Ministério da Previdência Social
Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª Junta de Recursos
Número do Processo: 44232.339888/2015-12
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL LAURO DE FREITAS
Benefício: 31/607.600.559-2
Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Recorrente: CARLOS HENRIQUE OLIVEIRA LEMOS
Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Assunto: INDEFERIMENTO
Relator: AGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA
Relatório
Retorna, após cumprimento da diligência, o recurso impetrado por CARLOS HENRIQUE OLIVEIRA LEMOS,
desempregado na data do requerimento (04/09/2014), contra o indeferimento, por inexistência de incapacidade para o trabalho e/ou atividade habitual, consoante parecer contrário da perícia médica, do Auxílio Doença nº. 31/607.600.559-2.
Reconhecendo a qualidade de segurado do postulante, na data do requerimento, na condição de empregado, O INSS indeferiu o benefício por ter sido constatada, no exame realizado, pela perícia médica, a inexistência de incapacidade para o trabalho e/ou atividade habitual, fl. 13.
Em consulta aos laudos médicos do beneficio em questão, verifica-se que o requerente foi submetido a uma perícia médicas realizada no dia 06/10/2014, fls. 14/15, na qual foi constatada a ausência de incapacidade para o trabalho e/ou atividade habitual, sem estabelecimento da Data do Inicio da Doença – DID e nem da Data do Inicio da Incapacidade, por patologia diagnosticada sob CID: I50 (Insuficiência cardíaca congestiva). Eis em síntese, a análise do perito: Histórico: Segurado desempregado (refere ter sido servidor público federal). Apresentou relatório de Dr. Cardiologista,
emitido em 13/09/2014, informando ter o mesmo sofrido um infarto (IAM) em 2002. Traz ecoardiograma datado de 19/09/2014 com miocardiopatia dilatada do VE de grau moderado; disfunção diastólica grau II tipo restritivo e insuficiência valvar mitral de grau moderado.
Exame físico: bom estado geral e nutricional, lúcido e orientado, deambulando normalmente. Ombros com ausência de
crepitação, deformidade, limitação funcional, atrofia; sinal de flogose, testes de Neer, jobe, Pate e Gerber negativos; Aparelho cardiovascular com bulhas rítmicas normofonéticas em 2 tempos sem sopros; Aparelho respiratório sem ruídos adventícios; Abdômen sem visceromegalias e Extremidades sem edemas.
Considerações: Após análise da história clínica colhida, da análise dos antecedentes médicos e do exame físico
Com o intuito de comprovar a sua incapacidade laborativa, o postulante apresentou, além dos exames de fls. 26/27, 01 (um) relatório médico datado de 13/09/2014, fl. 25 [informando ter o mesmo sofrido um infarto (IAM) em 2002, com oclusões em parede anterior septal lateral e hipocenesia com aneurisma do VE. Encontrando-se, no momento, com insuficiência ventricular esquerda classe III e taquicardia; Estando, portanto, incapacitado .
Em suas razões de recurso, o postulante, juntando documentos médicos e uma copia do seu processo de isenção de Imposto de Renda, fls. 02/08, solicita que lhe seja concedido o benefício, informando, em síntese, ter sido servidor público federal por 25 anos, que pediu PDV em 09/1999 e que sofreu um infarto agudo do miocárdio em 19/12/2001, com sugestão de cirurgia de válvula para 19/11/2002, procedimento esse, que até hoje não foi realizado.
Em consulta ao site do Tribunal Regional Federal não foram encontradas ações judiciais impetradas em nome do requerente, fl. 28.
No dia 09/07/2015, o processo foi enviado à perícia médica, que informando sobre a impossibilidade de analisar os elementos contidos nos autos diante da inexistência de recurso habilitado no SABI, solicitou o encaminhamento do presente ao gestor da APS Lauro de Freitas para as devidas providências, fl. 33.
No despacho do dia 18/09/2015, a Agência da Previdência Social - APS, informa que estaria devolvendo o processo para ser submetido ao parecer médico, após cadastramento do recurso no SABI, fl. 35.
Acontece que ao invés de devolver o processo para ser submetido à perícia médica, conforme solicitado, o INSS encaminhou os autos a este Colegiado para julgamento, deixando que o recurso se apresentasse com falhas de instrução, tornando inviável a apreciação e o julgamento do mérito no estado em que se encontra; posto que em desacordo com as normas legais regulamentares. Situação que nos levou a devolver o processo ao órgão de origem, solicitando a realização do referido procedimento.
A diligência foi realizada e retornou desfavorável à pretensão do ora recorrente, consoante parecer contrario da
Pericia Médica, que deixando de estabelecer DID, DII, DCI e DCB, concluiu pela inexistência de incapacidade, aduzindo que não havia dados suficientes para permitir a modificação do Parecer anterior.
Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 27/04/2016 para sessão nº 0177/2016, de 05/05/2016.
Voto
EMENTA:
AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO. INDEFERIMENTO. NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO, INCAPACIDADE LABORATIVA E CARÊNCIA. PARECERES MÉDICOS CONTRÁRIOS À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LEGALIDADE DO ATO
RECORRIDO. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DOS ART. 59 DA LEI 8.213/91. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO
O Auxílio Doença foi criado pelo legislador com objetivo de amparar provisoriamente a pessoa que se encontre incapacitada para o trabalho ou atividades habituais, enquanto perdurar tal estado; e encontra-se e disciplinado nos Artigos 59 a 63 da Lei 8.213/1991.
Para fruição do benefício, o interessado deve preencher três requisitos, quais sejam: [a] - demonstrar a qualidade de segurado;
[b] - implementar o período de carência;
[c] - comprovar a incapacidade para o trabalho ou atividades habituais, por mais de 15 dias.
Observa-se, na hipótese dos autos, que não há discussão acerca da qualidade de segurado do interessado.
O argumento do INSS restringe-se, tão somente, à ausência de incapacidade laborativa atestada pela Perícia Médica do INSS. Todavia, não consta dos autos a reavaliação após o recurso. Situação que nos levou a devolver o processo ao órgão de origem, solicitando a realização do referido procedimento.
A diligência foi realizada e retornou desfavorável à pretensão do ora recorrente, consoante parecer contrario da
Pericia Médica, que deixando de estabelecer DID, DII, DCI e DCB, concluiu pela inexistência de incapacidade, aduzindo que não havia dados suficientes para permitir a modificação do Parecer anterior. Eis em síntese, a sua decisão:
Trata-se de segurado do sexo masculino, 62 anos, Servidor Público Federal desempregado, sem benefícios anteriores, com início de suas contribuições previdenciárias em 05/08/1976 aos 22 anos. Último vínculo no período de 14/06/2004 a 01/04/2006. Deu entrada em requerimento do BI em questão no dia 04/09/2014, alegando ter sofrido um IAM em 12/2001. Foi avaliado pela PM no dia 06/10/2014. Não consta relato de queixas. Apresentou resultado de ECO datado de 19/09/2014 (Miocardiopatia Dilatada VE de Grau Moderado, Disfunção Diastólica Grau III do tipo Restritiva, Insufic. Valvar Mitral de Grau Moderado)e cartelas das seguintes medicações: Isordil,Carvedilol,Sinvastatina,Hctz e Captopril. O
EF descrito encontra-se totalmente dentro dos padrões de normalidade. O benefício foi, então, indeferido.
Inconformado, o interessado recorreu. Após leitura do Processo e de todos os dados contidos no SABI, conclui-se que não há como retificar a posição inicial do INSS, pois:
1. A Portaria Normativa nº.11/74/MD de 06/09/06: não é Norma utilizada pela PS/INSS para fins de análise de BI;
2. Definição de Cardiopatia Grave: no próprio ítem 4.5 do documento apresentado consta que “os achados fortuitos em exames complementares não são, por si só, suficientes para o enquadramento legal de Cardiopatia Grave se não estiverem vinculados aos elementos clínicos e laboratoriais que caracterizam uma doença cardíaca
incapacitante”. Portanto, não basta haver a doença. É preciso que a incapacidade para o trabalho esteja presente e seja reconhecida por perícia própria do INSS a fim de que o benefício auxílio doença seja deferido (Artigo 59 da Lei 8.213/91 e Artigo 71 do Decreto 3.048/99;
3. RM referente à sua mãe, informando que a mesma era portadora de Cardiopatia Grave e faleceu após ter sofrido um IAM;
4. Relatório de solicitação de Isenção de Imposto de Renda de sua mãe ilegível: documentos de terceiros não são aceitos para análise de Recursos;
Cardiologista;
6. Encaminhamento da FBC para a realização de Cirurgia Valvar programada para 19/11/2002: o fato do interessado não ter-se submetido ao procedimento cirúrgico indicado sugere convivência com a doença sem prejuízos importantes para a sua vida diária, caso contrário o mesmo não teria evitado o tratamento;
7. RM de 13/09/2014, CRM 6.681, informando ser o interessado portador de Insuficiência Ventricular Esquerda Classe III e Taquicardia;
8. ECO de 19/09/2014: Miocardiopatia Dilatada VE de Grau Moderado, Disfunção Diastólica Grau III do tipo Restritiva, Insufic. Valvar Mitral de Grau Moderado): já apresentados durante a PM. Não houve requerimento de PR, JM ou outro BI. Diante de todo o exposto, não há dados suficientes para permitir modificar o Parecer anterior. Pedido Indeferido.
Por tudo relatado verifica-se que não existe amparo legal para a pretensão do ora requerente por não ter sido cumprido o quanto exigido pela Lei de Benefícios no caput do Art. 59 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1.991, veja-se seu teor: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência, exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Como vimos o caso envolve Parecer Contrário à pretensão do requerente; e em sendo assim, não se vislumbra como contestar a decisão adotada pela Autarquia Previdenciária, por falta de amparo legal; devendo o benefício permanecer indeferido.
CONCLUSÃO – Pelo exposto, voto no sentido de, preliminarmente, conhecer do recurso, para, no mérito, Negar-lhe Provimento.
AGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA
Relator(a)
Declaração de Voto
Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).
MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO
Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo
Declaração de Voto
Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).
MARIA CONCEICAO COLAVOLPE NOGUEIRA
Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores
Declaração de Voto
Presidente concorda com voto do relator(a).
DARCI BORGES ALVES DE SOUSA
Decisório
Nº Acórdão: 2340 / 2016
Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 04ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO e MARIA CONCEICAO COLAVOLPE NOGUEIRA.
AGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA
Relator(a)
DARCI BORGES ALVES DE SOUSA