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A arte Mesopotâmica. Atraídos pelas condições naturais, muitos foram os povos que afluíram a planície.

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Academic year: 2021

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O Contexto Histórico -Cultural

Mesopotâmica significa, á letra, “terra entre dois rios”. De facto, geograficamente, ela confina-se á extensa planície que, na ponta oriental do crescente Fértil, se estende entre-os-rios Tigre e Eufrates, tendo como limites naturais, sudeste, o Golfo Pérsico e, de nordeste, as cadeias rochosas da Anatólia e do planalto do Irão, respectivamente.

A mesopotâmia antiga conheceu uma situação meteorológica mais favorável. Irrigada por dois cursos de água com cheias periódicas d ritmos diferentes, a planície permanecia verde todo o ano e a humidade do ar atraia as chuvas no inicio da Primavera e do Outono. A fertilidade do solo incentivou a fixação das populações e permitiu o seu rápido

desenvolvimento: segundo os arqueólogos, ai surgiu a primeira grande civilização da Historia – a civilização suméria.

Atraídos pelas condições naturais, muitos foram os povos que afluíram a planície.

Os primeiros parecem ter sido os Sumérios. Chegaram por volta do 6° ou 5° milénio a. C e estabeleceram-se na parte sul da mesopotâmica, junto ao Golfo Pérsico.

Por meados do ǁǀ milénio a. C., toda a Suméria foi conquistada por povos semitas que, por se terem estabelecido primeiro na Caldeia, receberam o nome de Acádios ou Acadianos.

No último milénio antes da nossa era, a Mesopotâmica foi dominada pelos Assírios, povos também semitas que desde o começo do ǁ milénio, se haviam fixado na região a nordeste da planície mesopotâmica.

Esta heterogeneidade étnica e cultural deu origem a manifestações artísticas peculiares, sujeitas a múltiplas inter-influências e a uma evolução descontínua pois acompanhou as constantes oscilações político-militares dos seus principais centros.

Nestas circunstâncias fazer a síntese da arte mesopotâmica só se torna possível devido a terem existido elementos unificadores que, para além de todas as diversidades regionais, permitiram a existência de uma certa unidade cultural abrangente. Entre esses elementos unificadores destacamos sobretudo:

 O comércio, importante veículo de comunicação entre os povos e as regiões;  A escrita cuneiforme, que foi o modo de expressão comum;

 A religião, cujas bases, lançadas pelos Sumérios, foram depois sistematizadas e divulgadas pelos Acadianos.

A religião mesopotâmica assumiu sobretudo objectivos práticos e funcionais: prever a actuação dos deuses sobre a vida dos homens, evitar a sua ira aplacando-lhes os desejos, procura a sua ajuda e protecção, fazendo-lhes oferendas. E esta característica acentue o carácter pragmático da sua civilização e da sua arte, uma arte para os vivos que cantou os deuses, mas principalmente os reis e seus feitos político-militares.

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A escultura

AS TÉCNICAS E OS MATERIAIS

Grandemente limitada pela falta de pedra, a escultura da Mesopotâmia soube, no entanto, vencer as dificuldades e afirmar-se pela qualidade técnica e formal, pela variedade dos

materiais utilizados e pela diversidade das formas.

Com efeito, para além de vários tipos de pedra, os escultores mesopotâmicos trabalharam os metais (cobre, ouro, prata, e estanho) e desenvolveram as técnicas correspondentes, usaram a argila e a terracota, bem como o marfim, o alabastro e outros materiais raros.

Atingiram um alto nível de execução das técnicas e de qualidade estética que se caracterizou por,

 Obediência a um rigoroso cânone formal cuja padronização se impôs por condicionalismos de ordem técnica e não estética ou religiosa;

 Respeito pela lei da frontalidade e pelo convencionalismo dos tamanhos de representação de acordo com as posições sociais dos representados;

 Tendência para a idealização que visou atribuir respeitabilidade e dignidade as personagens representadas;

 A expressão formal denotou uma grande sintetização e estilização na representação do corpo Humano, com excepção dos rostos, das mãos e eventualmente dos pés, as representações animalistas obedeceram, a uma maior naturalismo;

 Tendência para estilização manifestou também através de um marcado gosto pela geometrização das formas e da composição, geralmente um cone ou cilindro;

 Por ultimo, apesar da idealização, a construção racional das imagens que se reproduziram de acordo com a maneira como se sabia que efectivamente eram (realismo conceptual) e não como se viam nos diferentes enquadramentos espaciais. Por isso a perspectiva nunca foi tida em consideração, e não existiram esforços.

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3 A ESTATUÁRIA

São numerosos os exemplos de estatuária no legado artístico dos povos mesopotâmicos, dos sumérios aos assírios. A maioria representa deuses, reis ou altos funcionários – a elite do poder de quem a arte depende nesta época.

Estas estátuas individuais obedeciam a tipologias preestabelecidas, cujas dimensões, posições e formas se mantiveram por largos períodos de tempo, embora com apreciáveis variações regionais. O tipo mais comum foi o do orante. O orante era uma estátua individual, destinadas a ser oferecida aos deuses como devoção ou objecto votivo.

Os exemplos mais famosos foram as estátuas do célebre Gudea, governador da cidade de Lagash, no século ΧΧΙ a. C.

As estátuas dos orantes estabeleciam-se segundo posições rígidas: sempre de pé, ou sentados, com os braços à frente do corpo, as mãos, uma sobre a outra, os longos dedos estendidos. A rigidez das formas e os movimentos contidos dão-lhes ar de compacto de “estátuas blocos”, o que e acentuado, igualmente, pelas suas proporções atarracadas, inferiores ao normal (a cabeça esta sempre representada numa escala superior à do resto do corpo).

Para além dos orantes, a estatuária mesopotâmica deixa-nos ainda estátuas de deuses e outros seres mitológicos, destinados aos templos e as capelas privadas, e estátuas, bustos ou cabeças de reis e altos funcionários. Em todas e possível reconhecer o estilo do artista

mesopotâmico: as feições não personalizadas têm sobrancelhas bem marcadas, unidas sobre o nariz; as barbas e eventualmente o cabelo, os gorros de lã usada pelos sumérios ou os turbantes dos reis assírios são tratados com artifício pormenor; o mesmo cuidado se encontra nas vestes, sempre longas, que configuram linearmente as formas; particularidade

interessante é a dos olhos, arredondados, de pálpebras bem delineadas e contornadas a tinta negra, com enormes íris redondas, feitas de incrustações de lápis-lazúli.

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4 OS RELEVOS

Muitos abundantes, os relevos constituem hoje, a par da estatuária, um dos aspectos mais distintos da arte mesopotâmica. A sua individualidade ficou marcada:

 Na temática, descritiva e narrativa, que reflecte o universo social, politico e religioso das nações mesopotâmicas;

 Nas técnicas (gravura, alto e baixo-relevo) e formas de representação onde predomina a estilização e o hieratismo;

 Nos suportes e sua tipologia – estelas, obeliscos, selos ou marcos territoriais. Utilizados sobretudo com a função de decorar a arquitectura dos templos e palácios, os relevos escultóricos exerceram simultaneamente importantes funções comemorativas de carácter político, religioso e até privado. Estas funções evidenciam-se também nos temas representados: rituais religiosos, episódios da vida política e militar, a vida dos deuses, cenas de caça e de guerra, figuras individuais de animais emblemáticos e de génios, estas duas últimas com um acentuado significado religioso e mágico.

As cenas descritivas ou narrativas dispunham-se normalmente em faixas ou bandas

sobrepostas onde, sem perspectiva e em cenários esquemáticos, os episódios se sucediam em cortejo.

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A Pintura

Nascida, segundo se crê, da pintura sobre os relevos, a pintura verdadeiramente dita foi usada para os substituir, devido à falta de pedra e outros materiais escultóricos no espaço mesopotâmico.

Infelizmente, o que resta dessa pintura parietal da mesopotâmica antiga é, hoje, muito pouco – alguns fragmentos de estuques pintados originários de dois palácios: o de Zimri-Lim, da cidade de Mari, no Norte da suméria (2° milénio a. C.); e o de Til-Barsip, mandado construir por Tilagrapileser ΙΙΙ, no século VΙΙΙ a. C.

Pelas formas, pela composição, pela técnica das narrativas e pelo sentido decorativo obedeceram ao estilo mesopotâmico já definido para os relevos. O colorido era vivo com mais incidências no preto, branco, vermelho e amarelo.

O testemunho hoje conhecido deixa-nos concluir que as cenas predominantes foram os rituais de corte (audiências, coroamento, passagem do poder) e as cerimónias sociais com carácter festivo e comemorativo.

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