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Os Quatro Evangelhos

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Academic year: 2021

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Os Quatro Evangelhos

Sérgio Biagi Gregório

"Intelligebas heri modicum, intelligis hodie amplius, intelligis cras multo amplius; lúmen ipsum Dei crescit in te". Ontem entendias um pouco, hoje entendes algo mais, amanhã

entenderás muito mais. É a própria luz de Deus que cresce em ti. (Santo Agostinho)

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Cada Um dos Quatro Evangelhos: 4.1. O Evangelho segundo Mateus; 4.2. O Evangelho segundo Marcos; 4.3. O Evangelho segundo Lucas; 4.4. O Evangelho segundo João. 5. Os Evangelhos Sinóticos: 5.1. O Evangelho é um Só, o Alegre Anúncio; 5.2. Semelhança de Conteúdo; 5.3. Algumas Estatísticas; 5.4. A Contribuição do Espírito Emmanuel. 6. Convergências e Divergências dos Evangelhos: 6.1. Teoria das Duas Fontes; 6.2. Disposição das Seções; 6.3. Exemplos. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Quem eram os evangelistas? Há lógica em seus escritos? Como foram compostos esses livros? Com estas questões, introduzimos os quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, os primeiros livros do Novo Testamento.

2. CONCEITO

Evangelho é a tradução portuguesa da palavra grega Euangelion que foi

notavelmente enriquecida de significados. Para os gregos mais antigos ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo.

Os Quatro Evangelhos – Desde os primeiros anos do cristianismo preferiu-se

falar de "Evangelho", no singular, também quando se referia aos livros. Isto porque os escritos dos apóstolos traziam todos o mesmo e idêntico "alegre anúncio" proclamado por Jesus e difundido oralmente. Quando se desejou, porém, indicar de maneira específica cada um dos quatro livros, encontrou-se uma fórmula particularmente eficaz e significativa: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". Desse momento em diante, o singular e o plural se alternam para indicar, um a identidade do anúncio, o outro a diversidade de forma e redação. Ficará, porém, sempre viva a convicção de que o Evangelho é um só: o alegre anúncio de Jesus. (Battaglia, 1984, p. 25 e 26)

Cânon é a palavra que, nas línguas orientais (dos quais se deriva) e em grego,

designa a regra, a medida e, por extensão, o catálogo. Em linguagem bíblica, significa os catálogos dos livros sagrados.

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Vulgata é o nome dado à tradução latina dos textos bíblicos devida a São

Jerônimo (420), o novo texto assim apresentado aos cristãos em breve se tornou de uso comum; donde o nome de vulgata (forma) que tomou. Antes de Jerônimo já existia outra tradução latina, comumente chamada Vetus latim ou pre-jeronimiana. (Bettencourt, 1960)

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Jesus, quando esteve encarnado entre nós, há dois mil anos, traçou-nos os fundamentos morais para a nossa conduta ética. Ele não nos deixou nada escrito. Todos os seus ensinamentos foram transmitidos oralmente. Na época, e mesmo hoje, a palavra oral tinha muito mais força do que a palavra escrita. No discurso oral, usamos gestos, os efeitos sonoros da voz, a repetição persuasiva e muito mais. De certa forma, a escrita é estática, dependendo muito mais do entendimento de quem lê.

Nas aulas, os mestres apelavam para a memória de seus discípulos e

procuravam facilitar-lhes a tarefa redigindo suas ideias em sentenças ritmadas quase cantantes, aptas a se guardar na mente dos ouvintes. Este método de ensino é denominado de catequese, palavra grega que significa "ressonância". O mestre devia fazer ecoar amplamente as suas sentenças. Catequizado era aquele a quem haviam feito ressoar os termos da doutrina.

As prédicas de Jesus foram ouvidas pelos seus seguidores, mas redigidas muito tempo depois de sua morte. Dentre os diversos evangelhos existentes, apenas quatro foram considerados canônicos, ou seja, considerados sagrados e de inspiração divina. Os outros foram classificados como apócrifos. Os quatro Evangelhos são: o Evangelho segundo Mateus, o Evangelho segundo Marcos, o Evangelho segundo Lucas e o Evangelho segundo João.

4. CADA UM DOS QUATRO EVANGELHOS

4.1. O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos, recolheu a pregação

apostólica palestinense e escreveu para os judeus convertidos ao cristianismo. O Evangelho de Mateus é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e

cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o

Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura

velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra). (Battaglia, 1984)

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O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora haja dados

enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro,

testemunha ocular dos fatos. (Battaglia, 1984)

4.3. O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua

intenção: escrever uma histórica de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição. (Battaglia, 1984)

4.4. O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO

O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual", aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual". (Battaglia, 1984)

5. OS EVANGELHOS SINÓTICOS

5.1. O EVANGELHO É UM SÓ, O ALEGRE ANÚNCIO

Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre

anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos. Entre eles, há alguns que se assemelham (Mateus, Marcos e Lucas) e, por isso, são chamados de

sinóticos (do grego sýn, "junto" e opsis, "visão"). O Evangelho de João não segue o padrão desses três. Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse).

5.2. SEMELHANÇA DE CONTEÚDO

À diferença de João, os três sinóticos dispõem o currículo da vida pública de Jesus segundo uma esquema muito simples, assim concebido: após o seu batismo, o jejum de quarenta dias e as tentações no deserto, Cristo prega na Galiléia, tendo como centro missionário a cidade de Cafarnaum; decorrido quase um ano de ministério, o Senhor desce à Judéia, passando em Jerusalém a sua última semana, no qual padeceu, morreu e ressuscitou (O Divino Mestre teria pregado durante um ano apenas, conforme os sinóticos)

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5.3. ALGUMAS ESTATÍSTICAS

O Evangelho de Mateus consta de 1.070 versículos aproximadamente, dos quais 330 lhe são próprios, 170 comuns com Marcos apenas, 230 comuns com Lucas somente e 340 comuns com Marcos e Lucas. Marcos escreveu 667 versículos, dos quais 68 lhe são próprios. Lucas, perto de 1.151 versículos, dos quais 541 são característicos de seu livro.

Conclui-se:

a) Mateus tem como propriedade sua cerca de uma terça parte do respectivo Evangelho; Marcos cerca de um décimo, Lucas aproximadamente metade. b) dividindo-se o conteúdo dos três sinóticos em seções, verifica-se que Mateus tem de próprio 42% desse material; Marcos, 7% e Lucas, 59%. (Bettencourt, 1960)

5.4. A CONTRIBUIÇÃO DO ESPÍRITO EMMANUEL

"As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista". (Xavier, 1977, pergunta 284)

6. CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS DOS EVANGELHOS

6.1. TEORIA DAS DUAS FONTES

Houve uma tradição oral, sendo a sua transcrição redigido de acordo com o modo de cada evangelista. Estes parecem ultrapassar as possibilidades da memória. Impõe-se admitir a tradição escrita, que melhor explique a

mencionada afinidade. Cada um dos evangelistas deve ter haurido dessa documentação escrita o respectivo material. Por isso a interdependência direta dos sinóticos.

A teoria das duas fontes é devida à: 1) um compêndio dos feitos de Jesus, que seria a forma primitiva do Evangelho de Marcos; 2) uma coletânea de frases e sermões de Cristo atribuída a Mateus. (Bettencourt, 1960)

6.2. DISPOSIÇÃO DAS SEÇÕES

Existem pequenos blocos literários já forjados anteriormente à redação dos Evangelhos e inseridos como tais sem desmembramento, nas narrativas dos três sinóticos. Verifica-se que os mesmos fatos são, por vezes, narrados com as mesmas palavras nos três sinóticos.

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a) Na oração do "Pai Nosso", há 7 petições em Mateus; em Lucas, 5. "Pai nosso que estais no céu, "Pai,

Santificado seja o vosso nome, Venha a nos o vosso reino

Santificado seja o vosso nome, Venha a nos o vosso reino Seja feita a vossa vontade

Assim na terra como no céu

O pão que nos é necessário, nos daí hoje O pão nosso de cada dia nos daí hoje Perdoai-nos as nossas dívidas assim como

Nós perdoamos os nosso devedores

Perdoai-nos os nossos pecados, pois nós Mesmos perdoamos a quem nos deve E não nos deixeis cair em tentação E não nos deixeis cair em tentação". Mas livrai-nos do mal (ou do Maligno)"

b) Mateus fala em 8 bem-aventuranças; Lucas em quatro. (Bettencourt, 1960)

7. CONCLUSÃO

Procuramos fazer uma síntese dos quatro Evangelhos. Resta-nos, por fim dizer, que um estudo mais aprofundado de cada um deles propiciar-nos-á um melhor conhecimento do ministério de Cristo.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BATTAGLIA, Oscar. Introdução aos Evangelhos: um estudo histórico-crítico. Tradução de Carlos A. de Costa Silva. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

BETTENCOURT, E. Dom. Para Entender os Evangelhos. Rio de Janeiro: Agir, 1960.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

Referências

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