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Textos de política e situação económica

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A ECONOMIA PORTUGUESA EM 2002

1. INTRODUÇÃO

O Produto Interno Bruto (PIB) português deve-rá apresentar, em 2002, um crescimento real entre 0 e 1 por cento. Registou-se, assim, uma marcada de-saceleração da actividade económica em relação ao ano de 2001, em que o PIB cresceu 1.8 por cento (ver Quadro 1.1). O abrandamento da economia portuguesa abrangeu a generalidade das compo-nentes da despesa e dos sectores produtivos. A de-saceleração da actividade económica tem-se verifi-cado gradualmente ao longo do ano, o que é ilus-trado de uma forma clara pela evolução do indica-dor coincidente do Banco de Portugal e também pelo indicador de sentimento económico, divulga-do pela Comissão Europeia.

O actual intervalo de previsão coincide com o divulgado no Boletim Económico de Junho, tanto no que se refere ao ponto central como à amplitude. Não obstante a manutenção do ponto central do intervalo de previsão, registaram-se alterações em termos de composição da despesa, sendo de assi-nalar a revisão em baixa da procura interna priva-da — em particular no que se refere ao consumo de bens duradouros e ao investimento — e as revi-sões para cima da despesa final das administra-ções públicas e do contributo da procura externa líquida para o crescimento do produto. A manu-tenção da amplitude do intervalo de previsão(1) re-flecte o grau de incerteza excepcional a que estão sujeitas as actuais projecções, resultante, em gran-de parte, das revisões sucessivas que se têm verifi-cado nos dados do comércio externo (ver Caixa 1:

Revisões aos dados do comércio internacional). A

insta-bilidade destes dados dificulta a análise da

evolu-ção da economia portuguesa em 2002, em particu-lar no que se refere ao comportamento das quotas de mercado dos exportadores, da evolução da pro-cura interna e do próprio saldo de mercadorias. A execução orçamental de 2002, nomeadamente no que se refere ao risco de não ser cumprido o objec-tivo de 2.8 por cento do PIB definido pelo Governo para o défice das administrações públicas, consti-tui um segundo elemento de incerteza.

O enquadramento externo da economia portu-guesa continuou a caracterizar-se por condições globalmente desfavoráveis. Assim, apesar de as actuais projecções das organizações internacionais continuarem a apontar para uma recuperação do PIB mundial em 2002, a actividade económica da área do euro — na qual se concentram cerca de dois terços das transacções económicas da econo-mia portuguesa com o exterior — irá registar uma

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 5

Textos de política e situação económica

Quadro 1.1

PRINCIPAIS INDICADORES ECONÓMICOS

Taxas de variação em percentagem Por memória: 2001 2002 2002 BE Junho 2002 Consumo privado . . . 1.0 -¼ ;¾ ½ ; 1½ Consumo público. . . 2.9 1.1 0.9 FBCF . . . -0.4 -5¼ ; -3¼ -5.0 ; -3.0 Procura interna . . . 1.1 -1 ; 0 -¾ ; ¼ Exportações. . . 1.7 ¾; 2¼ 1 ; 2½ Procura global . . . 1.3 ½ ; ½ -¼ ; ¾ Importações . . . 0.1 -2½ ; -½ -1½; ½ PIB . . . 1.8 0 ; 1 0 ; 1

Balança corrente + balança

de capital (% PIB) . . . -8.4 -6¾ ; -5¼ -6½ ; -5.0

Índice Harmonizado de

Preços no Consumidor. . 4.4 3.5; 3.7 3.5; 4.5

(1) Refira-se, a propósito, que nos Boletins Económico de Setembro de 1999, 2000 e 2001 os intervalos de previsão para o PIB do ano em análise tinham uma amplitude de 0.5 pontos percentuais (p.p.), metade da que é agora apresentada.

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desaceleração no ano corrente, com o PIB a apre-sentar um crescimento de 0.9 por cento (1.5 por cento em 2001). Refira-se que, com a excepção da recessão de 1993, este crescimento do produto constitui o valor mais baixo desde o início da déca-da de 90. Em paralelo, continuou a assistir-se a uma deterioração acentuada das condições dos mercados financeiros, com os principais índices accionistas a apresentar quedas substanciais e ele-vados níveis de volatilidade. Num contexto de pressões inflacionistas moderadas, a turbulência nos mercados financeiros e as dúvidas crescentes quanto ao dinamismo da recuperação económica levaram a que as autoridades monetárias das prin-cipais economias avançadas tivessem decidido, ao longo de 2002, manter inalteradas as suas taxas de juro oficiais. Em resultado, as taxas de juro bancá-rias praticadas em Portugal mantiveram-se prati-camente constantes no decurso do corrente ano, em níveis muito baixos, tanto em termos nominais como em termos reais.

O processo de ajustamento da economia portu-guesa continuou em 2002, num contexto em que o enquadramento externo é particularmente desfa-vorável para esse efeito. As características princi-pais deste processo de ajustamento foram, em 2002, as seguintes: reduções, em termos reais, da despesa final das famílias e das empresas; aumen-to da taxa de poupança dos particulares, reforçan-do os aumentos verificareforçan-dos nos reforçan-dois anos anterio-res; continuação da alteração do padrão de cresci-mento económico, verificando-se um contributo negativo da procura interna para o crescimento, o que já não acontecia desde 1993 e um novo au-mento do contributo da procura externa líquida; redução das necessidades de financiamento da economia portuguesa face ao exterior. Por seu lado, tanto o consumo como o investimento das administrações públicas deverão registar uma de-saceleração expressiva face ao elevado crescimento observado nos anos anteriores.

O consumo privado verificou um crescimento real marginalmente positivo, reflectindo um con-junto relativamente amplo de factores: desacelera-ção do rendimento disponível, restrições financei-ras associadas aos elevados níveis de endivida-mento das famílias e níveis de confiança muito baixos. Neste último caso, é provável que as pers-pectivas menos favoráveis no mercado de traba-lho, num contexto de um aumento do

desempre-go, constituam o principal factor explicativo. Adi-cionalmente, as dificuldades de consolidação fi-nanceira das administrações públicas deverão es-tar igualmente a gerar incerteza sobre o comporta-mento futuro da economia, com um provável im-pacto negativo na confiança dos consumidores. O investimento das famílias em habitação deverá re-gistar um decréscimo em 2002, reflectindo o mes-mo tipo de factores e ainda a continuação de um processo de ajustamento após a expansão muito acentuada do parque habitacional no final da dé-cada de 90. O investimento das empresas voltou a registar uma redução em 2002, reflectindo pers-pectivas pouco favoráveis de evolução da procura (interna e externa), restrições financeiras associa-das aos elevados níveis de endividamento atingi-dos nos últimos anos e, ainda, níveis menos eleva-dos de utilização da capacidade produtiva. Final-mente, e que no diz respeito à procura externa, a evolução projectada neste Boletim Económico assu-me, como cenário central, um crescimento das ex-portações de bens e serviços próximo do verifica-do em 2001 — o que, no contexto de um cenário internacional mais desfavorável, corresponde a um comportamento mais favorável das quotas de mercado das exportações portuguesas — e uma queda em termos reais das importações, o que já não acontecia desde 1993. A evolução das importa-ções reflecte o comportamento das componentes com maior conteúdo importado, como as despesas em bens de consumo duradouro e o investimento em equipamento, que registaram reduções muito significativas em termos reais, em linha com o seu padrão de comportamento cíclico habitual.

A informação disponível permite projectar, para 2002, uma redução do défice conjunto das ba-lanças corrente e de capital — que traduz as neces-sidades de financiamento da economia portuguesa face ao exterior — de um valor de 8.4 por cento do PIB em 2001 para o intervalo de variação de -6 ¾ a -5 ¼ do PIB. Para esta redução contribui, de uma forma decisiva, a redução do défice da balança de mercadorias, que reflecte dois factores principais: a evolução projectada para os volumes das exporta-ções e de importaexporta-ções; e o ganho de termos de tro-ca, parcialmente justificado pela evolução dos pre-ços do petróleo nos mercados internacionais. A forte recuperação estimada para as transferências públicas associadas a fundos recebidos pela União Europeia permitirá também uma melhoria da

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lança de capital e uma estabilização da balança de transferências correntes, num quadro de redução do saldo das transferências privadas. Finalmente, refira-se o novo aumento previsto para o défice da balança de rendimentos, associado ao forte au-mento do endividaau-mento externo da economia portuguesa face ao exterior nos últimos anos.

Em 2002, a taxa de inflação em Portugal, medi-da pela variação média anual do Índice Harmoni-zado de Preços no Consumidor (IHPC), deverá re-gistar um valor no intervalo de 3.5 a 3.7 por cento, o que constitui uma redução em relação ao valor de 4.4 por cento, observado em 2001. O abranda-mento dos preços reflecte, no essencial, três facto-res principais — menor cfacto-rescimento dos preços dos bens alimentares não transformados, reduções nos preços das importações e desaceleração dos salários nominais — cujo efeito conjunto prevale-ceu sobre os factores que actuaram em sentido contrário: o processo de conversão em euros de preços em escudos, que afectou o comportamento dos preços no primeiro trimestre, e o aumento da taxa normal do Imposto sobre o Valor Acrescenta-do (IVA), que afectou a evolução Acrescenta-do IHPC a partir de Junho de 2002.

A evolução dos preços a partir de Maio tradu-ziu um comportamento da inflação mais favorável do que o projectado no Boletim Económico de Junho. Assim, o intervalo de variação de 3.5 a 4.5 por cento então apresentado, para a variação mé-dia anual do IHPC, é revisto agora para o intervalo de 3.5 a 3.7 por cento. Esta alteração reflecte, no es-sencial, uma reavaliação do impacto nos preços da subida da taxa normal do IVA — que se estima agora ser menos intenso e mais desfasado do que o então assumido — e uma revisão nas hipóteses técnicas do exercício, em resultado da apreciação da taxa de câmbio de euro(2) e de uma evolução mais favorável da generalidade dos preços inter-nacionais de bens de consumo do que o então as-sumido (ver Caixa 2: Inflação em 2002: desvio em

re-lação à projecção anterior).

No Orçamento Rectificativo de 2002 o Governo assumiu que o défice das administrações públicas no corrente ano se situaria em 2.8 por cento. Este valor foi confirmado na notificação do Procedimen-to dos Défices Excessivos do final de AgosProcedimen-to e no

Relatório do Orçamento de Estado para 2003, apre-sentado no início de Outubro. A informação dispo-nível sugere, contudo, que há um risco de se ultra-passar o défice previsto de 2.8 por cento. Os princi-pais elementos de risco decorrem da dificuldade, na actual conjuntura económica, de realizar a recei-ta previsrecei-ta no programa de vendas de património definido pelo Governo, da quase inevitabilidade de a receita fiscal se situar abaixo do previsto no Orça-mento Rectificativo, da provável derrapagem na despesa em alguns serviços autónomos, como o Serviço Nacional de Saúde, e, finalmente, da possi-bilidade do défice da administração regional e local vir a exceder o admitido na notificação do Procedi-mento dos Défices Excessivos de Agosto.

2. ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL

2.1. Enquadramento internacional da área do euro

Conforme esperado no início do ano, a econo-mia mundial iniciou em 2002 uma recuperação, após a forte desaceleração observada em 2001. A recuperação da actividade económica foi particu-larmente significativa no primeiro trimestre do ano, com o crescimento a exceder as expectativas em algumas regiões do mundo, com destaque para os Estados Unidos e as economias dos mercados emergentes da Ásia. A informação disponível para os segundo e terceiro trimestres aponta, contudo, para alguma perda de dinamismo, pelo que sub-sistem dúvidas quanto ao ritmo e à sustentabilida-de da recuperação económica mundial. As mais re-centes projecções do Fundo Monetário Internacio-nal (FMI), divulgadas no fiInternacio-nal de Setembro, apon-tam para um crescimento da economia mundial de 2.8 por cento em 2002, após 2.2 por cento em 2001 (Quadro 2.1). Apesar da projecção para o cresci-mento económico mundial em 2002 se ter mantido inalterada face às previsões de Abril, verifica-ram-se alterações importantes entre países, desta-cando-se a revisão em alta do crescimento previsto para as economias asiáticas e a deterioração signi-ficativa das perspectivas de crescimento para a América Latina, bem como a revisão em baixa do crescimento para a área do euro. A projecção para o crescimento do PIB nos Estados Unidos em 2002 foi revista marginalmente em baixa. As pressões inflacionistas a nível global mantêm-se relativa-mente contidas, projectando-se em 2002 uma

redu-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 7

Textos de política e situação económica

(2) As projecções macroeconómicas do Eurosistema são elaboradas sob a hipótese técnica de taxas de câmbio constantes.

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ção da taxa de inflação na generalidade das econo-mias ou regiões, com excepção da América Latina. Não obstante, regista-se em 2002 um aumento dos preços das matérias-primas, que estará a reflectir a recuperação da actividade económica global, bem como, no caso do petróleo, a deterioração da situa-ção política no Médio Oriente (Gráfico 2.1). Em 16 de Outubro, o preço do barril de petróleo (Brent) situava-se em 28.5 dólares, o que representa uma subida de cerca de 8 dólares em relação aos preços observados no início de 2002.

Apesar da recuperação da actividade económi-ca, assistiu-se a partir do final do primeiro trimes-tre deste ano a uma deterioração acentuada das condições nos mercados financeiros internacionais. Nos mercados accionistas, os principais índices apresentaram quedas substanciais e os níveis de volatilidade ultrapassaram, no caso dos Estados Unidos e da área do euro, os observados na se-quência das crises asiática e russa (Gráficos 2.2A e 2.2B). Este comportamento reflectiu o aumento dos

8 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Quadro 2.1

PROJECÇÕES DO FMI

Taxa de variação, em percentagem

PIB Preços no consumidor

2000 2001 2002 2002 (rev. Abr.02) 2000 2001 2002 2002 (rev. Abr.02) Economia mundial. . . 4.7 2.2 2.8 0.0 — — — — Países em transição . . . 6.6 5.0 3.9 0.0 20.2 15.9 11.3 0.5 Rússia . . . 9.0 5.0 4.4 0.0 20.8 20.7 15.8 1.7 Países em desenvolvimento. . . 5.7 3.9 4.2 -0.1 6.1 5.7 5.6 -0.2

Países asiáticos em desenvolvimento. . . 6.7 5.6 6.1 0.2 1.9 2.6 2.1 -0.4 ASEAN-4(a). . . . 5.1 2.6 3.6 0.3 3.0 6.6 6.2 -0.4 América Latina . . . 4.0 0.6 -0.6 -1.3 8.1 6.4 8.6 0.4 Brasil . . . 4.4 1.5 1.5 -1.0 7.0 6.8 6.5 0.4 Economias avançadas . . . 3.8 0.8 1.7 0.0 2.3 2.2 1.4 0.1 NIC(b). . . . 8.5 0.8 4.7 1.1 1.1 1.9 1.1 -0.2 EUA . . . 3.8 0.3 2.2 -0.1 3.4 2.8 1.5 0.1 Japão . . . 2.4 -0.3 -0.5 0.5 -0.8 -0.7 -1.0 0.1 Reino Unido(c). . . . 3.1 1.9 1.7 -0.3 2.1 2.1 1.9 -0.5 Por memória:. . . . União Europeia . . . 3.5 1.6 1.1 -0.4 2.3 2.6 2.1 0.1 Área do euro . . . 3.5 1.5 0.9 -0.5 2.4 2.6 2.1 0.2

Fonte: FMI, World Economic Outlook Setembro 2002. Notas:

(a) Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia. (b) Coreia, Hong-Kong, Taiwan e Singapura.

(c) Preços no consumidor excluindo juros de crédito hipotecário.

Gráfico 2.1 PREÇOS INTERNACIONAIS DE MATÉRIAS-PRIMAS Em dólares norte-americanos 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0

Jan.97 Jan.98 Jan.99 Jan.00 Jan.01 Jan.02

USD por barril 60.0 70.0 80.0 90.0 100.0 110.0 120.0 130.0 140.0 Índice (1992=100) Petróleo (Brent ) Matérias-primas não energéticas (esc. dir.)

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prémios de risco e a redução dos lucros esperados das empresas cotadas, sobretudo norte-ameri-canas, na sequência da divulgação de irregularida-des contabilísticas e, posteriormente, da incerteza crescente quanto à sustentabilidade da recupera-ção económica em curso. Neste contexto, os preços das acções na área do euro, medidos pelo índice Dow Jones Eurostoxx, diminuíram 34 por cento, em relação ao final de 2001, enquanto, no mesmo período, os preços das acções norte-americanas, medidos pelo índice S&P 500, diminuíram 26 por cento (Quadro 2.2). A deterioração da confiança dos investidores gerou uma preferência por acti-vos de menor risco, que se traduziu num aumento generalizado dos preços no mercado obrigacionis-ta. A correspondente redução das taxas de rendibi-lidade foi mais acentuada no caso dos títulos da dívida pública, pelo que se observou um aumento dos diferenciais de rendibilidade entre a dívida privada e a dívida pública, tanto nos Estados Uni-dos, como na área do euro, em particular no caso dos títulos com maior risco. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde as taxas de juro das obrigações do tesouro a 10 anos atingiram níveis mínimos desde o início da década de 60, os diferenciais de juro para as empresas com melhor rating aumenta-ram 53 pontos base, entre o final de 2001 e 16 de Outubro de 2002, enquanto para as empresas com pior rating o diferencial aumentou 118 pontos base. Na área do euro, no mesmo período, os dife-renciais de juro para as empresas com melhor

ra-ting mantiveram-se praticamente inalterados,

en-quanto para as empresas com pior rating o diferen-cial aumentou 78 pontos base. Nos mercados das economias emergentes, assistiu-se igualmente a uma deterioração das condições de financiamento, particularmente acentuada no caso de países como o Brasil ou a Turquia, afectados pela incerteza quanto à evolução da situação política e dúvidas quanto à sustentabilidade da dívida(3). Finalmente, no mercado cambial, o dólar depreciou-se face às principais moedas, reflectindo a redução dos flu-xos de investimento para os Estados Unidos. Entre o final de 2001 e meados de Outubro de 2002, o dólar depreciou-se cerca de 10 por cento em rela-ção ao euro, embora quando analisada em termos efectivos nominais a depreciação da moeda nor-te-americana tenha sido inferior (6 por cento).

Num contexto de pressões inflacionistas mode-radas, a turbulência nos mercados financeiros e as

dúvidas crescentes quanto ao dinamismo da recu-peração em curso levaram a que as autoridades monetárias das principais economias avançadas ti-vessem decidido manter inalteradas as suas taxas de juro oficiais. Assim, a Reserva Federal nor-te-americana manteve o objectivo para a taxa de

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 9

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.2A ÍNDICES DE ACÇÕES Na própria moeda 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200

Jan.99 Ago.99 Mar.00 Nov.00 Jun.01 Jan.02 Set.02

Janeiro de 2000=1000 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 Janeiro de 1999=1000 S&P 500 Nikkei 225 Dow Jones Euro

Stoxx alargado

Fontes: Bloomberg e Banco de Portugal.

Gráfico 2.2B

VOLATILIDADES HISTÓRICAS

DOS ÍNDICES BOLSISTAS(a)

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Jan.97 Out.97 Jul.98 Abr.99 Jan.00 Out.00 Jul.01 Abr.02

Em

percent

agem

S&P 500 Dow Jones Euro Stoxx Nikkei Crise Russa Crise Asiática Atentados 11 Setembro Fonte: Bloomberg. Nota:

(a) Cálculos do Banco de Portugal: desvio-padrão das va-riações diárias das últimas 60 observações.

(3) Por exemplo, no caso do Brasil, entre o final de 2001 e 16 de Outubro de 2002, o real depreciou-se cerca de 40 por cento em relação ao dólar.

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juro dos Fed funds em 1.75 por cento — o nível ve-rificado desde 11 de Dezembro de 2001 — enquan-to a taxa de juro mínima aplicável às operações principais de refinanciamento do Banco Central Europeu permaneceu no valor fixado em 11 de Novembro de 2001 (3.25 por cento).

De acordo com as projecções do FMI, a econo-mia norte-americana deverá apresentar em 2002 um crescimento de 2.2 por cento, após um aumen-to de 0.3 por cenaumen-to no ano anterior.(4) Depois de uma recuperação significativa do PIB no final de 2001 e início de 2002, a actividade económica apre-sentou uma moderação a partir do segundo tri-mestre (Quadro 2.3). O crescimento

particularmen-te elevado do PIB no primeiro trimestre (1.2 por cento face ao trimestre anterior) ficou a dever-se em grande medida ao contributo significativo da variação de existências por parte do sector priva-do. As despesas das famílias, nomeadamente em automóveis e habitação, apresentaram igualmente um forte crescimento no primeiro trimestre. Para esta evolução terá contribuído a descida acentuada das taxas de juro em 2001, a melhoria do rendi-mento real disponível, associada a reduções de

im-10 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Quadro 2.2

MERCADOS FINANCEIROS

Taxa de variação em percentagem, salvo indicação em contrário; valores diários

Variação até 16 de Outubro de 2002, desde Mar.2000(a) 11 Set. 2001 28 Dez. 2001

Mercado accionista

S&P 500 . . . -40 -21 -26 Nasdaq . . . -74 -27 -38 Nikkei 225 . . . -55 -13 -16 FTSE100 . . . -38 -19 -23 Dow Jones Eurostoxx. . . -54 -28 -34

Mercado obrigacionista

Taxas de Juro das Obrigações das Empresas Estados Unidos

Diferencial (variação do nível; pontos base)

Empresas com rating AAA . . . . 16 48 53 Empresas com rating BBB . . . . 142 119 118 Área do euro

Diferencial (variação do nível; pontos base)

Empresas com rating AAA . . . . -14 -3 1 Empresas com rating BBB . . . . 147 20 78 Taxas de Juro das Obrigações do Tesouro a 10 anos

(variação do nível; pontos base)

Estados Unidos . . . -220 -76 -100 Área do Euro . . . -78 -29 -40 Japão. . . -75 -36 -31 Diferenciais de taxa de juro nos mercados emergentes

(EMBI+, variação do nível; pontos base) . . . 201 74 243

Mercado cambial. . . .

Dólar/Euro . . . 2 10 11 Iene/Euro . . . 19 12 6 Taxa de câmbio efectiva do euro . . . 5 5 5 Taxa de câmbio efectiva do dólar . . . 7 -3 -6

Fontes: Bloomberg; BIS e BCE. Nota:

(a) Corresponde ao mês em que os índices bolsistas dos Estados Unidos e da área do euro atingiram máximos históricos.

(4) Aquando da habitual revisão anual das contas nacionais (efec-tuada em meados deste ano), o crescimento em 2001 foi revisto em baixa 0.9 p.p.

(7)

postos e ao comportamento dos salários reais, bem como o forte crescimento dos preços das habita-ções, que tem incentivado o recurso ao crédito para fins de consumo e atenuado os efeitos rique-za negativos decorrentes da queda dos preços das acções desde 2000. No segundo trimestre, a activi-dade cresceu 0.3 por cento face ao trimestre ante-rior, reflectindo uma evolução mais moderada das componentes da procura que tinham apresentado crescimentos mais elevados no primeiro trimestre. A FBCF não residencial do sector privado voltou a registar variações negativas na primeira metade do ano, ainda que menos acentuadas do que as evidenciadas no decurso do ano anterior, num contexto em que a utilização de capacidade na in-dústria se manteve a níveis reduzidos face à média da última década. No que se refere ao sector exter-no, observou-se uma aceleração significativa tanto das exportações como das importações. As indica-ções para o terceiro trimestre apontam para a

ma-nutenção de um crescimento elevado para o con-sumo privado, ainda que novamente associado à existência de incentivos para a aquisição de auto-móveis. O investimento empresarial deverá man-ter a trajectória de recuperação evidenciada no pri-meiro semestre e o investimento residencial ter-se-á mantido dinâmico. No entanto, os indicadores de confiança sugerem um maior pessimismo de empresários e consumidores no terceiro trimestre. Acresce ainda que a elevada volatilidade dos mer-cados financeiros evidenciada nos últimos meses veio aumentar significativamente a incerteza em torno das perspectivas de crescimento da econo-mia norte-americana. Em particular, para além das quedas dos preços nos mercados accionistas se po-derem agravar, persiste a possibilidade de um ajustamento forte do dólar, dada a manutenção de um elevado défice da balança corrente. Não obs-tante a redução das necessidades de financiamento do sector privado, o FMI prevê um agravamento

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 11

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Quadro 2.3

EUA – INDICADORES ECONÓMICOS

Taxa de variação homóloga Taxa de variação em cadeia

2001 2002(a) 2001 2002 2001 2002

III IV I II III III IV I II

Contas Nacionais

Produto interno bruto. . . 0.3 2.2 -0.4 0.1 1.4 2.2 - -0.1 0.7 1.2 0.3 Consumo privado . . . 2.5 2.9 1.8 2.8 3.0 3.1 - 0.4 1.5 0.8 0.4 Despesa pública . . . 3.7 4.4 3.2 5.1 5.1 4.0 - -0.3 2.5 1.4 0.4 Formação bruta de capital fixo (sector privado) . . . -3.8 -2.0 -5.1 -6.7 -6.3 -3.7 - -1.1 -2.3 -0.1 -0.2 Não residencial . . . -5.2 - -7.4 -9.3 -9.4 -6.3 - -1.5 -2.8 -1.5 -0.6 Residencial . . . 0.3 - 1.9 1.0 2.4 3.2 - 0.1 -0.9 3.4 0.7 Procura interna . . . 0.4 2.7 -0.3 0.1 1.8 2.8 - 0.0 0.7 1.4 0.7 Exportações . . . -5.4 -2.7 -10.1 -11.4 -9.3 -3.0 - -4.6 -2.5 0.9 3.4 Importações. . . -2.9 2.6 -7.1 -8.0 -4.1 2.6 - -3.1 -1.3 2.1 5.1 Mercado de trabalho

Taxa de desemprego (em percentagem) . . . 4.8 5.9 4.8 5.6 5.6 5.9 5.7

Emprego por conta de outrem (sector não agrícola) . . . 0.2 - 0.1 -0.8 -1.3 -1.1 - -0.2 -0.6 -0.3 0.0 Indústria transformadora . . . -4.2 - -5.2 -6.7 -7.2 -6.1 - -1.9 -2.1 -1.7 -1.0 Construção . . . 0.5 - 0.5 -0.6 -2.1 -2.3 - -0.3 -0.6 -0.5 -0.9 Serviços . . . 0.9 - 0.9 0.2 -0.2 -0.2 - 0.1 -0.4 0.0 0.1

Balança de Pagamentos

Balança Corrente (em percentagem do PIB) . . . -3.9 -4.6 -3.6 -3.7 -4.4 -5.0 -Finanças Públicas . . . .

Saldo das Administrações Públicas (em percentagem do PIB)(a). . . -0.2 -2.6

Dívida das Administrações Públicas (em percentagem do PIB)(a) . 56.4 57.0

Preços no consumidor. . . 2.8 1.5 2.7 1.9 1.3 1.3 - 0.2 -0.1 0.3 0.8

Fontes: Thomson Financial Datastream, Department of Commerce e FMI. Nota:

(8)

do défice da balança corrente em percentagem do PIB de 3.9 por cento, em 2001, para 4.6 por cento, em 2002. Esta evolução reflecte o aumento signifi-cativo das necessidades de financiamento das ad-ministrações públicas.

No Japão, permanece a situação de deflação e deverá registar-se uma nova contracção da activi-dade económica em 2002, reflectindo a ausência de progressos significativos na resolução dos proble-mas estruturais que, nos últimos anos, têm afecta-do a economia e, em particular, o sector bancário. No primeiro semestre deste ano, o PIB apresentou alguma recuperação, suportada pelo comporta-mento das exportações e por alguma melhoria da procura interna.(5)Em Outubro, o Banco Central do Japão anunciou que irá proceder à compra de ac-ções aos bancos comerciais, no âmbito de um con-junto de medidas que permita às instituições fi-nanceiras reduzir os seus activos em acções, de modo a facilitar a resolução do problema do crédi-to de cobrança duvidosa e garantir a estabilidade do sistema financeiro.

No Reino Unido, de acordo com as projecções do FMI, o crescimento do PIB deverá atingir 1.7 por cento em 2002, o que compara com 1.9 por cento no ano passado. Depois da actividade econó-mica se ter apresentado relativamente fraca na se-gunda metade de 2001 e início de 2002, obser-vou-se uma melhoria no segundo trimestre. A re-cuperação da actividade económica neste trimestre reflectiu a evolução favorável evidenciada pelo contributo do sector externo para o crescimento, em grande medida resultado da aceleração signifi-cativa das exportações. O consumo privado cres-ceu novamente a taxas apreciáveis, beneficiando nomeadamente da situação favorável do mercado de trabalho, bem como do aumento do preço das habitações — cerca de 20 por cento no terceiro

tri-mestre de 2002, em termos homólogos — que con-tinuou a incentivar o recurso ao crédito para fins de consumo. A FBCF voltou a apresentar cresci-mentos negativos durante o primeiro semestre do ano.

A recuperação económica tem sido particular-mente intensa nas economias de mercados emer-gentes asiáticas, com a actividade a crescer signifi-cativamente desde o início do ano, suportada por uma forte aceleração da produção industrial e das exportações. Em 2002, de acordo com as projecções do FMI, o crescimento do PIB no conjunto dos no-vos países industrializados da Ásia deverá situ-ar-se em 4.7 por cento, o que corresponde a uma revisão de 1.1 p.p. face às projecções divulgadas em Abril. Contrastando com os sinais de recupera-ção em diversas regiões do mundo, a situarecupera-ção eco-nómica e financeira na América Latina sofreu uma deterioração na primeira metade de 2002, não mostrando até ao momento quaisquer indícios de inversão. Uma parte significativa da queda regista-da no PIB no conjunto regista-da região ficou a dever-se à crise na Argentina e aos efeitos de contágio a al-guns países vizinhos. Muito embora tivesse sido das economias da região a que melhor resistiu aos efeitos da crise na Argentina, o Brasil enfrentou uma forte deterioração na confiança dos investido-res no segundo trimestre de 2002, que se reflectiu numa significativa depreciação do real e num alar-gamento dos diferenciais de taxa de juro. Esta alte-ração no sentimento dos investidores em relação à economia brasileira deveu-se em grande parte a in-certezas relacionadas com a orientação política que resultará das eleições presidenciais de Outubro. 2.2. Área do euro

2.2.1. Evolução económica na área do euro

De acordo com as projecções do FMI, a activi-dade económica na área do euro deverá apresentar uma desaceleração em 2002, de 1.5 para 0.9 por cento (Quadro 2.1). Na primeira metade do ano, apesar de alguma recuperação face ao comporta-mento particularmente negativo evidenciado em finais do ano passado, o PIB registou um cresci-mento modesto e inferior ao esperado no início do ano. O sector externo evoluiu favoravelmente e a procura interna, apesar de ter apresentado alguma estabilização, manteve-se fraca (Quadro 2.4). Nos

12 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 (5) A actividade económica apresentou um crescimento em cadeia

nulo no início do ano e de 0.6 por cento no segundo trimestre, depois de se ter reduzido nos três trimestres anteriores. Refi-ra-se que as contas nacionais japonesas sofreram uma revisão significativa devido à introdução de alterações metodológicas. As principais alterações efectuadas foram a inclusão de fontes de dados adicionais (em particular do lado da oferta) e melho-rias no método de estimação. As taxas de variação a partir do segundo trimestre de 2001 (inclusive) passaram a reflectir a nova metodologia, tendo-se mantido inalteradas as séries de contas nacionais para o período anterior. De referir que o pri-meiro trimestre de 2002 foi o que sofreu a maior revisão (a vari-ação em cadeia passou de 1.4 para 0.0 por cento).

(9)

dois primeiros trimestres de 2002, o crescimento do PIB situou-se em 0.4 por cento. O consumo pri-vado apresentou-se particularmente fraco no início do ano, tendo recuperado ligeiramente no segun-do trimestre. A análise segun-dos indicasegun-dores de con-fiança sugere que os consumidores na área do euro poderão ter adiado decisões de consumo du-rante este período, na medida em que piorou subs-tancialmente a sua avaliação quer quanto à situa-ção económica geral, quer quanto à sua própria si-tuação financeira nos últimos doze meses. Tal po-derá ter sido ainda agravado por uma percepção

particularmente desfavorável quanto à evolução da inflação nos primeiros meses do ano, que pare-ce estar em parte associada à transição para o euro fiduciário. A FBCF prolongou na primeira metade do ano a trajectória de enfraquecimento observada no decurso do ano anterior e apresenta quedas há seis trimestres consecutivos. Este comportamento poderá estar a reflectir a incerteza quanto à evolu-ção da economia global, bem como eventuais si-tuações de fragilidade financeira em algumas em-presas de diversos países da área do euro, que se estarão a tornar mais evidentes no contexto da

de-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 13

Textos de política e situação económica

Quadro 2.4

ÁREA DO EURO – INDICADORES ECONÓMICOS

Taxa de variação homóloga Taxa de variação em cadeia

2000 2001 2002(e) 2001 2002 2001 2002

III IV I II III III IV I II III

Contas Nacionais

Produto interno bruto . . . 3.5 1.4 0.9 1.4 0.4 0.3 0.7 - 0.2 -0.3 0.4 0.4 -Consumo privado . . . 2.5 1.8 0.8 1.8 1.7 0.6 0.4 - 0.2 0.0 -0.2 0.3 -Consumo público . . . 1.9 1.9 1.8 2.2 1.5 2.1 2.0 - 0.4 0.4 0.8 0.4 -Formação bruta de capital fixo . . . 4.8 -0.7 -1.6 -1.7 -2.4 -2.7 -2.7 - -0.7 -0.8 -0.6 -0.7 -Exportações(a). . . . 12.7 2.6 0.9 1.3 -2.9 -2.9 0.0 - -0.2 -1.4 -0.2 1.8

-Importações(a) . . . . 11.2 1.3 0.3 -0.4 -4.6 -4.5 -2.6 - -1.5 -1.5 -0.9 1.3

-Contributos (em p.p.):

Procura interna (exc. var. exist.) . . . 2.8 1.3 0.6 1.1 0.7 0.1 0.0 - 0.0 -0.1 -0.1 0.1 -Variação de existências . . . 0.0 -0.4 -0.1 -0.4 -0.8 -0.4 -0.3 - -0.3 -0.2 0.2 0.1 -Procura externa líquida . . . 0.7 0.5 0.4 0.6 0.6 0.5 0.9 - 0.5 0.0 0.2 0.2

-Mercado de trabalho

Taxa de desemprego (em percentagem) . . . . 8.5 8.0 8.4 8.0 8.1 8.1 8.2

-Emprego . . . 2.1 1.3 0.4 1.1 0.8 0.7 - - 0.1 0.2 0.1 - -Indústria . . . 0.6 0.4 - 0.1 -0.5 -0.9 - - -0.2 -0.3 -0.3 - -Serviços . . . 2.9 1.7 - 1.7 1.5 1.5 - - 0.4 0.4 0.3 - -Construção . . . 1.6 0.4 - 0.3 -0.2 -0.5 - - -0.2 -0.2 -0.2 - -Balança de Pagamentos

Balança Corrente (em percentagem

do PIB)(b). . . . -0.3 0.4 1.1 - - - - - - - - -

-Finanças Públicas

Saldo das Administrações Públicas

(em percentagem do PIB)(c). . . -0.9 -1.5 -1.9 - - - -Dívida das Administrações Públicas

(em percentagem do PIB). . . 69.4 69.2 69.4 - - -

-IHPC . . . 2.3 2.5 2.1 2.4 2.1 2.6 2.1 2.0 0.0 0.3 0.8 1.0 0.0

Fontes: Eurostat, Banco Central Europeu e FMI. Notas:

(a) Inclui comércio entre os países participantes na área do euro.

(b) Estimativas do FMI, World Economic Outlook Setembro 2002, obtidas por soma dos saldos das balanças dos países pertencentes à área do euro.

(c) Exclui receitas de licenças de UMTS.

(10)

terioração das condições nos mercados financeiros. No que respeita à evolução do sector externo, quer as exportações quer as importações de bens e ser-viços aceleraram no decurso da primeira metade do ano. A informação obtida a partir dos indicado-res compósitos e equações de previsão de curto prazo sugere que a actividade económica não esta-rá a acelerar na segunda metade do ano. Estas in-dicações são consistentes com alguns sinais de de-terioração da confiança dos consumidores e indus-triais evidentes no terceiro trimestre.

As projecções do FMI apontam para uma redu-ção da taxa de inflaredu-ção na área do euro para 2.1 por cento em 2002. A projectada desaceleração dos preços reflecte a desaceleração dos preços de im-portação motivada pela apreciação da taxa de câmbio do euro, bem como as perspectivas pouco favoráveis quanto à evolução da actividade econó-mica. Após ter convergido para 2.0 por cento no fi-nal de 2001, a variação homóloga do Índice Har-monizado de Preços no Consumidor (IHPC) au-mentou para 2.7 por cento em Janeiro de 2002. Na base desta subida do nível da inflação estiveram factores relacionados com condições meteorológi-cas adversas, subida do preço do petróleo, aumen-tos na tributação indirecta e efeiaumen-tos associados à introdução do euro fiduciário. Até final do primei-ro semestre, a inflação apresentou uma trajectória descendente, tendo-se situado em 1.8 por cento em Junho. Esta evolução ficou a dever-se em grande medida à desaceleração dos bens alimentares não transformados (de um aumento de 8.4 por cento em Janeiro para 1.1 por cento em Junho). A com-ponente energética evidenciou igualmente uma desaceleração significativa (de uma queda de 1.9 por cento em Janeiro para uma queda de 3.6 por cento em Junho). A trajectória descendente da in-flação foi interrompida no terceiro trimestre, re-flectindo em grande medida um efeito de base as-sociado às quedas significativas evidenciadas dos preços da energia no período homólogo. Em Se-tembro, a variação homóloga do IHPC situou-se em 2.1 por cento.

A informação disponível aponta para uma de-terioração do saldo orçamental e da dívida pública em percentagem do PIB num conjunto importante de países da área do euro. De acordo com as pro-jecções do FMI, o défice orçamental na área do euro deverá aumentar de 1.5 por cento do PIB em 2001, para 1.9 por cento do PIB em 2002.

O comportamento económico dos diversos países que compõem a área do euro é bastante di-verso (Quadro 2.5), reflectindo diferentes condi-ções estruturais, mas também assimetrias na trans-missão dos recentes choques globais, como sejam a subida dos preços do petróleo, a instabilidade nos mercados financeiros ou a diminuição dos fluxos comerciais a nível internacional. Relativamente às economias de maior dimensão, o comportamento tem sido particularmente modesto no caso da Ale-manha e da Itália, enquanto as economias francesa e espanhola têm apresentado taxas de crescimento mais elevadas. Em termos gerais, as economias da área do euro cujo crescimento tem dependido de forma mais significativa do desempenho das ex-portações apresentam maior vulnerabilidade à materialização da recuperação da economia mun-dial e, em particular, da economia norte-americana (Gráfico 2.3).

Na Alemanha, de acordo com as projecções do FMI, o PIB deverá registar um crescimento de 0.5 por cento, em 2002, o que traduz uma revisão em baixa de 0.4 p.p. face às projecções de Abril. A acti-vidade cresceu 0.3 por cento, quer no primeiro quer no segundo trimestres, depois de ter apresen-tado quedas nos dois trimestres anteriores. O con-sumo privado apresentou-se fraco, apesar de ter evidenciado sinais de alguma melhoria no segun-do trimestre (variação em cadeia de 0.2 por cento, após ter registado quedas nos três trimestres ante-riores). A evolução desfavorável do mercado de trabalho estará a afectar negativamente as despe-sas dos consumidores, bem como a existência de perspectivas pouco optimistas em relação à activi-dade económica futura. A FBCF continua a evi-denciar um comportamento bastante negativo, tanto na componente de equipamento e material de transporte, como na construção. Depois de uma forte contracção no último trimestre de 2001, na se-quência da redução dos fluxos internacionais de comércio após os acontecimentos de 11 de Setem-bro, as exportações de bens e serviços aceleraram no decurso da primeira metade de 2002, porventu-ra reflectindo a recupeporventu-ração das importações dos EUA e economias de mercados emergentes da Ásia. Por sua vez, e em virtude do comportamento particularmente desfavorável da procura interna no início do ano, as importações apresentaram uma recuperação apenas no segundo trimestre. A taxa de inflação, medida pelo IHPC, continua a

(11)

apresentar valores reduzidos, depois de uma forte desaceleração iniciada no segundo semestre de 2001 e apenas interrompida temporariamente em Janeiro de 2002 (Gráfico 2.4). Em Setembro, a infla-ção situou-se em 1.0 por cento.

Em França, o crescimento do PIB deverá atingir 1.2 por cento em 2002, o que representa uma revi-são em baixa de 0.2 p.p. relativamente às projec-ções de Abril do FMI. Após uma forte desacelera-ção no último trimestre de 2001, a actividade eco-nómica parece apresentar sinais de recuperação mais evidentes no primeiro semestre de 2002. A economia francesa apresentou um crescimento de 0.5 por cento, tanto no primeiro como no segundo trimestre de 2002. O consumo privado surge como o principal impulsionador da recuperação econó-mica. A FBCF evidenciou alguma melhoria em re-lação ao comportamento muito negativo observa-do no final de 2001. As exportações e as importa-ções, após uma contracção significativa no final de

2001, apresentam indícios de recuperação, mais evidentes no caso das primeiras. Em Setembro, a taxa de variação homóloga do IHPC situou-se em 1.8 por cento.

De acordo com as projecções mais recentes do FMI, o PIB em Itália deverá apresentar um cresci-mento de 0.7 por cento, em 2002, o que traduz uma revisão em baixa de 0.7 p.p., face às projec-ções de Abril. Juntamente com a Alemanha, a Itá-lia tem sido entre os países de maior dimensão da área aquele cujos sinais de recuperação têm sido menos evidentes. O PIB italiano apresentou um crescimento marginalmente positivo na primeira metade do ano. O consumo privado e a FBCF con-tinuaram a apresentar-se fracos, ainda que tenham evidenciado alguma melhoria no segundo trimes-tre. Depois de um comportamento particularmente desfavorável das exportações no início deste ano, apenas parcialmente compensado pela desacelera-ção das importações, no segundo trimestre

regis-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 15

Textos de política e situação económica

Quadro 2.5

ÁREA DO EURO – PROJECÇÕES DO FMI

Taxa de variação, em percentagem

PIB Preços no consumidor

2000 2001 2002 2002 (rev. Abr.02) 2000 2001 2002 2002 (rev. Abr.02) Área do euro. . . 3.5 1.5 0.9 -0.5 2.4 2.6 2.1 0.2 Alemanha . . . 2.9 0.6 0.5 -0.4 2.1 2.4 1.4 -0.1 França . . . 4.2 1.8 1.2 -0.2 1.8 1.8 1.8 0.3 Itália. . . 2.9 1.8 0.7 -0.7 2.6 2.7 2.4 0.2 Espanha. . . 4.2 2.7 2.0 -0.3 3.5 3.2 2.8 0.5 Países Baixos . . . 3.4 1.2 0.4 -1.0 2.3 5.1 3.8 0.4 Bélgica . . . 4.0 1.0 0.6 -0.3 2.7 2.4 1.6 0.5 Áustria. . . 3.0 1.0 0.9 -0.4 2.0 2.3 1.8 — Portugal. . . 3.2 1.7 0.4 -0.4 2.8 4.4 3.7 0.8 Grécia . . . 4.1 4.1 3.7 0.3 2.9 3.7 3.8 0.5 Finlândia . . . 5.6 0.7 1.1 -0.3 3.0 2.7 2.2 0.7 Irlanda . . . 11.5 5.9 3.8 0.6 5.3 4.0 4.4 — Luxemburgo. . . 7.5 3.5 2.7 -0.3 3.2 2.7 2.0 -0.1 Por memória: Desvio-padrão . . . 2.5 1.6 1.3 — 0.9 1.0 1.0 — Desvio-padrão ponderado(a). . . 1.2 1.0 0.7 — 6.3 8.3 7.9 — Máximo-Mínimo . . . 8.6 5.3 3.4 — 3.5 3.3 3.0 —

Fonte: FMI, World Economic Outlook Setembro 2002. Nota:

(a) No caso do PIB ponderado pelos pesos nacionais no PIB da área do euro (pesos de 2001 em PPP) e no caso dos preços no consumidor pelos pesos nacionais no IHPC da área do euro (baseados nos gastos em consumo privado, conceito de contas nacionais).

(12)

tou-se uma melhoria quer das exportações quer das importações, o que se traduziu num aumento assinalável do contributo do sector externo para o crescimento do PIB. Depois de ter diminuído ao longo de quase todo o segundo semestre de 2001, a inflação em Itália voltou a subir no início de 2002, situando-se actualmente em valores próxi-mos de 2.5 por cento.

As projecções de crescimento do FMI apontam para uma desaceleração do PIB em Espanha para 2.0 por cento em 2002, o que representa uma revi-são em baixa de 0.3 p.p. relativamente às projec-ções de Abril. Nos dois primeiros trimestres de 2002, a economia espanhola cresceu a taxas em ca-deia em torno de 0.5 por cento, depois de ter apre-sentado um crescimento nulo no final de 2001. Tal como na economia francesa, o consumo privado não se apresentou tão fraco como nas economias alemã e italiana, mas cresceu a taxas mais modes-tas do que as evidenciadas no ano passado. A FBCF manteve-se relativamente estável, apresen-tando um comportamento menos desfavorável do que a maioria dos países grandes da área do euro. Na primeira metade do ano, o contributo da pro-cura externa líquida para o crescimento evidenci-ou uma melhoria face ao comportamento observa-do no final de 2001. Em relação à evolução da in-flação, a Espanha pertence ao conjunto de países da área do euro que tem apresentado taxas de in-flação consistentemente acima de 3.0 por cento ao

16 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Gráfico 2.3

PRODUTO INTERNO BRUTO E COMPOSIÇÃO DA DESPESA

Produto interno bruto

-1.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I T a xa de variação homóloga Área do euro Espanha Alemanha França Itália Procura interna -4.0 -2.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I T a xa de variação homóloga Área do euro Espanha França Alemanha Itália -4.0 -2.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I T a x a de v a riaç ão hom óloga Área do euro Espanha França Alemanha Itália Exportações -8.0 -4.0 0.0 4.0 8.0 12.0 16.0 20.0 1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I T a xa de variação homóloga Área do euro Espanha França Alemanha Itália Importações -8.0 -4.0 0.0 4.0 8.0 12.0 16.0 20.0 1997 I 1998 I 1999 I 2000 I 2001 I 2002 I T a xa de variação homóloga Área do euro Espanha Alemanha França Itália

Fontes:Thomson Financial Datastream e Eurostat.

Gráfico 2.4

ÁREA DO EURO

ÍNDICE HARMONIZADO DE PREÇOS NO CONSUMIDOR 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0

Jan.01 Abr.01 Jul.01 Out.01 Jan.02 Abr.02 Jul.02

T a xa de variação homóloga Espanha Itália Área do euro França Alemanha Fonte: Eurostat.

(13)

longo de 2002, e no qual se inclui também os Países Baixos, Portugal, Irlanda e Grécia. A taxa de variação homóloga do IHPC em Espanha subiu de 3.1 por cento, em Janeiro de 2002, para 3.5 por cen-to, em Setembro.

2.2.2. Evolução monetária e financeira

Nos primeiros dez meses de 2002, o Conselho do BCE manteve inalteradas as respectivas taxas de juro oficiais nos níveis verificados desde No-vembro de 2001. Assim, e como anteriormente re-ferido, a taxa de juro mínima aplicável às opera-ções principais de refinanciamento situou-se em 3.25 por cento. A decisão de não alterar as taxas de juro reflecte a avaliação do Conselho do BCE de que o nível destas é apropriado para a manuten-ção da estabilidade de preços na área do euro no médio prazo. Nos primeiros meses do ano, a pers-pectiva de uma recuperação rápida da actividade económica na área do euro e as preocupações rela-tivamente aos resultados das negociações salariais em curso tornavam os riscos para a estabilidade de preços essencialmente ascendentes. No entanto, a partir do segundo trimestre, começaram a surgir indicadores que apontavam para a deterioração das perspectivas de crescimento na área do euro, tornando os riscos para a estabilidade de preços progressivamente mais equilibrados. A tendência de apreciação do euro, verificada a partir do início de Abril, contribuiu igualmente de forma impor-tante para atenuar as pressões inflacionistas na área do euro. O euro atingiu valores máximos face à moeda norte-americana em meados de Julho, tendo-se situado em alguns momentos acima da respectiva paridade. Entre Março e meados de Ou-tubro, o euro registou, em termos médios, uma apreciação em relação ao dólar de 12 por cento (em termos efectivos nominais, o euro apreciou-se cer-ca de 6 por cento, no mesmo período).

As expectativas de mercado relativamente à evolução das taxas de juro oficiais na área do euro sofreram alterações significativas desde o início do ano (Gráfico 2.5). Até Maio, num contexto em que predominavam os riscos ascendentes para a evolu-ção da inflaevolu-ção e a expectativa dominante era de uma clara recuperação da actividade económica na área do euro, os mercados esperavam uma subida das taxas de juro oficiais entre 50 e 75 pontos base

até final do ano. No entanto, a partir do segundo trimestre, num quadro de instabilidade nos merca-dos financeiros internacionais e de aumento da in-certeza a nível global, começaram a surgir sinais de alguma perda de dinamismo da actividade, passando a levantar-se dúvidas quanto ao ritmo e à sustentabilidade da recuperação económica. Como resultado, as expectativas quanto à magni-tude da subida das taxas de juro oficiais do BCE foram sendo sucessivamente revistas em baixa. Em meados de Outubro, de acordo com a informa-ção contida nos contratos de futuros sobre a taxa de juro a 3 meses, os mercados pareciam esperar que a próxima alteração das taxas de juro do BCE fosse no sentido de redução.

O comportamento da curva de rendimentos do mercado monetário na área do euro ao longo de 2002 tem reflectido as expectativas de mercado re-lativamente à evolução futura das taxas de juro o-ficiais. O declive da curva de rendimentos do mer-cado monetário da área do euro, medido pelo dife-rencial entre a taxa de juro a 1 ano e a 3 meses, au-mentou progressivamente, chegando a atingir va-lores próximos de 50 pontos base em Maio. Poste-riormente, o diferencial reduziu-se

sucessivamen-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 17

Textos de política e situação económica

Gráfico 2.5

ÁREA DO EURO

TAXA DE JURO DAS OPERAÇÕES PRINCIPAIS DE REFINANCIAMENTO, TAXA DE JURO A 3 MESES E TAXAS DE JURO A 3 MESES IMPLÍCITAS

NOS CONTRATOS DE FUTUROS(a)

2.75 3.00 3.25 3.50 3.75 4.00 4.25 4.50 4.75 5.00 5.25

Dez.01 Mar.02 Jul.02 Nov.02 Fev.03 Jun.03 Out.03 Jan.04

Em percent agem 3M Taxa O.P.R. 31-Jul. 28-Mar. 16-Out. 28-Jun.

Fontes: Bloomberg e Banco de Portugal. Nota:

(a) Nas datas assinaladas o eixo das abcissas refere-se às datas de vencimento dos contratos.

(14)

te, situando-se, em meados de Outubro em -16 pontos base (Quadro 2.6).(6)

Provavelmente reflectindo a deterioração das perspectivas quanto à recuperação económica na área do euro, as taxas de juro das obrigações de dí-vida pública a 10 anos iniciaram, a partir do final do primeiro trimestre de 2002, um movimento acentuado de descida. Em meados de Outubro, esta taxa de juro situava-se em 4.5 por cento, em termos médios, ou seja, cerca de 80 pontos base abaixo do nível registado em Março. Neste perío-do, a redução das taxas de juro de longo prazo foi

mais significativa nos Estados Unidos, pelo que o diferencial (negativo) face à área do euro, que era de 4 pontos base, em Março, se alargou para cerca de 50 pontos base.

Os índices do mercado accionista da área do euro, que se encontravam relativamente estáveis

18 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Quadro 2.6

ÁREA DO EURO – INDICADORES MONETÁRIOS E FINANCEIROS

Unidades 2000 2001 2002

Dez. Dez. Jan. Mar. Jun. Ago. Set. Out.(a)

Taxa de câmbio do euro

Dólar. . . dólares, média de período 0.897 0.892 0.883 0.876 0.955 0.978 0.981 0.984 Iene . . . ienes, média de período 100.6 113.4 117.1 114.7 117.8 116.3 118.4 121.8 Libra esterlina . . . libras, média de período 0.613 0.620 0.617 0.616 0.644 0.636 0.631 0.630 Índice de taxa de câmbio efectiva . . . 1999T1=100, média de período 85.4 87.7 87.6 86.8 90.6 91.1 91.2 91.8

Taxas de juro

Taxas de intervenção do SEBC

Operações principais de refinanciamento . em %, fim de período 3.00 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25 3.25 Facilidade permanente de cedência de

liquidez . . . em %, fim de período 4.00 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25 4.25 Facilidade permanente de depósito . . . em %, fim de período 2.00 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25 2.25

Mercado monetário interbancário

EONIA . . . em %, média de período 4.83 3.34 3.29 3.26 3.35 3.29 3.32 3.29 Euribor 3 meses . . . em %, média de período 4.94 3.34 3.34 3.39 3.46 3.35 3.31 3.26 Euribor 12 meses . . . em %, média de período 4.88 3.30 3.48 3.82 3.87 3.44 3.24 3.10

Taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública

5 anos . . . em %, média de período 4.82 4.33 4.48 4.90 4.70 4.15 3.85 3.78 10 anos . . . em %, média de período 5.07 4.96 5.02 5.32 5.16 4.73 4.52 4.53

Mercados bolsistas

Índice Dow Jones Eurostoxx. . . em pontos, média de período 395.6 308.1 308.3 315.5 269.8 231.3 211.8 196.1

Agregados monetários e de crédito

M3. . . em %, tvh 4.1 8.1 7.8 7.2 7.1 7.0 - -média móvel de 3 meses 3.9 7.9 7.7 7.3 7.3 - - -M2. . . em %, tvh 3.6 6.5 6.8 6.2 6.5 6.5 - -M1. . . em %, tvh 5.3 5.6 6.7 5.8 6.9 7.8 - -Crédito a residentes . . . em %, tvh 6.0 5.2 5.2 4.9 4.4 4.2 - -Credito ao sector privado . . . em %, tvh 10.1 6.7 6.2 5.5 5.4 5.2 - -Crédito às administrações públicas . . . em %, tvh -6.6 0.0 1.6 2.8 1.0 0.7 -

-Fonte: BCE. Nota:

(a) Com base na média até 16 de Outubro.

(6) Recorde-se que, em 2001, o diferencial entre as taxas de juro do mercado monetário a 1 ano e a 3 meses manteve-se negativo e relativamente estável, reflectindo deslocações paralelas, para baixo, de todo o segmento curto da curva de rendimentos, num contexto em que o BCE reduziu as taxas de juro de intervenção por quatro vezes (em Maio, Agosto, Setembro e Novembro).

(15)

desde Dezembro de 2001, iniciaram a partir de Março um movimento de queda bastante acentua-do, em linha com o comportamento dos índices dos principais mercados internacionais. Assim, en-tre Março e meados de Outubro, o índice Dow Jo-nes Eurostoxx registou uma redução, em termos médios, de 38 por cento.

A taxa de crescimento do agregado monetário M3, apesar de ter registado uma diminuição em relação aos níveis verificados no final de 2001, tem mantido valores elevados. A média de três meses das taxas de crescimento homólogas, correspon-dente ao período de Junho a Agosto, situou-se em 7.1 por cento (0.2 p.p. abaixo da média observada nos três meses terminados em Julho). No contexto da instabilidade que afectou os mercados accionis-tas, o forte crescimento do M3 poderá estar a re-flectir em alguma medida ajustamentos de carteira por parte dos agentes económicos a favor de acti-vos líquidos de curto prazo. No que se refere às contrapartidas do agregado M3, a taxa de cresci-mento do crédito concedido a residentes na área do euro tem mantido uma tendência decrescente, situando-se em Agosto em 4.2 por cento (5.2 por cento, em Dezembro de 2001). Num quadro em que existem condições favoráveis em termos de custo de financiamento, a desaceleração do crédito na área do euro estará a reflectir o abrandamento da actividade económica na área do euro, bem como as incertezas em torno da sua recuperação. 3. CONDIÇÕES MONETÁRIAS DA ECONOMIA

PORTUGUESA

3.1. Condições monetárias

A evolução monetária e financeira da economia portuguesa, em 2002, acompanhou os desenvolvi-mentos dos mercados financeiros internacionais, descritos no ponto anterior, que se caracterizaram por uma relativa estabilidade das taxas de juro do mercado monetário, desde o final de 2001, e pela redução continuada das taxas de juro de longo prazo das obrigações de dívida pública e dos índi-ces de cotações de acções, em particular desde Março.

Assim, a instabilidade apresentada pelos mer-cados accionistas da área do euro, ao longo de 2002, reflectiu-se também na queda acentuada re-gistada pelo índice PSI-Geral, o qual, em termos

médios mensais, reduziu-se mais de 22 por cento em Setembro, relativamente a Dezembro de 2001. Em linha com a intensificação da procura dos in-vestidores por títulos de rendimento fixo, a taxa de rentabilidade das obrigações do Tesouro com ma-turidade residual de 10 anos registou, desde Junho de 2002, um movimento continuado de descida, si-tuando-se o respectivo valor, em Setembro, em 4.63 por cento (em média mensal), 0.38 p.p. abaixo do valor médio de Dezembro do ano anterior. A redução observada nas taxas de juro das obriga-ções portuguesas foi, todavia, menos acentuada do que a verificada, em média, na área do euro; em consequência, o diferencial entre as taxas de renta-bilidade de longo prazo das Obrigações de Tesou-ro, em Portugal, e a média da área do euro alar-gou-se, de 5 p.b., em Dezembro de 2001, para 11 p.b. em Setembro de 2002, valor que continua a ser muito baixo em termos históricos.

Apesar das alterações de declive da curva de rendimentos, as taxas de juro nos prazos mais cur-tos do mercado monetário do euro (até 3 meses) apresentaram-se razoavelmente estáveis, ao longo de 2002. Em linha com esta relativa estabilidade, as taxas de juro bancárias nominais, em Portugal, mantiveram-se praticamente inalteradas ao longo de 2002 (Quadro 3.1 e Gráficos 3.1 e 3.2). Assim, a taxa de juro dos depósitos a prazo (181 dias a 1 ano) situava-se, em Setembro, em 2.9 por cento, ao mesmo nível de Dezembro de 2001. Nos três pri-meiros trimestres do ano, esta taxa oscilou ligeira-mente, entre 2.9 e 3.1 por cento, sendo o seu valor médio (3.0 por cento) inferior em 0.4 p.p. à média de 2001. Em consequência, o diferencial entre as taxas de juro do mercado monetário e dos depósi-tos a prazo, para prazos comparáveis — que se ti-nha reduzido significativamente ao longo de 2001 — manteve-se em 0.4 p.p., em Setembro, o mesmo nível de final de 2001.

Quanto às taxas de juro das operações activas, também estas permaneceram estáveis, desde o fi-nal de 2001, em níveis próximos dos mínimos re-gistados em meados de 1999. Com efeito, a taxa de juro dos empréstimos a sociedades não financeiras (91 a 180 dias) situava-se, em Setembro de 2002, em 5.1 por cento, 0.1 p.p. abaixo do valor de De-zembro do ano anterior; em termos médios, no pe-ríodo de Janeiro a Setembro, esta taxa foi de 5.1 por cento, 0.8 p.p. abaixo da média de 2001. Por seu lado, a taxa de juro dos empréstimos a

particu-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 19

Textos de política e situação económica

(16)

lares (por prazo superior a 5 anos) registava, em Setembro, o mesmo valor de Dezembro de 2001, 5.0 por cento, sendo que, ao longo do ano,

mante-ve-se estável, situando-se o seu valor médio em 5.1 por cento, 1 p.p. abaixo da média de 2001.

20 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Quadro 3.1

PORTUGAL – TAXAS DE JURO NOMINAIS

Operações princi-pais de

refinancia-mento do BCE(a)

Euribor a 3 meses Taxa de rendibili-dade de obrigações do Tesouro emiti-das a taxa fixa com

maturida-de residual maturida-de 10 anos Taxas de juro dos depósitos a prazo (181 dias a 1 ano)

Taxas de juro dos empréstimos (excepto desconto) a sociedades não financeiras privadas (91 a 180 dias)

Taxas de juro dos empréstimos (excepto desconto) a particulares e emigrantes (mais de 5 anos) 1999 Mar. . . 3.00 3.1 4.2 2.5 5.5 5.2 Jun. . . 2.50 2.6 4.7 2.2 4.8 4.9 Set. . . 2.50 2.7 5.4 2.3 4.9 4.9 Dez. . . 3.00 3.5 5.5 2.4 5.1 5.0 2000 Mar. . . 3.50 3.8 5.6 2.6 5.7 5.2 Jun. . . 4.25 4.5 5.5 3.0 5.6 6.0 Set. . . 4.50 4.9 5.6 3.3 6.4 6.6 Dez. . . 4.75 4.9 5.3 3.5 6.4 6.9 2001 Mar. . . 4.75 4.7 5.1 3.6 5.9 6.6 Jun. . . 4.50 4.5 5.4 3.6 6.0 6.2 Set. . . 3.75 4.0 5.2 3.2 5.8 5.9 Dez. . . 3.25 3.3 5.0 2.9 5.2 5.0 2002 Mar . . . 3.25 3.4 5.4 2.9 5.1 5.1 Jun. . . 3.25 3.5 5.3 3.1 5.1 5.2 Set. . . 3.25 3.3 4.6 2.9 5.1 5.0 Nota:

(a) Valor no final do período. Para as restantes taxas, valores médios mensais.

Gráfico 3.1

ÍNDICE CAMBIAL EFECTIVO NOMINAL E TAXAS DE JURO NO MERCADO MONETÁRIO

99.9 99.6 99.0 101.5 97 98 99 100 101 102 103 104

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Índice (Dez 1999 = 100) -1 0 1 2 3 4 5 6 Percent agem

ICE nominal para Portugal (índice) ICE nominal para Portugal (média anual) Euribor a 3 meses (esc.dir.) Euribor a 3 meses (média anual (esc.dir.) Gráfico 3.2

PORTUGAL: TAXAS DE JURO BANCÁRIAS E DO MERCADO MONETÁRIO 1 2 3 4 5 6 7 8

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em percent agem Mercado monetário a 3 meses Depósitos a prazo (181 dias a 1 ano) Empréstimos a sociedades não financeiras (91 a 180 dias) Empréstimos a particulares (mais de 5 anos)

(17)

Como consequência da estabilidade das taxas de juro nominais e dos níveis de inflação, mais ele-vados em Portugal do que na média da área do euro, as taxas de juro reais mantiveram-se, nos nove meses terminados em Setembro de 2002, em torno de valores historicamente reduzidos, regista-dos desde o início de 2001(7)(Gráfico 3.3).

A evolução das taxas de juro, ao longo de 2002, terá permitido à economia portuguesa beneficiar de condições monetárias mais acomodatícias do que as verificadas no ano anterior. Realce-se que, até meados de Abril, as condições propiciadas pela manutenção das taxas de juro em níveis historica-mente reduzidos foram reforçadas pela deprecia-ção, ainda que ligeira, do índice cambial efectivo nominal (cerca de 0.2 por cento, em Abril, relativa-mente ao valor de final de 2001). Este, posterior-mente, inverteu a sua trajectória, reflectindo a marcada apreciação do euro face ao USD, situan-do-se, no final de Setembro, 0.87 por cento acima do valor de Dezembro de 2001, mitigando, assim, o carácter acomodatício do enquadramento mone-tário da economia portuguesa, nos segundo e ter-ceiro trimestres do ano.

Reflectindo a persistência de taxas de juro reais negativas nas operações passivas e o abrandamen-to pronunciado da actividade económica, em par-ticular da procura interna privada, os depósitos do

sector privado não financeiro registaram, em 2002, um crescimento muito moderado, por comparação com os dois anos anteriores. De facto, em 2002, a taxa de crescimento dos depósitos do sector priva-do não financeiro (incluinpriva-do emigrantes), no siste-ma bancário residente, prosseguiu a tendência de desaceleração evidenciada no ano anterior, apre-sentando um crescimento marginalmente positivo (0.5 por cento, em Agosto), o que compara com 4.4 por cento, registados em Dezembro de 2001. Po-rém, a desaceleração observada foi muito influen-ciada pelo comportamento dos depósitos de emi-grantes, que registaram uma redução de 11.0 por cento em Agosto, já que o agregado de depósitos que exclui estes últimos — incluindo, apenas, os particulares e sociedades não financeiras residen-tes — não apresentou um abrandamento tão forte no mesmo período. De facto, a respectiva taxa de variação homóloga situou-se em 2.1 por cento, em Agosto de 2002 (3.0 p.p. abaixo do observado em Dezembro de 2001), tendo-se mantido em torno desse valor desde Fevereiro (gráfico 3.4). O com-portamento registado pelos depósitos de emigran-tes deverá associar-se, em grande parte, à desloca-lização de poupanças deste conjunto de agentes económicos para instituições bancárias não resi-dentes, as quais, todavia, pertencerão ao perímetro de consolidação dos grupos bancários portugue-ses.

Se, ao invés da perspectiva do sistema bancário residente, forem tomados todos os depósitos do sector privado não financeiro (incluindo emigran-tes), constituídos em Portugal e no exterior(8), veri-fica-se que a taxa de variação homóloga deste agregado se apresentou, no primeiro semestre de 2002, relativamente estabilizada, num nível próxi-mo do observado um ano antes (4.9 por cento, em Junho de 2002, após 3.1 por cento e 7.5 por cento, respectivamente, em Junho e Dezembro de 2001) (Gráfico 3.5). Nesta acepção, os depósitos totais de particulares (incluindo emigrantes) cresceram 5.2 por cento em Junho de 2002, 2.8 p.p. abaixo da va-riação em Dezembro de 2001.(9) No caso das socie-dades não financeiras, o agregado correspondente apresentou uma taxa de crescimento de 3.7 por cento, em Junho de 2002, o que — embora

contras-Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 21

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.3

PORTUGAL: TAXAS DE JURO BANCÁRIAS REAIS -2 -1 0 1 2 3 4 5

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em percent agem Mercado monetário a 3 meses Depósitos a prazo (181 dias a 1 ano) Empréstimos a sociedades não financeiras

(91 a 180 dias) Empréstimos aparticulares (mais de 5 anos)

Nota: Última observação: Setembro 2002.

(7) Define-se taxa de juro real como a diferença entre a taxa de juro nominal anual e a taxa de inflação homóloga.

(8) Para os depósitos no exterior utilizaram-se as Estatísticas da Posição de Investimento Internacional (com frequência trimes-tral).

(18)

tando com os decréscimos verificados, desde o iní-cio do ano, nos depósitos constituídos no sistema bancário residente por este sector — representa, ainda assim, uma redução do ritmo de crescimen-to em relação a Dezembro de 2001 (menos 2.4 p.p.).(10)

Paralelamente à desaceleração denotada pelas aplicações em depósitos do sector privado não fi-nanceiro, terá ocorrido uma maior preferência dos agentes económicos por depósitos transferíveis em detrimento dos depósitos a prazo, em resultado do reduzido custo de oportunidade de detenção de

aplicações financeiras com elevado grau de liqui-dez, decorrente do nível historicamente baixo das taxas de juro nominais (Gráfico 3.6). Num contexto de grande volatilidade nos mercados accionistas, esta maior preferência dos investidores por aplica-ções de maior liquidez deverá estar a reflectir-se, também, na evolução das aplicações em outras classes de activos de baixo risco e liquidez eleva-da, nomeadamente os Fundos de Investimento com carteiras maioritariamente constituídas por depósitos no mercado monetário ou obrigações.

Os desenvolvimentos referidos são consistentes com o aumento, estimado em 2002, para a taxa de poupança dos particulares, cuja recuperação re-flectirá o aumento do nível de poupança por moti-vo de precaução — tendo em conta as perspectivas menos favoráveis para a evolução do rendimento — e, à semelhança do ano anterior, deverá, em parte, continuar a associar-se ao ajustamento da si-tuação financeira das famílias para fazer face à amortização da dívida contraída ao longo dos últi-mos anos.(11)

O crédito bancário ao sector privado não finan-ceiro manteve, em 2002, a tendência de desacelera-ção evidenciada desde meados de 1999, em linha com o abrandamento de todas as componentes da

22 Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 Gráfico 3.4

DEPÓSITOS DO SECTOR PRIVADO NÃO FINANCEIRO NO SISTEMA BANCÁRIO

RESIDENTE

Taxa de variação homóloga

-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em percent agem Sector privado não financeiro, (incluindo emigrantes) Sector privado não financeiro, (excluindo emigrantes) -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em percent agem Emigrantes Sociedades não financeiras Particulares (excluindo emigrantes) Gráfico 3.5

DEPÓSITOS DO SECTOR PRIVADO NÃO FINANCEIRO NO SISTEMA BANCÁRIO

RESIDENTE E NO EXTERIOR

Taxa de variação homóloga

(9) Excluindo emigrantes, os depósitos de particulares no sistema bancário residente, aumentaram, em Agosto de 2002, 3.8 por cento, em termos homólogos, 1.5 p.p. abaixo da variação no úl-timo mês de 2001, tendo-se registado uma relativa estabilidade do ritmo de crescimento deste agregado, desde o início do ano.

-10 -5 0 5 10 15 20 25 30

Dez.98 Jun.99 Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02

Em

percent

agem Total Particulares (incluindo emigrantes)

Sociedades não financeiras

(10) A taxa de variação homóloga dos depósitos das empresas não financeiras, no sistema bancário residente, em Agosto, foi de -4.9 por cento (4.0 por cento, em Dezembro de 2002).

(19)

procura interna privada. No entanto, continuou a expandir-se a um ritmo mais elevado do que o do PIB nominal, reflectindo, em larga medida, o nível historicamente baixo das taxas de juro nominais e reais. Assim, em Agosto de 2002, a taxa de cresci-mento deste agregado, ajustado de operações de titularização(12), situou-se em 9.1 por cento, 3.4 p.p. abaixo da registada no final de 2001. As suas com-ponentes tiveram, no entanto, uma evolução dis-tinta ao longo dos oito primeiros meses do ano. Enquanto que o crédito bancário a sociedades não financeiras manteve, de forma continuada, a ten-dência de abrandamento do ano anterior, o crédito concedido a particulares continuou a expandir-se a um ritmo elevado, próximo do registado no

últi-mo trimestre de 2001, em particular na parcela destinada à aquisição de habitação (que representa mais de 75 por cento do saldo em dívida dos parti-culares) (Gráfico 3.7).

A taxa de crescimento do crédito às sociedades não financeiras passou de 13.3 por cento, em De-zembro de 2001, para 6.1 por cento, em Agosto de 2002, sendo esta desaceleração extensiva à genera-lidade dos ramos da economia. Registaram-se, em particular, decréscimos significativos no ritmo de crescimento dos empréstimos bancários aos ramos da construção (cuja taxa diminuiu de 19.6 por cen-to, em Dezembro de 2001, para 7.5 por cencen-to, em Agosto de 2002), das actividades imobiliárias (de 40.2 por cento, para 26.3 por cento), dos serviços

Banco de Portugal /Boletim económico /Setembro 2002 23

Textos de política e situação económica

Gráfico 3.6

CONTRIBUTOS PARA A TAXA DE CRESCIMENTO DOS DEPÓSITOS E EQUIPARADOS DO SECTOR PRIVADO

NÃO FINANCEIRO(a)E TAXA DE JURO

DOS DEPÓSITOS -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Dez.99 Jun.00 Dez.00 Jun.01 Dez.01 Jun.02 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 Taxa de juro nominal dos depósitos a

prazo (181 dias a 1 ano) (esc.dir.)

Depósito com pré-aviso, a prazo e equiparados a depósitos

Depósitos transferíveis

Nota:

(a) Depósitos e equiparados a depósitos, no sistema ban-cário residente. Sector privado não financeiro, inclu-indo emigrantes.

(11) Estima-se que o grau de esforço dos particulares não será alte-rado significativamente, em 2002. Na hipótese de rolamento completo da dívida por prazo inferior a 1 ano, o grau de esfor-ço situar-se-á em 2002 entre 12 e 13 por cento do rendimento disponível, um valor semelhante ao verificado em 2001. A sua composição, porém, será ligeiramente alterada, reflectindo o efeito desfasado da redução registada nas taxas de juro implíci-tas: a parcela de encargos com juros deverá diminuir cerca de 0.5 p.p. do rendimento disponível, enquanto que o esforço dos particulares associado à amortização da dívida irá crescer, pra-ticamente o mesmo valor.

Gráfico 3.7

CRÉDITO AO SECTOR PRIVADO NÃO FINANCEIRO

AJUSTADO DE OPERAÇÕES DE TITULARIZAÇÃO

Taxa de variação homóloga

5 10 15 20 25 30 35 40

Jan.99 Jul.99 Jan.00 Jul.00 Jan.01 Jul.01 Jan.02 Jul.02

Em percent agem Particulares Sociedades não financeiras

Crédito ao sector privado não financeiro

Nota: Última observação:Agosto 2002.

(12) Nos últimos anos foram realizadas algumas operações de titu-larização de crédito por instituições financeiras, que se terão re-flectido num abrandamento do crédito bancário, uma vez que implicaram abatimentos de dimensão relevante no stock de cré-dito na carteira dos bancos, sobretudo no final de 2001. Note-se que estes abatimentos à carteira de crédito dos bancos não re-presentam reduções no nível de endividamento global do sec-tor privado não financeiro, tratando-se apenas de uma transferência de responsabilidades deste sector para a carteira de outras entidades. Como tal, todos os agregados de crédito analisados nesta secção foram ajustados, salvo referência em contrário, de forma a que os montantes associados a estas ope-rações (bem como as respectivas amortizações) continuassem a ser considerados no crédito concedido ao sector privado não fi-nanceiro.

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