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OBSERVATÓRIO CRÍTICO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA E OS DIREITOS HUMANOS

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

EDUCAÇÃO BÁSICA E OS DIREITOS HUMANOS

Edna Luzia Cavalari Barbosa1 – IFPR Sandra Regina Gavasso Amarantes2 – IFPR Grupo de Trabalho – Educação e Direitos Humanos Agência Financiadora: Não contou com financiamento

Resumo

Apresentamos um relato de experiência do projeto Observatório Crítico de Políticas Públicas para Educação Básica do Litoral do Paraná, promovido pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR), Campus Paranaguá, atividade ligada ao Grupo de Pesquisa Filosofia Política, Ética e Educação. O projeto propicia abertura ao debate a partir da coleta de dados, informações, análise do material coletado e divulgação do resultado a comunidade de Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná. Um dos focos do Observatório é monitorar políticas públicas na área educacional, pautada nos Direitos Humanos, envolvendo alunos sob a orientação de docentes e técnicos administrativos para o desenvolvimento de mecanismos informativos quanto às ações governamentais. O Observatório é um empreendimento interdisciplinar que busca apoio e envolvimento dos mais diversos profissionais, grupos de pesquisa, instituições educacionais e organizações sociais da região. Analisamos a participação dos alunos nos debates à aplicabilidade da Educação em Direitos Humanos, tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, discussões sociológicas de Pierre Bourdieu, pedagógicas Paulo Freire, filosóficas de Adorno, e as reflexões sobre Direitos Humanos de Douzinas. Os alunos participam de reuniões semanais do Observatório, realizadas no IFPR Campus Paranaguá sendo orientados pelo docente coordenador do projeto na realização das coletas de dados e visitas as instituições escolares. Os alunos participam, com a supervisão dos docentes orientadores, na elaboração do sítio eletrônico, alimentação das informações, boletins e links com páginas afins, na organização de fóruns para debater as políticas educacionais. Mostra-se que democracia e Direitos Humanos inseparáveis perante as políticas públicas atuais. Mas o princípio de cidadania exige mais do que isso frente aos grandes desafios e antagonismos sociais. Educar para a democracia e a promoção dos Direitos Humanos exige uma ação que, ao mesmo tempo, valoriza a dignidade universal e reconhece as especificidades locais, o contexto da cultura e das diferenças.

1Aluna do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do Instituto Federal do Paraná - Campus Paranaguá.

Participa do Grupo de Pesquisa Filosofia, Ética e Educação do IFPR Campus Paranaguá. E-mail: edna.luzia@hotmail.com.

2Aluna do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá.

Participa do Grupo de Pesquisa Filosofia, Ética e Educação do IFPR Campus Paranaguá. E-mail: mel_escolari@hotmail.com.

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Palavras-chave: Educação. Direitos Humanos. Observatório de Políticas públicas. Introdução

as profundas contradições que marcam a sociedade brasileira indicam a existência de graves violações destes direitos em consequência da exclusão social, econômica, política e cultural que promovem a pobreza, as desigualdades, as discriminações, os autoritarismos, enfim, as múltiplas formas de violências contra a pessoa humana. Estas contradições também se fazem presentes no ambiente educacional (escolas, instituições de educação superior e outros espaços educativos). Cabe aos sistemas de ensino, gestores/as, professores/as e demais profissionais da educação, em todos os níveis e modalidades, envidar esforços para reverter essa situação construída historicamente. Em suma, estas contradições precisam ser reconhecidas, exigindo o compromisso dos vários agentes públicos e da sociedade com a realização dos Direitos Humanos. (BRASIL, 2012. p. 2)

O presente texto relata uma experiência de trabalho de integração entre a educação superior e a educação básica. Trata-se de uma atividade ligada a um projeto de extensão desenvolvido no Instituto Federal do Paraná (IFPR), Campus Paranaguá, denominado: Observatório Crítico de Políticas Públicas para a Educação Básica do Litoral do Paraná. Atividade ligada ao Grupo de Pesquisa Filosofia Política, Ética e Educação. O projeto conta com a participação de docentes, técnicos administrativos e alunos (bolsistas e voluntários) do curso de Licenciatura em Ciências Sociais e do Ensino Médio do IFPR Campus Paranaguá. As bolsas são oferecidas pelo Programa de Assistência Estudantil PBIS do IFPR (Programa de Bolsas Acadêmicas de Inclusão Social).

Inicialmente é apresentada uma justificativa e fundamentação teórica do projeto. Na sequência discute-se a importância de um observatório de políticas educacionais com base nos dos Institutos Federais (IFs), também espaços para acompanhamento e participação nas políticas públicas. A partir destas discussões apresentamos as características do observatório, sua natureza e objetivos. Por fim apontam-se a forma como os alunos participam do projeto e a contribuição almejada para formação de professores.

Justificativa e fundamentação teórica

O trabalho com o observatório propicia aos docentes, alunos e membros da comunidade local, produção de informação sobre políticas públicas. Trata-se de um aparato político-institucional vinculado a interesses de emancipação e democracia. Por isso constitui em ferramenta de caráter crítico, atuante na coleta de informações, divulgação, proporcionando abertura de debates pontuando tendências desejáveis em relação a

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minimização das desigualdades sociais, bem como desenvolvimento de condições voltadas à autonomia.

As políticas públicas nacionais, especialmente depois da década de 1980, passaram a se comprometer com a democracia, o desenvolvimento sustentável e redução das desigualdades regionais (DRAIBE, 1997). Ocorreu também descentralização de seus programas e a articulação dos diferentes entes federados, o que passou a exigir a mediação entre o centro e periferia, nova forma de monitoramento, avaliação e divulgação de informações e acompanhamento do conflito entre gerações.

Um observatório crítico analisa a realidade, problematiza e sinaliza as ineficiências governamentais. Assim as tendências da realidade indicam os limites e insuficiências das políticas públicas às estruturas e conjunturas nacionais, regionais e locais.

A forma como o Instituto Federal interage com as comunidades, possibilita intervenção social, pois atuam tanto no âmbito da Educação Básica, quanto na formação de docentes e pós-graduação, condições acadêmicas e políticas propícias ao funcionamento do Observatório.

Pensar em formação crítica, cidadania, políticas públicas e democracia, é pensar em educação, em Direitos Humanos. No campo sociológico, são fundamentais as análises e criticas de Pierre Bourdieu referente ao ensino e sobre a prática educacional, bem como a pedagogia do oprimido de Paulo Freire. Os Direitos Humanos, historicamente contraditórios, corre sério risco quando são promovidos meramente via Estado, sem controle popular, pois foi contra os abusos dos governos que eles surgiram (DOUZINAS, 2009).

Importância e características do Observatório da Educação

Em um dos seus documentos institucionais, os Institutos Federais são concebidos como agentes colaboradores na “estruturação das políticas públicas para a região que polarizam, estabelecendo uma interação mais direta junto ao poder Público e às comunidades locais” (BRASIL, 2008, p. 22). Contudo, o mais importante é a indicação de que caberá a cada Instituto Federal “dispor de um observatório de políticas públicas enquanto espaço fundamental para o desenvolvimento do seu trabalho” (Idem).

O observatório será constituído por equipes, tendo como responsável docentes doutores coordenadores e participantes do Grupo de Pesquisa Filosofia Política, Ética e Educação com sede no Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá. O projeto, contudo,

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procura envolver a comunidade local como participante do observatório, produtores de informação e apreciação do estabelecido no âmbito das políticas públicas educacionais. Isso está baseado também na proposta da CONAE (Conferência Nacional de Educação/2010) como base da gestão democrática da educação. Trata-se da necessidade de estabelecer mecanismos para garantir:

participação de professores/as, de estudantes, de pais, mães ou responsáveis, de funcionários/as bem como da comunidade local na discussão, na elaboração e na implementação de planos estaduais e municipais de educação, de planos institucionais e de projetos pedagógicos das unidades educacionais, assim como no exercício e na efetivação da autonomia das instituições de educação básica e superior. (BRASIL, 2010, p. 38).

Desta forma o Observatório é ferramenta estimulante a pesquisa (coleta de dados e informação sobre as políticas educacionais na localidade), ao desenvolvimento de mecanismos democráticos de participação e intervenção da comunidade, inovação na forma de acompanhamento, avaliação e controle de políticas públicas. Nesse sentido, propõem-se metodologias e instrumentos para coletar dados, analise dos debates e divulgação das informações de políticas públicas locais.

Compete sinalizar serem as políticas públicas de educação mantenedoras da correlação com políticas sociais voltadas as ações articuladas ao Programa Brasil Sem Misérias, Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET), programas de assistência para alunos do ensino superior e Programa de Bolsas Acadêmicas de Inclusão Social do Instituto Federal (PBIS).

Cabe ao Observatório da Educação Básica: monitorar as políticas para a educação infantil; acompanhar os impactos da Emenda Constitucional nº 59/2009 e suas exigências de garantia de Educação Básica obrigatória e gratuita dos 04 aos 17 anos de idade; observar as ações relativas ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e as Diretrizes Curriculares para a Educação em Direitos Humanos; acompanhar as políticas de avaliação da educação. Destaca-se em primeiro momento, a prioridade às políticas voltadas para o Ensino Médio e as metas do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024) para esta etapa da Educação Básica.

Dentro do PNDH tratam-se dos direitos civis e políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, direitos a saúde, educação, desenvolvimento social, agrícola, segurança publica, acesso a justiça e a informação.

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O objetivo geral do observatório é monitorar criticamente a efetivação das políticas educacionais em escolas dos municípios de Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná. Destacando os seguintes objetivos: produzir e divulgar informações e avaliações sobre políticas educacionais; criação de sítio eletrônico para divulgação de eventos, estudos, indicadores e avaliações das políticas educacionais; organizar eventos acadêmicos (palestras, seminários, colóquios e workshops) sobre o tema; avaliar as políticas educacionais a partir da teoria jurídica, dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos, e seus impactos em termos de redistribuição, participação e reconhecimento.

Ressaltamos serem os princípios democráticos e dos Direitos Humanos, intrínsecos. Ambos são resultantes de processos participativos e a formação educacional deve orientar para a promoção, divulgação e proteção dos processos democráticos e humanos.

Em relação ao método de trabalho, o Observatório é um empreendimento interdisciplinar que busca apoio e envolvimento dos mais diversos profissionais, grupos de pesquisa, instituições educacionais e organizações sociais da região. Pretende atuar na forma de rede integrada as demais iniciativas de acompanhamento das políticas públicas educacionais. O trabalho de monitoramento se dará com as seguintes abordagens das políticas em questão:

a) Acompanhar a publicação de dados oficiais sobre as políticas públicas educacionais na região;

b) Divulgar pesquisas e publicações acadêmicas sobre as políticas em questão e os direitos humanos;

c) Entrevistar, aplicar questionários e trabalhar com grupos focais juntos aos atores envolvidos nas políticas educacionais da região: professores, alunos, pais, gestores e beneficiários de programas governamentais;

d) Promover eventos acadêmicos e comunitários para debater as políticas educacionais e a educação em Direitos Humanos;

e) Criar sites e canais na internet para registrar e divulgar informações sobre as políticas educacionais e os Direitos Humanos;

f) Produzir um quadro qualitativo/quantitativo com dados e informações sobre os indicadores que expressem os impactos das políticas nos municípios em termos de redistribuição, participação e reconhecimento.

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O Observatório constituiu um espaço de coletada de dados, debates e participação da comunidade local na efetivação crítica de políticas públicas educacionais para a Educação Básica com foco especial na questão dos Direitos Humanos e no Ensino Médio.

Os docentes e técnicos administrativos colaboradores atuam como co-orientadores (docentes) e gerenciadores de informação coletada de dados e organizadores de eventos, fóruns para abertura de discussão.

O Observatório apresenta um quadro referente às políticas públicas educacionais, mostrando diferentes realidades do litoral do Paraná, sendo organizados fóruns para discutir e avaliar aplicação das políticas públicas na região. Nesse sentido, o Observatório tende a ser referencial ligado ao IFPR para acompanhar, orientar a gestão educacional, intervindo nas políticas públicas à Educação Básica nos municípios selecionados.

Deste modo, o Observatório relaciona para analise dos processos educativos ações, experiências, vivencias de cada um dos participantes, as relações do entorno das instituições escolares, condições sócias afetivas e materiais, além das infra-estruturas para a aplicação das propostas de ação educativa.

Analisando as realidades sociais elencadas e sob a luz da teoria social de Bourdieu, reconhecemos que os desempenhos educativos estão ligados a origem social dos alunos, associados a sociedade, sendo portanto desafio ao Observatório, desenvolver abordagens capazes de superar a reprodução das desigualdades sociais ao menos nos ambientes escolares, considerando os argumentos de Bourdieu:

que a estrutura presente nos sistemas simbólicos orientativos das ações dos agentes sociais reproduz as diferenciações e hierarquias presentes na sociedade nas estruturas de poder e dominação social (BOURDIEU apud NOGUEIRA, 2009, p. 30).

Considerando o pensamento de Paulo Freire (2014) onde as diferentes realidades são contradições entre opressores/oprimidos, existindo uma minoria (opressor) com acesso à boa alimentação, vestuário, educação, lazer e cultura, em detrimento de uma maioria (oprimidos), desprovidas de boa alimentação, vestuário, educação e cultura. O Observatório tende a desenvolver uma ação política educacional junto aos oprimidos fazendo-se necessária como ação cultural para a liberdade, inexistindo outro caminho senão da prática pedagógica humanizadora.

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Participação dos alunos e Educação em Direitos Humanos

Os alunos participam de reuniões semanais do Observatório, realizadas no IFPR Campus Paranaguá. São orientados pelo docente coordenador do Observatório e pelos docentes colaboradores nas coletas de dados e visitas as instituições escolares. Os alunos participarão, com a supervisão dos docentes orientadores, na elaboração do sítio eletrônico, alimentação das informações, boletins e links com páginas afins. Os alunos participarão da mesma forma na organização de fóruns para debater as políticas educacionais em Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná.

Os alunos aprendem a coletar gerenciar e divulgar informações relativas à realidade local. A principal contribuição para o desenvolvimento dos alunos está no processo ensino/aprendizagem da relevância de um Observatório de Políticas Públicas e aplicabilidade na participação ativa cidadã.

Há ampla discussão nas reuniões promovidas pelo Observatório quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e o processo educativo. O educar em Direitos Humanos é propiciar formação política na perspectiva emancipatória, humanizadora e transformadora. Deve também promover sensibilidade ética nas relações sociais cotidianas, locais, nacionais e internacionais, percebendo o outro em seu direito a dignidade humana.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), após a barbárie cometida durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no intuito em promover e proteger a paz, servindo de base para a constituição de outras leis, constituições e tratados relativos aos Direitos Humanos por vários países, além de seus signatários.

Nas palavras que precedem a Declaração e no inciso 2 do Artigo XXVI, entende-se ser através do ensino e da educação, em esforço conjunto da sociedade humana, que devem ocorrer a promoção, a valorização, o reconhecimento e o respeito aos direitos do outro, na formação para a vida, a convivência, organização social, cultural, política e econômica.

a instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. (DUDH, 1948)

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A Educação em Direitos Humanos confronta a reprodução da “barbárie”, no sentido específico dado por Adorno (2012). Isso está ligado com a promoção da dignidade do ser humano, dirigida pela reflexão crítica, o esclarecimento geral, intelectual, cultural e social. Trata-se de impedir a reprodução de atos indignos, a falta de compromissos com o “outro”, a violência e o desrespeito pelos fracos (vulneráveis), pelas “minorias” oprimidas, entre os quais se encontram crianças, idosos, adolescentes, mulheres, povos tradicionais, homo afetivos, portadores de deficiência, minorias étnicas.

Os princípios norteadores da prática educativa em Direitos Humanos são a promoção da dignidade humana, igualdade de direitos, reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades, laicidade do Estado, democracia na educação, transversalidade, vivencia e globalidade e sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2012).

Nos debates promovidos pelo Observatório, os alunos suscitaram a aplicabilidade da Educação em Direitos Humanos frente aos antagonismos sociais, as mínimas condições de existência humana impostas a uma maioria, acesso limitado a serviços básicos essenciais como saneamento básico, moradia digna, educação pública com garantias de permanência, a dificuldade de reconhecimento das minorias, disseminação do preconceito e da discriminação, intolerância religiosa e política, crimes revoltantes e perversos, as condições indignas dos reclusos (presídios, asilos, manicômios).

Os alunos também levantaram questões em torno do que são os Direitos Humanos, e sobre o que se considera como violação dos mesmos: a pena de morte prática em alguns países, genocídios, o desemprego e a situação dos imigrantes em busca de asilo.

Trata-se de um exercício de estranhamento, desnaturalização e busca de desarticulação de práticas que agridem a dignidade humana. Ao mesmo tempo em que se conhece a realidade, se aprende a trabalhar com tais questões na sala de aula?

Estes questionamentos passaram a permear as reuniões promovidas pelo Observatório, fazendo necessário estudo mais aprofundado e conhecimento do entorno das instituições escolares no intuito em promover metodologias pedagógicas para aplicabilidade da Educação em Direitos Humanos.

É mister lembrar termos igualdade de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e respeito à dignidade humana em sua universalização, sem distinção de cor, credo, nacionalidade, orientação sexual, gênero, idade, local de moradia e condição biopsicossocial.

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todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. (DUDH, 1948)

Percebemos nos debates termos direito às diferenças, somos iguais nas diferenças, diferentes entre si, uma vez que somos humanos. Assim a Educação em Direitos Humanos deve preparar para o convívio com a alteridade enquanto prática social ao mesmo tempo em que se luta por melhores condições de livre e cooperativo auto-desenvolvimento nas áreas humanas.

Considerações finais

Adorno (2012) enfatiza como foco da educação política a não repetição da “barbárie”. Para o autor a educação deve ser questão importante, de cunho sociológico, informando acerca do jogo de forças por trás das formas políticas totalizantes. Frente a isso um trabalho de crítica filosófica e sociológica do que se faz na escola torna-se necessário como fator de emancipação. Cabe criar condições e canais que, com o que se faz na sala de aula, possibilitem desenvolver uma ação pedagógica com os alunos visando tornar explícito tudo àquilo que funciona de modo implícito (NOGUEIRA, 2009, p. 85). Pela proposta de Paulo Freire (2014) a busca pela libertação é possível através da prática humanizadora, que se faz com o engajamento comunitário para promover a educação democrática, dialógica e combativa.

Entre os objetivos do Observatório, esta a ampla divulgação das políticas públicas, o acesso à informação de decisões governamentais é direito de cidadania prevista na DUDH (1948). Os Direitos Humanos são universais devendo ser tratados com equidade, respeitando as especificidades locais quanto ao contexto e a cultura, sendo dever do Estado promover e proteger todos os Direitos Humanos, entre os quais se encontra o direito à educação. Contudo, sua garantia passa pela articulação entre democracia, informação e controle popular3.

3

“O Parecer CNE/CEB nº 5/2011 que fundamenta essas diretrizes reconhece a educação como parte fundamental dos Direitos Humanos” (BRASIL, 2012, p. 7). “Não há democracia sem respeito aos Direitos Humanos, da mesma forma que a democracia é a garantia de tais direitos. Ambos são processos que se desenvolvem continuamente por meio da participação. No ambiente educacional, a democracia implica na participação de todos/as os/as envolvidos/as no processo educativo” (Idem, p. 10). A democratização da sociedade exige, necessariamente, informação e conhecimento para que a pessoa possa situar-se no mundo, argumentar, reivindicar e ampliar novos direitos. A informação toma uma relevância maior quando se lida com os vários tipos de conhecimentos e saberes, sejam eles caracterizados como tecnológicos, instrumentais, populares, filosóficos, sociológicos, científicos, pedagógicos, entre outros (Idem, p. 13).

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REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor W. Educação após Auschwitz. In: Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012. p. 119 – 138.

BRASIL. Institutos Federais: concepções e diretrizes. Brasília: MEC, 2008.

BRASIL. Relatório Final da CONAE (Conferência Nacional de Educação). Brasília: MEC, 2010.

BRASIL. Parecer CNE/CP nº: 8/2012. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Brasília: D.O.U. de 30/5/2012, Seção 1, Pág. 33.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) – ONU (1948). Disponível em: <http://www.prr3.mpf.mp.br/imagens/boletim_info/dudh-ONU.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.

DOUZINAS, Costas. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo/RS: Unisinos, 2009. DRAIBE, Sônia. Uma nova Institucionalidade das Políticas Sociais? Reflexões a propósito da experiência latino-americana recente de reformas dos programas sociais. São Paulo em

Perspectiva – Revista da Fundação SEADE, Vol. 11, n. 4, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 56 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

NOGUEIRA, Maria A. Bourdieu & a educação. 3. ed. Belo Horizonte: Autentica, 2009. 128 p. (Pensadores & Educação, v. 4).

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