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AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES ZOOTÉCNICOS DE PEQUENAS PROPRIEDADES LEITEIRAS RESUMO

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AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES ZOOTÉCNICOS DE PEQUENAS PROPRIEDADES LEITEIRAS

Daiane Aparecida Fausto1; Reinaldo Cunha de Oliveira Junior2; Juliano José de Resende Fernandes3; Fernando Andrade Lima4

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Bolsista PBIC/UEG, curso de Zootecnia, UnU São Luís de Montes Belos - UEG. 2

Orientador, docente do Curso de Zootecnia, UnU São Luís de Montes Belos – UEG. 3

Docente do curso de Veterinária - UFG 4

Graduando do curso de Zootecnia, UnU São Luís de Montes Belos – UEG.

RESUMO

O projeto teve como objetivo avaliar os índices zootécnicos das pequenas propriedades leiteiras da região de São Luís de Montes Belos. Considerou-se pequeno produtor aquele com produção média de até 50 litros/dia. O estudo foi realizado em 25 propriedades. A escolha dos produtores foi feita por sorteio. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas com questionário aos produtores sorteados com a finalidade de levantar os índices zootécnicos. O questionário foi formulado para obter as seguintes informações: intervalo entre partos (IEP), período de serviço, idade a primeira cobrição e parto, produção média por vaca, produção de leite por hectare/ano, período de lactação e mão-de-obra por litro de leite produzido. As pequenas propriedades leiteiras (produção até 50 l/d) de São Luis de Montes Belos apresentaram índices zootécnicos abaixo dos preconizados, necessitando melhoria no manejo produtivo e reprodutivo para aprimorar o uso dos recursos disponíveis.

Palavras-chave: propriedades leiteiras, eficiência técnica, leite, produção.

Introdução

A cadeia agroindustrial do leite teve um divisor de águas na década de 1990. A partir deste período, profundas transformações ocorreram em todo o setor, as quais foram induzidas pela desregulamentação do mercado, política de abertura comercial, formalização do Mercosul, estabilidade macroeconômica, nova estrutura de produção e comercialização e também, pelo crescente poder e discernimento do mercado consumidor, cada vez mais segmentado e exigente em qualidade, preços e variedade de produtos (Gomes, 2001; Zoccal, 2001). A ocorrência desses fatos trouxe um aumento da concorrência em todos os elos da

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cadeia produtiva do leite e os tem forçado a implementar novas estratégias, visando obter ganhos de competitividade (Souza, 2000; Zoccal, 2001).

A inexistência de fontes de informações confiáveis faz com que haja a necessidade de se elevar o nível da eficiência técnico-econômica dos sistemas de produção, que devem ser sustentáveis e competitivos. Para que isso aconteça, os produtores devem ter uma nova visão de gestão de suas propriedades (Fernandes e Nogueira, 2005). A utilização dos índices zootécnicos se torna imprescindível para se medir a eficiência dos sistemas de produção. Tais índices levam em conta, diretamente os índices produtivos da propriedade.

A produtividade de uma propriedade é entendida como a relação entre as quantidades de seus produtos e insumos e pode variar devido à diferença na tecnologia de produção, na eficiência dos processos de produção e no ambiente em que ocorre a produção. Quanto ao que diz respeito à eficiência, pode ser entendida como uma comparação entre os valores de produtividade observados e os valores ótimos (Souza, 2003).

A realização da escrituração zootécnica depende da presença de uma pessoa capaz de executar esta atividade de forma disciplinada. Apesar de ser uma atividade simples, num país como o Brasil, com elevados índices de analfabetismo, isso pode ser bastante difícil de ser executado na prática. Entretanto, qualquer empregado alfabetizado pode ser treinado para coletar dados. É importante que a pessoa encarregada de registrar os dados seja consciente da importância deste trabalho para o melhoramento da produção do rebanho (Quirino et al., 2004). Mesmo com essas facilidades, é comum os produtores fazerem a tomada de decisão condicionados à sua experiência, à tradição, ao potencial da região, à falta de outras opções e à disponibilidade de recursos financeiros e de mão-de-obra (Oliveira et al., 2001). Por isso, é importante a escrituração zootécnica da propriedade, pois dadas as características específicas de cada região, não existe uma receita única, pronta e definitiva, que possa ser aplicada a todas as unidades de produção.

O desempenho zootécnico da atividade leiteira pode ser avaliado através de vários índices zootécnicos, da relação entre eles e também pela análise econômica. Tem-se utilizado como índices: 1) produção média por vaca em lactação/dia; 2) produção média diária pelo total de vacas do rebanho; 3) produção de leite por hectare/ano; 4) taxa de natalidade; 5) idade ao primeiro parto; 6) intervalo entre partos; 7) litros de leite por quilo de concentrado fornecido; e 8) mão-de-obra por litro de leite produzido (Oliveira et al., 2001; Martins, 1988; Gomes, 1997; Schiffler, 1998). Isso vai determinar a análise de desempenho econômico da propriedade e retorno sobre o investimento.

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Sob este aspecto, produzir leite a baixos custos, e também com qualidade, requer a gestão eficiente do empreendimento, implicando na adoção de controles dos índices zootécnicos. Sendo assim, avaliar o desempenho da pecuária leiteira permite identificar possíveis entraves ao seu desenvolvimento e falhas na administração, fornecendo subsídios à tomada de decisões do produtor.

O presente estudo teve como objetivo levantar e avaliar os índices zootécnicos da atividade leiteira das pequenas propriedades produtoras de leite (até 50 l/d) da região de São Luís de Montes Belos.

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada na região de São Luis de Montes Belos-GO. Inicialmente foi levantado o número provável de pequenas propriedades leiteiras, produção diária de até 50 l/d (Gomes, 2000), a partir de levantamentos nas indústrias, postos de coleta de leite, cooperativas, associações, Sindicato rural, Agência Rural e no comércio local (agropecuárias) e associações.

O estudo foi realizado em 25 propriedades com produção média diária de até 50 litros. A escolha dos produtores foi feita por sorteio. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas utilizando questionário. Foram realizadas visitas às fazendas dos proprietários sorteados.

O questionário foi formulado para obter as seguintes informações: intervalo entre partos, período de serviço, idade a primeira cobrição e parto, produção média por vaca e propriedade, produção de leite por hectare/ano, período de lactação e mão-de-obra por litro de leite produzido e outros (Gomes, 1997).

Os dados foram processados no pacote estatístico SAS (1988).

Resultados e Discussão

Os pequenos produtores (produção até 50 l/d) com média de 30,3 litros de leite comercializados por dia e oito vacas lactantes (Tabela 1) da região de São Luís de Montes Belos, caracterizam-se pela baixa tecnificação. Em nenhuma propriedade avaliada utilizavam inseminação artificial (100% monta natural), dificultando ganhos genéticos. Todas as propriedades utilizam o sistema de produção a pasto e elas não têm refrigerador de leite,

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Apenas uma (4%) das 25 propriedades realizavam escrituração zootécnica demonstrando que os pequenos produtores não conhecem seus rebanhos, dificultando identificar pontos falhos. Entretanto, qualquer empregado alfabetizado pode ser treinado para coletar dados. Esse trabalho é essencial para melhora na eficiência da produção (Quirino et al., 2004).

A baixa produtividade média por vaca dia (4,3 l/d; Tabela 1) torna insustentável a permanência do agricultor no meio ao longo do tempo apresentando dessa forma baixa escala e produtividade (Fassio et al., 2006).

A média da idade a primeira cobrição de 29 meses (Tabela 1) está acima do recomendado por Campos e Lizieire (2005), que é de 25 a 27 meses para animais mestiços. Para isto ocorrer é necessário que as novilhas atinjam peso de 300 a 330 kg em 16 a 18 meses de idade, fato este que não está acontecendo provavelmente devido a falhas no manejo, principalmente nutricional.

Tabela 1. Índices zootécnicos de pequenas propriedades leiteiras da região de São Luis de Montes Belos. Itens1 Média Máx Mín Total de vacas 15,6 33,0 4,0 Vacas lactantes 8,0 15,0 2,0 Vacas lactantes, % 54,4 88,9 41,7 Período de lactação 9,0 13,0 6,0 Intervalo entre partos 17,0 27,3 9,4 Período de serviço, d 239,3 549,3 12,9 Produção média diária 30,3 46,0 10,0 Produção média vaca, d 4,3 7,0 2,0 Produção média/ha/ano 13450,4 40379,4 2944,3 Produção média func., d 28,3 46,0 9,8 Idade a 1ª concepção 29,0 39,0 24,0 Idade a 1ª parição 38,0 48,0 33,0

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d - dia

O IEP é conhecido como o intervalo de tempo no qual a vaca pariu, desenvolveu a lactação, foi coberta, entrou em gestação, foi seca e ocorreu o novo parto. O IEP de 17 meses (Tabela 1), o que equivale a mais ou menos 518 dias de média, é considerado um período demasiadamente longo, sendo preconizado 12 meses (365 dias), ou seja, os animais das pequenas propriedades estão cinco meses acima do ideal. O IEP é o período de serviço mais o

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período de gestação, que é fixo. As vacas estão demorando a conceber provavelmente em função da nutrição inadequada (falta de alimento).

Os dados de IEP (518 dias) do presente trabalho é superior ao observado por Hillesheim e Stuker (1995). Os autores verificaram IEP de 390 dias em propriedades leiteiras na região Leste de Santa Catarina, próximo ao ideal, que seria de 365 dias, meta difícil de ser atingida, mesmo em bacias leiteiras especializadas, como no Paraná, cujo intervalo está próximo de 416 dias.

As vacas geralmente são descartadas por idade avançada, 52% dos proprietários utilizam a idade como prioridade de descarte, 20% por problemas produtivos e 28% outros (doenças, necessidades etc.) Visscher (2003) enumerou nove possibilidades que facilitam a seleção de animais para o descarte como: vacas com prenhez negativa após 120 dias de lactação, que permaneceram secas por mais de 70 dias, com sérios problemas sanitários, infecções crônicas requerendo tratamentos constantes, elevada contagem de células somáticas, defeitos físicos que afetam a produção ou requerem cuidados especiais, baixa produtividade e vacas que não contribuem para o melhoramento genético do rebanho.

Os pequenos produtores não dispõem de recursos financeiros nem de técnicos que os auxiliem na melhoria da produtividade. Dificilmente esses índices podem melhorar, pois é necessário políticas públicas direcionadas, auxiliando em recursos e técnicas para fixação destes produtores no campo.

Conclusões

As pequenas propriedades leiteiras de São Luis de Montes Belos apresentaram índices zootécnicos abaixo dos preconizados, necessitando melhoria no manejo produtivo e reprodutivo para aprimorar o uso dos recursos disponíveis.

Referências Bibliográficas

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