócios sustentáveis idealizados pelos próprios alunos.

Desse modo, o presente trabalho possui como objetivo principal, discutir a etapa de incubação dos empreendimentos gerados no projeto e a importância desse processo na formação educacional dos alunos envolvidos. Ressalta-se que a incubação realizada pelo Projeto Gestão Social nas Escolas, age de forma inovadora, quando se propõe a incubar grupos formados no decorrer do projeto a partir de um processo de construção coletiva, diferente das incubadoras comuns, que habilitam o processo de incubação para empreendimentos já existentes. Para este propósito, é necessário recorrer ao conceito da

incubação, que de acordo com Culti (2009), se define como uma

construção/reconstrução de conhecimento por meio do processo prático educativo de organização e acompanhamento sistêmico a grupos de pessoas interessadas na formação de empreendimentos econômicos solidários, tendo em vista a necessidade de dar suporte técnico e social a esses empreendimentos.

2 Metodologia/ Resultados

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho se deu a partir de um processo de observação realizado durante o acompanhamento das ações do PGSE, além de embasamento bibliográfico que também foi utilizado como referência para construção das atividades de formação do projeto.

Sendo desenvolvidos por incubadoras presentes nas universidades, o processo de incubação pode ser dividido basicamente em três etapas, sendo a pré-incubação, incubação e desincubação.

Na pré-incubação são feitos os primeiros contatos e aproximação entre a universidade e sociedade e como o próprio nome sugere, é uma fase de preparação nas quais são tomadas ações de construção e idealização coletiva fundamentais no sucesso do processo de incubação e desincubação. Para contextualização do processo de incubação discutido no presente trabalho, faz-se necessário um breve relato da experiência do projeto referente à primeira e segunda etapas, que são consideradas a fase de pré-incubação dos empreendimentos formados no projeto.

A primeira etapa do projeto consistiu na sensibilização de 500 alunos sobre temas como responsabilidade social, gestão ambiental, sustentabilidade, cooperação e participação social. A finalidade das oficinas foi trazer à tona esses temas na discussão dos problemas vivenciados nas comunidades e como os alunos poderiam interferir nesses problemas. As temáticas eram abordadas através de metodologias alternativas, incluindo dinâmicas grupais, o que configurou um processo efetivo refletido através do interesse demonstrado pelos jovens na realização das atividades.

Na segunda etapa do projeto, 240 alunos que se identificaram com as ações propostas continuaram participando das atividades, dentro de um processo de adesão voluntária, que Tenório (2007, p. 117) acredita, que ocorre “[...] mediante um grupo que cria suas próprias normas, maneiras de atuação e objetivos”. Esse fato fez com que os jovens se apropriassem do projeto como, de fato, fizessem parte dele. As dinâmicas foram destinadas à elaboração de planos de ação que tivessem como base a solução de problemáticas identificadas na primeira fase. Os alunos construíram e apresentaram os planos num painel, sendo avaliados e aprovados por profissionais da área social. As

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ações foram realizadas posteriormente dentro de um Encontro de Integração idealizado

pelos alunos junto com a equipe executora do projeto.

Fig.1: Oficina de Artesanato com Jornal no 2º Encontro de Integração dos Jovens.

Dessa forma, é possível perceber que as ações de pré-incubação se tornam fundamentais quando garantem a confiança e colaboração entre os membros através de vínculos que “surgem a partir da construção e consolidação das relações entre as pessoas do empreendimento” (KIRSCH, 2007).

A terceira etapa do projeto é definida como a fase de incubação dos empreendimentos. Como incubação, propriamente dita, entende-se o processo de submissão dos empreendimentos a treinamentos de gerenciamento, para compreensão da sua estruturação e aprimoramento de suas práticas. Nessa etapa continuaram apenas 35 alunos, sendo estes os que, durante a segunda etapa, idealizaram planos de ação com foco na geração de renda. Esses jovens fazem parte do Colégio CAIC e do Colégio Prefeito Antônio Conserva Feitosa, e têm como propostas projetos de produção de materiais de limpeza com menor impacto ambiental, produção de brinquedos e bijuterias reciclados e fabricação de produtos derivados de ervas medicinais.

Nas primeiras formações da terceira etapa, foram utilizados recursos lúdicos como desenhos, jogos, vídeos, clube de trocas, debates e teatro e através dessas atividades os alunos puderam vivenciar e aprender conteúdos sobre Gestão Social, Associativismo e Cooperativismo, Autogestão e Economia Solidária. Em seguida, as formações foram orientadas para elaboração do plano de negócio de cada empreendimento, na qual os alunos puderam planejar e organizar o funcionamento dos seus empreendimentos, além de visualizar as necessidades e a viabilidade de cada um deles, sendo auxiliados por dois professores do curso de Administração da UFC Cariri. Além das orientações em sala de aula, os alunos fizeram uma visita técnica a empreendimentos da região que se assemelhavam às suas futuras empreitadas. Após finalizarem os planos, os alunos o apresentaram em um novo painel, sendo avaliados por profissionais na área da administração e da gestão social, e aprovados com as devidas sugestões.

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Fig.2: Alunos e equipe do projeto no Painel de Apresentação dos Planos de Negócios

A fase de incubação encontra-se na etapa das formações técnicas, na qual cada grupo é capacitado através de oficinas condizentes aos empreendimentos planejados. São ofertadas oficinas de artesanato, técnicas de cultivo de ervas medicinais e fabricação de produtos de limpeza, organizadas através da parceria entre a equipe executora do projeto com agentes de instituições públicas e da própria universidade que colaboram de forma voluntária nas ações do projeto.

A próxima etapa do projeto consiste na fase de desincubação, definido como o período em que se deve estimular a saída do grupo dos cuidados da universidade para que desenvolvam suas atividades e cumpram seus objetivos de forma independente e articulada.

Dentre os resultados quantitativos da terceira etapa, destaca-se os 35 alunos beneficiados pelo projeto e cerca de 64 oficinas realizadas. Quanto aos resultados qualitativos, acrescenta-se o fortalecimento do vínculo entre os jovens, a criação de um novo espaço de aprendizagem, a negociação de conflitos e a autonomia e participação dos jovens nas decisões do grupo.

Estima-se que na fase de desincubação os grupos estejam fortalecidos e consigam manter seus empreendimentos em pleno funcionamento e que a cultura de gestão do empreendimento solidário, trabalhado durante o projeto, seja implementada de forma adequada, favorecendo o sucesso da construção coletiva.

3 Considerações Finais

Conclui-se, a partir da análise das atividades desenvolvidas, que as formações e ações realizadas na etapa de incubação do projeto foram determinantes na formação dos alunos, no que tange à melhoria do desempenho escolar e nas perspectivas profissionais de cada um. As diversas oficinas oferecidas abordaram temas que os alunos comumente não estavam acostumados a ver em sala de aula, e esse fato proporcionou maior interesse às questões apresentadas. Quanto aos resultados qualitativos observados, destaca-se a autonomia dos alunos frente às responsabilidades escolares e a participação não só em relação ao PGSE, mas também nos demais trabalhos e projetos oferecidos pela escola.

4 Referências

CARVALHO, Jorge Tadeu de. Programa de Educação Ambiental no Ensino

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http://sigplanet.sytes.net/nova_plataforma/monografias/3371.pdf> Acesso em 31 out 2012.

CULTI , Maria Nezilda. Conhecimento e práxis: processo de incubação de

empreendimentos econômicos solidários como Processo Educativo. Disponível

em:<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=o+que+%C3%A9+incuba%C3%A7 %C3%A3o+de+empreendimentos&source=web&cd=5&cad=rja&ved=0CD8QFjAE&u rl=http%3A%2F%2Fwww.unisinos.br%2Frevistas%2Findex.php%2Fotraeconomia%2F article%2Fdownload%2F1163%2F329&ei=KrSeUJCDA4aA9QSe7IGIDw&usg=AFQj CNEU_g99u1mp1OtWgPxbjAXIbjBmNQ> Acesso em 07 nov 2012.

KIRSCH, ROSANA. Incubação de Empreendimentos da Economia Solidária e as

Implicações das Relações de Reciprocidade. Disponível em: < http://www.fbes.org.br/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=635&It emid=8> Acesso em 02 nov 2012.

TENÓRIO, F. G. (Re)visitando o Conceito de Gestão Social. In: SILVA JÚNIOR, J. T.; MÂSIH, R. T.; CANÇADO, A. C.; SCHOMMER, P. C. (Orgs.). Gestão Social: práticas em debate, teorias em construção. v.1. Juazeiro do Norte, 2008. p. 26-36. Disponível em:

<http://liegs.cariri.ufc.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=131&It emid=58>. Acesso em: 28 out 2012.

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