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Palavras-Chaves: Formação profissional, Estágio, Serviço Social

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Academic year: 2021

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO: A PERCEPÇÃO DOS/DAS DISCENTES DA FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL/ UFJF

Ana Maria Ferreira1

Marina Monteiro de Castro e Castro2

RESUMO

O Estágio Supervisionado é uma das atividades curriculares obrigatórias, indispensáveis do currículo de Serviço Social e configura-se a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional. Nesse sentido, o presente artigo apresenta pesquisa realizada com discentes da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora que visou avaliar a inserção dos/das discentes nos campos de estágio e a relação teoria/prática.

Palavras-Chaves: Formação profissional, Estágio, Serviço Social

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Profa. da Faculdade de Serviço Social/ Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutoranda em Serviço Social/UFRJ. 2

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Introdução

O presente artigo tem por objetivo apresentar resultados da pesquisa realizada com as/os discentes da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (FSS/UFJF) que versou sobre o estágio supervisionado.

Na FSS/UFJF, a atividade de estágio inicia no sexto período do curso de Serviço Social, quando o discente já cursou as disciplinas Fundamentos do Serviço Social III, Ética e Serviço Social, Pesquisa e Serviço Social II, que constituem os pré-requisitos necessários.

A carga horária total mínima do Estágio Supervisionado no campo de estágio é de 510 horas, distribuídas em três semestres, sendo 170 horas mínimas para o Estágio Curricular I, 170 horas mínimas para o Estágio Curricular II e 170 horas mínimas para o Estágio Curricular III.

Tal pesquisa trata-se da continuidade de um processo iniciado no segundo semestre de 2015 com a pesquisa de acompanhamento do estágio supervisionado. Esta visou instrumentalizar a Comissão Orientadora de Estágio (COE) para avaliação e redesenho das suas atividades, no intuito de qualificar sua relação com os profissionais e com os campos de estágio, estreitando e qualificando o respaldo aos alunos estagiários e aos supervisores de campo e acadêmicos. Foram entrevistados 48 assistentes sociais que são supervisores de campo de estágio, distribuídos em 32 instituições.

Diante dos resultados obtidos, apontou-se como necessária a continuidade da aproximação com a realidade do estágio através dos estudantes envolvidos neste processo.

Optou-se por construir um questionário com questões abertas, que abordavam elementos sobre a organização do estágio e da supervisão, bem como a contribuição destes para o processo de formação do aluno.

Nesse sentido, e também buscando desvelar mais elementos que compõem o perfil do/da estudante estagiário, foi realizada no período de outubro a novembro de 2015, pesquisa junto aos alunos que estão inseridos em estágio II e III. Fazem parte desse universo 38 alunos, inseridos nos mais diversos espaços sócio ocupacionais que oferecem vagas de estágio. No entanto, 34 discentes responderam ao questionário.

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1. O Estágio Supervisionado

Os apontamentos trazidos pelos supervisores entrevistados na primeira etapa da pesquisa apontam traços de uma nova realidade que traz desafios a serem enfrentados no âmbito da formação profissional. Um dos elementos centrais refere-se ao perfil do aluno estagiário, que tem se materializado carregado de possibilidades e limites no exercício da atividade de estágio.

Diversas mudanças no contexto sócio histórico, econômico e cultural tem se materializado no perfil dos graduandos, carregando a formação de novas possibilidades, mas também trazendo desafios a serem enfrentados.

O momento do estágio supervisionado é rico de possibilidades para compreender o solo histórico em que tanto a formação quanto o exercício profissional acontecem. Nesse terreno, temos um conjunto de correlação de forças em torno de prospecções e concretização das respostas profissionais às demandas postas aos assistentes sociais. O exercício profissional, e também a formação, é campos tenso de disputa entre projetos diferenciados que buscam direcionar o fazer profissional em acordo com objetivos também diferenciados.

Na contemporaneidade, temos um conjunto de demandas colocadas pelo mercado que buscam profissionais capazes de dar respostas imediatas e burocratizadas, muitas vezes vazias de compreensão crítica. Buscam–se profissionais que tem o seu horizonte profissional vinculado ao horizonte e ao conjunto de princípios das políticas sociais as quais se inserem profissionalmente.

Diante dessa realidade faz-se urgente o fortalecimento do Projeto Ético Político Profissional, este enquanto norte para o projeto de formação profissional. É neste terreno tenso que a formação está materializada, são nos espaços de atuação profissional densos de disputas, que os estudantes estagiários se inserem em um momento especial da sua formação.

De acordo com Guerra (2015) 3 devemos pensar o exercício profissional vinculado ao cotidiano e sua dinâmica, desta forma, não se pode pensar e discutir o exercício profissional sem nos remetemos o solo concreto em que esse exercício

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acontece, sem termos a estrutura do cotidiano somo base. Partindo da premissa que a formação profissional é inseparável do exercício, é necessário compreender esse solo concreto para buscar possibilidades e estratégias para conhecer e intervir criticamente nessa realidade.

2. Os dados da pesquisa: desvelando a realidade do estágio supervisionado

Na FSS/UFJF, aa etapas de inserção no estágio I são as seguintes: primeiramente há a divulgação e apresentação dos campos de estágio com vagas disponíveis, logo após é feito o processo seletivo que é realizado pela própria supervisora de campo.

Nesse sentido, foi questionado as/aos discentes sobre a preparação para a seleção de estágio. 29 alunos/alunas declararam terem buscado alguma preparação para participar da seleção. As formas mais frequentes de preparação citadas foram: realização de leituras referentes à área do campo, buscas sobre a instituição, leitura de material indicado pelo campo, troca com alunos/alunas que já realizam estágio na área, conversa com professores da área temática. Os que declararam não se preparar para a seleção, justificaram que tiveram dificuldades por não haver indicação bibliográfica para a realização da seleção.

Conforme apontado pelas supervisores de campo em pesquisa anterior, o interesse, a pró-atividade e a busca de conhecimento prévio sobre a área e o campo de estágio é importante durante o processo de seleção do estagiário. Tais critérios são considerados juntamente com a disponibilidade, o interesse pelo campo de estágio, a facilidade de comunicação e linguagem oral e escrita e a ética (COE, 2015).

Uma vez inseridos no campo de estágio, entende-se como essencial que os/as discentes avancem nos conhecimentos acerca do trabalho profissional na área do estágio. Nesse sentido, foi indagado se houve busca de capacitação para o campo. 33 discentes responderam positivamente e apenas 01 não respondeu a questão. As formas

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mais frequentes de capacitação no campo foram: leitura de materiais e textos fornecidos pelos supervisores de campo e textos da areado estágio; troca com o supervisor de campo; troca com o supervisor acadêmico através da oficina de supervisão; participação de eventos da área; troca com estagiários e bolsistas; inserção em laboratórios com temáticas atinentes ao campo de estágio.

Observa-se que as/os discentes, em sua maioria, buscam se capacitar para a entrada no campo de estágio. Essa capacitação se baseia na busca de conhecimento da área específica na qual o estudante se insere como estagiário/estagiária.

Sobre como ocorre a organização da supervisão de campo de estágio, a maioria dos entrevistados apontou que a supervisão acontece durante o processo de realização das atividades, através do acompanhamento do assistente social nas atividades cotidianas, e/ou após cada atendimento, ou ainda no final do dia de atividades; foram apontadas com grande frequência também a realização da supervisão através de grupos de estudo, leituras e discussão de casos no campo.

Sinaliza-se que ainda temos que avançar na compreensão e na organização do processo de supervisão. Os parâmetros definidos na PNE (2010), bem como nas demais regulamentações pertinentes ao estágio apontam como necessária a supervisão não só na academia como também no campo. Entendendo a supervisão como o momento de parada para reflexão sobre fazer profissional. Desta forma, ainda temos limites à realização da supervisão no campo de forma contínua e sistemática, com dia e horário definidos para tal reflexão.

Ao serem indagados sobre as expectativas em relação a supervisão acadêmica e suas sugestões para este espaço, os/as discentes apontaram questões, como: tirar dúvidas e orientar sobre o campo; adensar o conhecimento teórico, construção de troca de experiências; unidade entre teoria e prática; apreender o trabalho do assistente social; aprender a utilizar os instrumentos; conhecer a rede; conhecer a residência; aprender a legislações; capacitação para ser propositivo, questionador e ético.

As sugestões apresentadas para adensar as oficinas de supervisão foram: discussão teórica; indicações bibliográficas; intercâmbio e interação com outras áreas; realização de visitas institucionais; discussão de casos, legislações e regulamentação profissional; maior diálogo com o campo; realização de rodas de conversa.

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a supervisão acadêmica está imbricada diretamente com a finalidade social da profissão, na prestação de serviços sociais, que consiste, dentre outras questões, em conhecer e refletir com os(as) estagiários(as), em pequenos grupos, a realidade profissional nos campos de estágio, reconhecer os limites e possibilidades das respostas profissionais nas diferentes organizações no enfrentamento das expressões da "questão social", reconhecer e debater os elementos constitutivos do projeto profissional em curso nos espaços socioocupacionais e sua relação com o projeto hegemônico da profissão. Partindo da premissa gramsciana de que toda relação de hegemonia é eminentemente pedagógica (GRAMSCI, 1995) por estar inscrita em processos contraditórios de organização e reorganização da cultura, verifica-se que a vinculação da supervisão de estágio ao projeto político-profissional também requer ser operacionalizada no trabalho cotidiano do supervisor de campo junto aos estudantes. Dessa forma, a supervisão requer, fundamentalmente, reflexão sobre o projeto técnico-político, o que se dá pela oportunidade que tem o(a) estudante de, junto com o(a) supervisor(a) acadêmico, pensar sobre o trabalho profissional (PNE, 2010, p.17)

Considera-se que as indicações sobre as expectativas dos/das estudantes vão ao encontro das propostas da PNE (2010), reafirmando a importância desse espaço como parte do processo de supervisão, na construção de referências para os estudantes, em conjunto com a supervisão de campo.

Como apontado anteriormente, sobre a supervisão de campo, é preciso avançar na sua organização e estruturação. É fundamental que a supervisão ocorra conjuntamente, como partes do mesmo processo formativo, com particularidades de competem a cada uma, mas que tem um mesmo objetivo de auxiliar o aluno na síntese de sua formação.

No que se refere ao formato das Oficinas Integradas (envolve os três sujeitos do processo de estágio) a avaliação é positiva, pois segundo os/as estudantes, esta promove discussões de temas relevantes, realiza troca de experiências e a reflexão sobre o cotidiano. Foram apontadas como sugestões para estas oficinas a necessidade de conciliar com a disponibilidade dos assistentes sociais e a necessidade de realização de mais oficinas integradas ao longo do semestre, bem como maior planejamento das mesmas.

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Tomamos como parâmetro para a formação o conjunto de elementos e diretrizes presentes no Projeto Ético Político do Serviço Social. O projeto de formação que perseguimos tem como pressuposto o conhecimento crítico da realidade concreta, para que possamos intervir de forma crítica na realidade social é preciso conhecê-la de refleti-la também de forma crítica.

Segundo Neto (1993, p.72) apud Lewgoy (2016, p.11)

A teoria e a prática são inseparáveis do processo de conhecimento, constituindo-se em unidade indissolúvel. A prática precisa ser entendida com base em categorias mais globais, colocando à prova os conceitos e as teorias que estabelecem veracidade ou falsidade. A teoria é o ponto de partida, mas não é determinante nem prevalece sobre a prática; ela se apropria do concreto para transformá-lo em concreto pensado, efetivando a abstração. A realidade mantém sua autonomia diante da teoria, que não se gesta, não brota da prática. A teoria “é um outro nível de conhecimento, que se testa na prática, mas que não emerge da prática. Que tem vinculações com a prática, mas que são vinculações extremamente mediatizadas [...]” (NETTO, 1993, p. 72).

Com esse referencial foi solicitado que, a partir da experiência de estágio, os/as alunos relatassem como é construída a mediação entre a teoria e a prática no âmbito da supervisão de campo e a supervisão acadêmica.

No que se refere a supervisão de campo, os elementos levantados com maior frequência nas respostas foram: Leituras e discussão teórica; identificação das expressões da questão social; a teoria é base para a prática; melhor compreensão da realidade; o que é passado em sala é oposto da realidade; é a apreensão da teoria na prática; busca de estratégias na dimensão teórico-metodológica; construção de estratégias; orientações sobre direitos; aplicação dos instrumentos; entre outros apontamentos no mesmo sentido.

Já referente à supervisão acadêmica a resposta mais citada foi referente à realizar relato da prática, discussão de casos na oficina de supervisão. Foram apontadas também, com menor frequência, questões como: reflexões sobre a atuação, instrumentos e técnicas; aprender o que não pode fazer nos atendimentos ao usuário; troca de experiência com outros campos; leitura de textos; discussão sobre a realidade dos

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campos de estágio; construção do senso crítico; debates em grupo; aplicação da teoria na prática, entre outras questões.

Pode-se verificar através dos elementos citados pelos/pelas discentes, uma confusão e dificuldade de visualizar a medição entre teoria e prática. O elemento que mais se destaca no evidenciamento dessa questão se refere que, para os alunos, a mediação entre teoria e prática se realiza quando se faz leituras no campo de estágio, e na supervisão acadêmica quando se discute casos ou demandas vindas da “realidade”.

Construir estratégias pedagógicas que visem fortalecer o debate sobre essa questão é necessário e urgente para a formação profissional. Temos aqui um grande desafio posto para os docentes, não só os envolvidos em processos de supervisão acadêmica, mas todo o corpo docente, e supervisores de campo de estágio.

Ao mesmo tempo em que a dificuldade na construção da mediação entre teoria e prática se evidencia nas colocações dos/das estudantes, quando perguntados se sentem alguma dificuldade em relacionar as disciplinas oferecidas do 1º ao 5º período com o estágio e a oficina de supervisão, a grande maioria respondeu que não sente dificuldade. Entre os 34 entrevistados, 25 afirmaram não sentir nenhuma dificuldade, 05 relataram sentir alguma dificuldade e 03 não responderam.

Diante do exposto podemos levantar a hipótese de que há uma incongruência entre as respostas das duas últimas questões. Se os alunos não sentem dificuldades em correlacionar os conteúdos das disciplinas até o 5º período – que possuem uma densidade teórica mais marcante - com a atividade de estágio e supervisão – com um caráter teórico-prático mais evidenciado –, como podemos compreender os equívocos na concepção da relação entre teoria e prática no processo de supervisão?

O estágio é um locus especial do ensino da prática durante o processo de formação, não o único, mas materializa nas atividades cotidianas nos espaços sócio ocupacionais dos assistentes sociais as possibilidades dos estudantes vivenciarem as possibilidades, estratégias, medições e limites que envolvem o fazer do assistente social. Dá possibilidade do momento único de experiência viva das contradições postas a profissão e do exercício da autonomia profissional, mesmo que de forma relativa.

A partir do momento de inserção no estágio em campo temos a possibilidade de reflexão sobre a formação, seus desafios contemporâneos e suas possibilidades enquanto base de fortalecimento do Projeto Ético Político do Serviço Social. Dessa

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forma, temos que construir reflexões que nos possibilitem compreender os caminhos e descaminhos da formação.

Neste momento da pesquisa, tem-se alunos/alunas em processo avançado da formação – inseridos em estágio II e III – com um perfil que já conta potencialmente com um amadurecimento sobre a formação, o significado social da profissão e uma condição de conhecimento que lhe fornece elementos para pensar criticamente o contexto e as particularidades sócio históricas em que se insere como sujeito.

Segundo os/as estudantes as disciplinas fundamentais para a construção da relação teoria e prática são: Ética e Serviço Social; Fundamentos Históricos e Teórico Metodológicos do Serviço Social; Trabalho e Serviço Social; Seguridade Social II; Questão Social e Serviço Social; Seguridade Social II; Laboratório de Saúde. Também apareceram com menor frequência as Oficinas de Trabalho Profissional I e II, Gestão e Planejamento, Classes e Movimentos Sociais, Política Social, Pensamento Social, Questão Social e Desenvolvimento Regional e Subjetividade e Cultura.

As disciplinas que foram citadas que tem maior dificuldade de construção de mediação entre teoria e prática são: Economia Brasileira, Estatística, Psicologia Social, Antropologia da Religião, Filosofia e Sociologia. Todas essas disciplinas são ofertadas por departamentos externos a Faculdade de Serviço Social.

Finaliza-se esse ponto, ressaltando a fala de um dos entrevistados que apontou não sentir dificuldade em correlacionar a formação até o 5º período com o estágio, pois “o estágio permitiu entender o sentido das disciplinas”. Essa fala remete a importância do processo de formação como um todo, e a necessidade de se constituir e fortalecer e debate sobre a relação entre teoria e prática durante todo o processo formativo.

2.2 A Contribuição do Estágio para o campo e os desafios e possibilidades

Com relação a contribuição do estágio para a formação, as respostas mais frequentes destacam: conhecer e vivenciar o trabalho do assistente social; vivenciar a relação teoria e prática; visualizar as expressões da questão social através da aproximação com a realidade. Também foram citadas a possibilidade de conhecimento, aprendizado e amadurecimento profissional e pessoal, a preparação para a prática e o trabalho em equipe.

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Sobre a contribuição do estágio para o serviço três aspectos foram mais frequentes: contribuição para a atualização do profissional assistente social; a troca de conhecimentos; e o desenvolvimento de atividades que o assistente social sozinho não daria conta. Outros elementos menos frequentes foram: problematização da realidade; troca com os usuários; articulação com outras áreas; aprendizado e maior compreensão sobre as respostas a serem dadas aos usuários.

Essas considerações confirmam a contribuição do estágio apontada pelos assistentes sociais supervisores de campo. Dentre as contribuições destacadas pelos supervisores a possibilidade de atualização profissional através do contado com os estagiários e a Faculdade de Serviço Social, e a possibilidade de ampliação do setor em que se insere são as maiores contribuições do estágio (COE, 2015).

Outra importante questão se refere aos principais desafios e problemas no processo de supervisão de estágio, no que tange a supervisão de campo e acadêmica.

Os desafios para a supervisão de campo, apontados pelos estagiários se convergem para os apontados pelas supervisoras, destacados na pesquisa anterior. Os supervisores apontaram 4 eixos em que os desafios se concentram: particularidades e características das instituições e do trabalho; organização da supervisão de estágio; relação estabelecida com a FSS e perfil do aluno estagiário (COE, 2015).

Na supervisão de campo foram apontados como desafios, em ordem de maior frequência: grande demanda nos serviços; tempo para a realização da supervisão; divergências teóricas com o supervisor; falta de autonomia do estagiário; as condições de trabalho; o trabalho em equipe e as políticas sociais. Também apareceram questões como: atividades burocráticas; interferência de profissionais de outras áreas; limites institucionais; ausência de rotatividade entre os campos; contribuição com o assistente social na construção de alternativas de trabalho; falta de atualização dos profissionais e por ser a primeira aproximação com a prática.

Sobre os desafios e problemas na supervisão acadêmica foram apontados: Conciliação entre teoria e prática; horário da supervisão; necessidade de mais oficinas integradas com a presença de supervisores de campo e alunos; maior acompanhamento dos campos e da realidade vivenciada pelos alunos; falta de planejamento. Dentre os entrevistados 06 não responderam essa questão. Também foram citadas com menor frequência: a necessidade da supervisão acadêmica ser mais dinâmica, participativa;

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necessidade de diferenciar as etapas e processos do estágio em I, II e III; pouco tempo; e realizar intercâmbio com outras oficinas.

Como última questão, aos/as discentes foram perguntados se sentem preparados para o mercado de trabalho. A grande maioria, 19 respondentes, disse que sim, 02 responderam pouco preparados e 05 responderam que não se sentem preparados. Entre os que responderam que não se sentem preparados a maior frequência de alegação se deve a insegurança pela falta de contato com outras áreas diferentes da que o aluno se insere como estagiário. Os demais não responderam.

Neste ponto é preciso destacar a importância do caráter generalista da formação profissional, tendo as refrações da questão social como objeto do trabalho do assistente social e o trabalho como eixo central tanto para o exercício, quanto para a formação profissional.

Nesse sentido, segundo as Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social da ABEPSS (1999, p. 01) a definição do perfil do bacharel em serviço social é apontada como:

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho. Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social.

Desta forma o profissional deve ser dotado de competência crítica e capacidade teórico-metodológica e ético-política para interpretar e intervir nos processos sociais através de competências técnico-operativas, compreendendo o significado social da profissão, as particularidades sócio históricas do desenvolvimento do capitalismo do país “desvelando possibilidades de ação contidas na realidade” (ABEPSS, 1999,p.1).

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A dimensão formativa tem que ter sólidas bases políticas: ter uma direção social definida construída pelo conjunto da categoria profissional; estabelecer vínculos estreitos com o projeto ético-político; ter domínio de bases técnico-instrumentais: desenvolver sua instrumentalidade capacitando profissionais a darem respostas cada vez mais qualificadas, atendendo as demandas do mercado e indo além delas; ter em vista a construção de novas bases de legitimidade através dos atendimentos de demandas imediatas e potenciais; ter uma direção que se articule teórica e praticamente aos projetos e forças progressistas da sociedade burguesa.

O estágio deve possibilitar que o estudante estabeleça relações imediatas entre os conhecimentos teórico-metodológicos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativa e o desenvolvimento de competências necessárias ao agir profissional e o reconhecimento do compromisso da ação profissional com a classe trabalhadora. O estágio supervisionado configura-se enquanto momento do processo ensino-aprendizagem, devendo ser compreendido como um conjunto articulado, que tenha como base a dimensão pedagógica e o atributo de ser teórico-prático.

A formação deve proporcionar uma reflexão sobre a razão instrumental, sobre adequação entre meios e fins, de modo a levar os estudantes a reconhecerem os fins de suas ações e a perguntarem pelas simplificações éticas e pela direção estratégica das finalidades profissionais. Cabe a formação continuada permitir a compreensão das diferenças substantivas entre os diferentes projetos profissionais que se confrontam no interior da categoria.

Ficam os desafios de pensarmos estratégias para lidar com as novas características do perfil do aluno de graduação, as condições do trabalho docente nesse contexto, a necessidade de organização e fortalecimento do processo de supervisão de estágio como um todo, a busca de qualificação constante, entre outros desafios que se colocam como ordem do dia na busca de uma formação de qualidade.

Referências Bibliográficas

ABEPSS. Diretrizes Curriculares para o Curso de serviço Social. 1999. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_diretrizes.pdf . Acesso em: 31 de janeiro de 2016.

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COMISSÃO ORIENTADORA DE ESTÁGIO. Pesquisa de Acompanhamento do Estágio Supervisionado. Relatório de Pesquisa. Faculdade de Serviço Social. UFJF, 2015.

LEWGOY, Alzira. SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO E EXERCÍCIO PROFISSIONAL. Disponível em: http://www.ufal.edu.br/noticias/2008/10/roda-de-conversa-acontece-nesta-quarta-29/estagio.pdf . Acesso em 30 de janeiro de 2016.

NETTO, José Paulo; FALEIROS, Vicente de Paula. Teoria, método e história na formação profissional. Cadernos ABESS – O processo da formação profissional do assistente social, São Paulo: Cortez, n. 1, 1993.

Referências

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