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O Nascimento de Cartago. KORMIKIARI, M. C. N O Nascimento de Cartago. S.P., Labeca - MAE/USP. [revisã o Labeca]

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KORMIKIARI, M. C. N.

2015. O Nascimento de Cartago. S.P., Labeca - MAE/USP. [revisã o Labeca]

Enéias conta a Dido sobre a queda de Tróia, por Pierre-Narcisse Guérin

Reza a lenda:

Mutto/Mattam, rei de Tiro

deixa, à sua morte, o reino para seus dois fi lhos. Pygmalião (fen. Pumayaton), de 14 anos, e Alissa ( ‘lšt ou ‘ršt).

Retirada do trono pelo povo, que preferiu o irmão, Alissa

casa-se com o seu rico e poderoso tio, Séc(h)arbas / Acherbas,

sacerdote-mor de Héracles

(ou seja, Melqart, a grande divindade de Tiro).

(2)

Em seguida, Pygmalião, ávido de riquezas, planeja tomar posse do tesouro do templo de Melqart. Não hesita e manda assassinar seu tio e cunhado, acreditando que tal ato levaria sua irmã a procurar sua proteção.

Mas Alissa, contanto com o apoio de aristocratas tírios descontentes com a ação do rei, contra-ataca

com outro plano.

Ela põe em ação uma artimanha para conseguir levar consigo os tesouros de seu esposo, e os tesouros do templo, dos quais era guardião, salvando-a da cupidez de seu irmão. Ela manda informar-lhe que

gostaria de juntar-se a ele em seu palácio.

Pygmalião, encantado com esta perspectiva, lhe envia até os

seus servos. Alissa, enquanto isso, manda carregar seu navio com

sacos de areia amarrados com cuidado de maneira a parecer que guardavam os tesouros.

Uma vez afastados da costa, ela ordena

aos servos de seu irmão que lancem ao mar os sacos, e passa a invocar os espíritos familiares, para a vingança, de seu marido (manes), conjurando-os a aceitarem como oferenda propiciatória

este ouro que causou a infelicidade deles.

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Em seguida, ela volta-se para os servos e os acautela contra a cólera do rei

quando ele soubesse que eles haviam contribuído para o desaparecimento das riquezas que ele almejava.

Estes, amedrontados, concordam em lhe acompanhar.

A embarcação de Alissa recebe, então, aqueles aristocratas que a apoiavam, e, a frota, carregada de tesouros e da sacra (objetos litúrgicos) do templo de Melqart, lança-se em direção à Chipre. Ali, o sacerdote-mor de Juno (Ashtart/ Astarté), propõe acompanhar os fugitivos com sua família, com a condição que fosse entregue à sua descendência a dignidade sacerdotal (hereditariedade). [Justino precisa que Alissa rapta

80 jovens que iriam

se entregar à prostituição sacra (de Astarté), para entregá-las em casamento aos seus companheiros, assegurando, assim, a perenidade da cidade nova que ela

tinha em mente fundar].

Furioso com a notícia da fuga de sua irmã, Pygmalião lança-se à sua

perseguição. Mas os presságios (devins) o dessuadem, lembrando-o que “não se perturbaria impunimente o estabelecimento de uma cidade que o

favor dos deuses já a distinguiam do resto do mundo”.

(4)

Quanto aos fugitivos, eles se dirigiram para as costas africanas. Ali Alissa

ganharia o nome de Dido. Os indígenas, de pronto, a recebem bem, mas logo que Alissa/Dido demanda uma terra

para se estabelecer, eles tornam-se reticentes. A princesa tíria, sempre pródiga em ruses, pede o tanto de terra que uma pele

de boi pudesse cobrir.

Os africanos, acreditando que ela não sabia o que dizia, aceitaram.

Após ter recortado

a pele de um boi (Byrsa em grego)

em finíssimas, tiras, Alissa consegue circunscrever um espaço bastante vasto onde poderia

se estabelecer com seus companheiros. Os autóctones, pegos no seu próprio jogo, mantém a palavra e lhe cedem o terreno desde que ela pagasse um tributo anual. Os habitantes de Útica, colônia fenícia vizinha, enviam então presentes aos recém-chegados, encorajando-os a fundarem uma cidade.

Logo que Alissa/ Didon e seus companheiros começaram a sulcar o solo para fincar

as fundações de sua nova cidade

(5)

Esta foi interpretada como um mal presságio.

Eles mudaram o local e desenterraram, dessa vez uma cabeça de cavalo, presságio das qualidades guerreiras e de poder da nova fundação.

(Mais tarde, apos a consolidação da nova cidade com a chegada de novas populações imigrantes (vindos da costa Siro-Palestina e de Chipre) e de autóctones), a lenda conta que Hiarbas, o rei africano, pede Alissa/ Dido em casamento.

Esta querendo permanecer fiel ao seu esposo defunto, mas consciente das

ameaças que cairiam sobre sua cidade caso recusasse, se

saiu com uma última ruse: ela finge aceitar a proposta de Hiarbas e exige que se sacrifique aos manes do marido.

Ao fim de três meses de

cerimônias, ela se joga sobre a pira, evitando assim uma nova união e afastando a ameaça de uma guerra.

Referências bibliográficas

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